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Entendemos e defendemos a importância da Educação Infantil no processo


de democratização da educação brasileira e na construção da cidadania
das crianças de zero a seis anos. Torna-se, desse modo, fundamental
pensar numa Educação Infantil de qualidade, que possa transcender
práticas e concepções tradicionais e assistencialistas que se caracterizam
como local de guarda ou depósito de crianças; de compensação das
carências infantis; de preparação para o ensino fundamental ou ainda
como pseudo-avanço de si mesma, com o propósito de promover o
desenvolvimento global e harmônico da criança, dissociando a prática
pedagógica, que lhe é inerente, da prática social. O objetivo deste artigo é o
de caracterizar as funções básicas da Educação Infantil, formalizadas na
legislação nacional, e analisar a constituição do sujeito dessa ação na
contemporaneidade. Nosso propósito é o de apontar e debater as funções
incorporadas pela Educação Infantil ao longo de um processo histórico e
como as concepções educar e cuidar estão sendo compreendidas na
atualidade. E, ainda, de que modo as instâncias responsáveis por esse
nível educacional desenvolvem ações intersetoriais que contribuam para a
efetivação dessas funções.

Palavras-chave: Educação Infantil. Cuidar e educar. Intersetorialidade.

In this article we propose to understand and defend the importance of


Child Education within the process of the democratization of Brazilian
education and in the construction of citizenship among children in the zero
to six year age group. Thus, it becomes fundamental to think of Child
education with quality, that can transcend practices traditional and
assitencialist conceptions charactering it as care centers or children’s
depots; compensation of children’s needs; preparation of basic education
or even as a pseudo-advance of itself, with the aim of promoting global
development and harmony of the child, dissociating the inherent
pedagogical practice from the social practice. The objective of this article
is to characterize the basic functions of Child Education that is formalized
in national legislation, and to analyze the constitution of the subject in
contemporary action. Our aim is to point out and debate the functions
incorporated in Child Education during a historical process and treat the
way the conceptions of “educating” and “caretaking” are being currently
understood. Besides this, we treat the way the instances responsible for
this level of education develop intersectorial actions that contribute for the
effectivation of these functions.

62 Keywords: Child Education. Caretaking and education. Intersectoriality.

Intermeio: revista do Mestrado em Educação, Campo Grande, MS, v. 10, n. 20, p. 62-73, 2004.
Educação Infantil:
Quais Funções?
Quais Instâncias?

Ordália Alves Dia-a-dia nega-se às crianças o


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direito de ser criança. Os fatos,


