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MARINA MÜLLER

TEXTO3
&t

Aneio
9tanes
panimn ORIENTAÇAO
-6o-93
VOCACIONAL

Traduçãa:
M9590 Multer, Marina Margot Feuner
Psicóioga clinica
Orientaçio vocacionat: contribuiçóes ciinicas
eeducacionais / Marina Müler, trad. de Margot
Fetzner.-Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
150p.

CDU:37.048.3

Indices para catálogo sistemático:


Orientação vocacional 37.048.3
Orientaçao educaciona! 37.048.3
Ficha catalográfica ela borada por Luizp Maria Colerti CRB 10/478
PORTO ALEGRE - 1988

EAS
ao grupo dos adul tos e preparados para as ocupaçoes grupais e Da-
ra a atividade sexual familiar.

15/ Em ambientes em que crianças, e


permanecem pouco

neses e trabalhadores
tempo estudando -
adolescentes
como e o
trabal ham
caso dos campo

o período da adolescència é encurtado,


pois o jovem deve assumir de imediato responsabilidades e condu-
e

tas adultas e pode iniciar relações de casal e de paternidade muito


Sujeito da orientação vocacional antes que em outros meios. Com freqkència, assume nestes çasos
os aspec tos frustrantes do papel adulto: trabalho esgotanie, mal
remunerado, deserção precoce do sistema educativo, carència de
atividades que tragam um sentimento de gratificação, respons abili
dade por filhos não desejados, etc.
Isso pode dar lugar a toda uma série de caracteristicas psico
lógicas muito diferentes das que consideramos tipicas do adoles-
cente de classe média.
Quando os adolescentes podem seguir os es tudos secundários
(só cerca de 15% dos argentinos o completam) e preparar-se para
uma ocupação que requeira estudos superiores (concluldos por
apenas 5% da população), a adolescència se estende durante todo
A OV realiza-se, com mais freqüéncia, em sujeitos que
tam peia puberdade e adolescência (ainda que tam bém possa con-
transi este perfodo, até aproximadamente os 22 anos ou até mais; na
realidade, até que o jovem se torne independente afetiva e econo-
sultar adul tos e anciães). Referir-me-ei, em primeiro lugar, à pùber micamente de sua família.
dade, etapa de importantes mudanças psicobiológicas. aparição da O que condiciona a puberdade e a adolescência não é o fato
menarca e da polução com células espermáticas, em meninas e biológico em si, mas o sentido que se dá ao papel adulto na socie
meninos respectivamente, acompanhados de cres cim ento corporal dade de que se trata. Interpretam-se atualmente estes fenômenos
e dos caracteres sexuais secundários junto com as novas
possibili como sócio-culturais: as sociedades industriais complicam o in-
dades mentais e a reconstruç ão da identidade pessoal. Comurnen gresso do adolescente no mundo adulto pela muiltiplicidade de pa-
te, essas mudanças apresentam-se coloridas de tensoes e conflitos péis sócio-econômicos nelas existentes e pela complexidade dee
a fet S, assim como por um recrudescim ento de constelações in- sua apre ndizagem. Como conseqüéncia disso demora-se muito
conscientes mais precoces, por exemplo, própias do complexo mais para terminar a adolescência, tende-se a manter mais tempo
edlpico, traços orais ou anais, etc. a dependéncia dos jovens, e se é contraditório a respeito do papel
Mencionarei, em segundo lugar, a adolescência, termo de ori
gem latina que se refere a "crescer", "chegar à maturidade". Ela que se espera que cumpram, o qual é ambiguo, refietindo-se assim
o conflito dos adu!tos ante esta etapa.
implicao desprendimento da infância e a entrada progressiva às Os adolescentes 'devem levar a cabo, durante esses anos, al-
vezes sum amente lenta no mundo e no
papel de adulto. Este
-

