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O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: O


ATO DE ENSINAR

Eliane Cristina Araújo da Silva1


Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA

Leonilda Ferreira Sousa2


Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA

RESUMO

Os estudos em educação têm mostrado que o lúdico é uma ferramenta pedagógica


que os docentes podem utilizar em sala de aula como recurso facilitador da
aprendizagem, visto que por meio da ludicidade as crianças podem aprender de forma
mais concreta e significativa. Com base nesta premissa, o presente artigo tem por
objetivo compreender a importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem
em quatro turmas de Educação Infantil II da Escola Municipal de Educação Infantil
Professora Amélia Ferrari, em Oriximiná – Pará. Esta pesquisa é um estudo de caso do
tipo descritiva, cuja abordagem quanti-qualitativa, tendo sido utilizado questionário
com perguntas abertas e fechadas, como instrumento para geração dos dados,
aplicado a quatro docentes das referidas turmas. Os estudos de Kishimoto (2005),
Piaget (1967), Vygotsky (1991), entre outros que discutem acerca da ludicidade no
processo de ensino-aprendizagem, contribuem para o debate. Os resultados
apontam que naquele contexto o lúdico é importante para o processo ensino-
aprendizagem das crianças. No entanto, é necessário que as práticas pedagógicas
sejam bem mais planejadas para que, de fato, este recurso didático venha favorecer o
aprendizado de maneira prazerosa e significativa.
Palavras-chave: Lúdico. Aprendizagem. Educação. Infantil.
Importância.

ABSTRACT

Studies in education have shown that playful is a pedagogical tool that teachers can
use in the classroom as a facilitator of learning resource, as through playfulness children
can learn in a more concrete and meaningful way. Based on this premise, this article
aims to understand the importance of playfulness in the teaching-learning process in
four classes of Child Education II of the Municipal School of Early Childhood
Education
1
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como requisito parcial para a obtenção do Grau de
Licenciatura Plena em Pedagogia, pelo Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do
Oeste do Pará – UFOPA, sob a orientação da Professora Especialista Fabíola Tavares Pereira.
2
Graduanda do Curso de Pedagogia do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do
Oeste do Pará – UFOPA – Campus de Oriximiná – Pará. E-mail: annicristina@ hotmail.com.br
3
Graduanda do Curso de Pedagogia do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do
Oeste do Pará – UFOPA – Campus de Oriximiná – Pará. E-mail: leonildaferreira@
hotmail.com.br
2

Teacher Amelia Ferrari in Oriximiná - Para. This research a study was kind of case
do descriptive, whose approach quantitative and qualitative, was used questionnaire
with open and closed questions as a tool for generating data, applied to four teachers of
these classes. Studies de Kishimoto (2005), Piaget (1967), Vygotsky (1991), among
others discussing about the playfulness in the teaching-learning process, contribute
to the debate. The results show that in that context the playful is important for the
teaching- learning process of children. However, it is necessary that the pedagogical
practices are much more planned for that, in fact, this teaching resource will foster
learning enjoyable andmeaningful way.

Keywords: Playful. Learning. Education. Children.


Importance.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As atividades lúdicas são de suma importância para ensino-aprendizagem


das crianças na Educação Infantil, podendo assim contribuir no desenvolvimento
físico, mental e social da criança, pois desde cedo esta tem necessidade de brincar,
correr e jogar. No entanto, há uma preocupação de como ensinar nesse nível de ensino
por meio do lúdico, dadas às dificuldades que muitos docentes têm para inseri-lo em
seus projetos educativos.
Nessa perspectiva, a pesquisa aqui apresentada, o lúdico no processo de
ensino-aprendizagem: o ato de ensinar tem por objetivo compreender a importância
do lúdico no processo de ensino-aprendizagem em quatro turmas da Educação Infantil
II da Escola Municipal de Educação Infantil Professora Amélia Ferrari, em Oriximiná –
Pará.
Trata-se de uma pesquisa que é um estudo de caso do tipo descritiva, de
abordagem quanti-qualitativo, tendo sido utilizado questionário com perguntas abertas
e fechadas, para a geração de dados, aplicado a quatros docentes das referidas turmas
e com base nos estudos de teóricos como Kishimoto (2005), Piaget (1967),
Vygotsky (1991), entre outros, fundamenta-se tal tema.
De forma mais específica espera-se descrever como os jogos e
brincadeiras contribuem para o processo de ensino-aprendizagem na Educação
Infantil II; verificar quais são as dificuldades em desenvolver as atividades na
Educação Infantil II; e identificar a importância de se trabalhar o lúdico na Educação
Infantil II.
A escolha do tema deve-se às observações feitas no decorrer do Estágio
Supervisionado na Educação Infantil, quando se percebeu que desenvolver
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atividades
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lúdicas pode ser uma das maneiras para solucionar os problemas de ensinar e
aprender, além de que pode amenizar os transtornos de aula fracassada durante o
ano letivo, possibilitando aos discentes outras experiências que não as usualmente
praticadas.
Por isso, investigar sobre o tema em foco é fundamental para compreender que o
lúdico é importante no processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil II, pois
é por meio do brincar que a criança descobre, inventa, ensina regras, experimenta
e desenvolve habilidades.
E cientes da importância do lúdico na formação integral da criança,
norteamos os estudos abordando a seguinte questão no intuito de fornecer dados que
pudessem dar suporte a referida pesquisa: Qual é a importância do lúdico no
processo de ensino-aprendizagem das crianças na Educação Infantil II?
Desta forma, além das considerações iniciais e finais, a pesquisa está
estruturada em três partes. Na primeira parte do trabalho, abordaremos sobre as
teorias de autores como Vygotsky (1991), Piaget (1964), Kishimoto (2002), Macedo
(2005), Santos (2002), e outros, nos quais este estudo foi embasado. Na segunda parte,
enfocaremos os aspectos relacionados à metodologia do estudo. A terceira parte diz
respeito à pesquisa em si, procedendo à análise dos dados coletados.
Assim, esta pesquisa apresenta-se como relevante, pois, acredita-se que irá
colaborar para elucidar que por meio do lúdico é admissível construir conhecimentos
e desenvolver os aspectos cognitivos, motor, afetivo e social de cada criança.

1 O LÚDICO E SUA CONTRIBUIÇÃO

1.1 O lúdico na Educação Infantil como contribuição para o


processo ensino-aprendizagem

A contribuição do lúdico no processo aprendizagem segundo Vygotsky (1991),


o lúdico influencia o processo de ensino-aprendizagem, pois são atividades primárias
e é essencial para o desenvolvimento das crianças, as quais trazem benefícios nos
aspectos físico, intelectual e social, visto que brincando a criança consegue
desenvolver a identidade, a autonomia e a capacidade de socialização. O
lúdico influencia
5

enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende


a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona
o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração (p. 78).
Na visão de Negrine (1994), o lúdico beneficia os aspectos físico, intelectual e
social da criança, pois as brincadeiras são atividades que constantemente a criança
está desenvolvendo algo que lhe é natural e muito importante para que seja realizado
o seu processo ensino-aprendizagem.