Almeida que zombam desse direito, ostentam
Professora do Programa de seus ensinamentos na vida cotidiana.
Pós-Graduação em O mundo trata os meninos ricos como se
Educação-UFMS. fossem dinheiro, para que se acostumem
ordaliaalmeida@terra.com.br a atuar como o dinheiro atua. O mundo
trata os meninos pobres como se
Leusa de Melo fossem lixo, para que se transformem em
lixo. E os do meio, os que não são ricos
Secchi nem pobres, conserva-os atados à mesa
Professora da UNAES – do televisor, para que aceitem desde
Centro Universitário de cedo, como destino, a vida prisioneira.
Campo Grande e Técnica da Muita magia e muita sorte têm as
Divisão de Políticas e crianças que conseguem ser crianças.
Programas para a Educação
Infantil da Secretaria (Eduardo Galeano)
Municipal de Educação.
leusamel@hotmail.com Em tempos de revoluções tecnológicas exacerbadas
e de mudanças, marcadas por grandes transformações
Tanea Maria sociais, corre-se o risco, leviano e inconseqüente, de
Mariano da Silva pautar a discussão sobre a criança de zero a seis e a
Professora da Universidade sua educação num eterno presente, no cotidiano, no
para o Desenvolvimento da tempo vivido, na superficialidade, abdicando da sua
Região do Pantanal –
UNIDERP e Professora
historicidade e, principalmente, como afirma Galeano,
substituta da UFMS. negando-lhe o direito de ser criança.
taneams@terra.com.br. É imprescindível que pesquisas sejam desenvolvi-
das no âmbito da Educação Infantil com a finalidade
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de explicitar a intencionalidade educativa sobre a Educação Infantil e suscitaram
concretizada nas propostas pedagógicas debates nas diversas instâncias que
e investigar como os educadores estão atuam junto às crianças. Esses debates
compreendendo e atuando, tendo as fun- têm como orientação o desenvolvimento
ções de cuidar e educar como tônica pre- de ações que se pautem na qualidade,
dominante no trabalho com crianças de em uma maior eqüidade no acesso, e na
zero a seis anos. É cada vez mais fre- criação de oportunidades para o desen-
qüente, entre os profissionais e os pes- volvimento pleno das crianças. A
propositura de
ações factíveis para
Os conceitos “educar” e “cuidar” devem ser tratados, a efetiva realização
da educação e cui-
indissociavelmente, no contexto da educação infantil, dado na primeira
servindo como indicativos para a formulação das infância resulta da
definição de políti-
políticas sociais para as crianças pequenas. cas e oferta de ser-
viços que benefici-
quisadores de Educação Infantil, o de- em, diretamente, as crianças e, indire-
sejo e a iniciativa de caracterizar com tamente, suas famílias.
maior clareza as funções das institui- Os conceitos “educar” e “cuidar” de-
ções voltadas ao atendimento de crian- vem ser tratados, indissociavelmente,
ças dessa faixa etária. no contexto da educação infantil, ser-
Outro aspecto relevante e que tem vindo como indicativos para a formula-
merecido nossa preocupação, é o desen- ção das políticas sociais para as crian-
volvimento das políticas públicas volta- ças pequenas. Para tanto, é necessário
das para a infância. Vários são os pro- que as diversas instâncias, que traçam
gramas, nas áreas da educação, saúde, essas políticas, tenham pleno conheci-
assistência e justiça, que têm a criança mento dos seus significados nas práti-
como beneficiária direta. Mas, muitas cas social e educativa. De modo mais
vezes, da forma como são desenvolvidos evidente, resgatamos o que se apresen-
esses projetos, acabam por não cumpri- ta no contexto educativo:
rem o seu papel. Cabe, desse modo, evi- (...) educar significa, portanto, propiciar situ-
denciar, através de pesquisas, a natu- ações de cuidados, brincadeiras e aprendiza-
gens orientadas de forma integrada e que pos-
reza desses programas e apresentar sam contribuir para o desenvolvimento das
indicativos para a superação do isola- capacidades infantis de relação interpessoal,
mento de ações, chamando a atenção de ser e estar com outros em uma atitude
para a urgência de implantação de pro- básica de aceitação, respeito e confiança, e o
acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais
jetos e programas que estejam pauta-
amplos da realidade social e cultural. Neste
dos na intersetorialidade. processo, a educação poderá auxiliar o desen-
Este artigo é resultante de estudos volvimento das capacidades de apropriação e
que estão sendo realizados pelas au- conhecimento das potencialidades corporais,
toras, no Programa de Mestrado em afetivas, emocionais, estéticas, na perspectiva
de contribuir para a formação de crianças feli-
Educação, da Universidade Federal de zes e saudáveis. (RCNEI/I, 1998, 23).
Mato Grosso do Sul, na linha de pes- E o cuidar é entendido como:
quisa “Educação, psicologia e prática (...) a base do cuidado humano é compreen-
docente”. der como ajudar o outro a se desenvolver como
ser humano. Cuidar significa valorizar e aju-
dar a desenvolver capacidades. O cuidado é
O sentido da Educação e um ato em relação ao outro e a si próprio,
que possui uma dimensão expressiva e impli-
cuidado na primeira infância ca em procedimentos específicos. (RCNEI/I,
1998, 24).
Nos últimos anos, as expressões “edu- Defendemos a necessidade de apro-

