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SÍNTESE TEÓRICA

Perspectivas históricas na Psicolinguística: dos primórdios às


teorias de Piaget e Vygotsky

Kauê Fernandes Lopes

PAU DOS FERROS


Ano 2023

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Kauê Fernandes Lopes

Perspectivas históricas na Psicolinguística: dos primórdios às teorias de


Piaget e Vygotsky

Síntese teórica apresentada a Universidade


Estadual do Rio Grande do Norte (Campus
Avançados de Pau dos Ferros), como requisito
da disciplina de Psicolinguística, sob orientação
do Prof. Dr. Josinaldo Pereira Leite.

Pau dos Ferros


Ano 2023

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SUMÁRIO

1 – Introdução .................................................................... 4
2 – Perspectiva histórica da Psicolinguística ...................................................... 4
2.1 – O período formativo .................................... 4
2.2 – O período linguístico ..................................... 5
2.3 – O período cognitivo ...................................... 5
2.4 – O estado atual ............................................ 5
3 – Piaget e o interacionismo ................................................ 5
3.1 – Etapas do processo de conhecimento .............................................. 6
3.2 – Períodos do desenvolvimento intelectual ............................................ 6
4 – Um olhar sobre o sócio interacionismo Vygotskyano ...................... 6
5 – Considerações finais ....................................................................................... 7
6 – Referências ....................................................................................................... 7

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1 INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

Desde os primórdios, o homem buscou descobrir sua posição diante do Universo,


seja questionando sua própria existência ou na interação com outros seres. Com o
tempo, essa investigação epistemológica ganhou novos ares, partindo da relação
entre o homem e linguagem. Investigação essa chamada de Psicolinguística, o
campo da ciência que estuda a linguagem humana e seus processos cognitivos.
Posto isso, o objetivo dessa síntese teórica é rever os preceitos básicos desse
campo do saber, caminhando para as teorias de Piaget e Vygotsky.

O propósito deste trabalho é o requisito prático para a disciplina de Psicolinguística.

A ancoragem teórica adotada constitui-se dos pressupostos e antecedentes da


Psicolinguística, com enfoque nas teorias do interacionismo, de Piaget, e do sócio
interacionismo, de Vygotsky. Dessa forma, evocamos Piaget (1989), Vygotsky
(1991), Wannmacher (2010), Paula (2019), Cunha (2008) e Shannon e Weaver
(1949).

O trabalho é composto pelas seguintes seções: Introdução; Perspectiva histórica da


Psicolinguística; Piaget e o interacionismo; Um olhar sobre o sócio interacionismo de
Vygotskyano; Considerações finais e Referências.

2 PERSPECTIVA HISTÓRICA DA PSICOLINGÚISTICA

O termo Psicolinguística surgiu, de acordo com os documentos catalogados, em um


artigo de Pronko Nicholas Henry, sugerindo que se trata de um campo
interdisciplinar entre a Psicologia e a Linguística, chamada de “Psicologia da
Linguagem”, unindo pensamento e linguagem, partindo da hipótese de que a mente
se estruturava de forma parecida com a linguagem ou mesmo através dela. Essa
união diminuiu após Saussure, que introduziu a orientação descritiva sincrônica,
tornando possível a relação entre a Psicologia e a Linguística, com bases
epistemológicas mais consistentes.

2.1 – O período formativo

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Em sequência, A Teoria da Informação, surgida logo após a Segunda Guerra,
ofereceu uma epistemologia mais cristalizada para os estudos psicolinguísticos.
Shannon & Weaver conceituavam uma unidade de comunicação constituída por:

Fonte → Transmissor/comunicador → Canal → Receptor/codificador → Destinação.

Com isso, Shannon e Weaver (1949) definiram a Psicolinguística como o estudo dos
“processos de codificação e decodificação no ato da comunicação na medida em
que ligam [relacionam] os estados das mensagens e estados dos comunicadores”.

2. 2 – O período linguístico

Já para Chomsky (1965), a ciência da linguagem deve partir de uma teoria onde
afirmações devem ser testadas contra as estatísticas colhidas em experimentos
propícios para esse estudo. A crítica de Chomsky sobre os fundamentos da antiga
Psicolinguística mudou radicalmente as análises da época. Com isso, a influência do
comportamentalismo behaviorista sofreu uma enorme perda, dando lugar ao
inatismo. No entanto, essa teoria foi abandonada com o tempo. Não apenas por
causa das poucas evidências experimentais que a sustentava, mas também por
causa do próprio refinamento dos experimentos, mostrando que não apenas a
estrutura sintática é importante no processamento de sentenças, mas fatores de
ordem pragmática e semântica também deveriam ser levados em conta.

2.3 – O período cognitivo

Os cognitivistas postulavam que a “subordinação” da linguagem a fatores cognitivos


mais fundamentais, onde a linguagem seria apenas um desses fatores. A aquisição
da linguagem é explicada como o resultado da interação entre vários aspectos
cognitivos, em que os sistemas linguísticos são, em última análise, um produto de
estruturas cognitivas mais básicas ou profundas. Portanto, a gramática não é o fator
mais importante no envolvimento da aquisição e no uso pragmático da linguagem.

2.4 – O estado atual

No estado atual, a Psicolinguística se configura como transitória, pois há pesquisas


em várias outras áreas teóricas, como por exemplo a Psicologia e Linguística. Outro
dado importante é o grande número de trabalhos interdisciplinares. Além disso, a
perspectiva de estudo psicológica ganhou novas atenções nessa área, devido ao
avanço tecnológico e científico.

