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BIOQUÍMICA I

Prof. Patrícia Limeira


patrícia.limeira@iesb.com.br
patricialimeira@terra.com.br

BIO (vida) 🡪 processos fisiológicos ou biológicos


QUÍMICA 🡪 reações, ligações, moléculas
BIOQUÍMICA 🡪 como as reações químicas estão explicando os processos biológicos

Ser vivo 🡪 sobreviver 🡪 produzir energia = ATP

O indivíduo precisa de três itens para sobreviver, quais sejam oxigênio, água e
alimentos, que não são utilizados na mesma intensidade, existem momentos
diferentes para a utilização de cada um deles.

ATP
- adenosina trifosfato (Ad – P – P – P) (– ligação rica em energia)
- “moeda” liberadora ou geradora de energia
- produzida e consumida de forma constante (sem parar)
- trabalha de acordo com a demanda/necessidade, razão pela qual não produz sempre
a mesma quantidade.
- O corpo NÃO armazena energia (ATP), ela é produzida e consumida sem parar, há
uma constância. Não dá para armazenar algo de uso constante
- O corpo armazena moléculas que, ao serem quebradas, são capazes de produzir
energia.

Precisamos de energia para os seguintes processos:


- mecânicos: contração muscular
- químicos: síntese de moléculas
- biológicos: transporte de membrana

- material de reserva:
Glicogênio – tecido hepático e muscular
Triacilglicerol (TAG) – tecido adiposo

Demanda (necessidade)
variação de carga energética 🡪 ATP/ADP

a) ATP / ADP
- energia sobrando
- vias que geram energia - diminui
- intermediários metabólicos - moléculas que estão no processo
- material de reserva – quebra inativa / síntese ativa
b) ATP / ADP
- alto consumo
- vias que geram energia – aumenta
- intermediários metabólicos – baixo
- material de reserva – quebra ativa / síntese inativa

Taxa de metabolismo basal (TMB)


- quantidade mínima de energia para manter as funções vitais
- fatores que influenciam: clima, dieta, sexo, faixa etária, patológicos,
fisiológicos e psicológicos.

OXIGÊNIO

- aceptor final de elétrons


- +- 5 min sem respirar
- não produz energia
- usado em duas condições:

a) aeróbica:
- muito oxigênio
- mais tempo, mais ATP
- produção a nível de mitocôndria (organela responsável pela respiração celular)
- carboidratos e proteínas – geram energia em condições aeróbicas Vantagens:
maior quantidade e maior durabilidade
Desvantagem: processo mais “lento”

b) anaeróbica:
- pouco oxigênio
- menos tempo, menos ATP
- hipóxia (falta de oxigenação) – pode levar a óbito
- produção a nível de citoplasma
- dura mais ou menos 3 minutos
- combustível: carboidrato e creatina
Vantagem: processo mais rápido
Desvantagens: menor quantidade e menor durabilidade

Obs.: a vantagem de um é a desvantagem de outro, por isso temos as duas


condições, mas somos predominantemente aeróbicos.
ÁGUA

- não gera energia, mas é necessária para nossa sobrevivência


- impossível ficar mais de 07 dias sem ingestão de água

Função:
- reações químicas ocorrem em meio aquoso
- lubrificação do corpo
- controle da temperatura corporal
- auxilia na liberação de toxinas

Obtenção:
- ingesta (alimento ou líquido)
- interna (metabólica, produzida pelo corpo) – a quantidade não é suficiente
para manter o funcionamento do corpo.

Perda:
- Sensível – é possível dosar: urina e fezes
- Insensível: transpiração e respiração
Obs.: atualmente já é possível dosar essa perda.

Balanço Hídrico
- relação ganho e perda
- intoxicação por h2O – ocorre quando ingerimos uma quantidade muito acima
do necessário. Leva a uma sobrecarga renal. A tendência é urinar mais, o que
pode levar a uma perda significantes de eletrólitos.
- quadro de hiponatermia (baixo sódio) – altera a pressão arterial
Obs.: Gatorade e água de coco são repositores de eletrólitos.

ALIMENTO

- combustível, nutriente
- tem função de gerar ATP (efetivamente)
- é possível ficar sem se alimentar por um longo período

Nutriente -> toda e qualquer molécula que, ao ser quebrada, irá produzir ou liberar
energia
- vital, essencial
- todo nutriente é biomolécula

Biomolécula
- química orgânica = química da vida
- carbono, hidrogênio e oxigênio

1) Carboidratos fontes primárias


2) Lipídios fontes diretas de energia
3) Proteínas -> fonte secundária de energia / fonte indireta
4) Ácidos Nucleicos (DNA/RNA) -> função básica = transmitir informação
genética

* Os nutrientes são divididos em:

MICRONUTRIENTES
- vitaminas e sais minerais
- não produzem energia, mas são vitais
- atuam como cofatores
- são essenciais
- permitem processar os macro nutrientes
- ajudam na produção de energia

a) Vitaminas
- hidrossolúveis -> complexo B, vitamina C
-> eliminadas através da urina
-> “atóxicas”

- lipossolúveis -> A, D, E, K
-> ficam retidas no corpo
-> depositadas (tecido hepático)
-> “tóxicas” – ficam retidas

Obs.: tanto a carência quanto o excesso comprometem o funcionamento do


corpo e causam problema para o organismo. Ex.: excesso de vitamina C pode
causar pedras nos rins.

b) Sais minerais
- Macro (ingesta alta) -> cálcio
- Micro (ingesta baixa) -> iodo, zinco

MACRONUTRIENTES – carboidratos, lipídeos e proteínas

Carboidratos (hidrato de carbono)


- base da alimentação humana
- uma das macromoléculas mais abundante (mais encontrada)

Função:
- componente de outras biomoléculas
- estrutural ou de sustentação celulose
- energética (principal)
- 1ª grande fonte energética, pois sua metabolização é rápida (+- 1 dia = 6h) -
único que gera energia em condições aeróbicas (mais por mais tempo, nível de
mitocôndrias) e anaeróbicas (menos por menos tempo, nível de citoplasma)
Classificação:
- Os carboidratos são classificados pela quantidade de unidades fundamentais
(básica)

Monossacarídeos (ou açúcares simples) – são constituídos por uma


única unidade. Possuem de 3 a 7 carbonos na sua estrutura
- Os mais comuns são:
Açúcares de 6 carbonos (hexose) (dextrose)
- glicose
- frutose
- galactose

Açúcares de 5 carbonos (pentose)


- ribose
- desoxirribose

Oligossacarídeos - consistem em cadeias curtas de unidades de


monossacarídeos, ou resíduos, unidas por ligações características
chamadas de ligações glicosídicas.
- poucos monossacarídeos
- mais de 1 até 10 monossacarídeos

Dissacarídeos – mais abundantes. Possuem duas unidades de


monossacarídeos
- chamados de açúcares duplos
Ex.: Sacarose (glicose + frutose) – açúcar da cana
Lactose (glicose + galactose)
Maltose (glicose + glicose)

Em células, a maioria dos oligossacarídeos constituídos por três ou mais


unidades não ocorre como moléculas livres, mas sim ligada a moléculas que
não são açúcares (lipídeos ou proteínas), formando glicoconjugados.