64 car e cuidar” dominaram os discursos


Intermeio: revista do Mestrado em Educação, Campo Grande, MS, v. 10, n. 20, p. 62-73, 2004.
fundar as questões concernentes às
funções da educação infantil, numa pers- crianças. Os avanços das forças produ-
pectiva mais abrangente, que permita tivas, gradativamente, acumularam-se
maior compreensão de tudo o que está a ponto de contribuir para uma acen-
ligado ao trabalho educacional com cri- tuada diminuição do trabalho infantil.
anças de zero a seis anos. Portanto, com- A sociedade, então, viu-se diante de uma
preender a especificidade da Educação nova necessidade: ocupar o tempo das
Infantil – cuidar e educar – requer des- crianças, já que seus pais não estavam
vendar os condicionantes sociais, políti- mais em posição de prover integralmente
cos, econômicos e culturais que se esta- sua segurança, pois estavam absorvi-
belecem na constituição dessas funções. dos pelo trabalho. Desse modo, a insti-
Entendemos a educação infantil e sua tuição educativa constituiu-se em um
especificidade como parte da totalidade local importante para atender às deman-
social, portanto, coloca-se como condi- das sociais e, reiteradamente, vem sen-
ção primordial para o seu entendimen- do mobilizada para exercer papel de
to, a compreensão das leis gerais que cuidar e educar.
movem a sociedade e de como a educa- Esse percurso histórico só foi possí-
ção das crianças de zero a seis anos se vel porque se modificaram na socieda-
inscreve nessa totalidade. É necessário, de as maneiras de se pensar o que é ser
por conseguinte, apreender o movimen- criança e a importância que foi dada ao
to, as tensões presentes na relação en- momento específico da primeira infân-
tre esse particular (educação infantil) cia. O que se pode notar, do que foi dito
e o universal (totalidade social). até aqui, é que as creches e pré-escolas
Sabemos que o surgimento das insti- surgiram a partir das mudanças econô-
tuições de Educação Infantil esteve, de micas, políticas e sociais que ocorreram
certa forma, relacionado ao nascimento na sociedade, principalmente, pela in-
da escola e do pensamento pedagógico corporação das mulheres à força de tra-
moderno, que pode ser localizado entre balho assalariado. A educação da crian-
os séculos XVI e XVII. De acordo com ça de zero a seis anos está em estreita
Manacorda (1995, p. 280-281): relação com as questões que dizem res-
Um fato novo do século é a instituição das peito à história da infância, da família,
escolas infantis. Foram precedidas no tempo
por uma assistência ou atendimento privado,
do trabalho e das relações de produção.
sistematizado por alguma iniciativa esporádi- Nas últimas duas décadas houve uma
ca, como a do pastor protestante Jean Fredéric significativa expansão da Educação In-
Oberlin (1771) nos Vosges, ou a da marquesa fantil no Brasil. Efetivamente, o que a
Pastoret em Paris. Também aqui a iniciativa
vem de Além-Mancha, por obra de um capi-
impulsionou foram mudanças no con-
tão-de-indústria, longe de qualquer inspiração texto econômico, político e social ocorri-
confessional ou
reli-giosa, mas ani-
mado por um forte A educação da criança de zero a seis anos
espírito humanitá-
rio, Robert Owen está em estreita relação com as questões que dizem
(1771-1858).
Historicamente, respeito à história da infância, da família, do
creches e pré-esco-
las surgiram junta-
trabalho e das relações de produção.
mente com as esco-
las e o seu aparecimento tem sido asso- das nas décadas de 1970 e 1980, ge-
ciado ao trabalho materno fora do lar a rando um movimento de luta pela de-
partir da revolução industrial. Com o mocratização da educação pública bra-
advento do capital, surgiu o estilo de sileira. A sociedade civil, representada
vida urbano-industrial na Europa, e no pelos movimentos sociais, reivindicou
seu processo histórico, transformou em uma ampliação do atendimento às
força de trabalho homens, mulheres e crianças, filhos de mulheres trabalha-

