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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA – ISTA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS & HUMANAS


CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

PROBLEMÁTICA ORTOGRÁFICA EM ANGOLA

Grupo nº 4

Luanda
2024
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA – ISTA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS & HUMANAS
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

PROBLEMÁTICA ORTOGRÁFICA EM ANGOLA

Trabalho apresentado ao curso de Comunicação


Social no Instituto Superior de técnico de Angola
(ISTA), como requisito de avaliação na cadeira de
Língua Portuguesa, sob orientação do Professor
Damárcio Dos Santos.

Grupo nº 4

Luanda
2024
LISTA DOS INTEGRANTES DO GRUPO

• António César
• Celmira Eunice Afonso António
• Isaac Júnior Gomes José
• Jânia da Silva
• José Francisco Kahenjengo
• Rosalina Gregório
• Zeca Fernando Pinto
SUMÁRIO

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5

1.1 Problemática...................................................................................................................... 5

1.2 Objectivos ......................................................................................................................... 5

1.2.1 Objectivo Gerais ........................................................................................................ 5

1.2.2 Objectivos Específicos .............................................................................................. 6

1.3 Hipóteses ........................................................................................................................... 6

1.4 Justificativa ....................................................................................................................... 6

CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................. 7

2.1 História da ortografia da língua portuguesa em Angola: evolução e influências ............ 7

2.2 Desafios educacionais na aprendizagem da ortografia em Angola .................................. 7

CAPÍTULO III – METODOLOGIA ................................................................................... 11

3.1 Metodologia .................................................................................................................... 11

3.2 Análise dos resultados .................................................................................................... 11

CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO ......................................................................................... 14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 15


CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

A problemática ortográfica da língua portuguesa em Angola é um fenómeno complexo


com raízes históricas, socioculturais e educacionais. As origens da problemática remontam ao
período colonial, quando a língua portuguesa foi imposta como língua oficial sem considerar
as línguas nativas e a diversidade cultural do país.

Este trabalho de pesquisa teve como objectivo investigar a problemática ortográfica da


língua portuguesa em Angola, analisando suas origens, evolução e impactos na comunicação
social.

A pesquisa foi realizada através da revisão bibliográfica e questionário online, este


último, com objectivo de aferir qual o impacto da ocorrência de erros ortográficos durante a
transmissão de programas nos meios de comunicação social.

1.1 Problemática
Esta problemática investiga o impacto da ortografia correta na eficácia da comunicação em
meios de comunicação social, como jornais, revistas, televisão e internet, e como erros
ortográficos podem afetar a credibilidade e a compreensão das mensagens transmitidas.

Para o efeito, nos propusemos a responder a seguinte pergunta de partida: “Como a


ortografia portuguesa em Angola evoluiu desde o período colonial até os dias atuais, quais
foram os principais eventos e influências que moldaram essa evolução e qual o impacto na
comunicação social?”

1.2 Objectivos

1.2.1 Objectivo Gerais

 Investigar a problemática ortográfica da língua portuguesa em Angola, analisando


suas origens, evolução e impactos na comunicação social.

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1.2.2 Objectivos Específicos

 Investigar a história da ortografia portuguesa em Angola, identificando principais


influências e mudanças ocorridaspara o ensino da ortografia portuguesa em Angola;
 Investigar os desafios enfrentados na educação em relação ao ensino da ortografia em
Angola;
 Avaliar o impacto dos erros ortográficos na credibilidade e na eficácia da comunicação
social em Angola, por meio de análises de conteúdo e pesquisas de opinião.

1.3 Hipóteses
H1 – Se as instituições de ensino, desde a iniciação ao superior, de modo a intervir,
rigorosamente treinarem os estudantes a dominar melhor a ortografia, então, construiremos uma
geração de profissionais que, independentemente da área de actuação, não são associados a uma
escrita débil (com vários erros ortográficos).

H2 – Se as instituições do ensino superior, de modo a intervir, investirem na selecção de um


plano curricular que integre a Língua Portuguesa e, de modo mais específico, o exercício
ortográfico em todo percurso formativo, bem como na selecção de professores qualificados,
então, os futuros profissionais de jornalismo estarão melhor preparados para escrever cada vez
melhor e com menos chances de cometer erros ortográficos em suas matérias jornalísticas.