Polissacarídeos – são polímeros de açúcar que contêm mais de 10


unidades de monossacarídeo, alguns têm centenas ou milhares de
unidades.
- São considerados açúcares complexos / grandes carboidratos
- Possuem estruturas grandes e ramificadas
- Os polissacarídeos de armazenamento mais importante são o amido,
em células vegetais, e o glicogênio, em células animais. A maioria das
células vegetais possui a capacidade de sintetizar amido, e seu
armazenamento é especialmente abundante em tubérculos e em
sementes.

Amido: origem vegetal


- É digerido pelo nosso corpo
- apresenta ligações glicosídicas tipo alfa, que são reconhecidas
pelo nosso corpo.

Fibras: origem vegetal (ex.: celulose)


- não são digeridas pelo nosso corpo
- ligações glicosídicas tipo beta
- dão saciedade e auxiliam os movimentos peristálticos - estudos
indicam que ajudam a diminuir a glicose do sangue, diminuem o
colesterol e diminuem a incidência de câncer no cólon.

Glicogênio: principal polissacarídeo de armazenamento das


células animais.
- apresenta ligações glicosídicas tipo alfa, que são reconhecidas
pelo nosso corpo.
- é mais ramificado e compacto que o amido.
- reserva imediata de glicose
- Armazenado em dois tecidos:

Tecido Hepático (fígado): para manter a glicemia


(quantidade de glicose no sangue) em níveis normais e ter
reserva para os outros órgãos.
- sua reserva dura +- 6h

Tecido Muscular (músculo estriado esquelético): para uso


próprio (contração).
- usa a reserva quando a demanda energética é maior. Ex.:
atividade física
- sua reserva dura +- 2h
- energia em condições aeróbicas e anaeróbicas
- O2 = + ATP por + tempo – mitocôndria
- O2 = - ATP por - tempo – citoplasma
- fibra de contração rápida – condição anaeróbica
- fibra de contração lenta – condição aeróbica

Processos Metabólicos:
Glicogenólise – quebra do glicogênio
- atividade física – muscular/hepático (pra dar
suporte)
- jejum inicial (hipoglicemia) – curto espaço de tempo,
processo rápido (aprox. 6h) – glicogênio hepático.

Glicogênese – síntese do glicogênio


- hiperglicemia
- situação de repouso (baixa demanda
energética) - muscular (prioridade) e hepático
HOMEOSTASE (ou Homeostasia)

- “equilíbrio” dinâmico – busca pelo equilíbrio


- manter em níveis normais ou aceitáveis.

[glic]sangue = glicemia

Normoglicemia: glicemia dentro dos níveis normais ou aceitáveis.


Hiperglicemia
- Glicemia acima dos níveis normais ou aceitáveis
- Fatores que mexem com o aumento da glicemia: demanda energética e
ingesta.

Insulina: hormônio hipoglicemiante


- diminui a glicemia (no sentido da normalização)
- Anabólica => síntese.

Material reserva: quebra – inativa / síntese – ativa (guarda o excesso)

Hipoglicemia = jejum
- o hormônio secretado é sempre o glucagon (produzido pelo pâncreas). -
gliconeogênese (glico – glicose / neo – novo / gênese – síntese) => síntese de
uma nova glicose (para consumo imediato)
Não ocorre na presença da insulina, ocorre na presença do
glucagon. - glucagon e gliconeogênese caracterizam a hipoglicemia.

Jejum inicial:
- demora aproximadamente 6h
- glicogenólise (quebra de glicogênio – tecido hepático)

Jejum Prolongado:
- demora mais de 72h
- lipólise (quebra do lipídio – esvaziamento do adipócito)
- perda de massa gorda (lipídio)

Proteólise – quebra da proteína, perda de massa magra. Suporte para o


funcionamento do corpo.

Cetogênese – produção de corpos cetônicos. Produzidos para


complementar a alimentação de tecidos que têm necessidade alta.

Obs.: Proteína não é reserva, ela dá suporte para o funcionamento do


corpo. Auxilia na produção de energia, mas não é fonte energética.
- quanto maior o tempo de hipoglicemia, a velocidade do metabolismo tende a
diminuir, pois as reservas têm que durar o máximo de tempo possível.

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= CARBOIDRATOS

Função energética
Fonte primária:
- glicose
- glicogênio (tecido hepático e muscular)

Metabolização:
- rápida
- supre mais ou menos 6h
- condições aeróbicas e anaeróbicas

Subfunções

a) Reserva
Glicogênio: reserva de glicose
- armazenado no tecido hepático (manter a glicemia/ para os outros) e
no tecido muscular (atividade física/uso próprio)
- atividade física/ jejum inicial

b) Ativador metabólico de lipídeos


Triacilglicerol (TAG) – gordura armazenada no tecido adiposo (massa
gorda)
- armazenado no tecido adiposo e no tecido hepático (esteatose
hepática)

Processos:
LIPÓLISE
- quebra do lipídeo (esvaziamento da célula adiposa)
- hipoglicemia (jejum prolongado – mais de 72 horas)
- atividade física (aeróbico)

LIPOGÊNESE OU LIPONEOGÊNESE
- síntese do lipídeo
- hiperglicemia (insulina – armazenamento ou síntese de
proteína)
- repouso
Obs.: alta ingesta de carboidrato

c) Preservar proteína tecidual (músculo)


- hiperglicemia
- proteína – construtora (fonte indireta)
- proteína não é reserva
- proteína não gera energia, ela dá suporte
- A perda de massa magra é uma estratégia para manter o
funcionamento do corpo (suporte, manter a sobrevivência, jejum
prolongado)

Obs.: a insulina é um hormônio anabólico

d) Alimento para o sistema nervoso (cérebro)


Fonte alimentar:
- glicose (principal combustível do cérebro)
- corpos cetônicos (complementam a alimentação / situação de
jejum prolongado – hipoglicemia)
- cérebro não tem reserva, a alimentação tem que ser constante (sem
parar)
- alta demanda energética
- o cérebro recebe a glicose através da dieta ou da produção do fígado
(tecido hepático – jejum, glicose produzida)

======================================================================

= LIPÍDEOS

- óleo, azeite, manteiga, margarina


- molécula abundante
- origem animal e vegetal

Obs.: o carboidrato deixou de ser uma questão de estética e passou a ser uma questão
de saúde (ex.: obesidade e diabetes)
Colesterol não é lipídeo

- têm baixa solubilidade em água (apolar)


- excesso de lipídeo -> entupimento das artérias (doenças cardiovasculares)

LDL, HDL e VLDL são lipoproteínas (produzidas por conta da baixa solubilidade frente à
água), cuja função é permitir o deslocamento de moléculas que tenham dificuldade
nesse deslocamento.
LDL – grande indicador de cardiopatia
O ideal é ter o HDL mais alto que o LDL

- os lipídeos têm como característica baixa solubilidade em água.