As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam


que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e
que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a
afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a
afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica,
moral, intelectual e motriz da criança (p. 19).

1.2 O lúdico e a educação

A escola por um determinado período da história educacional foi um dos


instrumentos da impossibilidade da vida, e que esse período já terminou. Com essa
mudança do próprio conceito de aprendizagem propõe-se que educar passe a ser
mais acessível e criativo abandonando de vez a ideia de que aprender significa
armazenar conhecimentos sobre fatos e informações separadas, sobrecarregando assim
a memória da criança. Educar é um ato consciente e planejado, fazendo com que o
indivíduo torne- se consciente, daquilo que faz.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL,
1998)
: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança,
e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade
social e cultural (p. 23).

Na visão de Almeida (1995), para se obter um melhor rendimento da


aprendizagem da criança, faz-se necessário desenvolver atividades lúdicas, pois entre os
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diversos benefícios que o lúdico favorece, enfatiza-se ainda a melhoria da


capacidade cognitiva da criança, a potencialização da sua capacidade psicomotora e a
capacidade de se relacionar com seus pares. Pode-se dizer que é um dos fatores além
de hereditário para se obter o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser humano,
considera-se o brincar fundamental para esse processo.

A educação lúdica, na sua essência, além de influenciar na formação da


criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um
enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática
democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A
sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a
interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e
modificação do meio (p. 41).

1.3 O que é lúdico?

Lúdico, segundo o dicionário Didático de Língua Portuguesa (2011, p.


520), refere-se a jogos e brinquedos. Para a Psicologia o vocábulo está ligado ao
termo jogo, que é a tendência instintiva da criança para o brinquedo e atividades
afins. Tanto o vocábulo quanto a função que desempenha não pode ser limitado em
seu valor e aplicação na prática educativa. Para Santos (2002), o lúdico significa
brincar. Lúdico, objetiva então, despertar atitudes de alegria, satisfazer as
necessidades e interesses infantis e auxiliá-la na construção de conhecimentos, então
a ação educativa passa a assumir um caráter lúdico e pedagógico. Ao brincar,
cantar, dançar, rir, correr, pular, gritar, rodar, imaginar, inventar, sonhar, fazer de
conta e fantasiar, as crianças podem demonstrar sua liberdade e espontaneidade,
aprendendo e se envolvendo com a aprendizagem. Na fala do autor:

Refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do latim ludus e


significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e
divertimentos, tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento da
aprendizagem do indivíduo (p. 12).
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No ponto de vista de Kishimoto (2005), enquanto brinca, a criança gerencia


sua atitude, pode e toma decisões, sem a intervenção e a imposição do adulto.
Vive e aprende ludicamente. O brincar é um ato lúdico, portanto livre e prazeroso. É a
ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na
ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e
brincadeira relacionam- se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo
(p. 21).

1.3.1 O brincar

Brincar é algo que faz parte da natureza humana e que é um direito da


criança como consta no artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA que
define o brincar como um dos direitos de liberdade da criança.
Nessa mesma abordagem, a Lei Federal nº 8069/90 preceitua que toda
criança tem o direito de brincar e mostra também que o brincar significativo aliado a
aprender a aprender precisa estar mais presente no cotidiano educacional da criança
“Todas as crianças tem direito à vida e à saúde, à liberdade, ao Respeito e à Dignidade,
à convivência familiar e comunitária, à educação, à cultura e ao lazer, à proteção
ao trabalho”.
Conforme afirma Oliveira (2000), brincando a criança exercita suas
potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio, contido nas situações
lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de
desenvolvimento que só às ações por motivações essenciais conseguem. Elas passam
a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não ficam estressadas porque estão livres de
cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam com alegria, sentindo-se mais
capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas e predispostas a aprender. O
brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o
fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra
de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina
não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive
intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável
(p. 19).
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1.3.2 Brinquedo

O brinquedo faz parte da vida da criança e está unido ao brincar; é


considerado como um objeto lúdico no suporte para a brincadeira. De acordo com
o dicionário Didático de Língua Portuguesa (2011, p. 131), a definição de brinquedo
refere-se a um “Objeto que serve para brincar ou jogar”. O brinquedo é um facilitador
e companheiro da criança em suas brincadeiras desde muito tempo.
Vygotsky (1989, p. 109) afirma que é enorme a influência do brinquedo no
desenvolvimento de uma criança, e que o mesmo tem um grande papel no
desenvolvimento da identidade e da autonomia da mesma. É no brinquedo que a
criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual
externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos
fornecidos por objetos externos.
Ainda na percepção do autor, as brincadeiras que são oferecidas à criança
devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra e
estimular o desenvolvimento do ir além. No processo da Educação Infantil o papel do
professor é de suma importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza
materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do
conhecimento. O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança.
No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento diário; no
brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma
lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob
forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento (Ibid.,
1989, p. 117).

1.3.3 A brincadeira

A brincadeira é de suma importância na vida da criança, pois faz parte do


seu mundo e possibilita momentos agradáveis de interação, proporcionando assim um
espaço de livre acesso para à sua criatividade. A definição da palavra brincadeira
segundo o dicionário Didático da Língua Portuguesa (2011, p. 131), é o “jogo
de entretenimento”, ou seja, é aquilo que é dito ou feito de maneira bem-humorada,
com o qual alguém tenta divertir-se. São nas brincadeiras que as crianças adquirem
diferentes
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informações, vivenciam vários conhecimentos e estabelecem relações


comunicativas com seus pares por meio das diversas linguagens existentes no
contexto familiar ou escolar.
De acordo com Vygotsky (1984), a brincadeira desperta vários processos
internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a
criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em interação com os
seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das
aquisições do desenvolvimento independente da criança. A brincadeira cria para as
crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a
distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de
resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou
com a colaboração de um companheiro mais capaz (p. 97).
Friedmann (1996) esclarece que as diversas práticas e teorias da educação
mostram que a criança aprende de forma lúdica. Ao jogar ou ao brincar, a
criança consegue compreender o que percebe ao seu redor, e posteriormente,
acomoda-se, para modificar ao meio em vive. Brincadeira refere-se à ação de brincar,
ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada: jogo é
compreendido como uma brincadeira que envolve regras: brinquedo é utilizado para
designar o sentido de objeto de brincar: atividade lúdica abrange, de forma mais
ampla, os conceitos anteriores (p. 12).