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doras, e a garantia da educação para chegando hoje a uma definição legal,
essas crianças, enquanto direito consti- conforme explicita a LDB, no título V,
tucional. Concepções e práticas educa- capítulo II, art. 29 “A educação infantil,
tivas foram se constituindo com base primeira etapa da educação básica, tem
em situações sociais concretas que, por como finalidade o desenvolvimento in-
sua vez, geraram regulamentações e leis, tegral da criança até seis anos de idade
ampliando a abrangência das políticas em seus aspectos físico, intelectual e
públicas sociais voltadas à infância. social, complementando a ação da famí-
A união de forças possibilitou con- lia e da comunidade”. Essa nova condi-
quistas no plano legal. Destacamos na ção, ao mesmo tempo que rompe com a
Constituição Federal de 1988 (art. 205) tradição assistencialista presente na
a educação como direito de todos e, por área, requer um aprofundamento do
inclusão, também, das crianças de zero debate sobre as referências de qualida-
a seis anos. Ressalta o Inciso IV, do art. de para a educação das crianças de zero
208, “o dever do Estado com a educação a seis anos e de como estão constituídas
será efetivado mediante a garantia de as funções que desempenha.
(...) atendimento em creche e pré-esco- Esses documentos legais significam
la às crianças de zero a seis anos de referências importantes que contribu-
idade”. Desde então, a Educação Infan- em para a implantação e implementação
til, em creches e pré-escolas, é um direi- de propostas educacionais voltadas ao
to da criança e um dever do Estado. trabalho com crianças de zero a seis
Após a aprovação da Constituição anos, assegurando que os programas de
Federal, o Estatuto da Criança e do Educação Infantil são da competência
Adolescente – Lei Complementar nº dos municípios, e que devem ser manti-
8.069 de 1990, que tratou a infância dos por eles com a cooperação técnica e
como cidadã de direitos, foi debatido com financeira da União e do Estado. (Título
ampla participação de setores da socie- IV – Art. 11, Inciso V).
dade civil. Esse reconhecimento, tam- Embora a legislação tenha trazido
bém, foi reafirmado pela Lei nº 9.394 avanços consideráveis, no que concerne
de 1996, que estabelece as Diretrizes e à educação e aos cuidados infantis, em
Bases da Educação Nacional, promulga- instituições públicas e privadas, esses
da em dezembro de 1996. Nela, a Edu- espaços de atendimento voltados às cri-
cação Infantil está contemplada em des- anças de zero a seis anos ampliaram-se
taque, no título III – Direito à Educação sem uma reflexão mais profunda sobre
e Dever de Educar, art. 4º, Inciso IV, as funções do trabalho educacional que
onde é afirmado que: “O dever do Esta- realizam.
do com a educação escolar pública será Com as conquistas obtidas através dos
efetivado mediante a garantia de (...) instrumentos legais, apontados acima,
o chamado binômio
educar e cuidar tor-
... a Educação Infantil e suas funções são realidades nou-se não só o
objetivo da educa-
criadas historicamente, das quais diferentes grupos de ção de crianças de
crianças de zero a seis anos dispõem em medida zero a seis anos,
mas também a de-
desigual e condições muito diversas. finição de sua
especificidade. Des-
atendimento gratuito em creches e pré- se modo, a Educação Infantil e suas fun-
escolas às crianças de zero a seis anos ções são realidades criadas historica-
de idade”. mente, das quais diferentes grupos de
Nessa perspectiva, a Educação Infan- crianças de zero a seis anos dispõem
til sofreu inúmeras transformações, em medida desigual e condições muito

66 Intermeio: revista do Mestrado em Educação, Campo Grande, MS, v. 10, n. 20, p. 62-73, 2004.
diversas. De acordo com Kuhlmann Jr lo de Educação Infantil: o Referencial
(2000, p. 54): Curricular Nacional para a Educação
O que diferencia as instituições não são as Infantil. Esse documento propõe a
origens nem a ausência de propósitos indissociabilidade das ações de educar
educativos, mas o público e a faixa etária aten-
dida. É a origem social e não institucional que e cuidar das crianças de zero a seis
inspirou objetivos educacionais diversos. (...) anos. Lá, a expressão educação e cuida-
Na realidade, encontramos uma diversidade do da primeira infância inclui todas as
muito maior, marcada pelas desigualdades, até possibilidades de ação junto às crianças
mesmo na denominação institucional. Há, por
exemplo, creches
para crianças de zero
a seis anos, na mai-
oria das vezes refe-
... no “cuidado” existem possibilidades de educação,
rindo-se a um aten-
dimento em período
assim como nas ações educativas é possível, também,
integral, na acepção
que a lei pretende
oferecer, simultaneamente, “cuidados”.
superar. Para as cri-
anças pequenas de
classe média, atribuem-se outros nomes que
antes da escolaridade obrigatória, inde-
não creche, com exceção de algumas localida-
des, como o Rio de Janeiro. Se os limites ad- pendentemente da organização do espa-
ministrativos foram superados, as diferenças ço, do financiamento, dos horários de
sociais permanecem e se refletem também no funcionamento ou do conteúdo do pro-
interior do sistema educacional. grama a ela destinado. Admite-se
Ainda, na Lei de Diretrizes e Bases comumente que a primeira infância
da Educação Nacional, tanto creches abrange o período que vai do nascimen-
como pré-escolas são consideradas ins- to até os seis anos de idade.
tituições de Educação Infantil, sendo Rosseti-Ferreira (2003) evidencia a
que a distinção entre elas é definida consciência cada vez mais acentuada de
pelo critério de idade. A Educação In- que “educação” e “cuidado” são concei-
fantil para as crianças de zero a três tos inseparáveis que, necessariamente,
anos será oferecida em creches ou deverão ser levados em consideração
entidades equivalentes e, para as cri- nos serviços qualitativos destinados à
anças de quatro a seis anos de idade, infância, com o objetivo de favorecer o
a educação será oferecida em pré-es- desenvolvimento da criança e integrá-
colas (título V, capítulo II, seção II, ar- la de forma atuante nas instituições
tigo 30). educativas e na sociedade.
Na distribuição das competências re- Para tanto, não é concebível uma di-
ferentes a esse nível, tanto a Constitui- visão entre os pressupostos enuncia-
ção Federal quanto a LDBEN explicitam dos, pois no “cuidado” existem possibi-
a co-responsabilidade das três esferas lidades de educação, assim como nas
de governo, municípios, estados e União ações educativas é possível, também,
e, também, da família. A articulação com oferecer, simultaneamente, “cuidados”.
a família visa ao mútuo conhecimento A educação e cuidado na primeira in-
de processos de educação, valores e de fância indicam, necessariamente, uma
expectativas, de tal maneira que a edu- abordagem integrada e coerente de uma
cação familiar e a escolar se comple- política e de serviços que incluem to-
mentem e se enriqueçam, produzindo das as crianças e seus familiares, in-
aprendizagens coerentes, mais amplas dependentemente do status profissio-
e profundas. nal ou econômico. Essa abordagem re-
Também no ano de 1998, foi editado conhece, também, que a legislação po-
pelo Ministério da Educação um docu- derá criar as circunstâncias para a
mento normatizador, com o objetivo de efetivação de ações que objetivem pos-
estabelecer parâmetros para o currícu- sibilitar à criança desenvolver-se, rea-

