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Intermeio: revista do Mestrado em Educação, Campo Grande, MS, v. 10, n. 20, p. 62-73, 2004.
Educação Infantil:
Quais Funções?
Quais Instâncias?
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doras, e a garantia da educação para chegando hoje a uma definição legal,
essas crianças, enquanto direito consti- conforme explicita a LDB, no título V,
tucional. Concepções e práticas educa- capítulo II, art. 29 “A educação infantil,
tivas foram se constituindo com base primeira etapa da educação básica, tem
em situações sociais concretas que, por como finalidade o desenvolvimento in-
sua vez, geraram regulamentações e leis, tegral da criança até seis anos de idade
ampliando a abrangência das políticas em seus aspectos físico, intelectual e
públicas sociais voltadas à infância. social, complementando a ação da famí-
A união de forças possibilitou con- lia e da comunidade”. Essa nova condi-
quistas no plano legal. Destacamos na ção, ao mesmo tempo que rompe com a
Constituição Federal de 1988 (art. 205) tradição assistencialista presente na
a educação como direito de todos e, por área, requer um aprofundamento do
inclusão, também, das crianças de zero debate sobre as referências de qualida-
a seis anos. Ressalta o Inciso IV, do art. de para a educação das crianças de zero
208, “o dever do Estado com a educação a seis anos e de como estão constituídas
será efetivado mediante a garantia de as funções que desempenha.
(...) atendimento em creche e pré-esco- Esses documentos legais significam
la às crianças de zero a seis anos de referências importantes que contribu-
idade”. Desde então, a Educação Infan- em para a implantação e implementação
til, em creches e pré-escolas, é um direi- de propostas educacionais voltadas ao
to da criança e um dever do Estado. trabalho com crianças de zero a seis
Após a aprovação da Constituição anos, assegurando que os programas de
Federal, o Estatuto da Criança e do Educação Infantil são da competência
Adolescente – Lei Complementar nº dos municípios, e que devem ser manti-
8.069 de 1990, que tratou a infância dos por eles com a cooperação técnica e
como cidadã de direitos, foi debatido com financeira da União e do Estado. (Título
ampla participação de setores da socie- IV – Art. 11, Inciso V).
dade civil. Esse reconhecimento, tam- Embora a legislação tenha trazido
bém, foi reafirmado pela Lei nº 9.394 avanços consideráveis, no que concerne
de 1996, que estabelece as Diretrizes e à educação e aos cuidados infantis, em
Bases da Educação Nacional, promulga- instituições públicas e privadas, esses
da em dezembro de 1996. Nela, a Edu- espaços de atendimento voltados às cri-
cação Infantil está contemplada em des- anças de zero a seis anos ampliaram-se
taque, no título III – Direito à Educação sem uma reflexão mais profunda sobre
e Dever de Educar, art. 4º, Inciso IV, as funções do trabalho educacional que
onde é afirmado que: “O dever do Esta- realizam.
do com a educação escolar pública será Com as conquistas obtidas através dos
efetivado mediante a garantia de (...) instrumentos legais, apontados acima,
o chamado binômio
educar e cuidar tor-
... a Educação Infantil e suas funções são realidades nou-se não só o
objetivo da educa-
criadas historicamente, das quais diferentes grupos de ção de crianças de
crianças de zero a seis anos dispõem em medida zero a seis anos,
mas também a de-
desigual e condições muito diversas. finição de sua
especificidade. Des-
atendimento gratuito em creches e pré- se modo, a Educação Infantil e suas fun-
escolas às crianças de zero a seis anos ções são realidades criadas historica-
de idade”. mente, das quais diferentes grupos de
Nessa perspectiva, a Educação Infan- crianças de zero a seis anos dispõem
til sofreu inúmeras transformações, em medida desigual e condições muito
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diversas. De acordo com Kuhlmann Jr lo de Educação Infantil: o Referencial
(2000, p. 54): Curricular Nacional para a Educação
O que diferencia as instituições não são as Infantil. Esse documento propõe a
origens nem a ausência de propósitos indissociabilidade das ações de educar
educativos, mas o público e a faixa etária aten-
dida. É a origem social e não institucional que e cuidar das crianças de zero a seis
inspirou objetivos educacionais diversos. (...) anos. Lá, a expressão educação e cuida-
Na realidade, encontramos uma diversidade do da primeira infância inclui todas as
muito maior, marcada pelas desigualdades, até possibilidades de ação junto às crianças
mesmo na denominação institucional. Há, por
exemplo, creches
para crianças de zero
a seis anos, na mai-
oria das vezes refe-
... no “cuidado” existem possibilidades de educação,
rindo-se a um aten-
dimento em período
assim como nas ações educativas é possível, também,
integral, na acepção
que a lei pretende
oferecer, simultaneamente, “cuidados”.