2 AS DIFICULDADES EM DESENVOLVER A LUDICIDADE NA


APRENDIZAGEM

2.1 O lúdico: estratégia de aprendizagem

De acordo com os pressupostos dos Referenciais Curriculares Nacionais para


a Educação Infantil (1998), o educador na Educação Infantil é um provedor no
processo de aprendizagem que pode e deve ajudar a criança a construir a sua
identidade, ética e visão de mundo. E o adulto, na figura do professor, portanto, que, na
instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças.
Consequentemente é
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ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos,
fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo
para brincar. Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma
visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em
particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de
suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem (RCNEI,
1998, VL 1, 1998, p. 28).
Friedmann (1996) considera que os jogos lúdicos se assentam em bases
pedagógicas, porque envolve os seguintes critérios: a função de literalidade e não
literalidade, os novos signos linguísticos que se fazem nas regras, a flexibilidade a
partir de novas combinações de ideias e comportamentos, a ausência de pressão no
ambiente, ajuda na aprendizagem de noções e habilidades. Os jogos lúdicos
oferecem também condições do aluno vivenciar situações-problemas, por meios do
desenvolvimento de jogos traçados e livres, permitindo assim que as crianças
vivenciem as experiências com a lógica e o raciocínio. Os jogos lúdicos permitem uma
situação educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando alguém está jogando
está executando regras do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo ações de
cooperação e interação que estimulam a convivência em grupo (p. 41).

2.2 Aprender brincando: o lúdico na aprendizagem

Segundo Vygotsky (1979, p. 45), o lúdico é uma ferramenta muito importante


para que as crianças aprendam brincando, pois as mesmas conseguem se
desenvolver nas diferentes formas de entretenimento, mas os jogos e brincadeiras
somente serão considerados educativos quando o educador incluir em suas práticas as
atividades lúdicas de modo que seja prazeroso para que as crianças possam
desenvolver os seus aspectos cognitivos, emocional, social e psicológico. A criança
aprende muito ao brincar, o que aparentemente ela faz apenas para distrair-se ou
gastar energia é na realidade uma importante ferramenta para o seu desenvolvimento
cognitivo, emocional, social, psicológico.
Brougère (1997) também contribui de maneira significativa para a compreensão
desse estudo visando que brincar é lazer, diversão e acima de tudo é fonte
de
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conhecimento e parte integrante da atividade educativa. Além de favorecer o


processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança possibilita uma compreensão
das relações afetivas que ocorrem em seu meio, como para a construção do
conhecimento.

A criança está inserida, desde o seu nascimento, num contexto social e seus
comportamentos estão impregnados por esta imersão inevitável. Não existe
na criança uma brincadeira natural. A brincadeira é um processo de relações
interindividuais, por tanto de cultura. É preciso partir dos elementos que ela
vai encontrar em seu ambiente, para se adaptar a suas capacidades (p. 97 -
98).

2.3 O lúdico como facilitador da aprendizagem

O lúdico como facilitador da aprendizagem compreendido por Santos (2000, p.


37) é de suma importância para a criança e para o desenvolvimento intelectual e
social da mesma, estimulando assim sua criatividade e habilidades sociais. Portanto, ao
utilizar atividades lúdicas faz necessário que os educadores propiciem as crianças
oportunidades de interação por meio de dinâmica.

Ganha espaço, como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que


propõe estímulo ao interesse do aluno, desenvolve níveis diferentes de sua
experiência pessoal e social, ajuda-o a construir novas descobertas,
desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento
pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e
avaliador da aprendizagem (p. 37).

Nessa perspectiva, o Referencial Curricular Nacional para a Educação


Infantil (BRASIL, 1998, p. 30), também aborda sobre a importância do lúdico como
facilitador da aprendizagem, salientando que o educador é a peça fundamental
nesse processo, devendo ser uma ferramenta essencial e que educar não se limita em
apenas repassar informações ou mostrar apenas um único caminho, mas ajudar a
criança a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade em que está inserida,
oferecendo diversos instrumentos para que a pessoa possa escolher caminhos que
lhes são favoráveis à construção do seu conhecimento.
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Ainda o PCN, o professor é mediador entre as crianças e os objetos de


conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens
que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de
cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes
campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor
constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é
propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório
de experiências educativas e sociais variadas.

3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O APRENDIZADO DA


CRIANÇA

3.1 A importância do lúdico no universo

Compreender a importância do lúdico no universo educacional infantil


significa conhecer a história da educação infantil no Brasil a partir da segunda metade
do século
XIX. Oliveira (2006) contribui de maneira significativa para este estudo.

Até meados do século XIX, o atendimento de crianças pequenas longe da


mãe em instituições como creches ou parques infantis praticamente não
existia no Brasil. No meio rural, onde residia a maior parte da população do
país época, famílias de fazendeiros assumiam o cuidado das crianças órfãs ou
abandonadas, geralmente frutos da exploração sexual da mulher negra e índia
pelo senhor branco. Já na zona urbana, por vezes filhos ilegítimos de moças
pertencentes a famílias com prestígio social, eram recolhidos nas rodas de
expostos existentes em algumas cidades desde o início do século XVIII (p.
91).

Nessa mesma abordagem, Bacelar (2009) enfatiza que a assistência no início das
atividades da educação infantil no Brasil foi se expandindo na medida em que
foram surgindo outras técnicas que visassem atender a outras necessidades. Contudo,
mesmo após a Constituição Federal de 1998, que incluiu a creche na área de
competência da educação infantil ao lado da pré-escola, substituindo a concepção
de atendimento à criança – a visão assistencialista – por uma visão de uma visão
de desenvolvimento
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integral, ainda se encontram, nos dias atuais, práticas educativas onde prevalece
às necessidades de alimentação e higiene na faixa de 0 a 3 anos, a da creche, e para
as crianças de 4 a 6 anos, a prática voltada para a preparação para o ensino fundamental
(p. 23).

3.2 Tipos de
jogos

As atividades pedagógicas com o uso do lúdico podem ser fundamentadas


e desenvolvidas de diversas maneiras, tendo como suporte as pesquisas dos
estudiosos sobre o assunto. Para entender melhor o processo de ensino e
aprendizagem por meio dos jogos, é viável que a prática seja em conjunto com a
teoria. Piaget (1998, p. 37) identifica três grandes tipos de estruturas de jogos que
aparecem sucessivamente na evolução do brincar infantil: o exercício, o símbolo e o de
regra.

 O jogo de exercício representa a forma inicial do jogo na criança


e caracteriza o período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo. A
característica principal do jogo de exercício é a repetição de movimentos e
ações que exercitam as funções tais como andar, correr, saltar e outras pelo
simples prazer funcional. Manifesta-se na faixa etária de zero a dois anos e
acompanha o ser humano durante toda a sua existência;
 O jogo simbólico, tem início com o aparecimento da função
simbólica, no final do segundo ano de vida, quando a criança entra na etapa
pré-operatória do desenvolvimento cognitivo. Um dos marcos da função
simbólica é a habilidade de estabelecer a diferença entre alguma coisa usada
como símbolo e o que ela representa seu significado; e
 O jogo de regras constituem-se os jogos do ser socializado e se
manifestam quando, por volta dos quatro anos, acontece um declínio nos
jogos simbólicos e a criança começa a se interessar pelas regras. Desenvolvem-
se por volta dos 7/11 anos, caracterizando o estágio operatório-concreto.
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3.2.1 Os tipos de jogos na concepção de Henri Wallon

Na concepção de Wallon (1981), infantil é sinônimo de lúdico. Toda atividade


da criança é lúdica, no sentido que se exerce por si mesma antes de poder integrar-se
em um projeto de ação mais extensivo que a subordine e transforme em meio. Deste
modo, ao postular a natureza livre do jogo, Wallon o define e classifica os jogos
infantis, em quatro categorias: Jogos funcionais, Jogos de ficção, Jogos de
aquisição e Jogos de fabricação.