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lizar aprendizagens e trocas afetivas cação”. Segundo essa autora “todas as
em instituições educativas que tenham crianças possuem estas necessidades e,
profissionais qualificados e sejam se todas têm direito à educação, qual-
partícipes de responsabilidades social quer instituição que as atenda deve levá-
e jurídica. las em conta ao definir seus objetivos...”
Fica, assim, claro o papel das insti- (1994, p.35).
tuições de Educação Infantil, que, inde- Repensar as práticas pedagógicas no
pendentemente da modalidade que as- sentido de concretização de um espaço
sumam, devem cumprir o duplo papel compromissado com a qualidade, desen-
volvendo cuidado e
Repensar as práticas pedagógicas... educação da criança
de zero a seis anos,
passa, necessariamente, pelo entendimento de que a passa, necessaria-
mente, pelo entendi-
educação da criança é um direito, não só social, mas mento de que a edu-
um direito fundamentalmente humano. cação da criança é
um direito, não só
social, mas um direi-
de educar e cuidar, de forma articulada to fundamentalmente humano. Kramer
e qualitativa. Kuhlmann Jr (2000, p. (2003, p. 64) ajuda-nos a elucidar me-
65) é bastante esclarecedor ao abordar lhor esse aspecto, afirmando que:
a relação dessas duas ações ao expres- o cuidado, a atenção, o acolhimento precisam
sar que: estar presentes na educação infantil. A ale-
gria e a brincadeira também. Mas nas práti-
A caracterização da instituição da educação cas realizadas, as crianças aprendem. O saber
infantil como lugar de cuidado-e-educação, não pode ser confundido com falta de liberda-
adquire sentido quando segue a perspectiva de de. Afinal, o desafio é tornar possível uma
tomar a criança como ponto de partida para a escolaridade com liberdade. No que se refere à
formulação de propostas pedagógicas. Adotar escola, é preciso que a instituição imposta e
essa caracterização como se fosse um dos jar- obrigatória atue com liberdade para assegu-
gões do modismo pedagógico, esvazia seu sen- rar a apropriação e construção de conheci-
tido e repõe justamente o oposto do que se mento por todos. No que se refere a educação
pretende. A expressão tem o objetivo de trazer infantil, é preciso garantir o acesso, de todos
à tona o núcleo do trabalho pedagógico conse- os que assim desejarem, a vagas em creches e
qüente com a criança pequena. Educá-la é algo pré-escolas, assegurando o direito de brincar,
integrado ao cuidá-la. A polarização entre o criar, aprender. Nos dois casos, é preciso en-
assistencial e educacional opõe a função de frentar dois desafios: o de pensar, a creche e a
guarda e proteção à função educativa, como pré-escola como instâncias de formação cultu-
se ambas fossem incompatíveis, uma excluin- ral; o desafio de pensar as crianças como su-
do a outra. Entretanto, a observação das ins- jeitos de cultura e história, sujeitos sociais.
tituições escolares evidencia que elas têm como
Portanto, a necessidade de compre-
elemento intrínseco ao seu funcionamento o
desempenho da função de guardar as crianças ender a criança da Educação Infantil
que a freqüentam. (...) As instituições educa- exige caracterizá-la concretamente e
cionais, especialmente aquelas para a pequena historicamente, assumi-la como sujeito
infância, se apresentam à sociedade e às famí- e cidadã de direitos, que se constitui
lias de qualquer classe social, como responsá-
veis pelas crianças no período em que as aten-
na sociedade da qual faz parte. Para
dem. Qualquer mãe que procure uma creche isso é preciso superar a idéia da crian-
ou pré-escola para educar seu filho, também ça vista como um adulto em potencial
irá buscar se assegurar de que lá ele estará e/ou miniatura, destituída de
guardado e protegido.
condicionantes políticos, econômicos
Nesse sentido, adotar uma concepção culturais e sociais que se estabelecem
que articule cuidar-educar, como afir- no conjunto de suas relações. A idéia
ma Campos (1994), contribui para a da criança única, abstrata e desvin-
superação da dicotomia entre as ativi- culada da dinâmica da sociedade não
dades e ações comumente chamadas de pode ser sustentada. As crianças são

