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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

JOSILENE PINA SANTANA


LENON SILVA ALVES
LUCIANA GOMES
MARCO ANTÔNIO GOMES JUNIOR
MARILIZA FERREIRA FERNANDES
RENATO CORREA
SONIA REGINA ORTIZ MENEZES

CLUBE DA LEITURA: UM RECURSO PARA AUXILIAR NAS


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO RETORNO ÀS AULAS
PRESENCIAIS EM PERÍODO PANDÊMICO

SOROCABA - SP
2021
UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CLUBE DA LEITURA: UM RECURSO PARA AUXILIAR NAS DIFICULDADES DE


APRENDIZAGEM NO RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS EM PERÍODO
PANDÊMICO

Relatório Técnico - Científico apresentado na


disciplina de Projeto Integrador para o curso de
Licenciaturas da Universidade Virtual do Estado de
São Paulo (UNIVESP).

SOROCABA - SP
2021
SANTANA, Josilene Pina; ALVES, Lenon Silva; GOMES, Luciana; GOMES JUNIOR, Marco
Antônio; FERNANDES, Mariliza Ferreira; CORREA, Renato; MENEZES, Sonia Regina O.
Freire. Clube da leitura: um recurso para auxiliar nas dificuldades de aprendizagem no
retorno às aulas presenciais em período pandêmico. 00f. Relatório Técnico-Científico.
Licenciaturas – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: Lucas Ribeiro. Sorocaba,
Polo 01, 2021.

RESUMO

Trata-se de um projeto que tem como objetivo o auxílio para o desenvolvimento de habilidades
de leitura e escrita em estudantes do 3º ano do Fundamental I, que retornam as atividades
presenciais após um período de quarentena, implantado em razão da Pandemia da Covid 19,
desde 2020 até o segundo semestre de 2021. Através de questionários realizados com o corpo
docente da comunidade escolhida, as dificuldades de aprendizagem neste retorno às aulas são
elencadas e contextualizadas ao momento vivenciado e junto da fundamentação teórica
organizada pela equipe é traçado o planejamento e a execução de um Clube da Leitura,
utilizando a técnica de biblioterapia, método que auxilia os indivíduos a lidarem com as suas
dificuldades através da leitura e outras atividades lúdicas.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizado; Alfabetização; Leitura; Pandemia.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1
2. DESENVOLVIMENTO 3
2.1. OBJETIVOS..........................................................................................................................3
2.2. JUSTIFICATIVA....................................................................................................................3
2. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................................4
2.4. APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR.............................7
2.5. METODOLOGIA...................................................................................................................7
3. REFERÊNCIAS 10
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1. INTRODUÇÃO

O presente Projeto Integrador tem início em um período pandêmico, permeado por


decretos e protocolos sanitários que impedem o retorno presencial total dos alunos das escolas
públicas, devido ao distanciamento mínimo exigido e as dificuldades em comportar o grande
número de estudantes por sala de aula.
Há mais de um ano em processo de ensino à distância, em um país marcado pela
desigualdade social, muitos alunos retornam com grandes dificuldades de aprendizagem e
acesso aos novos métodos de ensino que se utilizam da internet. Uma pesquisa realizada pelo
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) aponta que, no final de 2020, mais de 5
milhões de crianças não tiveram acesso à educação no Brasil, sendo mais de 40% entre a faixa
etária de 6 a 10 anos de idade, devido a dificuldades na utilização da internet e também na
escassez de recursos de ensino oferecidos pela TV, o que traz um enorme prejuízo para as
famílias que vivem em situação de vulnerabilidade.
Muitas crianças durante a pandemia viveram em condições de negligência, passando
por dificuldades financeiras e tecnológicas, sem contar com as problemáticas advindas do luto
pelos milhares de brasileiros que morreram de forma precoce devido ao novo Coronavírus
(Covid-19). Algumas delas já vivenciavam as disfunções familiares e a escassez crônica de
recursos antes mesmo do período pandêmico, sendo que a escola era uma importante rede de
apoio, acolhimento, socialização, afeto e cuidado para essas crianças. Sem esse apoio, essas
situações somente se agravaram e, agora, com o retorno mesmo que parcial às escolas, cabe aos
professores lidar com essas problemáticas ao mesmo tempo em que buscam promover um
ensino de qualidade e acolhedor.
Os aspectos motores, afetivos, cognitivos de uma pessoa, embora cada um desses
aspectos tenha identidade estrutural e funcional diferenciada, estão integrados intimamente
com outras pessoas, principalmente os seus familiares, como aponta Mahoney (2005). Sendo
assim, uma criança ou adolescente que passa por um processo de luto nesse contexto, pode
sofrer com diversos problemas em questões de desenvolvimento.
Nas escolas municipais de Sorocaba-SP, por exemplo, cidade onde se dá a realização do
projeto proposto neste trabalho, no período da quarentena o ensino se deu através de atividades
à distância de forma assíncrona, ou seja, sem contato dos estudantes diretamente com o
professor. O retorno está sendo de forma gradual e em rodízio desde agosto de 2021.
Nesse contexto, a equipe que constitui a elaboração deste projeto, elenca como público
alvo crianças matriculadas e frequentes do 3º ano do Ensino Fundamental, observando que
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perderam um período importante do processo de alfabetização no formato presencial e


