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Universidade Federal de Uberlândia

Escola Técnica de Saúde


Curso Técnico em Análises Clínicas
Urinálise e Espermograma I

Exame Químico da Urina

Profa. Dra. Deisy Vivian de Resende


deisy@ufu.br
Exame químico da urina

- Realizado por meio de tiras reativas

v Várias marcas no mercado (preferência do laboratório)

v Análise de múltiplos parâmetros, método simples e rápido

v Pequenos quadriculados de papel absorvente impregnados com


substâncias químicas

v Urina: reação química comparação com tabela de


cores
Exame químico da urina

- Análises bioquímicas clinicamente importantes:

v pH
v Proteínas
v Glicose
v Cetonas
v Sangue
v Bilirrubina
v Urobilinogênio
v Nitrito
v Densidade (gravidade específica)
v Esterase leucocitária (leucócitos)
Exame químico da urina
Exame químico da urina
Exame químico da urina

- Técnica das Tiras reativas:

- Ambiente bem iluminado

- Homogeneizar bem a urina não centrifugada e à t ambiente

- Submergir completamente todas as partes da fita

- Retirar imediatamente a fita do recipiente com a amostra

- Eliminar o excesso de urina em papel absorvente

- Aguardar o tempo recomendado para a reação (até 120s para EL)

- Comparar a cor das almofadas da tira com a tabela de cores fornecida


pelo fabricante
Exame químico da urina

- Tiras reativas:
Exame químico da urina

- Cuidados com as tiras reativas:

- Mantê-las em recipiente próprio, opaco e com dessecante

- Mantê-las à temperatura ambiente (abaixo de 30°C)

- Retirar pequenas quantidades no momento do uso

- Não utilizar após a data de vencimento

- Utilizar controles positivo e negativo, uma vez


a cada 24h
Exame químico da urina – Fontes de erro

- Não observar as mudanças de cor em tempo apropriado

- Analisar as fitas em ambiente inapropriado (sem luz adequada)

- Realizar o teste em amostra refrigerada

- Realizar o teste em amostra centrifugada

- Realizar o teste em amostra não homogeneizada (falso negativo


para sangue ou leucócitos)
Exame químico da urina

pH urinário

- Os rins auxiliam no controle do pH sanguíneo produzindo urina ácida ou


básica

- Auxílio renal para a manutenção do pH sanguíneo:

- Secreção de íons H+, de ácidos e de amônia


- Reabsorção de íons HC03-

- Variações ao longo do dia: 5,5 a 8


(pH=9 indica urina mal preservada)

- Urina matutina: 5 a 6 (sono → ↓ ventilação pulmonar, acidose respiratória)


Exame químico da urina

Equilíbrio ácido-básico do organismo

- Sistemas de controle:

Ø Tampões ácido-básicos:

- Presentes em todos os líquidos corporais


- Ação imediata
- Se associam a um ácido ou a uma base, impedindo as mudanças na concentração de
íons H+
- O mais importante: tampão bicarbonato Ação renal

Ação pulmonar
Exame químico da urina

pH urinário

- URINA ÁCIDA:

- Ex: dieta proteica, acidose metabólica (diabetes não controlada,


diarreias graves) ou respiratória (asma, bronquite, enfisema pulmonar –
retenção de C02)
Acidose metabólica e pH urinário

- Queda do pH sanguíneo por ↓ de íons HC03- ou aumento de íons H+ no sangue


- Diarreias prolongadas: perda de íons HC03-

- Cetoacidose diabética

Na tentativa de manter o pH sanguíneo:


Eliminação de corpos cetônicos e íons H+ pelos rins

Urina ácida
Exame químico da urina

pH urinário

- URINA BÁSICA (OU ALCALINA):

- Dieta rica em vegetais, alcalose respiratória (hiperventilação),


metabólica, urinas que sofreram fermentação (desdobramento da ureia
em amônia por bactérias urease positivas)

Importância analítica: hemácias e leucócitos lisam-se mais rapidamente


em urinas diluídas e alcalinas: teste químico (+) e sedimento (-)
Alcalose metabólica e pH urinário

- Aumento do pH sanguíneo e de íons HC03- no sangue


- Ingestão excessiva de substâncias alcalinas (antiácidos estomacais),
crises de vômito (alcalose hipoclorêmica)