3 – PIAGET E O INTERACIONISMO

Suas pesquisas consistiram em compreender as categorias cognitivas da criança


desde os seus estados iniciais até as suas manifestações mais complexas, criando
uma teoria sobre o desenvolvimento da inteligência. Piaget (1989) comprovou que o
desenvolvimento cognitivo e social acontece pelo mesmo processo, onde seu auge
é a adaptação ativa do sujeito na sociedade. Para Piaget (1989), a interação do
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Sujeito com o Objeto e com outros Sujeitos é a única fonte do verdadeiro
conhecimento e do desenvolvimento psicológico. Para haver conhecimento, deve-se
entender que o Sujeito atue sob o Objeto para superá-lo no que se refere ao
conhecimento.

3.1 – Etapas do processo de conhecimento

Piaget (1989) formulou três etapas básicas para o processo de conhecimento de


uma criança, sendo elas: A) assimilação, quando a criança assimila um Objeto a
outros já vivenciados por ela; B) acomodação, que se dá a partir do momento que a
criança consegue adaptar-se ao processo de assimilação; C) equilibração, onde a
criança já possui o domínio pleno daquele Objeto.

3.2 – Períodos do desenvolvimento intelectual

Ainda nos seus estudos, Piaget (1989) formulou 4 estágios no processo intelectual
da criança: 1) formativo - é a inexistência de representações, imagens mentais dos
objetos que cercam o indivíduo. O conhecimento, nesse caso, é constituído por
impressões que chegam ao organismo por meio dos órgãos dos sentidos e do
aparelho motor; 2) operacional - é a representação, a transformação de esquemas –
e esquemas combinados – de ação em esquemas representativos. Nesse período,
ocorre o progresso mais sensível da linguagem oral; 3) pré-operatório - é a
impossibilidade de a criança utilizar seus esquemas representativos para realizar
operações mentais e representações geométricas; 4) operatório formal – a criança já
é capaz de operar mentalmente os seus esquemas que até então eram apenas
representados imageticamente.

4 – UM OLHAR SOBRE O SOCIOINTERACIONISMO VYGOTSKYANO


Para Vygotsky (1991), o desenvolvimento psicológico humano é entendido ao
analisar os processos sociais e culturais dos quais ele surge. A aprendizagem
consiste em um processo onde o sujeito adquire conhecimentos e habilidades a
partir de suas interações com o meio social no qual está inserido, ou seja, com a
mediação. Ela está inserida em uma fase do desenvolvimento cognitivo que se
concentra na influência de estímulos e signos no processo de construção de
conceitos, tendo origem na infância da criança e atingindo seu ápice na
adolescência, quando o indivíduo já tem uma maior visão de mundo. Assim como
Piaget, criticou as concepções psicológicas de sua época por não fornecerem as
bases necessárias para o estabelecimento de uma teoria unificada das funções
mentais superiores. Com isso, formulou uma psicologia fundamentada no
materialismo-histórico-dialético.

Em outras palavras, o conceito de mediação é fundamental na teoria


sociointeracionista de Vygotsky e pode ser entendido como um processo no qual um
elemento intermediário torna-se mediador na relação do indivíduo com o meio.
Dessa forma, a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse

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elemento. Por exemplo: quando uma criança toca uma panela que estava no fogo e
retira a mão após queimar-se, ocorreu uma relação direta entre a panela e o ato de
retirar a mão. Posteriormente, quando a criança vir a panela novamente,
provavelmente não colocará a mão no fogo, pois lembrará da dor que sentiu antes.

4.1 – Os pensamentos conceituais

Vygotsky (1991) apresenta três momentos do desenvolvimento das estruturas de


generalização, sendo eles: i) o pensamento sincrético - a criança agrupa os objetos
de maneira desorganizada, amontoando-os aleatoriamente, sem levar em
consideração as deformidades apresentadas em sua unidade; ii) o pensamento
conceitual propriamente dito - a criança agrupa os objetos segundo um único
aspecto, por exemplo, uma cor amarela ou forma geométrica; iii) pensamento por
complexos - os objetos são agrupados pela criança de acordo com suas
características físicas.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, percebemos que a Psicolinguística evoluiu de uma abordagem


estruturalista para o seu aspecto cognitivo e sociocultural. Sendo assim, os grandes
responsáveis Piaget e Vygotsky contribuíram de maneira crucial para essa transição,
influenciando e revolucionando a compreensão da relação entre a linguagem e
desenvolvimento cognitivo humano.

Com isso, o objetivo inicial desse trabalho foi cumprido, contribuindo basilarmente
para a minha formação acadêmica e profissional como um pesquisador e futuro
docente na área de Letras.

REFERÊNCIAS

CHOMSKY, N. Aspects of theory of syntax. Cambridge, MA, MIT Press,1965

CUNHA, M.V. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2008.

PEDROSO, A. P. F. (2019). A Teoria Sócio-Histórica de Vygotsky e o Papel da


Cultura no Desenvolvimento Humano: considerações a Respeito da
aprendizagem escolar na perspectiva dos educandos jovens e adultos. Revista
Interdisciplinar Sulear.

PEREIRA, V. W. (2010). Pesquisa em Psicolinguística: antecedentes, caminhos e


relatos. Letras De Hoje.

PIAGET, J. A linguagem e o pensamento da criança. 5. ed. bras. São Paulo,


Martins
Fontes, 1989.

SHANNON, C. E. & WEAVER, W. The mathematical theory of communication.


Urbana, University of Illinois Press, 1949.
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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes,1991.

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