 Jogos funcionais: Caracterizam-se por movimentos simples de


exploração do corpo, através dos sentidos. A criança descobre o prazer de
executar as funções que a evolução da motricidade lhe possibilita e sente
necessidade de pôr em ação as novas aquisições, tais como: os sons, quando ela
grita, a exploração dos objetos, o movimento do seu corpo. Esta atividade lúdica
identifica-se com a “lei do efeito”. Quando a criança percebe os efeitos
agradáveis e interessantes obtidos nas suas ações gestuais, sua tendência é
procurar o prazer repetindo suas ações;
 Jogos de ficção: Atividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz-
de- conta, na presença da situação imaginária. Ela surge com o
aparecimento da representação e a criança assume papéis presentes no seu
contexto social, brincando de “imitar adultas”, “casinha”, “escolinha”, etc.;
 Jogos de aquisição: Desde que o bebê, “todo olhos, todo ouvidos”,
como descreve o autor se empenha para compreender, conhecer, imitar
canções, gestos, sons, imagens e histórias, começam os jogos de aquisição; e
 Jogos de fabricação: São jogos onde a criança se entretém com
atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar objetos. Os jogos de
fabricação são quase sempre as causas ou consequências do jogo de ficção,
ou se confundem num só. Quando a criança cria e improvisa o seu
brinquedo: a boneca, os animais que podem ser modelados, isto é, transforma
matéria real em objetos dotados de vida fictícia.
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3.3 Tipos de
brincadeiras

3.3.1 No olhar de Tizuko Kishimoto

O brinquedo/jogo educativo ao assumir, por exemplo, a função lúdica,


propicia diversão, prazer e até mesmo desprazer quando é escolhido por vontade
própria, enquanto ao assumir a função educativa, o brinquedo ensina qualquer coisa
que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do
mundo. Como ilustração, a autora coloca que a criança ao manipular livremente um
quebra- cabeça, diferenciando cores, a função educativa e a lúdica estão presentes.
Mas, se a criança preferir apenas empilhar peças, fazendo de conta que está
construindo um castelo em uma situação imaginária, a função lúdica está presente.
É a intenção da criança que vale e não exatamente o que o professor deseja:

 A brincadeira tradicional infantil, por sua vez é um tipo de jogo


livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de o fazer;
 A brincadeira de faz-de-conta, é a que deixa mais evidente a presença
da situação imaginária. No entanto, é importante ressaltar que o conteúdo do
imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças em
diferentes contextos, assunto este ao qual nos reportaremos adiante; e
 Os jogos ou brincadeiras de construção são de grande importância para
a experiência sensorial, estimulando a criatividade e desenvolvendo habilidades
da criança.

3.3.2 Emerique também nos apresenta alguns tipos de brincadeira,


a saber:

 Brincadeiras com a imaginação: brincar com fantasias, baú de


roupas velhas, sapatos, perucas, colares, etc.; brincar de inverter papeis se eu
fosse um professor, se eu fosse o aluno; representar figuras de super heróis;
brincar de casinha, de médico, de supermercado, de banco, de ir ao zoológico,
etc.; viajar, imaginando-se em um avião, em um trem, em um carro; brincar
de contrário,
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inventando histórias com bruxas boas e príncipes malvados; confeccionar


um televisor com caixa de papelão, representando por meio dele; montar um
circo com palhaço, mágicos, artistas; transformar objetos, por exemplo, uma
almofada em um tapete voador ou um cabo de vassoura em um cavalo;
 Brincadeiras com palavras e ideias: Mamãe mandou bater, bater
neste daqui. Mas como eu sou teimoso vou bater naquele ali; lá em cima do
piano tem um copo de veneno quem bebeu morreu. Mas o culpado não foi eu!
Uni duni tê, salame mingue, um sorvete colorê, o escolhido foi você! Corre
cotia na casa da tia; corre cipó na casa da vó: batinha, quando nasce,
esparrama pelo chão; a menina, quando dorme, põe a mão no coração; serra,
serra, serrador, serra o pão do vovô; cadê o toucinho que tava aqui? O gato
comeu. Cadê o gato? O cachorro pegou; o rato roeu a roupa do rei de Roma e a
rainha, de raiva, rasgou o resto;
 Brincadeiras com ritmos e música: explorar os barulhos que
podemos fazer com nosso corpo ( mãos, pés, boca); imitar sons ouvidos (
chuva, vento); reproduzir vozes de animais; pronunciar o seu próprio nome em
vários tempos e tons; fazer versinhos com palavras, repetindo sílabas finais,
estalando os dedos; fazer gestos para que as outras crianças as ações
dramatizadas; musicalizar e cantar a fala cotidiana(bom dia, obrigado, por
favor); brincar de conversar e de cantar desafinado, devagar/ depressa,
alto/baixo; supermercado; brincar de expressão de números em diversas
linguagens, seja corporal, seja gestual;
 Brincadeiras com arte: fazer pintura a dedo, pintar com os pés e as
mãos, desenhar sobre várias superfícies diferentes de papel (lisas,
irregulares, etc.), manipular massas de diferentes consistências (argila, areia,
massinha de trigo, etc.);
 Brincadeiras com o corpo: Fazer mímica de orquestra ou de banda
muda com instrumentos escolhidos; imitar movimentos de animais; brincar de
circo e de virar cambalhotas; produzir sons com o corpo; encher bexigas, soltá-
las para que voem brincar com elas, estourá-las; brincar de morto vivo; brincar
de estátuas e de escultor; imitar gestos- como faz a cozinheira, a
passadeira, o motorista, o guarda; cantar: cabeça, ombro, joelho e pé; cantar
marcha soldado, cabeça de papel; cantar: para acabar com o aborrecimento,
basta fazer um simples movimento (e ir acrescentando um gesto de cada vez);
jogar peteca, bola ao cesto, cabo de guerra, fazer pescaria; e
17

3.4 Tipos de
brinquedos

3.4.1 Tipos de brinquedos de acordo com o Referencial


Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI

Esses objetos são tão valiosos para a Educação Infantil e contribuem para uma
prática satisfatória no cotidiano dos pequenos, que devem ser trabalhado de
forma planejada, com livre acesso a eles, mas antes é preciso fazer
combinados com as crianças sobre a utilização e cuidado dos brinquedos. É
através do uso diário de brinquedos, as crianças atribuem significados,
construindo representações e se apegam mais a alguns do que a outros. Os
brinquedos podem ser de sucata, de papelão, podem ser feitos pelas próprias
crianças ou comprados. Os brinquedos constituem-se, entre outros, em
objetos privilegiados da educação das crianças. São objetos que dão suporte ao
brincar e podem ser das mais diversas origens, materiais, formas, texturas,
tamanho e cor. Nessa perspectiva, as instituições devem integrá-los ao acervo
de materiais existentes nas salas, prevendo critérios de escolha, seleção e
aquisição de acordo com a faixa etária atendida e os diferentes projetos
desenvolvidos na instituição (BRASIL, 1998, p. 71).

