Você está na página 1de 41

BOAS PRÁTICAS DOCENTES

NO ENSINO DA MATEMÁTICA
Nilma Santos Fontanive
Ruben Klein
Suely Rodrigues
INTROUÇÃO

O Projeto Boas Práticas no Ensino da


Matemática pesquisou práticas e
comportamentos docentes considerados
exemplares no ensino da Matemática em
uma amostra de professores de Matemática
do Quadro do Magistério da Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo no
Processo de Promoção.
INTRODUÇÃO

O estudo realizado no Brasil se insere em


uma linha de pesquisa internacional sobre a
efetividade docente e contribui para
aumentar o conhecimento sobre o que é ser
um bom professor.
OS PRODUTOS

Os resultados da pesquisa deram origem a:

 Edição Especial da revista NOVA ESCOLA;

Um vídeo educativo, de 1h12min, com


exemplos de professores desempenhando
práticas consideradas exemplares.

Foram isoladas 12 boas práticas docentes no


ensino da Matemática.
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

A qualidade docente compreende vários


aspectos que fazem um professor ser
“bom”. Entre eles, Goe (2007) inclui: a
qualificação, a formação, a capacidade, a
expertise, o caráter, a performance e o
sucesso profissional.
Processos
Qualificações docentes
Educação, certificação, Prática docente
credenciais, escores em testes, (qualidade do ensino)
experiência Práticas de dentro e fora da sala de aula
Inputs (influenciadas pela escola e pelo contexto da
sala de aula), planejamento e desenvolvimento
Características dos professores da instrução, gestão da sala de aula, interações
com os estudantes.
Atitudes, atributos, crenças,
autoeficácia, raça e gênero

Qualidade docente

Desempenho dos estudantes nos testes


(considerado como indicador da qualidade docente)

Resultados

Desempenho dos estudantes Efetividade docente


(Prognóstico) Empiricamente definida usando medidas de valor
Desempenho dos estudantes (atual) agregado, rankeamento de professores pela
= diferença entre os ganhos reais dos alunos e os
Ganho dos estudantes nos escores prognosticados
METODOLOGIA

O trabalho de investigação realizado com


alunos e professores das escolas estaduais
de São Paulo pôde ser conduzido graças à
existência no Brasil de condições favoráveis
de pesquisa com os dados obtidos nas
avaliações nacionais a partir de 1995, que,
ao descrever escalas de proficiências
invariantes, permitiram comparar os
desempenhos dos alunos brasileiros e
acompanhar sua evolução ao longo do
tempo.
METODOLOGIA

Etapas iniciais de desenvolvimento da


pesquisa:

1º Identificação de professores com bom


desempenho no Processo de Promoção por
Merecimento em 2010.

2º Análise do desempenho das turmas


dos professores no Saresp 2008, 2009 ou
2010.
SELEÇÃO DOS PROFESSORES

Os participantes da pesquisa foram


selecionados com base no estudo do
cadastro de 11.997 professores, que se
inscreveram no Processo de Promoção por
Merecimento e compareceram à prova.
Preliminarmente, fez-se um estudo com os
650 professores que atendiam ao primeiro
critério para identificar aqueles cujas
turmas apresentaram bom desempenho nas
edições de 2008, 2009 e 2010 do Saresp.
SELEÇÃO DOS PROFESSORES

Com essa identificação, foram escolhidos


aproximadamente 100 professores com o
melhor desempenho na prova e cujas
turmas do 2º segmento do EF e/ou do EM
tiveram as melhores médias ou, pelo
menos, 5 pontos acima da média estadual
(segundo critério para seleção dos
professores).
SELEÇÃO DOS PROFESSORES

Foram escolhidos mais 20 professores para


reserva técnica.

Os sujeitos da pesquisa formaram,


inicialmente, um grupo de 120 professores.
SUJEITOS DA PESQUISA

Os 68 professores que aceitaram participar


do estudo assinaram uma autorização de
cessão de imagem e de voz.
PESQUISADORES DE CAMPO

Seleção de dez mestrandos e doutorandos


em Matemática matriculados nas
universidades Uniban, UFSCAR, Unicamp,
Unesp e Uniso.
Seminário de treinamento no dia 15 de abril
de 2011 em São Paulo:
Entrega e manuseio dos instrumentos de pesquisa;

Assinatura de um termo de responsabilidade por todo


o equipamento recebido e pelo sigilo das gravações.
PESQUISADORES DE CAMPO

A equipe de trabalho de campo recebeu instruções


sobre o preenchimento da ficha de observação e assistiu
a um vídeo explicativo sobre o uso da câmera e do tripé
e sobre o posicionamento ideal em sala de aula para
efetuar a gravação.
TRABALHO DE CAMPO

Início do trabalho de campo em maio de 2011.

