Justiça Restaurativa
AULA 4
Círculo de Paz
-O Círculo é um processo de diálogo que
trabalha intencionalmente na criação de um
espaço seguro para discutir problemas
dolorosos, a fim de melhorar os
relacionamentos e resolver diferenças.
-O Círculo busca encontrar soluções que
sirvam para cada membro participante.
-Todos os participantes possuem voz igual.
-É um processo estruturado para organizar
a comunicação em grupo, a construção de
relacionamentos, tomadas de decisão e
resolução de conflitos de forma eficiente.
-Cria um espaço à parte de nossos modos de
estarmos juntos.
-O círculo incorpora e nutre uma filosofia de
relacionamento e de interconectividade que
pode nos guiar em todas as circunstâncias –
dentro e fora do círculo.
-O círculo é um espaço intencional
formatado para:
-Apoiar os participantes a apresentarem seu
“eu verdadeiro” – ajudá-los a se conduzirem
com base nos valores que representam
quem eles são quando eles estão no seu
melhor momento;
-Fazer com que nossa interconectividade
fique visível, mesmo em face de diferenças
muito importantes;
-Reconhecer e acessar os dons de cada
participante;
-Evocar a sabedoria individual e coletiva;
-Engajar os participantes em todos os
aspectos da experiência humana – mental,
física, emocional e espiritual ou na
construção de significados; e
-Praticar comportamentos baseados nos
valores.
-Estimular a construção de espaços seguros
pautados em valores/diretrizes
compartilhados e histórias de vida;
-Reconectar os participantes com os valores
compartilhados pela comunidade e pelos
indivíduos;
-Incentivar os participantes a contar suas
histórias, percepções, sentimentos e
necessidades, além de como foram afetados
pelo conflito ou ato danoso.
-Quanto mais as pessoas praticam este
comportamento no círculo, mais estes
hábitos são fortalecidos para levar o
comportamento para outras partes de suas
vidas.
Valores e Ensinamentos
indígenas
-O alicerce da estrutura do círculo é
formado por dois componentes: primeiro,
valores que nutrem bons relacionamentos e,
segundo ensinamentos-chave que são
comuns nas comunidades indígenas.
-Juntos, valores que apoiam
relacionamentos e ensinamentos antigos
criam uma base forte para diálogos muitas
vezes desafiadores.
-Para construir a parte dos valores do
alicerce do Círculo, os participantes
identificam os valores que eles sentem que
são importantes para um processo saudável
e para bons resultados para todos.
-Os valores descrevem quem nós queremos
ser no nosso melhor momento, que é o
nosso eu verdadeiro. Tais valores são a
pedra fundamental de um círculo.
-O círculo também pressupõe que, se o lugar
for seguro, os valores têm mais condições de
aflorarem.
-Os valores que representam o meu “melhor
eu” (foco interno) resultam como sendo os
mesmos valores que nutrem bons
relacionamentos com os outros (foco
externo).
-Devido ao fato destes valores serem tão
importantes para o processo, o círculo não
os considera óbvios, nem o facilitador os
impõe.
-O círculo engaja os participantes
diretamente em uma conversa intencional
sobre os valores que eles desejam que
estejam presentes no espaço coletivo.
-A discussão dos valores é fundamental no
processo.
-A conversa sobre valores, antes de começar
a discutir assuntos difíceis, pode mudar
drasticamente o modo como as pessoas vão
interagir na hora de lidar com as
preocupações mais desafiadoras.
-As origens indígenas do processo do
círculo estabelecem a fundamentação do
círculo em ensinamentos-chave. Estes
ensinamentos são frequentemente extraídos
da imagem do círculo como uma metáfora
de como o mundo funciona.
-Para muitos povos indígenas, o círculo,
como símbolo, exprime uma visão de mundo
– uma maneira de entender como ele
funciona. Os seguintes ensinamentos são
parte integral, tanto da visão de mundo,
como do espaço criado pelo círculo:
-Tudo está interconectado;
-Embora esteja interconectado, há partes
distintas, e é importante que estejam em
equilíbrio;
-Cada parte do universo contribui para o
todo e é igualmente valiosa.
-Todos compartilham valores centrais que
indicam o que os conecta de forma positiva;
-Estar conectado de forma positiva e atuar a
partir dos nossos valores nem sempre é
fácil, especialmente em situações de
conflito;
-Em espaços seguros, nós podemos
descobrir nossos valores centrais e revelar
nosso desejo de estar conectados
positivamente.
Tipos de Círculo
a) Práticas Restaurativas
-O conceito e a filosofia da Justiça
Restaurativa surgiram durante as décadas
de 1970 e 1980 nos Estados Unidos e
Canadá, junto com a prática chamada
Programa de Reconciliação Vítima-Ofensor.
