Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Rodolfo Mazula
Aspectos Quantitativos
Pressão Arterial
É a medida indireta de pressão que se propaga através de uma árvore arterial, devido
a contrações cardíacas.
São ouvidos à medida que se desinsufla o manguito do esfigmo insuflado até 20mmHg
acima da pressão que faz desaparecer o pulso radial. É dividido em cinco fases:
ERROS COMUNS: Braço abaixo do coração: valor elevado, braço acima do coração: valor baixo,
falta de apoio para as costas: elevação da PA, arritimia: variação da PA (utilizar média das
medidas)
Classificação da PA
Sistólica Diastólica
Ideal <120 <80
Normal <130 <85
Normal-alta 130-139 85-89
Hipertensão I 140-159 90-99
Hipertensão II 160-179 100-109
Hipertensão III >180 >110
Nível de Corte: É o nível a partir do qual uma pessoa é considerada hipertensa. Hoje se
trabalha com o corte maior ou igual a 140x90mmHg.
Algumas pessoas mantém níveis pressóricos baixos, em torno de 90x60mmHg que são
normais para elas. Essas pessoas queixam-se de fraqueza persistente.
Pulso
Frequência Respiratória
Temperatura
Peso
Altura
IMC
Peso/(altura)²
Circunferências
Aspectos Qualitativos
Avaliação do Estado Geral do Paciente
É a coloração azulada na pele e das mucosas que aparece sempre que ocorre
aumento da concentração de Hb reduzida, portanto não ligada ao oxigênio
É observada nos lábios e na região perioral, na orelha.
É diferenciada em central e periférica: na central, o sangue arterial
proveniente das câmaras esquerdas foi inadequadamente oxigenado, como
em cardiopatias congênitas, edema pulmonar, pneumonias e DPOC. As unhas
são azuladas e a pele é quente. Na periférica, a dessaturação da Hb ocorre nos
capilares, por diminuição do fluxo sanguíneo devido a alteração do débito
cardíaco ou vasoconstrição. As extremidades são frias e unhas pálidas.
Quando o paciente não está com cianose ele está acianótico.
Quando o paciente está com cianose ele pode ser classificado de + a ++++ de
acordo com a intensidade.
_____________________________________________________________________________
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Inspeção Estática
Analiza-se a morfologia do tórax: quando for normal pode ser normolíneo,
longilíneo e brevelíneo. Quando for anormal pode ser anormalidade do
esterno, das costelas e das vértebras.
Tórax em Tonel ou Globoso: aumento exagerado do diâmetro
anteroposterior, abaulamento da coluna dorsal. É observado em pacientes
com efisema ou em idosos.
Tórax Infundibuliforme (pectus excavatum): depressão na parte inferior do
esterno e região epigástrixa. Em geral é de natureza congênita.
Tórax Cariniforme (pectus carinatum): o esterno é proeminente e as costelas
horizontalizadas, resultando num tórax parecido com o de aves. Pode ser
congênita ou adquirida em casos de raquitismo.
Tórax Cônico ou em Sino: tem sua parte inferior exageradamente alargada.
Encontrado em hepatoesplenomegalias e ascites.
Tórax Cifótico: curvatura da coluna dorsal, formando gibosidade. Pode ser
congênita ou resultar de má postura.
Tórax Escoliótico: desvio da coluna para o lado.
Inspeção Dinâmica
Padrões Respiratórios
Palpação
Possui as seguintes finalidades: caracterização de lesões de pele detectadas na
inspeção, pesquisa de edema (generalizado ou localizado), avaliação da expansibilidade
torácica e pesquisa do frêmito toracovocal conclusão de doenças pulmonares.
Expansibilidade Torácica
Sensação vibratória percebida pela palma da mão quando o paciente emite o som 33.
Quando o tecido pulmonar normal e cheio de ar sofre consolidação, os sons
transmitidos para a parede torácica, através da árvore brônquica é percebido na mão
do examinador.
A pesquisa do FTV é importante na diferenciação entre derrame pleural e
condensações pulmonares: nos derrames pleurais o líquido interpõe-se entre o
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
parênquima pulmonar e parede torácica de modo a abafar a vibração sonora. A
consequência é um FTV diminuído ou abolido. Nas condensações pulmonares, o FTV
apresenta-se aumentado, quando o brônquio está permeável, uma vez que a
consolidação do parênquima facilita a transmissão da voz, como por exemplo na
pneumonia. Com o brônquio ocluído, como em atelectasias, há diminuição ou abolição
do FTV.
Frêmito brônquico e pleural: o brônquio é o equivalente tátil dos estertores e o
pleural é a sensação tátil do ruído de atrito provocado pelas superfícies das pleuras.
Percussão
Ausculta
Solicitar que o paciente respire pausadamente em incursões de média amplitude, sem
produzir sons, enquanto coloca o estetoscópio sobre o tórax.
Os sons produzidos por uma pessoa normal denomina-se sons respiratórios normais.
Nas pessoas com doenças respiratórias, os sons são chamados de sons adventícios
respiratórios/pulmonares. Ao perceber alterações, pede-se para tossir, inspirar
profundamente ou pigarrear.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Murmúrio Vesicular: som normal audível através da parede torácica. Ele pode estar
ausente ou diminuído, nunca aumentado.
Som Traqueal: sons de caráter tubular audível quando se aplica o estetoscópio na
região da laringe ou logo acima da fúrcula esternal, enquanto o paciente respira
normalmente.
Som Brônquico: provoca som semelhante ao som traqueal, porém mais suave e
menos intenso. A presença dessa respiração em regiões periféricas do pulmão é sinal
de anormalidade, podendo estar associada a aumento da densidade do parênquima
pulmonar como na pneumonia.
Sons Adventícios
Roncos e sibilos: os roncos são constituídos por sons graves e os sibilos são agudos.
Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há
estreitamento desses ductos seja por espasmo ou edema da parede, ou secreção
aderida a ela, como na asma brônquica, bronquite e obstruções. Predominam na
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
expiração. Quando os sibilos são localizados indicam semiobstruções por neoplasia ou
corpos estranhos.
Estridor: é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia. Com a
respiração forçada, o som é intensificado.
Sopros: quando os pulmões perdem sua textura normal como nas pneumonias
bacterianas, nas grandes cavernas da tuberculose.
Outros Sons
Atrito pleural: quando ocorre um processo inflamtório das pleuras, sua superfície se
torna irregular, podendo gerar vibração sonora.
Cornagem: som característico de estenose de vias aéreas superiores; pode-se ouvir o
som pela simples aproximação com o paciente.
Tosse
É um reflexo que existe no ser humano para expelir muco e materiais aspirados da
árvore traqueobrônquica e dos pulmões.
A tosse normal é acionada só no momento em que uma substância irritante estimula
os tecidos sensíveis.
A tosse anormal é um sintoma de doença em que algum estímulo provoca uma
resposta patológica. Muitas vezes essa tosse patológica não serve para proteger as
vias respiratórias e portanto é um simples sintoma.
O reflexo da tosse se dá em etapas. No início, a pessoa inala rápida e profundamente.
Logo a seguir, a glote é fechada e a pressão intrapleural devido à contração dos
músculos expiratórios. Por volta de 0,2 segundos depois a glote é aberta, acarretando
um fluxo de ar turbulento importante para expelir as secreções. Essas velocidades
altas de moléculas de ar também fazem os tecidos respiratórios vibrarem, produzindo
os sons característicos.
A tosse aguda é a presença do sintoma por menos de oito semanas e a crônica é a
presença do sintoma por mais de oito semanas. A tosse seca ou não produtiva é uma
tosse sem escarro e a tosse produtiva acompanha escarro.
História Clínica
Qualidade: a tosse é seca ou produtiva? Tosse produtiva sugere com maior probabilidade
bronquite crônica, asma, bronquiectasia, pneumonia ou abcesso do pulmão. Algumas drogas
como os inibidores da enzima de conversão utilizados no tratamento de HAS podem causar
tosse como efeito colateral.
Intensidade: a tosse é explosiva ou violenta? A tosse é muito intensa quando provocada por
aspiração de corpo estranho.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Ritmo e Duração: quando começou? Por quanto tempo duram os acessos? Aparecem com que
frequência? A duração facilita o diagnóstico porque as causas da tosse aguda muito diferente
das causas de tosse crônica.