norteados pelo documento orientador da Base Nacional Comum Curricular e as habilidades que
esse documento considera para a aprendizagem neste período escolar.
Dessa forma, foram realizadas pesquisas para a fundamentação teórica das dificuldades
de aprendizagem ao contexto que o público está inserido e sobre a biblioterapia, ferramenta
utilizada para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem que se utiliza de livros e que pode
trazer resultados positivos em um curto espaço de tempo. Vale ressaltar que esse método já é
utilizado por psicólogos, educadores, bibliotecários e assistentes sociais para essa finalidade.
De acordo com as definições de Caldin (2001), a biblioterapia é a leitura dirigida e
discussão em grupo, que favorece a interação entre as pessoas, levando-as a expressarem
seus sentimentos: os receios, as angústias e os anseios. Dessa forma, o homem não
está mais solitário para resolver seus problemas; ele os partilha com seus semelhantes,
em uma troca de experiências e valores. Direcionando a biblioterapia para a infância, os
objetivos básicos dessa ferramenta vão além de incentivar a leitura e potencializar o processo
de alfabetização, englobando uma função terapêutica, proporcionando uma forma de as
crianças se comunicarem, perderem a timidez, exporem os seus problemas emocionais e, quiçá,
físicos. Entende-se a biblioterapia como catarse, que se vale da identificação (pela projeção e
pela introjeção), da introspecção e do humor. Verifica-se também, na recepção do texto
literário para a infância, a validade de tal texto para oferecer moderação das emoções às
crianças.
Contudo o presente estudo levou ao planejamento e à execução de um Clube da Leitura
com os estudantes do terceiro ano de uma Escola Municipal na cidade de Sorocaba para
auxiliar na aprendizagem desses alunos e colaborar também com a experiência acadêmica
prática da equipe deste Projeto Integrador.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Objetivos

O presente trabalho tem como foco principal auxiliar na aprendizagem escolar de


alunos do terceiro ano de uma escola pública da cidade de Sorocaba, contribuindo no
desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita dos estudantes, de forma lúdica, ao
mesmo tempo em que se trata de questões emocionais e dificuldades de aprendizados
provindos da pandemia.
Além disso, têm-se como objetivos complementares e específicos realizar um
levantamento de dados feitos através de um questionário sobre as dificuldades de aprendizado
no período pós-pandemia, realizado com professores e destacando as problemáticas do retorno
às aulas presenciais; analisar os relatos para traçar plano de ação do projeto que busca auxiliar
nas dificuldades apresentadas; determinar o formato do projeto de clube da leitura para o
público alvo; avaliar a aplicação do projeto; e verificar junto aos professores os benefícios do
projeto para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita nos estudantes.