processo atinge e é, por sua vez, atingido pelos adultos e


gumas taretas especificas, como, por exemplo, esclarecer e tomar
ciedade, assim pela so seu próprio papel, autodefinindo-se e reconhecend0-se sexual e
como pelo momento histórico em que transcorre. socialmente (quem sente que é, quem quer chegar a ser, mediante
Fsta transição tem tido
diversos significados,
turas segundo as cul que ocupação, reconhecer seu corpo seu Sexo, Sua personalidade).
e períodos históricos. Em sociedades não indus
os
passagem se dá por reconhecimento público e trializadas
esta Tudo isso ocorre com ajuda minima e com muito trabalho, tanto no
diante rituais, muitas vezes dificeis solene, me sentido positivo (o que e quem ser) como negativo (o que e quem
e ainda sangüinários, denomi- não ser), o que ao mesmo tempo requer uma aceitação e uma re
nados "iniciações", cumpridas as
quais os jovens são incorporados nuncia ou desprendimento.

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Os eixos destas elaborações são a própria iden tidade, o tra A maturidade pessoal Ihes
balto e o estudo. outorgaradouma maior autonomia
mesmo, imaginar-se nao necessitando e o
Os adolescentes devem outro sexo e
desprernder-se ou independentizar-se, o em si mesmo. possuindo-
emocional e economicamente, dos pais e adultos, para viverem As informações confusas ou inexatas a respeito do
Suas próprias experièncias e aumentarem sua autonomia, o que vimento podem angustiá-los: nas meninas guanto à desenvol-
não signi fica deixar de necessitar dos demais, mas, pelo contrário, que pode ser fantasiada como dano menstruação,
genital, enfermidade ou evi-
estabelecer relações em um plano de reciprocidade. Eles devem dência de inferioridade, Ou, pelo contrario, Como
ainda construir pessoalmente - e em geral, sob a infiuência de sua feminilidade e de sua tutura atitude genésica. comprovação
Segundo
de

conformidade ou descontentamento com seu corpo, ocorrerãoseja


a
grupos de pertinência e d e referência - uma ideologia ou sistema
sen-
interpretativo da reali dade, baseado em convicções e não em im- timentos de sobreestima e narcisSismo, ou
menosprezo, timidez e
posições. Os sistemas de valores e a cosmovisão sócio-familiar e insegurança.
educacional são introjetados inconscientemente pelo sujeito, con- lolescentes preocupam-se com seu grau de "normalida
vertendo-se em um fundo defensivo e caracterológico de sua per de" a respeito do desenvolvimento e, com trequència, sua imagem
sonalidade, e incidindo em suas escolhas e projetos de vida. corporal é distorcida por suas fantasias e pelos problemas de auto-
Este processo de crescimento tem seus fundamentos nas sé- estima.
ries complementárias, em fatores sócio-culturais, nas oportunida- Nos desenhos da figura humana por eles confeccionados, ob-
des ao alcance do sujeito, em suas possibilidades e limites de serva-se claramente como percebem seu próprio corpo e as ansie
aprendizagem e de escolha. dades mobilizadas: preocupações com a sexualidade, repressão ou
desborde pulsional, alternância entre ascetismo e excessos, auto-
A adolescência provoca uma quantidade de mudanças: o
agressão, euforia e auto-afi mação, timidez e vergonha, preocupa-
