Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A avaliação deve ser vista como uma prática que apoia as aprendizagens e não como
mera ferramenta de mensuração do conhecimento dos alunos. É preciso ter cuidado
quando estamos trabalhando com os conceitos de competências e habilidades e os
relacionamos com a avaliação dos estudantes. Para construir uma avaliação
formativa em Arte, que seja contínua e processual, além da documentação
pedagógica dos processos vivenciados pelos alunos, podemos lançar mão de outras
ferramentas, como a auto avaliação e o portfólio. Segundo Neus Sanmartí, para
criar propostas de avaliação formativa é fundamental que os estudantes se apropriem
dos objetivos de aprendizagem, estratégias de pensamento e de ação e formas de
avaliação, que possibilitam um olhar crítico sobre a prática, visando à aprendizagem
de todos e a revisão do planejamento quando necessário. A reflexão, o estudo, a troca
de experiências e o trabalho em equipe são essenciais para a construção de um
currículo cada vez mais consistente, coerente, humanizado e sensível. A abertura para
o diálogo na avaliação é uma medida interessante para o estudante tomar consciência
de seu percurso de aprendizagem e se responsabilizar pelo empenho em avançar - é
a chamada autorregulação - como para ajudar o docente a planejar intervenções em
sala. A forma como a auto avaliação foi aplicada até então não é a mais
recomendável, é provável que a atividade tenha sido encarada como uma mera
formalidade. Nesses casos, a tal "postura crítica" da turma é pouco mais que um
apanhado de coisas que o professor espera ouvir: "Preciso bagunçar menos", "Tenho
de respeitar os colegas", "Faltou estudar antes para a prova".
Deixar o aluno dar a sua própria nota: é algo que nada acrescenta à aprendizagem.
Ainda que seja adequado esclarecer os conceitos que justificam a nota, estabelecê-la
é tarefa que cabe apenas ao professor.
Fazer perguntas genéricas: questões como "O que você aprendeu nesse semestre?"
e "Como avalia sua aprendizagem?" dão margem a respostas vagas. Quanto mais
específicas as indagações, mais o estudante consegue se focar no que precisa
avançar naquele momento.
Dizer os resultados sem comentar: não adianta arquivar tudo sem se deter no que
foi observado pelos alunos. A auto avaliação serve como uma maneira de promover a
autorregulação. Especialmente no início, o professor tem um papel essencial nesse
processo, debatendo as reflexões de cada estudante e mostrando as dificuldades que
passaram despercebidas.
Deixar tudo para o fim do bimestre: definir um único momento para o aluno pensar
em toda a sua caminhada torna a reflexão mais superficial. É preciso identificar quais
pontos têm de ser melhorados e abordá-los de maneira objetiva ao longo de todo o
aprendizado.
Dupla reflexão
Primeiro, o aluno reflete para preencher sua parte. Num segundo momento, o
professor o avalia seguindo os mesmos critérios. As divergências e os pontos fracos
indicados por ambos devem ser considerados no encaminhamento de melhorias.
Plano de ação
Com as duas avaliações feitas, cabe ao professor propor o debate de alternativas para
que o aluno avance. Não adianta querer resolver todos os problemas de uma vez: é
preciso focar o essencial e retomar o que ficou faltando nas aulas seguintes.
Portfólio
Por meio desta, é possível dar visibilidade aos processos e reorientar constantemente
o trabalho pedagógico. Fotografias, vídeos, gravações e anotações das falas das
crianças são organizados pelos professores, revelando os processos cognitivos,
estéticos e sensíveis. Além disso, os professores que documentam reveem
constantemente os percursos de aprendizagem, podendo traçar novas rotas, quando
necessário. O portfólio aponta uma direção para a avaliação do processo de
aprendizagem da arte. Cabe destacar que a forma física (papel, cd, caixa etc.) não é
de todo importante, mas sim a concepção de ensino e aprendizagem e a avaliação
que é realizada pelo próprio estudante, identificando as mudanças ocorridas ao longo
do tempo. Por sua vez Boughton (2005, p 383) afirma que “A exposição de trabalhos e
seu desempenho, o perfil de seu comportamento, questionários, gravações de
entrevistas com alunos, métodos multiplicadores, vídeos registrando o comportamento
dos estudantes e relatos verbais”
Discutir sobre metodologias ativas implica alterar a concepção que se tem acerca do
currículo, entende-lo como influenciado por necessidades, história, investimento
político e certa inércia institucional. Implica também analisar as habilidades e
estratégias que se quer desenvolver com os alunos, dentro da construção do
conhecimento científico.
Das atividades das quais participou nas aulas de arte, quais você encontrou
dificuldade em realizar?
Quais são as operações mentais que estou mobilizando no aluno para que ele
responda a essa pergunta ou resolva esse problema?
Consigo realizar uma análise cuidadosa para verificar a eficácia do ensino para
a aprendizagem?
A avaliação não deve se limitar a apenas um instrumento. Para que esse processo
seja coerente e justo, alguns cuidados devem ser tomados. Não existem alunos “bons”
nem “maus”. Krasilcnik (2001). Há de se considerar os saberes, a curiosidade, a
inquietação diante do desafio, o ponto de partida, e principalmente, o caminho
percorrido até então. Sugere-se que se atente para que estes sejam coerentes com os
assuntos e habilidades indicados nos objetivos/expectativas da aprendizagem do
planejamento. Desta forma, a avaliação torna-se uma relação entre o avaliador e o
sujeito, e a partir dela, é possível verificar a intenção do avaliador e reorganizar suas
ações. “Pode-se averiguar, por exemplo, se a avaliação permite encarar o aluno como
um sujeito capaz de transformar seu mundo, se o resultado dela reflete os conflitos da
relação entre professor e aluno ou, ainda, se permite ao professor obter novos dados
sobre os alunos.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Ana Mae (org.) Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo.
Cortez. 2007.
BOUGHTON, Doug. Avaliação: da teoria à pratica. In: BARBOSA, Ana Mae. (org.).
Arte/Educação Contemporânea: consonâncias internacionais. São PBRASIL. Lei n.
5692, de 11 de agosto de 1971.
GUERRA, Maria Terezinha Telles. Didática do Ensino de Arte. São Paulo: FTD, 1998
HADJI, C. A Avaliação: regras do jogo – das intenções aos instrumentos. Porto: Porto,
1994. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.