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Maria Eduarda da 1602 –

UM ESTUDO DE CASOS DE DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS NA ESCOLA MUNICIPAL


MENDES VIANA

Marina Falcão Lima de Magalhães1, Pós-graduanda em EDUCAÇÃO ESPECIAL E INOVAÇÃO


TECNOLÓGICA, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ,
marina.magalhaes@rioeduca.net

Resumo: Este trabalho evidencia ações pedagógicas e resultados obtidos com a aluna Maria
Eduarda da turma 1602 no ano 2023 com o apoio de professores, funcionários, sala de recursos,
agentes de apoio a educação especial e mediadores. Este relato se inicia na diagnose e finaliza na
diversidade de ações planejadas e replanejadas, nas adaptações e nos reforços, cuja prioridade é
manter a alegria da escolarização com função social, protagonismo e autonomia, realizando, de
acordo com os descritores individualizados, inclusão com acessibilidade.

Palavras-chave: Alfabetização; Deficiências Múltiplas; Inclusão.

Um caso de ensino pode ser definido como um documento de


pesquisa descritivo de um evento ou situação da vida real, de caráter
multidimensional que representa o contexto, seus participantes e a
realidade da situação. [...] o caso de ensino tem uma narrativa, uma
história, um conjunto de eventos que transcorre em certo tempo e em local
específico (DUEK, 2020, p.05-06)

A aluna Maria Eduarda chegou esse ano para os anos finais na Escola Municipal Mendes Viana. Ela tem 12
anos e uma família muito presente, mesmo possuindo as múltiplas deficiências que apresenta. Maria
Eduarda tem comprometimentos motores e cognitivos. Ela se locomove por cadeira de roda e não
responde oralmente tudo o que perguntamos. Maria Eduarda é infrequente na escola. Mesmo com sua
mãe se esforçando muito para que a aluna seja assídua, as questões de saúde impedem a boa frequência.

1
Pós-graduada em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD(UFF), Bacharel e Licenciada em
Pedagogia (UERJ), Diretora Adjunta da Escola Municipal Mendes Viana(RJ)
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Esse ano, Maria Eduarda operou 2 vezes o pé, de maio até outubro, ficando afastada por licença médica,
sem solicitação de acompanhamento domiciliar por parte da família.

A sala de recursos que ela frequenta está distante de sua residência e da nossa escola, sendo mais um
obstáculo para a boa frequência. A Professora da Sala de Recursos entrega o relatório de acompanhamento
bimestral, presencialmente na nossa escola e nós devolvemos o Planejamento Educacional Individualizado
feito pelos professores.

DUEK afirma que “a análise e a elaboração de casos de ensino quando realizada de forma sistemática, serve
para desencadear a reflexão sobre a prática pedagógica.” Maria Eduarda é acompanhada por uma
mediadora e Agente de Apoio Educacional Especializado na nossa escola. Essas funcionárias não são
exclusivas dela. Como ela é infrequente, existe uma escala alterada de atendimento, para dar conta dos
outros alunos incluídos também.

Eu fiz a avaliação diagnóstica da aluna em fevereiro. Ela não lê, não escreve, mas reconhece a primeira letra
do seu nome. Ela não tem pinça, o que dificulta a segurança em realizar as atividades com autonomia. Os
descritores da Maria Eduarda são exclusivos, o que implica em retornar, sempre que preciso, nos itens que
ela esquece.

[...] entendemos a polissemia da proposta de educação inclusiva e


que a sua análise demanda compreender que a escola é um espaço de
convivência da pluralidade humana, orientada por certa intencionalidade
político-pedagógica. Dessa forma, constitui-se em espaço de
aprendizagem e em desenvolvimento de todos, independentemente de
suas especificidades. Nesse sentido, temas como currículo, formação de
professores, uso de metodologias diversificadas, tecnologias assistivas e
acessibilidade curricular permeiam as pesquisas e as reflexões no contexto
escolar (PLETSCH; SOUZA; OLIVEIRA, 2020, p.43-44).

Os professores que atendem a aluna têm uma formação continuada atualizada, o que propicia um diálogo
mais aberto sobre necessidades educacionais e processos educativos. De acordo com DUEK, “a escola
concebida como espaço de reflexão e de inclusão, deve proporcionar as condições necessárias para que
seus professores se desenvolvam profissionalmente, refletindo sobre suas práticas e sobre as próprias
condições em que atuam, a fim de promover melhorias no seu ensino. Deve, igualmente, propiciar a
vivência de ações reflexivas em torno das situações cotidianas, buscando soluções conjuntas para os
problemas enfrentados.” Nos Conselhos de Classe, nas conversas informais de almoço e cafezinho,
trocamos sobre o cotidiano dos alunos e de suas necessidades. O professor que entende a importância de
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ampliar sua formação, está sempre buscando e atuando no processor de reciclagem. Isso facilita a
mediação e amplia as possibilidades dos alunos.

A aluna tem excesso de sorriso. Ela gosta de fazer parte do grupo social. Quando chega na escola, ela
identifica os funcionários e responde sempre com sorrisos. Ela dá tchauzinho para os colegas da turma e
também acena para outros alunos que reconhece. Ela é muito expressiva e, sempre que pode partir da
rotina escolar, está feliz. Ela se alimenta na escola e participa de atividades mediadas pelos colegas e
professores. A maioria da turma está com ela desde os Anos Iniciais.

Analisando o Estudo de Caso, observa-se o quanto o ambiente escolar é importante na construção do


sujeito histórico-cultural e o quanto os alunos se desenvolvem de maneira plena nesse espaço. Porém,
alguns fatores impedem essa construção do processo pedagógico da aluna, tais como, dificuldade de
locomoção, possível carência familiar e compreensão dos direitos que a mesma contempla pela deficiência,
a falta da sala de recursos na unidade de ensino, o fato dela não ter exclusivamente um mediador, entre
outros.

Apesar da escola ser preocupada com o desenvolvimento da aluna, temos uma dificuldade grande de
atuação do poder público, de maneira prática, na construção dos recursos para os alunos portadores de
deficiências. Segundo SOUZA, “as condições escolares impactam nas possibilidades de produção das
relações de ensino que se tornam condição de desenvolvimento humano.”

Por última consideração, destaca-se que, apesar do desafio da inclusão, os profissionais da escola estão
preocupados com a formação profissional e estão em constantes diálogos sobre o processo de
aprendizagem da aluna, isso garante facilidade maior na mediação da aprendizagem da aluna. Porém, a
baixa frequência da aluna, no que tange ao processo de ensino aprendizagem, a falta de assiduidade da
aluna, compromete a concretização do planejamento educacional diariamente e seus desenvolvimentos
motor e cognitivo são prejudicados promovendo um atraso linguístico e de comunicação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ROCHA, M. G. de S. da; PLETSCH, M. D. A escolarização e o desenvolvimento de alunos com deficiência


múltipla nos anos iniciais da Educação Básica. In: MENDES, G. M. L.; PLETSCH, M. D.; HOSTINS, R. C. L.
(Orgs.). Educação Especial e/na Educação Básica: entre especificidades e indissociabilidades Araraquara:
Junqueira e Marin, 2019. p. 197-216.
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PREICHARDT DUEK, Viviane. Casos de ensino na formação professores: contribuições para a reflexão sobre
a prática docente. Itinerarius Reflectionis, Goiânia, v. 16, n. 2, p. 01–20, 2020. DOI: 10.5216/rir.v16i2.54529.
Disponível em: https://revistas.ufj.edu.br/rir/article/view/54529. Acesso em: 29 nov. 2023.

Anexos: FOTOS E VÍDEOS


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