abandono do infantil, tornando-se relativamente mais estável:com
ão masturbatória e culpa, etc.
papéis claros e necessidades atendidas por outros, e o ingresso ao
As propagandas publicitárias idealizam a aparência, aumen
mundo adulto, para o qual o adolescente não está preparado, sen-
tando o conflito, por conseguirei aproximar-se dos modelas so-
do-Ihe, em alguns casos, hostil.
ciais, ou a irustração, por não consegui-lo.
Isso promove, a princlpio, um impulso ao desprendimento,
O corpo é vivido como bom ou mau, ambivalentemente, e as
acompanhado de temor trente à perda do conhecido.
mudanças são, simultaneamente, desejadas e temidas, às vezes
Pode
considerar-se a adolescência "uma moratória psicosso- rechaçadas ou negadas.
cial, como disse Erickson, um processo de aprendizagem em que
Os adolescentes podem dissociar o "mental", "racional", espi-
as mudanças significam lutos ou abandonos dolorosos do passado:
Esses lutos são, principalmente
ritual (defensivo), do corporal, "animal". pulsional erótico ou
agres
SIVo, que Ihes perturba. Esta dissociação se acentua corporalmen
1) Pelo corpo de criança: as transformações corporais têm te: o corpo é tratado como um objeto estranho, pelo qual se soire
uma forte repercussão psíquica. As mudanças rápidas e não har ou que se "tem" mas que não é e é negada a realidade corporal in-
monicas criam uma grande instabilidade psiquica, são vividas co tegradora da personall dade, o que leva a excessos de privação ou
mo invaso ras, incontroláveis, e, por isso, caus am angústia; a reação negação, de asceti smo ou assentimento de culpa.
é de confusão e estranheza e os adolescentes têm a sensaç ão de A angústia frente ao transcurso do tempo pode conduzir a sen
serem manejados por forças desbordantes. timentos de despersonalização não reconhecer-se, sentir-se es
O
pode
desenvolvimento coloca em evidência a identidade sexual e
mobilizar frustrações nos adolescentes que tenham dificulda-
tranho- e grande temor à morte e às enfermidades hipocondria.
Em contraposição, o adolescente pode aferrar-se a fantasias
des na aceitação de seu próprio sexo. Durante a infância, as fanta-
de imortalidade e onipotência com as quais tenta negar a fini tude
sias podi am ser bissexuais, por falta de total evidència a respeito
da vida. A religi o pode, às vezes, ser utilizada pelos adolescentes
do próprio sexo e porque a masturbação implicava "bas tar-se a si
como refúgio e defesa ante as ansiedades da vida, por medo a mu-
danç as e às situações limite.
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criança dos anos anterio poder liberta-os de serem como os pais e com eles pass ando
das
identificaçQes (serem como outros) à elaboração de sua identidade
a identidade de
2) Perda do papel e
claramente a que
menina sabiam (serem eles mesmos).
res. Tanto o menino quanto a
e o que eles poderiam
esperar Isso implica a necessidade urgente dos adolescentes de co-
ater-se, que era
o esperado deles
eram os do grupo primário nhecerem-se a si mesmos. Do interesse de meninos pelo mundob
predominantes
dos adultos. Os vínculos o escolar, o externo e da técnica, passam a dar importancia ao seu mundo In
imediato, como por exemplo,
a familia e do meio
e que supõe de-
-