Circunstâncias em que a tosse aparece: existem fatores ambientais? Atitudes pessoais? Uma
tosse que aparece ao paciente deitar-se pode ser provocado por sinusite, gotejamento pós-
nasal, asma, refluxo gastroesofágico.
Fatores atenuantes ou agravantes. Melhora à noite? Uma tosse que melhora à noite é muitas
vezes menos grave que uma provocada por asma. Uma tosse que se agrava com exercício
físico pode ser causada por asma.
Exame Físico
O diagnóstico diferencial é feito pelo perfil dos sintomas e sinais, além da resposta ao
tratamento.
O resfriado comum é caracterizado por sintomas e sinais referentes às fossas nasais
(rinorreia, espirros, obstrução nasal e gotejamento pós-nasal) com pouca ou nenhuma
febre, lacrimejamento, irritação da garganta e exame físico normal.
A coqueluche é difícil de ser diagnosticada mas o paciente tem tosse resulta em
náuseas e vômitos. A tosse varia podendo ser crônica ou aguda.
A sinusite bacteriana é diagnóstico provável se o paciente se queixa de dor na arcada
dentária superior, secreção nasal purulenta.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Investigações das causas de tosse crônica
Congestão Nasal
uma das queixas mais comuns em pacientes com infecção de vias aéreas superiores.
É a sensação de dificuldade para respirar com o nariz.
Ocorre quando, por algum motivo, há edema de mucosa ou quando há uma obstrução
mecânica das cavidades nasais, como por exemplo, pólipos ou um corpo estranho. O
edema é causado principalmente quando há alteração na permeabilidade vascular dos
sinusóides e vasos que irrigam a mucosa nasal. Processos inflamatórios provocados
por infecção viral, processos alérgicos, aspiração de irritantes e mudança brusca de
temperatura podem provocar o aumento da vascularidade vascular e edema.
A congestão nasal pode causar lacrimejamento, cefaleia e por obrigar o paciente a ter
a respiração bucal pode levar também a rouquidão e sensação de boca seca.
Pode vir acompanhada de rinorreia, que pode ser mucopurulenta, mucosa ou até
aquosa.
As doenças que mais causam congestão nasal são: infecção de vias aéreas superiores
(virais ou bacterianas), processos inflamatórios crônicos nasais (rinites). Outras causas
são o desvio de septo medial e pólipos. Em casos de sinusites também há congestão
nasal, muitas vezes acompanhada com mau cheiro.
Rouquidão
Disfagia
Cefaleia
Espirro
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Reflexo protetor destinado a expulsar partículas estranhas da mucosa nasal.
É comum em resfriados, rinites alérgicas.
Pode causar sangramento da mucosa nasal.
Rinorreia
Epistaxe
Lacrimejamento
Hemoptise
Sexo
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Mulheres: doenças pulmonares parenquimatosas difusas associadas às doenças do
tecido conjuntivo, sarcoidose.
Homem: pneumoconioses, doenças relacionadas ao tabaco, tuberculose, criptococose,
paracoccidioidomicose.
Cor da pele
Doenças e sintomas
Causas comuns de dor torácica: isquemia do miocárdio, pleurites, alterações
musculoesqueléticas, disfunções do esôfago e afecções pericárdicas.
Isquemia do miocárdio: quadro de angina do peito ou de infarto do miocárdio
Pleurites: dor torácica aguda, intensa e em pontada, tosse seca de timbre alto, febre e
dispneia. Área da dor é pequena e bem delimitada. Se a dor desaparecer e a dispneia
começar, indica que o derrame se instalou.
o Pleurite diafragmática: posição semissentada, comprimindo o hemitórax com
uma das mãos.
Infarto pulmonar: dor similar a pleurite e doença emboligênica concomitante.
Virose: dor difusa, geralmente retroesternal, exacerba com tosse seca.
Larigotraqueítes e traqueobranquites agudas: dor na laringe e na traqueia,
respectivamente.
Dor mediastínica: sensação dolorosa profunda, sem localização precisa, surda e mal
definida.
Dissecção aórtica aguda: dor lancinante, sensação de ruptura retroesternal.
Pericardite: dor independente do esforço, localizada, acompanha quadro infeccioso.
Posição de prece maometana.
Hipertensão da artéria pulmonar: dor similar à cardíaca, sem melhora com nitritos.
Esofagite: queimação retroesternal ao deitar.
Síndrome de Guillain-Barré e miastenia gravis: afeta função dos principais músculos
respiratórios.
Fibrose intersticial: espessamento da membrana alveolocapilar.
Coqueluche: manifesta no período perinatal, com tosse quintosa
Corpo estranho nas vias respiratórias: tosse seca, quase contínua, rebelde ao
tratamento. Passa a ser produtiva, tardiamente. Pode causar hemoptise. Sibilância
persistente, localizada ou unilateral.
Tromboembolismo: tosse improdutiva, mas pode ser acompanhada de expectoração
com traços de sangue.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Insuficiência ventricular esquerda: estertores finos. Tosse com secreção espumosa, de
coloração rósea.
Estenose mitral: tosse com secreção espumosa, de coloração rósea, hemoptise em
jovens.
Entubação traqueal, traqueostomia e indivíduos portadores de hérnia hiatal ou
acometidos de acidente vascular cerebral: tosse produtiva por aspiração de resíduos
gástricos.
Laringite crônica: tosse rouca.
Tuberculose pulmonar: expectoração com sangue desde o inicio da doença,
francamente purulenta e com aspecto numular, inodora. Sibilância.
o Fibroses residuais dos tuberculosos curados, com cavernas, são caracterizadas
por hemoptises em adultos.
Neoplasia: sibilância persistente, localizada ou unilateral.
Insuficiência cardíaca: respiração de Cheyne-Stokes.
Acidose: respiração de Kussmaul
Edema pulmonar agudo: tosse com secreção espumosa, de coloração rósea,
expectoração serosa, rica em espuma, ocasionalmente rósea.
Pleuropneumopatias: tosse reprimida, movimentos respiratórios assimétricos.
Pneumotórax espontâneo benigno: dor súbita, aguda e intensa, dispneia, tosse
reprimida. MV diminuído.
o Sopro no hipertensivo.
Hidrotórax: MV diminuído.
Pneumonias alveolares (bacterianas): iniciam na periferia do lobo, em contato com a
pleura parietal (dor igual a da pleurite). No inicio, não existe expectoração ou é
discreta. Após alguns dias, surge secreção abundante, amarelo-esverdeada, pegajosa e
densa. Pode haver escarro hemoptoico. Estertores finos.
o Gram-negativas: expectoração com aspecto de geleia de chocolate.
o Anaeróbias: hálito fétido e escarro pútrido (típica de abcesso pulmonar).
o Causam hemoptises em crianças.
o Batimentos da asa do nariz em pneumonias graves.
Asma brônquica aguda: aumenta carga de trabalho dos músculos respiratórios. Tosse
seca que não cede a medicação. Expectoração mucoide, viscosa marca o término da
crise, com pequenas formações solidas, brancas e arredondadas (escarro perolado).
Chiado indica crise. Timpanismo na crise, roncos e sibilos na ausculta.
DPOC: obstrução ao fluxo de ar. Expectoração apenas no tipo gordo, tórax em tonel.
Enfisema: destruição das paredes dos septos alveolares. Tosse mais seca. Tórax em
tonel em enfisematosos PP. A cúpula diafragmática retifica-se e se abaixa, sendo que a
macicez hepática fica mais baixa. Timpanismo, MV diminuído.
Bronquite: tosse mais produtiva, expectoração mucoide no inicio e escarro
mucopurulento ou purulento na fase crônica (infecção). Raramente apresentam
hemoptise, embora tenham estrias de sangue no escarro com frequência. Sibilância,
estertores grossos, roncos e sibilos.
Afecções de pleura (derrame pleural): afasta o pulmão da parede redução do FTV.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Afecções de parênquima (condensações pulmonares): líquido nos brônquios permite
melhor transmissão do som FTV mais nítido. Reduz a quantidade de ar nos alvéolos
e provoca macicez. Amento da ressonância vocal (broncofonia)
Atelectasias (afecção de parênquima): brônquio obstruído FTV diminuído.
Percussão maciça. Diminuição da ressonância vocal.
Afecções unilaterais: MV aumentado no lado oposto.
