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LIBRAS - C D

ª
4 Aula

A LIBRAS E SEUS
PARÂMETROS, FAMÍLIA,
PARENTES E AMIGOS
Olá, acadêmicos e acadêmicas!

O ensino da LIBRAS deve ser ofertado às crianças surdas desde os primeiros


anos de vida, como também o contato com pessoas que usam os sinais da LI-
BRAS como primeira língua. Por outro lado, a língua, na modalidade escrita,
é adquirida de forma sistematizada, por esse motivo a família ouvinte deve
ser incentivada a aprender a LIBRAS para melhor interagir com a criança
surda, possibilitando a ela o direito a uma língua com funcionamento simbóli-
co-cognitivo satisfatório, para que ocorra num processo natural e espontâneo.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Nesta aula, esperamos que vocês sejam capazes de:


• conhecer a importância da LIBRAS na comunicação da família com a criança sur-
da para construção de vínculos afetivos;
• identificar a constituição do sujeito surdo em relação à compreensão de mundo pela
comunicação por meio da expressão visual espacial;
• identificar como é constituída a LIBRAS com parâmetros diferentes da língua oral
escrita.

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SEÇÕES DE ESTUDO

Seção 1 - A LIBRAS e seus parâmetros


Seção 2 - A família, Parentes e amigos ouvintes de surdos

SEÇÃO 01 A LIBRAS e seus parâmetros

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é uma língua que apresenta estrutura e


sintaxe própria. Sua estrutura é constituída a partir de parâmetros que se combinam, princi-
palmente, com base na simultaneidade. Os cinco parâmetros são:

• Configuração das Mãos


• Pontos de Articulação
• Orientação
• Movimento
• Expressão Facial e/ou corporal

1.1 Parâmetros nas línguas de sinais

Caros acadêmicos(as), conforme o Plano de Ensino da disciplina, atendendo aos ob-


jetivos de aprendizagem propostos, será possível perceber na seção 1 que o sinal é formado
a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um deter-
minado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo.
As articulações das mãos, que podem ser comparadas aos fonemas e às vezes aos
morfemas, são chamadas de parâmetros, portanto, nas línguas de sinais podem ser encontra-
dos os seguintes parâmetros:

a. configuração das mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfa-
beto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros) ou
pelas duas mãos do emissor ou sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA e ADORAR
têm a mesma configuração de mão.

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Figura 1 - Configuração das mãos

Fonte: Google imagens. Acesso dia: 20/07/2016.

Quadro 1 - Configuração das mãos

Fonte: https://www.bing.com/search?q=configura%c3%a7%c3%a3o+de+m%c3%a3os+LIBRAS&FORM=AWRE.

Obs: Não precisa decorar todas as Configurações de Mãos (CM), pois você uti-
lizará de forma natural quando estiver interpretando.

b. ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada,


podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do
corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR,
CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER, APRENDER e PENSAR
são feitos na testa.

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Figura 2 - Ponto de articulação em LIBRAS

Fonte: Disponível em:https://www.bing.com/images/search?q=%e2%80%a2+pontos+de+articula%c3%a7%c3%a3o+da+LIBRAS&FOR


M=HDRSC2. Acesso dia 0/07/2016.

c. movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Muito sinais têm movi-
mento, com exceção de PENSAR que como os sinais AJOELHAR e EM-PÉ não têm movi-
mento.

Figura 3 - Representação do movimento em LIBRAS

Fonte: http://LIBRASitz.blogspot.com.br/2010/07/os-cinco-parametros.html.Acesso em: 16/07/2016.

d. orientação: os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar
ideia de oposição, contrário ou concordância número-pessoal, como os sinais QUERER e
QUERER-NÃO; IR e VIR.

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Figura 4 - Representação de orientação em LIBRAS

Fonte: Disponível em: http://LIBRASitz.blogspot.com.br/2010/07/os-cinco-parametros.html. Acesso em: 17/07/2016.

e. Expressão facial e/ou corporal: além dos quatro parâmetros mencionados acima,
muitos sinais em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial
e/ou corporal, tais como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bo-
checha como: LADRÃO e ATO-SEXUAL.

Figura 5 - Expressão facial

Disponível em:https://www.bing.com/images/search?q=%20Express%C3%A3o%20facial%20e%2Fou%20corporalem%20LIBRAS&
qs=n&form=QBIRMH&pq=express%C3%A3o%20facial%20e%2Fou%20corporalem%20LIBRAS&sc=0-9&sp=-1&sk=. Acesso em:
17/07/2016.

