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PRÁTICAS DE LIDERANÇA
Lisboa
2013
ALEXANDRA ISABEL DA SILVA SANTANA CAEIRO
PRÁTICAS DE LIDERANÇA
Lisboa
2013
Alexandra Santana Caeiro
EPÍGRAFE
Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.
Antoine de Saint-Exupéry
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Professora Doutora Ana Paula Silva, pelo tempo, paciência e
incentivo, em todas a fases de realização deste trabalho.
Aos professores Maria Lopes e Carlos Sant´Ovaia, pelo seu entusiasmo, dinamismo
e dedicação que permitiu a interiorização dos conteúdos e o meu enriquecimento pessoal e
profissional.
Aos meus queridos filhos, que vieram dar um novo significado à minha vida e que de
algum modo sentiram a minha ausência, mas que de forma carinhosa sempre me
abraçaram.
RESUMO
ABSTRACT
To think about a school for everyone is to think and recognise students’ heterogeneity
and find answers for each and every need of each one of them. Therefore, a strong
leadership is absolutely vital for the development of school offers that are directed for
diversity, encouraging everyone involved to build a collaborative and reflexive school culture.
The choice of the problem to be investigated and the answer to the question what
leadership practices should be carried out in an educational project for truly inclusive
school, was based in a self-biographical reflection, in the current experience of the
investigator as one of the members of a school board and the characterization of the group
of schools to which belongs.
This study is based in literature revision and tries to clarify and define concepts,
deepen some knowledge in order to recognize what has already been done through the
reflection on the development of the group of schools that are being studied and to suggest
new leadership actions / practices to be improved or even new ones bearing in mind that all
of them should be inclusive.
ABREVIATURAS E SIGLAS
ÍNDICE
INTRODUÇÃ O .............................................................................................................................. 1
PARTE I ....................................................................................................................................... 4
1.5.3. Serviço Nacional de Int ervenção Precoce para a Infância (SNIP I) ................................ 15
PARTE II .................................................................................................................................... 26
PARTE III.................................................................................................................................... 67
1. METODOLOGIA ...................................................................................................................... 68
1. Bibliográficas ......................................................................................................................106
2.Eletrónicas ..........................................................................................................................112
3.Legislação ...........................................................................................................................113
APÊNDICE I ............................................................................................................................... i
ÍNDICE DE QUADROS
INTRODUÇÃO
E os objetivos específicos:
Caracterizar formas e estilos de liderança que promovam práticas inclusivas;
Identificar um conjunto de práticas organizativas do ensino que promovam uma
verdadeira comunidade de aprendizagem;
Identificar singularidades nas práticas de liderança que promovam e reforcem a
cultura de escola;
Este trabalho de projeto é constituído por três partes, a primeira é constituída pela
autorreflexão biográfica e identificação do problema, a segunda pelo enquadramento teóric o
e a terceira e última parte proposta de resolução do problema.
No que concerne à primeira parte, são abordados alguns aspetos e experiências
vividas quer individual quer coletivamente e que de alguma forma contribuíram e foram
significativas para a formação pessoal e profissional da investigadora. Citando Tardif (2002),
“Aquilo em que cada um se torna é atravessado pela presença de todos aqueles de quem
se recorda. Ao fazer suas escolhas profissionais, estão negociando formas identitárias, que
articulam saberes provenientes das experiências pessoais e profissionais” (p.56). Destaca-
se ainda nesta primeira parte a ligação entre momentos vividos, a escolha e a identificação
do problema a investigar. As questões e objetivos emergem, após a justificação da es colha
do tema/problema, no sentido de encontrar, na fundamentação teórica e nos documentos
orientadores do agrupamento de escolas, resposta para a questão inicial.
A segunda parte é constituída pelo enquadramento teórico que está dividido em três
temas, escola inclusiva, cultura de escola e liderança. Estes têm como objetivo clarificar e
definir conceitos, aprofundar conhecimentos e fundamentar através de alguns autores
objetivos e estratégias, tendo em vista a resposta para o problema identificado.
A terceira e última parte consta da análise categorial da revisão de literatura, de
acordo com o método defendido por Bardin (2009), que permitiu organizar a informação
pertinente para o estudo em si. Após terem sido encontradas as categorias e as
subcategorias, procedeu-se a uma análise do agrupamento em estudo através dos seus
documentos orientadores, nomeadamente o Plano de Intervenção do Diretor, o Projeto
1
Normas editadas pela American Psychological Association (APA).
PARTE I
1.1. Introdução
Os meus primeiros passos foram dados em contexto de creche onde comigo outras
crianças o fizeram sempre debaixo do olhar atento dos adultos que tomavam conta de nós.
Posso dizer que aqui começou toda uma jornada de partilha de saberes e espaços de
aprendizagem, a par e passo com os meus pais, irmão e família mais próxima.
Foram tempos de efetiva descoberta do meu próprio ser e de descobrir o outro, onde
era permitido errar, expor e criar. Para que muitas destas ações fossem criadas, muito
contribuiu a ação dos professores, que através do respeito, seguranç a, disponibilidade para
nos ouvir e transmitir algo sempre com o objetivo de nos ensinar mas acima de tudo de nos
dar ferramentas para continuar o caminho iniciado. “É necessário que o professor assuma-
se como sujeito da produção do saber e saiba que ensinar não é transferir conhecimentos,
mas criar possibilidades para a sua construção.” ( Freire, 1996, p. 2)
Após términus do 1ºciclo fui matriculada numa escola pública na qual prossegui os
meus estudos até ao 12º ano, não perdendo a referência da Academia onde continuei a
frequentar o conservatório de guitarra clássica. Nessa altura a transição do ensino privado
para o ensino público trouxe-me alguns problemas de adaptação, não só a nível das
estratégias utilizadas como a nível de organização da sala de aula. Passo a expor, alguns
exemplos das diferenças existentes, entre a Academia (escola privada) e a escola pública:
Enquanto na Academia:
As aulas eram dinamizadas por temas de investigação onde o aluno tinha que
pesquisar, debater e depois apresentar em grupo ou individualmente o trabalho
realizado;
As salas estavam organizadas em “U” ou com mesas espalhadas pela sala para que
se sentassem quatro alunos na mesma mesa. O material estava à disposição e
acessível para todos;
O número de alunos por turma variava entre quinze e dezassete e o professor era
alguém que transmitia segurança, estava disponível para nos ouvir e despertava o
desejo de saber;
Na escola pública:
Existia um professor que ministrava a matéria posicionado em cima de um estrado
como alguém inatingível e detentor de todo o saber;
As salas estavam organizadas com mesas individuais, dispostas em fila e viradas
sempre para o quadro;
O número de alunos por turma variava entre os vinte e cinco e trinta alunos. Cada
um levava diariamente para as salas de aula os seus livros, cadernos e material,
onde não era permitido trocar ideias ou debater assuntos.
Hoje sei, que a passagem por dois modelos de ensino diferentes, o particular e o
público, o rigor e a disciplina do meu pai, a compreensão, ternura e disponibilidade de minha
mãe, contribuíram para a minha formação, não só em termos pessoais mas em termos
profissionais. Como confirmam os estudos de Goodson (1992) a influência quer positiva
quer negativa dos modelos que surgem ao longo da vida do ser humano contribuem de
forma efetiva para a identidade pessoal e formação profissional.
Segundo Gouveia (1993), o processo de identificação é fundamental para se falar em
identidade, “a identificação é um processo em que se toma um outro como modelo implica
necessariamente a formação do Ideal do Ego, e também do Superego, enquanto instâncias
que internalizam normalizações e regulações culturais.” (p.100). Assim poder-se-á dizer que
fui construindo a minha identidade através de como me reconheço e como sou reconhecida
pelos outros num processo dinâmico e em permanente construção. Referindo Dubar (1997)
a “identidade social não é mais do que o resultado simultaneamente estável e provisório,
individual e coletivo, subjetivo e objetivo, biográfico e estrutural, dos diversos processos de
socialização que, em conjunto, constroem os indivíduos e definem as instituições.” (p.105)
Em 1989, com a conclusão do 12º ano chegou o ensino superior.
- O que seguir? As dúvidas persistiam entre o Curso de Educadora de Infância e a
Escola Superior de Música. A música dava-me segurança, pelos conhecimentos adquiridos
e pela experiência já tida como professora, com a qual aprendi muito. Não só, através dos
saberes que alguns alunos já eram detentores bem como através da partilha de
conhecimentos existente entre mim e os outros professores. Reiterando a afirmação de
Nóvoa (1997) "a troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de
formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o
papel de formador e de formando." (p. 26).
E foi, pela música ocupar em mim um espaço de paixão, de sonoridades e de
expressão de sentimentos, e querer utilizá-la no meu dia a dia quer a nível pessoal quer a
nível profissional, sem a obrigatoriedade diária de dar aulas de música, que a escolha recaiu
no curso de educação de infância. Hoje sei, que esta escolha deveu-se não só ao gostar de
crianças mas sim ao modelo e às práticas pedagógicas de jardim de infância e de primeiro
ciclo que tinha vivido. Citando Freire (1996) “Ensinar não é apenas transferir conhecimento,
mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (p. 25)
Considerando que a minha história de vida passa pela família e sendo esta também
um espaço de formação como a escola, passei por momentos de alegria, de tristeza e
profunda dor. Estes sentimentos foram vividos ao longo dos três anos que frequentei a
Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich (ESEIMU). Com a doença e o
falecimento da minha mãe, vivi num confronto permanente de ideias e de emoções, lutando
diariamente para dar um sentido e uma expressão à vida.
Veio o estágio, e com ele a luta pela motivação e convição do percurso que estava a
fazer era o mais acertado. Não pensava no futuro, vivia cada dia com objetivo de pôr em
prática todas as competências e saberes que tinha adquirido até então. Foi um período e um
percurso essencialmente reflexivo, porque era constantemente confrontada pela minha
orientadora sobre o que tinha aprendido durante o processo, ou seja, de como esse
conhecimento profissional era construído a partir da prática e da reflexão sobre a
experiência. Reconheço que me formei numa escola onde lecionavam professores
excelentes, que estavam no centro do processo educativo, que aumentavam e apoiavam as
aprendizagens dos seus alunos. Um local onde era reconhecida pelo meu nome, e não
como mais uma aluna, o que para mim era gratificante. A escola não era apenas uma
escola, mas um lugar ao qual eu pertencia. Para Moita (1992) o processo de formação pode
ser visto como “(…) a dinâmica em que se vai construindo a identidade de uma pessoa.