Função:
- energética
- isolamento térmico (e elétrico)
- componente de membrana
- precursor de hormônios sexuais e sais biliares (ajudam a emulsificar a
gordura)
- proteção contra choques mecânicos
CARBOIDRATOS LIPÍDEOS

Glicose/glicogênio Triacilglicerol (TAG)

1ª fonte energética 2ª fonte energética


Metabolização rápida Metabolização lenta

Supre por mais ou menos 6h Supre a necessidade por meses

Gera energia em condições aeróbicas e Gera energia apenas em condições


anaeróbicas. aeróbicas

6x mais energia que os CHOs

TAG (Triacilglicerol)
- armazenado no tecido adiposo
- quebrado pela enzima lipase
- 3 ácidos graxos + glicerol (reaproveitado/reutilizado pelo corpo)

Xenical (orleast)
- bloqueia a enzima lipase
- evita a absorção da gordura
- efeito colateral: quadros diarreicos
- a grande questão é que ele condiciona o corpo a diminuir a ingesta de
gordura. Ele não emagrece, apenas ajuda no processo de emagrecimento.

Ácidos Graxos
- unidades fundamentais do lipídeo
- geram energia para o corpo
- dão caráter apolar/baixa solubilidade em água
- 4 a 24 caldas => mais comuns – 16 e 18 carbonos
- ligações simples (saturadas - origem animal)
- ligações duplas => mono (única ligação dupla) ou poli (mais de uma ligação
dupla). Origem vegetal.
2º Bimestre

PROTEÍNAS

1) Características
- construtora
- expressão do material genético
- origem animal e vegetal
- preservar estrutura

2) Funções
a) Energética (suporte) – perda da massa magra
b) Estrutural (sustentação)
c) Transporte
d) Hormonal
e) Catálise (enzimática)
f) Contração muscula
g) Nutritiva
h) Defesa
i) Sinalizadora (reconhecimento)
j) Toxinas

Obs.: Os carboidratos possuem diversas funções, mas a energética se destaca.


Os lipídios também possuem funções que se destacam como a energética e a
formação de membrana. Já no caso da proteína, todas as funções se
complementam, não há sobreposição de importâncias: todas as funções são
chave para o funcionamento do corpo. Assim, as moléculas de proteína são as
com maior diversidade funcional, o que as torna muito abundante no
organismo.

O material genético define a estrutura, o arranjo da proteína. É esse arranjo que


definirá a função da proteína que será sintetizada. As mudanças do arranjo
podem acarretar alteração total ou parcial da função da proteína, o que pode
afetar sua eficácia.

Como regra, cada proteína terá uma função específica. A mielina é uma exceção
(função estrutural e enzimática).

A alteração ou perda da função da proteína pode ocorrer na síntese proteica,


pode ser decorrente de mutação, bem como pode ter causa no processo de
desnaturação (exposição a temperaturas altas e a agentes químicos e alterações
no ph são alguns exemplos).
“Defeitos de fábrica” na síntese de proteínas são dificilmente revertidos. Ex.:
deficiência na produção de insulina. O indivíduo dependerá por toda a vida de
suplementação de insulina.

3) Classificação das proteínas


a) Quanto à estrutura/arranjo
- globular
- fibra

b) Quanto à função
- dinâmica – geralmente são proteínas globulares que exercem função
de catálise, defesa, transporte. São dinâmicas porque estão em
constante movimento e o formato globular facilita essa movimentação.
Ex.: hemácias.

- estrutural – para exercer a função de sustentação, estrutura, as


proteínas serão fibrosas. Ex.: colágeno, fibrina.

c) Quanto ao número de cadeias:


- monomérica – uma única cadeia não é menos importante do que as
com mais de uma cadeia. Seu arranjo mais simples é necessário para a
função que irá desempenhar.

- oligomérica – mais de uma cadeia

d) Quanto à composição
- simples – possuem apenas aminoácidos em sua composição -
compostas ou conjugadas – além de aminoácidos, possuem outros
elementos proteicos. Glicoproteínas, lipoproteínas, metalproteínas,
nucleoproteínas (DNA e RNA).

4) Desnaturação
- rompimento das ligações químicas
- causa alteração ou perda no arranjo (total ou parcial)

Após passar por desnaturação, a maioria das proteínas não conseguem se


renaturar (retornar ao estado original/nativo).

Agentes causadores de desnaturação:


- químicos
- físicos

Fatores a serem considerados:


- tempo
- tipo
- concentração
- fisiológico/patológico

Obs.: Altas temperaturas podem romper ligações químicas. O corpo se


utiliza da transpiração e da respiração como mecanismos para evitar a
desnaturação de proteínas.
As alterações no ph também podem ser a causa da desnaturação. O
mecanismo de tamponamento pode suportar pequenas variações do ph.

Endógenas (produzidas pelo organismo)


Proteínas
Exógenas (fonte externa – alimentação, por exemplo)

Proteólise: processo de quebra da proteína que pode ocorrer em função da: -


digestão
- tempo de vida (proteínas velhas são menos eficientes)
- desnaturação

A quebra da proteína libera aminoácidos que são a unidade


básica/fundamental de uma molécula de proteína.

As proteínas têm estrutura química comum composta por hidrogênio,


carbono, grupo amina e grupo carboxila. A diferença entre as proteínas
ocorre no agrupamento radical ou cadeia lateral, que será responsável
pela diferenciação dos aminoácidos.

R C COOH (ácido carboxílico)


(carbono alfa)

NH2 (amina)

Agrupamento radical ou cadeia lateral:


Os compostos que podem se ocupar do agrupamento radical podem ser:
- polares ou apolares
- carga elétrica positiva, negativa ou neutra.

São 20 os tipos de aminoácidos e eles podem ser:


a) Essenciais – não são sintetizados pelo organismo ou são sintetizados
em quantidade insuficiente. São obtidos pela dieta/suplementação.
b) Não essenciais – sintetizados pelo organismo.