3.4.2 Na visão de Michelet

Os tipos de brinquedos são classificados de acordo com as suas categorias e


que surgiram a partir das evoluções, das concepções e das compreensões do ato do
brincar. Nesse contexto temos:

1. Classificações etnológicas ou sociológicas: analisam os brinquedos


em função do papel que lhe é atribuído nas sociedades;
2. Classificações filogenéticas: analisam os brinquedos em função da
evolução da humanidade, evolução esta reproduzida pela criança em suas
brincadeiras;
3. Classificações psicológicas: fundamentadas na explicação do
desenvolvimento da criança e em função das quais se estabelece umas
hierarquias dos brinquedos. Neste contexto temos, por exemplo, uma
organização de brinquedos que considera as etapas de desenvolvimento
cognitivos da criança, em uma perspectiva piagetiana, ou seja, sensório-
motor, pré-operatório e operatório (concreto e formal); e
18

4. Classificações pedagógicas: distribuem os brinquedos de acordo


com diferentes aspectos e opções dos métodos educativos (p. 157).

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO ESTUDO

O tema pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo pesquisador,


de sua curiosidade científica, de desafios encontrados na leitura de outras pesquisas ou
da própria teoria. Para Fregoneze (2014, p.104), o tema é a especificidade de um
assunto que se deseja provar ou desenvolver. Dessa forma, tem-se o referido tema: O
lúdico no processo de ensino-aprendizagem: o ato de ensinar.
Desse modo, ao desenvolver uma pesquisa faz-se necessário também explicitar
o título que deve ser corretamente compreendido, ou seja, o título deve se expressar
o mais fielmente possível, conteúdo temático do trabalho. Para Severino (2007, p. 129),
o título é o assunto escolhido sobre o qual se abordará o trabalho. Diante disso,
foi imprescindível elaborar o título: A importância do lúdico no processo de ensino-
aprendizagem na Educação Infantil II.
Para tanto, após o investigador determinar o tema da pesquisa partirá então
para a elaboração do problema. De acordo com o tema proposto, o problema abrange
teoria ou prática na qual se pretende encontrar uma resposta, ou seja, é uma pergunta
que se pretende resolver. Assim, Fregoneze (2014, p. 105) afirma que um problema
bem formulado exige que o pesquisador tenha conhecimentos prévios sobre o tema e
que a resposta possa ser suscitada a partir da pesquisa desenvolvida. O referido
estudo parte do seguinte problema: Qual a importância do lúdico no processo de
ensino-aprendizagem das crianças na Educação Infantil II?
Desta forma, espera-se que as perguntas específicas possam suprir os
elementos básicos para auxiliar o estudo, dando ênfase ao objetivo geral do tema
em foco. O objetivo geral é a decisão do que se pretende alcançar na pesquisa.
Para Fregoneze (Ibid., p. 104), o objetivo expressa de forma clara o que o
pesquisador espera com a realização da pesquisa; é o que caracteriza os fins da
investigação na qual se busca alcançar. Logo, o objetivo geral deste estudo é:
Compreender a importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem na
Educação Infantil II.
19

Além do objetivo geral, pensa-se que um trabalho científico bem


estruturado poderá obter um ou mais objetivos específicos para que venha contribuir
com o desenvolvimento da pesquisa. Objetivos estes que se caracterizam como
instrumentos que dão embasamento para o próprio tema. Segundo Fregoneze (Ibid.,
2014 p. 104), os objetivos específicos aprofundam as intenções expressas no objetivo
geral; apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediário e instrumental,
permitindo de um lado, atingir o objetivo geral e de outro aplicá-lo a situações
particulares. Com isso, refletiu- se em sofisticar os seguintes objetivos específicos:
descrever como os jogos e brincadeiras contribuem para o processo de ensino-
aprendizagem das crianças na Educação Infantil II; verificar quais são as
dificuldades em desenvolver as atividades na Educação Infantil II; e identificar a
importância de se trabalhar o lúdico na Educação Infantil II.
Nesse sentido, observa-se que um dos meios fundamentais no delinear do
problema são os questionamentos, as dúvidas que devem ser formulados de acordo
com o tema, necessitando assim ser previamente definidas na pesquisa. Para
Fregoneze (Ibid., p. 105), as perguntas específicas precisam ser de forma clara e
objetiva, tendo esta pesquisa as seguintes perguntas norteadoras: Como o lúdico
contribui para o processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil II? Quais
as dificuldades em desenvolver atividades lúdicas na Educação Infantil II? Qual a
importância de se trabalhar o lúdico na Educação Infantil II?
Diante dos objetivos expressos acima, ressalta-se que é relevante compreender
a importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem das crianças na
Educação Infantil II, observando que nesse nível de ensino essas crianças necessitam
aprender de forma prazerosa e interessante.
Portanto, para a integração desta pesquisa, procura-se delinear a direção em
que abona a preocupação com o tema em foco, colaborando dessa forma como uma
reflexão sobre as práticas pedagógicas dos docentes que atuam na Educação
Infantil II. Tal pesquisa é um estudo de caso de caráter descritiva, que de forma
clara exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar.
Para Triviños a pesquisa descritiva (1987, p. 112), pretende descobrir os fatos e
fenômenos de determinada realidade. Para Figueiredo e Souza (2011, p. 110), estudo
de caso é um estudo profundo e exaustivo de fatos, situações ou objetos de maneira
que permita seu amplo e detalhado conhecimento.
20

Assim sendo, com o intuito de compreender a mencionada pesquisa se


caracteriza por abordagem quanti-qualitativa, que de forma abrangente é uma das
mais indicadas para ser aplicada nessa área. Segundo Fregoneze (2014, p. 107), a
abordagem qualitativa é uma distinção entre método e métodos, por se situarem em
níveis distintos, no que se relaciona à sua inspiração filosófica, ao seu grau de
abstração, à sua finalidade mais ou menos explicativa, à sua ação nas etapas mais ou
menos concretas da investigação e ao momento em que se situam. Já a abordagem
quantitativa adequa-se para aprimorar opiniões e informações conscienciosas das
entrevistadas, visto que tudo pode podem ser numericamente, coordenados e
avaliados para a coleta dos dados da pesquisa.
De acordo com Lakatos e Marconi (2009, p. 176), para a realização de
uma pesquisa científica há uma necessidade de levantamento dos dados e coleta por
meio das técnicas da pesquisa. Para estes procedimentos empregaram-se como
ferramentas para representar um determinado universo de coletas de dados,
questionário com perguntas abertas e fechadas, que se caracterizam bem como
habilidades que se usam na obtenção do propósito da pesquisa.
Segundo a definição de questionários por Severino (2007, p. 125), é o
conjunto de questões sistematicamente articuladas que se destinam a levantar
informações escritas por partes dos sujeitos pesquisadores, em vista conhecer a opinião
dos mesmos sobre o assunto em estudo.
E para elencar a pesquisa é de suma importância definir a população,
assegurando dessa forma a discrição e confiabilidade da mesma. Dito isto, este
estudo tem como população, a Escola Municipal de Educação Infantil Professora
Amélia Ferrari. Neste contexto, Fregoneze (2014, p. 109) define a população
considerando-a como um conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam
pelos menos uma característica em comum. Segundo Figueiredo & Souza (2011, p.
145), população é o conjunto dos elementos que apresentam uma determinada
característica.
Diante disso, faz-se necessário determinar também a amostra, que seguiu
da seguinte forma, quatro docentes que atuam na Escola Municipal de Educação
Infantil Amélia Ferrari. Para a definição de amostra faz jus a um tratamento
exclusivo do pesquisador. Segundo Figueiredo e Souza (2011, p. 145-146), amostra é
uma porção ou parcela selecionada dentro do universo da pesquisa.
21