superar. Para as cri-
anças pequenas de
classe média, atribuem-se outros nomes que
antes da escolaridade obrigatória, inde-
não creche, com exceção de algumas localida-
des, como o Rio de Janeiro. Se os limites ad- pendentemente da organização do espa-
ministrativos foram superados, as diferenças ço, do financiamento, dos horários de
sociais permanecem e se refletem também no funcionamento ou do conteúdo do pro-
interior do sistema educacional. grama a ela destinado. Admite-se
Ainda, na Lei de Diretrizes e Bases comumente que a primeira infância
da Educação Nacional, tanto creches abrange o período que vai do nascimen-
como pré-escolas são consideradas ins- to até os seis anos de idade.
tituições de Educação Infantil, sendo Rosseti-Ferreira (2003) evidencia a
que a distinção entre elas é definida consciência cada vez mais acentuada de
pelo critério de idade. A Educação In- que “educação” e “cuidado” são concei-
fantil para as crianças de zero a três tos inseparáveis que, necessariamente,
anos será oferecida em creches ou deverão ser levados em consideração
entidades equivalentes e, para as cri- nos serviços qualitativos destinados à
anças de quatro a seis anos de idade, infância, com o objetivo de favorecer o
a educação será oferecida em pré-es- desenvolvimento da criança e integrá-
colas (título V, capítulo II, seção II, ar- la de forma atuante nas instituições
tigo 30). educativas e na sociedade.
Na distribuição das competências re- Para tanto, não é concebível uma di-
ferentes a esse nível, tanto a Constitui- visão entre os pressupostos enuncia-
ção Federal quanto a LDBEN explicitam dos, pois no “cuidado” existem possibi-
a co-responsabilidade das três esferas lidades de educação, assim como nas
de governo, municípios, estados e União ações educativas é possível, também,
e, também, da família. A articulação com oferecer, simultaneamente, “cuidados”.
a família visa ao mútuo conhecimento A educação e cuidado na primeira in-
de processos de educação, valores e de fância indicam, necessariamente, uma
expectativas, de tal maneira que a edu- abordagem integrada e coerente de uma
cação familiar e a escolar se comple- política e de serviços que incluem to-
mentem e se enriqueçam, produzindo das as crianças e seus familiares, in-
aprendizagens coerentes, mais amplas dependentemente do status profissio-
e profundas. nal ou econômico. Essa abordagem re-
Também no ano de 1998, foi editado conhece, também, que a legislação po-
pelo Ministério da Educação um docu- derá criar as circunstâncias para a
mento normatizador, com o objetivo de efetivação de ações que objetivem pos-
estabelecer parâmetros para o currícu- sibilitar à criança desenvolver-se, rea-
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lizar aprendizagens e trocas afetivas cação”. Segundo essa autora “todas as
em instituições educativas que tenham crianças possuem estas necessidades e,
profissionais qualificados e sejam se todas têm direito à educação, qual-
partícipes de responsabilidades social quer instituição que as atenda deve levá-
e jurídica. las em conta ao definir seus objetivos...”