A partir da composição dos aminoácidos em uma molécula de proteína, esta


poderá ser classificada quando ao seu valor biológico:
a) Alto valor – contém todos os aminoácidos essenciais em quantidade
suficiente e nas devidas proporções. Ex.: proteínas de origem animal.
b) Baixo valor – não possuem um ou mais aminoácidos essenciais. Ex.:
proteínas de origem vegetal. A soja é considerada uma exceção.

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Amônia esqueleto carbonado


H
|
Hepático NH2 -- C -- COOH
|
R
Ureia Grupo amina

Rins

Urina Proteólise

Das três biomoléculas, é a proteína que irá


carregar nitrogênio, fazendo com que nosso corpo
produza naturalmente três tipos de compostos:
- amônia
- ureia
- ácido úrico

Proteínas

Proteólise

A quebra da proteína libera aminoácidos e separa o grupo amina do esqueleto


carbonado. O excesso de amônia liberado no organismo pode levar o indivíduo
ao coma.

A amônia é naturalmente produzida pelo nosso corpo, e para que sejam


mantidos os níveis homeostáticos dessa substância, o fígado será recrutado
para transformação dessa amônia em ureia, que será posteriormente liberada
pelos rins por meio da urina.

Em uma “dieta da proteína”, em que se reduz abruptamente o consumo de


carboidrato e se eleva o consumo de proteínas e lipídeos, em jejum prolongado
será verificada a hipoglicemia, que acionará a produção do hormônio glucagon
que, por sua vez, enviará a mensagem ao corpo de que a massa magra será
utilizada como fonte de energia (gliconeogênese). Assim, ainda que diante do
alto consumo de proteína, haverá perda da massa magra.

O uso de BCAA em um quadro de hipoglicemia prolongado auxilia na


reconstrução das fibras musculares e funciona como fonte de energia.

Aminoácidos
Proteólise: grupo amina + lipogênese ou liponeogênese
Esqueleto Carbonado
(síntese de novos lipídeos)
determinada substância está em falta, Cetogênese – síntese de corpos
pois se já estivesse em falta, teria cetônicos – produzidos para
havido a quebra da homeostase. complementar a alimentação em
Reposição (abastecimento de Gliconeogênese - produção de nova situações de hipoglicemia – produção
intermediários metabólicos) glicose para consumo imediato – de ATP.
produção de ATP.
A reposição não se dá quando

Obs.: Intermediários metabólicos são moléculas relacionadas à geração de energia,


que é um processo contínuo:
- Na glicólise, o aminoácido permite a produção de picurato ou ácido pirúvico;
- O aminoácido também tem função no Ciclo de Krebs;
- O aminoácido também favorece o acetilcoenzima A.
A reposição dos intermediários metabólicos ocorrerá quando houver uma alta
demanda energética, pois nessa situação é necessário reabastecer o organismo para
que a coluna produtora de energia continue funcionando (função de suporte à
produção energética).

BALANÇO NITROGENADO

Balanço é a relação entre a entrada e a saída de compostos nitrogenados. Assim, o


balanço pode ser positivo ou negativo.
A proteólise, como visto, pode acontecer em razão da digestão, do tempo de vida ou
da desnaturação da proteína. A proteólise separa o grupo amina do esqueleto
carbonado e cada uma dessas partes segue os caminhos estudados anteriormente. A
quebra e a síntese da proteína ocorrerão continuamente e a depender do processo que
estiver acontecendo com maior evidência, o balanço será positivo ou negativo.

Balanço nitrogenado = ganho e perda de compostos nitrogenados.

a) Balanço positivo:
- síntese proteica maior
- anabolismo
Ex.: hiperglicemia, atividade física, criança em fase de crescimento (por isso
a desnutrição prejudica o desenvolvimento), gestação (desenvolvimento do
feto).

b) Balanço negativo:
- quebra de proteína mais evidente
- catabolismo/perda de massa magra
Ex.: hipoglicemia, fome, desnutrição.

O balanço negativo se torna benéfico para o organismo quando essencial


para a sobrevivência, já que nos estados fisiológicos citados como exemplo,
o corpo é forçado a catabolizar mais proteína para que os aminoácidos
liberados pela proteólise possam ser reutilizados como suporte à produção
de energia (reposição/cetogênese/gliconeogênese).

No anabolismo, o processo de construção representa o caminho de absorção de


energia de moléculas pequenas (pobres em energia) para moléculas grandes (ricas em
energia).
Esse processo de ganho de energia é chamado endergônico.
No balanço nitrogenado positivo ocorre quebra, mas o que prevalece é o ganho, a
síntese proteica, por isso é considerado positivo.
Já no catabolismo, por representar o balanço nitrogenado negativo, há prevalência dos
processos de quebra. Assim, o caminho será inverso: de moléculas grandes, ricas em
energia, para moléculas pequenas, pobres em energia, ou seja, já liberação de energia
e o processo é chamado de exergônico.

Obs.: Moléculas pobres em energia são excretadas pelo organismo, como a água, o
CO2, a ureia... A glicose, por sua vez, é uma molécula rica em energia.

Obs.: O balanço nitrogenado negativo é benéfico quando a quebra se destina à


sobrevivência do corpo.

Proteólise – quebra da proteína: separação do esqueleto carbonado do grupo amina.


Fenilcetanúria – doença: erro no processamento do aminoácido fenilalanina. O
paciente com fenilcetanúria não possui a enzima para a metabolização desse
aminoácido, o que afeta a produção de melanina.
O fenilalanina é um aminoácido essencial e, portanto, não produzido pelo nosso corpo.
Assim, deve-se buscá-lo na alimentação. No entanto, a alimentação de um indivíduo
com essa doença deve ser cuidadosa para que não haja um excesso no consumo de
alimentos com fenilalanina.

Os aminoácidos são ligados por meio de ligações peptídicas.

COMPACTAÇÃO DAS PROTEÍNAS

As proteínas estão prontas para desempenhar suas funções quando atingirem o nível
terciário de organização. A classificação por níveis de compactação:

- primário
- secundário
- terciário
- quaternário

Quanto maior o nível de compactação, maior a complexidade e necessidade de


organização.
O nível primário é o mais básico, mas para que faça sentido é preciso evoluir na
organização.

No primário é possível identificar:


- quais são os aminoácidos presentes (são representados por letras)
- posição/ordem em que os aminoácidos presentes estão alocados
- repetição dos aminoácidos

São essas variáveis identificadas no nível primário que irão definir a proteína resultante
dessa combinação e suas funções específicas.
Em razão disso, as ligações peptídicas são muito fortes. Assim, o termo primário e a
sua expressão como nível mais básico de compactação não significa ser o menos
importante. Na verdade é o contrário.