1.4 Justificativa
Erros ortográficos podem afetar a percepção e a compreensão do público em relação ao
conteúdo produzido pelos meios de comunicação, tornando importante garantir que os
profissionais estejam bem preparados para evitar tais equívocos. Por esta razão, escrever bem
(entenda-se: escrita isenta de erros ortográficos), é fundamental para que a mensagem seja
efectivamente transmitida.

Portanto, é de relevada importância conhecer o impacto negativo de uma comunicação


social que comete erros ortográficos.

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CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 História da ortografia da língua portuguesa em Angola: evolução e influências


Segundo a Wikipédia (2024), dentre os países africanos, Angola é o país onde a
percentagem de falantes de português como primeira língua é a maior: cerca de 80,05 % dos
36,6 milhões de habitantes, isto é, 29,3 milhões falam português. Angola é o segundo país com
maior número de pessoas lusófonas, atrás apenas do Brasil.

Quanto à inserção do português no sistema educacional, Zau (2013) apresenta um inventário


de datas que revelam os caminhos pelos quais o processo de inserção passou, tais como:
• 1605 – criação da primeira escola de ler e escrever, em Luanda, uma das primeiras de
toda a África negra.
• 1845 – Início do ensino oficial (decreto de 14 de Agosto). Surgimento de escolas de ler,
escrever e contar em Luanda e Benguela.
• 1921 – Proibição do ensino de línguas africanas em escolas públicas e missões
religiosas: decreto nº 77 do governador provincial de Angola, Norton de Matos.

A adoção da língua do antigo colonizador como língua oficial foi uma decisão comum
à grande maioria dos países africanos. No caso de Angola deu-se o facto pouco comum de uma
intensa disseminação do português entre a população angolana, a ponto de haver uma
expressiva parcela da população que tem como sua única língua aquela herdada do colonizador.

2.2 Desafios educacionais na aprendizagem da ortografia em Angola


As falhas ortográficas são uma das marcas que mais contribuem para o descrédito de
quem as dá. Por muita formação que alguém tenha, por mais culto que seja, por mais poder de
que disponha, um documento escrito, da sua responsabilidade, em que apareçam erros
ortográficos é o suficiente para o desacreditar.

Reis (2009), por sua vez, diz que a escrita é: o resultado, dotado de significado e
conforme à gramática da língua, de um processo de fixação linguística que convoca o
conhecimento do sistema de representação gráfica adotado, bem como processos cognitivos e
translinguísticos complexos (planificação, textualização, revisão, correcção e reformulação
do texto), uma escrita correta, multifuncional e tipologicamente diferenciada, numa relação
com a língua que seja norteada pelo rigor e pela exigência de correcção linguística.
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Para desenvolvermos a noção do “erro ortográfico”, julgamos conveniente partir das
definições de “erro” e de “ortografia”. Etimologicamente, “erro” é uma derivação regressiva
de “errar”. Provém do latim errare, que significa fazer de forma incorreta.

No âmbito do presente estudo, errar será proceder fora das regras oficialmente
estabelecidas na utilização do Português Europeu, de acordo com a norma escrita resultante
dos Acordos Ortográficos de 1945, ainda em vigor em Angola. A palavra ‘ortografia’ vem do
grego, orthós e graphos. Orthós que significa “correta” e graphos quer dizer “escrita”. Logo,
quando falamos de ortografia referimo-nos à escrita correta, a arte e modo de escrever (ou que
ensina a escrever) corretamente as palavras de uma língua.

É evidente que a identificação e classificação dos erros ortográficos comporte várias


dificuldades, dadas as possibilidades que, frequentemente, se nos apresentam quando
confrontados com aspetos de produção textual. Por esse motivo, ao classificar o tipo de erro
presente numa determinada sequência tornou-se essencial tentar perceber o significado que o
estudante atribuiu em função da mensagem que pretendeu transmitir. Assim, depois de
identificados os desvios, procedermos à sua reconstrução na norma-padrão.

Relativamente às causas, e segundo Gargallo (2004), a explicação dos problemas


verificados na aprendizagem de uma língua (de modo geral) afigura-se de grande utilidade,
pois fornece dados importantes que permitem obter um melhor conhecimento acerca desse
processo, o que, do ponto de vista de ensino, poderá ser extremamente útil na definição das
estratégias e na produção de materiais a utilizar em contexto formal. Contudo, sucede com
frequência não ser possível determinar com exatidão as causas dos erros em virtude da sua
complexidade e da multiplicidade de hipóteses que poderão estar na sua origem. Desse
modo, procurámos fazer uma abordagem de forma abrangente, na opinião dos autores que
consultámos, sendo eles peritos na matéria, e de acordo com as informações fornecidas pelos
próprios estudantes através do inquerito.