Fica, assim, claro o papel das insti- (1994, p.35).
tuições de Educação Infantil, que, inde- Repensar as práticas pedagógicas no
pendentemente da modalidade que as- sentido de concretização de um espaço
sumam, devem cumprir o duplo papel compromissado com a qualidade, desen-
volvendo cuidado e
Repensar as práticas pedagógicas... educação da criança
de zero a seis anos,
passa, necessariamente, pelo entendimento de que a passa, necessaria-
mente, pelo entendi-
educação da criança é um direito, não só social, mas mento de que a edu-
um direito fundamentalmente humano. cação da criança é
um direito, não só
social, mas um direi-
de educar e cuidar, de forma articulada to fundamentalmente humano. Kramer
e qualitativa. Kuhlmann Jr (2000, p. (2003, p. 64) ajuda-nos a elucidar me-
65) é bastante esclarecedor ao abordar lhor esse aspecto, afirmando que:
a relação dessas duas ações ao expres- o cuidado, a atenção, o acolhimento precisam
sar que: estar presentes na educação infantil. A ale-
gria e a brincadeira também. Mas nas práti-
A caracterização da instituição da educação cas realizadas, as crianças aprendem. O saber
infantil como lugar de cuidado-e-educação, não pode ser confundido com falta de liberda-
adquire sentido quando segue a perspectiva de de. Afinal, o desafio é tornar possível uma
tomar a criança como ponto de partida para a escolaridade com liberdade. No que se refere à
formulação de propostas pedagógicas. Adotar escola, é preciso que a instituição imposta e
essa caracterização como se fosse um dos jar- obrigatória atue com liberdade para assegu-
gões do modismo pedagógico, esvazia seu sen- rar a apropriação e construção de conheci-
tido e repõe justamente o oposto do que se mento por todos. No que se refere a educação
pretende. A expressão tem o objetivo de trazer infantil, é preciso garantir o acesso, de todos
à tona o núcleo do trabalho pedagógico conse- os que assim desejarem, a vagas em creches e
qüente com a criança pequena. Educá-la é algo pré-escolas, assegurando o direito de brincar,
integrado ao cuidá-la. A polarização entre o criar, aprender. Nos dois casos, é preciso en-
assistencial e educacional opõe a função de frentar dois desafios: o de pensar, a creche e a
guarda e proteção à função educativa, como pré-escola como instâncias de formação cultu-
se ambas fossem incompatíveis, uma excluin- ral; o desafio de pensar as crianças como su-
do a outra. Entretanto, a observação das ins- jeitos de cultura e história, sujeitos sociais.
tituições escolares evidencia que elas têm como
Portanto, a necessidade de compre-
elemento intrínseco ao seu funcionamento o
desempenho da função de guardar as crianças ender a criança da Educação Infantil
que a freqüentam. (...) As instituições educa- exige caracterizá-la concretamente e
cionais, especialmente aquelas para a pequena historicamente, assumi-la como sujeito
infância, se apresentam à sociedade e às famí- e cidadã de direitos, que se constitui
lias de qualquer classe social, como responsá-
veis pelas crianças no período em que as aten-
na sociedade da qual faz parte. Para
dem. Qualquer mãe que procure uma creche isso é preciso superar a idéia da crian-
ou pré-escola para educar seu filho, também ça vista como um adulto em potencial
irá buscar se assegurar de que lá ele estará e/ou miniatura, destituída de
guardado e protegido.
condicionantes políticos, econômicos
Nesse sentido, adotar uma concepção culturais e sociais que se estabelecem
que articule cuidar-educar, como afir- no conjunto de suas relações. A idéia
ma Campos (1994), contribui para a da criança única, abstrata e desvin-
superação da dicotomia entre as ativi- culada da dinâmica da sociedade não
dades e ações comumente chamadas de pode ser sustentada. As crianças são
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mente com os profissionais da comuni- haver repartição e compartilhamento de
cação e da informação. poder.