As proteínas que alcançam o nível quaternário não conseguem desempenhar funções


para as quais foram sintetizadas no nível terciário. Assim, no nível quaternário tem-se
estruturas que passaram pelos níveis anteriores, alcançaram o terciário sem conseguir
desempenhar suas funções e, por isso, precisam se associar de maneira específica e
pontual para, enfim, executar seu papel.
ENZIMAS

Enzimas constituem um grupo específico de proteínas. No entanto, há enzimas que


não têm uma origem proteica.

Enzimas são catalizadores biológicos. Deve-se ter cuidado com o conceito de que
enzimas são responsáveis pela quebra de substâncias. Catalizadores têm a função de
catálise, o que é representado pela aceleração de uma reação acarretando a
modificação de substâncias, seja adicionando, seja retirando algo.

Dado a sua função, as enzimas são importantes para o funcionamento do corpo. Com
as enzimas, diminui-se o tempo de determinada reação, bem como da energia de
ativação.

99% das reações químicas que ocorrem no nosso corpo têm participação das enzimas.

A proteína é a macromolécula. As enzimas são ainda mais específicas, pois foram


criadas para aquela função específica.

Há duas grandes propriedades que diferenciam as enzimas das demais proteínas: -


autopoder de catálise (as outras proteínas não possuem essa função); Obs.: a
miosina é uma enzima que possui mais de uma função, quais seja a contração
muscular e a atpase.
- alto grau de especificidade de seus substratos – quando a enzima catalisa esse
substrato, este substrato sofrerá uma modificação e ela atuará especificamente
sobre esse substrato.

Sendo proteínas, as enzimas também podem sofrer desnaturação. Nesse sentido,


necessitam de condições ideais de ph e temperatura para o seu correto
funcionamento.

Quando a enzima não atua, o organismo precisa gastar mais energia. Por isso se diz
que a atuação da enzima otimiza o tempo de uma reação, diminuindo a energia de
ativação.

Substrato
A

Enzima x

B
Produto (substrato modificado) substrato para a enzima y Enzima Y

Produto da enzima y
C
É o substrato quem procura a enzima, pois é o substrato que precisa ser modificado.

O substrato está em maior quantidade no organismo do que as enzimas. Se fosse o


contrário, o processo de catálise não seria eficiente.

O encontro entre enzima e substrato ocorre no sítio (centro) ativo (catalítico) da


enzima. É nesse local em que o seu substrato sofrerá o processo de catálise.

A especificidade da enzima é identificada esse sítio ativo e dada a sua importância, ele
é localizado em uma região mais interna da enzima, chamada de fenda, para dotá-lo de
maior proteção contra processos que poderiam desnaturá-lo.

A ligação que conecta o substrato à enzima no sítio ativo não é uma ligação forte, pois
se fosse, seria difícil modificar o substrato e transformá-lo no produto respectivo.

Existem inibidores de enzimas (...).

Após a catálise e liberação de produtos, a enzima sai intacta para receber novos
substratos. Se houver prejuízo à estrutura da enzima, esse dano pode comprometer a
especificidade da enzima e, consequentemente, de reconhecimento de substratos.

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INTRODUÇÃO AO METABOLISMO

1. Conceito

a) Via metabólica
- série de reações químicas (modificações)
Enzimas – acelerando reações químicas/substratos
Modificações: adicionando ou retirando

Tipos:
- linear – ex.: glicólise
- cíclicas – ex.: Ciclo de Krebs.

Reação:
- reversível – grande quantidade
- irreversível – menor quantidade (consideradas como pontos de controle, ditam o
ritmo).

Estão presentes em maior quantidade as reações reversíveis, que permitem o fluxo das
reações. Já as irreversíveis estão presentes em menor quantidade, pois são
consideradas “pontos de controle” das reações. As enzimas responsáveis por esse
controle são as enzimas alostéricas.

b) Metabolismo
- é um conceito mais amplo do que o de vias metabólicas, pois é justamente o conjunto
dessas vias, as quais estão conectadas umas às outras.
Os processos metabólicos são caracterizados por:

Anabolismo: síntese, formação, gênese, construção.


- predomínio do ganho
- moléculas pobres em energia e pequenas se transformam em moléculas grandes,
ricas em energia.
- processo de absorção, ganho de energia – endergônico.

Ex.: glicogênese – síntese de glicogênio (taxa de glicose alta/glicogênio sendo


reservado)
Gliconeogênese – síntese de uma nova glicose em razão dos níveis baixos no
organismo para consumo imediato e não para reserva.

Catabolismo: lise/quebra
- predomínio da perda
- moléculas grandes e ricas em energia se transformam em moléculas pequenas
e pobres em energia.
- processo de liberação de energia – exergônico.

Ex.: glicólise; glicogenólise (quebra do glicogênio); ciclo de Krebs.


CO2 e H2O – considerados metabolicamente moléculas pobres.

Obs.: O produto do anabolismo é substrato do catabolismo e vice versa, daí a


dependência entre os processos.
Ex.: hiperglicemia é um processo anabólico e a hipoglicemia é um processo
catabólico.
2. Objetivos

2.1. Produção de energia (ATP)


A produção de energia é necessária para a sobrevivência do organismo (manter
funções vitais); para a realização de processos químicos, mecânicos e
biológicos.
A produção de ATP se destina ao consumo imediato. Essa molécula não pode
ser armazenada. A produção e o consumo são constantes.
A reserva energética que o corpo possui é de glicogênio e de TAG, não de ATP.

A produção pode ser de duas maneiras:


- pela via aeróbica: ocorre na mitocôndria; mais ATP por mais tempo;
carboidratos e lipídeos (TAG)
- pela via anaeróbica: ocorre no citoplasma; menos ATP por menos
tempo; hipóxia (leva a óbito) ou fermentação (alcóolica, láctica ou
aláctica); carboidratos e creatina.

A produção se dá em prol da demanda, da necessidade do organismo.

As vias geradoras de energia funcionam ininterruptamente para permitir que o


corpo trabalhe. São elas:

- glicólise ou via glicolítica – é uma via universal. Todas as células


demandam glicose. Começa no citoplasma e termina na mitocôndria.

- Ciclo de Krebs – somente na via aeróbica

- Cadeia respiratória – via aeróbica


Cadeia transportadora de elétrons (CTE)
Fosforilação oxidativa

Obs.: Caso da boate Kiss – com o bloqueio da entrada de oxigênio na célula, a


via glicolítica foi sobrecarregada e o organismo não conseguiu suprir a demanda
energética. O cianeto liberado pela espuma também afetou.