-Desde então, este programa foi modificado
e novas formas de prática apareceram.
-Metodologias antigas foram remodeladas e
ganharam o nome de “restaurativas”.
-Há vários métodos para aplicação das
práticas restaurativas como as conferências
familiares, mediação transformativa,
mediação vítima ofensor, a conferência, os
círculos de pacificação, círculos decisórios,
entre outros.
-Em algumas circunstâncias, vários
modelos são utilizados num mesmo caso ou
situação. Por exemplo, um encontro entre
vítima e ofensor pode ser promovido antes
de um círculo de sentenciamento, e à título
de preparação.
-Todos os modelos possuem elementos
importantes em comum. Cada um deles
implica um encontro facilitado ou diálogo
entre interessados-chave (no mínimo, entre
vítima e ofensor, e talvez incluindo outras
pessoas da comunidade ou do meio
jurídico).
-Quando é impossível ou inapropriado
promover um encontro da vítima com seu
ofensor, representantes ou substitutos
podem entrar em seus lugares.
-O encontro oferece a oportunidade para
que os que foram vitimados falem do mal
sofrido, e para que os que causaram dano o
reconheçam como tal.
-Em geral é necessário também falar do
futuro. O ofensor fará isso de novo?
-Como viveremos juntos na mesma
comunidade? Como tocaremos a vida
adiante?
-Todos os modelos de encontro restaurativo
abrem espaço para que tais questões sejam
abordadas através de um encontro sob
orientação de facilitadores.
-Embora semelhantes em linhas gerais, os
modelos de prática restaurativa diferem
quanto ao número e tipo de participantes e,
alguns casos quanto ao estilo de
participação.
b) Conferência vítima-ofensor
-Também conhecida como Mediação
Vítima-Ofensor;
-Envolvem basicamente aqueles
diretamente prejudicados e os responsáveis
pelo dano.
-Nos casos em que for indicado, trabalha-se
com a vítima e o ofensor em separado e,
depois, havendo consentimento para que
continue o processo, acontece um encontro
ou diálogo entre os dois, conduzidos por um
facilitador ou facilitadores.
-Consistem na promoção de encontros
presenciais entre vítimas e autores de
crimes – em que podem ser envolvidos
familiares, amigos e membros da
comunidade na qualidade de apoiadores –,
preparados e conduzidos por facilitadores
treinados, o mais frequentemente
voluntários da comunidade, voltados para
se conversar sobre os impactos e as
consequências de um ato danoso,
configurado ou não como crime;
-Influenciou outras metodologias diante dos
valores utilizados e redirecionamento do
enfoque da justiça tradicional;
-Correspondem a encontros entre ofensor,
vítima, famílias extensas e membros da rede
de proteção de crianças e adolescentes,
facilitados por um coordenador;
-Há a ampliação do círculo básico de
participantes, que passa a incluir os
familiares ou outras pessoas significativas
para as partes diretamente envolvidas.
-Esse modelo concentra-se no apoio àquele
que cometeu a ofensa, para que ele assuma
a responsabilidade e mude seu
comportamento, e por isso a família do
ofensor e/ou pessoas relevantes da
comunidade são muito importantes.
-O modelo neozelandês das conferências de
grupo familiar foi uma resposta à
insatisfação com a institucionalização
massiva e seletiva de jovens Maori, assim
como a fragilização dos vínculos com seu
grupo de origem;
-A população indígena Maori alegava que as
autoridades utilizavam um sistema colonial
imposto e alheio à cultura local.
-Promoveu a humanização e redução
drástica da violência contra crianças e
adolescentes;
c) Conferência de Grupo Familiar
-As conferências são organizadas e
facilitadas por assistente sociais pagos pelo
Estado a fim de que possam ajudar as
famílias a determinar quem deve estar
presente no encontro, e a criar o processo
mais apropriado para aquele grupo em
particular.
-Um dos objetivos do processo é a sua
adequação cultural, e a forma do encontro
precisa estar adaptada às necessidades e à
cultura de todos os envolvidos.
-Um dos elementos comuns à maioria delas
é uma reunião com cada família em
separado;
-Aquele que ofendeu e sua família se retiram
para outra sala a fim de discutir o que
aconteceu e desenvolver uma proposta.
-O coordenador da conferência deve
garantir a elaboração de um plano que
contemple as causas e também a reparação,
que responsabilize adequadamente o
ofensor e que seja realista.
-O modelo é visto como modelo de
empoderamento familiar.