4 A ANÁLISE DOS DADOS

Para que os dados fossem coletados, foi instituído questionário direcionado


aos docentes, para que estes pudessem apresentar suas opiniões a respeito do estudo
em foco. Diante disso, foi necessário questionar sobre: A importância de se
trabalhar o lúdico em sala de aula.
Gráfico I – Em sua concepção é importante trabalhar o lúdico em sala de
aula? Justifique.

Em sua concepção é importante trabalhar o


lúdico em sala de aula?

SIM
100%

Quanto ao questionamento acerca da importância do lúdico para o


processo ensino-aprendizagem: o ato de ensinar, as informantes responderam 100%
sim.
Quando questionados sobre a importância de se trabalhar o lúdico em sala
de aula, as informantes disseram:
A docente “A” afirmou que:

O lúdico, as brincadeiras, jogos e os brinquedos são essenciais para o


desenvolvimento das crianças, pois são atividades primárias as quais trazem
benefícios para os aspectos físicos, intelectual e social do indivíduo.
Brincando a criança aprende de forma prazerosa.

Observou-se que a informante afirma que é importante trabalhar com o lúdico


em sala de aula e ainda faz referência sobre tal importância no processo ensino-
aprendizagem. Cabe ressaltar que o lúdico nas práticas pedagógicas serve como
22

suporte na aprendizagem das crianças, pois é por meio deste que o ato de aprender e
de ensinar torna-se significativo e prazeroso.
Nesse mesmo olhar, Ferreira (2002) acrescenta que:

As brincadeiras e os jogos constituem atividades primárias que trazem


grandes benefícios em vários aspectos, como físico, intelectual e social.
Como benefício físico, pode-se afirmar que o lúdico satisfaz as necessidades
de crescimento e contribui para fomentar a competitividade na criança.
Como benefício intelectual, o brinquedo, o jogo e dramatização contribuem
para a desinibição, produzindo uma excitação mental altamente fortificante
(p. 1).

A docente “B” afirmou que:

O lúdico facilita a motivação do aluno, além de sua adaptação e socialização


do mesmo no seio escolar.

Observou-se que a informante afirma que é importante trabalhar com o


lúdico em sala de aula. Esta ainda acrescenta que o lúdico facilita a aprendizagem e
possibilita que o aprendiz consiga interagir-se socialmente no âmbito escolar. Para
tanto, faz se necessário que essa interação sirva como suporte de estratégias para que
o processo de ensino-aprendizagem aconteça de forma satisfatória. Desse modo,
compreendemos que o lúdico na Educação Infantil tem sido uma das estratégias mais
bem sucedidas no que diz respeito à estimulação do desenvolvimento cognitivo da
criança. Trabalhar atividades lúdicas significa desenvolver as capacidades de atenção,
memória, percepção, e também todos os aspectos referentes à aprendizagem.
Assim, Carneiro e Dodge (2007) abordam:

Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é preciso


mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a maneira como
entendem o currículo. Isso demanda uma transformação que necessita de um
corpo docente capacitado e adequadamente instruído para refletir e alterar
suas práticas. Envolve, para tanto, uma mudança de postura e disposição para
muito trabalho (p. 91).
23

A docente “C” afirmou que:

A ludicidade em sala de aula aumenta as possibilidades de


aprendizagem.

Observou-se que a informante afirma que é de suma importância trabalhar de


forma lúdica em sala de aula, retratando ainda que a ludicidade é um instrumento
facilitador da aprendizagem e que possibilita inúmeros mecanismos para que as
crianças aprendam. Cabe ressaltar que a criança constrói, cria e recria e que essa
construção se faz principalmente, por meio das atividades lúdicas. Além disso, é
por meio dessas atividades lúdicas que é proporcionado à criança o direito de um
crescimento harmonioso e saudável.
Na concepção de Silveira (1998):

Os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do


contexto de aprendizado. Um dos usos básicos e muito importante é a
possibilidade de construir-se a autoconfiança. Outro é o incremento da
motivação. Um método eficaz que possibilita uma prática significativa
daquilo que está sendo aprendido. Até mesmo o mais simplório dos jogos
pode ser empregado para proporcionar informações factuais e praticar
habilidades, conferindo destreza e competência (p. 2).

A docente “D” afirmou que:

É um eficiente recurso ao educador para estimular ao alunado à construção e


percepção de conhecimentos.

Observou-se que a informante afirma que é essencial trabalhar de forma


lúdica em sala de aula. Esta enfatiza que o lúdico é um instrumento motivador do
processo ensino-aprendizagem. No entanto, é importante que tenhamos uma
conexão com a aprendizagem, de modo que haja um envolvimento, tanto do professor
quanto do aluno. E é neste envolvimento que ambos estarão sendo inseridos à sua
maneira no processo de ensinar e de aprender, experimentando, apropriando e
percebendo como se dá a construção do conhecimento.
Assim, Macedo (2005) afirma: Os trabalhos com jogos, no que se refere
aos aspectos cognitivos, visam contribuir para que as crianças possam
adquirir
24

conhecimentos e desenvolver suas habilidades e competências e oferecer um rico


arsenal de possibilidades, contribuindo para a construção de relações sociais, cuja
direção é aprender a considerar limites e agir de forma respeitosa com as pessoas
(p. 24).
O outro questionamento articulado nesta pesquisa foi averiguar sobre as
contribuições do lúdico para o processo de ensino-aprendizagem das crianças.
Gráfico II – Em sua opnião o lúdico contribui para o
processo ensino-aprendizagem das crianças? Descreva de que forma.

Em sua opinião o lúdico contribui para o


processo ensino-aprendizagem das crianças?

SIM
100%

Quanto ao questionamento acerca da importância do lúdico para o


processo ensino-aprendizagem: o ato de ensinar, as informantes responderam 100%
sim.
Quando questionados sobre a contribuição do lúdico para o processo ensino-
aprendizagem das crianças, as informantes afirmaram:
A informante “A” afirmou que:

O lúdico contribui para o processo ensino-aprendizagem, pois por meio do


brincar a criança desenvolve a identidade e a autonomia, assim com a
capacidade de socialização através da interação e experiências do cotidiano.