Na combinação destes quatro parâmetros, ou cinco, tem-se o sinal. Falar com as


mãos é, portanto, combinar estes elementos que formam as palavras e estas formam as frases
em um contexto.
Para conversar, em qualquer língua, não basta conhecer as palavras, é preciso apren-
der as regras de combinação destas palavras em frases.
Agora, na segunda parte deste estudo vamos conhecer o papel da família, parentes e
amigos de uma pessoa surda.

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SEÇÃO 02 Titulo

A palavra “família”, para Ferreira (2008, p. 397), refere-se às “pessoas aparentadas


que vivem, geralmente, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos; Pessoas do
mesmo sangue”. A família, de uma forma geral, desempenha a função de cuidar, promover a
saúde, o bem estar e dar proteção.
É na família que se inicia a sociedade. Nela os indivíduos organizam conceitos e
buscam a maturidade por meio de trocas entre seus membros. Por esse motivo, as maneiras de
educar são incessantes. Trata-se de um processo que vai do nascer ao morrer, sendo a família
considerada, via de regra, a principal responsável pela formação do caráter de uma pessoa.
De acordo com Filho e Oliveira (2005, p.163), em uma família ouvinte com filho
surdo,

[...] acrescenta-se a isto a função da aprendizagem de outra língua, a LIBRAS – Lín-


gua Brasileira de Sinais. É através da comunicação que o ser humano se integra, par-
ticipa, convive e se socializa entre família. Nesse processo, a família aparece como
grande responsável, pois é nela que se inicia a primeira formação do ser humano.
Para isso acontecer, é necessário o estabelecimento de um canal de língua comum.

Sendo assim, um dos maiores entraves que as escolas enfrentam é a questão do dis-
tanciamento da família do contexto escolar. Como explicitado no decorrer desse estudo, a
família tem uma influência muito relevante na educação da criança surda. Tudo vai depender
da sua participação no processo educacional do educando. Porém, por mais esforços produ-
zidos pela escola para aproximar a família dos sujeitos surdos, ainda há um distanciamento
entre o esperado e a realidade.
Deste modo, o aprendizado da LIBRAS pela família é de extrema importância, po-
demos afirmar que é até crucial para o perfeito desenvolvimento da criança surda. A luta pela
igualdade dos surdos, já é uma “história antiga”. Se traçarmos uma denominação temporal-
-espacial, encontramos vários esforços datados. Estas lutas têm-se caracterizado por alguns
movimentos-chave. Primeiramente, os prestígios – separação dos indivíduos com deficiência
do resto da sociedade – das existências destes segmentos da população. O segundo, decor-
rentes de avanços em pesquisas médicas, mas tendo ainda a forma limitada de participarem
de algumas atividades.

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2.1 Parentes e amigos

Para melhor expressar sobre esse sub tema, vejamos um recorte do que pensa um
grupo do movimento de surdos do Brasil, a respeito dos ouvintes:

As pessoas ouvintes querem muito que a pessoa surda seja como a um ouvinte, tenha
como modelo para si o ouvinte. Nós surdos nascemos no Brasil, aqui crescemos e vi-
vemos, assim como os ouvintes, que por sua vez ouvem e falam, enquanto nós não ouvi-
mos e não falamos. Ainda assim os ouvintes exigem que sigamos um único modelo, nos
adaptando para sermos como os ouvintes.

Como não queremos esse modelo para seguir somos taxados de surdo-mudo ou pessoa
com necessidade especial, e alguém que tem dificuldade e limite com relação a se comu-
nicar em sociedade, sendo um incapaz. Os ouvintes querem que os surdos sejam iguais a
eles e os tenham como um modelo a seguir. Os surdos que se adéquam a essa imposição
são denominados por eles como surdos, sem a palavra mudo.

Alguns chamam os surdos oralizados de deficientes auditivos, porém surge um novo


problema, pois muitos dos surdos oralizados não aceitam serem chamados de deficientes
auditivos. Nem se adequando à exigência o surdo é respeitado em sua opinião e escolha,
pois a sociedade é ignorante, desconhecendo a área da surdez. Infelizmente!

Resistindo a esta intimidação e nadando contra a maré, os surdos hoje se casam, tiram sua
carteira de motorista, se formam no ensino superior e na pós-graduação, trabalham, com-
pram e vendem, são proprietários de imóveis. Como pessoas independentes, eles moram
sozinhos, viajam sozinhos e muito mais, contrariando ao dito no Código Civil.

