Você está na página 1de 37

1.

Introdução

O presente trabalho aborda os seguintes subtemas, dentro dos aspectos ligados aos hábitos
costumes jurídicos dos povos Bantu, antes da ocupação colonial portuguesa:

 Da Ordem social, controlo social e coesão social;


 Organização social e cultural da sociedade tradicional;
 As tradições, usos e costumes e Direito.

Pretende-se discutir e analisar a ordem dentro desta sociedade, os meios e mecanismos de


controlo social, a organização social a influência da tradição, usos e costumes no quotidiano
social destas sociedades.

1.1 Objectivos

Os objectivos que se propõem a alcançar, com o presente trabalho, são os seguintes:

1.1.1 Geral
 Analisar aspectos ligados aos hábitos costumes jurídicos dos povos Bantu antes da
colonização portuguesa.

1.1.2 Específicos:
 Caracterizar a Ordem social, controlo social e coesão social;
 Descrever a forma de organização social e cultural da sociedade tradicional; e
 Descrever as tradições, usos e costumes e Direito.

1.2 Metodologia

Para a consecução do presente trabalho foi importante o recurso a técnica de pesquisa e consulta
bibliográfica, que segundo Marconi e Lakatos (2009: 183), abrange toda bibliografia já tornada
pública em relação ao tema de estudo e, também, o debate entre os elementos do grupo.

1
2. Da Ordem Social, Controlo Social e Coesão Social na Sociedade Tradicional

2.1 Da Ordem Social das Sociedades Tradicionais

O Direito é, portanto, uma ordem social. Há, portanto, na sociedade outras ordens sociais e nem
por isso têm menos importância. São a Ordem Moral, Ordem Religiosa e Ordem de Trato Social.

Alias, na perspectiva de cada um, actor, protagonista ou defensor de cada uma das regras, é
possível considerar-se que uma das outras é mais importante que o Direito (www.telanon.info).

Qualquer delas, assim como o Direito, faz parte da ordem social no seu todo, na medida em que,
na sua essência, o Homem é um ser social e orienta-se por todas essas normas. E essa
sociabilidade implica uma regulação, uma ordem, sem a qual a subsistência do Homem seria
impossível. Daí a tal máxima da primeira frase sobre a fatalidade de coexistência do Direito e a
sociedade (ibid).

Normas morais se são forem cumpridas acarretarão para o violador uma censura e reprovação
social, que na consciência ou interioridade de cada um pode até ser mais importante. O mesmo se
passa com normas religiosas para aqueles que seguem determinadas religião.

As normas religiosas tenham ou possam ter determinada sanção, a medida e a maneira de cada
religião, com o peso que tem na consciência de cada fiel, nunca poderá ser usada a força por sua
violação ou incumprimento, porque ela é do domínio e monopólio do Estado.

Há um aspecto cultural muito relevante relativo aos chefes bantu. Esta hierarquia baseia-se no
direito ancestral e numa concepção religiosa e profana simultaneamente e, participa da
sacralidade que impregna esta sociedade1.

Entre os bantu, o chefe de família faz a ligação directa com os antepassados, presentes na vida
comunitária, cuja influência, benéfica ou nefasta, deve ser cuidada. Pela sua proximidade com

1
ilabantu.inzotumbansi.org

2
eles, qualidade, poder e conhecimentos superiores, podem arrancar-lhes favores ou torná-los
propícios.

Resolve os conflitos e responsabiliza-se pelo bem estar familiar. A sua autoridade estende-se ao
campo social, político, judicial e religioso. Quando a família cresce e de dilata, os velhos
começam a substituí-los em determinadas funções. Aparecem os subchefes de aldeias
dependentes, “chefe familiar” que, por sua delegação, cumprem idênticas funções2.

A sua autoridade fica limitada e subordina à dos chefes de organizações sociais e políticas
superiores: clã, tribo e reino. Os anciãos e o conselho familiar, embora gozem de grande
prestígio, não o suplantam em autoridade, a anão ser em situações extremas e flagrantes. A sua
autoridade nunca pode chegar ao despotismo porque a família forma uma comunidade
democrática. O conselho familiar, no qual actuam todos os maiores de idade, admite a sua
autoridade suprema porque lhe reconhece a superioridade de estirpe, mas controla as suas
decisões e opina em assuntos importantes, desta forma as decisões passam por uma consulta
prévia à comunidade.

O chefe desempenha uma função fundamental no grupo. Como pessoa mais qualificada e
vitalmente mais poderosa, é o guia necessário da comunidade e o guarda das suas tradições e da
sua coesão. o chefe é um carismático que dirige, pensa, solidariza, vigia e procura o bem da
comunidade. O chefe é o canal de conexão directa com a corrente vital ancestral.

Só assim se reúne as condições inatas que confirmam a sua predestinação para patriarca,
sacerdote, juiz, protector e condutor da comunidade3.

Elaboração: Chaçaça

2
Op. Cit.
3
Ibid.

3
2.2 A Ordem Social, Religião e Poder Político dos Bantu

As seitas religiosas e sociedades sagradas que controlam o acesso aos espíritos e a Deus,
controlam também as instituições políticas4.
Assim o Rei ou o Soba mantêm a autoridade política, ao passo que as sociedades sagradas
mantêm a ordem moral e lembram a sociedade que a autoridade do Rei depende do domínio
espiritual, que é a fonte da ordem social.

O Rei pode ter poder político, mas este é um poder vazio a não ser que seja reafirmado e
reforçado pela autoridade das sociedades sagradas.

A capacidade de comunicar com os espíritos dos mortos serve também como instrumento de
administração de justiça, pois com frequência o adivinho é chamado a resolver disputas entre
membros da comunidade.

