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• Resolução de conflitos: São usados para lidar com conflitos e mal-entendidos, promovendo a
resolução pacífica de problemas.
• Justiça restaurativa: Na área da justiça, os grupos reflexivos são empregados para envolver
vítimas, agressores e a comunidade na busca de soluções mais justas e restauradoras para os
conflitos.
• Promoção da saúde mental: São utilizados como parte da terapia de grupo para tratar
distúrbios psicológicos e promover o bem-estar emocional.
Os grupos reflexivos são flexíveis em suas aplicações e podem ser adaptados de acordo com as
necessidades específicas de cada situação. Eles são um recurso valioso para promover a reflexão, o
diálogo e o desenvolvimento pessoal e interpessoal.
O grupo observado é composto de autores de violência doméstica enquadrados na Lei Maria da
Penha em processos que ainda estão em andamento. As reuniões são realizadas por um grupo de
estagiários do 9º e 10º período de Psicologia, com a supervisão de uma professora psicóloga
orientadora do campo de estágio. São 18 homens classificados com a nomenclatura "beneficiários".
A idade varia entre 21 e 66 anos e tem profissões diversas, compondo um grupo bastante heterogêneo.
A realização das reuniões semanais, que no total são 10, ocorre em uma sala multidisciplinar de
uma instituição de ensino superior. É uma sala ampla, com boa iluminação, e que permite que os
beneficiários sejam dispostos em roda, o que favorece a interação. Além disso, há a disposição de um
projetor onde a maioria dos estagiários de Psicologia que conduzem as reuniões exibem o material de
apoio, com apoio de material impresso. Dos 10 encontros, o primeiro é reservado para regras gerais,
o penúltimo para consulta jurídica com estagiários do curso de direito e o último para certificação e
avaliação dos beneficiários sobre as rodas de conversa.
Nas reuniões observadas, foi possível perceber que os beneficiários ouvem atentamente as
apresentações, alguns interagem com qualidade e outros apresentam determinado grau de hostilidade.
Em alguns momentos, percebemos que alguns conversam entre sim, reforçam comportamentos de
outros, mostram bom humor quando ouvem exemplos da vida real, compreendem com qualidade
apesar dos diferentes graus de instrução. Em alguns momentos, alguns questionam o que está sendo
exposto ou entram em discordância com opiniões emitidas por outros colegas, mas sempre mantendo
relativa cordialidade. Durante a reunião também é oferecido um lanche, que colabora para a
manutenção de um ambiente mais descontraído.
Sobre os objetivos do grupo, a ideia é de promover determinada psicoeducação acerca não só da
prevenção aos crimes contra mulher, mas também desenvolver uma cultura mais saudável de
construção de masculinidades. A ideia é mudar a perspectiva dos homens sobre temas como o
controle das emoções, a comunicação, os relacionamentos com os filhos, o uso de álcool e drogas, a
masculinidade saudável, o valor da mulher, etc. Além disso, busca-se que na interação e mobilização,
os homens formem laços de amizade e reflitam conjuntamente não só sobre suas próprias atitudes,
como também sobre a sociedade em que estão inseridos.
Independente da forma como conduziram as reuniões, os estagiários mostraram ter conseguido
construir certo vínculo com os participantes, notado a partir das interações que eles tinham entre si e
os frequentadores. No mais, as pessoas ali presentes, não pareciam estar muito incomodados em
participar e estar ali, a única queixa, e acredito ser a mais percebida por todos, foi que, eles queriam
que ela acontecesse o mais rápido possível para poderem ir embora. Visto que muitos deles estavam
uniformizados, o que leva a crer que acabaram de sair do trabalho e foram ao encontro.
Foi uma experiência extremamente agregadora e satisfatória e expandiu nosso repertório acerca
não só do comportamento grupal, mas também dos aspectos culturais e sociais introjetados na
dinâmica da violência doméstica.