68 “assistência” e aquelas chamadas “edu-


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seres com histórias e experiências di-
ferentes, fazendo uso, portanto, de de tal modo que possam criar propos-
mecanismos e condições diferenciadas tas de intersetorialidade entre as áre-
para fazerem parte do meio social em as da educação, saúde, justiça e assis-
que vivem. Por isso, as reflexões sobre tência social, que dêem conta da dinâ-
sua história não podem prescindir do mica que o postulado “educar e cuidar”
entendimento de que elas são sujeitos impõe como responsabilidade pública e
dos estudos sobre ela mesma e sobre a social.
Educação Infantil.
No momento da consolidação da Edu-
cação Infantil como um direito da crian- A Intersetorialidade como
ça, compreendê-la à luz do movimento e
do desenvolvimento histórico da huma- Caminho para a Viabilização
nidade, traçado dentro das demais lu-
tas sociais, pode apontar-nos novos ca- de Ações de Educação e Cuidado
minhos, se soubermos compreender as
contradições em meio das quais ela foi na Educação Infantil
gestada. E é a partir da análise dialética A pertinência de um projeto para a
que as tensões e os movimentos, do sen- infância, que destaque a interseto-
tido das ações de cuidar e educar na rialidade como caminho viável para a
Educação Infantil, são desvelados. superação das distorções existentes,
Refletir a educação infantil e sua revela-se mediante o fato de que as
especificidade, a partir da realidade con- principais mudanças nas políticas pú-
creta, apropriar-se desse concreto real blicas para a Educação Infantil ocorre-
pela reflexão, transformando-o em con- ram, justamente, com a nova configu-
creto pensado, eis um caminho pleno de ração do entendimento de suas espe-
possibilidades. Possibilidade de apreen- cificidades e das necessidades da cri-
são e análise da Educação Infantil como ança pequena. Existe, dessa forma, a
fenômeno concreto, síntese de múltiplas possibilidade de se analisar o perfil das
determinações, palco de algumas con- políticas básicas e sua viabilização atra-
tradições que permeiam a sociedade, uma vés de ações conjuntas, a fim de se com-
prática social em movimento permanen- preenderem as características nelas im-
te, compreensível a partir das leis que pregnadas.
regem a sociedade na qual está inscrita. O conjunto de leis existentes deter-
Partindo da compreensão do papel con- mina que a política para as crianças de
traditório que a educação assume nesta zero a seis anos e suas famílias deverá
sociedade, é possível avançar na propo- ser implantada com o apoio e a partici-
sição de uma práxis pação de todos os segmentos da socieda-
educativa para as
crianças de zero a O conjunto de leis existentes determina que a
seis anos, que se
articule com um política para as crianças de zero a seis anos e
projeto revolucioná-
rio, contribuindo
suas famílias deverá ser implantada com o apoio e a
para a transforma- participação de todos os segmentos da sociedade.
ção dessa socieda-
de. de, desde os Ministérios, em especial, os
Esse projeto deve ter por princípio da Educação, da Saúde, da Assistência
que ações isoladas não dão conta da Social, da Justiça e do Trabalho, até as
concretude da Educação Infantil, por secretarias e conselhos estaduais e
isso há que estabelecer canais de in- municipais, os conselhos tutelares, os
terlocução entre as diversas instânci- juizados da infância, as associações e
as responsáveis pela criança pequena, organizações da sociedade civil, junta-

