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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Fisioterapia

Raíssa Carvalho
Raquel Alves

RELATÓRIO REFLEXIVO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM FISIOTERAPIA NA SAÚDE


DA MULHER E UROPROCTOLOGIA

Belo Horizonte
2022
Raíssa Carvalho
Raquel Alves

RELATÓRIO REFLEXIVO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM FISIOTERAPIA NA SAÚDE


DA MULHER E UROPROCTOLOGIA

Relatório Reflexivo
apresentado como
recurso avaliativo
da Disciplina
Estágio Obrigatório
em Fisioterapia na
Saúde da Mulher e
Uroproctologia da
Pontifícia
Universidade
Católica de Minas
Gerais, ministrada
pela Professora
Silvia Monteiro.

Belo Horizonte
2022
LISTA DE ABREVIAÇÕES

PUC-MG - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

IUE - Incontinência Urinária de esforço

MAP - Músculos do assoalho pélvico

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade

ADM - Amplitude de Movimento

AVD’s - Atividade de Vida Diárias


SUMÁRIO

1. Apresentação do campo de estágio e suas propostas ............................................................................... 4


2. Perfil das pessoas atendidas no campo de estágio..................................................................................... 4
3. Relato de experiências exitosas .......................................................................................................................... 5
3.1 - Identificação do caso no contexto da disciplina: Avaliação do Paciente M.S.J .......................... 5
3.2 - Identificação do caso no contexto da disciplina: Avaliação do Paciente M.I.S ........................17
4. Autoavaliação ...........................................................................................................................................................37
Raíssa Gabriela de Carvalho ....................................................................................................................................37
Raquel Alves Nunes................................................................................................................................................37
1. Apresentação do campo de estágio e suas propostas

O estágio supervisionado é um espaço destinado à aprendizagem da profissão


docente e de construção da identidade profissional do aluno. Assim, ele é
compreendido como campo de conhecimento e a ele deve ser atribuído um estatuto
epistemológico indissociável da prática, concebendo-o como práxis, o que o define
como uma atitude investigativa que envolve a reflexão e a intervenção em questões
educacionais. É o momento onde o aluno tem a oportunidade de vivenciar, na prática,
todo o aprendizado adquirido nas disciplinas teóricas, estimular seu raciocínio clínico
e capacitar-se para avaliar, prescrever e planejar o atendimento fisioterapêutico
perante a cada condição de saúde de um paciente.
Neste relatório será descrito toda a atividade relativa ao campo de estágio e o
processo de trabalho nele desenvolvido, com a apresentação da documentação que
registra, de maneira reflexiva, a trajetória acadêmica de suas autoras no processo de
aquisição das competências trabalhadas na disciplina.
No Estágio Obrigatório na Saúde da Mulher e Uroproctologia o aluno desenvolve
competências gerais e específicas para atuar como Fisioterapeuta na reabilitação das
deficiências e incapacidades de mulheres e homens, com disfunções do assoalho
pélvico e/ou do sistema linfático, no nível secundário de atenção à saúde.
Para executá-las o aluno atua em situações reais de assistência a mulheres e
homens de modo a desenvolver/restaurar as funcionalidades comprometidas em
decorrência de disfunções congênitas ou adquiridas.
O estágio obrigatório de Saúde da Mulher e Uroproctologia ocorreu na Clínica de
Fisioterapia da PUC-MG, no primeiro semestre de 2022, às terças e quintas-feiras,
das 09:40h às 12:20h. Neste período, foram recebidos pacientes para avaliação,
reavaliação e tratamento, oriundos do SUS, onde todos os atendimentos prestados e
oferecidos a eles, foram realizados em dupla.

2. Perfil das pessoas atendidas no campo de estágio

Quantidade de pacientes atendidas pela dupla, perfil sociodemográfico, condição de


saúde e déficits funcionais.
Foram atendidas duas pacientes durante o semestre, sendo elas:

1- M.I.S, sexo feminino, 50 anos, 86,0kg, 1,58m, IMC 34.4, casada, trabalha como
técnica de enfermagem (exerce função à domicílio prestando cuidados a uma idosa),
renda familiar de 2 salários mínimos, raça branca, usuária do SUS, tendo como
escolaridade curso técnico em Enfermagem. A sua condição de saúde é incontinência
urinária de esforço. Os déficits pelo qual a paciente procurou tratamento na
Fisioterapia, foi pelo motivo de que perdia urina quando realizava algum esforço
como, rir, pular, correr, tossir, estar com o emocional abalado demais e isso a
incomodava bastante, diante disso, o seu médico Dr. João (Urologista) do hospital
Santa Casa -BH, a encaminhou para os cuidados da Fisioterapia.
2- M.S.J, sexo feminino, 68 anos, viúva, aposentada, mas trabalha meio período como
secretária na borracharia do irmão, raça branca, nível de escolaridade técnico
completo, sendo encaminhada ao Centro Clínico de Fisioterapia e Fonoaudiologia
PUC Minas via CREAB Centro-Sul, pelo Dr. Jean como um pós cirúrgico de
colpoperineoplastia. Antes da cirurgia, a paciente já apresentava incontinência
urinária de esforço provavelmente decorrente dos esforços físicos que realizava ao
cuidar da mãe acamada. Após a cirurgia, os sintomas pioram com a perda de urina
aos pequenos esforços, além de frequência urinária aumentada.

3. Relato de experiências exitosas

Houveram experiências pelas alunas durante este estágio, que agregaram bastante
para a formação acadêmica e pessoal das mesmas. Dentre elas, pode-se enfatizar o
primeiro contato com a paciente, desde da parte inicial da acolhida onde foi feito a
sua escuta baseado na anamnese, até o processo do tratamento em si, onde constou
a avaliação fisioterapêutica (exame físico, palpação, avaliação postural, avaliação de
força dos músculos do assoalho pélvico, dos membros inferiores, dentre outros), do
qual o exame físico, em especial, era o que causava mais insegurança nas alunas.

Entretanto foi possível compreender como a disfunção impacta diretamente no


contexto social e pessoal das pacientes, onde em alguns dos casos, interferem de
uma maneira comprometedora no dia a dia das mesmas, mas que em contrapartida,
em outras pacientes, este impacto não intercede na participação social e pessoal dos
indivíduos, e esse aspecto possibilitou outra visão das alunas, de estilos de vida
diferentes mesmo sendo a mesma patologia nas pacientes.

Embora todas as dificuldades e inseguranças sentidas pelas alunas em um primeiro


momento, o fim do semestre se mostrou muito gratificante e satisfatório. Foi notável
o crescimento pessoal e profissional se alavancando, além da melhora imensa das
pacientes atendidas pelas alunas, o que foi muito prazeroso de acompanhar.
Achamos a experiência do estágio muito válida, especificamente por ser um campo
de ambulatório onde os pacientes geralmente apresentam uma melhora muito rápida,
o que leva ao impulsionamento ainda maior ao atendê-los, além de que é uma área
da Fisioterapia mais diferente do que as outras, mas que não anula o fato de que a
área da Ortopedia é muito utilizada neste ambulatório, o que possibilita para as alunas
uma prática legítima.

3.1 - Identificação do caso no contexto da disciplina: Avaliação do


Paciente M.S.J

Paciente Meire Suely de Jesus, 68 anos, viúva, aposentada, entretanto, ainda


trabalha meio período como auxiliar administrativa na borracharia do irmão. Foi
encaminhada pelo Centro de Saúde do bairro para tratamento fisioterapêutico, com
queixa de perda urinária após cirurgia de colpoperineoplastia realizada em setembro
de 2021.
A paciente relatou que no ano de 1977 após passar por uma curetagem, foi informada
pelo ginecologista que tinha útero e bexiga baixa, mas nessa época ainda não tinha
nenhuma queixa urinária ou ginecológica.
Em 2010, a mãe que já era acamada e dependente de cuidados em tempo integral,
teve uma fratura de fêmur e diante disso, a paciente para ajudá-la, começou a
carregar muito peso o que levou ao impacto de sua qualidade de vida.
Os primeiros sintomas apareceram em 2016, sendo o primeiro sinal característico a
sensação de estar com uma bola na vagina e a perda de uma pequena quantidade
de xixi precisando então utilizar protetores diários. Os sintomas correspondem a um
período emocionalmente conturbado para a paciente, devido a perda de sua mãe e
outros problemas pessoais que vinha apresentando. Durante seis anos, cuidou da
mãe acamada, que precisava ser carregada para realizar todos os tipos de cuidados,
e para a paciente isso também se relaciona com o início da perda urinária. Em 2018
essa perda urinária se intensificou, estando presente em menores esforços, como rir,
tossir, subir e descer degraus. Em 2019, a bexiga “saiu para fora” de fato, já sendo
indicativo para realização da cirurgia para correção do prolapso. Antes da pandemia
já estava com tudo marcado para realização desta, mas com a quarentena foi
necessário adiar, sendo feita em setembro de 2021.
Após a colpoperineoplastia, percebeu que sua perda urinária aumentou muito,
precisando usar fralda por dois meses, realizando cerca de quatro trocas por dia.
Após 30 dias da cirurgia, retornou ao médico pois estava achando anormal a
quantidade de xixi que estava perdendo, sendo instruída ao uso do oxibutinina de 12h
em 12h. Embora a medicação tenha diminuído a perda, a paciente observou muitos
efeitos colaterais como a boca seca e dores de estômago. Assim, tentou consulta com
outro urologista, e enquanto não conseguia foi até seu posto de saúde de referência
que a encaminhou para um fisioterapeuta generalista do NASF, realizando cerca de
10 sessões, onde observou melhora parcial dos sintomas. Atualmente está usando
uma média de três absorventes por dia. Sentia que ainda ficava xixi na bexiga, mas
foi instruída a utilizar uma escadinha no banheiro para ajudar a eliminar toda a urina.
Apresentava noctúria, levantando cerca de duas vezes por noite.