Queremos deixar o termo “Mudo” no passado, pois hoje podemos ser independentes em
diversos aspectos, não em todos eles, mas conseguimos viver sozinhos, somos autôno-
mos e não dependentes de nossos pais ou de parentes.

Autoria: Strobel, Vilhalva, Rezende, Stumpf, Zovico, Ramalho, Vidal.


Fonte: http://www.portalid.com.br/sociedade.html. Acesso em: 07/07/2017.

Em relação aos amigos ouvintes de surdo, Botelho (1998, p. 32), afirma que:

Um dos problemas específicos é o fato de que o Surdo não tem uma língua
compartilhada com seus colegas e professores. Está em desigualdade lin-
guística em uma sala de aula onde todas as pessoas são ouvintes e falantes de
uma língua oral, que representa para ele uma língua estrangeira. Relatando
ainda, que as dificuldades são negadas e acobertadas aos que defendem a
integração ou inclusão dos Surdos nas escolas do ensino regular.

Nas escolas de ouvintes, este ambiente linguístico com trocas significativas não
ocorre efetivamente, em função de que todas as aprendizagens para os alunos surdos não se
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dão a partir da LS. No momento em que o Surdo tem estruturada a LIBRAS como primeira
língua, ele tem condições de se desenvolver cognitivamente, de construir suas aprendizagens,
de receber informações, de aprender baseado nessa língua e, consequentemente, ele terá con-
dições de aprender uma segunda língua, seja ela qual for.
Para Silva (2009), apesar da Comunidade Surda almejar o ensino bilíngue para os
surdos, desde a mais tenra idade, essa ainda não é a realidade da educação brasileira. E o
grande diferencial entre os surdos com sucesso e os com fracasso no processo de escolariza-
ção, continua sendo o poder aquisitivo de suas famílias.

RETOMANDO A AULA

Chegamos, assim, ao final de nossa aula. Esperamos que


agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre
a LIBRAS e seus parâmetros, bem como a importância da
relação com a família, parentes e amigos.

SEÇÃO 1 - A LIBRAS E SEUS PARÂMETROS

Na seção 1, foi apresentada a LIBRAS e os cinco parâmetros formados a partir da


combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lu-
gar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. São eles:

a) Configuração das Mãos: são formas das mãos, que podem ser da datilologia (al-
fabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros)
ou pelas duas mãos do emissor ou sinalizador.
b) Ponto de Articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada,
podendo esta tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do
corpo até à cabeça) e horizontal (à frente do emissor).
c) Orientação: os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar
uma ideia de oposição, contrário ou concordância número-pessoal.
d) Expressão facial e/ou corporal: tem como traço diferenciador a expressão facial
e/ou corporal.

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SEÇÃO 2 - A FAMÍLIA, PARENTES E AMIGOS OUVINTES DE SUR-


DOS

Na seção 2, foi possível perceber que na educação dos surdos a família é o principal
canal entre o indivíduo e a sociedade. É na família que encontramos argumentos em formas
de subsídio que introduz os surdos no meio social, que envolve os parentes e os amigos.

SUGESTÕES DE LEITURAS, SITES, VÍDEOS E FILMES:

LEITURA

FILHO, G. O. S.; OLIVEIRA, R. R. S. Os desafios na comunicação entre os surdos


e a família. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/os-desafios-na-comunica-
cao-entre-os-surdos-e-a-familia/31113/#ixzz4EcbH6ih0. Acesso em: 16/07/2016.
BOTELHO, P. Segredos e Silêncios na Educação dos Surdos. Belo Horizonte: Ed.
Autêntica, 1998.
OLIVEIRA. H. P. S. F. Pais ouvintes de filhos surdos: perspectivas entre dois mun-
dos. Centro Virtual de Cultura Surda. Revista Virtual de Cultura Surda. São Paulo, n. 24, set.,
2018. ISSN 1982-6842. Disponível em: http://editora-arara-azul.com.br/site/revista_edico-
es. Acesso em: 16/07/2016.
SILVA, M. da P. M. Identidade e surdez: o trabalho de uma professora surda com
alunos ouvintes. São Paulo: Plexus Editora, 2009.

SITE

Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) - InfoEscola. Disponível em: www.infoesco-


la.com/portugues/lingua-brasileira-de-sinais-LIBRAS. Acesso em: 16/07/2016.

FILMES

8 Filmes sobre a surdez (YouTube).


A menina surda, hostilizada que aprendeu tocar violino (YouTube).

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MINHAS ANOTAÇÕES:
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