Processo em que cada pessoa, permanecendo ela própria e reconhecendo-se a mesma ao
longo da sua história, se forma, se transforma, em interação.” (p.115)
Parafraseando Bubb e Early (2010) um professor que tem a capacidade de aceitar e
dar e que permita que nos vejamos como somos vistos pelos outros, de uma forma
construtiva é fundamental para o sucesso de uma cultura de escola centrada nas
aprendizagens. É uma escola que mantém um corpo de profissionais coletivamente
empenhados no desenvolvimento e na qualidade da educação praticada. Tem no seu
projeto educativo linhas orientadoras bem definidas onde se espelha, a diversidade cultural
e social, sendo capaz de integrar a unidade e o pluralismo, reconhecendo as diferenças,
fazendo com que estas sejam origem de inovação e enriquecimentos recíprocos. Evidencio
também o orgão de gestão pela abertura ao diálogo, à informação e à atenção concedida às
pessoas e iniciativas, já referido por Vicente (2004) como condição para criar escolas,
suscetíveis de evoluir e onde é bom estudar, ensinar e trabalhar.
Só a partir de uma reflexão sobre o meu projeto pessoal, é possível situar o meu
projeto profissional - o ser [Educadora] - numa relação dialética entre a teoria e a prática;
teoria porque se pensa, porque se planeia; prática porque se vive, interagindo. É nesta
relação dialética entre o pensar e o agir que se desenvolve a minha relação pedagógica,
numa reciprocidade interativa com base na diferença. (Tinoco, Fialho, Miranda, 1987).
a contemplar não fossem vistas como compartimentos estanques, mas abordadas de forma
globalizante e integrada num processo interativo através da experimentação, discussão
e reflexão sobre as experiências quotidianas o que resultou para as crianças numa
aprendizagem significativa. O jardim de infância ao assumir-se como um espaço excecional
para o crescimento e aprendizagem das crianças, é um lugar onde se estrutura e regista o
saber (Ministério da Educação, 1998). Creio poder dizer que as atividades desenvolvidas
implicaram inteiramente o pensamento das crianças na procura de conhecimentos,
compreensão e capacidades (Katz, 1997).
Nos quatro anos seguintes passei pela fase a que Huberman chamou de
“estabilização”. Continuei a procurar dar resposta a todas as crianças através duma
pedagogia diferenciada, centrada na cooperação, em que cada criança beneficia do
processo educativo desenvolvido com o grupo. Nesta perspetiva segundo Santos (2005)
devemos assumirmo-nos “ (…) como mediadores do conhecimento, orientadores das
aprendizagens e ainda facilitadores do desenvolvimento das competências relacionais e
pessoais.” (p.10)
Acumulei ao meu exercício de funções várias responsabilidades que passaram
desde a coordenação de creche, campos de férias, programa de rádio e formadora de
auxiliares de ação educativa para creche e jardim-de-infância. Independentemente das
lideranças assumi a minha identidade profissional - ser profissional de educação era o meu
projeto de vida saindo este mais reforçado quando fui mãe pela primeira vez. Em 1997 fui
convidada para assumir o cargo de diretora pedagógica adjunta o que me levou a questionar
se estaria preparada para enfrentar o novo desafio. Questões surgiram, entre as quais qual
o meu novo papel e de que forma podia contribuir para melhorar as práticas, inovar e
diferenciar? Ficou evidente para mim que tinha necessidade de formação o que me levou a
frequentar e a concluir a licenciatura em gestão pedagógica e administrativa. Reiterando as
palavras de Freire (1996) “por isso é que, na formação permanente dos professores, o
momento fundamental é o da reflexão critica sobre a prática. É pensando criticamente a
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (p.36). Posso afirmar
que foram dois anos de aprendizagem muito ricos onde o saber a experiência e as práticas
diversificadas de cada um no seu dia a dia contribuiu para um maior enriquec imento quer
pessoal quer profissional. Transportar todos esses conhecimentos para a prática, foi uma
missão muito difícil. Existiam muitas diferenças entre a organização e as linhas orientadoras
de um presidente de uma instituição particular de solidariedade social e de uma escola
pública. E assim voltei à fase da “sobrevivência”! Surgiram momentos de fracassos e de
angústia por querer implementar outros tipos de práticas como por exemplo a prática de
uma liderança distribuída, da responsabilidade partilhada, do trabalho colaborativo com os
parceiros e o meio ambiente externo, “cultivar” a aprendizagem através da melhoria da
qualidade das mesmas e estas não serem aceites, não por não serem fundamentadas mas
porque não havia lugar para um aprofundamento destas questões. Só o presidente tinha
poder, éramos confrontados diariamente com uma liderança unipessoal, autoritária e
diretiva. Perante esta realidade comecei a não me sentir realizada e cada dia que passava
questionava a minha prática. Perante este contexto, a baixa remuneração e apesar de
trabalhar perto de casa, concorri aos jardins de infância da rede pública para Portugal
Continental e Ilhas. Quando saíram as colocações, qual foi o meu espanto ao verificar que
tinha sido colocada numa escola em Rabo de Peixe na ilha de S. Miguel, Açores. Durante os
primeiros dias não conseguia definir o que sentia. Alegria? Tristeza? Se por um lado ser
colocada num jardim de infância da rede pública era o que mais desejava, por outro lado, ir
para tão longe de casa não estava nos meus planos. Os dias foram passando e com eles a
certeza de que os benefícios em aceitar a colocação, apesar de ir para tão longe, iriam
contribuir para um crescimento quer pessoal quer profissional. Como tal, aceitei a colocação
comprei os bilhetes de avião e fui exercer, as minhas funções docentes e de mãe, durante
um ano letivo.
Lembro-me como se fosse hoje, a minha imagem refletida nos vidros do aeroporto
com um filho de dois anos e meio pela mão a perguntar-me:
- E agora mamã? Para onde vamos?
Neste novo contexto que inicialmente foi conturbado pela adaptação a um novo lugar
a uma nova casa, a uma escola pública e sua legislação, às carateristicas peculiares das
famílias e meio envolvente, à resistência de aceitação por parte dos encarregados de
educação e de algumas colegas da ilha de uma educadora proveniente de Portugal
Continental, contribuiu para que a minha postura fosse de aprendizagem e crescimento.
Sem conhecer ninguém, tudo era visto como novos desafios, desafios esses que eram
constantes e que me colocavam à prova sempre que surgiam. Na escola estes iam desde a
O ano letivo chegou ao fim e com ele a vinda para o Continente com uma proposta
de destacamento para a Educação Pré-Escolar Itinerante (EPEI), num Agrupamento do
Conselho de Palmela.
Esta resposta educativa foi criada pela Câmara Municipal de Palmela, com o objetivo
de abranger crianças que residiam em zonas rurais de difícil acesso e de população
dispersa, as quais não tinham qualquer possibilidade de frequentar um jardim de infância da
rede pública em qualquer um dos dois concelhos acima referenciados.
Para aceitar o destacamento para EPEI era condição obrigatória ter carro próprio,
pois só assim me poderia deslocar de uma localidade para a outra. Quando existia só uma
criança numa determinada população, a resposta era considerada como uma visita
domiciliária, quando existia mais do que uma criança na mesma população a resposta era
dada em hall(s) de entrada e/ou em salas devolutas do 1.º ciclo do ensino básico, sedes de
associações recreativas ou em espaços comunitários, onde as crianças eram transportadas
pelas suas famílias, vizinhos ou amigos. O meu horário era de 25 horas semanais, mas não
estava dividido de 2ª a 6ª feira das 9h às 15h como o das colegas do jardim de infância
público. Dependia muito da disponibilidade dos pais no caso dos domicílios e do local ou
espaços encontrados para responder às necessidades detetadas.
Assim, com esta modalidade tão específica de educação, eram esperadas da minha
parte competências reais, sobre as quais pude refletir de forma permanente, no sentido de ir
questionando, reorganizando e reformulando a minha ação, para poder adotar uma
intervenção com maior qualidade educativa promovendo a igualdade de oportunidades para
que o direito que estas crianças têm à educação seja uma realidade. “Contribuir para corrigir
os efeitos discriminatórios das condições sócio-culturais no acesso ao sistema escolar.”
(Decreto Lei nº 542/79, artº1, alínea b), Estatuto dos Jardins de Infância).
Diariamente transportava comigo duas caixas com materiais. Uma continha jogos,
livros, brinquedos, puzzles, fantoches, entre outros. A outra, todo o tipo de materiais de
desgaste como folhas, lápis, canetas e tintas. Este material, principalmente o de desgaste,
era comprado pelo agrupamento com uma verba que a Câmara dava mensalmente. Como o
material educativo não nos era dado em grande quantidade, requisitava com frequência à
biblioteca do Poceirão ou da Marateca mais algum por forma a corresponder às
necessidades das crianças. Só assim conseguia minimizar a escassez dos mesmos e deixar
algum material nos domicílios como empréstimo de uma semana para a outra por forma a
colmatar as necessidades existentes. Citando Gonçalves (2004):
criança do meio rural e que têm de ser tidos em conta no programa de Educação
de Infância Itinerante.” (p. 67)
Perante as dificuldades que fui encontrando senti a necessidade de saber mais o que
me fez inscrever e concluir a pós graduação e especialização em educação especial.
Segundo Roldão (2000) esta nova visão do professor pressupõe, naturalmente uma
formação inicial e continuada centrada na qualificação do desempenho docente, exigindo
uma postura profissional de constante atualização e construção do conhecimento. Ou seja,
uma formação profissional que envolva o professor, que o capacite para a inovação e
investigação no âmbito da atividade letiva, apetrechando-o, assim, de atitudes críticas e
atuantes importantes para o seu desenvolvimento e eficácia no ensino.