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No seu livro intitulado “Ortografia para todos. Para (ensinar a) escrever sem erros”,
Gomes (2006) escreveu o seguinte:

Inumeráveis são os fatores que contribuem para que um aluno erre. Se limitarmos,
neste contexto, o conceito de “erro” ao “erro ortográfico”, ainda assim múltiplas são
essas causas. Bastar-nos–ia, para nos darmos conta da complexidade da situação,
lembrar os fatores relacionados com: aspetos psicológicos: memória, atenção,
perceção…; métodos de leitura seguidos; o meio social do aluno: (pobreza do)
vocabulário usado; hábitos de leitura…; um grande contacto com situações
predominantemente orais – conversação, audiovisuais…; dificuldades da própria
língua; interferências linguísticas (GOMES, 2006, p. 58).

Na comunicação social, Sendo essencial a coerência e coesão textuais para que a


comunicação se estabeleça de forma eficaz entre quem produz e quem interpreta, quisemos
centrar-nos na análise destes dois aspetos, tentando identificar os problemas que mais afetam
os profissionais de comunicação, A coerência é vista como elemento que confere um sentido
ao texto. E, a coesão, o elemento responsável pela conexão de palavras, expressões ou frases
dentro de uma sequência.

2.3 Comparação entre a ortografia em Angola e em outros países lusófonos


A língua portuguesa tem dois sistemas ortográficos: um vigora no Brasil e outro, em
Portugal e nos demais países lusófonos (Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, Guiné Bissau e Timor Leste). Essas duas ortografias são oficializadas por dispositivos
legais.

Apesar dos países africanos de expressão portuguesa estarem dentro do mesmo sistema
ortográfico existem algumas variações devido influências diversas. Neste capítulo do nosso
trabalho importa-nos focar nas variações que acontecem cá em Angola.

A realização de acordos que decretava uma unificação absoluta da ortografia, sempre se


revelava inaceitável para um dos países, Brasil ou Portugal. No decorrer dos anos e com a
emergência de cinco novos países lusófonos, o novo objetivo era consagrar uma versão de
unificação ortográfica que fixe e delimite as diferenças atualmente existentes e previna contra
a desagregação ortográfica da língua portuguesa. Com esse atual critério fixou um novo texto
de unificação, que apresentava uma versão menos forte que os acordos anteriores, no entanto
suficientemente forte para a unificação de cerca de 98% do vocabulário geral da língua.

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Considerando o status social, os adultos são os que mais conservam um falar local,
prestigiando culturalmente diferenças linguísticas em relação a outras regiões. Neste
sentido, entende-se que São diferenças que se denotam no modo de falar em termos
sócio-culturais, essas diferenças podem ser maiores ao nível da região ou regiões que
estão distantes uma da outra. As diferenças na maneira de falar são maiores, num
determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto […] mesmo o nível
cultural originários de duas regiões distantes uma da outra (Teyssier, 1997, p.79).

Portanto a maneira como os angolanos pronunciam as palavras não é igual à dos


portugueses, pelo facto de a língua sofrer alteração a nível fonológico.
Importa referir que em Angola temos um mosaico multilinguístico composto por
Línguas Khoisan e línguas Bantu. As línguas Bantu estão divididas em grupo, a saber: Grupo
kimbundu, Grupo kikongo, Grupo Wambo, Grupo Herero e Grupo ciokwe-Luchazi.
(SANTANA e TIBANE, 2021).
A lusofonia resulta da conjugação de duas palavras: uma que se reporta a Luso –
sinónimo de lusitano/Lusitânia, ou seja, português/Portugal; e a fonia que provém do grego e
refere-se à língua oral.
Para Silva e Sakanene (2011), Angola devia ser enquadrada nos países da bantufonia.
Por bantufonia, para os autores, entende-se que é “o processo pelo qual a língua portuguesa
falada em Angola passa a ter uma especificidade por influência das línguas bantu, ou seja,
quando a língua portuguesa adquiri, na forma falada, algumas semelhanças com as línguas
bantu, principalmente no nível da pronúncia” (p.560).