Observação das aulas, preenchimento de fichas


e gravação em vídeo dos 68 professores da
Rede Estadual de São Paulo selecionados.

Foram gravadas 15 horas/aula de cada um dos


professores.

Término do trabalho de campo em novembro


de 2011.
FICHA DE OBSERVAÇÃO

A ficha de observação era composta de três


blocos de variáveis, categorizadas como:

 Condições da Sala de Aula – As condições das


instalações físicas da sala de aula e os recursos à
disposição de alunos e professores em sala.
FICHA DE OBSERVAÇÃO

 Estrutura da Aula – Forma como a aula é


conduzida pelo professor desde o momento em
que ele entra em sala de aula, compreendendo
questões acerca de suas atitudes com os alunos,
o tipo de aula e a forma como ela é ministrada.

 Clima de Sala de Aula – Relacionamento do


professor com os alunos, sua movimentação em
sala de aula e o engajamento dos alunos nas
atividades propostas.
GRAVAÇÃO DAS AULAS EM VÍDEO

Em geral, os pesquisadores foram


orientados a:

 Somente gravar aulas de Matemática do ensino


regular;

 Não agendar gravações para dias de avaliação ou em


que houvesse algum evento programado pela escola;

 Posicionar a câmera e o tripé no fundo da sala de


aula, acompanhando a movimentação do professor e
evitando ao máximo gravar os alunos de frente.
GRAVAÇÃO DAS AULAS EM VÍDEO

Todos os DVDs receberam o mesmo código


de identificação das fichas de observação,
possibilitando relacionar a aula gravada com
os dados da ficha.

Ao final da fase de trabalho de campo, a


coordenação havia recebido 1.035
horas/aula gravadas em DVD.
ANÁLISE DOS VÍDEOS

Contratação de cinco docentes especialistas no


ensino da Matemática para a seleção de
exemplos das melhores práticas.
Cada docente analisou cerca de 200 horas/aula
ao longo de três meses.
A primeira seleção feita pelos docentes resultou
em um vídeo de 40 horas.
Os coordenadores da pesquisa analisaram as 40
horas e selecionaram 18 horas.
PAINEL DE ESPECIALISTAS

Realizado nos dias 10 e 11 de fevereiro de


2012 para a seleção das melhores práticas
para compor os produtos finais do projeto.

O painel teve duração 2 dias (oito horas/dia)


e contou com a participação de:
 Coordenadores do Projeto;
 Docentes Especialistas no ensino da Matemática
responsáveis pela análise e seleção dos vídeos;
 Representantes da Fundação Victor Civita e da SEE-
SP.
PAINEL DE ESPECIALISTAS

Os vídeos (trechos de aulas) e suas


respectivas categorias, eleitas pelo Painel de
Especialistas, exemplificam boas práticas
docentes no ensino da Matemática e
orientaram a composição do próprio
roteiro.
BOAS PRÁTICAS DOCENTES NO ENSINO DA
MATEMÁTICA

As categorias selecionadas pelo Painel de


Especialistas deram origem a 12 Boas
Práticas Docentes, que são apresentadas no
Vídeo Educativo de aproximadamente
1h12min.

O roteiro do vídeo foi elaborado por Nilma


Santos Fontanive e apresentado pela
jornalista Leilane Neubarth.
DOMINAR O CONTEÚDO E EMPREGAR
CORRETAMENTE A LINGUAGEM MATEMÁTICA

A primeira condição para ensinar bem é o


professor conhecer o objeto do ensino. Não
basta que ele saiba apenas o conteúdo que
irá apresentar.

É preciso ir além, conhecer diversos


conceitos matemáticos, bem como utilizar a
linguagem específica dessa área do
conhecimento em suas aulas.
ESTRUTURAR A AULA

Apresentar os objetivos
É importante que os estudantes saibam o que está
sendo esperado deles e, portanto, é interessante
que o professor apresente os objetivos que
pretende alcançar.

Retomar o conteúdo ensinado


É fundamental que, ao introduzir novos conteúdos,
o docente retome o que foi ensinado para que a
turma possa utilizar o que já sabe e assim construir
um novo conhecimento.
CONTEXTUALIZAR O CONTEÚDO

É importante contextualizar o conteúdo a


ser apresentado para que os alunos
atribuam sentido ao que estão aprendendo.
O professor pode também aproveitar os
momentos de correção de problemas para
chamar a atenção dos alunos.

O professor deve estimular os alunos a


analisar a validade dos resultados
encontrados.
RESPEITAR O TEMPO DE APRENDIZAGEM

É essencial que o professor reserve um


tempo para que os alunos pensem sobre o
desafio proposto.
Isso quer dizer que eles precisam ter espaço
para pensar, ensaiar, errar e comparar seu
procedimento com o dos colegas.