História Pregressa
A paciente foi submetida a três partos normais e uma curetagem com
aproximadamente duas ou três semanas. No terceiro filho precisou fazer uma
episiotomia porque ele era muito grande. A data do último parto foi 29/06/1995, sendo
o maior RN como aproximadamente 3.800 kg. Não teve aumentos de peso
consideráveis, mas tinha muita vontade de ir ao banheiro durante as gestações, não
existindo perda urinária. A paciente relatou que não lembra de como foi o período pós
parto em relação às perdas urinárias e funções pélvicas.
Fatores Pessoais
Paciente não apresenta outras patologias associadas, possui hábitos de vida
saudável participando do liang gong, cinco vezes por semana. Apresenta boa função
intestinal, não está mais na menopausa, utilizou anticoncepcional por mais de 50
anos. Não faz uso de bebidas alcoólicas ou cigarro. A paciente relatou que sente
uma dor pontual na parede direita da vagina, que se assemelha a: "quando cai água
em um machucado".

Atividade e Participação Social


Em relação às limitações, a paciente relatou não ter deixado de realizar nenhuma
tarefa ou atividade devido à sua condição de saúde.

Fatores Ambientais (Barreiras e Facilitadores)


Facilitadores: A paciente possui apoio familiar, é bem motivada, disposta e
consciente da sua condição de saúde, apresentando muito desejo de melhora. Mora
próximo a clínica da PUC, é pontual e comprometida.
Barreiras: Não foram encontradas barreiras significativas.

Expectativa do paciente
A paciente desejava parar de perder urina, para que não fosse mais necessário o uso
do absorvente.

Exame Físico

Pad-Test 29/08/2022
Após toda a anamnese, prescrevemos para a paciente um treinamento vesical que
consistia em:
• orientá-la para evitar a ingestão de líquidos após as 18h;
• ajudá-la a redistribuir a quantidade de água durante o dia, bebendo uma média de
quatro copos de 250ml pela manhã e mais quatro durante a tarde;
• propor um intervalo entre as micções de no mínimo 1:30 e no máximo 2h.

Além de instruções para não procurar imediatamente um banheiro quando sentisse


urgência, evitar atividades que exigiam esforço físico no momento da urgência e a
utilizar as auto afirmações: eu consigo, eu posso esperar, eu mando na minha bexiga.

Foram criadas para a paciente duas cartilhas de cuidados, a primeira no início do


tratamento e a segunda ao final do semestre, para a alta da paciente.
Orientações Domiciliares
Cartilha final 06/12/2022
Plano de Tratamento

O plano de tratamento se consistiu em:

- Neuromodulação através da estimulação do nervo tibial


posterior durante 30 minutos. Para isso, dois eletrodos foram
posicionados um imediatamente atrás do maléolo medial e
outro 10cm acima, localizando nervo tibial posterior. A
frequência foi de 10 Hz, a largura de pulso fixa em 200
microssegundos e a intensidade ajustada segundo o limiar da
paciente, abaixo do limiar motor;

-Uso da corrente excitomotora com frequência: fixa em 50Hz,


largura de pulso de 700s e intensidade de corrente conforme
tolerância da paciente.