Na tentativa de produzir mais ácido: Aumento do pH sanguíneo


Aumento de íons HC03- Urina básica
Dieta e pH urinário

- O tipo de dieta pode afetar o equilíbrio acidobásico do organismo

- Metabolização de proteínas aminoácidos liberação de íons H+

- Metabolização de vegetais. Sais de potássio absorvem íons H+

Dieta rica em proteínas: urina ácida

Dieta vegetariana: urina básica


Exame químico da urina

Alterações no pH urinário
Condição pH

Dieta rica em carne

Dieta vegetariana

ITU

Vômito

Urina mal preservada

Cetoacidose diabética
Exame químico da urina

pH urinário

- Útil na determinação de cristais no sedimento

pH ácido pH alcalino
Urato amorfo Fosfato amorfo
Ácido úrico Fosfato triplo

Cristais amorfos Cristais de ácido úrico Cristais de fosfato triplo


Exame químico da urina

Densidade – Gravidade Específica

- Sofre grande influência do estado de hidratação do paciente

- Dar preferência à refratometria

- Valor de referência: 1,010 a 1,030 g/ml ou g/cm3

Importância analítica: hemácias e leucócitos tendem a sofrer lise em


urinas muito diluídas – teste (+) e sedimento (-)
Exame químico da urina

Densidade – Significado Clínico

- Estado de hidratação do indivíduo

- Diarreia, vômito, sudorese profusa: alta

- Ingestão de gde quantidade de líquidos: baixa

- Diabetes insipidus × Diabetes mellitus


Diabetes insipidus Diabetes mellitus

Poliúria + +
Polidipsia + +
Densidade urinária ↓ ↑
Glicosúria - +
Exame químico da urina - Proteinúria

Proteínas (proteinúria)

Excreção diária de proteínas na urina:

- Adulto: em torno de 150mg/24h

Albumina

Proteínas plasmáticas de baixo peso molecular: cadeias leves de Igs

Proteínas secretadas pelos túbulos renais: Tamm-Horsfall

Não detectadas pela fita reagente


Exame químico da urina

Proteínas (proteinúria)

- Dos exames químicos, é o mais indicativo de doença renal

- Em amostra aleatória, nem sempre é sinal de doença: exercícios


extenuantes, febre, estresse, desidratação e exposição ao frio,
ortostática (proteinúria benigna)

- Sua presença requer exames adicionais, como a dosagem de proteínas


em urina de 24h

- As fitas reativas detectam principalmente albumina


Exame químico da urina - Proteinúria

Membrana de filtração: Mecanismos de proteinúria:

1. Endótelio capilar 1. Aumento na produção de proteínas


2. Membrana basal plasmáticas
3. Podócitos 2. Lesão da membrana de filtração
3. Dano tubular e inibição da
reabsorção
4. Infecções – do trato urinário,
prostática, vaginal, etc

Pré-renal Renal Pós-renal


Exame químico da urina

Significado Clínico da Proteinúria

Pré-renal Renal Pós-renal


Proteína presente na urina após a sua
Causas Aumento de proteínas plasmáticas Dano glomerular ou tubular
formação

Associada à
Não Sim Não
doença renal?

Infecções/inflamações do trato urinário,


Condições Febre, convulsões, exercício intenso, Glomerulonefrites, lúpus eritematoso,
contaminação menstrual, fluido
exposição a frio/calor intenso, mieloma nefropatia diabética, lesão dos túbulos por
clínicas múltiplo (Bence Jones), etc metais pesados, etc
prostático/espermatozóides, secreções
vaginais
Exame químico da urina

Glicose (glicosúria)

- Glicosúria: depende do nível de glicose no sangue (160-180mg/dL),


filtração glomerular, reabsorção tubular

- Urina normal: quantidades mínimas de glicose


(reabsorção no TCP)

- Valor de referência: negativo

- Importante no monitoramento do diabetes mellitus

- Estar atento quanto à densidade e corpos cetônicos


Exame químico da urina

Glicose (glicosúria)

- Urina normal: quantidades mínimas de glicose (reabsorção no TCP)

- Valor de referência: negativo

- Importante no monitoramento do diabetes mellitus

- Glicosúria sem hiperglicemia: distúrbio na reabsorção de glicose pelo


TCP (glicosúria renal) – causa genética
Exame químico da urina

Corpos cetônicos (cetonúria)


- Acetona, ácidos diacético e beta-hidroxibutírico (metabolismo das
gorduras) – exame deve ser realizado o mais rápido possível

- Valor de referência: negativo

- Patologias: diabetes descompensado (incapacidade de metabolizar os


carboidratos, aumento da lipólise)

- Vômito (perda de carboidratos)

- Carência alimentar
Exame químico da urina

Sangue (hematúria)

- Pode indicar ITU, litíase renal, doença renal, tumores

- Sangue: hemácias íntegras (hematúria), hemoglobina (hemoglobinúria)


ou mioglobina

- Hemoglobinúria: presença de Hb livre na urina

- Mioglobinúria: presença de mioglobina na urina


Mioglobina: presente no músculo estriado (cardíaco e esquelético)
Exame químico da urina
Sangue

- Hematúria: ITU, cálculos renais, tumores, traumatismos, doenças


glomerulares, exercício físico extenuante, menstruação

- Hemoglobinúria: lise de glóbulos vermelhos em urina alcalina e


diluída, amostras mal preservadas (falsas hemoglobinúrias),
reações transfusionais, queimaduras graves, anemias hemolíticas
autoimunes (hemoglobinúrias verdadeiras)

- Mioglobinúria: trauma muscular, esforço muscular intenso,


infarto agudo do miocárdio, convulsões, etc
(Obs: urina+ para sangue, mas – para hemácias)
Exame químico da urina

Sangue

- Exame microscópico: diferença entre hematúria (urina turva) e


hemoglobinúria/mioglobinúria (urina límpida)
Exame químico da urina

Sangue (hematúria)

- Valor de referência: negativo

- Homogeneizar bem a urina no momento do teste!