A demanda (necessidade) por energia é chamada de variação de carga


energética (ADP/ATP):

a) ATP ADP
Nessa situação, observa-se sobra de energia. Como não há reserva de ATP,
as vias produtoras de energia precisam diminuir a velocidade. Essa sobra de
energia aumenta o número de intermediários metabólicos. Se o organismo
tem energia de sobra, não há quebra de material de reserva, isso é, a
quebra está inativa e a síntese ativa.
b) ATP ADP
Essa situação é verificada quando o quadro acima é revertido (busca pelo
homeostase). No caso em questão, há uma menor produção de energia em
decorrência do consumo. Havendo a demanda energética, a quebra está
ativa e a síntese inativa (não faz sentido guardar e retirar ao mesmo tempo).
Nessa hipótese, há uma diminuição de intermediários metabólicos.

Obs.: No hipertireoidismo, o aumento na produção hormonal, como regra,


faz com que o paciente seja magro, pois o organismo estará com o processo
de quebra acentuado. No hipotireoidismo, o organismo é mais lento, o que
ativa a síntese de material de reserva, o que faz com que o indivíduo tenha
uma tendência a sobrepeso.

Taxa de metabolismo basal – quantidade mínima de energia para


manutenção da sobrevivência, das funções vitais. Diversos fatores
interferem na TMB.

2.2. Produção de carreadores de elétrons


O corpo precisa de mecanismos para o transporte de elétrons decorrentes
das reações de oxido-redução.

Sais minerais
Micronutrientes Niacina
Vitaminas do complexo B
Riboflavina

São três as proteínas que atuam como carregadores de elétrons: NAD+,


FAD+ e NADP+.

As enzimas atuam sobre os substratos retirando elétrons que serão


capturados por esses carregadores, que os levarão até determinado ponto e
os liberarão. Os carregadores funcionam como táxis: pegam o passageiro,
levam até o destino, voltam vazios e pegam novos passageiros.

FOTO NO CADERNO
NAD+ NADH+H
- origem: niacina
- produzido nas seguintes vias:
Glicólise – menos O2 – citoplasma
Ciclo de Krebs – mais O2 – mitocôndria
B (beta) oxidação – mais O2
- destino: cadeia transportadora de elétrons
- cada NADH+H auxilia na produção de 3 moléculas de ATP.

FAD FADH2
- origem: riboflavina
- produzido:
Ciclo de Krebs
B (beta) oxidação
- destino: cadeia transportadora de elétrons
- cada FADH2 auxilia na produção de 2 moléculas de ATP

NADP+ NADPH+H+
- origem: niacina
- produzido na via pentose fosfato
- destino: vias de biossíntese redutora (lipogênese – TAG)
- não está envolvido na produção de energia (ATP)

3. Controle do Metabolismo
Rígido – efetivo
Flexível – adaptar

Enzimas: possuem sítio ativo. É o que as diferencia das demais proteínas. É no sítio
ativo que o substrato sofre a catálise. Podem ser simples ou alostéricas.

As reações químicas podem ser reversíveis ou irreversíveis. O controle deve ser


mais rígido nas reações irreversíveis.

As enzimas funcionam como ponto de controle nas reações irreversíveis e são


encontradas em menor quantidade, pois o excesso de controle atrapalharia o fluxo
normal das reações reversíveis.

Assim, as enzimas simples atuam nas reações reversíveis, estão em maior


quantidade e ditam o ritmo do organismo, já as alostéricas atuam nas irreversíveis.

As enzimas alostéricas, além do sítio ativo, possuem outros sítio chamados de


centro regulatório ou modulatório da reação. Funcionarão como freio e acelerador
nas reações irreversíveis.
Reações reversíveis enzimas simples sítio ativo
(maior quantidade)

Reações irreversíveis enzimas alostéricas sítio ativo


(menor quantidade) +
Sítios ou centros
regulatórios/modulatórios

ditam o ritmo da reação,


por isso possuem o sítio regulatório

Positivo: aumento da velocidade Aumento da afinidade entre enzima e substrato


Sítio regulatório/modulatório
(ou sítio alostérico) Negativo: redução da velocidade Redução da afinidade entre
enzima e substrato

Obs.: Não há atuação positiva e negativa simultaneamente.


A molécula que entra no sítio regulatório é chamada de efetor e, na maioria das
vezes, é o produto da enzima.
O efetor pode ser ativador (+) ou inibidor (-).

Uma forma de controle do metabolismo é o controle das enzimas alostéricas. Essa


regulação pode se dar pelos seguintes meios:

a) Feedback / inibição reversível não competitiva / regulação alostéricas Nessa


modalidade, a enzima pode gerar produtos direta ou indiretamente. É o
principal mecanismo controlador das vias geradoras de energia. É
extremamente rápido na resposta regulatória, pois depende das concentrações
de energia.
Assim, o feedback irá sinalizar a enzima principal para que ela, a depender das
concentrações de energia, acelere ou retarde determinada reação.

+ATP/-ADP: sobra de energia/pouca demanda energética


-ATP/+ADP: pouca produção de energia/alta demanda energética

No caso de sobra de energia, o grande efetor negativo que induzirá a busca


pelo equilíbrio será a própria ATP, que sinalizará a necessidade de reduzir a sua
produção para adequá-la à demanda energética do organismo em
determinado momento.
b) Modificação covalente ou hormonal
Entrada e saída de grupamentos fosfato após ação enzimática. Dá-se a esse
processo o nome de fosforilação reversível (reversível, pois permite a entrada
e saída; fosforilação, pois relativa a grupamento fosfato).

Esse mecanismo tem relação com o material de reserva:


- glicogênio – hepático e muscular
- TAG – adiposo

É um processo lento e de longa duração que será ativado em situações


relacionadas aos níveis de glicemia no sangue e decorrentes de atividade
física, recrutando a atuação de três hormônios: insulina, glucagon e
adrenalina.
INSULINA GLUCAGON ADRENALINA

Ativada: + glicose Ativado: - glicose Atuação: coração, pulmão e


músculo.

Objetivo: baixar a glicemia Objetivo: aumentar a glicemia Atividade física – ativa a quebra
de material de reserva, baixa a
Retirada de fosfato da enzima Adiciona fosfato à enzima glicemia no sangue.
principal. principal

Inativa a quebra de material de Ativa a quebra do material de Inativa a síntese de material de


reserva reserva reserva (a demanda energética
exige a quebra)

Ativa a síntese do material de Inativa a síntese de material de Adiciona grupamento fosfato


reserva reserva

Função: anabólica Função: catabólica Função: catabólica

- insulina e glucagon não podem atuar em conjunto;


- Insulina e adrenalina não podem atuar em conjunto;
- glucagon e adrenalina podem atuar em conjunto.

c) Especialização de órgãos

Hepático – função primordial: manter a glicemia por meio da produção de


glicose e de corpos cetônicos.
A atuação do fígado se destina ao funcionamento dos demais órgãos através
da reserva que armazena.