-Aqueles que foram vitimados podem trazer
membros da família ou advogados;
-A participação da vítima pode ocorrer de
forma não presencial, se esta for uma
condição e pedido;
-A sua participação pode se firmar por
representação, depoimento por
videoconferência;
-A fase preparatória deve ser realizada com
cada parte, dando condições aos
facilitadores de entender adequadamente as
questões e poder conduzir o procedimento
mesmo não tendo a presença física da
vítima no momento do grupo;
-Principalmente, em casos de violência
contra a mulher, violência sexual e outros
crimes com alto grau de vitimização.
-Podem estar presentes um procurador
especial da vara da infância e juventude e
outros profissionais assistenciais.
-A polícia deve estar representada no
modelo neozelandês.
-O plano precisa obter a concordância de
todos os presentes.
d) Círculos de Construção de Paz
-Desenvolveu-se no Canadá no início da
década de 1990, a partir de iniciativas do
juiz Barry Stuart junto a grupos ameríndios
canadenses, mais especificamente com as
Primeiras Nações do território de Yukon.
-Assim, resultou na utilização em
procedimentos judiciais dos chamado
peacemaking circles, abordagem inspirada
em práticas indígenas de administração de
conflitos e resposta a atos danosos;
-Pautado no diálogo, valores, diretrizes,
consenso, partilha de histórias e
experiências;
-Bastão da Fala;
-Divisão em três momentos: pré-círculo,
círculo e pós-círculo.
-Os círculos de construção de paz viabilizam
o encontro entre pessoas, suscitam
afinidades, criam ou fortalecem vínculos e
promovem compreensões recíprocas.
-Os círculos de construção de paz, enquanto
processos circulares e práticas restaurativas,
podem ser classificados como conflitivos ou
não-conflitivos.
-Os círculos de construção de paz
conflitivos são aqueles aplicados em
situações judicializadas, em que há ao
menos um ofensor e ao menos uma vítima e
em que tentarão buscar um plano de
sentenciamento adequado a todos os
envolvidos, tendo valor judicial.
-Círculo de sentenciamento: círculos
realizados entre os envolvidos em um crime
ou ofensa e acompanhados pelo sistema de
justiça. O objetivo é chegar em um consenso
que promova a autorresponsabilidade e a
possibilidade de restauração dos danos
apontados pela vítima.
-Os círculos não-conflitivos são aqueles que
não estão atrelados ao poder judiciário, o
que não quer dizer que não possam ser
aplicados em uma situação de conflito.
-Esses círculos são amplamente aplicados
em situações que não envolvem conflitos
aparentes, com o objetivo de construir
conhecimento, fortalecer as relações
comunitárias, incentivar a partilha de um
momento difícil na vida.
-Círculo de diálogo: os participantes trocam
ideias sobre um determinado assunto
considerando diversos pontos de vista. O
objetivo é construir conhecimento de forma
coletiva e estimular a reflexão.
-Círculo de compreensão: o esforço dos
participantes desse círculo está direcionado
para compreender algum aspecto de um
conflito, ampliando o espectro e podendo
chegar nas causas de um problema.
-Círculo de restabelecimento: o objetivo
deste círculo é partilhar a dor, gerada por
um trauma ou perda.
-Círculo de construção de senso
comunitário: o foco está em construir e
fortalecer relacionamentos entre pessoas
que possuem um interesse em comum. Esse
círculo pode ser útil no incentivo de ações
coletivas e na promoção da
corresponsabilidade (responsabilidade
mútua).
-Círculo de reintegração: este círculo é
realizado entre uma pessoa que foi afastada
de sua comunidade e participantes dessa
comunidade, com o objetivo de buscar uma
integração.
-Círculo de celebração: o objetivo desse
círculo é proporcionar um encontro em que
uma ou várias pessoas serão celebradas por
suas conquistas, evidenciando suas
capacidades e a alegria de todas as pessoas
pela realização.
e) Círculos Restaurativos
-Quando da implantação dos programas
inaugurais no contexto brasileiro,
experimentos com comunicação não
violenta (CNV) vinham sendo realizados nas
favelas do Rio de Janeiro, desde a década de
1990, pelo sociólogo inglês Dominic Barter,
os quais serviram de base para a construção
de uma metodologia de justiça restaurativa
que podemos dizer ter sido gestada em solo
brasileiro, a saber, os chamados círculos
restaurativos (estilo CNV);
-Os círculos restaurativos se utilizam da
linguagem da comunicação não violenta –
desenvolvida pelo psicólogo estadunidense
Marshall Rosenberg (2006) – para a
estruturação de conversas e a construção de
espaços seguros voltados para a abordagem
de eventos danosos, alguns dos quais
configurados como crimes ou atos
infracionais, seguindo princípios e valores
que muito se aproximam das metodologias
descritas anteriormente. Pautado no
diálogo, valores, diretrizes, consenso,
partilha de histórias e experiências;
-Bastão da Fala;
-Divisão em três momentos: pré-círculo,
círculo e pós-círculo.