2.2. Justificativa

Como propiciar ambiente e recursos para favorecer as habilidades de aquisição da


língua escrita, leitura e compreensão de textos em estudantes com dificuldades de
aprendizagem? É sabido da existência de transtornos específicos de aprendizagem que
dificultam o desenvolvimento escolar das crianças, para além destes, são identificadas
dificuldades por fatores externos: questões sociais, ausência de estímulos, desnutrição, entre
outros aspectos.
Na atualidade, estudantes do mundo todo enfrentam os desafios que a realidade de uma
pandemia impõe. A desigualdade social faz com que cada comunidade esteja em momentos e
situações distintas durante e após um longo período de quarentena forçada.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na idade certa, diretriz anterior a BNCC (Base
Nacional Comum Curricular), colocava como prazo limite para a aprendizagem da Leitura e
Escrita o 3º ano do Fundamental I, a BNCC antecipa este prazo para o 2º, enfatizando que no
3º ano há continuidade do processo e das questões ortográficas.
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No segundo semestre de 2021, estudantes do 3º ano retornam para a escola com um ano
e meio do ciclo de alfabetização à distância. Os prejuízos são identificados pelo corpo docente
de acordo com a gradual volta às aulas.
Projetos que estimulam a leitura e escrita, trazendo ludicidade ao ambiente escolar
podem auxiliar nas soluções dos problemas apresentados.
Segundo Lucélia Paiva, “As histórias podem levar a mudanças, pois auxiliam o
indivíduo a enxergar outras perspectivas e distinguir opções de pensamentos, sentimentos e
comportamentos, dando oportunidades de discernimento e entendimento de novos caminhos
saudáveis para enfrentar dificuldades”. Neste sentido, um clube da leitura, acrescenta
benefícios às ferramentas já utilizadas pelos professores.

2. 3. Fundamentação teórica

De acordo com a Base Nacional Curricular Comum, documento normativo que define o
conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das
etapas e modalidades da Educação Básica, dentre as habilidades previstas para o 3º ano do
Ensino Fundamental I, estão:

(EF35LP01) Ler e compreender, silenciosamente e, em seguida, em voz alta, com


autonomia e fluência, textos curtos com nível de textualidade adequado.
(EF35LP02) Selecionar livros da biblioteca e/ou do cantinho de leitura da sala de aula e/ou
disponíveis em meios digitais para leitura individual, justificando a escolha e
compartilhando com os colegas sua opinião, após a leitura.
(EF35LP03) Identificar a ideia central do texto, demonstrando compreensão global;
(EF35LP04) Inferir informações implícitas nos textos lidos.
(EF35LP07) Utilizar, ao produzir um texto, conhecimentos linguísticos e gramaticais, tais
como ortografia, regras básicas de concordância nominal e verbal, pontuação (ponto final,
ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgulas em enumerações) e pontuação do
discurso direto, quando for o caso. (BRASIL, 2018).

A elaboração deste Projeto Integrador parte desses pressupostos, tendo como base
norteadora esses quesitos para o planejamento e a execução das atividades propostas, além da
leitura do contexto atual já mencionado, ressaltando os efeitos da pandemia, que trouxeram
prejuízos às crianças, principalmente em idade de alfabetização.
Faz-se necessário o uso de ferramentas que auxiliem a superação de tais dificuldades,
portanto, o Clube de Leitura é escolhido por se tratar de uma ferramenta que proporciona
encontros descontraídos para tornar a experiência da leitura algo agradável e transformar uma
experiência solitária num evento social e em grupo.
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Os primeiros Clubes de Leitura remontam ao século XVIII, em salões franceses, onde


aristocratas e burgueses liam livros, poemas, ouviam músicas, fumavam, bebiam, jogavam
cartas e debatiam ideias sobre os mais variados temas.

Figura 1 — No Salão de Madame ‘Geoffrin’, em 1755. Óleo sobre tela por Anicet
Charles Gabriel Lemonnier (1743-1824, France).