Muscular – contração muscular. O músculo é generalista e se alimenta das


diversas moléculas presentes no organismo. As reservas presentes no músculo
destinam-se à própria atuação.
Adiposo – reserva de TAG
Cérebro – comanda o funcionamento do organismo. Sua alimentação,
diferente do músculo, é restrita: apenas glicose e corpos cetônicos. Como o
sistema nervoso não possui reserva, demanda energia constantemente. O seu
funcionamento é dependente de oxigênio (aeróbico).

_______________________________________________________________________

INTEGRAÇÃO DO METABOLISMO – Uma versão do funcionamento celular Questões a

serem respondidas para entender o metabolismo:

1. Qual a molécula?
A depender do tipo de nutriente, haverá propriedades fisiológicas e químicas
específicas.

2. Qual a via metabólica?


As vias são responsáveis pela metabolização das moléculas. As vias podem ser
anabólicas ou catabólicas.

3. Qual o tecido/órgão?
Característica: especificidade. Cada tecido ou órgão possui suas vias específicas.
Ainda que cada órgão/tecido tenha sua função, eles precisam estar interligados.
Há vias que são específicas de determinados tecidos.
A via glicolítica ocorre em todas as células, pois todas as células demandam
glicose. Por outro lado, há células que não possuem mitocôndria, assim há vias
que não ocorrerão nessas células.

4. Qual a situação?
Seja ela fisiológica ou patológica, há diversos fatores que influenciam o
funcionamento do metabolismo: clima, estilo de vida, dieta, faixa etária.

Slide: Sistema Circulatório

- Para o cérebro, só há uma seta indicando a entrada.


O sistema nervoso demanda alimentação constante, necessita de oxigênio
(aeróbico). Os combustíveis do cérebro são glicose e corpos cetônicos.

Corpos cetônicos – complementam a alimentação quando há carência de


combustível. São derivados da quebra da gordura e são produzidos em jejum
prolongado (acima de 72h).

Fígado – tudo passa por ele. Tem reserva de glicogênio para abastecer os
demais órgãos. O fígado é o grande produtor de corpos cetônicos, por isso há
setas chegando e saindo do fígado (no slide).
Por ser produtor de corpos cetônicos, há TAG no fígado. O excesso se
transforma em problema: esteatose (leve, moderada ou alta).
Tecido adiposo – armazenamento de TAG.
Músculo – estriado esquelético. É generalista na alimentação, por isso há mais
setas chegando ao músculo do que saindo (no slide).

As reações químicas podem ocorrer tanto no interior quanto no exterior da


célula. Para o adequado funcionamento do metabolismo, essas reações
químicas acontecem de forma interligada.
Essas reações são importantes para o fornecimento de energia, crescimento,
desenvolvimento, manutenção e reprodução humana.

Obs.: Criança tem tempo de recuperação melhor em razão de seu metabolismo


mais acelerado.

Fermentação: alcóolica, lática e alática.

Slide: Funções do glicídios

Carboidratos são os macronutrientes que ditam o ritmo do metabolismo. Em


estado de jejum prolongado, o cérebro diminuirá a utilização de glicose
(“reserva de glicose”) e buscará a complementação por meio de corpos
cetônicos.
Carboidratos ativam tanto a construção de tecido adiposo, no caso de excesso,
quanto a quebra da gordura, na hipótese de restrição na ingesta de
carboidratos.

Os glicídios também se prestam a preservar a massa muscular.

A insulina bloqueia a gliconeogênese porque esse hormônio é produzido em


casos de hiperglicemia. Assim, na gliconeogênese, o hormônio ativado é o
glucagon, e a glicose produzida se destina ao consumo imediato.
GLICOGÊNESE GLICONEOGÊNESE

Anabólica/síntese Anabólica/síntese

Síntese de glicogênio no fígado e no Nova glicose para consumo imediato


músculo

Hiperglicemia Hipoglicemia

Ativada pela presença de insulina Ativada pela presença do glucagon

Bloqueada pelo glucagon Bloqueada pela insulina


A grande matéria prima para a gliconeogênese são os aminoácidos. Em razão
disso, pode haver prejuízo à massa magra.
As alterações no metabolismo são ditadas pelo ciclo jejum-alimentação. O
jejum, estado de hipoglicemia, pode ser inicial, intermediário ou prolongado. A
alimentação é considerada como o estado de hiperglicemia.
A entrada de combustível/nutrientes na célula é variável porque depende da
necessidade do organismo. Se houver baixa demanda energética, o corpo
armazenará o excesso ingerido.

ATP: ligações de fosfato + molécula de ribose + base adenina


- utilizada constantemente pelo organismo, não há armazenamento de
ATP.
- a molécula de ribose (açúcar) possui apenas função estrutural, não tem
função energética.

Slide: Visão geral da respiração


Se a respiração celular não funciona bem, a
1. Glicólise via anaeróbica é mais recrutada,
2. Ciclo de Krebs sobrecarregando o citoplasma.
3. Cadeia respiratória Etapas do

metabolismo:

- Anabolismo – processo consumidor de energia (absorve energia)


- Catabolismo – processo gerador de energia (processos de quebra que
ocorrem no corpo).

Obs.: Não há prevalência de um sobre o outro; há dependência.


Em situação anabólica – hiperglicemia
Em situação catabólica – hipoglicemia; atividade física.

Slide: A importância da Glicose

O quadro mostra os macronutrientes como função energética (glicose, ácidos


graxos e corpos cetônicos) e demonstra que a glicose é a fonte principal de
combustível para todos os tecidos. Assim, em todas as células haverá via
glicolítica.
O cérebro não usa ácidos graxos como combustível, mesmo que as gorduras
forneçam mais energia do que a glicose, porque a metabolização dos ácidos
graxos é lenta para demanda energética constante do cérebro.
Apesar de não estar sinalizado no quadro, os corpos cetônicos, em situação de
jejum prolongado, fornecem energia para o cérebro.
Slide: Insulina
METABOLISMO HIPOGLICÊMICO METABOLISMO HIPERGLICÊMICO

Baixo nível de glicose no sangue Alto nível de glicose no sangue

Secreção de glucagon pelas células alfa do pâncreas Secreção de insulina pelas células beta do pâncreas

Normaliza a taxa de glicose (aumenta) Normaliza a taxa de glicose (diminui)

Catabolismo – quebra do material de reserva (MR) Anabolismo – síntese do material de reserva (TAG e
glicogênio)

Ativa as vias gliconeogênese e a cetogênese Bloqueia as vias gliconeogênese e cetogênese

Insulina e glucagon, em condições normais, não atuam em

conjunto. Slide: Metabolismo Hiperglicêmico

GLUT – transportadores presentes na membrana (receptores de glicose)


- total de 12
- a insulina se acopla ao transportador para entrar na membrana.
- a adrenalina também abre os canais de glicose a nível muscular

GLUT 1 e 3
- o sistema nervoso central possuir dois receptores de superfície pois demanda
muita energia.
- o SNC não depende de hormônio, ele comanda a secreção de hormônios.