Intermeio: revista do Mestrado em Educação, Campo Grande, MS, v. 10, n. 20, p. 62-73, 2004. 69
mente com os profissionais da comuni- haver repartição e compartilhamento de
cação e da informação. poder.
A intersetorialidade tem sido defini- Essa maneira de trabalhar está ba-
da como um “[...] processo em que os seada no reconhecimento do não conhe-
objetivos, as estratégias e os recursos cimento, da insuficiência do que já é
de cada setor se consideram segundo sabido e da necessidade de criar novas
suas repercussões e efeitos nos objeti- alternativas. Essas novas alternativas
vos, estratégias, atividades e recursos dependem do concurso e da articulação
dos demais setores” (TEIXEIRA & PAIM, de outros olhares, outros saberes e ou-
2002, p. 94). Nesse sentido, pensar a tras forças. O primeiro passo, então, é
Educação Infantil, viabilizada pela reconhecer as limitações do olhar
tessitura intersetorial das políticas so- setorial (cada qual detém uma parte da
ciais, é uma alternativa que se apre- verdade, das explicações, mas não a
senta como possibilidade de efetivação totalidade). É necessário reconhecer que
e reconhecimento dos direitos da crian- não se têm todas as respostas e nem
ça de ser educada e cuidada. poder suficiente para dar conta do pro-
A operacionalização da proposta de blema.
intersetorialidade somente será possí- O segundo passo é que, em troca da
vel a partir do entendimento conjunto possibilidade de uma ação mais potente,
que possibilite o estabelecimento de ob- os vários segmentos estejam dispostos
jetivos comuns. Diversos autores cha- a abrir mão de parcelas de poder para
mam a atenção para a importância de viabilizar a ação intersetorial. Isso não
se construírem formas mais adequadas implica ausência de conflitos ou contra-
de planejar, organizar, conduzir, gerir e dições, ao contrário, eles estão presen-
avaliar tais intervenções, bem como tes todo o tempo, e parte do processo é
sobre a exatamente aprender a desenvolver to-
[...] necessidade de coerência entre os propósi- lerância e capacidade de escuta e de
tos definidos e métodos selecionados (Testa, negociação etc. Esses são elementos bá-
1992), de modo a permitir o desencadeamento
de um processo de reorganização das práticas sicos para a criação de espaços comuni-
gerenciais, dos formatos organizacionais e, cativos, que são parte dessa nova ma-
sobretudo, dos processos de trabalho no âmbi- neira de relacionar-se com o outro e com
to das instituições envolvidas. (TEIXEIRA & o mundo. (HABERMAS, 1987).
PAIM, 2002, p. 105).
Os espaços da intersetorialidade, por-
Testa (1995) fala em distintas mo- tanto, são espaços de compartilhamento
dalidades de poder: técnico, político, ad- de saber e de poder, de construção de
ministrativo. Todas essas modalidades novas linguagens e de novos conceitos
estão envolvidas na construção de uma que não se encontram estabelecidos ou
nova maneira de governar, de tratar os suficientemente experimentados.
Os caminhos da
construção da in-
... pensar a Educação Infantil, viabilizada pela tersetorialidade
tessitura intersetorial das políticas sociais, é uma são tortuosos, pois
o novo é novo, des-
alternativa... de efetivação e reconhecimento dos conhecido, e é, tam-
bém, incompleto,
direitos da criança de ser educada e cuidada. cheio de imperfei-
ções e desafios,
problemas relevantes da cidade ou de vem sempre carregado de velho e preci-
outros espaços coletivos. Se se pretende sa sempre ser reinventado outra vez. E
flexibilidade, sinergia, cooperação mú- aprender a conviver com a incerteza,
tua e abertura de espaços democráticos com a insegurança de não dispor de to-
de participação, necessariamente tem de das as respostas é parte importante do