Síndrome brônquica
Síndromes parenquimatosas
Palpação
Analise das alterações ou busca ativa por alterações não perceptíveis. Avalia-se o
couro cabeludo, regiões occipitais, busca por linfonodos analisando as seguintes cadeias: pré-
auriculares, retro auriculares, suboccipitais, cervicais anteriores e posteriores,
submandibulares e submentonianos e supra e infraclaviculares. Deve ser avaliado o tamanho
do linfonodo, a aderência, se é dolorido, consistência e se há confluências.
Fácies
É o conjunto de face dados exibidos na face do paciente (analisada no exame físico
geral ou no exame de cabeça e pescoço). Certas doenças imprimem na face traços
característicos e algumas vezes permite um diagnóstico. As fácies são as seguintes:
Fácies hipocrática
Fácies renal
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
O elemento principal é o edema peripalpebral associada a palidez cutânea. É
observada em doenças difusas renais, particularmente em síndrome nefrótica e na
glomerulonefrite difusa aguda.
Fácies leonina
Fácies parkinsoniana
Cabeça inclinada para frente e estática, olhar fixo, supercilio elevado e fronte
enrugada, conferem ao paciente a expressão de espanto. Observada em síndrome de
Parkinson.
Fácies basedowiana
Fácies mixedematosa
Relacionada a hipotireoidismo.
Orelha
Os principais sintomas das doenças são: otalgia (dor de ouvido relacionada a lesões nas
orelhas externa ou média, marcada por irradiação); otorreia (saída de líquidos); otorragia
(traumatismo do meato acústico externo); prurido; disacusias (distúrbios de audição, perda de
capacidade auditiva); zumbidos (sensações auditivas subjetivas sem que haja estimulo
externo) e vertigem (vertigem labiríntica, sensação subjetiva de tontura).
Inspeção
Palpação
Otoscopia
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Exame do meato acústico externo e da membrana do tímpano por intermédio de um
espéculo auricular. Em caso de rolhas ceruminosas, descamação epitelial e secreções devem
ser realizadas limpeza cuidadosa a fim de proceder ao exame. O tímpano tem coloração cinza
perolada e se localiza na porção proximal do meato acústico externo. Devem ser observadas a
saliência do martelo, a porção flácida e o triangulo luminoso.
Olhos
Os principais sintomas de afecções oculares são: sensação de corpo estranho,
queimação ou ardência (relacionado a conjuntivite, ceratite, sono insuficiente, exposição a
fumaça poeira e produtos químicos), prurido, olho seco, lacrimejamento (excesso de secreção
lacrimal ou defeito do mecanismo de drenagem), dor ocular, fotofobia, cefaleia, hemeralopia e
nictalopia (cegueira diurna e cegueira noturna), alucinações visuais (doença de lobo occipital) e
nistagmo (movimentos rítmicos).
Exame físico
Exoftalmia
Protrusão ocular medida do rebordo ocular lateral até o ápice da córnea. Os valores
normais devem ser inferiores a 20 mm, sendo uma diferença de 2 mm entre os dois olhos já
considerada suspeita. Consiste no deslocamento anterior do globo ocular decorrente do
aumento do volume orbitário secundário a hipertireoidismo, neoplasia, anormalidade vascular
ou processo inflamatório.
Aparelho lacrimal
Conjuntiva e esclera
Córnea
Pupila
Cristalino
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Situado entre a íris e o humor vítreo, é uma lente. Examina-o em midríase pupilar
buscando alterações grosseiras. Em caso de luxação suspeita-se de síndrome de Marfan e
traumatismos. Avalia-se sua opacidade.
Acuidade Visual
A perda de visão (amaurose) pode ser uni ou bilateral e súbita ou gradual. As causas de
perda de visão unilateral súbita são obstrução da veia central da retina, embolia arterial,
hemorragia vítrea ou retiniana, neurite óptica, papilite, deslocamento de retina, amaurose
tóxica por uremia ou traumas. As causas de perda súbita bilateral são neurite, uremia, histeria,
enxaqueca oftálmica e trauma.
Visões de cores
Sinusites frontais são ocorrem após 5/7 anos de idade quando se inicia o
desenvolvimento dos seios frontais. Locais de trabalho poluídos são responsáveis por renites
agudas e crônicas e inflamações crônicas das vias respiratórias.
Sinais e sintomas
Exame físico
Inspeção e palpação
Rinoscopia
Exame das fossas nasais. A cabeça deve ser inclinada para traz e com uma lanterna
avalia as características da mucosa, que, em condições normais é de cor avermelhada, úmida,
com superfície limpa e lisa. A presença de secreções aquosas, turvas, purulenta ou
sanguinolentas é um dado diagnóstico importante. Avalia-se o septo e a presença de
estruturas anormais: pólipos, neoplasias e corpos estranhos.
Faringe
Anamnese
Sinais e sintomas
Exame físico
Inspeção e palpação
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
O exame se faz através, primeiramente, através da cavidade bucal. A língua devera ser
abaixada com o abaixador de língua (até o terço médio) analisando-se então as amigdalas
palatinas, presença de inflamação, exsudação, ulcerações, placas mucosas e formações
tumorais.
Tireoide
Exame físico de tireoide
O exame físico da tireoide é feito com base na inspeção, palpação e ausculta (segundo
o Porto&Porto – ausculta é um dos passos do exame). Por meio da inspeção e palpação define-
se a forma e o tamanho da glândula. Usam-se três manobras:
_____________________________________________________________________________
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Propedeutica do Sistema
Cardiovascular
Camila Castro
Irrigação do coração
A. coronária direita irriga principalmente o VD, AD e nó sinusal e o nó atrioventricular
por um ramo da a. descendente posterior.
A. coronária esquerda se divide em dois ramos: descendente anterior que irriga o
septo e o VE e parte do VD. e o ramo circunflexo que irriga o VE e AE.
Inervação do coração
N. vago – SN Parassimpático (acetilcolina) – inerva principalmente os dois nós,
diminuindo o seu ritmo.
Fibras simpáticas – SN. Simpático (noradrenalina) – inerva a musculatura do coração,
atuando na força de contração e nos nós, aumentando a sua frequência. Inervam
também os vasos coronarianos, levando a espasmos anginosos.
O.B.S.: a sístole do VD se inicia depois da sístole do VE. Na inspiração, o VD demora ainda mais
para iniciar a sua sístole, levando a um desdobramento fisiológico de B2.
Anamnese
No raciocínio de diagnóstico, são importantes a identificação, os antecedentes
pessoais e familiares, os hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais. A incidência
de doenças cardiovasculares varia de acordo com idade, sexo, etnia, profissão (esforço resulta
em IC, estresse desencadeia hipertensão e cardiopatia isquêmica), naturalidade e local de
residência, antecedentes pessoais e familiares e condições socioeconômicas e culturais.
Sintomas e sinais
Dor cardíaca
- Local: retroesternal
- Irradiação: para pescoço e costas
- Caráter: constritiva, peso, queimação.
- Duração: contínua
- Fatores de piora: exercício, respiração, decúbito dorsal, deglutição.
- Fatores de melhora: tórax inclinado para frente.
- Causas: irritação da pleura, distensão aguda dos folhetos e irritação das estruturas
vizinhas.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Dor de origem aórtica: resulta de dissecação de aorta.
- Local: retroesternal
- Duração: início súbito com duração indeterminada.
- Irradiação: para pescoço ou região interescapular.
- Caráter: lancinante, intensa.
- Neoplasia óssea
- Embolia/infarto pulmonar
- Dissecção de aorta
- Esofagite de refluxo
- Neuralgia herpética
- Pleurite
- Cólica biliar
- Úlcera péptica
Avaliação semiológica:
- Localização
o Dor perimamilar: origem emocional ou osteoartrite.
o Dor superficial: parede torácica.
o Dor nas articulações condroesternais: osteocondrite. Piora a palpação
(síndrome de Tietze).
- Irradiação
o Dor por obstrução de artéria coronária: irradiação para pavilhão auricular,
maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros e regiões
epigástrica e interescapulovertebral.
- Caráter
o Dor anginosa: em aperto, no tórax ou região retroesternal. Sensação de nó na
garganta nas áreas de irradiação.
- Duração
o Angina de peito: 2 a 3 minutos (apenas hipóxia).
o Angina instável: 20 minutos (alterações histológicas)
o IAM: mais de 20 minutos (alterações necróticas).
