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ATIVIDADE PRÁTICA

Discentes: Isney Júnior, Laila Isa e Tatielly Aparecida


Docente: Tatiana Valéria Emídio Moreira
Nome da disciplina: Psicologia de grupos

Relatório de observação do Grupo reflexivo de autores de violência doméstica


organizado por docentes e estagiários do curso de Psicologia da Unievangélica e
curso de Direito da Faculdade Raízes

A justiça terapêutica é uma abordagem no sistema de justiça criminal que se concentra em


tratar as causas subjacentes do comportamento criminoso, em vez de simplesmente punir os
infratores. Ela reconhece que muitos infratores têm problemas de saúde mental, abuso de substâncias
ou outras necessidades que contribuem para seu envolvimento no sistema de justiça. Portanto, a
justiça terapêutica busca proporcionar tratamento, aconselhamento e apoio para ajudar os infratores
a lidar com essas questões subjacentes. Em vez de prisão, a justiça terapêutica pode envolver
programas de reabilitação, aconselhamento, terapia e supervisão intensiva, visando a reintegração do
infrator na sociedade de forma mais saudável e produtiva. Essa abordagem é frequentemente aplicada
a casos de crimes não violentos e delitos relacionados ao abuso de substâncias. O objetivo é reduzir
a reincidência e melhorar a recuperação do infrator, ao mesmo tempo em que atende às necessidades
das vítimas e da comunidade.
Grupos reflexivos são uma abordagem importante no tratamento de autores de violência
doméstica. Esses grupos proporcionam um espaço seguro para os agressores refletirem sobre seu
comportamento, compreenderem suas motivações e aprenderem alternativas não violentas para lidar
com conflitos. É uma estratégia fundamental para interromper o ciclo de violência e promover
relações saudáveis em famílias e comunidades. É importante ressaltar que os grupos reflexivos devem
ser cuidadosamente conduzidos por profissionais treinados, visando a segurança das vítimas e a
responsabilização dos agressores. Os grupos reflexivos, também conhecidos como grupos de
reflexão, têm diversos propósitos e podem ser utilizados em várias áreas, incluindo a educação,
psicologia, assistência social e justiça. Alguns dos principais objetivos e finalidades dos grupos
reflexivos incluem:

• Autoconhecimento: Os grupos reflexivos oferecem um espaço seguro para os participantes


explorarem seus pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando-os a aumentar sua
conscientização sobre si mesmos.

• Compreensão interpessoal: Permitem que as pessoas entendam melhor os outros,


desenvolvendo empatia e habilidades de comunicação eficaz.

• Resolução de conflitos: São usados para lidar com conflitos e mal-entendidos, promovendo a
resolução pacífica de problemas.

• Desenvolvimento pessoal: Ajudam os participantes a trabalhar em seu crescimento pessoal,


lidar com desafios e aprimorar suas habilidades emocionais.
• Prevenção e intervenção: São utilizados em contextos de prevenção de problemas, como
prevenção de abuso de substâncias, violência doméstica, entre outros, bem como na
intervenção em situações de crise.

• Aprendizado e treinamento: São usados em ambientes educacionais para promover a


aprendizagem ativa, estimulando a reflexão crítica e o diálogo construtivo.

• Justiça restaurativa: Na área da justiça, os grupos reflexivos são empregados para envolver
vítimas, agressores e a comunidade na busca de soluções mais justas e restauradoras para os
conflitos.

• Melhoria de relações familiares: Podem ajudar a fortalecer laços familiares, melhorar a


comunicação e resolver problemas familiares.

• Promoção da saúde mental: São utilizados como parte da terapia de grupo para tratar
distúrbios psicológicos e promover o bem-estar emocional.

• Empoderamento: Capacitam os participantes a tomar decisões informadas, promovendo o


empoderamento individual e coletivo.

Os grupos reflexivos são flexíveis em suas aplicações e podem ser adaptados de acordo com as
necessidades específicas de cada situação. Eles são um recurso valioso para promover a reflexão, o
diálogo e o desenvolvimento pessoal e interpessoal.
O grupo observado é composto de autores de violência doméstica enquadrados na Lei Maria da
Penha em processos que ainda estão em andamento. As reuniões são realizadas por um grupo de
estagiários do 9º e 10º período de Psicologia, com a supervisão de uma professora psicóloga
orientadora do campo de estágio. São 18 homens classificados com a nomenclatura "beneficiários".
A idade varia entre 21 e 66 anos e tem profissões diversas, compondo um grupo bastante heterogêneo.
A realização das reuniões semanais, que no total são 10, ocorre em uma sala multidisciplinar de
uma instituição de ensino superior. É uma sala ampla, com boa iluminação, e que permite que os
beneficiários sejam dispostos em roda, o que favorece a interação. Além disso, há a disposição de um
projetor onde a maioria dos estagiários de Psicologia que conduzem as reuniões exibem o material de
apoio, com apoio de material impresso. Dos 10 encontros, o primeiro é reservado para regras gerais,
o penúltimo para consulta jurídica com estagiários do curso de direito e o último para certificação e
avaliação dos beneficiários sobre as rodas de conversa.
Nas reuniões observadas, foi possível perceber que os beneficiários ouvem atentamente as
apresentações, alguns interagem com qualidade e outros apresentam determinado grau de hostilidade.
Em alguns momentos, percebemos que alguns conversam entre sim, reforçam comportamentos de
outros, mostram bom humor quando ouvem exemplos da vida real, compreendem com qualidade
apesar dos diferentes graus de instrução. Em alguns momentos, alguns questionam o que está sendo
exposto ou entram em discordância com opiniões emitidas por outros colegas, mas sempre mantendo
relativa cordialidade. Durante a reunião também é oferecido um lanche, que colabora para a
manutenção de um ambiente mais descontraído.
Sobre os objetivos do grupo, a ideia é de promover determinada psicoeducação acerca não só da
prevenção aos crimes contra mulher, mas também desenvolver uma cultura mais saudável de
construção de masculinidades. A ideia é mudar a perspectiva dos homens sobre temas como o
controle das emoções, a comunicação, os relacionamentos com os filhos, o uso de álcool e drogas, a
masculinidade saudável, o valor da mulher, etc. Além disso, busca-se que na interação e mobilização,
os homens formem laços de amizade e reflitam conjuntamente não só sobre suas próprias atitudes,
como também sobre a sociedade em que estão inseridos.
Independente da forma como conduziram as reuniões, os estagiários mostraram ter conseguido
construir certo vínculo com os participantes, notado a partir das interações que eles tinham entre si e
os frequentadores. No mais, as pessoas ali presentes, não pareciam estar muito incomodados em
participar e estar ali, a única queixa, e acredito ser a mais percebida por todos, foi que, eles queriam
que ela acontecesse o mais rápido possível para poderem ir embora. Visto que muitos deles estavam
uniformizados, o que leva a crer que acabaram de sair do trabalho e foram ao encontro.
Foi uma experiência extremamente agregadora e satisfatória e expandiu nosso repertório acerca
não só do comportamento grupal, mas também dos aspectos culturais e sociais introjetados na
dinâmica da violência doméstica.

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