Livres e Amas Familiares. No momento do convite, fiquei sem palavras e ao mesmo tempo
grata pelo reconhecimento que tinham do meu trabalho. Apesar da insistência não consegui
de imediato aceitar a proposta. Fazer parte da formação de alguém, era e é sem dúvida um
grande desafio. Não eram os conhecimentos teóricos/práticos que me preocupavam, pois
esses estavam adquiridos, era sim, como é que eu ia despertar o interesse em aprender
naquele grupo de pessoas. Por outro lado, o facto de falar pouco e ter alguma dificuldade
em falar para grandes grupos, grupos esses com carateristicas e saberes muito particulares,
também contribuiu para que amadurecesse a ideia e a resposta a dar por mais alguns dias.
Abracei então o desafio, e procurei assumir com profissionalismo, dedicação, respeito e
dinamismo as funções que me tinham sido conferidas. Inicialmente não foi fácil, mas com o
contínuo investimento e vontade de fazer nascer nas formandas o desejo de aprender,
contribui não só para obterem conhecimentos, mas também para identificar situações e
saberem decidir sobre as mesmas. Como nos diz Day (2001) “Os adultos aprendem quando
lhes são proporcionadas oportunidades regulares, com base nas experiências vividas.
Aprendem fazendo e beneficiam com as situações que combinam a ação e a reflexão.”
(p.160). Registo que no final a avaliação foi bastante positiva quer da minha parte quer dos
formandos.
Em 2006 fui convidada para integrar a equipa de Intervenção Precoce na Infância
(IPI) de Montijo e Alcochete, sediada num Agrupamento de Escolas, destacamento que
aceitei, quer pelo desafio a diferentes práticas quer pelo desejo de trabalhar com crianças
com necessidades educativas especiais (NEE).
Quando entrei para a equipa em setembro de 2006, esta era constituída por uma
pediatra, enfermeira e terapeuta da fala em representação do ministério da saúde. Uma
assistente social e uma técnica superior de educação e reabilitação destacadas a cem por
cento pelo ministério da segurança social e uma psicóloga clinica e duas docentes com
especialização em educação especial destacadas também a cem por cento pelo ministério
da educação. Dado a falta de espaço no Agrupamento a sede da equipa era na Cooperativa
de Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado do Montijo e Alcochete (Cercima). Esta
distribuição ainda hoje se mantem, exceto o número de docentes ter passado de dois para
três, dado o aumento do número de crianças em intervenção.
Considero que este foi um dos maiores desafios profissionais que até então tinha
abraçado. Quer pela diversidade de saberes dos técnicos, quer pela constante procura de
formação e informação e quer pela especificidade dos apoios prestados que passavam
desde o contexto de creche e jardim de infância, integrados em estabelecimentos privados
e/ou da segurança social. As fragilidades maiores surgiram em contexto domiciliário, onde
tinha um papel interventivo não só com a criança mas junto da família. Apesar de pesquisar,
estudar, ler e partilhar ideias sobre as diferentes problemáticas com que me fui confrontando
com outros técnicos da área da saúde e colegas, sentia que não podia dar as respostas que
as famílias desejavam ouvir em relação ao futuro dos seus filhos. Esta foi talvez a minha
maior angustia saber que por muito que incentivasse os pais a serem agentes pró-ativos no
desenvolvimento dos seus filhos que com o tempo alguns iam desistindo de lutar. Para os
envolver e reforçar o seu papel preponderante na vida dos seus filhos, organizei reuniões de
estudo de caso, encontros de pais e acompanhei as crianças e as famílias a consultas
médicas de especialidade e de desenvolvimento.
De dia para dia fui percebendo como era importante esta resposta educativa, apesar
de o conselho executivo não se envolver na dinâmica e no trabalho das docentes e delegar,
não na coordenadora da educação especial mas na psicóloga da equipa, as competências
subjacentes à coordenação. A existência de alguma indefinição em relação aos documentos
orientadores da Intervenção Precoce e às diferenças existentes na legislação em vigor quer
da Intervenção Precoce quer da Educação Especial, contribuiu para que da minha parte
surgisse alguma insegurança na elaboração dos documentos a utilizar. O facto de pertencer
e ser convocada para as reuniões do Departamento de Educação Especial trazia-me
alguma angustia porque sentia que não fazia parte daquele grupo, as minhas dúvidas e
conquistas eram em minoria, e os assuntos tratados em reunião eram direcionados para os
colegas que davam apoio aos alunos do agrupamento. Apesar das dificuldades sentidas
De um momento para outro passei a ser confrontada como alguém que tinha que ter
as respostas para tudo e ser detentora de saberes tão variados que me levou a questionar e
a refletir se este era o meu lugar. Sentia-me questionada e posta à prova a todo o momento,
num lugar que não era permitido errar. “ Nós, profissionais do ensino, temos que nos
questionar permanentemente sobre a natureza do trabalho que realizamos;” (Guerra, 2003,
p.157). Com o passar do tempo comecei a perceber que esse não era o caminho, não tinha
aceite este desafio para sozinha tentar encontrar as respostas e as soluções adequadas aos
problemas. Mas sim incentivar e coordenar iniciativas e projetos onde todos participassem,
contribuíssem, pensassem e decidissem, num espaço formativo de excelência que também
é seu, independentemente do cargo e das funções atribuídas. Acredito que se pretendermos
que as pessoas que trabalham na escola se sintam bem e integradas, para que tenham
impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos, devemos fomentar a liderança
partilhada onde todos os elementos se desenvolvam continuamente, independentemente do
papel que desempenham, assente na confiança, cooperação e saber de todos. Reiterando
as palavras de Guerra (2003) quem lidera:
“ (…) tem que ser o primeiro entre iguais, um coordenador da atividade e criador
de um bom clima e de relações positiva. Inspirador de projetos e acalentador de
iniciativas. Não é quem tudo faz, não é o único a pensar e o que se responsabiliza
por todos os outros.(…) Não é quem sabe tudo mas que ajuda os outros a saber.”
(p.43)
Foi este acreditar que é possível encontrar respostas a novos desafios, inovar,
diferenciar, aprender e aprofundar conhecimentos, partilhar experiências e caminhos e
pensar numa escola de todos para todos que me levou a frequentar o mestrado em ciências
da educação na especialidade de administração escolar.
Esta etapa que terminará com a conclusão deste trabalho permitiu refletir, questionar
e fundamentar os diferentes contextos e cada uma das minhas ações. Acima de tudo, foi ser
capaz de refletir sobre processos, entre o ponto de partida e o ponto de chegada, da análise
de situações vividas e da nossa ação educativa. Trata-se pois, de uma reflexão que
pressupõe a interiorização do que foi vivido, da análise da minha própria ação, à luz de
novos saberes e propostas, e a projeção das mesmas no meu projeto de vida. Por outras
palavras, é o interpretar para melhorar, para experimentar, para voltar atrás e se necessário
recomeçar.
Acredito que futuramente, com este investimento na formação contínua, a reflexão
proporcionada e o investimento diário pautado no saber ouvir, respeitar o outro, motivar e
2. SITUAÇÃO PROBLEMA
“As escolas são estabelecimentos aos quais está confiada uma missão de serviço
público, que consiste em dotar todos e cada um dos cidadãos das competências e
conhecimentos que lhes permitam explorar plenamente as suas capacidades,
integrar-se ativamente na sociedade e dar um contributo para a vida económica,
social e cultural do País.” (Decreto-Lei n.º 75/2008 de 22 de abril)
“Toda a criança tem o direito de iniciar o seu percurso escolar na escola da sua
residência. O mesmo é dizer que, sejam quais forem as suas capacidades e
necessidades, as escolas devem estar preparadas para dar resposta a essa
heterogeneidade, tendo por base uma multiplicidade de serviços e apoios
adequados a essas mesmas capacidades e necessidades.“ (Correia, 2008, p.9)
O grande desafio que se coloca a qualquer política que visa a promoção do sucesso
educativo, no contexto de uma sociedade democrática, é o reconhecimento da
heterogeneidade dos alunos. Isto é, a heterogeneidade deixar de ser um problema e passa
a ser valorizada como um recurso, o que implica uma mudança cultural para qual é
instrumento fundamental o reforço da autonomia da escola e o seu projeto educativo, uma
vez que este é o instrumento de gestão da identidade e orientação educativa da escola.
Segundo Correia (2008):
A liderança e as suas boas práticas numa escola inclusiva poder-se-á afirmar que é
atualmente um grande desafio para os líderes escolares. Como advoga Correia (2008), cabe
às direções das escolas pôr em prática uma filosofia inclusiva e dar o “pontapé de saída”
(p.47), com um projeto educacional para que a escola se torne numa verdadeira
comunidade de aprendizagem, tendo como base os princípios da inclusão. Quando este
reconhecimento ocorre, é criado um espaço onde se tomam decisões educativas,
pedagógicas e curriculares, onde as oportunidades de participação são iguais, tornando-se
num verdadeiro espaço de partilha, crescimento e aprendizagem.
Desde que iniciei o meu percurso profissional, tenho tido a oportunidade de conhecer
e experienciar respostas educativas diversificadas, em contextos e realidades também muito
diferentes. A frequência no mestrado e na unidade Supervisão Organizacional e Liderança
em particular despertou em mim, perguntas que me têm levado a pensar, a refletir, a
questionar e a fundamentar em diferentes contextos, cada uma das minhas ações. O facto
de a turma também ser constituída por professores que trabalham em diferentes escolas e
contextos sociais, foi-nos proporcionado, nos debates em grupo, a perspetiva de novas
realidades além da nossa, o que permitiu uma maior diversidade e riqueza às questões
propostas nas aulas, contribuindo assim para um conhecimento teórico mais aprofundado e
por inerência ao meu desenvolvimento quer pessoal quer profissional.