- CNT ativa livre em CCF para extensores de quadril – ponte


(3 séries de 10 repetições);

- Uso do biofeedback para estimular a paciente a melhorar a contração dos MAP


utilizando de feedback visual e auditivo à medida que realizava as contrações;

Paciente realizou 26 sessões de fisioterapia. Em sua reavaliação, apresentou uma


melhora significativa dos sintomas de urgência, redução do volume de perda urinária,
o que foi analisado comparando o resultado do pad test de 24 horas (Inicial= 2,44g,
Final= 0,58g) e no Diário Miccional, foi possível observar melhora importante da
noctúria, aumento da capacidade vesical funcional, mas a frequência urinária ainda
se mantém um pouco elevada. A força muscular aumentou de forma significativa de
grau 1 para grau 4, com resistência de 20S.
Atualmente sente-se muito mais segura para sair de casa e realizar suas atividades
funcionais. Relata que não perde urina durante o dia, em nenhuma atividade e que só
mantém o uso do protetor diário por segurança.
Paciente recebe alta fisioterápica em 06/12/2022, com orientações gerais e
específicas sobre a importância da manutenção de exercícios prescritos para os MAP,
treinamento vesical e sobre hábitos de vida saudáveis.

Contra Referência
Como me preparei para essa atividade? O que eu li e estudei? - Raíssa
Para atender a paciente e desenvolver o plano de tratamento já descrito, busquei
informações nos meus registros pessoais do 7° período das aulas ministradas pela
professora Tatiana, além de encontrar na literatura os seguintes artigos:

Tratamento da síndrome da bexiga hiperativa idiopática refratária / Treatment of


idiopathic refractory overactive bladder syndrome
Moroni, Rafael Mendes; Magnani, Pedro Sérgio; Rodrigues, Heitor Leandro Paiva;
Barrilari, Sue Ellen Gonçalves; Reis, Francisco José Candido dos; Brito, Luiz Gustavo
Oliveira. Femina ; 41(3)maio-jun.

Efeitos da fisioterapia na incontinência urinária feminina / Effects of


physiotherapy on female urinary incontinence
Cavenaghi, Simone; Lombardi, Bruna da Silva; Bataus, Sandy Carolina; Machado,
Beatriz Pereira Barbosa.

Pelvic floor muscle training for overactive bladder symptoms - A prospective


study / Treinamento dos músculos do assoalho pélvico nos sintomas da bexiga
hiperativa - Um estudo prospectivo
Fitz, Fátima; Sartori, Marair; Girão, Manoel João; Castro, Rodrigo.
Rev. Assoc. Med. Bras. (1992) ; 63(12): 1032-1038, Dec. 2017. tab, graf

The effect of outpatient physical therapy intervention on pelvic floor muscles in


women with urinary incontinence / Influência da intervenção fisioterapêutica
ambulatorial sobre a musculatura do assoalho pélvico em mulheres com
incontinência urinária
Knorst, Mara R.; Resende, Thais L.; Santos, Thais G.; Goldim, Jose R..
Braz. J. phys. Ther. (Impr.) ; 17(5): 442-449, out. 2013. Tab, graf.

O que aprendi com essa atividade? Qual conhecimento abordado foi mais
significativo para a minha formação acadêmica? Por quê?

Com essa atividade aprendi muito sobre a cirurgia colpoperineoplastia, sobre a


incontinência urinária de esforço e também sobre a bexiga hiperativa. Todos os
conhecimentos abordados foram extremamente significativos porque desenvolveram
a habilidade de conseguir traçar um plano de tratamento eficiente, objetivo e
personalizado, visando a rápida melhora da paciente.

Quais disciplinas prévias consigo relacionar ao conhecimento tratado aqui?

A disciplina em Saúde da Mulher, Recursos Terapêuticos Físicos, Cinesiologia e


Cinesioterapia, além de Anatomia Sistêmica e Palpatória.
3.2 - Identificação do caso no contexto da disciplina: Avaliação do
Paciente M.I.S

Paciente Marlene Inês de Souza, 50 anos, casada, atualmente trabalha como técnica
de Enfermagem, (exerce a função à domicílio prestando cuidados à uma idosa). Foi
encaminhada para tratamento fisioterápico com diagnóstico clínico de Incontinência
Urinária de esforço pelo médico urologista Dr. João (Santa Casa, BH).