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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1 Metodologia
Esta pesquisa foi descritiva, pois teve como objetivo Investigar a problemática
ortográfica da língua portuguesa em Angola, analisando suas origens, evolução e impactos na
comunicação social. Para isso, utiliza a pesquisa documental como instrumento principal
(análise de bibliografias). e secundariamente de um questionário (levantamento de dados).

3.2 Análise dos resultados


A análise dos dados foi realizada de forma integrada, combinando abordagens
qualitativas e quantitativas para obter uma compreensão abrangente do papel da ortografia na
comunicação social. Os resultados serão interpretados à luz dos objetivos específicos da
pesquisa e utilizados para embasar as recomendações propostas.

Os resultados aqui analisados são resultantes de um questionário online feito com


objectivo de avaliar o impacto da problemática ortográfica da língua portuguesa em Angola na
comunicação social. Para o efeito, responderam o questionário onze (11) jovens com faixas
etárias compreendidas entre 18 a 45 anos de idade, sendo 55,6% destes com faixa etária entre
18 a 25 anos de idade, 33,3% entre 26 a 35 anos de idade e 11,1% entre 18 a 25 anos de idade,
dos quais, 62,5% do gênero masculino e os remanescentes 37,5% do gênero feminino. Quanto
ao nível académico da amostra, 62,5% tem a licenciatura concluída e 37,5% o ensino médio
concluído.

Com os dados obtidos na aplicação do questionário, pudemos constatar que 81,8% dos
participantes considera “regular” a qualidade da ortografia utilizada nos meios de comunicação
em Angola.

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Neste trabalho, constatou-se que, os resultados das pesquisas indicam que quando
raramente são identificados erros ortográficos nas matérias produzidas pelos menios de
comunicação, mais confiança os se confiam nas informações veinculadas por estes meios, pois
que para a amostra estudada, a existência de erros ortográficos nas matérias influencia na
confiança e credibilidade das mesmas.

É necessário garantir que os textos produzidos pelos meios de comunicação social sejam
isentos de erros ortográficos de modo a, inclusive, para não desviar a atenção dos leitores,
ouvintes ou telespectadores que, em vários casos, com a presença de erros ortograficos, dão
maior atenção a estes do que a matéria em si.

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CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO

A problemática ortográfica da língua portuguesa em Angola é um fenómeno complexo


com raízes históricas, socioculturais e educacionais. As origens da problemática remontam ao
período colonial, quando a língua portuguesa foi imposta como língua oficial sem considerar
as línguas nativas e a diversidade cultural do país. Essa imposição, aliada à falta de acesso à
educação formal e de materiais didáticos adequados, resultou em uma população com baixos
níveis de literacia e domínio da norma ortográfica.

A problemática ortográfica da língua portuguesa em Angola tem impactos negativos na


comunicação social, dificultando a compreensão das mensagens e a produção de textos claros
e coesos. Além disso, pode contribuir para a marginalização social de grupos que não dominam
a norma ortográfica.

Diante do exposto, torna-se urgente a implementação de medidas para combater a


problemática ortográfica em Angola.

A resolução da problemática ortográfica da língua portuguesa em Angola é um desafio


que exige o engajamento do governo, das instituições de ensino, da comunicação social e da
sociedade civil. Através de um esforço conjunto, é possível garantir o acesso à educação de
qualidade, à produção de materiais didáticos adequados e à utilização da norma culta da língua
portuguesa, promovendo a inclusão social e o desenvolvimento do país.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Wikipédia. Português angolano. 2024.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_angolano. Acesso em 17.03.2024.

GOMES, A. Ortografia para todos – Para (ensinar a) escrever sem erros. Porto: Porto
Editora, 2006.

REIS, Carlos et al (Org.). Programas de português do ensino básico. Lisboa: Ministério da


Educação; DGIDC, 2009.

GARGALLO, I. S. El análisis de errores en la interlengua del habitante no nativo. In


LOBATO J.; GARGALLO, I. (Org.) Vademécum para la formación de profesores. Madrid:
SGEL, 2004, p. 391-410

NTONDO, Z. (2015), Fonologia e Morfologia do Oshikwanyama, editora Mayamba, Luanda.

SILVA, J. F. & Sacanene, B. S. A bantufonia na variedade angolana do português. In:


Simpósio Internacional sobre Língua Portuguesa, 2011.

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