A intersetorialidade tem sido defini- Essa maneira de trabalhar está ba-
da como um “[...] processo em que os seada no reconhecimento do não conhe-
objetivos, as estratégias e os recursos cimento, da insuficiência do que já é
de cada setor se consideram segundo sabido e da necessidade de criar novas
suas repercussões e efeitos nos objeti- alternativas. Essas novas alternativas
vos, estratégias, atividades e recursos dependem do concurso e da articulação
dos demais setores” (TEIXEIRA & PAIM, de outros olhares, outros saberes e ou-
2002, p. 94). Nesse sentido, pensar a tras forças. O primeiro passo, então, é
Educação Infantil, viabilizada pela reconhecer as limitações do olhar
tessitura intersetorial das políticas so- setorial (cada qual detém uma parte da
ciais, é uma alternativa que se apre- verdade, das explicações, mas não a
senta como possibilidade de efetivação totalidade). É necessário reconhecer que
e reconhecimento dos direitos da crian- não se têm todas as respostas e nem
ça de ser educada e cuidada. poder suficiente para dar conta do pro-
A operacionalização da proposta de blema.
intersetorialidade somente será possí- O segundo passo é que, em troca da
vel a partir do entendimento conjunto possibilidade de uma ação mais potente,
que possibilite o estabelecimento de ob- os vários segmentos estejam dispostos
jetivos comuns. Diversos autores cha- a abrir mão de parcelas de poder para
mam a atenção para a importância de viabilizar a ação intersetorial. Isso não
se construírem formas mais adequadas implica ausência de conflitos ou contra-
de planejar, organizar, conduzir, gerir e dições, ao contrário, eles estão presen-
avaliar tais intervenções, bem como tes todo o tempo, e parte do processo é
sobre a exatamente aprender a desenvolver to-
[...] necessidade de coerência entre os propósi- lerância e capacidade de escuta e de
tos definidos e métodos selecionados (Testa, negociação etc. Esses são elementos bá-
1992), de modo a permitir o desencadeamento
de um processo de reorganização das práticas sicos para a criação de espaços comuni-
gerenciais, dos formatos organizacionais e, cativos, que são parte dessa nova ma-
sobretudo, dos processos de trabalho no âmbi- neira de relacionar-se com o outro e com
to das instituições envolvidas. (TEIXEIRA & o mundo. (HABERMAS, 1987).
PAIM, 2002, p. 105).
Os espaços da intersetorialidade, por-
Testa (1995) fala em distintas mo- tanto, são espaços de compartilhamento
dalidades de poder: técnico, político, ad- de saber e de poder, de construção de
ministrativo. Todas essas modalidades novas linguagens e de novos conceitos
estão envolvidas na construção de uma que não se encontram estabelecidos ou
nova maneira de governar, de tratar os suficientemente experimentados.
Os caminhos da
construção da in-
... pensar a Educação Infantil, viabilizada pela tersetorialidade
tessitura intersetorial das políticas sociais, é uma são tortuosos, pois
o novo é novo, des-
alternativa... de efetivação e reconhecimento dos conhecido, e é, tam-
bém, incompleto,
direitos da criança de ser educada e cuidada. cheio de imperfei-
ções e desafios,
problemas relevantes da cidade ou de vem sempre carregado de velho e preci-
outros espaços coletivos. Se se pretende sa sempre ser reinventado outra vez. E
flexibilidade, sinergia, cooperação mú- aprender a conviver com a incerteza,
tua e abertura de espaços democráticos com a insegurança de não dispor de to-
de participação, necessariamente tem de das as respostas é parte importante do
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processo. Por isso mesmo, esses não são das esferas políticas-administrativas na
caminhos fáceis; envolvem sofrimento e participação dos serviços prestados para
dúvidas, ao lado do prazer da descober- atender à criança.