- Fatores desencadeantes ou agravantes e atenuantes
o Dor de angina: esforço físico e aumento do trabalho cardíaco. Atenua com
repouso e vasodilatadores coronários.
o IAM: repouso
o Dor retroesternal: vômitos intensos, espasmo esofágico e esofagite.
o Dor torácica: mudanças de decúbito ou movimentos do pescoço.
o Dor epigástrica: espasmo esofágico ou esofagite.
o Pericardite, pleurite, compressão de raiz nervosa: tosse.
o Pericardite aguda: atenua com inclinação do tórax e compressão com
travesseiro.
- Manifestações concomitantes
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
o IAM: dor precordial, náuseas, vômitos, sudorese fria.
o Isquemia provocada por taquiarritmia: dor precordial com palpitações.
Palpitações
Patologias
Dispneia
Patologias
Tosse e expectoração
- Ruído junto com a respiração, a qual quase sempre se torna difícil. Este chiado traduz a
passagem de ar, em alta velocidade, através de vias respiratórias estreitadas. À
ausculta, é possível encontrar expiração prolongada e sibilos.
- Sibilo: som musical, contínuo, prolongado, predominantemente expiratório, e pode
ocorrer também durante a inspiração.
Patologias
Hemoptise
Patologias
Desmaio
Alterações do sono
Cianose
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
- Coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do aumento da hemoglobina
reduzida no sangue capilar, chegando a 5 g por 100 ml.
- Lábios, a ponta do nariz, a região malar (bochechas), os lóbulos das orelhas, a língua, o
palato, a faringe e as extremidades das mãos e dos pés.
- Anoxia tecidual: irritabilidade, sonolência, torpor, crises convulsivas, dor anginosa,
hipocratismo digital, nanismo ou infantilismo.
- Inspeção: pele mais fina e em áreas ricas de capilares sanguíneos.
- Investigar se aparece ou piora após esforço físico
- Generalizada ou localizada
- Leve, moderada ou grave.
- Exame do paciente cianótico:
o História clínica: duração da cianose.
o Presença ou ausência de hipocratismo digital
- Quatro tipos de cianose
o Central: diminui ou desaparece com inalação de O2
o Periférica: perda exagerada de oxigênio ao nível da rede capilar por estase
venosa ou diminuição funcional ou orgânica dos calibres dos vasos da
microcirculação. Água quente e elevação do membro cianótico fazem
desaparecer.
o Mista: mecanismos responsáveis por cianose do tipo central e os do tipo
periférico.
o Por alterações da hemoglobina: alterações bioquímicas que impedem a
fixação do oxigênio pelo pigmento.
- Baqueteamento sem cianose: endocardite infecciosa subaguda.
- Cianose com baqueteamento: cardiopatias congênitas e doenças pulmonares (fibrose
pulmonar, bronquiectasia, enfisema pulmonar, câncer broncogênico, fístula
arteriovenosa pulmonar).
- Cianose tipo central
o Diminuição da tensão de 02 no ar inspirado.
o Transtorno da ventilação pulmonar: obstrução das vias respiratórias
(neoplasias ou corpos estranhos), aumento da resistência nas vias respiratórias
(bronquite crônica, enfisema pulmonar e na asma brônquica; paralisia dos
músculos respiratórios (fármacos bloqueadores neuromusculares,
miasteniagravis, poliomielite); depressão do centro respiratório (em razão de
medicamentos depressores centrais); respiração dolorosa superficial
(pleurites); atelectasia pulmonar (hidrotórax, pneumotórax)
o Transtorno da difusão: aumento na espessura da membrana alveolocapilar;
(pneumonia, bronquite crônica, fibrose pulmonar, congestão pulmonar)
o Transtornos na perfusão: cardiopatias congênitas, grave insuficiência
ventricular direita, embolias pulmonares, destruição da árvore vascular
pulmonar
o Curto-circuito (shunt) de sangue.
- Cianose periférica: vasoconstrição generalizada em consequência da exposição ao ar
ou à água fria.
o Insuficiência cardíaca congestiva
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
o Colapso periférico com diminuição do volume-minuto
o Obstáculo na circulação de retorno: flebite ou flebotrombose.
- Cianose mista
o Insuficiência cardíaca congestiva grave.
Edema
Astenia
Posição de cócoras
_____________________________________________________________________________
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Inspeção e Palpação
Pesquisa de abaulamento
- Tangencial ou frontal
- Indica: dilatação do ventrículo direito e esquerdo, aneurisma de aorta, derrame
pericárdico ou alterações da própria caixa torácica (deformidades, cicatrizes).
- Cardiopatias congênitas e as lesões valvares reumáticas são as causas mais frequentes
de abaulamento precordial.
Patologias
- Localização
o Enfisema pulmonar ou obesidade, musculatura muito desenvolvida ou grandes
mamas: invisível e impalpável.
o Deslocamento: dilatação e/ ou hipertrofia do ventrículo esquerdo, como
ocorre na estenose aórtica, insuficiência aórtica, insuficiência mitral,
hipertensão arterial, miocardiosclerose, miocardiopatias e algumas
cardiopatias congênitas.
o Hipertrofia do ventrículo direito: pouco ou nada repercute sobre o ictus cordis.
- Intensidade e tipo da impulsão
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
o Hipertrofia ventricular esquerda: choques de ponta mais vigorosos. Quando é
consequência da insuficiência aórtica, encontra-se ictus cordis de grande
intensidade.
o Hipertrofia ventricular tem maior intensidade que dilatações.
Patologias
Perfusão periférica
- Avaliar a temperatura, cor e grau de enchimento vascular das periferias.
Permite diferenciar as diferentes causas e patologias como choque cardiogênico
(extremidades frias, cianóticas e com enchimento capilar lentificado) e choque séptico
(extremidades quentes, coradas e com enchimento capilar lentificado).
Ausculta
- Examinador a direita do paciente
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
- Paciente em DDH elevado ou não: ausculta do ápice cardíaco e valvas AV
- Paciente em pé ou sentado: ausculta nos focos da base
- Paciente em DLE (decúbito de Pachon): facilita a ausculta das alterações da valva mitral
- Paciente em posição de prece maometana: ausculta do atrito pericárdico
- Manobras respiratórias: Valsalva e sinal de Rivero-Carvallo.
Patologias
1ª bulha cardíaca
2ª bulha cardíaca
3ª bulha cardíaca
4ª bulha cardíaca
B1
- Intensidade depende da altura dos folhetos da valva mitral e tricúspide (quanto mais
baixa, maior a intensidade).
- Intensidade depende da força de contração ventricular (diretamente proporcional).
- Intensidade depende da transmissão dos ruídos (diâmetro do tórax, tecido adiposo,
derrame pericárdico).
- Na fibrilação atrial, a intensidade é variável (depende do enchimento ventricular).
- Desdobramento de B1: normal em jovens e pode aparecer nos bloqueios de ramo
(dissincronia ventricular).
B2
Cliques ou estalidos
Sopros cardíacos
Sopros clássicos
Atrito pericárdico
Pulsos
Pulsos arteriais
Pulsos venosos
Estase jugular
- Veia jugular externa
Propedeutica do Abdomen
Isabella Versiani
Exame Físico
Análise separada de fígado, vesícula biliar e baço, sendo o último analisado devido ao
seu crescimento concomitante ao do fígado.
Exame do fígado
INSPEÇÃO: Somente grandes nódulos ou massas na superfície hepática podem ser
percebidos na inspeção. Observa-se elevação ou abaulamento na área hepática, sendo a
melhor maneira a observação lateral e tangencial. Quando obstruída, a vesícula pode
aumentar seu volume e ser visível como uma área elevada e arredondada no quadrante
superior direito.
PERCUSSÃO: Visa delimitar superior e inferiormente o fígado e estabelecer seu
tamanho. Sendo assim, é essencial para identificar a borda inferior de modo a orientar a
palpação, determinar a área hepática para biópsia e certificar-se do volume hepático (na
cirrose, há diminuição do volume do fígado).
O limite superior é determinado pela percussão ao longo da linha hemiclavicular, ao nível do
5º EIC esquerdo, identificado por som submaciço. Esse som corresponde à musculatura
diafragmática sobre a cúpula hepática e é uma transição entre a sonoridade pulmonar e a
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
macicez hepática. A percussão do limite inferior é feita, suavemente, de baixo para cima, na
projeção das linhas hemiclavicular e medioclavicular, em direção à arcada costocondral. Os
pontos de macicez correspondem ao limite inferior.