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processo. Por isso mesmo, esses não são das esferas políticas-administrativas na
caminhos fáceis; envolvem sofrimento e participação dos serviços prestados para
dúvidas, ao lado do prazer da descober- atender à criança.
ta de novos olhares, novas possibilida- A formulação adequada de ações,
des e novas soluções. acompanhamentos e avaliações requer
Na construção de novas maneiras de objetivos específicos, que, para serem
se articular e agir é fundamental fazer claramente definidos, necessitam de
um exercício de aprender a dar espaço informações precisas que retratem a
para o outro, aprender a se conter e a realidade, identifiquem as necessidades
respeitar os dife-
rentes ritmos e di-
nâmicas, senão não Os espaços da intersetorialidade são espaços de
há ação coletiva e compartilhamento de saber e de poder, de construção de
nem construção de
sujeitos. novas linguagens e de novos conceitos.que não se encontram
Em alguns casos,
há muita dificulda-
estabelecidos ou suficientemente experimentados.
de em romper as
relações tradicionais e terminam pre- e possibilitem projeções de alternativas
valecendo, nos processos de decisão, as viáveis, que solucionem os problemas
organizações ou segmentos que detêm o identificados.
poder financeiro. Muitas vezes, alguns Alterar essa conjuntura requer de-
projetos de natureza individual, especí- cisões políticas, que implicarão, direta-
ficos de cada segmento ou organização mente, na definição de políticas públi-
acabam se sobrepondo e atropelando os cas que garantam a efetivação dos di-
acordos coletivos e a construção conjun- reitos das crianças em todas as suas
ta de caminhos. necessidades, como prescreve a legis-
A expressiva falta de prioridade em lação vigente.
relação à política de atendimento infan- Utilizando-se de expressão de Bobbio
til verifica-se na fragmentação das ações (1992), pode-se afirmar que o proble-
que se destinam a operacionalizá-la e ma fundamental em relação aos direi-
na forma desarticulada como são exe- tos do homem, hoje, não é tanto o de
cutados os programas e projetos desti- justificá-los, mas o de protegê-los de
nados à educação infantil. Isto dificulta serem violados. Trata-se de um proble-
o estabelecimento e/ou acompanhamento ma jurídico e não filosófico, e, em senti-
dos padrões mínimos de qualidade 1 do mais amplo, político. Uma decisão
requeridos para esse segmento, perden- política que favoreça algum grupo mui-
do-se de vista as ações de educação e to possivelmente desagradará outro. O
cuidado. mesmo autor exemplifica, destacando
A falta de articulação presente nos que “[...] o direito a não ser mais escra-
ministérios setoriais reflete-se, também, vizado implica na eliminação do direito
na dificuldade de coleta de informações, de ter escravos”. Assim, decisão política
principalmente, aquelas de caráter na formulação de políticas sociais impli-
gerencial. Observa-se uma carência de ca opção por defesa de determinados
dados sistematizados sobre a atuação interesses em contraposição a outros.

1
Como forma de garantir padrões básicos de qualidade no atendimento em creches e pré-escolas, no
ano 1998, o MEC criou uma publicação com o objetivo de contribuir para a formulação de diretrizes
e normas para a Educação Infantil no Brasil; este material foi organizado por conselheiros represen-
tantes dos conselhos de educação de todos os Estados e do Distrito Federal, com a participação de
representantes da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (UNDIME), de consultores e
especialistas, sob a coordenação de dirigentes do MEC.

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Uma política para a infância é um des das crianças, de suas famílias e das
investimento social que considera as comunidades em que estas estão
crianças sujeitos de direitos, cidadãos inseridas. Por fim, romper com a cultu-
em processo e alvo preferencial de polí- ra da fragmentação e da setorização
ticas públicas, e visa, sobretudo, a defi- requer um enorme esforço de todos os
nição de estratégias de educação e cui- atores envolvidos no processo de aten-
dado. dimento à criança de zero a seis anos,
Para construir essa política, será principalmente nas esferas de atuação
preciso manter um amplo diálogo com governamental.
múltiplos segmentos responsáveis pelo Elege-se a perspectiva de que a
atendimento das crianças de zero a seis intersetorialidade, efetivada através da
anos. É necessária a compreensão dos tessitura das políticas para a Educação
anseios, dilemas, desafios, visões, ex- Infantil, constitui uma peça fundamen-
pectativas, possibilidades e necessida- tal na educação e cuidado da criança.

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