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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


VESPASIANO/MG

Processo nº 0026695-59.2020.8.13.0290

CHRISTOPHER RAMIS SOUSA, já qualificado nos autos em epigrafe, por seu


procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., manifestar e requerer
ao final.

I) Dos fatos

O requerente foi preso no dia 17 de junho de 2020 em flagrante delito pela suposta
pratica de crime de roubo.

O requere foi recolhido no CERESP Gameleira e, logo após, encaminhado ao Presidio


de Pedro Leopoldo e assim permanece desde então, sem que houvesse qualquer manifestação
do magistrado sobre a liberdade do requerente, ou fundamentos que justificassem sua
segregação.

II) Do Direito

Há um entendimento recente no STJ, onde, é uma obrigação do magistrado que


decretou tal medida, revisar de oficio a prisão preventiva a cada 90 dias.

Tal inovação, apresentada pela Lei 13.964/2019, atribui expressamente ao órgão


emissor o dever de revisa-la a cada 90 dias de oficio, o que não foi realizado pelo magistrado.

O Código de Processo Penal, com redação dada por tal lei, discorre:

Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão
preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor da
decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa)
dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a
prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019).

Assim, é uma medida positiva, de contenção do poder punitivo estatal, estabelecer um


dever de cautela, sob pena de a prisão ser considerada ilegal.

De tal modo, não subsistem motivos ensejadores para a prisão preventiva do


requerente, visto que, além dos problemas médicos já demonstrados nos autos, enquadrando
o requerente no grupo de risco do COVID-19, o mesmo possui residência fixa, residindo com
sua genitora na mesma comarca há vários anos, não havendo, atualmente, indícios de
qualquer quebra das garantias.

Assim, superado tais 90 dias, o julgador deve analisar a necessidade da manutenção,


com novos argumentos fundamentados, sem prejuízo da aplicação de outras medidas
cautelares e eventualmente necessárias, caso contrário, é completamente desproporcional e
inadmissível tal prisão preventiva.

III) Dos pedidos

Ante o exposto, requer:

a) A manifestação de V. Exa. sobre tal revisão da manutenção da prisão


preventiva;
b) Caso não haja motivos para tal manutenção, o relaxamento da prisão
preventiva com a expedição do devido alvará de soltura;
c) Subsidiariamente, caso V. Exa. entenda, que substitua a prisão preventiva por
medida cautelar diversa.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Belo Horizonte, 18 de setembro de 2020.

ANDRÉ FERREIRA DE OLIVEIRA


OAB/MG 198.647

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