Fonte: LEMONNIER

Com o tempo, os Clubes de leitura assumiram outras formas, de pausas para o chá e
indo até a jantares elegantes, e, posteriormente, em tempos modernos, reuniões particulares
composta entre 15 e 20 participantes ou encontros virtuais com número ilimitado de
participantes. Muitos clubes se formaram dentro de bibliotecas públicas e comunitárias.
Surgiram também os clubes por assinatura, que tinham o objetivo de popularizar a
leitura, oferecendo livros com preços menores que os praticados nas livrarias. Aqui no Brasil
podemos mencionar o Clube do Livro, que funcionou entre 1943 e 1989, e o Círculo do Livro,
que existiu entre 1973 e 1989. Esse último chegou a alcançar 500 mil assinantes (PASSOS,
2017).
Segundo Luzia de Maria (2016), doutora em Teoria Literária pela USP, professora
aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autora do livro Clube de Leitura: Ser
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leitor que diferença faz?, o incentivo à leitura nos anos escolares iniciais farão toda a diferença
para os alunos. Para ela, não se trata de um “dom” que apenas alguns tem, mas o
desenvolvimento do prazer pela leitura pode ser realidade para qualquer indivíduo, desde que
seja estimulado.

O que eu pretendo é justamente jogar por terra essa imagem de um ‘dom’ com que o
menino pobre teria sido aquinhoado, questionar essa gratuidade de uma premiação
inexplicável do destino (MARIA, 2016, p. 11).

Como exemplo de alguém que buscou a excelência em leitura, ela cita nada menos do
que Machado de Assis:

Gênio, sim. Mas não por ter sido agraciado pela natureza com uma habilidade
lingüística inata, e sim por ter convivido assiduamente com as grandes obras literárias
que lhe chegavam às mãos e, ao mesmo tempo, ter exercitado de forma permanente a
escrita (MARIA, 2016, p. 11-12).

Ela também menciona que, para tornar alunos verdadeiros leitores, os professores
precisam ser leitores, porém, isso é um grande problema na estrutura educacional brasileira, pois boa
parte dos professores que saem dos cursos de letras ou de pedagogia não são leitores.
Normalmente um clube de leitura possui um mediador que fará a indicação dos livros,
músicas ou trechos de poemas e irá conduzir a conversa, citando trechos da leitura ou fazendo
perguntas. Como o Clube de Leitura em questão será com alunos do terceiro ano da escola, a
mediadora será a professora. O objetivo a ser alcançado é, após identificar as dificuldades de
aprendizagem e emocionais provocadas pela pandemia, tratar da problemática através da
escolha de livros com uma temática que permita que tais assuntos sejam debatidos, dando vez e
voz aos alunos, proporcionando acolhimento e compreensão.
A técnica já mencionada que será aplicada é a biblioterapia. Ela possibilita ao leitor um
envolvimento com a trama ou com o personagem da história e em muitos casos o leitor se
identifica com o caráter ou com a experiência apresentados no livro. Essa identificação
proporciona alívio ao leitor, pois ele reconhece que outros têm adversidades similares. Os
dilemas resolvidos com sucesso na obra farão com que o leitor realize uma catarse, que é uma
tensão emocional associada aos seus próprios problemas. Dessa forma, ele pode querer aplicar
o que aconteceu na história fictícia à sua vida. Em seguida, a semelhança dos problemas da
trama com a sua realidade faz com que o leitor chegue a uma etapa final que o torna capaz de
construir um texto paralelo, ligado às suas experiências e vivências pessoais, o que o torna
diferente para cada leitor. A literatura tem o poder de mexer com as emoções porque admite a
suspensão temporária do que se conhece por descrença. Isso significa que durante a leitura, ele
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passa a acreditar nos acontecimentos dos livros e esquece dos próprios problemas, causando o
bem-estar e, assim, acabar por diminuir a dor.

“Uma atividade com vertentes preventiva e terapêutica que, através da


leitura de livros de ficção ou de auto ajuda, individualmente ou em grupo, tem o
propósito de facultar uma experiência de restabelecimento da saúde, ou
permitir um contínuo desenvolvimento, em qualquer idade” (Biblioterapia, o
estado da questão, 2013);
De acordo com Sandra Mesquita, Terapeuta Ocupacional da Singular e Coordenadora
do Projeto Biblioterapia: aplicação da leitura com função terapêutica, percebe-se que:

Com a leitura terapêutica o leitor se distancia de sua própria dor e também é capaz de
expressar seus sentimentos e ideias, possibilitando uma percepção mais aguçada de
sua situação de vida. A partir daí desenvolve-se ainda uma forma de pensar criativa e
crítica. Ler também diminui o sentimento de solidão, e estimula uma maior empatia
com outras pessoas (MESQUITA, 2014, p. 17).