O contato que fui tendo ao longo dos anos com os diferentes órgãos de gestão, a
forma como exerciam a sua liderança, e atualmente poder fazer parte de uma equipa
diretiva e ter como experiencia um cargo que até então nunca tinha exercido. Permite-me
afirmar que atualmente o diretor de um agrupamento desempenha e assume um papel
crucial, com uma exigência elevadíssima, não só através das suas convicções e valores
mas também com a sua competência e dedicação que diariamente tem que ter no que
concerne aos desafios que hoje a escola inclusiva enfrenta. Rodrigues (2000), define a
educação inclusiva salientando que:
“A Educação Inclusiva (…) não é uma evolução mas uma rutura, um corte, com os
valores da educação tradicional. A educação inclusiva assume-se como
respeitadora das culturas, das capacidades e das possibilidades de evolução de
todos (…). A educação inclusiva aposta na escola como comunidade educativa,
defende um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os
alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, trabalha com elas para o
desenvolvimento e dá-lhes um sentido, uma dignidade e uma funcionalidade (…)
daí que designaria a educação inclusiva como ‘a comunidade que aprende com
todos”. (p. 51)
“A liderança não tem a ver com poder ou autoridade organizacional. Não tem a ver
com fama ou fortuna. Não tem a ver com o nome da família. Não tem a ver com
Que práticas de liderança podem ser implementadas para concretizar uma escola
efetivamente inclusiva?
3.2. Subquestões
Tendo como base a questão de partida e a temática central, práticas de liderança para
uma escola inclusiva, o tipo de investigação e a revisão de literatura a desenvolver tem
como orientação as seguintes subquestões:
Como afirmam Goleman, Boyatizs e Mckee (2002/2011) todo o tipo de organizações são
comandadas por um líder. Sendo a escola também uma organização não é algo imutável, é
um sistema dinâmico, composta por um conjunto de relações humanas, onde se cruzam
muitos interesses, sentimentos, atitudes, comportamentos, objetivos, crenças e perceções
diferentes. Refere (Bolívar, 2003) que “a escola constitui-se como lugar estratégico de
mudança” (p.19).
Uma organização que tenha como filosofia de base a qualidade começa por definir qual
a missão, a visão e os valores que pretende para a sua organização, tendo como elemento
chave e papel preponderante a liderança. A escola de hoje para cumprir a sua missão
necessita de uma liderança capaz e efetiva para obter resultados e ter uma eficácia
organizacional. Segundo Bento (2008) o sucesso das organizações depende diretamente da
liderança, ou seja, o papel da liderança é de extrema importância no estudo e na
implementação da mudança em todas as organizações. Para isso também tem que recrutar
pessoas que deem o seu melhor e que o seu trabalho seja reconhecido. Para Morgan
(1996):
PARTE II
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
1. ESCOLA INCLUSIVA
Ao longo dos tempos a sociedade e a escola têm sido alvo de alterações importantes
na visão da pessoa/aluno portador de algum tipo deficiência. Até aos anos setenta, os
alunos com necessidades educativas especiais, frequentavam instituições ou lares criados
pelas associações de pais, por não terem direito a frequentar a escola pública. Toda a
criança portadora de deficiência era vista como incapacitada e uma menos valia para o
sistema educativo. Referindo Ainscow (1997), apesar de os pensadores nesta época
referirem que os alunos não teriam benefícios no processo ensino/aprendizagem, é no final
dos anos setenta, que se verificaram algumas mudanças e preocupações com a igualdade
de oportunidades. Foram assim decretadas algumas medidas para responder aos alunos
com deficiência, através da implementação de turmas especiais dentro das escolas do
regular ou então com estas articuladas.
Segundo Costa (1996), com a implementação destas medidas já nos anos setenta,
deu-se a formação de equipas de Educação Especial, para desenvolver atividades com os
alunos portadores de deficiência que frequentavam as instituições públicas. Estas equipas
eram constituídas por docentes desde o pré-escolar até ao terceiro ciclo e secundário, e
estavam organizadas a nível local. Ainda segundo o autor estas equipas tiveram um papel
primordial em termos de integração destes alunos, porque tinham como objetivo
proporcionar e encontrar atividades que favorecessem a adaptação social e escolar, num
ambiente securizante e o mais normalizado possível. Surge assim o conceito de
normalização, que citando Garcia (1988) significa:
“normalizar não é pretender converter em normal uma pessoa deficiente, mas sim
reconhecer os mesmos direitos fundamentais que os demais cidadãos do mesmo
país e da mesma idade. Normalizar é aceitar a pessoa deficiente, tal como é, com
as suas características diferenciais e oferecer-lhe os serviços da comunidade para
que possa viver uma vida o mais normal possível.” (p.71)
Em Portugal, nos anos setenta/oitenta estas mudanças também são sentidas. Com
as iniciativas decorrentes nas escolas, foram surgindo algumas modificações nas atitudes
dos governantes que posteriormente promoveram alterações nas políticas educativas. Para
uma escola para todos; a responsabilização progressiva da escola regular pelos alunos com
dificuldades de aprendizagem ou deficiência e por fim se necessário e analisando caso a
caso, a adoção de um conjunto de medidas diversificadas de modo a encontrar uma
planificação educativa flexível.
Poder-se-á dizer que este foi um decreto criado para reconhecer o esforço que a
escola desenvolve para atender todos os alunos, mesmo aqueles que tenham NEE, tendo
presente a integração dos mesmos. Referindo ainda o autor acima citado, não basta só
falar-se em integração, é importante que para além de os alunos estarem integrados se
sintam incluídos no dia a dia da escola. Assim sendo, em 1994, surge uma nova designação
para a Escola Inclusiva, que tem como orientação abranger todos os alunos,
proporcionando-lhes oportunidades iguais quer tenham ou não necessidades educativas
especiais. Este novo conceito surge reforçado em Salamanca (Espanha) em julho do
mesmo ano, numa Conferência Mundial sobre NEE da Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), da qual destacamos o princípio de que
todas as escolas regulares publicas ou privadas devem criar condições e ajustarem-se a
todas as crianças/jovens independentemente das suas capacidades, quer sejam físicas,
culturais entre outras. Com esta perspetiva, o conceito de integração abre caminho para o
conceito de inclusão, em que:
Reforçando este princípio, poder-se-á dizer que a escola inclusiva é aquela que
reconhece, respeita e fundamenta a sua ação na diversidade e igualdade, garantindo a
todos os alunos respostas às suas necessidades e objetivos. Assim por educação inclusiva
podemos entender que é uma educação que olha para cada criança e aluno como ser único,
com as suas necessidades, interesses e carateristicas. Como tal, todos os alunos têm
necessidades especiais de educação (César, 2009; César & Ainscow, 2006; Rodrigues,
2003). Ao falarmos de educação inclusiva, estamos a falar de uma educação para todos os
alunos e não especificamente a alunos com necessidades educativas especiais. Ou seja,
todos os alunos são únicos com carateristicas, culturas e valores diferentes, logo
necessitam de uma educação adaptada aos seus interesses e necessidades (César, 2003,
2009; César & Santos, 2006). De uma forma mais ampla e que vai de encontro à
Declaração Universal dos Direitos Humanos (Organização da Nações Unidas, 1948) a
educação inclusiva visa:
Para além desta Declaração Universal dos Direitos Humanos, outros documentos
defendem os princípios de uma educação inclusiva, mesmo quando esta terminologia ainda
não é utilizada. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO,1999), a Declaração de Salamanc a (UNESCO,
1994), é um marco incontornável e o documento internacional mais importante no que diz
respeito à educação inclusiva. Com o objetivo de contribuir com princípios de forma a visar
uma Educação para todos e a criação de escolas com práticas inclus ivas, passaremos a
citar as propostas e recomendações, que constam na Declaração de Salamanca (UNESCO,
1994), propostas estas que assentam a educação inclusiva:
Um dos grandes desafios para a concretização de todos estes objetivos, passa pelo
profissionalismo e pela criatividade dos docentes perante a heterogeneidade da sua
turma/grupo, e de como são capazes de gerir mudanças nas mentalidades e nas práticas
educativas. As escolas só atingirão os objetivos delineados se acompanharem e estiverem
preparadas para conhecerem os interesses, expectativas e ritmos de aprendizagem dos
alunos, que se concretiza através de um conjunto de medidas avaliativas. Para César
(2003):
“A Educação Inclusiva (…) não é uma evolução mas uma rutura, um corte, com os
valores da educação tradicional. A educação inclusiva assume-se como
respeitadora das culturas, das capacidades e das possibilidades de evoluç ão de
todos (…). A educação inclusiva aposta na escola como comunidade educativa,
defende um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os
alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, trabalha com elas para o
desenvolvimento e dá-lhes um sentido, uma dignidade e uma funcionalidade (…)
daí que designaria a educação inclusiva como ‘a comunidade que aprende com
todos.” (p. 51)
"se queremos uma escola para todos, e não apenas para o tal cliente ideal, temos
de aceitar o desafio de prever e conceber diferentes processos e meios de
ensinar, para que se criem as condições onde todos se sintam reconhecidos,
respeitados e dispostos a aprender, conhecendo e reconhecendo outros de si
diferentes" (p. 23).
Tornar a escola pública inclusiva cada vez mais inclusiva, só é possível através da
autonomia das mesmas, não só a nível dos recursos mas também dos seus objetivos e
parcerias. Uma escola que se assume como um espaço democrático e mais justo tanto
dentro como fora da sala de aula, baseada na reflexão e no debate onde tudo se torne mais
significativo, constitui um desafio para os professores quer a nível do reconhecimento quer a
nível da aceitação das diferenças individuais dos alunos. O Fundo das Nações Unidas para
a Infância (UNICEF) reitera que educar implica acompanhar de perto a evolução de cada
criança, partindo sempre do ponto em que cada uma se encontra, afirmando mesmo que é
no vaivém dos conteúdos que se garante a aprendizagem. Com a heterogeneidade
existente entre os alunos e só através do profissionalismo e criatividade dos professores é
que vão surgindo a mudança de mentalidades, de políticas e práticas educativas (Sanches
&Teodoro, 2006, p.72). Então, será condição suficiente para a escola pública ter qualidade e
equidade, a missão e os princípios da escola inclusiva?
Diz-nos Barroso (2004) que definir qualidade na educação não é algo claro nem
objetivo. A qualidade da educação “é um processo de construção social e um lugar de
confronto de interesses, lógicas e poderes, muitas vezes divergentes, que obrigam a
negociação e compromisso” (p.7). Ou seja, também faz parte da qualidade o processo das
práticas educativas como as interações que as mesmas provocam. Para que o aluno possa
experimentar e ter acesso a uma aprendizagem de qualidade deve ter ao seu dispor uma
variedade de atividades e materiais.