PALPAÇÃO: O primeiro elemento a se determinar na palpação é a borda, podendo ser
examinada de duas maneiras: a primeira com a
mão direita, aberta e espalmada, colocada no
ponto onde a percussão identificou o limite
inferior de modo a identificar toda a extensão da
borda inferior, aplicando em seguida a manobra
de Lemos-Torres associada à inspiração
profunda, que moverá o fígado em sentido
vertical inferior; a segunda, é pela manobra em
garra, solicitando que o paciente inspire
profunda e lentamente, permitindo que as
pontas dos dedos tragam para cima a borda
hepática, a qual poderá ser avaliada.
A borda hepática pode ser fina ou romba,
sendo sua espessura normal a fina. Porém, nem toda borda fina indica um fígado sem
alterações. A borda romba é espessa e de altura variável, a depender da afecção e tempo da
doença.
Ao tocar a borda, o examinador deve deslizar a palma de seus dedos por toda a
superfície. Sendo encontrado algum nódulo, este deve descrever sua localização e diâmetro
aproximados.
Em seguida, deve-se verificar se há dor ao toque. A hepatomegalia dolorosa ocorre, por
exemplo, na insuficiência cardíaca congestiva ou hepatite viral aguda.
Deve-se avaliar também a consistência do órgão, a qual normalmente é elástica. Um exemplo
de fígado firme é o da cirrose. A infiltração gordurosa ou esteatose aguda da gravidez é um
exemplo de fígado com a consistência diminuída ou amolecida.
Por fim, deve-se realizar compressão da superfície hepática com a palma da mão, observando
se há enchimento e turgência da veia jugular externa direita (paciente com a cabeça voltada
para a esquerda). Em caso positivo, diz-se que há refluxo hepatojugular, sinal de insuficiência
ventricular direita.
AUSCULTA: Em algumas doenças, podem ser ouvidos sopros suaves, como o câncer
primitivo e hepatite alcoólica. Neoplasias hepáticas produzem um pequeno atrito cujo ruído
pode ser nitidamente auscultado.
Hepatomegalia
É o aumento volumétrico do fígado à custa de um ou todos os lobos. Ultrapassa,
portanto, todos os seus limites (superior, inferior e transverso). Entretanto, nem todo fígado
palpável está aumentado de volume. Em enfisematosos, o fígado é palpável devido à expansão
dos pulmões. Neoplasias de polo superior do rim direito podem deslocar o fígado para baixo e
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
para frente. O lobo de Riedel, por exemplo, é uma variação anatômica que permite a palpação
do fígado.
Métodos para mensurar o fígado: palpação e percussão hepática, exames radiológicos,
ultrassom e tomografia (em ordem de realização, se um não for suficiente, realiza-se o
próximo).
A hepatomegalia não deve ser considerada fato sem importância clínica. A correlação com
o quadro clínico é fundamental. É um sinal clínico que traduz hepatopatia ou apenas a
resposta a uma doença a distância ou sistêmica.
O ponto de palpação da vesícula pode ser feito de duas maneiras. Em pessoas magras,
corresponde à intersecção da borda externa do músculo reto abdominal com a cartilagem
costal. Em pacientes obesos, pela linha que une a crista ilíaca à arcada costal passando pelo
umbigo.
Exame do baço
Procede-se da mesma maneira que na palpação do fígado, examinando-se o quadrante
superior esquerdo.
Manobra de Schuster facilita a palpação do baço. Decúbito lateral direito, perna
direita estendida e perna esquerda fletida sobre o abdome em ângulo de 90°, ombro esquerdo
elevado colocando-se o braço sobre a cabeça. A palpação só é feita durante a inspiração.
As esplenomegalias de pequeno volume ou “ponta de baço” são difíceis de palpar,
principalmente quando o volume abdominal está aumentado.
O reconhecimento de baço de grande volume é confirmado pela chanfradura esplênica
(reentrância semicircular que corresponde à direção do hilo). A característica semiológica
principal é a distância entre o rebordo costal e a extremidade inferior do baço, tendo como
referência a linha hemiclavicular esquerda. Para o baço estar palpável, precisa alcançar o
dobro do seu tamanho normal, achando-se na loja esplênica, recoberto pelo diafragma e
parede costal esquerda entre a 9ª e 11ª costela. Sua extremidade inferior dista 5 cm do
rebordo costal.
Esplenomegalia
Em grande parte das condições, o aumento do baço encontra-se associado ao
aumento do fígado, constituindo as hepatoesplenomegalias.
Síndrome Ictérica
Caracterizada pela elevação da bilirrubina no soro, cuja exteriorização clínica principal
é a coloração amarelada da esclerótica, mucosas, pele e líquidos orgânicos.
As hiperbilirrubinemias não conjugadas
podem ocorrer por quatro mecanismos: produção
excessiva de bilirrubina em setores distantes do
fígado, condição em que a conjugação não é
capaz de atender a oferta; no nível de membrana,
quando o pigmento não pode ser transportado
até o hepatócito devido à competição de vários
elementos que se ligam à albumina; no nível do
hepatócito, quando houver incapacidade de
captar e fixar a bilirrubina à proteína Y por fatores
competitivos; e em nível microssomal, quando há
defeito ou ausência de enzimas que promovem a
conjugação, impedindo a transformação de
bilirrubina indireta em direta.
As hiperbilirrubinemias conjugadas são as
causas mais frequentes de icterícia, cujo
mecanismo básico é a excreção deficiente da
bilirrubina direta, seja de origem intra ou extra-
hepática. No primeiro caso, o defeito excretório é
ou congênito ou adquirido. No segundo caso, o
defeito se dá por um obstáculo ao fluxo de bile,
intrínseco ou extrínseco à árvore biliar.
Independente dos mecanismos ou das
causas, a hiperbilirrubinemia conjugada tem como
denominador comum a colúria e impregnação evidente dos tecidos, tornando a síndrome
facilmente reconhecível.
Colestase
Alteração da secreção biliar hepatocelular, envolvendo todos os componentes da bile.
Colestase mecânica/obstrutiva: obstáculo ao fluxo biliar, dificultando sua chegada ao duodeno.
Colestase intra-hepática/não-obstrutiva: alterações metabólicas.
COLESTASE INTRA-HEPÁTICA
Metabólica: reação a anticoncepcionais e esteroides anabolizantes, colestase da
gravidez, associada a infecções virais, atresias e condições metabólicas.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Mecânica: cirrose biliar primária, metástases hepáticas, doença de Hodgkin, câncer de
bifurcação do ducto hepático comum, atresia de ductos e cálculos intra-hepáticos.
COLESTASE EXTRA-HEPÁTICA
Causas mais comuns são coledocolitíase e câncer (papila, pâncreas).
Hipertensão portal
Qualquer obstáculo ao livre fluxo de sangue pelo sistema porta produz elevação da
pressão, causando a síndrome da hipertensão portal.
É classificada em:
Pré-hepática (trombose da veia porta);
Intra-hepática pré-sinusoidal (esquistossomose mansônica e fibrose hepática
congênita);
Intra-hepática sinusoidal ou pós-sinusoidal (cirrose hepática e doença veno-oclusiva do
fígado);
Pós-hepática (síndrome de Budd-Chiari ou obstrução da veia supra-hepática,
pericardite constritiva).
Acarreta alterações circulatórias e hemodinâmicas importantes. O aumento da pressão
inverte o sentido do fluxo sanguíneo em veias tributárias do sistema porta, fazendo com que
haja circulação colateral.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Varizes esofágicas: predominam no terço ou metade inferior do esôfago e seu
diagnóstico pode ser feito por exame radiológico.
Esplenomegalia: decorrente da estase venosa no território da veia esplênica.
Ascite
Circulação colateral superficial: radiada a partir da cicatriz umbilical, sendo comparada
à cabeça de Medusa.
Os itens acima são critérios de diagnóstico de hipertensão portal.
Ascite
Por ascite, entende-se o líquido na cavidade abdominal. Quando de origem hepática,
vários fatores concorrem para que ocorra. A cirrose é a causa mais comum e serve como
modelo para o estudo dos elementos implicados na sua formação.
Compreende inspeção e percussão. Sempre que possível, o paciente deve ser examinado
primeiramente de pé e, a seguir, deitado.
Em pé, deve-se notar:
Atitude lordótica do paciente.