terno preocupações psicológicas e filosóficas. Porém,


-

e não escolhido pelo sujeito e a também


qual é circunstancial de compa-
cisões (comumente familiares)
ou acei tações a respeito
sócio
necessitam reconhecer melhordea seu
realidade, fazer uma leitura crftica
métodos pedagógicos, zonas, situação e compreensiva da mesmae possivel lugar na sociedade.
nheiros, professores, Se os adolescentes såo tratados e considearados como crian-
econômica, etc.
mentais, a forma de incluir-se tenderão a prolongar sua dependència e insegurança, sua per-
As identificações, os processos cas,
daí as sensações de confusão e de vazio pela sistência condutas intantis; sua suposta imaturidade é resultan-
em
sofrem uma crise;
isto estimula o desenvolvimento, te de como são iratados.
perda do anterior. Por
sua vez,
ansiedades mobilizadas e da Neste processo de abandono da identidade iníantil, atua de
ne-
das intensas
como conseqüência
condutas que resolvam os conílitos.
forma intensa o mundo interno
do adolescente, integrado por suas
cessidade de tentar novas
e defesas, modelado so-
A "tarefa evolutiva" de sua
infância jogar, aprender na e s
-

fantasias inconscientes, suas ansiedades


obedecer aos adultos, depender entra em crise, já que o bre os primeiros vinculos com
as pessoas que primciro odiou, amou
cola, pro
adolescente encara novas responsabilidades
e enfrenta novos
e foi primeiro amado e odiado. Este mundo interno po-
pelas quais
mais diretamente com a própria real no inconsciente que todos os
blemas que o fazem encontrar-se de ser sentido mais vigente e
escolar. e fantasias constituem
realidade não com o "como se" do jogo
e da aprendizagem acontecimentos exteriores. Estes objetos
adolescente deve enfrentar não adolescente, representando o que ama, de-
As novas realidades queo parte da personalidade
mas são ambíguas, incertas, e,
têm respostas claras ou "clichès", seja, odeia, teme e admira.
devem ser elaboradas por eles mesmos, pois Se as primeiras relações deixaram
marcas positivas, o sujeito
em última instància,
da sexualidade e imagens que o ajudem a viver sua
não existem soluções unívocas ante os problemas poderá identi ficar-se com boasdramática.
dos estudos e ocupações e das
crises e frustrações que de foma menos
do casal, adolescência
podem provir daí.
da relação infantil com os pais:
Durante a infância os
Os adolescentes deixam de comportar-se de acordo
com o que 3) Perda caracteristica de poder
segurança, e
uma imagem
e com nomas exteriores a si mesmos, para
tentarem sujeitos davam
é esperado sentimentos de projeção e reassegu-
de um longo às vezes idealizados tanto em
mas isto só o conseguem como culminação
eles, em serem pers ecutórios, aterrorizantes,
ser castrado-
e regressão: ramento quanto
processo durante o qual oscilam entre progressão entra em crise, pois perce
aceitar o crescimento e amadurecer pessoalmente ou voltar a con res. Na adolescência, essa idealização
os problemas; 0s erros e limites dos
dutas anteriores, resistindo a mudanças e "permanecendo bem-se os conflitos, as falhas,
ças". Em certas ocasiões, as condutas assumem traços maníacos:
crian pais são colocados em julgamento,
são avaliados e criticados as-
em alguns casos, fortes choques.
acelerá-lo de forma peramente, produzindo-se,
negar o
nunca",
crescimento, "não crescer ou
adolescentes desejam ser admitidose tratados como
onipotente, "ser grande de repente". atuando provocativamente, Os uma personalidade própria ante os
negando a dor pelo passado perdido. consolidando-se como
iguais,
Pode haver novos problemas nos adolescentes: descobrir-se e maiores. Em algumas circunståncias,
a necessidade de indepen
sentimentos ternos e afetuosos: preferem
situar-se como ser para si e em um papel social provoca-lhes con- dência os faz negar seus
flitos, pois os obriga a definir-se, e muitas vezes não exercitaram mostrar-se duros, rebeldes,
crfticos, antes gue correrem o risco de
afetivas.
com suficiente e seriedade a capacidade de manter a submissão e dependència
freqüència decis ão, recolocarão e questionarão as nomas
pelo que temem equivocar-se ou arrepender-se. Duvidam de si A partir deste momento,
infalibilidade dos adul tos. Por sua
familiares, pondo em dúvida
mesmos, de seu próprio critério. a