História da Disfunção

Paciente relatou início dos sintomas em Janeiro de 2014, através de um trauma


devido a um acidente automobilístico, sofrido neste ano. Paciente alegou perda aos
esforços em gotas, em situações como riso, pular, espirrar, estar com emocional
abalado demais. Negou sintomas relacionados à bexiga hiperativa. Entretanto,
relatou que não conseguia mais segurar e controlar a urina em determinadas
situações, sendo que a perda ocorria aos esforços, mas em algumas ocasiões, a
paciente não percebia. (Utilizava cerca de três absorventes noturnos).

História pregressa

Paciente foi submetida a 2 gestações, ambas cesáreas. Foi relatado que em média
houve um aumento de 4 kg durante a gestação, sendo a data do último parto dia
07/09/2000 e o peso do maior RN foi de 3.400kg. Foram realizadas cirurgias
anteriores (perineoplastia e histerectomia-Adenomiose). Paciente apresenta doenças
associadas, como doença renal (nefrite), da qual foi diagnosticada aos 4-5 anos, por
conta de sua urina apresentar sangue, porém a mesma atualmente se encontra
controlada pelo fato de que toma medicamento para tal. Relata possuir também,
problemas auditivos nos dois ouvidos. Entretanto, alega que consegue ouvir bem e
de acordo com o médico, não precisa no atual momento, do uso de aparelhos
auditivos.

Fatores pessoais

M.I.S, 50 anos, 86,0 kg, 1,58m, IMC de 34.4. Paciente faz uso de bebidas alcoólicas
apenas socialmente, e não é tabagista. Apresenta boa função intestinal, mas em
alguns momentos, o intestino fica preso. Atualmente tem vida sexual ativa. Realiza
como atividade física, Crossfit, sendo três vezes na semana. Em relação aos
medicamentos, faz uso de Enalapril 20mg e Imipramina 25mg.
Atividade e Participação Social

Paciente não apresentou nenhuma limitação e alegou não possuir nenhuma restrição
em sua atividade e participação social.

Fatores ambientais (facilitadores e barreiras)

Facilitadores: Apoio familiar (filhos). Mora com os filhos e o marido. Possuía fácil
acesso ao tratamento na Clínica de Fisioterapia (vinha de moto).

Barreiras: Horário extenso de trabalho. Três vezes na semana.

Expectativa da paciente

Paciente relatou estar curiosa com o tratamento e alegou que esperava melhorar seus
sintomas de perda urinária. Se mostrou com boas expectativas ao tratamento. A
mesma alegou se sentir incomodada com a sua situação e gostaria de voltar a realizar
todas as suas atividades normais, suspendendo de vez o uso de absorventes
noturnos.

Exame Físico
Pad-Test
Diário Miccional

Plano de tratamento
Objetivos

Deixar de utilizar três absorventes no dia a dia, diminuir o uso do medicamento em


uso; aumentar o tempo de AVD’s sem perda urinária; promover relaxamento dos
MAP; aumentar o tempo de sustentação de contração dos MAP; aumentar o grau de
força dos MAP; orientações para distribuir a quantidade de água ingerida durante o
dia, bebendo uma média de quatro a oito copos de 200 ml de água e orientá-la a ter
um intervalo entre as micções de no mínimo 2h e no máximo 3h.

Além disso, foram passadas instruções para paciente para a mesma evitar ir ao
banheiro logo quando sentisse urgência e utilizar as estratégias contidas na cartilha
domiciliar inicial, evitar atividades que exigiam esforço físico no momento da urgência
e a utilizar as auto afirmações para controlar sua bexiga antes da micção.
Foram criadas para a paciente duas cartilhas de cuidados a domicílio, a primeira no
início do tratamento e a segunda ao final do semestre, referente a alta da paciente.
Cartilha inicial:
Cartilha final:
O plano de tratamento se consistiu em:

- CNT ativa livre em CCF, agachamento - 3 séries de 15 repetições cada;

- CNT ativa livre em CCF, para extensores de quadril – ponte - 3 séries de 15


repetições cada;

- TMAP: Contração voluntária repetitiva e relaxamento de músculos específicos


do assoalho pélvico – 3 repetições de 6 à 8 segundos cada, com tempo de 20
segundos de descanso em cada repetição;

- Terapia comportamental;

- Ensino da associação do padrão respiratório à contração da MAP (durante a


expiração contrair MAP);

- Treino funcional (caminhada na clínica com situações que aumentem a


pressão) intra abdominal;

- Uso do biofeedback pressórico durante 10’ ou até os MAP fadigarem;


- Uso dos cones vaginais durante caminhada 10’ na clínica, associado a
exercícios como subir e descer degraus (3x15) com tempo de 30’’ de descanso
entre cada repetição, agachamento (3x15), passar de sentado para de pé
(3x15), anteversão e retroversão pélvica na bola Suíça (3x15). Dos quais em
todos os exercícios, paciente contraiu os MAP (sem utilizar musculatura
acessória), além de sustentar o cone vaginal e ter uma respiração adequada.