Hemácias íntegras que se hemolisaram ao entrarem em contato com a tira

Hb livre: padrão homogêneo


Exame químico da urina

Hematúria

Urinas alcalinas e diluídas (d≤1,007): lise de hemácias e liberação da Hb


Exame químico da urina

Bilirrubina (bilirrubinúria)

- Produto de degradação da hemoglobina por macrófagos (baço, fígado,


medula óssea)

(<1mg/dL é excretado na urina)

10 a 15%

- Bb não é encontrada normalmente na urina

http://highered.mcgraw-hill.com/sites/0072495855/student_view0/chapter21/animation__hemoglobin_breakdown.html
Exame químico da urina

Fluxo da Bile

Canalículos biliares Ductos biliares Vesícula biliar


Duodeno

Excreção de Bb para o canalículo requer alta E: maior comprometimento quando o


hepatócito está lesado (regurgitação para o sangue)
Exame químico da urina

Urobilinogênio
Circulação

10%
85% io
ê n
nog
ili
rob 5%
u
urina

fezes <1mg/dL

Urobilinogênio absorvido no intestino: Transformação em bilirrubina pelo fígado e excreção pela bile (maior parte)
Filtração pelos rins (urina)
Exame químico da urina

Bilirrubina (bilirrubinúria)

- A bilirrubina (conjugada) aparece na urina quando seu ciclo de


degradação é perturbado por obstrução do ducto biliar (cálculos
biliares, câncer) ou hepatites, cirrose

- Valor de referência: negativo

- Urina amarelo-escura ou âmbar


(colúria)
Exame químico da urina

Cálculos biliares

Bilirrubina na urina (colúria)/


Urobilinogênio ausente (hipocolia
ou acolia fecal)
Exame químico da urina

Urobilinogênio

- Pigmento resultante da degradação de hemoglobina

- Produzido no intestino grosso (ação de bactérias sobre a bilirrubina)

- Valor de referência: <1mg/dL


Exame químico da urina

Urobilinogênio
- Sua presença aumentada na urina relaciona-se com hepatopatias
(como hepatites e cirrose), carcinoma

Incapacidade hepática de processar o


urobilinogênio

Urobilinogênio em excesso na circulação

Filtração pelos rins

Presença na urina
Exame químico da urina

Urobilinogênio
Circulação

10%
85% io
ê n
nog
ili
rob 5%
u
urina

fezes <1mg/dL

Urobilinogênio absorvido no intestino: Transformação em bilirrubina pelo fígado e excreção pela bile (maior parte)
Filtração pelos rins (urina)
Exame químico da urina

- E com doenças hemolíticas

Aumento de bilirrubina não-conjugada no sangue

Aumento de bilirrubina conjugada (fígado)

Aumento da produção de urobilinogênio no


intestino

Maior quantidade de urobilinogênio excretado pelos rins


Exame químico da urina
Exame químico da urina

Nitrito
- Baseia-se na capacidade de certas bactérias de reduzir o nitrato
(presente normalmente na urina) em nitrito (E. coli, Proteus, Klebsiella,
Pseudomonas, dentre outras) – bactérias nitrato redutase positivas

- Valor de referência: negativo

- Teste de triagem rápida para detecção de ITU (bacteriúria)

- Patologias: cistite, pielonefrite; ou sucesso da antibioticoterapia,


exame periódico de indivíduos com infecção recorrente
Exame químico da urina

Nitrito

- Bactérias gram-positivas e leveduras causam um número significativo de


infecções, porém o teste de nitrito é geralmente negativo

- Falso-negativo: ácido ascórbico ≥ 25mg/dL, pH<6, dieta sem vegetais


(falta de nitrato), urina muito diluída (ou a menos de 4h armazenada na
bexiga), bactérias que não possuem nitrato redutase

- Falso positivo: proliferação bacteriana em amostra mantida à t ambiente


por mais de 2h

- Nitrito positivo pode vir acompanhado


de uma reação positiva para esterase
leucocitária
Exame químico da urina

Esterase leucocitária

- Teste baseia-se na presença de esterases em granulócitos (neutrófilos,


eosinófilos, basófilos) e monócitos
Vantagens: - indica possível infecção ou inflamação do trato urinário
(litíase, tumores)
- detecta leucócitos lisados (não apareceriam no
exame microscópico)

- Valor de referência: negativo


Exame químico da urina

Esterase leucocitária

- Fita positiva e sedimento negativo: lise dos leucócitos (urina


muito alcalina e diluída), presença de agentes oxidantes, formol

- Fita negativa e sedimento positivo: glicose, proteínas, ácido


oxálico e ascórbico, crenação de leucócitos, etc
Exame químico da urina – Correlação com outros testes

Testes Correlação

pH Microscopia
Nitrito

Proteína Sangue, leucócitos, nitrito

Glicose Corpos cetônicos

Corpos cetônicos Glicose

Sangue Proteínas
Microscopia
Bilirrubina Urobilinogênio

Nitrito Proteínas, leucócitos,


microscopia
Leucócitos Nitrito, proteínas,
microscopia
Exame químico da urina – Principais interferentes

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