-Para a execução das tarefas, pode o (a)
facilitador (a) utilizar ferramentas, técnicas
e mecanismos de diversas áreas que
amparam a sua atuação no procedimento
circular restaurativo, como por exemplo, os
preceitos trazidos pela comunicação não-
violenta e alteridade.
-A comunicação não-violenta é estabelecida
através da mudança de foco na fala.
-Ela nos ajuda a identificar quais são as
necessidades não supridas do indivíduo
mediante o apontamento dos sentimentos.
-Por meio dessa identificação é possível
elaborar e estabelecer estratégias inclusivas
a fim de suprir essas necessidades.

Papel do Facilitador
-Trabalhar com pessoas exige dedicação.
Não só quanto ao estudo da teoria para
correta aplicação na prática, mas dedicação
no sentido de entrega.
-Facilitar a conversa de desconhecidos (as),
a princípio pode parecer tarefa fácil, como o
próprio nome define. Mas como não se
envolver? Como não sofrer a dor do outro?
-A preocupação em relação à facilitar
Círculos de Construção de Paz, é quanto aos
limites de atuação do (a) facilitador (a).
-Facilitar é o conjunto de ações que uma
pessoa exerce durante uma atividade
circular realizada sob os elementos e
princípios restaurativos, a fim de contribuir
para a resolução de um determinado
conflito.
-Para que um indivíduo seja denominado
como facilitador (a) de Círculos de
Construção de Paz, além do curso de
preparação para a formação do (a)
facilitador (a) (Resolução n° 225 do
Conselho Nacional de Justiça), mister a
sensibilização deste para que se torne capaz
de auxiliar o semelhante a encontrar o
remédio para o conflito existente.
-Imperioso destacar ser desnecessária a
formação em graduação específica para se
tornar facilitador de círculos.
-A qualificação necessária primordial para
exercer esta função, diz respeito à sua
capacidade de se colocar no lugar do outro e
lidar com os conflitos de forma
equidistante, sem qualquer restrição à área
de atuação profissional.
-Para que haja a transformação de um
profissional em facilitador de círculos, é
fundamental que se desprenda dos
preconceitos e exerça esta função baseada
no altruísmo e empatia, tendo como
preceitos básicos de sua conduta o respeito,
a tolerância, a paciência, a humildade, a
generosidade, a escuta ativa, a entrega e a
disposição como instrumentos
indispensáveis para desempenhar seu
trabalho.
-É incumbência do(a) facilitador(a) auxiliar
um determinado grupo de pessoas a
construir um consenso para melhor resolver
o conflito;
-Criar um espaço respeitoso de diálogo
sobre necessidades e sentimentos, com
qualidade e honestidade, com intenção de
favorecer a expressão assertiva das partes e
escuta ativa;
-Deve também, facilitar a assunção de
responsabilidades dos (as) envolvidos (as),
com o empoderamento da vítima e
transformação da vergonha do ofensor, em
algo positivo para a elaboração da melhor
resposta para a reparação de danos
causados, na medida do possível. (ZEHR,
2010)
-Facilitar um processo circular não é
simplesmente arrumar as cadeiras
geometricamente em círculo (PRANIS,
2010).
-É essencial que a pessoa disposta a facilitar
o diálogo faça uma preparação acurada para
que se extraia o melhor das pessoas quando
da utilização desse processo restaurativo.
-Cabe ao facilitador (a), a responsabilidade
compartilhada de monitorar esse diálogo.
-Não é função do (a) facilitador (a)
apresentar as respostas para a solução do
conflito das partes, mas sim, apresentar um
ambiente próspero onde esse resultado
possa ser encontrado pelos verdadeiros
protagonistas da situação.
-Chamar a atenção do grupo para quaisquer
problemas com a qualidade do espaço;
-Convidar o grupo a pensar em como
melhorar a qualidade do espaço;
-O facilitador está numa relação de zelar
pelo bem-estar de cada membro do círculo e
é um participante.
-PAPEL DO FACILITADOR: elaborar
perguntas eficientes
-O formato da pergunta tem um impacto
enorme no formato das respostas.
