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Caso Clínico

A paciente L. P. F., sexo feminino, 39 anos, caucasiana, caixa de supermercado,


escolaridade média, divorciada, terceiro mês de gestação e residente de São Gonçalo - RJ.
Possui 1,77 de altura e 73 quilos, realiza caminhadas matinais três vezes por semana, não
consome bebidas alcoólicas e parou com hábitos tabagistas há dois meses e meio.
Durante a consulta com ginecologista obstetra, a paciente relatou presença de
corrimento vaginal branco-acinzentado com leve odor fétido, também prurido vulvar. O
médico responsável pelo acompanhamento da gestação fez o pedido da coleta superficial
na entrada do canal vaginal, com Swab. Com relação à anamnese e os exames
laboratoriais, foi feito o diagnóstico de Vaginose Bacteriana.
A paciente começou o tratamento com antibiótico via oral e VG, metronidazol, para
cortar a infecção bacteriana.

O que é Vaginose Bacteriana?

Uma das doenças mais comuns durante a gestação, a vaginose bacteriana é uma
infecção provocada por um desequilíbrio na flora vaginal, diminuindo os lactobacilos que
protegem a região e elevando a proliferação de bactérias anaeróbias, como a Gardnerella
vaginalis e a Gardnerella mobiluncus.
A vaginose é um tipo de vulvovaginite, que também pode ser chamada de vulvite ou
vaginite. É uma condição comum em todas as idades e possui uma variedade de causas.
A vaginose pode ser consequência de desequilíbrio hormonal, baixa imunidade,
estresse, diminuição da acidez vaginal e abafamento vaginal. Também pode ocorrer por
uso de tampão vaginal por tempo prolongado.
Entre 50% e 75% das mulheres com vaginose bacteriana não apresentam nenhum
sintoma, especialmente se o desequilíbrio na flora vaginal for discreto, de modo que
somente ginecologistas conseguem identificar em um exame especular. No entanto, as
mulheres que têm sintomas normalmente apresentam:
● Cheiro vaginal semelhante ao de peixe podre, que se intensifica após relações
sexuais desprotegidas;
● Corrimento de odor fétido e branco-acinzentado, que pode ser leve ou forte;
● Queimação na urina;
● Vermelhidão e coceira na região genital;
● Dor durante a relação sexual.
Diagnóstico de vaginose na gravidez
Durante exames pélvicos de rotina e, especialmente, durante o pré-natal, o médico
poderá identificar o corrimento vaginal ou o odor forte e solicitar um exame especular para
identificar se trata-se de vaginose bacteriana ou de outra infecção vaginal.
Conforme complementa a ginecologista Renata Gobato, "pode ser coletada uma
amostra a fresco do conteúdo vaginal, onde é feita a coloração Gram (positiva) com
identificação de lactobacillus e bactérias anaeróbicas (bactérias que não precisam de
oxigênio para viver)".

Riscos da vaginose na gravidez


Embora a vaginose bacteriana não interfira no desenvolvimento do bebê, a doutora
Renata ressalta os riscos de ruptura prematura de membranas, ou seja, a bolsa pode
estourar antes da hora e desencadear trabalho de parto prematuro. "Isso porque as
bactérias possuem enzimas que podem 'quebrar' o tampão mucoso presente no colo
uterino", esclarece.
Os bebês que sobrevivem à prematuridade podem enfrentar diversos problemas ao
longo da vida, como:
● Paralisia cerebral
● Perda auditiva
● Problemas respiratórios
● Problemas visuais
● Dificuldade de aprendizado.
Além disso, a vaginose aumenta o risco de a mãe ter corioamnionite, uma inflamação
aguda da membrana coriônica que pode trazer complicações obstétricas e problemas ao
feto e neonatal.
OBS.: O córion é uma membrana de dupla camada formada pelo trofoblasto (camada de
células epiteliais que forma a parede externa da blástula dos mamíferos (blastocisto) e
atua na implantação e nutrição do embrião) e pelo mesoderma extra-embrionário, que
eventualmente dará origem à parte fetal da placenta.

Prevenção de vaginose bacteriana


Por ser uma infecção silenciosa e que pode passar despercebida pela mulher, o
acompanhamento pré-natal é indispensável para, não somente identificar um possível
quadro de vaginose, mas para preveni-lo e evitar complicações na gestação.
Ademais, manter hábitos de vida saudáveis ajuda a evitar e/ou controlar infecções como
a vaginose. Alguns deles são:
● Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, refrigerantes e café
● Consumir alimentos que ajudam a equilibrar a flora vaginal, como frutos silvestres,
leites e iogurtes naturais
● Realizar a higiene íntima com produtos neutros e sem perfume para evitar o
desequilíbrio do PH vaginal
● Consumir dois litros de água por dia
● Usar roupas íntimas de algodão, que são mais confortáveis e que permitam a
respiração vaginal
● Realizar exercícios de Kegel para fortalecer os músculos da pélvis
● Vigiar as características da urina, como cheiro, cor e quantidade

Diferenças entre vaginose e candidíase


Ambas as infecções são causadas pelo desequilíbrio da flora vaginal, de forma que
muitas mulheres confundem seus sintomas.
Na candidíase, há o predomínio do fungo Candida Albicans, causando a diminuição do
PH vaginal e provocando sintomas como coceira, irritação, edema da mucosa vaginal e dor.
Em um quadro de vaginose, os sintomas são característicos: secreção
branco-acinzetada, com odor forte de peixe. A irritação e o prurido vulvar são raros na
vaginose bacteriana.

Cuidados de Enfermagem:

Orientar a paciente sobre:


● Higiene do local;
● Evitar uso de roupa muito apertada;
● Evitar coçar, já que isso pode piorar o problema;
● Importância do tratamento do companheiro simultaneamente, pois a reinfecção
pode ocorrer com as relações sexuais;
● A necessidade de observar os cuidados de higiene local e de boa alimentação para
melhorar as condições gerais de defesa do feto.
A enfermagem tem importante atuação ao ensinar as pacientes sobre o uso correto dos
medicamentos prescritos, banhos de assento, higiene pessoal e familiar.

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