Destaque do relevo venoso na parede abdominal e torácica, devendo determinar o
tipo de circulação colateral.
Hérnia umbilical, inguinal ou inguinoescrotal.
São considerados três volumes de ascite:
Grande volume: ascite tensa. Abdome globoso. Geralmente leva à dispneia por
impedir a expansão diafragmática, podendo causar o aparecimento de atalectasia
pulmonar.
Médio volume: em pé volume restrito a dois terços da altura abdominal. Ao deitar,
volume escoa para os flancos enquanto o centro do abdome se torna plano (abdome
de batráquio).
Pequeno volume: geralmente imperceptível quando deitado. Mais bem identificado
por ultrassonografia.
OBS: ascites de pequeno volume são pouco perceptíveis quando se trata de manobras
semióticas (geralmente, recorre-se à ultrassonografia).
Ascites septadas podem apresentar-se com diferentes volumes abdominais, sendo o sinal do
piparote duvidoso ou ausente e o líquido dificilmente se desloca com a mudança de decúbito.
Neoplasias de ovário podem simular ascite. O exame atento demonstra que a massa líquida
não apresenta macicez móvel.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Parede e Cavidade Abdominais
Exame clínico
PALPAÇÃO: Deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal, braços e pernas
estendidos e músculos abdominais relaxados. Divide-se em superficial e profunda.
Palpação Superficial: avaliação da tensão da parede abdominal que, em condições
normais, é ligeiramente maior no centro do que nos flancos devido ao músculo reto
abdominal e no andar inferior em relação à região epigástrica. Inclui também o exame
das estruturas da parede e, eventualmente, das vísceras em contato com a mesma.
Avalia a sensibilidade, temperatura, espessura e continuidade (presença de hérnias) da
parede abdominal.
Palpação Profunda: investigam-se os órgãos contidos na cavidade abdominal e
eventuais massas palpáveis. Alterações anatômicas ou patológicas tornam
reconhecíveis órgãos antes inacessíveis à palpação, como o baço em situação de
esplenomegalia. Em condições normais, não são identificados pela palpação o corpo e
antro gástricos, duodeno, vesícula biliar, baço, alças jejunoileais, cólon ascendente,
cólon descendente, bexiga, útero, trompas e ovários.
O encontro de massas palpáveis ou neoplasias impõe uma análise minuciosa das
características das massas.
Manobra de Galambos: visa distinguir a contração produzida pelo reflexo viscero-
motor da contração psicomotora, frequente em pessoas que ficam nervosas por medo da
sensação dolorosa provocada pela palpação. Consiste em comprimir outra região do abdome
enquanto se palpa o local desejado.
Pontos da parede abdominal considerados hipersensíveis: ponto epigástrico, ponto cístico
(próximo à vesícula biliar), ponto apendicular e pontos ureterais (bordas externas do músculo
reto abdominal).
Sinal de Blumberg: compressão lenta seguida de descompressão brusca, produzindo dor.
PERCUSSÃO: Deve ser feita em decúbito dorsal. Vísceras maciças como fígado e baço
produzem som maciço, enquanto as vísceras que contêm ar produzem som timpânico. A
percussão do hipocôndrio direito é utilizada para determinar os limites superior e inferior do
fígado.
Pneumoperitônio ou interposição do cólon: som timpânico no hipocôndrio direito.
Ascite: som timpânico em região mesogástrica e maciço nas demais regiões em decúbito
dorsal.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Macicez em região do estômago ou cólon indica presença de conteúdo líquido ou
sólido nessas vísceras.
_____________________________________________________________________________
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Edema
Camila Castro
Anamnese:
Tempo de duração
Localização
Evolução.
Exame físico:
Localização e distribuição
Intensidade
Consistência
Elasticidade
Temperatura da pele circunjacente
Sensibilidade da pele circunjacente
Outras alterações da pele adjacente.
Localização e distribuição
Localizado ou generalizado.
Intensidade
Elasticidade
Usa-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da
vizinhança e da região homóloga.
Há três possibilidades:
o Pele de temperatura normal: frequentemente a temperatura na região
edemaciada não se altera, o que é desprovido de qualquer significado
especial.
o Pele quente: significa edema inflamatório
o Pele fria: traduz comprometimento da irrigação sanguínea.
Doloroso quando pressão desperta dor, e indolor, quando tal não ocorre. Edema
doloroso é o inflamatório.
Edema localizado
Principais causas:
Varizes
Flebites e trombose venosa
Processos inflamatórios
Afecções dos linfáticos
Postura.
Edema da trombose venosa: mole, chega a ser intenso, e a pele costuma estar pálida. Em
certos casos, adquire tonalidade cianótica.
Edema postural: membros inferiores, pessoas que permanecem por longo tempo na
posição de pé ou que ficam com as pernas pendentes por várias horas, como acontece em
viagens longas. Localizado, discreto ( + a + + ), mole, indolor e desaparece rapidamente na
posição deitada.
Sistema Renal
Edema é uma manifestação comum em pacientes portadores de doença renal. Existem
quatro situações clínicas em nefrologia que são comumente acompanhadas de edema:
Glomerulonefrite aguda
Síndrome nefrótica
Insuficiência renal aguda e crônica.
Glomerulonefrite
Edema generalizado, mais intenso na região periorbitária pela manhã, quando o
paciente acorda.
Ao final do dia: membros inferiores.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Decorre da retenção de sal e água em consequência das lesões glomerulares.
Em crianças: aparecimento súbito, podendo ser acompanhado de manifestações de
insuficiência cardíaca congestiva.
Na glomerulonefrite crônica, a existência e a intensidade do edema são muito
variáveis.
Síndrome nefrótica
Edema generalizado e mais intenso que o da glomerulonefrite, podendo chegar à
anasarca, especialmente em crianças.
Pela manhã, intenso edema facial. No fim do dia, são as pernas que estão
edemaciadas.
Frequente ocorrência de ascite.
Intensidade varia de acordo com a ingesta de sal, pois, na síndrome nefrótica, o
mecanismo fisiopatológico básico é a redução da pressão oncótica por
hipoalbuminemia, com redução do volume plasmático e passagem de água para o
espaço intersticial, o que pode se agravar com a retenção hídrica decorrente da
retenção salina.
Pielonefrite
Edema de pequena intensidade, quase sempre restrito à região periorbitária pela
manhã.
Edema cardíaco
Causa básica: insuficiência ventricular direita por aumento da pressão hidrostática
associado à retenção de sódio.
Membros inferiores, pela ação da gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos.
Bilateral, podendo ser assimétrico, isto é, mais intenso em um dos membros inferiores
(outra doença associada, como, por exemplo, varizes ou trombose venosa em uma das
pernas).
Intensifica-se com o decorrer do dia, chegando à máxima intensidade no período da
tarde; daí a denominação de edema vespertino.
Com o agravamento da função cardíaca, o edema acomete o corpo todo, inclusive o
rosto. A esta condição, denomina-se anasarca.
Outros sinais de insuficiência ventricular direita: ingurgitamento das jugulares, refluxo
hepatojugular e hepatomegalia.
Lesão da valva tricúspide e pericardite constritiva: ascite predomina sobre o edema
das extremidades.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Insuficiência cardíaca direita: elevação da pressão venosa central aumento da
pressão hidrostática nos capilares venosos, aumentando a passagem de água para o
interstício aumento do peso corporal, aparecimento de edema subcutâneo ou
acúmulo de líquido nas cavidades serosas.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Febre
Camila Castro
Significa temperatura corporal acima da faixa da normalidade. Pode ser causada por
transtornos no próprio cérebro ou por substâncias tóxicas que influenciam os centros
termorreguladores.
Uma vez liberado dentro da circulação geral, o pirogênio alcança o sistema nervoso
central e estimula a liberação de prostaglandinas no cérebro, em particular na área pré-óptica
hipotalâmica.
Além disso, a febre apresenta alguns aspectos nocivos. Acentua a perda de peso, e a
espoliação do nitrogênio aumenta o trabalho e a frequência do coração. A sudorese agrava a
perda de líquidos e sais. Pode haver mal-estar consequente à cefaleia, fotofobia, indisposição
geral ou uma desagradável sensação de calor.