ta de novos olhares, novas possibilida- A formulação adequada de ações,
des e novas soluções. acompanhamentos e avaliações requer
Na construção de novas maneiras de objetivos específicos, que, para serem
se articular e agir é fundamental fazer claramente definidos, necessitam de
um exercício de aprender a dar espaço informações precisas que retratem a
para o outro, aprender a se conter e a realidade, identifiquem as necessidades
respeitar os dife-
rentes ritmos e di-
nâmicas, senão não Os espaços da intersetorialidade são espaços de
há ação coletiva e compartilhamento de saber e de poder, de construção de
nem construção de
sujeitos. novas linguagens e de novos conceitos.que não se encontram
Em alguns casos,
há muita dificulda-
estabelecidos ou suficientemente experimentados.
de em romper as
relações tradicionais e terminam pre- e possibilitem projeções de alternativas
valecendo, nos processos de decisão, as viáveis, que solucionem os problemas
organizações ou segmentos que detêm o identificados.
poder financeiro. Muitas vezes, alguns Alterar essa conjuntura requer de-
projetos de natureza individual, especí- cisões políticas, que implicarão, direta-
ficos de cada segmento ou organização mente, na definição de políticas públi-
acabam se sobrepondo e atropelando os cas que garantam a efetivação dos di-
acordos coletivos e a construção conjun- reitos das crianças em todas as suas
ta de caminhos. necessidades, como prescreve a legis-
A expressiva falta de prioridade em lação vigente.
relação à política de atendimento infan- Utilizando-se de expressão de Bobbio
til verifica-se na fragmentação das ações (1992), pode-se afirmar que o proble-
que se destinam a operacionalizá-la e ma fundamental em relação aos direi-
na forma desarticulada como são exe- tos do homem, hoje, não é tanto o de
cutados os programas e projetos desti- justificá-los, mas o de protegê-los de
nados à educação infantil. Isto dificulta serem violados. Trata-se de um proble-
o estabelecimento e/ou acompanhamento ma jurídico e não filosófico, e, em senti-
dos padrões mínimos de qualidade 1 do mais amplo, político. Uma decisão
requeridos para esse segmento, perden- política que favoreça algum grupo mui-
do-se de vista as ações de educação e to possivelmente desagradará outro. O
cuidado. mesmo autor exemplifica, destacando
A falta de articulação presente nos que “[...] o direito a não ser mais escra-
ministérios setoriais reflete-se, também, vizado implica na eliminação do direito
na dificuldade de coleta de informações, de ter escravos”. Assim, decisão política
principalmente, aquelas de caráter na formulação de políticas sociais impli-
gerencial. Observa-se uma carência de ca opção por defesa de determinados
dados sistematizados sobre a atuação interesses em contraposição a outros.
1
Como forma de garantir padrões básicos de qualidade no atendimento em creches e pré-escolas, no
ano 1998, o MEC criou uma publicação com o objetivo de contribuir para a formulação de diretrizes
e normas para a Educação Infantil no Brasil; este material foi organizado por conselheiros represen-
tantes dos conselhos de educação de todos os Estados e do Distrito Federal, com a participação de
representantes da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (UNDIME), de consultores e
especialistas, sob a coordenação de dirigentes do MEC.
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Uma política para a infância é um des das crianças, de suas famílias e das
investimento social que considera as comunidades em que estas estão
crianças sujeitos de direitos, cidadãos inseridas. Por fim, romper com a cultu-
em processo e alvo preferencial de polí- ra da fragmentação e da setorização
ticas públicas, e visa, sobretudo, a defi- requer um enorme esforço de todos os
nição de estratégias de educação e cui- atores envolvidos no processo de aten-
dado. dimento à criança de zero a seis anos,
Para construir essa política, será principalmente nas esferas de atuação
preciso manter um amplo diálogo com governamental.
múltiplos segmentos responsáveis pelo Elege-se a perspectiva de que a
atendimento das crianças de zero a seis intersetorialidade, efetivada através da
anos. É necessária a compreensão dos tessitura das políticas para a Educação
anseios, dilemas, desafios, visões, ex- Infantil, constitui uma peça fundamen-
pectativas, possibilidades e necessida- tal na educação e cuidado da criança.
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