Paciente realizou 24 sessões de Fisioterapia, apresentou uma ótima evolução do


quadro clínico com redução do volume de perdas urinária, o que foi observado através
do Pad test inicial de 10,42 gramas e final com 0,86 gramas e diário miccional com
frequência miccional de 5/6 ao dia, eliminando 1280ml e ingerindo 1380 ml de líquido.
Apresentava pouco tempo de intervalo entre cada micção, e não dava espaço
adequado entre uma ingestão e outra de líquido, tomava tudo de uma vez. Não
apresentou noctúria. No seu novo diário miccional, teve poucas idas ao banheiro, com
ótimo espaçamento de tempo entre cada ida, além de ter ingerido de 200ml a 300ml
de líquido por vez, com intervalos orientados e adequados. Apresentou também boa
evolução das funções dos MAP, além de ter relatado que não usa mais absorventes
para dormir, apenas um protetor diário por segurança (carefree).

Atualmente a paciente sente que não perde mais urina aos esforços, utiliza apenas
um absorvente ao dia (carefree), consegue controlar e comandar a sua bexiga e urina
com intervalos de 2h30 a 3h.

Considerando a sua melhora clínica, paciente recebe alta fisioterápica no dia 06/12/22
com orientações específicas sobre a importância da execução da manutenção de
exercícios prescritos para os MAP, treinamento vesical e sobre hábitos de vida
saudáveis, além de uma nova cartilha domiciliar com orientações e exercícios
domiciliares.
Contra referência:
Como me preparei para essa atividade? O que eu li e estudei? - Raquel

Eu me preparei para atender a paciente, lendo artigos na PUBMed, lendo os capítulos


referentes a IU no livro da Elza Baracho, além de ler slides da disciplina Fisioterapia
em Saúde da Mulher e os meus resumos da época, e discutir com a professora
orientadora Silvia que nos acompanhou durante todo o segundo semestre de 2022
no período do Estágio Obrigatório, além de ter lido e estudado os seguintes artigos:

- Pelvic floor physical therapy in the treatment of pelvic floor dysfunction


in women. Shannon L Wallace et al. Curr Opin Obstet Gynecol. 2019 Dec /
Fisioterapia do assoalho pélvico no tratamento das disfunções do assoalho
pélvico em mulheres.

- Effectiveness of Physiotherapy Treatment for Urinary Incontinence in


Women: A Systematic Review. Remedios López-Liria et al. J Womens Health
(Larchmt). 2019 Apr / Eficácia do tratamento fisioterapêutico para incontinência
urinária em mulheres: uma revisão sistemática.

- The impact of pelvic floor muscle training on the quality of life of women
with urinary incontinence: a systematic literature review. Agnieszka
Radzimińska et al. Clin Interv Aging. 2018. / O impacto do treinamento dos
músculos do assoalho pélvico na qualidade de vida de mulheres com
incontinência urinária: uma revisão sistemática da literatura.

- Female urinary incontinence: diagnosis and treatment. [Article in German].


Jörg Humburg. Ther Umsch. 2019. / Incontinência urinária feminina:
diagnóstico e tratamento.

O que aprendi com essa atividade? Qual conhecimento abordado foi mais
significativo para a minha formação acadêmica? Por quê?

O que eu aprendi com essa atividade, foi o fato de ser mais profissional no ambiente
do estágio, com o acrescento de responsabilidades perante as minhas pacientes,
principalmente pelo motivo de aprender sobre suas patologias (Incontinência Urinária)
e como tratá-las com as melhores condutas estudadas e aprofundadas com a
professora Silvia.
O aprendizado adquirido durante esse período, teve suas dificuldades de absorção
no início do semestre, mas foram superadas no decorrer do estágio com a própria
prática.
Quais disciplinas prévias consigo relacionar ao conhecimento tratado aqui?