2.4. Aplicação das Disciplinas Estudadas no Projeto Integrador

A Constituição Federal de 1988, também chamada de “Constituição Cidadã”, prevê em


seu artigo 206, que os princípios do ensino são “[...] a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar
e divulgar o pensamento, a arte e o saber [...]”, e prevê, em seu artigo 214, que cabe ao Poder
Público promover a erradicação do analfabetismo e a universalização do atendimento escolar.
No entanto, ao observar a dimensão da inacessibilidade de parte das crianças e adolescentes ao
ensino público, sobretudo durante e após o período pandêmico, é notório que não há
democratização do direito a educação no país.
Portanto, ao decidir como elaboraríamos nosso projeto, as disciplinas “Didática”,
“Fundamentos da Educação Infantil”, “Fundamentos Históricos, Sociológicos e Filosóficos da
Educação” e “Leitura e Produção de Textos” foram principalmente importantes, pois, através
dos textos apresentados (dentre eles a Carta Magna), foi possível ter a reflexão de como a
educação é ferramenta para a cidadania e transformação social, portanto, ela dever ser efetiva,
de qualidade e universalizada.
Dessa forma, foram pensadas estratégias, dentro do alcance dos profissionais da
educação da rede pública de ensino, de sanar as dificuldades acentuadas pelo distanciamento da
sede escolar, apresentadas na volta às aulas presenciais.
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Para Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira, segundo o livro “Dicionário Paulo
Freire: Ressignificando Palavras”, escrito pelos autores Jaime Zitkosk, Danilo R. Streck e
Euclides Redin, afirma que: “Aprender a ler e a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada,
aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não em uma manipulação mecânica de
palavras, mas em uma relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.”. À visto disso, foi
possível compreender que a estratégia deveria não meramente auxiliar na habilidade de
decodificar textos, mas colaborar na construção de cidadãos conscientes de si e do mundo que
estão inseridos.

2.5. Metodologia

Ao retomar as atividades presenciais nas escolas e dar início às discussões a respeito do


projeto, o grupo realizou uma reunião de ideias iniciais para a criação de uma ferramenta em
curto espaço de tempo, devido à necessidade da situação constatada com os estudantes.
Foi utilizado como metodologia o Desing Thinking, que é centrado no ser humano
começando com a empatia, no caso, uma busca pela necessidade dos alunos devido a
pandemia, onde eles ficaram longe das escolas e aos poucos estão voltando o ambiente escolar.
Nisso, buscou-se entender quais eram os principais desafios que estavam diante dos alunos,
preparando pesquisas e reunindo inspirações.
Analisando o cenário atual, foi observado juntamente com alguns integrantes do grupo
que também são professores ou trabalham em escolas, que muitos alunos acabaram ficando
atrasados no aprendizado devido as aulas canceladas, outros voltaram para sala de aula com
problemas emocionais devido a perda de algum ente querido ou então por alguém próximo ter
enfrentado a doença, o que, em ambos os casos, gerou problemas emocionais e psicológicos a
esses estudantes.
Observado tais problemas, o terceiro passo do Desing Thinking é a ideação. Através
do brainstorming, que é uma “chuva de ideias”, houveram algumas que indicaram que a leitura
poderia ajudar os alunos, utilizando-se de objetos sensoriais no momento da leitura, e então a
ideia principal do Clube de Leitura, por ser encontros descontraídos para tornar a experiência
da leitura agradável e um momento em que os alunos “esquecem” seus problemas e abre a
janela da imaginação, acabou sendo decidido.
No quarto passo, o protótipo que é a parte em que o projeto passa pelos testes ou
planejamento, no caso, a escola que será aplicado, ou seja, quando, onde e como será aplicado
o Clube de Leitura. O protótipo permite que as ideias sejam compartilhadas com outras pessoas
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como professores, diretores, funcionários das escolas, pais de alunos e para os próprios alunos.
Isso ajuda a compreender o que realmente é necessário para os estudantes e em quais aspectos
é necessário melhorias.
Para conhecer a realidade do público ao qual o projeto se destina, fez-se necessário a
utilização de um questionário para os professores com a ferramenta Google Forms e uma visita
a comunidade escolar. A Pesquisa teve caráter qualitativo.
A fase seguinte é de testes, definindo critérios que irá ajudar a guiar e avaliar o
desenvolvimento do projeto, criando um cronograma para a concretização do Clube de Leitura.
O Desing Thinking é uma metodologia auxilia no desenvolvimento da criatividade e o
comportamento inovador levando a entender os desafios para compreender os alunos e atuar
com empatia, buscando solucionar o problema inicialmente abordado e que é matéria de estudo
deste Projeto Integrador.
A utilização de ferramentas tecnológicas possibilita, nesse momento, o melhor
desenvolvimento do trabalho em grupo, então, foi utilizado o Google Drive para a escrita
coletiva, as redes sociais para a troca de informações e aplicativos de reuniões virtuais.
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3. REFERÊNCIAS

