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Podemos observar, também, o entrelaçamento de diversos frames.

Portanto,
antes de analisarmos tal entrelace, seus desdobramentos e, consequentemente os frames
que o compõem, buscaremos introduzir tal conceito. De uma maneira mais simplificada,
é possível definir frames como blocos de conhecimentos prévios arquivados em nossa
memória semântica, representando situações convencionais. Os frames têm como
característica não possuírem sequências organizadas entre os elementos representados.
(Delong, 2005, p.38). Segundo Koch & Travaglia (1996), é possível dizer que os frames
estão embutidos no nosso conhecimento de mundo sendo, dessa forma, constituídos por
séries de informações armazenadas na memória sob determinado estereótipo, não
havendo entre eles nenhum tipo de ordenação. Como exemplo, podemos citar o frame
de casamento que nos remete a palavras como noivo, noiva, padrinhos, alianças, festas,
lua de mel, etc.
Os frames são tão pervasivos em nossa cognição que encontramos abordagens
sobre eles em pesquisas de áreas tão distintas da linguística quanto a Engenharia
elétrica. Para ilustrar, podemos citar Komosinski (1990) que, em sua dissertação de
mestrado intitulada “Uma Linguagem centrada em frames para Desenvolvimento de
Sistemas Baseados no Conhecimento” considera que podemos entender que os frames
se baseiam nos mesmos princípios das redes semânticas, ou seja, trata-se de uma
representação formada através de elos e nós, sendo que esses nós são muito bem
estruturados e os elos semânticos limitam-se às relações de pertinência e inclusão. O
pesquisador acrescenta que as informações a respeito de determinado objeto se agrupam
em uma única estrutura de dados. A possibilidade de representar conceitos complexos
seria, dessa forma, um dos principais atributos dos frames. O autor segue dizendo que
um frame pode representar algo físico ou abstrato e que tais entidades, as quais chama
de “objetos”, podem ser descritas através de um grupo de informações pelas quais são
caracterizadas, citando o exemplo de um restaurante, no qual se espera encontrar
informações sobre a origem e a qualidade da comida servida, o menu, o valor de cada
prato e o total de cada refeição.
Para melhor elucidar esse conceito, recorreremos a Vereza (2013). A autora
afirma que a noção de frame abrange uma gama de definições não reciprocamente
excludentes. pelo contrário, ao invés disso, todas, segundo a pesquisadora, levam ao
conceito clássico proposto por Fillmore (2006) no qual o autor explica que para o termo
frame ele tem em mente um sistema de conceitos relacionados de tal maneira que, para
compreender algum deles é preciso compreender toda a estrutura na qual ele está
inserido.
Sendo assim, quando uma coisa dessa estrutura é inserida em um texto ou em uma
conversa, todas as outras também são concomitante e automaticamente disponibilizadas.
O autor propõe, também, que a palavra frame seja utilizada como um termo genérico
para se fazer referência ao conjunto de conceitos conhecidos como “esquema”, “script”,
“cenário”, “andaime ideacional”, “modelo cognitivo” e “teoria popular”. Lakoff (2004),
por sua vez, compreende os frames como estruturas mentais que modelam, e,
consequentemente, orientam o modo através do qual enxergamos o mundo”. Dessa
forma, podemos observar que “essas definições e termos, apesar de algumas diferenças
de enfoque, são usados para se referir a algum tipo de estrutura que organiza
cognitivamente a experiência e o conhecimento desta proveniente” (Vereza, 2013, p.
114).

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