-As perguntas eficientes são estruturadas
para:
-Encorajar os participantes a falar de suas
próprias experiências;
-Convidar os participantes a compartilhar
histórias de suas vidas;
-Colocar o foco nos sentimentos e nos
impactos ao invés de nos fatos;
-As perguntas eficientes são estruturadas
para:
-Convidar ao reconhecimento dos pontos
positivos e recursos, bem como das
dificuldades;
-Fazer a transição dos participantes da
discussão de acontecimentos difíceis ou
dolorosos para a discussão do que pode ser
feito agora para tornar as coisas melhores.
-Administração do tempo:
-Muitos dos problemas que chegam aos
círculos não podem ser resolvidos em um
círculo só. O processo não deve ser
apressado.
-Se o círculo continuar por mais de uma
sessão, os valores e diretrizes criadas no
primeiro círculo devem ser rememorados
para todos os círculos subsequentes;
-Fazer uma cerimônia de abertura e rodada
de check-in antes de voltar para onde o
círculo parou.
-Devolver a responsabilidade ao grupo;
-Usar intervalos;
-Abordar os verdadeiros problemas:
-O facilitador pode perceber que os
problemas levantados no précírculo pelos
participantes não estão sendo discutidos no
círculo;
-O facilitador não deve levantar esses
problemas diretamente, sendo
apropriado fazer perguntas orientadoras,
encorajando os participantes a trazê-los à
tona.
-Exemplos de perguntas orientadoras:
-Eu observei que ninguém falou sobre as
questões levantadas por vocês nos pré-
encontros. É isso que o grupo quer?
-Qual é a tensão que não está sendo
discutida neste ambiente?
-O que não está sendo dito no grupo que
está bloqueando bons relacionamentos ou o
possível sucesso?
-Nós estamos atingindo o objetivo do
círculo?
-As pessoas podem se sentir relutantes em
falar honestamente sobre os assuntos que
temem.
-Se este for o caso, o facilitador pode
suspender o círculo e ter mais tempo de
preparação para aumentar a sensação de
segurança, ou trazer mais pessoas que
criem uma sensação de maior segurança.
-Suspender o objeto da palavra:
-Na parte de resolução do problema ou
acordo do círculo, pode ser útil suspender o
objeto da palavra e permitir um diálogo
informal entre os participantes;
-Após um período sem o objeto da palavra, é
importante voltar a usá-lo a fim de que
todos sejam ouvidos.
-Centrar-se durante um círculo:
-A forma como o círculo se desenvolve
poderá deixar o facilitador em desequilíbrio
e engatilhar a ansiedade, sensibilidade a
críticas ou a raiva;
-Se acontecer é importante tomar medidas
para centrar-se novamente;
-Centrar-se durante um círculo:
-Ajuda repetir uma frase em sua mente,
muitas e muitas vezes para liberar a
ansiedade, etc.
-Exemplos:
-O que aconteceu não é dirigido a mim;
-O círculo pode conter emoções e tensão.
-Passos para centra-se durante um círculo:
-Autoconscientização;
-Apegar-se a uma intenção para voltar a
centrar-se;
-Desenvolver uma estratégia pessoal que
poderá ser usada tantas vezes até tornar-se
um hábito.
-Ser humano:
-Não há problema em pedir ajuda ao círculo
caso o facilitador não faça “tudo certo”.
-Há três tarefas principais na preparação do
círculo:
-Preparar as partes;
-Planejar os pontos específicos do círculo;
-Autopreparação.
Etapas da Abordagem: Pré-
Círculo, Círculo e Pós-Círculo
a) Pré-Círculo
-Esta fase é muito importante e poderá
definir o sucesso ou não do círculo a ser
realizado.
-Há três tarefas principais na preparação do
círculo:
-Preparar as partes;
-Planejar os pontos específicos do círculo;
-Auto-preparação.
-O facilitador faz um encontro
separadamente com cada uma das partes
envolvidas e as escuta;
-Não é recomendável que dois participantes
sejam escutados juntos no mesmo pré-
círculo;
-O objetivo dos pré-encontros inclui:
-Ouvir a história ou a perspectiva daquela
pessoa no que se refere à situação;
-Explicar o processo: como funciona, quem
estará presente, etc.;
-Determinar se a pessoa tem preocupação
sobre sua participação;
-Identificar pessoas de apoio para as partes-
chave a serem convidadas a participar do
círculo;
-Esclarecer a respeito da confidencialidade
e exceções;
-Criar um relacionamento de modo que a
pessoa nos co-facilitadores;
-Verificar se há disposição para falar sobre
os assuntos-chave com todo o círculo;
-Verificar se há disposição para escutar os
outros que possam ter pontos de vista
diferentes;
-É importante enfatizar que cada
participante tem a chance igual de falar;
-Que não haverá interrupções durante as
falas de outros participantes;
-Que o participante não é obrigado a falar
quando segurar o objeto da palavra;
-Com a concordância das pessoas em
participar do círculo, elas podem indicar
outros participantes que desejam ver no
encontro, tais como familiares, colegas,
outras pessoas afetadas, vizinhos, etc.