maturidade pessoal Ihes outorgará reeditam as velhas ansiedades


A uma maior autonomia e o vez, as flutuações dos adolescentes
evolucão sexual que obriga os adolescentes
problemas dos pais, que não estavam totalmente resolvidos, já
a
e incrementarem a in-
que os filhos jovens Ihes mostram suas inconsistências,
seu enve- telectualização e a interpretaçao racional do mundo como meios de
os pais podem
ordenar e conter as pulsões.
Ihecimento, sua futura perda de vigência. Por isso,
O pensamento dos
tentar rivalizar com seus filhos adolescentes, ou insistir em seguir adolescentes denomina-se lormal ou hipo-
traiando-os como'crianças para, desta forma, negar a passagem do
tético-dedutivo. Nele,
pode-se considerar os latos reais como umn
setor limitado no interior de um uniyerso
tempo e o questionamento de sua primazia. Todos os integrantes sao
de transformações Dossi
veis. já que eles explicados oaseando-se em um conjunto de
do grupo familiar vivem com grande ansiedade essas mudanças,
papéis e romper seus estereótipos pré hipóteses possiveis e compaiveis com as situações dadas susceti-
pois devem redistribuir seus
veis
vios.
de verificar-s e logicamente
e
ao apenas de maneira
emplrica.
relações pais pode affe- Por outro lado, no pensamento logico concreto,
Esta transformação das com os ver-se
próprio da in-
tada pela atitude que estes assumam como: fancia (etapa da latência), alcança-se apenas um limitado número
de transformações virtuais que prolongam o OCorrido na realidade:
- pressionar excessivamente o adolescente para que consiga subordinado ao real.
o poss/vel está
os objetivos propostos pelos pais: estudo, trabal ho, amizades, ca-
Durante a adolescència, inverte-se o sentido da relação entre
samento, o que pode provocar angústia, inibições ou rebeliões;
o real e o possível: o real subordina-se ao possivel
- não entender os processos de crescimento, reagindo com que é muito
mais abarcativo.
indi ferença, autoritarismo, ou agressividade ante as condutas ado-
lescentes. Estes necessitam ser ajudados por seus pais e poder
As hipóteses apresentam-se de orma
independente de seu
contar com eles. A comunicaço entre ambas as gerações não po
caráter atual ou ainda experimenlal: as deduçoes vinculam as pro
de começar nestes momentos; deve produzir-se já desde as posicoes diretas. Podem referir-se nao apenas a objetos ou fatos,
primei mas a dados simplesmente verbais. Opera-se as mesmas
ras etapas da vida. mediante
implicações: "se.. então"; disjunções:
"ou um ou outro ou ambos";
Os pais, reciprocamente, viverm também todos estes lutos, por exclusoes: "ou um ou outro, porem nao ambos";
isso combinações e
permutaçoes: são classificações ou relaçoes de ordem que utilizam
um método exaustivo e sistemático para levar em
devem aceitar conta todas as
6u próprio er Ihecimento e, ao mesmo
tempo, as mudanças
do corpo infantil de seu
possibilidades, dissociando os fatores e construindo esquemas
filho Complexos.
-

as mudanças na identidade do filho os fazem


enfrentar no As operaçôes combinatórias permitem real no inserir o
vOS valores, concepções e
interpretações de vida e os obrigam a
revisar seus velhos esquemas;
to das hipóteses possíveis que se compatibil1zam com os conjun-
dados.
São relações sobre relações, sistemas de conjuntos que operam na
entram em uma nova etapa da com o relação
de maior filho, segunda potência.
ambivalência, assim como de diminuição de
liderança. Esse dominio do
Por sua vez, os
pais devem afastar-se da imagem de si mes de toda
pensamento formal, não é arbi trário ou livre
mos, propria da relação com o filho
a
regra ou
objetividade. Pelo contrário, o sujeito pode en-
talados por muito
na criança, qual estiveram ins globar as relações entre dados reais com o
mo pais.
tempo, reconhecendo seus ganhos e limites co- conjunto das relações
posslveis, o que proporciona melhores previsóes e uma
A
são mais abarcativa. Porém, essas compreen
operaçoes podem permanecer
partir dos 11 ads 15 anos, no sujeito de
formas de
pensamento, derivadasaproximadamente,
das estruturas
surgem novas
anteriormente
forma potencial sem que se eretivem, ainda
truturalmente sejam possíveis, que es
disponíveis, mas com a
adição de novas nadas situações
e sÓ serem ativadas ante determi
O fundamento desse possibilidades. problemáticas experimentais Ou de
desenvolvimento é devido à convergën- Praticar estas fomas de aprendizagem.
cia de vários fatores: a experiência pensamento
permite aos adolescentes ir
que o sujeito adquire, a mais além do que
social e cultural, a influëncia ação percebem, vivem ou
da
maturação geral do organismo, a pensam com relação ao
real, para que se dirijam a todo o concebivel,
comprovável (o futuro,
as utopias,
mesmo que não seja
OS
66 projetos a
longo prazo).