Patogenia da febre
A febre é manifestação de diversos tipos de processos patológicos, e não apenas das
moléstias infecciosas. Também podem ocasionar febre as doenças neoplásicas, os acidentes
vasculares, distúrbios metabólicos e inúmeros processos inflamatórios. O fator comum a todos
é a lesão tecidual
Efeitos da febre
- Infecções: febre tem pouco a ver com a evolução, uma vez que a maioria dos germes
não produz uma mudança na temperatura corporal que os destrua.
- Moléstias não infecciosas: febre não parece servir a qualquer fim útil.
- Neoplasias malignas: febre acelera a perda de peso e causa mal-estar.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
- Infarto do miocárdio: aumenta a velocidade do metabolismo, acarretando, assim, uma
sobrecarga ao miocárdio enfraquecido.
Causas de febre
Três tipos:
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
- Aumento da produção de calor: hipertireoidismo.
- Bloqueio na perda de calor: insuficiência cardíaca congestiva, ausência congênita das
glândulas sudoríparas (produtoras de suor) e certas doenças da pele (p. ex., ictiose).
- Lesão dos tecidos
o Infecções por bactérias, riquétsias, vírus e outros parasitos.
Febre logo se acompanha de sinais e sintomas indicativos do órgão
afetado, facilitando o reconhecimento da enfermidade.
Amigdalites: febre + dor de garganta
Pneumonias: febre + dor pleurítica + tosse com expectoração
hemoptoica.
Hepatite infecciosa: febre + náuseas + icterícia
Erisipela: febre + lesões cutâneas
Abdome agudo: febre + dor abdominal + contratura da parede
o Lesões mecânicas, como nos processos cirúrgicos e nos esmagamentos.
o Neoplasias malignas.
Carcinoma broncogênico: resultado de infecção associada.
Hipernefroma e carcinoma primitivo ou metastático do fígado: febre
prolongada.
Linfomas: febre é primeiro sintoma.
o Doenças hemolinfopoéticas.
Anemias hemolíticas e púrpura: associadas à febre, especialmente as
de causa imunológica, e as crises de hemólise na anemia falciforme.
Doenças hemorrágicas (púrpura trombocitopênica, hemofilia e
escorbuto): febre se houver hemorragia nos tecidos.
o Afecções vasculares, incluindo infarto do miocárdio, hemorragia ou trombose
cerebral e trombose venosa.
o Distúrbios dos mecanismos imunitários ou doenças imunológicas
o Doenças do sistema nervoso central.
AVC: febre moderada, de 37,5°C a 38,5°C.
Grandes hemorragias: temperatura muito elevada, antes do óbito.
Hipertermia neurogênica: a temperatura pode elevar-se após
intervenções cirúrgicas na região da fossa hipofisária e no 3°
ventrículo.
Lesão da medula: grave distúrbio da regulação da temperatura.
Dor
Isabella Versiani
Dor Nociceptiva
Causada pela ativação dos nociceptores e pela transmissão dos impulsos gerados até o
SNC. Exemplos: dor visceral, neuralgia do trigêmeo, dor da artrite.
Características: começa simultaneamente ao início da atividade do fator causal e sua
remoção frequentemente culmina com o alívio da sensação dolorosa. Quanto menor o
número de segmentos medulares envolvidos na inervação de uma estrutura, mais localizada é
a dor, e vice-versa.
A espontânea pode ser denominada pontada, facada, agulhada, entre outros, sempre
sugerindo lesão tissular. A evocada pode ser desencadeada por algumas manobras (elevação
do membro afetado, estiramento da raiz nervosa) e reproduz a dor sentida pelo paciente.
Dor Neuropática
Decorre de qualquer lesão inflingida ao sistema nervoso periférico ou central, e pode
apresentar-se de três formas: constante, intermitente e evocada. Esse tipo de dor é gerado
dentro do sistema nervoso, independentemente de qualquer estímulo externo ou interno.
o Constante: a hiperatividade espontânea das células nervosas integrantes das vias
nociceptivas é o substrato fisiopatológico para a dor constante (descrita como em
queimação ou formigamento). Outra hipótese é a hiperatividade das vias
reticulotalâmicas e do tálamo medial.
o Intermitente: decorre da ativação das vias nociceptivas pela cicatriz formada no foco
lesional ou por efapse (impulsos motores descendentes cruzam para as vias
nociceptivas no sítio de lesão do sistema nervoso). A secção completa da via
neoespinotalâmica elimina essa modalidade de dor. Relatada como dor em choque,
aguda.
o Evocada: se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes da desaferentação. Mais
comum em lesões encefálicas, sendo também frequente em lesões medulares e do
sistema nervoso periférico. Pode manifestar-se sob a forma de alodínia ou hiperpatia.
Ao contrário da dor nociceptiva, a dor neuropática constante tende a ser agravada pela
interrupção cirúrgica das vias da dor, por acentuarem a desaferentação.
Dor mista
Decorre dos dois mecanismos anteriores. Ocorre, por exemplo, em certos casos de dor por
neoplasia maligna, a qual estimula excessivamente os nociceptores e também destrói fibras
nociceptivas.
Dor psicogênica
É uma condição para a qual não há qualquer substrato orgânico, sendo gerada por
mecanismos puramente psíquicos.
Características: tende a ser difusa, generalizada e imprecisa. Algumas vezes, pode ser
localizada e, nesse caso, em geral, sua topografia corresponde à da imagem corporal que o
paciente tem da estrutura que julga doente.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Tipos de dor
Considerando-se o seu sítio de origem, pode ser classificada em somática superficial e
profunda, visceral e irradiada.
Dor visceral
Dor nociceptiva decorrente da estimulação dos nociceptores viscerais. É profunda, se
assemelha à dor somática profunda (difusa, de difícil localização e descrita como dolorimento,
tendendo a acentuar com a solicitação funcional do órgão acometido).
Pode ser relacionada com quatro condições: comprometimento da própria víscera,
comprometimento secundário do peritônio ou pleura parietal, irritação do diafragma ou nervo
frênico e reflexo viscerocutâneo.
A dor visceral verdadeira tende a se localizar próxima ao órgão que a origina. Pode-se dizer
ainda que determinadas qualidades de dor são mais específicas para certo tipo de víscera.
Sendo assim, dor de vísceras maciças e processos não obstrutivos das vísceras ocas é descrita
como dor surda, a dos processos obstrutivos das vísceras ocas é do tipo cólica, por
comprometimento da pleura parietal é em pontada ou fincada, por isquemia miocárdica é
constritiva ou em aperto e por aumento da secreção de ácido clorídrico é do tipo em
queimação.
Dor referida
Definida como uma sensação dolorosa superficial distante da estrutura profunda cuja
estimulação nóxica é a responsável pela dor. Por convergência dos impulsos dolorosos
viscerais e somáticos, os impulsos dolorosos provenientes das estruturas profundas são
interpretados pelo cérebro como oriundos do tegumento e o paciente aponta a dor neste
local.
São exemplos: dor na face medial do braço em pacientes com IAM, epigástrica ou
periumbilical em apendicite.
Dor irradiada
É sentida a distância de sua origem, porém ocorre obrigatoriamente em estruturas
inervadas pela raiz nervosa ou em um nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela dor.
Exemplo: ciatalgia (compressão de uma raiz nervosa por hérnia de disco lombar).
Localização
Refere-se à região em que o paciente sente a dor. Deve-se solicitar ao paciente que
aponte com o dedo a área dolorida, que deve ser registrada de acordo com a nomenclatura
das regiões da superfície corporal.
Caso o paciente refira dor em mais de um local, é importante que todos sejam
devidamente registrados, devendo ser estudados semiologicamente em separado, inclusive
para saber se a sensação dolorosa é irradiada ou referida. Dores diferentes, sem relação entre
si, podem indicar uma doença só, processos patológicos independentes ou dor psicogênica.
Também é relevante a avaliação da sensibilidade na área de distribuição da dor e adjacências
de modo a classifica-las fisiopatologicamente (rever classificação fisiopatológica da dor).
Irradiação
A dor pode ser localizada, irradiada (segue o trajeto de uma raiz nervosa ou nervo
conhecido) ou referida. O reconhecimento da localização inicial da dor e da sua irradiação
pode indicar a estrutura nervosa comprometida. OBS: para maior detalhamento, ler tópicos da
página 76 do Porto, 7ª ed.
Como exemplos de dor referida, temos: apêndice (dor epigástrica); vesícula, fígado
(escápula e ombro); ureter (virilha e genitália externa); coração (face medial do braço).