GLUT 2
- fígado e pâncreas (alfa: glucagon – beta: insulina)
- depende da sinalização do pâncreas, por isso têm o mesmo receptor.
Interdependência.

GLUT 4
- tecido adiposo e músculo: só conseguem formar suas reservas na
hiperglicemia, por isso dependem da insulina (insulinodependentes)

É a insulina que, após ser secretada, “abre” o transportador para entrada da


glicose. Parte da glicose abastecerá o eixo produtor de energia e parte será
destinada à reservas de energia.

- Centro de distribuição de nutrientes no caso de hiperglicemia. Lembrar da


FÍGADO
para si: síntese de glicogênio e bloqueio da
gliconeogênese. O acúmulo de reservas no
fígado pode causar esteatose.

- Na hiperglicemia, o músculo absorve glicose,


MÚSCULO ativando a glicogênese (reserva de glicogênio
muscular). No estado alimentado, está
aumentada a síntese proteica e a captação de
aminoácidos.
BCAA – reconstrução das fibras musculares.
TECIDO

ADIPOSO CÉREBRO - Armazenamento de TAG. Na hiperglicemia, as


caudas de ácido graxo são captadas para a
lipogênese, diminuindo dos ácidos graxos
Ceasa como uma central que não produz circulantes e inativando a degradação do TAG.
alimento, apenas distribui. Depois de distribuir
aos demais tecidos, o fígado passa a trabalhar
- Demanda energética constante. Em caso de jejum prolongado, diminui a
captação de glicose e aumenta o consumo de corpos cetônicos.

VISÃO GERAL DO JEJUM = hipoglicemia - glucagon; gliconeogênese.

Hipoglicemia: qual o tempo?


- jejum inicial
- jejum intermediário
- jejum prolongado

Jejum inicial:
- sei quando começa e quando termina
- dura aproximadamente 6h
- Combustível de processamento rápido: glicogênio hepático
(glicogenólise)

Jejum prolongado:
- sei quando começa, mas não sei quando termina
- dura mais de 72h
- não há quebra de glicogênio pois seu processamento é rápido. É
necessário um combustível de metabolização lenta.
- lipólise e proteólise, com prioridade para a quebra lipídica. A massa
magra dará suporte e a cetogênese também será ativada para
complementar a demanda energética.

Quanto maior o tempo de hipoglicemia, mais lenta a velocidade do organismo,


pois as reservas energéticas precisam durar o máximo possível.
A velocidade do cérebro tem que diminuir em situação de hipoglicemia para
economizar energia para manter o funcionamento do corpo. Se ele tiver com a
velocidade alta, os músculos serão degradados mais rápido para dar suporte à
alimentação do cérebro.
EFEITOS METABÓLICOS DO GLUCAGON

CARBOIDRATOS LIPÍDIOS PROTEÍNAS

O fígado passa a produzir e Oxidação dos ácidos graxos Jejum prolongado. Aumento
distribuir nutrientes. e formação de corpos da captação de aminoácidos
Glicogenólise (jejum inicial) e cetônicos em condição pelo fígado, especialmente
gliconeogênese (hipoglicemia aeróbica. alanina, em decorrência da
como um todo) A utilização das cetonas proteólise muscular para a
também se dá na via gliconeogênese. Obs.: há
aeróbica (são consumidos aminoácidos apenas
na mitocôndria) cetogênicos.

Cetoacidose – produção elevada de corpos cetônicos. Diminui o ph sanguíneo –


desnaturação da proteína (perda acentuada de proteína).
DIABETES MELLITUS
Hiperglicemia:
Diabetes tipo I – insulinodependente
Diabetes tipo II – não dependente

Paciente insulinodependente – mesmo com alta glicose no sangue, o pâncreas


não libera insulina; ao contrário, as células alfa vão produzir glucagon. O
glucagon vai estimular a produção de nova glicose e mais glicose será lançada
no sangue, a glicemia aumentará ainda mais.
O corpo vai entender que o indivíduo estará em jejum prolongado e
desencadeará a síntese de corpos cetônicos em excesso, gerando cetoacidose
metabólica, aumento de concentração de íons hidrogênio, diminuição do ph
sanguíneo, quadro de cetanúria e eliminação de proteína pela urina
(proteonúria).

Paciente não dependente de insulina – diferente do tipo I, perfil do tipo II é de


obesidade. Nesse caso, há glicose e há insulina, no entanto há um defeito na
quantidade de hormônio produzido ou nos receptores de membrana, por isso o
indivíduo tende a engordar, pois o corpo entende que o sinal é para armazenar
mais e mais da glicose presente.

Obs.: A atividade física é importante para o diabético, pois aumenta a


permeabilidade da célula, facilitando a captação de glicose.
METABOLISMO DO EXERCÍCIO

O tecido muscular atua em condições aeróbicas e anaeróbicas, pois possuem


fibras brancas e vermelhas.
A adrenalina comanda o exercício físico, aumentando a captação de glicose
para o musculo e a glicogenólise.
Durante o exercício, a demanda energética é maior.
A adrenalina também atua sobre o coração, aumentando a frequência cardíaca,
bem como sobre o pulmão, aumentando as trocas gasosas (maior
disponibilidade de oxigênio, mais energia por mais tempo).

Sistema ATP-CP: fermentação aláctica/condições anaeróbicas/geração rápida de


energia, mas em pouca quantidade.
Fatores limitantes – pouca creatina fosfato, pouco ATP, pouco tempo disponível
(explosão)

Fermentação láctica: também é um metabolismo anaeróbico.


Glicose – pirutato - lactato
Menos energia por menos tempo, mas gerada rapidamente. A fadiga muscular
se dá em razão da maior concentração de íons de hidrogênio que precisam ser
removidos, e essa fadiga ocorre porque esses íons não
conseguem entrar no citoplasma (acidose metabólica – para o funcionamento
da mitocôndria).
A presença do ácido lático inibe a atuação da enzima lipase, que é responsável
pela quebra da gordura, porque os ácidos graxos só são metabolizados em
condições aeróbicas e o fluxo de oxigênio está baixo. Como os ácidos graxos
possuem baixa solubilidade em água, poderiam gerar entupimento.

Fibras vermelha – condições aeróbicas.

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