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uma rede ou retículo que rela permitidoe o que é proibido, qual é o sistema de valores vigentes,
As operações formais integram coerência e es tabilidade têm, já que subsistem códi
mültipla e simultanea, o real e o possi- que grau de
ciona de forma reversível,
contraditórios.
rede. gos éticos ideológicos
e
vel, incluindo-os em todas as direções desta
da Ov, não devemos fixar-nos no
Os confilitos de gerações e a psicopatologia podem considerar-
A partir do ponto de vista
ou nas operações que realiza atualmente, mas se fortemente iniluenciados por perturbaçõese mudanças sócio-
que o sujeito pensa sua capa históricas. Na adolescencia existe uma vulnerabilidade especial ås
considerar que poderá
as
outras fazer em circunstáncias:
de rendimento, suas atitudes, assim como a espe- crises, por influëncía reciproca entre conflitos internos e desorgani
cidade potencial um nívei baixo de social. A luta do individuo por ser ele mesmo entra em con-
cificidade das mesmas. Muitas pessoas mant m zação
o controle SoCial que esperam reduzi-lo
em certas circuns täncias
ou diante de certas tarefas, flito com a hostilidade e a
pensamento um objeto manipulável.
a realizações muito compilexas e
exitosas em
mas podem chegar Os adolescentes tentam resolver o problema do papel que jo-
ou falta de aprendizagem no primeiro caso; por
outras (por inibição gam para os outros eo que sentem frente a si mesmos. Por essa
interesse vocacional e experiència no segundo).
razáo, são porta-vozes de gupos sociais marginais como delin
Portanto, o pensamento adolescente e suas possibilidades
verse-ão ampliados, interferidos ou, em todo o caso,
influfdos pe-
quentes ou drogados porque eles mesmos se sentem
seres com

los processos de aprendizagem e pelas experiências vigentes


em identidade em transformação, e, em conseqüència, marginalizan-
cada sujeito e em cada grupo. se ou assumem identidades negativas como formas de diferencia-
Os adolescentes podem idealizar seus novos poderes e abso rem-se e oporem-se à hostilidade ou ao desapego que Ihes é diri-
lutizar seu pensamento: daí a possivel rigidez e inflexibilidade de gido. Sua agressividade responde, em algumas circunstaâncias, a
não foram matizadas um mundo hostil e adverso, autoritário e repressor, cheio de difi
suas teorias e adesões ideoBiógicas que ainda
limites que a realidade propõe. culdades e tensões.
por experi ências suficientes e pelos A evolução de suas relações sociais leva-os: a aprofundarem
Essa onipotência do pensamento pode ter uma qualidade de alto
racionalismo em suas formulações e, às vezes, se converte em fon seletivamente certos aspectos da experiència, preparando a esco0
te de intoleråncia e de prejuízo, pois os adolescentes podem ter di- Iha vocacional; a preocuparem-se com a realidade nacional e mun
ficuldades em reconhecer os fundamentos afetivos e narcisistas de dial e com sua posição na mesma; a compreerderem meihor as re
toco o pensamento. Pouco a pouco, o jovem irá reconhecendo as lações e problemas inter-humanos, "a relacionarem-se com maior
Givergencias, respeitando-as, com o que sobrepassa esse egocen reciprocidade com os adultos
trismo intelectual que o domina. Cs adolescentes vêem também passar ao primeiro plano as
Na problemâtica vocacional, isto pode incidir em projetos de tendências genitais que acompanham a maturação fisica. O ego
os interesses orais e
ipo onipotente: estudar ao mesmo tempo várias coisas, fazer des sofre os embates das pulsões, ressurgem
tratam de empregar certas tecnicas para manejar
cobimentos
humanidade.
e aportes transcendentais para a ciência e o futuro da anais e, então,
reativa (compaixäo, ordem,
essas pulsões: repressão, fomaçao
Quanto à identidade pessoal, os adolescentes vão intelectualização.
constituin limpeza, ascetismo), negação,
do-2 de forma funcional, por meio de suas com sentimentos de
experiências e relações O desenvolvimento sexual pode aparecer
com alguns aspectos fenómenos biológicos). As sal-
parcialmente estáveis e outros móveis. Isto vergonha (ante a mas turbação e os
implica uma representação de si mesmos sob a base de antagonismo frente
consistir em um
múltiplas das ante esses conflitos podem
e complexas relações interpessoais, experièncias desconfiar do prazer, evitar pes-
atividades ocupacionais. psicossexuais e às pulsões, como por exemplo,
soas do outro sexo,
renunciar as diversóes e ao ajuste pessoal.
Com relação aos vínculos sociais, os
processos psicológicos e
histórico-sociais fomam uma continuidade ainda Quanto mais exagerado neste ascetismo, maio pode sero desbor-
rar-se ao final da análise. que possam sepa- do ao quebrarem-se as defesas.
Este grande temor às pulsóes sexuais tende a proteger o su-
As crises sociais e históricas são fontes de ansi edade
sional confu- da amorosa aos objetos infantis incestuosos (pais e
fixação
e
persecutória e dificultam aos adolescentes saber o jeito
que é irmãos). Por isso, é freqüente que chegue a afas tar-se deles ou a