Qualidade ou caráter
Para defini-las, o paciente é solicitado a descrevê-las ou dizer que tipo de emoção ou
sensação ela lhe traz. Dividido em dois grandes grupos: evocada ou espontânea.
o Dor evocada: ocorre apenas mediante algum tipo de provocação.
Alodínia: sensação desagradável provocada pela estimulação tátil de área com
limiar de excitabilidade aumentado.
Hiperpatia: sensação desagradável provocada pela estimulação nóxica em área
com limiar de excitabilidade aumentado.
Hiperalgesia: resposta exagerada aos estímulos aplicados em região com limiar
de excitabilidade reduzido. Pode ser primária, quando ocorre em área
lesionada e se deve à sensibilização local dos nociceptores, ou secundária,
quando se dá no entorno da área lesadae se deve à sensibilização dos
neurônios do corno dorsal.
o Dor espontânea:
Constante: ocorre continuamente, podendo variar sua intensidade sem nunca
desaparecer completamente.
Intermitente: ocorre episodicamente, sendo sua frequência e duração
bastante variáveis.
Intensidade
Resulta da interpretação global dos aspectos sensoriais, emocionais e culturais da dor.
É uma experiência basicamente subjetiva, sendo fundamental a sua quantificação por critérios
bem rígidos, de modo a evitar erros em sua avaliação.
Atualmente, utiliza-se uma escala analógica visual, a qual consiste em uma linha reta
com comprimento de 10 centímetros, tendo em seus extremos as designações “sem dor” e
“pior dor possível”. É pedido que o paciente indique a intensidade da dor em algum ponto
dessa linha, sendo descrito pelo examinador como intensidade X em uma escala de zero a dez.
A escala de representação gráfica não numérica pode ser usada para adultos com baixa
escolaridade, crianças e idosos.
Duração
Inicialmente, determina-se com a máxima precisão possível a data de início da dor.
Quando é contínua, calcula-se sua duração de acordo com o tempo transcorrido entre seu
início e a data da anamnese. Se é cíclica, interessa registrar a data e a duração de cada
episódio doloroso. Se é intermitente, é suficiente a que sejam registrados a data de seu início,
a duração média dos episódios, o número médio de crises por dia e de dias por mês em que se
sente a dor.
o Dor aguda: dura menos de 1 mês e desaparece após a cura de doença ou lesão.
o Dor crônica: persiste por de 1 mês além do necessário para a cura da doença ou lesão.
Habitualmente, por mais de três meses.
Evolução
Sua investigação inicia-se por seu modo de instalação: súbito ou insidioso. É relevante
também definir a concomitância do fator causal e início da sensação dolorosa.
Durante sua evolução, pode haver modificações na dor, como por exemplo sua
intensidade e caracterização. A dor crônica, por exemplo, pode mostrar surtos em relação às
ocorrências em um mesmo dia (ritmicidade) e surtos periódicos ao longo dos meses e anos
(peridiocidade).
Além disso, a dor pode mudar seu padrão em função do tratamento instituído,
devendo ser registradas essas informações.
Em suma, a evolução da dor fornece valiosas pistas para o esclarecimento diagnóstico.
Fatores atenuantes
São aqueles que aliviam a dor, como algumas funções orgânicas, posturas ou atitudes
que resguardam a estrutura ou órgão em que é origidada, distração, ambientes apropriados,
medicamentos, fisioterapia, acupuntura, bloqueios anestésicos e procedimentos cirúrgicos. Se
forem citados medicamentos, questionar nomes, doses e períodos de utilização.
Manifestações concomitantes
Várias manifestações clínicas associadas à dor e relacionadas com a enfermidade de
base são de grande valia para o diagnóstico.
Exemplos ilustrativos:
A dor aguda, nociceptiva, sobretudo quando intensa, costuma acompanhar-se de
manifestações neurovegetativas devido à estimulação do sistema nervoso autônomo por
impulsos dolorosos, incluindo sudorese, palidez, taquicardia, hipertensão arterial, mal-estar,
náuseas e vômitos.
A cefaleia pode estar associada a lacrimejamento, rinorreia ou obstrução nasal,
hiperemia conjuntival, sudorese na face e ptose palpebral.
Enxaqueca pode estar associada com escotomas e disacusia (intolerância ao barulho),
fotofobia, náuseas e vômitos.
_____________________________________________________________________________
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Hipocratismo Digital
Rodolfo Mazula
Fisiopatologia
Os mecanismos envolvidos na etiologia do HD ainda não estão definidos.
Histologicamente, na extremidade dos dedos com HD existe um edema intersticial linfo-
plasmocitário, vasodilatação, numerosas anastomoses arteriovenosas responsáveis pelo
aumento de fluxo sanguíneo periférico e um espessamento das paredes vasculares por tecido
conjuntivo. Acredita-se que mecanismos humorais, neuronais, predisposição genética,
resposta à hipoxemia e combinações destes fatores provoquem estas alterações. A teoria mais
aceite envolve a presença de microtrombos plaquetário e megacariócitos na circulação
periférica, com libertação de fatores de crescimento vascular, nomeadamente PDGF e VEGF.
Assim, no leito vascular pulmonar normal, os megacariócitos são fisiologicamente
fragmentados antes de atingirem a circulação sistémica. No entanto, se a circulação pulmonar
se encontra alterada por qualquer fator (ex: neoplasia pulmonar, fibrose pulmonar,
cardiopatia com shunt direito-esquerdo), eles não são fragmentados, atingindo diretamente a
circulação periférica, com consequente aprisionamento desses micro êmbolos plaquetário nos
leitos vasculares ungueais. As plaquetas interagem com as células endoteliais e produzem os
fatores de crescimento (PDGF e VEGF), o que poderá explicar os fenómenos de expansão
tecidual, hiperplasia vascular, aumento do fluxo sanguíneo e edema, observados no leito
ungueal dos doentes com HD. Além disso, estes fatores de crescimento são citocinas capazes
de estimular a proliferação de fibroblastos. Um dado que apoia esta ideia é o achado, em
autópsias, de trombos plaquetário nos capilares das extremidades distais nos casos de HD
(2,4).
Por outro lado, estudos recentes demonstraram em doentes com HD a existência de
níveis elevados de VEGF em circulação, bem como uma expressão local aumentada,
independentemente da doença associada (cardiopatia cianótica, doença pulmonar intersticial,
cirrose hepática, etc.). Em casos de neoplasia, sabe-se que o próprio tumor produz VEGF
favorecendo simultaneamente o seu crescimento e a instalação de HD. Especula-se também
que o fator de crescimento dos hepatócitos possa estar envolvido na patogênese do HD, pois
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
alguns estudos encontraram níveis mais elevados de HGF nos indivíduos portadores de HD, do
que nos indivíduos controle normais ou com neoplasia do pulmão, mas sem hipocratismo.
PROPEDÊUTICA I Camila Castro . Isabella Versiani . Marcela Carnio . Rodolfo Mazula
Anemia
Isabella Versiani
“Anemia in the adult patient. Hosp Physician 2004 Oct; 40(10); 32-36”
http://www.turner-white.com/memberfile.php?PubCode=hp_oct04_anemia.pdf
Valores de referência: menor que 13,0 g/dL em homens e 12,0 g/dL em mulheres.
Indica dieta deficiente ou processo patológico. A deficiência de ferro é a deficiência nutricional
mais comum no mundo e é a causa mais comum de anemia.
Palidez: o exame físico deve focar em áreas em que os vasos capilares estão mais
próximos da superfície. A sensibilidade da palidez de conjuntivas, palma das mãos e unhas
aumenta à medida que a concentração de hemoglobina diminui. Esses sinais de palidez são
bastante específicos uma vez que não estão presentes na ausência de anemia.
Outros exames físicos podem revelar pistas para doenças concomitantes. Icterícia
esclerótica indica processos hemolíticos ou doenças crônicas renais. Urina escura sugere níveis
elevados de bilirrubina, indicador de doenças hepáticas. Petéquias indicam trombocitopenia
por distúrbios de medula óssea. Equimoses, linfoadenopatias e esplenomegalia podem indicar
malignidades hematológicas.
Avaliação laboratorial
O MCV (“mean corpuscular volume”) é parâmetro de referência para classificar a
anemia em microcítica, macrocítica ou normocítica.
MCV < 80 fl: microcítica; MCV 80 a 100 fl: normocítica; MCV > 100 fl: macrocítica.