O professor precisa conter a ansiedade de


certos alunos em apresentar a resposta
correta.
USAR O ERRO A FAVOR DA APRENDIZAGEM

Errar faz parte de todo e qualquer processo


de aprendizagem. Os erros podem ser
fontes de progresso desde que
problematizados pelos professores.

O papel do professor, portanto, é levar os


alunos a refletir sobre o que não sabem
ainda e assim aproximá-los do nível
esperado.
PROMOVER O USO DE ESTIMATIVA

É comum os alunos apresentarem


dificuldades em estimar medidas de
grandezas.
Aprender que a matemática não é feita só
de resultados exatos, mas também da
elaboração de argumentos, aproximações,
raciocínios e justificativas.
Também é importante levá-los a analisar a
validade das respostas obtidas.
COMUNICAR O CONTEÚDO COM CLAREZA

Nas aulas observadas durante a pesquisa,


foi constatado que os professores utilizam
com muita frequência a exposição oral do
conteúdo com o auxílio do quadro ou do
projetor.

Essa é uma técnica didática que requer uma


boa fluência verbal, um bom tom de voz e
um ótimo controle da turma.
UTILIZAR BEM O QUADRO E OS RECURSOS
TECNOLÓGICOS

Alguns professores acompanhados pela


pesquisa mostraram um bom domínio do
quadro.

Em algumas aulas observadas, os


professores também utilizaram recursos
tecnológicos como apoio para trabalhar
conceitos e discutir a produção dos alunos.
PROMOVER RELAÇÕES ENTRE OS
PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS

É importante que os alunos generalizem


conteúdos com base em um problema
particular, discutindo com os colegas e o
professor como duas ou mais ideias estão
relacionadas.
O docente deve propor situações para que
os estudantes analisem por que
determinado procedimento é adequado a
uma situação e não a outra e por que uma
solução é ou não verdadeira.
INTERAGIR COM OS ALUNOS

Ouvir os estudantes e considerar seus


conhecimentos para planejar o ensino é um
dos comportamentos docentes que têm
efeitos positivos na sala de aula.

Também é fato que as expectativas positivas


do professor em relação a cada aluno,
acreditando que ele pode ter um bom
desempenho, aumentam a aprendizagem.
PROMOVER A INTERAÇÃO ENTRE OS ALUNOS

O trabalho em grupos favorece:

 A troca e a negociação de ideias entre os pares;

 Estimula o uso de argumentação,


fundamentação e justificativa para convencer o
outro.
PROPOR E CORRIGIR A LIÇÃO DE CASA

Estudar não é um comportamento nato,


portanto o professor precisa ensinar a turma a
realizar essa tarefa.
As tarefas encaminhadas como lição de casa
devem sempre ser retomadas pelo professor
em sala de diferentes maneiras, como:
 Corrigir a tarefa de cada estudante e deixar recados
para que eles avancem.
 Selecionar previamente a resolução de alguns
exercícios feitos pelos alunos para um debate coletivo
em função do que o professor deseja reforçar.
CONCLUSÕES

O uso excessivo do ensino frontal e a


frequência de escrita no quadro – de costas
para a turma – são práticas que devem ser
revistas nos programas de formação inicial e
continuada de professores.
Observou-se também muita indisciplina
entre os alunos. Com frequência, eles se
levantam, circulam livremente pela sala,
sem nenhuma censura ou postura crítica
dos professores.
CONCLUSÕES

Constata-se, mesmo entre um grupo seleto


de professores, um padrão tradicionalista de
ministrar o ensino: aulas basicamente
expositivas e tendo como recurso o quadro
ou o projetor de slides.
Poucos foram os docentes que utilizaram
outros recursos didáticos, como jogos e
softwares gratuitos, como o GeoGebra e o
WinPlot.
CONCLUSÕES

Nas situações em que esses recursos foram


utilizados, observaram-se bastante a
atenção e a participação dos alunos.

Um dos méritos do estudo foi trazer


exemplos de professores brasileiros
desempenhando práticas recomendadas na
literatura internacional como sendo eficazes
no ensino da Matemática.
CONCLUSÕES

A equipe também está convencida de que o


material apresentado pode ser útil a todos
os interessados em formar e/ou melhorar a
prática dos docentes de Matemática.
RECOMENDAÇÕES

Sugere-se que a pesquisa possa ser


reproduzida em outras áreas curriculares,
como Língua Portuguesa e Ciências.

Na área de Matemática, talvez fosse


interessante promover o estudo com
docentes de outros estados brasileiros,
visando, sobretudo, investigar se há
diferenças nas práticas de sala de aula de
professores das outras regiões do país.
www.cesgranrio.org.br

Para mais informações sobre este e outros


Estudos e Pesquisas da Fundação Victor Civita, acesse:
www.fvc.org.br/estudos

Você também pode gostar