Observou-se que a informante afirma que o lúdico contribui de maneira


significativa para o ensino-aprendizagem das crianças. Ainda, descreve que é no
brincar que a criança consegue interagir umas com as outras. Brincar é uma
importante forma de comunicação e é por meio deste ato que a criança pode reproduzir
o seu cotidiano. É interessante enfatizarmos que a ação do brincar facilita o processo
de aprendizagem da
25

criança, possibilitando assim a construção da reflexão, autonomia e da


criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogos e
aprendizagem.
Assim, Santos (2002) salienta que:

Ao assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão,


prazer, potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é
uma experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as
crianças da Educação Infantil (p. 12).

A docente “B” afirmou que:

É brincando que a criança (aprende a construir) revela seu estado cognitivo,


visual, auditivo, tátil, motor e seu modo de aprender de maneira mais fácil.

Observou-se que a informante afirma que o lúdico contribui para o ensino-


aprendizagem das crianças. Acrescenta, também, que a criança aprende por meio da
ação do brincar, propiciando assim um fortalecimento na sua aprendizagem. Nesse
sentido, é importante frisarmos que trabalhar com o lúdico não se baseia somente
em ensinar conteúdos conceituais, mas, principalmente, ensinar a partir do
desenvolvimento cognitivos afetivo, físico, social e moral.
Piaget (1967) ressalta que:

Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere


habilidades, é brincando que os infantes desvendam o mundo, se comunicam
e se inserem em um contexto social. Brincar é um direito da criança, além de
ser de suma importância para seu desenvolvimento (p. 49).

A docente “C” afirmou que:

Com o lúdico os alunos sentem-se motivados a participar de determinadas


atividades e com isso seu aprendizado pode se tornar mais significativo.

Observou-se que a informante afirma que o lúdico contribui para


aprendizagem das crianças de maneira prazerosa, tornando as aulas interessantes e
participativas. Ainda, enfoca que trabalhar com o lúdico é unificar prazer e necessidade.
Prazer por ser
26

natural da criança, e necessidade, porque é por meio dos jogos e brincadeiras que
a criança reconhece seus anseios, suas preferências e valores. É preciso entender
que desenvolver atividades lúdicas proporciona ao alunado aprendizagens e
conhecimentos, pois a criança para construir seus próprios conhecimentos deve passar
por experiências de forma lúdica e prazerosa, onde possa realizar uma troca de
conhecimentos com o outro a partir de sua bagagem de vida. Além disso,
acrescentamos que são por meio da utilização do brincar que as crianças buscam
realizar os seus desejos.
A este respeito, Miranda (2001) aponta cinco categorias no uso dos jogos
em sala de aula:

A socialização que surge como dimensão base na hora do jogo; a cognição


propondo o desenvolvimento integrado das potencialidades; a afeição, ou
seja, sentimento de carinho, amizade, apego relação professor aluno;
motivação onde o professor tem o papel de motivar a criança na hora do
jogo; e por fim a criatividade (p.14).

A docente “D” afirmou que:

É por meio de exploração, quanto mais a criança explora as coisas


relacionados a fatos e ideias é capaz de pensar e compreender. A criança por
meio do lúdico absorve conhecimento para o seu desenvolvimento cognitivo,
motor e social.

Nesse contexto, observou-se que a informante afirma que o lúdico contribui


para aprendizagem das crianças, por meio de exploração de objetos. No mais, analisa
que é por meio do lúdico que a criança aprende a se socializar, tornando mais
significativa e concreta a sua aprendizagem. Quanto ao professor, este exerce o
papel de mediador entre criança e a cultura lúdica, e a sua intervenção é essencial
para que os alunos ampliem seus conhecimentos e aprendam por meio do brincar,
sendo que o lúdico se constitui como forma de compreender como se dá o
desenvolvimento infantil.
Assim sendo afirma Mukhina (1995): É imperioso que a criança tenha
como fonte de conhecimento, de experimento ou ainda, como modelo
comportamental, a atuação sadia do adulto, tanto qualitativa quanto
quantitativamente, ou seja, o adulto deve ser o primeiro a captar e entender, ao tentar
colaborar, no estabelecer de padrões particulares à criança, as reais necessidades, os
medos, os dramas e as alegrias da
27

criança, porque são pilares do desenvolvimento de seu potencial de ser humano capaz
e autônomo (p. 62).
Por fim, foi questionado sobre as dificuldades em desenvolver as
atividades lúdicas em sala de aula.

Gráfico III – Há dificuldades em desenvolver as atividades lúdicas em sala


de aula? Quais?

Há dificuldades em desenvolver as atividades


lúdicas em sala de aula?

SIM
100%

Quanto ao questionamento acerca da importância do lúdico para o


processo ensino-aprendizagem: o ato de ensinar, as informantes responderam 100%
sim.
Quando questionados sobre as dificuldades em desenvolver as atividades
lúdicas em sala de aula, as informantes afirmaram:
A informante “A” afirmou que:

As dificuldades estão diretamente relacionadas às preparações para a aula


como: materiais didáticos ou falta desses materiais na escola e espaço físico.

Observou-se que a informante afirma que há dificuldades em desenvolver


atividades lúdicas em sala de aula. Porém, ainda faz referências sobre a falta e
indisponibilidade dos materiais didáticos na escola. Cabe ressaltar que é preciso que
saibamos compreender que somente com um esforço e vivência prática se
adquirem habilidades para verdadeiramente trabalhar com o lúdico em sala de aula.
Para tanto, o educador necessita refletir sobre a questão do brincar, criar espaços e
tempos que permitam a realização das práticas lúdicas, buscando estratégias que
promovam a evolução integral da criança e que os jogos ao serem utilizados pelo
educador no espaço escolar, devem ser devidamente planejados.
28

Assim, Teixeira (1995) sintetiza:

Os jogos é um fator didático altamente importante; mais do que um


passatempo, ele é elemento indispensável para o processo de ensino-
aprendizagem. Educação pelo jogo deve, portanto, ser a preocupação básica
de todos os professores que têm intenção de motivar seus alunos ao
aprendizado (p. 49).

A informante “B” afirmou que:

Falta de recursos financeiros como: falta de espaço, materiais e também o


interesse dos alunos em relação as atividades.