-Os facilitadores identificam os assuntos-
chave que parecem ser importantes e que
sejam discutidos no círculo;
-Para ajudar a formular as perguntas para o
círculo, são usadas as informações sobre os
assuntos-chave;
-Se ficar evidente que mais pessoas são
apropriadas para o círculo, os
cofacilitadores deverão informar os demais
participantes, deverão convidar os outros
participantes e conduzir um pré-encontro
com quaisquer participantes;
-A participação em qualquer reunião
restaurativa é sempre voluntária.
-Ninguém pode ser coagido ou obrigado a
participar, apenas estimulado.
-Os co-facilitadores respondem às seguintes
perguntas:
-Quando? Em que horário?
-Onde?
-Qual será o objeto da palavra?
-O que se colocará no centro?
-Que cerimônia de abertura será usada?
-Que perguntas serão usadas para gerar
valores para o círculo?
-Que perguntas serão usadas para uma
rodada de check-in?
-Há necessidade de incrementar o
relacionamento antes de abordar os
problemas? Se houver, como será realizado?
-Que pergunta será usada para iniciar o
diálogo a respeito dos assuntos chave?
-Que outras perguntas poderão ser úteis, se
o grupo não estiver se aprofundando
suficiente nos assuntos-problema?
-Que cerimônia de fechamento será usada?
-Os co-facilitadores desenvolvem o plano
para o círculo juntos, baseados nas
perguntas acima e no formato do círculo;
-Os co-facilitadores também decidem como
compartilharão as responsabilidades de
facilitar o círculo;
-O plano é sempre visto como algo flexível e
aberto a modificações de acordo com as
necessidades do grupo no círculo.
-Priorizar tempo para autopreparação é
uma responsabilidade essencial para ser
facilitador;
-A autopreparação tem duas dimensões:
-Preparação antes de um círculo específico;
-Desenvolvimento de hábitos contínuos que
cultivem as qualidades que são benéficas
para se facilitar .
-A autopreparação antes de um círculo
específico inclui:
-Descansar o suficiente;
-Alimentar-se de forma adequada;
-Estar centrado;
-Tirar outras distrações da mente;
-Desligar celular, etc;
-Chegar ao local cedo.
-O desenvolvimento de hábitos saudáveis
para condução de círculo inclui:
-Trabalhar para o crescimento pessoal;
-Autoconhecimento;
-Autocuidado.
-No Pré-círculo, cabe ao coordenador:
cuidar das pré-condições que permitirão a
convergência de todos os participantes do
círculo a um mesmo fato; ao reunir-se com
cada participante, escutá-los de maneira
empática, com o objetivo de definir com eles
o fato a ser abordado no Círculo;
-Apresentar “o mapa” do processo, que
inclui: os passos do procedimento oferecido,
seus propósitos em direção à construção
compartilhada de um Acordo e a sua
avaliação no Pós-círculo.
b) Círculo
-O facilitador do Círculo usa elementos para
planejar o círculo e criar ambiente seguro.
-É a realização do encontro propriamente
dito.
c)Pós-Círculo
-É o acompanhamento.
-O pós-círculo é um encontro posterior com
os participantes do círculo para verificação
do cumprimento do acordo e se as pessoas
estão bem e satisfeitas.
-O Pós-círculo é um encontro de expressão
e avaliação entre os participantes do Círculo
e aqueles que colaboraram na realização do
acordo.
-Juntos, verificam se o acordo foi cumprido
e se foi satisfatório, cabendo ao
coordenador providenciar a documentação
desta etapa e comunicar os resultados.
-É uma oportunidade para que os presentes
verifiquem o cumprimento do acordo, sendo
de responsabilidade do coordenador realizar
a documentação desta etapa e a
comunicação de seus resultados.
-O coordenador registra o encontro,
inclusive as sugestões de passos seguintes,
se houver.
-Nesta etapa, o procedimento pode ser
encerrado, se cumprido o acordo.
-Caso contrário, os participantes podem
sugerir alternativas de prosseguimento.
Elementos Essenciais na
Condução do Círculo
- Sentar todos os participantes em um
círculo;
-Cerimônia de abertura;
-Peça de centro;
-Objeto da palavra;
-Check-in
-Valores/diretrizes;
-Perguntas norteadoras;
-Check-out;
-Cerimônia de fechamento.
-Sentar todos os participantes em um
círculo
-É de suma importância que todos sentem
em círculo;
-O arranjo permite que todos assumam suas
responsabilidades frente a frente;
-Afasta-se a posição adversarial;
-O círculo enfatiza a ideia de igualdade e
conectividade.