AGÊNCIA BRASIL. Ministérios publicam diretrizes para retorno das aulas presenciais.
Reportagem de Jonas Brasil. 2021. Disponível em:
<https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2021-08/ministerios-publicam-diretrizes-
para-retorno-aulas-presenciais>. Acesso em: 11 out. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

CALDIN, Clarice F. A poética da voz e da letra na literatura infantil: (leitura de alguns


projetos de contar e ler para crianças). 2001. 261 f. Dissertação (Mestrado em Literatura) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. FE.

CALDIN, Clarice F. Biblioterapia: um cuidado com o ser. Editora Porto de Ideias, 2010.

FOLHA. Clubes de Leitura atraem cada vez mais os que querem manter o hábito de ler.
2021. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/08/1908987-clubes-
de-leitura-atraem-cada-vez-mais-os-que-querem-manter-o-habito-de-ler.shtml>. Acesso em: 14
out. 2021.

FUTURA. Impactos da pandemia na educação. 2021. Disponível em:


<https://www.futura.org.br/impactos-da-pandemia-na-educacao/>. Acesso em: 11 out. 2021.

MAHONEY, A. A.; ALMEIDA, L. R. de. Afetividade e processo ensino-aprendizagem:


contribuições de Henri Wallon. Psicologia da educação, v. 20, p. 11-30, 2005. ISSN 1414-
6975.

MARIA, Luiza de. Clube do livro: ser leitor, que diferença faz?. 2 ed. São Paulo: Global,
2016.

MINHA BIBLIOTECA. Conheça a biblioterapira: o tratamento a base de leitura. 2017.


Disponível em: <https://minhabiblioteca.com.br/blog/conheca-a-biblioterapia-o-tratamento-a-
base-de-leitura/?gclid=Cj0KCQjwwY-LBhD6ARIsACvT72NSgrhzkryCmFIaOBWMv-
vHPJJaRmAKLhSP5LZ4sdDQ4WdkfZ78nnYaArRCEALw_wcB>. Acesso em: 11 out. 2021.

PAIVA, Lucélia Elizabeth. A arte de falar da morte para crianças. Editora Ideias & Letras,
2011.

REVISTA CLAUDIA. Violência infantil durante a pandemia: não bata, eduque. 2021.
Disponível em: <https://claudia.abril.com.br/familia/violencia-infantil-pandemia-nao-bata-
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SANARMED. O impacto da pandemia na saúde menta das crianças. 2021. Disponível em:
<https://www.sanarmed.com/o-impacto-da-pandemia-na-saude-mental-das-criancas>. Acesso
em: 11 out. 2021.

SEVERINO, A. J.. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Cortez, 2002.
11

“Biblioterapia: o estado da questão”, de Ana Cristina Abreu, Maria


Ángeles Zulueta e Anabela Henriques, Cadernos BAD ½ (2012/2013), página
95 a 111.

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