Através desta diversidade de estratégias proporcionadas pelo professor, vai permitir
ao mesmo verificar de que forma é possível trabalhar melhor com cada aluno, indo assim de
encontro a um dos princípios da escola inclusiva que todos os alunos devem aprender
dentro do mesmo contexto.
Diz-nos César (2009), que ao termos como referência o ponto de partida do aluno, os
seus interesses, carateristicas e necessidades, falamos de equidade na educação. Para o
Conselho Nacional de Educação (2007) equidade define-se “como a igualdade de
oportunidades, não já só de acesso à educação, mas de sucesso educativo” (p. 46).
Conforme publicado pela Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu
(2006) a equidade:
Segundo Sanches (2011), “viver e aprender com os seus pares, na sua comunidade,
incluindo a escola do seu ‘bairro’, é ter acesso a uma Educação inclusiva” (p. 136). Falar de
escola inclusiva por um lado é falar daquela “que arranja maneira de acolher todas as
crianças e jovens da sua comunidade, flexibiliza e adapta os seus currículos, não se
limitando a reduzi-los, reestrutura as suas práticas de organização e de funcionamento, de
forma a responder à diversidade” (p. 137). Por outro lado, supõe falar de educação inc lusiva
o que para a autora tem constrangimentos, visto nem a escola nem os professores têm
Este são alguns exemplos entre outros referidos pela autora, que também nos deixa
uma mensagem de esperança, em que tudo começa pelo acreditar que é possível. Urge
caminhar no sentido de uma verdadeira escola inclusiva, onde o ato educativo seja
motivador, melhor, diferente e que aposte nas capacidades de cada aluno e na
reorganização da sala de aula. Que os professores também acreditem que são capazes de
fazer ainda melhor do que aquilo que já fazem.
2. CULTURA DE ESCOLA
Para Santos (1987), cultura numa primeira fase está ligada a “todos os aspetos de
uma realidade social” (p.20). Poder-se-á dizer que cultura é tudo aquilo que descreve grupos
dentro de uma sociedade ou então de um país ou continente. No caso dos
agrupamentos/escolas, a cultura é definida através das carateristicas da mesma, da soma
da perceção e organização das vivências sociais bem como de toda a parte material. Na
segunda fase está ligada “mais especificamente ao conhecimento, as ideias e crenças de
um povo” (p. 20). Podemos dizer que se está a falar de uma identidade de um povo, e que
segundo o autor é através da identificação de certas carateristicas tendo em conta o
contexto social, que se entende a evolução ou não dos processos pelas quais os povos
passam. O mesmo se pode reportar à escola, há medida que a sociedade vai evoluindo a
escola também sofre transformações.
Para Santos (2004), “a cultura não é algo estável, pronto e acabado, é algo que
existe per si., como um fenómeno que exerce as suas forças independentemente do
acontecimento” (p. 42). Tem como função “manter os grupos humanos unidos e
proporcionar modos de comportamento e crenças. É vista como aprendido e transmitido e
inclui conhecimento, e maneiras aceitáveis de comportamento e se reflete nos artefatos e
instituições de determinados grupos” (p. 83).
Poder-se-á assim dizer, que globalmente o conceito de cultura é tudo o que inclui o
conhecimento, as crenças, a arte, os costumes e moral. No fundo tudo o que o homem
adquire através dos hábitos e aptidões como membro da sociedade que é, e não
unicamente por transmissão familiar. Assim, poder-se-á dizer que é um conceito que resulta
de uma ação intencional da parte do homem, e que inclui os costumes, a moral, o direito,
entre outros. Como advoga Guerra (2002):
Para alguns autores à cultura é conferida um sentido de missão. É-lhe atribuída este
sentido, porque apresenta uma panóplia de valores que através da sua partilha permite aos
indivíduos atuar em conjunto. É nesta otica que Lemaitre (1987) define cultura sendo um
“sistema de representações e de valores partilhados por todos os membros da organização,
em que cada membro ao aderir a uma visão comum, (...) sabe o que esperar da
organização se cumprir corretamente a sua missão” (p. 420). Tem a mesma opinião
Bertrand (1991), ao defini-la como um “conjunto de valores partilhados pelas pessoas que
trabalham numa organização e que se podia assim resumir o sentido da missão coletiva” (p.
117). O autor reforça ainda que uma organização cresce e fortifica-se através da partilha de
valores entre os membros da organização. Hargreaves (1998) refere que o desenvolvimento
do significado de missão nas organizações, que embora “desenvolvam lealdade entre os
crentes e confiança entre os empenhados, também criam heresia entre aqueles que
questionam, discordam e duvidam” (p. 183). É atribuída à identificação que cada um dos
membros tem de si próprio e dos outros, um fator muito importante para a definição do
carater da organização. Ainda segundo Bertrand (1991), são os valores que dirigem as
comunicações dentro de uma organização, através das perceções, juízos e comportamentos
dos seus membros.
Nas definições acima apresentadas podemos verificar que algumas definições têm
palavras em comum, tais como: “missão”, “valores partilhados”, “crenças”,
“comportamentos”, entre outras. Não sendo estes elementos estanques mas sim dinâmicos,
podemos encontra-las como carateristicas nas funções da cultura organizacional.
e a negociação” (p. 371). Refere Teixeira (1995) que cultura organizacional “não é algo
estável, dado como feito a cada um dos atores organizacionais” (p. 76).
A cultura organizacional dentro de uma organização tem algumas funções
importantes, como por exemplo:
“Mobiliza as energias em volta de alguns objetivos importantes – faz agir” e “Canaliza
os comportamentos em volta de um certo número de normas de ação – dirige”
(Lemaitre, 1987, p. 420).
“Intervém na definição das forças e dos entendimentos no coração do sistema social
das organizações” e “Permite a integração dos indivíduos às normas coletivas e aos
consensos sociais” dando “quadros de referência, regras, imagens e valores ”
(Sainsaulieu, 1987, pp. 436-439) aos membros da organização.
“Mobiliza os grupos, facilita o trabalho a partir de orientações claras, estabelece
consensos, avalia a performance da organização, compreende, interpreta, age e dá
sentido à ação” e “Facilita a adaptação e a integração interna à organização”
(Bertrand, 1991, pp. 55-57).
“Transmite aos novos membros da organização as soluções historicamente geradas
e coletivamente partilhadas de uma comunidade” (Hargreaves,1998, p. 185).
Ao analisarmos algumas destas definições, podemos considerar que a cultura
organizacional, precisa da interação por parte dos seus membros de uma aprendizagem
contínua, sendo este um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento e
sucesso das organizações. Ao transpormos este conceito para a escola e recebendo esta
exigências e influências do exterior, poder-se-á dizer que a criação de uma escola como
organização aprendente, inteligente e reflexiva é um processo exigente e lento.
Há uma nova conceção da escola na sociedade atual, que lhe exige uma nova
responsabilidade institucional e cívica. Exige-se que a escola se repense, que tenha um
projeto educativo contextualizado, se responsabilize pela sua realização e avalie a qualidade
dessa realização. Pede-se-lhe que seja um local de aprendizagem para todos e também
para si própria, que se torne num organismo vivo, em desenvolvimento e aprendizagem e
com uma maior responsabilidade. O mesmo acontece com o desempenho da atividade
profissional dos professores, que deve ser perspetivada como um corpo de profissionais
Segundo Ainscow (1995) a forma como a cultura é vivida nas escolas, vai influenciar
o seu modo de organização perante a heterogeneidade dos alunos. Para o autor “a cultura
de escola tem influência sob a forma como os professores veem o seu trabalho e os seus
alunos. A cultura manifesta-se através das normas que indicam às pessoas o que devem
fazer e como devem fazer” (p. 21). Contudo, Guerra (2002) refere que cultura de escola não
deve ser homogeneizada, isto é, assumida, organizada e praticada de igual forma por todos.
Hamido (2005) considera que “as expressões cultura de escola, clima, ethos,
atmosfera, personalidade são usadas para designar a identidade organizacional” (p. 117).
Segundo a autora, baseando-se em Prosser (1999), identificam-se quatro dimensões para a
cultura:
“ a cultura global, relativa à inserção ecológica da escola, que não opera
separadamente do que existe à sua volta;
“É um conceito que expressa uma situação ótima, uma vez que enfatiza as
deficiências da atual situação. Abrange os nossos desejos (como desejaríamos
que fosse a escola), expectativas (como deveria ser a escola) e a normatividade
do processo de educação (o que a escola tem e consegue).” (p. 64)
3. LIDERANÇA
Para definirmos melhor o que é ser líder, fomos pesquisar a origem da palavra.
Assim, segundo Ribeiro (2011), líder provém do inglês “leader” que significa aquele que
guia, chefia ou comanda. “Leader” por sua vez tem origem no antigo germânico “ad”, que
significa caminho. Segundo o autor o líder:
“1. Pessoa que pela sua personalidade exerce influência sobre o comportamento
dos outros, conduzindo-os na ação e representando-os nas suas pretensões e
opiniões.
“Na teoria dos traços, a liderança é encarada como algo de intrínseco ao indivíduo,
faz parte da sua constituição única, nasce com ele. Ser líder é pos suir esse
conjunto de características desde a mais primitiva formação da personalidade,
uma capacidade que ele tem e que tende a manifestar-se ao longo da sua vida,
todas as situações e em que tal se propicia” (p.27).
definidoras do processo” (p.30). Segundo Barracho e Martins (2010), as situações que vão
surgindo e os recursos disponíveis também são determinantes para a concretização dos
objetivos do líder, sendo esta caracterizada como teoria situacional. Os subordinados,
também foram analisados em função do seu conhecimento, confiança, empenhamento,
motivação e experiência. Estes atributos segundo os autores conferem aos subordinados
uma maior ou menor maturidade para o desempenho de determinadas tarefas, como tal o
líder deve ajustar o seu comportamento ao grau de maturidade dos seus subordinados. O
líder por sua vez também deve desenvolver as suas competências interpessoais, de
relação, de resolução de conflitos, de flexibilidade e de adaptação, pelo que, se poderá dizer
que o líder torna-se líder através da capacidade de aprender, desenvolver e executar as
suas capacidades de liderança. Para Kouzes e Posner (2009), “A liderança é um conjunto
identificável de capacidades e competências que estão disponíveis para todos nós” (p.46).