Cerimônia de abertura
-A marcação clara do início e fim de um
círculo é muito importante porque o círculo
convida os participantes a deixar cair as
máscaras;
-Promove a aproximação entre os
participantes e a conexão com a atividade
que irá iniciar;
-A cerimônia de abertura ajuda os
participantes a se centrarem, livrar-se de
distrações não relacionadas ao contexto;
-Há várias formas de realizar a cerimônia de
abertura, com dinâmicas ou atividades
lúdicas, como a leitura de uma poesia,
audição de uma música, técnicas de
respiração, etc.
Peça de Centro
-O Círculo usa uma peça central para criar
um ponto de convergência;
-Geralmente fica no chão, no centro do
espaço aberto dentro do círculo de cadeiras.
-Em geral, é uma base ou um trilho de
tecido;
-Pode incluir objetos representando os
valores de cada participante, os princípios
que alicerçam o processo, uma visão
compartilhada do grupo.
-Com frequência enfatizam a inclusão pela
incorporação de símbolos;
-Serve para regulamentar o diálogo dos
participantes;
-Permite ao participante falar sem
interrupção;
-Cada participante tem igual oportunidade
de falar;
-Reduz o controle do facilitador;
Check-in
-Oportunidade em que todos os
participantes falam seus nomes, profissão,
ou outras informações pessoais que
entendam relevantes para o
desenvolvimento do círculo e como estão se
sentindo naquele momento;
-Valores/diretrizes
-Os participantes elegem seus valores e
criam suas próprias diretrizes para sua
discussão;
-As diretrizes articulam os acordos entre os
participantes sobre como eles se conduzirão
no diálogo do círculo;
-Servem para criar um espaço seguro;
-As diretrizes não são limites rígidos;
-Elas não são impostas aos participantes;
-Perguntas Norteadoras
-Os círculos usam perguntas ou temas
norteadores no início de muitas rodadas
para estimular a conversa sobre o principal
interesse do círculo.
-Cada membro do círculo tem a
oportunidade de responder às perguntas;
Check-out
-Os interessados relatam como estão se
sentindo após a participação no círculo.
Cerimônia de fechamento
-As cerimônias de fechamento reconhecem
os esforços realizados pelo círculo;
-As cerimônias de abertura e de fechamento
são planejadas para se adequarem à
natureza do grupo em particular e dá
oportunidades para a reação/resposta
cultural;
-Podem ser utilizadas dinâmicas ou
atividades lúdicas.
-Acordos no Círculo
-Se o círculo promover acordo, será
realizado por consenso;
-Deve existir um método de monitoramento
e um plano no caso de o acordo falhar.
-Em caso de falha, sugere-se retornar ao
círculo e discutir juntos o problema com o
acordo;
-O acordo deve ser claro.
Roteiro do Círculo
Boas-vindas
-Inicie dando boas-vindas aos participantes
e, em seguida, agradeça pelo aceite ao
círculo e pela disposição a construir um
caminho para o conflito.
Abertura
-A abertura permite que os participantes
possam centrar-se;
-Exemplos: citar um poema, fazer uma
citação, leitura de um texto, exercício de
relaxamento, silêncio, atividades lúdicas,
etc.
-Explicar a peça de centro
-Identifique os itens constantes da peça de
centro e a razão da escolha de cada um;
-Explicar o objeto da palavra
-Explique a dinâmica do objeto da palavra;
-Se possuir algum significado, explique;
-O facilitador poderá falar sem o objeto da
palavra, mas não é a regra.
-Objetivo
-Deixe claro aos participantes qual o
objetivo do círculo.
-Rodada de apresentação/check-in
-Convide os participantes a se apresentarem
e que assim o farão a medida que o objeto
da palavra passar;
-Sugere-se que o facilitador apresente-se
em primeiro lugar, pois sua resposta,
provavelmente, servirá de referência;
-Após, passe o objeto da palavra e pergunte:
“Como vocês estão se sentindo hoje?”
-Rodada de apresentação/check-in
-Podem ser realizadas outras perguntas que
permitam que o grupo se conheça melhor.
-Exemplo de perguntas sobre um círculo
com trabalhadores de um hospital:
-Há quanto tempo você trabalha no
hospital? E em qual setor?
-O que mais lhe agrada em seu trabalho?
-Conte-nos uma situação interessante que
tenha ocorrido no hospital?
-O que você faz para se desestressar da
rotina do trabalho?
-O que você faria se ganhasse dois dias de
folga?