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Freud assinalava dois caracteres basicos
com eles. Produz-se, então, um retraimento da libido para Qque englobariam a
brigar saúde psicológica do adulto: ser capaz deamar e "trabalhar" Is.
incrementa seu narcisismno.
sua própria pessoa, o que to implica vincular-se significativamente
com os demais e com a
Essa regressão é resolvida com esforços por restabelecer co- reali dade, sobrepassando o egocentrismo narcisista da criança e do
nexões com os objetos ex ternos, mediante a identi ficação narcisis adolescente, implica ainda participar com carinho e energia nas
e a idealização. di-
ta é buscada sua própria imagem nos outros versas atividades que adquiram valor para ele (ou ela) e também
estabelecidos com as carreiras e
Tudo isso se mostra nos vinculos dedicar-se a assumir uma identdade vocacional, oferecendo con.
ocupações. tribuições à sociedade, com seu
estorço criativo e ativo, buscando
orientador há puberdade e a adolescência
de considerar a a concretização de objetivos que nao se referem, em primeira ins-
como momentos evolutivos tipicos, de grandes hesitações, crises e tancia, ao ego.
transformações, o que constitui uma sindrome normal, tal como foi O adulto psicologicamente são está disposto a reconsiderar e
assinalado por M. Knobel, sem chegar a ser uma neurose clinica. modificar, pela experiència e pelo conhecimento, suas opiniões,
atitudes, crenças e condutas; pode des prender-se das que Ihe são
inoperantes com o passar do tempo, conservando não obs tante sua
A participação orientadora acompanha o sujeito para ajudá-lo integridade e sua orientação básicas. Consegue aceitar-se a si
a resolver sua problemática de identidade vocacional-ocupacional. mesmo, a seu corpo e suas caracteristicas psicofisicas; pode con-
de suas
Esta depende de sua identidade pessoal psicossexual, siderar com o sentido do humor as diversas experiências; tolera a
fontes inconscientes ambigüidade dos fatos e dos sentimentos, nao se pondo em guarda
identificações e relações com os outros e as
tanto subjetivas como sociais. Entre essas últimas
são importantes contra seus próprios impulsos; faz diferença entre suas fantasias e
diversos trabal hos
as ideológicas, referentes ao valor atribuído aos as possibilidades reais.
e estudos, considerações relativas ao prestlgio social ocupacional, Quem chegou à maturidade pode sentir que ama e é amado,
às preferências e às exigências familiares. que realiza sua tarefa, que deixa sua marca em outras pessoas e,
ainda que deseje ter mais tempo, sabe que faz o que pode com o
que dispõe.
O PASSO PARA A VIDA ADULTTA Algumas das características que podem encontrar-se nas per
sonalidades "auto-atualizadas", ou ss, seriam:
a tratar
A adolescência finaliza quando os adultos começam Percepção da realidade: juízos objetivos, com minimas dis-
-

Quanto mais rá torções ou com possibilidades de corrigi-las. Os prejulzos e des e