Ainda segundo os mesmos autores, no quadro seguinte poderemos observar as
carateristicas de um líder exemplar, bem como as expectativas dos liderados em relação ao
mesmo.
pessoa, com as palavras de outra pessoa. Não se pode liderar com a experiência de outra
pessoa. Só se pode liderar com a experiência individual” (p.81).
Para Welsh (2006), ser lider não é fácil, apesar de ser cativante não existe nenhuma
forma fácil de o ser. Como tal, é fundamental que o lider para além de quer ser lider,
conheça os seus pontos fracos e fortes, para poder crescer e desenvolver-se como pessoa.
Por outro lado, deve ter sempre presente que é um exemplo, através do que é, diz e faz,
para as pessoas que com ele trabalham. Por isso, segundo o autor o que fazem os líderes à
sua equipa?
2. Os líderes certificam-se de que a sua equipa não conhece apenas a visão, mas
que a vive e a respira.
Bento (2008), propõe um modelo, que potencia a eficácia dos líderes em contexto de
mudança, e está assente em cinco dimensões:
“ 1. Propósito Moral – O líder acredita que a mudança fará uma diferença positiva
na organização e nas pessoas. Assim não são necessários estímulos externos
(como por exemplo as leis) para mudar;
“Liderar num contexto de mudança, significa criar uma cultura de mudança (…) e
produzir a capacidade de procurar, avaliar criticamente e seletivamente, incorporar novas
ideias e práticas (…) dentro e fora da organização “ (Bento, 2008, p.50).
Para Kouzes e Posner (2009), existem duas perspetivas a ter em conta em relação
ao lider. A primeira a ter em conta é a exigência e as expectativas dos liderados em relação
à capacidade do lider e a segunda é a visão que o lider tem em relação as necessidades e
ao que realmente as organizações necessitam. Ou seja, onde exista liderança, os liderados
conseguem identificar através das ações e dos comportamentos as carateristicas do lider.
Como tal, foram identificados pelos autores acima referidos, cinco práticas de liderança
eficaz, bem como os seus mandamentos, conforme podemos constatar no seguinte quadro:
consideradas exemplares pelos mesmos, podem ser utilizadas como orientações para os
líderes que pretendem caminhar para melhoria da sua organização. Os c omportamentos
mais importantes a ter, segundo os autores foram designados pelos dez mandamentos que
para além de serem identificadas como comportamentos importantes a ter, podem também
ser impulsionadores de aprendizagem.
“Não há ninguém que seja mais fiável do que uma pessoa com uma paixão
profunda por algo. Não há ninguém mais divertido com quem se estar do que
alguém que está abertamente excitada com a magia que pode acontecer. Não há
ninguém mais determinado do que uma pessoa que acredita ferozmente num
ideal. As pessoas querem líderes que são alegres, otimistas e positivos em
relação ao futuro. Na verdade, só dessa forma se consegue que as pessoas lutem
por aspirações partilhadas” (p.180).
Com esta distinção, podemos verificar que o importante não é o termo gestão ou
liderança mas sim as diferenças que existem entre os dois. “A gestão permite o
funcionamento de uma organização: a liderança ajuda ao seu melhor funcionamento” (p.91).
De acordo com Fonseca (2000):
“…idealmente, um gestor devia ser líder. Líder, porque, caracterizado pela sua
atuação quase sempre com algum risco, possui adequado e convincente perfil
físico, intelectual e moral, conhecimento, intuição e adaptabilidade, além de
coragem e uma persistência indómita e um espírito de equipa, de iniciativa e de
inovação que só têm paralelo com a sua insubmissão ao estabelecido, quando
este é sinónimo de estagnação. Líder a que não devem faltar dinamismo
equilibrado, humor e capacidades de crítica e de decisão.” (p. 147)
Reto & Lopes, 1992). Segundo o autor existem quatro classificações para as teorias da
liderança, que passaremos a caraterizar:
Teoria dos traços (até aos anos quarenta) - Tentava-se identificar e avaliar os lideres dos
não lideres através das suas qualidades inatas. Os líderes eram detentores de
carateristicas, personalidade e qualidades pessoais que os distinguiam dos seus
subordinados. Esta teoria inatista, segundo Costa (2000), com o passar dos anos foi
perdendo a credibilidade, passando a dar-se posteriormente importância aos estilos de
comportamento.
Teorias da liderança como processo interativo (dos anos cinquenta aos anos setenta)
- Processa-se entre os líderes e os liderados e envolve algo em troca, algo
transacional. “A liderança eficiente é sobretudo um processo interativo, centrado na
criação de excelentes condições para a criatividade e diligência profissionais”
(Whitaker, 1999, p.110).
Teorias integrativas (a partir dos anos setenta) - Segundo Costa (2000) o lider é visto
como alguém age de acordo com a organização, tendo os seus valores como ponto
de partida para a sua ação. Para (Marquis & Huston, 2005; Yukl, 2006) esta teoria dá
enfase aos aspetos simbólicos e emocionais da liderança. A liderança vai evoluindo
do lider para o grupo, a influência do lider é de tal forma elevada que em primeiro
lugar para o grupo está o cumprimento da missão e objetivos da organização. Nesta
abordagem integrativa os autores destacam a liderança carismática, liderança
transacional, liderança transformacional.
outros. Como advogam Batista e Costa (2007), “são líderes a quem os subordinados
atribuem capacidades de liderança extraordinária, por vezes até um certo heroísmo” (p.
568). Se os mesmos não tiverem esta capacidade de liderança e de influência são
conotados com falta de carisma. De acordo com Rego (1997), os traços que caraterizam e
aumentam o carisma do lider são a estabilidade, democracia, convição, discurso e
autoconfiança que alicerçados à perceção das necessidades dos colaboradores ainda se
tornam mais importantes.
“as escolas são construídas na relação com o mundo exterior o que significa que o
lideres são responsáveis por trazer as expectativas externas para dentro da escola
e implementá-las cultivando a sua aceitação, ajustando-as e adaptando-as à
noção interna do significado da escola.(…) os lideres e a liderança são decisivos,
pois recebem a informação e as exigências do exterior, conhecendo igualmente a
organização, a sua cultura e o seus profissionais. Os que estão melhor
posicionados para traduzir, reformular e negociar a direção do que necessita ser
feito, de modo a fazer sentido para os professores”. (I oficina de debate)
Para Ruairc e Schratz (2012), o lider escolar, ou seja, o diretor, para além de focar e
desenvolver o seu trabalho na escola e com os alunos, deve igualmente envolver a
comunidade, por forma a estabelecer também uma relação benéfica entre a escola e os
seus parceiros. “As escolas e os seus parceiros externos precisam reconhecer uma mútua
interdependência e, neste contexto, construir parcerias com pais, decisores políticos,
instituições sociais, educacionais e culturais aos níveis local, nacional e internacional” (iv
oficina de debate).
Para Johansson e Lumby (2012), o lider escolar têm várias responsabilidades, entre
as quais destacamos:
A adequação das estruturas às intenções do ensino aprendizagem de modo a existir
um suporte e um apoio continuado no trabalho;
Proporcionar um ambiente escolar em que todos os alunos possam crescer e
desenvolver-se, por forma, a tornarem-se cidadãos independentes economicamente
e serem funcionais numa sociedade democrática;
Juntar em simultâneo, através das suas práticas, a estrutura e a cultura da escola,
pois são ambas que proporcionam um contexto para uma aprendizagem que se
pretende de sucesso.
“Liderança eficaz;
Reflexão sobre as práticas;
Envolvimento de todos os profissionais da escola, alunos e comunidade;
Planificação conjunta entre os profissionais da escola;
Implementação de estratégias de coordenação;
Valorização profissional de toda a equipa educativa” (p.8)
identificar necessidades e definir uma organização que possa responder a todos os alunos
que a frequentam, respeitando sempre as suas carateristicas quer físicas, religiosas e
raciais, devem também privilegiar e dar respostas à diferença de aprendizagem tendo em
atenção que estas sejam realmente significativas para os alunos.
Para além dos fatores/indicadores acima referidos, e ainda segundo os autores, esta
liderança, deve promover e estar enquadrada num “processo de desenvolvimento
profissional” (p.10) por forma a promover as competências para a implementação de
práticas inclusivas. Esta implementação passa pelo desenvolvimento de ações ao nível da
“resolução colaborativa de problemas, ensino cooperativo, trabalho de equipa, comunicação
com os pais e organização e gestão da sala de aula” (p.10).
Para Hines (2008) o papel da direção é preponderante para atingir o sucesso numa
escola inclusiva. Refere que a liderança da mesma deve ser colaborativa, onde os valores
são essenciais para a mobilização de toda a comunidade educativa no sentido de que todos
pensem e organizem os espaços da escola para todos os alunos. Ou seja, os espaços da
escola devem ser pensados como espaços pedagógicos e sociais, onde s e desenvolvem
projetos e se tomam decisões promovendo assim não só o desenvolvimento profissional
mas pessoal.
Na perspetiva do autor existem princípios essenciais que fundamentam a ação do
diretor para a construção de uma escola inclusiva:
Como conclusão, o autor reforça a importância da liderança partilhada, como sendo um dos
fatores que contribui para que toda a comunidade educativa assuma todos os projetos da
escola, não como seus mas sim de todos. Para além do diretor ter uma responsabilidade
direta por toda a atividade da escola, deve acompanhar o que por si foi delegado e partilhá-
lo com os diferentes órgãos e estruturas. Só assim e em conjunto conseguirão adequar e
ajustar as práticas pedagógicas a todos os alunos, minimizando as dificuldades do contexto.