Claramente podemos observar que a informante afirma que há dificuldades em


desenvolver atividades lúdicas em sala de aula. Comenta também que a falta de
recursos e os desinteresses dos alunos nas atividades são um dos fatores que
desestimulam a prática constante das atividades lúdicas. É importante ressaltar que
quando o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas,
percebe-se um maior encantamento do aluno. A criança necessita de estabilidade
emocional para se envolver com a aprendizagem. Logo, a afetividade é essencial para
que a criança seja estimulada, pois é por meio da convivência que o educador
estabelece um vínculo com o educando. Compreendemos, ainda, que o afeto pode ser
uma maneira eficiente de aproximar o aluno e a ludicidade e que em parceria
conjunta com o educador ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.
Assim, Baquero (2000) salienta que: No processo de educação também cabe
ao mestre um papel ativo: o de cortar, talhar e esculpir os elementos do meio
combiná-los pelos mais variados modos para que eles realizem a tarefa de que ele,
mestre, necessita. Deste modo, o processo educativo já se torna tri lateralmente ativo:
é ativo o aluno, é ativo o mestre, é ativo o meio criado entre eles (p. 27).
A informante “C” afirmou que:

Existem dificuldades financeiras, de espaço físico e em alguns momentos


dificuldades de concentração de alguns alunos.
29

Podemos observar que a informante afirma que há dificuldades em


desenvolver atividades lúdicas em sala de aula. Nessa abordagem, destaca que o
espaço físico e a falta de atenção do alunado dificultam também as atividades,
impossibilitando assim a execução de tais atividades. Refletindo sobre o assunto em
foco e levando em consideração que as atividades lúdicas ultrapassam o fazer
mecânico, é importante ressaltar que o educador não use apenas as atividades lúdicas
como um simples passatempo, mas sim como um momento de interação, de
integração e compartilhamento da aprendizagem, constituindo-se, dessa forma, em
atividades de suma relevância para a formação da criança.
Negrine (1994) diz que: O profissional envolvido com jogos e brincadeiras
no ambiente escolar deve estar preparado não apenas para atuar como animador,
mas também como observador e investigador das relações e acontecimentos que
ocorrem na escola. Para uma tarefa desta dimensão social, o indivíduo necessita de
uma formação sólida, fundamentada em três pilares: “formação teórica, pedagógica e
pessoal” (p. 13).
A informante “D” afirma que:

As dificuldades são: materiais, tempo e financeiros. Exemplo: Quando fui


aplicar a música na sala de aula, por meio da ludicidade, fui obrigada a
comprar meus materiais, para que minha aula obtivesse resultados. A escola
não oferece material. Hoje existem muitos trabalhos burocráticos para os
professores realizarem, não sobrando tempo para confeccionar determinados
materiais.

Pode-se observar que a informante afirma claramente que há dificuldades em


desenvolver atividades lúdicas em sala de aula. Ao exemplificar que desenvolver
atividades lúdicas requer gastos, tempo e planejamento, ele se sente constrangida
constantemente, pois necessita de recursos básicos, os quais a Escola não fornece
o suficiente. Mas, com persistência e boa vontade consegue obter bons resultados
na aprendizagem das crianças. Visa-se, ainda, que a criança aprende brincando,
brincando com prazer e com alegria. Para tanto, compreende-se que é necessário que
o educador reconheça o verdadeiro papel que a ludicidade tem e que vem
conquistando no espaço educacional infantil, ou seja, a função lúdica e educativa.
Compreendemos, também,
30

que as atividades lúdicas tanto facilitam o progresso cognitivo da criança como


contribuem para a formação de sua personalidade integral.
Nesse sentido, Pereira (2005) enfatiza que o educador na Educação Infantil é
um provedor no processo de aprendizagem da criança que pode e deve ajudar a
criança a construir a sua identidade, ética e visão de mundo. Só nos envolvemos
realmente quando nos colocamos por inteiro naquilo que fazemos, portanto, decidir e
concretizar exigem mais do que pensamento, exigem sentimento e ação. E é esta
possibilidade de ser e estar inteiro que a atividade lúdica propicia. A possibilidade de
compartilhar, de se entregar e de se integrar, de fertilizar a expressão de pensamentos,
sentimentos e movimentos (p. 94).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi compreender a importância do lúdico no processo de


ensino-aprendizagem na Educação Infantil, mais precisamente na Educação Infantil
II da Escola Municipal de Educação Infantil Professora Amélia Ferrari, no Município
de Oriximiná – Pará.
Além disso, este estudo objetivou ainda descrever como os jogos e
brincadeiras contribuem para o processo de ensino-aprendizagem das crianças na
Educação Infantil II, verificar quais são as dificuldades em desenvolver as atividades e
identificar a importância de se trabalhar o lúdico na Educação Infantil II.
Os estudos teóricos acerca do tema possibilitaram compreender que é de suma
importância trabalhar com o lúdico em sala de aula, visto que este facilita o
aprendizado da criança nos aspectos cognitivos, afetivos, motor e social, apesar das
dificuldades e barreiras em desenvolver as atividades lúdicas. Compreendemos, ainda,
que o lúdico é uma ferramenta importantíssima para atender às necessidades, às
possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento dos educandos, pois o ato de
brincar é um elemento integrante na existência do ser humano.
No decorrer da pesquisa foi observado no entendimento das docentes que é
viável desenvolver ludicidade em sala de aula, uma vez que estas facilitam a
aprendizagem das crianças, permitindo assim que o educando consiga interagir
socialmente com mais desenvoltura no âmbito escolar e familiar. Observou-se,
ainda,
31

que o lúdico contribui não somente para o cognitivo da criança, mas também para a
formação de sua personalidade integral.
Deste modo, as dificuldades em desenvolver atividades lúdicas são diversas
e complexas, mas com perseverança e anseios alcança-se bons resultados na
aprendizagem dos discentes. Contudo, trabalhar com tais atividades constitui em
ampliar as capacidades de atenção, memória, percepção e também todos os
aspectos referentes à aprendizagem. Para tanto, o educador não deverá esquecer que o
seu papel não é apenas de planejar, ensinar e avaliar, mas formar educandos como
cidadãos, conscientes e inseri-los na sociedade, pois as crianças precisam ser
queridas e respeitadas no âmbito escolar.
Diante disso, entende-se que desenvolver atividades lúdicas em salas de aulas é
possibilitar uma progressão na autoestima da criança, estimulando sua
sensibilidade visual e auditiva. Logo, caberá ao educador desenvolver novas
metodologias de ensino, procurando assim diferenciar suas práticas pedagógicas,
tornando as aulas mais atrativas, prazerosas e interessantes.
Acerca das práticas dos docentes quanto ao lúdico da Escola em questão,
foi possível constatar que naquele contexto desenvolve-se claramente as atividades
lúdicas no processo ensino-aprendizagem das crianças. Com isso, compreende-se que
trabalhar de forma lúdica favorece um aprendizado satisfatório, tanto para o
educando quanto para o educador, já que todos aprendem de forma a abranger seus
conhecimentos.
Portanto, os resultados da pesquisa apresentaram que o lúdico é importante no
processo de ensino-aprendizagem das crianças na Educação Infantil II, tendo em
vista que as docentes investigadas indicaram que a presença das atividades lúdicas na
Escola é visivelmente aceitável e é de suma importância para que aconteça o
processo de ensino-aprendizagem dos educandos.
Diante de tais constatações, acredita-se que este trabalho servirá como
embasamento para mostrar a importância do lúdico no processo de ensino-
aprendizagem das crianças na Educação Infantil II, assim como na construção do
processo de suas habilidades e no desenvolvimento dos aspectos: cognitivo, motor,
afetivo e social de cada criança.
32

REFERÊNCIAS

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