consistentemente os adolescentes como adultos.
pido começamos a tomá-los "a sério" como iguais, mais situar-se- jos inconscientes influem menos nas percepções, ou podem ser re
ão em seu novo papel. conhecidos.
Não é fácil descrever uma personalidade
"adul ta", já que exis A aceitaç ão de si mesmos, dos outros e da realidade: não
e em cada caso o produto questionam com frustração excessiva o que não se adequa a uma
tem muitos modos de desenvolvimento,
temos a tendència de imagem ideal. Conseguem aceitar os aspectos positivos e negati
resul tante é diferente, único. Além disto,
considerar como repr sentativos dos adultos "maduros" quem inte vos, nos mesmos objetos ou realidades, admitindo sua coexistên
intelectualmente sofisticado e com cia.
gra nosso ambient , em geral
conflitos comuns à maior
plexo, sem atender, a outros meios e aos -
Autonomia, independência de seu próprio meio ambiente:
parte dos adultos da população. têm força suticiente para serem independentes da boa opinião
ainda que
não vê detido seu crescimento psicol 6gico,
O adulto alheia, inclusive de seu afeto e se devem atuar de acordo com
envelhecimento. Per suas convicções.
se invol ução biológica durante o
produza a
manentemente, na medida em que pode dispor
de aspectos sãos Atitude para aprender: podem perceber e aceitar o novo,
os processos de
em sua personalidade, pode seguir cumprindo sentir ins piração, força e impulsos de mudança ao viver as expe
interatuar com
aprendizagem e de comunicação que Ihe permitam riências básicas da existência.
os demais e participar criativamente na realidade do mundo.

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Alguns destes momentos crlticos säo: o começo e o abdndono
amar aos demais,
profundas: podem de cada ciclo educativo, o nascimento de irmaos, a separação dos
Relações interpessoais colaborar e ajudar.
solidários, desejam pais, a perda ou afastamento prolongado de algum familiar próxi.
sáo h u m a n a m e n t e definido: tèm uma filosofia de vi- na puberdade, a adolescència, o estabelecimento de
Critério ético e ideológico mo, a entrada
novas rel ões, o cas ament0, o nascimento de filhos e o cresci
n e c e s s a r i a m e n t e conven-
-

importantes nem
da diante de questões s e u s critérios aos e dem ais matrimonial, a viuvez, um novoo
confomistas, não impõem mento dos mesmos, a separaç o
cionais nem classes socias, ra- amoroso, o ingresso profissional, a mudança ou perda do
numanas (de crenças, vinculo
respeitam as diferenças envelhecimento, as enfermidades ini
emprego, a apos entadori a,
o
ças, etc.) mantêm certa distância inte- bitórias elou invalidantes.
à "enculturação":
Resistência
inseridos. Não dão valor
-

tura em que estão


cul
rior a respeito da tão contra as lutas inúteis,
mas
sociais. Es
absoluto às tradições por leis
radicais. Regem-se
enrolar-se em grupos
podem chegar a mais do que por leis conven
de seu próprio caráter,
que procedem das opiniðes
a ser fortes e independentes
cionais, pois chegaram
alheias.
heterossexual: de comunicação pela
Possibilidade de amor
tanto quanto
transcender-se amorosamente,
experiência sexual, de ternura e o desejo se
o seu amor, a
ao seu par, no qual integram e/ou psicologi
de gerar vida, biológica
xual, frente à possibilidade
camente. aceitando-o
mas
respeito ao outro, não o usando,
Tratam com ulilitário
ou fazer algo
desfrutando-o, sem pretender conseguir
e manifestando aversão
Também respeitam a si mesmos,
com ele.
ao auto-sacri flcio sem razão.
são sabe reclamar afeto e amor,
O adulto psicologicamente
transitória ou definiti-
assim como também renunciar aos mesmos,
busca nos outros só o similar
a
vamente (separações, lutos). Não diferente dele
capta e aceita o que é
ele (por identi ficação), mas
alheias nem as
as falhas
mesmo. Não julga rigida e inflexivelmente
diversão e gozo. Admite e controla
próprias. Tem capacidade de
adaptativamente seus impulsos hostis.
Esse relato de um adulto "são" é bastante idealizado e, em
sabemos com base em Freud que todo
geral,
ser humano pemane
ce em seu inconsciente
eternamente infantil, narcisista e egocén
trico, existindo graus de saúde e de patologia em toda a personali-
dade.
Por outro lado, durante a vida humana existem muitas circuns
tàncias que mobilizam a identidade e promovem mudanças no indi-
viduo, com as ansiedades e resistências conseqüentes, com um
quantum variável de desestruturação e exigências de re es tru tura-
ção cuja resolução depende da personalidade, de seus anteceden-
tes e história.

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