Como advoga Sanches (2005):
PARTE III
1. METODOLOGIA
Função transformadora
Liderança Conceito
Produção de resultados
Confiança/Honestidade
Olhar para o futuro
Caraterísticas
Inspirador
Líder
Competente
Emotivo
Influência social
Funções
Definição de papéis
Liderança Carismática
Teorias e estilos de liderança Liderança Transacional
Liderança transformacional
Envolvimento da comunidade educativa
Liderança
Responsabilidade partilhada
Em contexto escolar
Parcerias
Promoção da formação continua
Sucesso escolar
Eficácia organizacional Liderança eficaz
Igualdade de oportunidades
Documentos
Categoria
/
Tema / Unidade de contexto
Unidade de
Subcategoria
enumeração
Conceito “Uma Escola Pública baseada na promoção 2
PID (p.2)
da educação para todos,…)
Escola para todos
“ (…) educação para todos, com qualidade,
orientada para valores como a dignidade da
pessoa humana e a igualdade de PID (p.2)
oportunidades.”
Educação gratuita
e de qualidade “ (…) promover a qualidade das 3
PE (p. 19)
aprendizagens dos discentes, de forma a
contribuir para o seu desenvolvimento, ”
“ (…) para que todos os elementos da
comunidade possam desenvolver o seu
Escola PID (p.3)
Inclusiva próprio potencial,(…)”
2
Plano de Intervenção do Diretor (2009-2013)
3
Projeto Educativo (2010-2013)
4
Relatório da Inspeção Geral de Educação (2012)
Cooperação entre
“Não foi possível identificar”
alunos
“ (…) cuja inclusão é assegurada pela ação de
professores, funcionários e alunos que
procuram dar uma resposta assertiva,(…)” PID (p.4)
Colaboração
entre professores “É reconhecida a necessidade de reforçar o
trabalho cooperativo entre docentes (…) de
RIGE (p.5)
modo a melhorar a prestação do serviço
educativo e os resultados”.
Escola
Inclusiva Atitudes e
valores “ A unidade de multideficiência da escola-sede
tem desenvolvido a entreajuda e promovido a RIGE (p.3)
Respeito e consciencialização socio efetiva, com
valorização do implicações certas na construção de uma
outro cidadania esclarecida.”
“ Esta Escola projeta-se como um espaço de
referência na qualidade da formação, assente
na diversidade…” PE (p. 19)
Resposta
pedagógica face “ O Agrupamento dá ainda resposta a várias
à diversidade ofertas formativas, tendo em conta as
PID (p.4)
necessidades do meio envolvente (…)”.
Interação
PID (p.5)
Escola “ Promover uma ação educativa integrada, (…)”
Inclusiva
(Cont.)
“ Os docentes realizam em conjunto, (…), as
planificações a longo prazo, (...) em particular
Planeamento das RIGE (p.4)
com os alunos do 1.º ciclo,(…)”.
aprendizagens e
avaliação
“Porém, subsiste a necessidade de reforço da
articulação curricular entre os vários níveis de RIGE (p.5)
educação e de ensino, (…).
A escola é o somatório de vários processos históricos cuja finalidade tem como base
a construção social. Poder-se-á dizer que é através da socialização, que se, por um lado, se
partilham carateristicas comuns, por outro lado, tem valores próprios que lhe dão uma
identidade própria.
No projeto educativo do AE, está patente através da sua missão que a escola é um
importante meio de formação humana e cívica e veículo de aprendizagens e tem por missão
promover as aprendizagens de qualidade dos alunos, de forma a contribuírem para o seu
desenvolvimento, formação e cultura, habilitando-os para uma integração harmoniosa e
responsável numa sociedade da complexidade e da globalização. Como podemos
comprovar nos quadros 3 e 4, abaixo indicados.
Quadro 3: Cultura
Documentos
Categoria
/
Tema / Unidade de contexto
Unidade de
Subcategoria
enumeração
Conceito “ (…) proporcionar aos alunos todas as
condições pedagógicas, didáticas e
instrumentais para que os mesmos
adquiram as competências que os irão
5
Socialização tornar no mundo do trabalho, no mundo PE (p.6)
académico e no mundo social em geral,
Conhecimento, ideias e participantes empreendedores e capazes
crenças de construir os seus percursos de vida,
Cultura tendo em consideração o bem comum.”
5
Projeto Educativo (2010-2013
“ É de salientar a disponibilidade e o
interesse das várias associações de pais, RIGE (p.4)
Cultura
organizacional na participação em atividades e num
trabalho de articulação com as diferentes
unidades educativas.”
Interação
“ São de realçar as boas relações e o
espírito de entreajuda dos profissionais,
com reflexos no ambiente educativo.” PE (p.7)
Carateristicas da
organização “ Promover a cooperação, entre todos os
aprendente intervenientes, no sentido de
corresponder às expectativas, pautando-
Escola aprendente PE (p.17)
se pela ética, integridade,
corresponsabilidade, rigor, disciplina,
Escola reflexiva
respeito mútuo, tolerância e inclusão.”
Escola inteligente
pessoal docente e não docente, como forma de melhoria quer do seu desenvolvimento
profissional quer pessoal. Foram estabelecidos também protocolos com empresas
particulares, com a autarquia e com outras entidades, tendo em vista a realização de
estágios profissionalizantes de alunos do CEF, e com a Câmara Municipal de Montijo,
visando a utilização de espaços tutelados.
Para além das ofertas educativas a nível dos CEF e PIEF, que têm permitido baixar os
níveis de abandono escolar, implementaram-se ao longo dos últimos anos clubes e projetos
com oferta diversificada para os alunos (Desporto Escolar, Gabinete de Educação para a
Saúde, Eco escolas, Grupo de Percussão Batucando, Projeto de hortofloricultura biológica
escolar, clube europeu, hortas escolares, entre outros.
No que concerne à educação especial, o agrupamento procede à análise do
processo de todos os alunos sinalizados, existindo uma equipa pluridisciplinar com técnicos
que avaliam o aluno referenciado, a fim de decidir a sua elegibilidade para integrar o Dec -lei
nº 3/2008. É de salientar que muitos dos alunos avaliados, embora necessitem de apoio,
não se enquadram nas NEE, e acabam por não ter uma resposta adequada às suas
necessidades, em virtude de não existirem docentes de apoio educativo suficientes para
todas as necessidades do agrupamento.
Existe uma parceria entre o AE e o Centro de Recursos para a Inclusão (CRI), que
disponibiliza, embora em número de horas insuficientes, 1 psicóloga, 1 técnica de
psicomotricidade, 1 terapeuta da fala e uma fisioterapeuta.
Existe ainda, na Unidade de Multideficiência do 2º/3º ciclo, um centro de recursos
para o desenvolvimento de autonomias e um clube dos terapistas. Os alunos que
beneficiam do apoio das unidades, e alguns com currículo específico individual, possuem
ainda outros apoios específicos, como a natação adaptada, expressão musical, artes e
ofícios, desporto adaptado, trampolins e escalada. Promovem-se reuniões conjuntas entre
os docentes dos grupos/turmas, os docentes de educação especial, os técnicos do CRI e os
encarregados de educação no sentido de se elaborarem e avaliarem a eficácia das medidas
implementadas nos programas educativos individuais dos alunos. Existe ainda articulação
com a Unidade de Pedopsiquiatria do Hospital do Barreiro, a Unidade de Cuidados
Continuados do Montijo e Afonsoeiro.
Um dos problemas do agrupamento era o do reconhecimento da importância da
escola ao nível da continuidade dos alunos, a qual se cingia apenas a dois anos (5º e 6º).
Este problema era particularmente sentido na escola sede, na medida em que esse pouco
espaço de tempo de frequência inviabilizava o estabelecimento de laços profundos entre os
alunos e a escola. Atualmente, com a abrangência do 3º ciclo, essa questão tem vindo a
atenuar-se.
O pessoal docente e não docente é unânime em demostrar grande concordância
relativamente à existência de um espírito de entreajuda e apoio entre os colegas.
Salientamos também, que todos os fatores acima identificados foram reconhecidos no
RIGE, como se pode ver no quadro 5 que a seguir se apresenta:
RIGE (p.3)
“O Agrupamento possui bons circuitos de
comunicação (…) designadamente correio
eletrónico.”
“ É de salientar a disponibilidade e o
Materialização dos
interesse das várias associações de pais,
valores da escola
na participação em atividades e num RIGE (p.4)
em normas e
procedimentos trabalho de articulação com as diferentes
unidades educativas, para a resolução de
Partilha com os problemas.”
objetivos e valores
da organização “ Os sucessos dos alunos são valorizados
escolar com a implementação dos Quadros de RIGE (p.4)
Valor e de Excelência, que incluem a
Distinção dos alunos entrega de diplomas, em cerimónia
organizada para o efeito.”
Quadro 6: Líder
Documentos
Categoria
/
Tema / Unidade de contexto
Unidade de
Subcategoria
enumeração
Carateristicas “Não foi possível identificar” ------
Confiança/Honestidade “ (…) é fundamental continuar a
desenvolver atitudes pessoais e
profissionais responsáveis por parte do
pessoal docente e não docente e
promover a participação e interação dos PID (p.3)
Olhar para o futuro Pais / Encarregados de Educação, em
quantidade e qualidade, na vida da
Escola, no quadro da “construção” de
futuros cidadãos.”
Quadro 7: Liderança
Documentos
Categoria
/
Tema / Unidade de contexto
Unidade de
Subcategoria
enumeração
Teorias e estilos
de liderança
Liderança “Não foi possível identificar” -------
Carismática
Liderança
Transacional “Não foi possível identificar” -------
São efetuadas no início do ano letivo, depois da distribuição do serviço letivo, reuniões
de articulação entre as docentes do pré-escolar e os docentes do 1º ano de escolaridade,
para passagem de informação relativa aos alunos que, tendo entrado no 1º ciclo,
frequentaram o pré-escolar no ano anterior. No final de cada período, realizam-se também
reuniões onde é partilhada com os docentes de 1º ciclo a avaliação das crianças do pré-
escolar.