-Valores/diretrizes
-Coloque meia folha de papel A4 e uma
caneta em cada lugar;
-Em seguida, peça aos participantes que
pensem e escrevam na folha um valor que
eles acreditam que seria importante a fim de
trabalhar o conflito;
-Passe o objeto da palavra e peça que os
participante falem qual o valor escolhido e o
porquê de acreditarem ser importante;
-Solicite que depositem o papel no centro do
círculo;
-Valores/diretrizes
-Depois do estabelecimento dos valores,
inicie a rodada de estabelecimento de
diretrizes (acordos de como se comportar
no círculo);
-Passe o objeto da palavra e solicite aos
participantes que apontem uma diretriz (ex.:
ter intervalo, não usar celular, não ser
interrompido, etc);
-Anote as diretrizes em uma folha ou
escreva no quadro. Ao fim da rodada, leia
todas as diretrizes;
-Valores/diretrizes
-Passe o objeto da palavra e peça aos
participantes que informem se concordam
com as diretrizes;
-Caso exista oposição, explore-a
juntamente com o objetivo original da
pessoa que indicou a diretriz;
-Procure encontrar a palavra que a torne
aceita por todos;
-Rodada de contação de histórias
-O facilitador pode fazer uma rodada onde
os participantes possam compartilhar uma
experiência de vida a fim de estimular a
empatia ou para desenvolver a compreensão
de um para o outro;
-Isso facilitará a escuta no momento em que
os participantes passarem a tratar o foco do
conflito;
-O facilitador inicia;
-Rodada de contação de histórias
-O facilitador deve convidar os participantes
a compartilhar:
-Um momento em que você perdeu o
controle;
-Uma experiência difícil e as lições dela
resultantes;
-Um momento no qual alguém lhe falou
uma verdade difícil de aceitar e depois, você
agradeceu;
-Uma experiência na qual você fez um juízo
de valor negativo sobre determinada pessoa
e, após, descobriu que estava equivocado;
-Rodada de contação de histórias
-Uma experiência na qual você se sentiu
excluído;
-Uma situação constrangedora da qual você
sorri atualmente;
-Uma experiência na qual você agiu de
acordo com seus valores mesmo diante de
pessoas que agiram de forma diversa;
-Explorando os problemas
-Passe o objeto da palavra fazendo uma
pergunta acerca do problema que é o
objetivo do círculo;
-Faça inúmeras rodadas discutindo
sentimentos, preocupações, dificuldades
acerca do problema;
-Explorando os problemas
-Exemplos:
-Como você se sentiu atingido com a
situação?
-Como você se sente diante dessa situação?
-Qual a parte mais difícil dessa situação
para você?
-Qual a sua maior preocupação diante dessa
situação?
-Explorando os problemas
-Agradeça aos participantes a troca sincera
acerca das dificuldades, sentimentos,
preocupações, etc.;
-Ressalte seu reconhecimento pela
disposição e coragem para participar do
círculo a fim de tentar encontrar uma
solução;
-Como você saberá que a situação
melhorou?
-Que acompanhamento você deseja para se
assegurar quanto ao sucesso do acordo?
Check-out
-Passe o objeto da palavra e pergunte como
os participantes compartilhem suas
impressões sobre o círculo e como estão se
sentindo ao final;
-Exemplo:
-Existe algo que você trouxe para o círculo e
deseja deixar para trás?
-O que você aprendeu?
-Em que direção você se vê a partir daqui?
Agradecimentos

-Gerando planos para um futuro melhor -Agradeça a todos pela presença e

participação, bem como pelo esforço para
-Passe o objeto da palavra e pergunte aos resolver o conflito de forma respeitosa;
participantes o que eles pensam ser
necessário para que ocorra a reparação do Cerimônia de fechamento
dano e para criar um futuro melhor; -Lidere o grupo em uma cerimônia de
-Em seguida, pergunte o que cada um pode encerramento;
fazer para alcançar um futuro melhor; -Exemplo:
-Gerando planos para um futuro melhor -Música;
-Exemplo: -História em grupo.
-O que é necessário para que a reparação
seja feita e para que não ocorra novamente?
-Como cada um contribuiu para a situação e
como cada um pode agir diferente?
-O que não foi dito no círculo que pode
cooperar para o bom relacionamento?
-Acordo
-Determine de forma clara os termos do
acordo, a obrigação de cada um;
-É preciso que todos concordem;
-Registre.
-Esclareça as expectativas
-Passe o objeto da palavra e pergunte como
os participantes saberão que a situação
melhorou e que tipo de acompanhamento
desejam para assegurar o sucesso do
acordo;
-Esclareça as expectativas
-Exemplo:
-O que você espera fazer de forma diferente
após o círculo?