Anatomia Palpatória e Sistêmica, Cinesiologia, Cinesioterapia, Ortopedia, Recursos


Terapêuticos Físicos, Biomecânica e Fisioterapia em Saúde da Mulher e
Uroproctologia.

4. Autoavaliação
Raíssa Gabriela de Carvalho
1) Quais foram os pontos fortes que contribuíram para seu desempenho no
estágio?

Alguns dos pontos mais presentes no início deste estágio foram a bagagem trazida
dos semestres anteriores, como a disciplina de Saúde da Mulher cursada no 7°
período. Ela norteou e foi aplicada nos atendimentos, outro ponto forte foi a busca de
conhecimento para embasar as condutas na literatura científica, os artigos agregaram
aos conhecimentos adquiridos.

Além disso, o meu interesse pessoal pela área, fez com que me dedicasse ainda mais
para melhor atendimento das pacientes.

2) Quais pontos você pode aprimorar para seu desempenho ficar melhor ainda?

Buscar mais livros, artigos e embasamentos científicos na área além de tentar


solucionar e me aperfeiçoar nos pontos que ainda tenho dúvidas e inseguranças.

3) Qual é a importância desse estágio para a sua formação profissional?

Vivenciar situações reais de assistência aos pacientes, através do estágio, é que nos
possibilita o desenvolvimento do raciocínio clínico, a capacidade de avaliar,
estabelecer condutas e planejar o tratamento individual e específico para cada
condição de saúde que nos for apresentada, com abordagem integral do indivíduo e
baseado na Classificação Internacional da Funcionalidade – CIF, nos guia a
futuramente exercer a profissão de forma capacitada a humanitária.

Raquel Alves Nunes


1) Quais foram os pontos fortes que contribuíram para seu desempenho no
estágio?

Os pontos fortes que contribuíram para meu desempenho no estágio, foi o fato deu
ter me dedicado muito na Disciplina de Fisioterapia em Saúde da Mulher no sétimo
período, ter feito meus resumos e ter guardado todos, porque através disso, eu
consegui recusá-los novamente neste semestre.

A minha dedicação e desempenho que foram adquiridos e aprimorados durante o


percurso do estágio por meio de leituras de artigos e discussões com a professora
Sílvia, foram alavancadores para eu poder tratar e orientar as minhas pacientes
durante o tratamento de ambas e dar o melhor de mim, depois de passar por erros no
início, mas que ao final das contas, ter conseguido oferecer as melhores condutas
para minhas pacientes, o que obteve resultado, pois as duas tiveram alta
fisioterapêutica (levando em consideração também o ponto de que ambas eram
motivadas com o tratamento).

Além do citado anteriormente, o meu grande interesse por essa área, foi um ponto
bem motivador para que eu desenvolvesse bem durante este estágio.

2) Quais pontos você pode aprimorar para seu desempenho ficar melhor ainda?

Os pontos que posso aprimorar para meu desempenho ficar melhor ainda, são:
conseguir ter uma rotina maior de estudos durante meu dia a dia, revisando um pouco
mais os materiais na literatura disponíveis. Além disso, poder questionar e discutir
mais com a professora Silvia, sobre as dúvidas que eu tinha, mas que me traziam
insegurança no período de Agosto/Setembro e eu não as trazia em algumas vezes,
em discussão com a orientadora.

3) Qual é a importância desse estágio para a sua formação profissional?

A importância desse estágio para a minha formação profissional, é o fato de que ele
pôde contribuir significamente para meu crescimento pessoal e profissional, onde eu
pude obter experiências relevantes no que se refere a características que uma
Fisioterapeuta deve ter de bagagem, como: empatia, cordialidade, raciocínio clínico,
disposição, metas tangíveis a serem traçadas para cada paciente em específico,
pontualidade e pontos críticos, e com todos esses pontos, eu consegui alavancar na
forma como eu trato uma paciente com IU por exemplo, e a escuta que eu devo ter
com ela, onde o âmbito que ela se encontra (o ambulatório em fisioterapia em saúde
da mulher), é mais delicado.

Diante disso, pude aprender a importância de mais do que tratar com condutas uma
paciente, é imprescindível saber ter uma escuta específica com cada uma e poder
orientá-las da melhor maneira com orientações e instruções para as mesmas
executarem dentro de suas residências e em suas AVD’s no geral, porque é isso que
torna o tratamento realmente eficaz.

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