Na transição entre o 1º e 2º ciclo, os docentes de 4º ano fazem acompanhar os
processos de matrícula para o 5º ano de relatórios sobre as turma/alunos, contendo
informações relevantes, para que na constituição de turmas esses aspetos sejam tidos em
conta. Está instituída no AE a prática da aplicação de provas diagnóstico em todos os anos
de escolaridade, incluindo o pré-escolar, no início de cada ano sendo os critérios de
avaliação definidos em Conselho Pedagógico. A avaliação das áreas de conteúdo do pré-
escolar e os resultados escolares obtidos pelos alunos do 1º até ao 3º ciclo são tratados
estatisticamente, sendo os resultados apreciados e discutidos nos órgãos pedagógicos do
Agrupamento. No entanto, a inexistência de um projeto curricular de agrupamento, não
permite que esteja espelhado de forma sequencial o desenvolvimento do currículo de modo
a promover ações assertivas dos docentes nas áreas curriculares identificadas como
prioritárias. O que foi reconhecido no RIGE, como se pode ver no quadro 8 que a seguir se
apresenta:
Documentos
Categoria
/
Tema / Unidade de contexto
Unidade de
Subcategoria
enumeração
“ O plano anual de atividades apresenta um leque
Auto avaliação abrangente de iniciativas (…) mas denota uma
RIGE (p.5)
fraca articulação entre os departamentos, o que
se traduz num menor aproveitamento de
atividades cujo interesse e intencionalidade
poderiam ser partilhados para melhorar os
resultados.”
Direção
Criar um documento onde estejam explanadas as Aplicação de um
Definir atitudes e valores Conselho Geral Início do ano
atitudes e valores do Agrupamento, com base no inquérito à
para a comunidade escolar.
Projeto Educativo. Conselho Pedagógico letivo
comunidade
Direção
Alargar o clube dos terapistas a outras escolas do Número de
Promover o respeito e Equipa responsável Ao longo do
agrupamento com o objetivo de promover a integração inscrições no
valorização pelo outro. pelo projeto ano letivo
e a aprendizagem cooperativa. clube
Alunos
Número de
Promover nos Direção atividades
Promover atividades de voluntariado e intercâmbio em
alunos/turmas valores de Docentes Ao longo do
articulação com a comunidade, como por exemplo,
solidariedade e cidadania. Alunos ano letivo Número de
recolha de alimentos, tampinhas, livros e brinquedos.
Comunidade participação dos
alunos
Melhorar a diversidade de
estratégias utilizadas para Partilha de metodologias ativas que envolvam todos Docentes Ao longo do Resultados
o desenvolvimento integral os alunos para a descoberta do saber. Alunos ano letivo escolares
dos alunos.
Número de
Promover nos alunos a Partilha de atividades e estratégias que promovam o Docentes Ao longo do
atividades
cooperação entre pares. desenvolvimento da aprendizagem cooperativa. Alunos ano letivo
Direção
Conselho Pedagógico
Coordenadores de Número de
Aposta em áreas de atuação distintas como por
Departamento ofertas
Promover ofertas exemplo: Boccia, hipoterapia, canoagem, Spa, Ao longo do
diversificadas aos alunos. escalada, ginástica, trampolins, bandas musicais, Camara Municipal Número de
ano letivo
(Divisão do desporto) alunos
entre outros.
Picadeiro abrangidos
Centro de Recursos
para a Inclusão
Direção Número de
Promover a entreajuda e Partilha de instrumentos diversificados de planificação Departamentos reunião
Ao longo do
colaboração entre os e avaliação nos grupos de recrutamento e conselhos curriculares realizadas e
ano letivo
docentes. de turma. Conselhos de ano e instrumentos
turma partilhados
Reforçar o trabalho Troca de experiências e de informação através de
Direção Ao longo do Número de
colaborativo entre momentos de conversa e/ou ações de formação
docentes. internas. Todos os docentes ano letivo momentos/ações
Melhorar as condições Direção
físicas das escolas do Adaptação dos polivalentes nas escolas em espaços Equipa responsável Elaboração e
Ao longo do
agrupamento que multifuncionais (divulgação, convívio, animação, entre pelo projeto apresentação de
ano letivo
favoreçam ambientes outros). Departamentos um relatório anual
propícios à inclusão. curriculares
Objetivos
Ações/Praticas a desenvolver Intervenientes Calendarização Avaliação
Específicos
Direção Número de
Promover a participação dos docentes e dos alunos em Ao longo do
Partilhar boas práticas. Docentes participações em
projetos nacionais e internacionais. ano letivo
Alunos projetos
Direção
Distinguir os funcionários Docentes Final do ano Número de
Implementação de um quadro/reconhecimento público
que se destacam através
“O funcionário com melhor desempenho” Alunos letivo funcionários
do trabalho realizado em Comunidade reconhecidos
prol da escola. educativa
Direção
Participação dos Encarregados de Educação em Docentes Ao longo do
Nível de
Aumentar a presença e projetos/atividades da turma/escola. Alunos ano letivo
participação
participação dos pais e
encarregados de educação Direção
Grau de
na vida da escola. Reuniões com os representantes dos encarregados de Representantes dos Uma reunião
satisfação
educação. encarregados de por período
educação
Direção Número de
Coordenadores de estágios / horas
Promover estágios em contexto de trabalho em Departamento de formação em
Criar um clima de articulação com o Centro de Emprego na área da Coordenador dos contexto real de
segurança através do animação sociocultural e da gestão de conflitos. Diretores de Ao longo do trabalho nos
envolvimento das escolas Turma/Ano ano letivo estabelecimentos
com entidades externas. Coordenadores de de ensino
Estabelecimento
Estabelecer protocolos com instituições de Ensino Número de
Outros parceiros protocolos /
Superior tendo em vista disponibilizar a Escola como previstos para
campo de estudo e para formação. formações
estabelecer os realizadas
protocolos
Número de
Promover ações de formação com base nas Direção
Ao longo do docentes/ações de
necessidades dos professores e a pedido dos Centro de formação
Promover a formação dos ano letivo formação
mesmos. Docentes frequentadas
docentes.
Um encontro Número de
Realização de um Encontro sobre Boas Práticas.
por período encontros
Número de
Promover práticas de
Dinamização de ações de formação Direção docentes/ações de
formação interna para
interna/interpares. Docentes formação
docentes.
frequentadas
Promover as práticas de Implementação de práticas de supervisão Número de práticas
supervisão. pedagógica. Ao longo do de supervisão
Direção ano letivo Número de não
Promover a formação do Promoção de ações de formação para o pessoal Pessoal não docente docentes/ações de
pessoal não docente. não docente com base em temáticas transversais. Camara Municipal modalidades
Escola profissional formativas
frequentadas
Acompanhar regularmente Estabelecimento de tutorias regulares pelos Número de alunos
Docentes
os discentes. docentes aos alunos. por docente.
Número de
Divulgar junto dos diretores de turma entidades Direção
reuniões
exteriores à escola que podem apoiar a sua ação. Conselho Geral
realizadas
SÍNTESE REFLEXIVA
Caminhar para uma escola inclusiva, de acordo com Sanches (2011), decorre de
uma tomada de consciência e da mobilização de todos os intervenientes no processo
educativo de forma a responderem à diversidade, flexibilização e adaptação dos currículos,
bem como a reestruturação das práticas e organização de funcionamento da escola. Foi,
essencialmente, por repensar que práticas/ações levar a cabo para uma escola
efetivamente inclusiva, que desenvolvemos este trabalho tendo como ponto de partida a
importância e o papel do lider/diretor como promotor do desenvolvimento de processos de
organização e gestão adequados aos desafios e necessidades da escola.
Ao longo deste projeto, foram aprofundadas temáticas consideradas pertinentes e
essenciais para a fundamentação e realização do plano estratégico, tendo sido este
alicerçado com base na reflexão autobiográfica e no desempenho das funções que
atualmente a investigadora exerce, bem como dos conhecimentos obtidos através da
revisão de literatura. Todos os temas careceram de uma vasta leitura e de uma reflexão
criteriosa de forma a encontrar respostas à temática central, à questão de partida, às
subquestões formuladas, bem como, à identificação e/ou melhoria de práticas e ações a
realizar no agrupamento em estudo. Através da revisão de literatura, foi possível identificar e
reforçar a importância das lideranças estratégicas e dos seus impactos nas organizações,
neste caso escolares. Como forma de garantir que todos os alunos aprendam juntos,
independentemente das suas diferenças ou dificuldades, e tenham condições e processos
de aprendizagem diversificados.
Foi com base nesta procura que nos propusemos responder a três subquestões ao
longo da investigação, tendo sido estas formuladas sempre com o objetivo de identificar um
conjunto de práticas/ações de liderança que aprofundassem a efetividade da escola
inclusiva. Assim, esta identificação visa essencialmente desenvolver e melhorar a promoção
de práticas inclusivas na escola, formas de organização que promovam uma verdadeira
comunidade de aprendizagem e o desenvolvimento de uma cultura de escola. Estamos, no
entanto, conscientes que mais do que dar resposta à necessidade de encontrar um modelo,
permite encontrar e ultrapassar as fragilidades existentes. Urge refletir sobre como estão a
ser operadas as mudanças na escola orientados por princípios inclusivos e de que forma
esta se adapta às novas realidades.
Uma liderança forte, dinâmica e motivadora na organização, na coordenação dos
projetos educativos, na gestão dos recursos humanos e na resolução de todos os problemas
se-á dizer que existiu um crescimento quer pessoal quer profissional da investigadora, e que
dele também fizeram parte momentos de desânimo e insegurança. Porém, acreditamos que,
futuramente, com o investimento, a prática diária e a reflexão proporcionada, teremos a
possibilidade concretizar e melhorar significativamente as nossas ações/práticas de
liderança, sempre com um objetivo presente, que a escola cada vez mais seja efetivamente
inclusiva. Não esquecendo também e acima de tudo, o sermos capazes de interpretar para
melhorar, para experimentar, para voltar atrás e se necessário recomeçar.
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3. Legislação
APÊNDICE I
APÊNDICE II
“ os valores que a
escola nomeia
“ os valores que a escola nomeia como os mais
Cultura Materialização como os mais
de escola importantes, e pretende que os mesmos façam parte da
dos valores da Partilha com os importantes
sua cultura, têm que ser materializados como regras e
(cont.) escola em objetivos e valores da têm que ser
modos de funcionamento.” P 43
normas e organização escolar materializados
procedimentos como regras e
modos de
funcionamento.”
APÊNDICE III
Produção de “relações causais “(…) têm vindo a ser estabelecidas relações causais
P 54
resultados entre os modelos entre os modelos de liderança praticados, a qualidade
de liderança das escolas e o aproveitamento dos alunos.”
praticados e a
qualidade das
escolas”