O Adivinho interpreta factos em função de forças positivas. O curandeiro é um homem prático


que tem grande conhecimento do poder curativo de plantas.

No que tange à política, pode-se constatar que no mundo bantu o poder era concentrado nas
mãos dos chefes religiosos e militares.

Havia toda uma rede de solidariedade fundada, em grande parte, em laços matrimoniais.

Na África Centro-Ocidental, o poder do rei estava directamente ligado ao poder religioso, ainda
quando o rei tivesse ganho sua posição pelo uso da força militar e, posteriormente, pelo controle
do tráfico de escravos, mas, acima de tudo, o papel religioso era o que justificava o seu direito de
governar.

O povo pagava tributos aos chefes, que eram, ao mesmo tempo, seus líderes religiosos.

4
claudio-zeiger.blogspot.com

4
Em troca disso, os chefes deveriam garantir a presença da chuva, a caça e a colheita com sucesso
e ainda a permanência de relações harmónicas dentro do clã.

Elaborou: Zucula, Sheila

2.3 Relação Ordem social e o Poder Politico dos bantus.

Ordem social é conjunto de princípios fundados em valores de moralidade, segurança social e


organização de uma sociedade ou comunidade que visa regular interesses gerais e considerados
fundamentais da colectividade.

A cultura bantu representa a marca específica das populações da África Negra e tem grande
influência na vida comunitária e em particular no meio rural, tem influência cultural decorrente
da colonização, da modernização e da globalização. No geral, essa cultura caracteriza-se por:

Regime de patriarcado e gerontocracia, que pressupõe a prevalência do poder dos anciãos, sendo
estes considerados fonte normativa da comunidade, papéis secundários da mulher, tendo
influência apenas no contexto doméstico, como esposa, mãe e educadora (Altuna 1993: 259), os
jovens de ambos os sexos são sujeitos a rituais de passagem à vida adulta, adquirindo o estatuto
de membros de pleno direito.

(Cota, Goncalves) Com a composição e natureza das principais instituições tradicionais nas
comunidades tradicionais, os responsáveis pela manutenção e reposição da ordem é o conselho
jurídico, as distribuições, as tarefas do conselho jurídico e seus deveres e respectivos direitos tem
o papel de assegurar o cumprimento das normas dentro das comunidades

Os conflitos podem ser evitados, segundo os princípios que existentes nas comunidades sendo
estes o modo de pensar, viver e agir.

Caracterização das unidades politicas:

Nesta época os estados tinham um carácter absolutista, todo o poder jurídico centrava se nas
mãos do chefe tradicional.

5
Fazem parte da estrutura jurídica: chefe tradicional, conselho de anciãos, os médiuns, conselho
familiar, que por sua vez prestam serviço ao chefe tradicional ele que presidia as linhagens,
existiam casos de litígios que não eram da competência do chefe tradicional resolve-los.

(Fernando Florêncio) Autoridade tradicional demarcou do ponto de vista conceptual, o objecto


desta análise que são as estruturas de poder político das sociedades tradicionais africanas, ou seja
as estruturas que organizavam a vida política dessas sociedades antes da penetração colonial, às
quais se dá nesta investigação a denominação de autoridades tradicionais.

O conceito de autoridade tradicional designa pois uma forma de poder político. O poder político
é entendido como uma forma de dominação, ou de autoridade no sentido weberiano, na qual um
grupo de indivíduos toma decisões de governação, isto é decide sobre a organização da
sociedade global. Mas trata-se de uma forma de legitimidade específica, que se consubstancia
primordialmente por ser uma forma tradicional de autoridade. O poder de mando é legitimado
pela tradição, isto é, a sociedade global outorga esse poder a um indivíduo ou grupo de
indivíduos, que por via das regras consuetudinárias se encontra legitimado para exercer esse
poder.

Elaborou: Uetela, Edna

6
2.4 Controlo Social

O conceito de controlo social tem origem na sociologia americana da segunda década do século
205.

Controlo social pode ser concebido como um conjunto heterogéneo de recursos materiais e
simbólicos disponíveis em uma sociedade para assegurar que os indivíduos se comportem de
maneira previsível e de acordo com as regras e preceitos vigentes 6.
É possível identificar uma similaridade entre o conceito de controle social e alguns atributos do
conceito de dominação, elaborado pelo cientista social alemão Max Weber (op. cit.).

Para entender melhor o conceito de controlo social, basta pensar no quanto os recursos materiais,
disponíveis na vida social, estão associados com os mecanismos institucionais, sobretudo as leis,
que sancionam a conduta do indivíduo em sociedade e punem o desvio. E, também, no quanto os
recursos simbólicos estão associados à esfera da cultura, que integra diversos mecanismos de
socialização e aprendizagem que, quando bem sucedidos, oferecem condições para as pessoas se
comportarem de acordo com os valores colectivos, morais e éticos, prevalecentes na sociedade
(ibid).

A interdependência social pode ser entendida como uma série de vínculos de


reciprocidade firmados entre os indivíduos que integram a sociedade. A natureza desses vínculos
envolve princípios subjectivamente apreendidos pelos indivíduos, que agem em conformidade
com as regras de conduta, reconhecendo-as como vantajosas para o desenvolvimento individual
e social.

Para ser eficaz e duradouro, portanto, o controlo social exercido sobre os indivíduos que
integram uma colectividade não pode ser apenas externo (educacao.uol.com.br).

5
Cancian, Renato, Pedagogia & Comunicação, disponível em educacao.uol.com.br, consultado no dia 17 de Abril
de 2017, pelas 9:00horas.
6
Op. cit.

7
2.4.1 O Controlo Social e a Prevenção do Conflito na Sociedade tradicional Bantu

As comunidades criam e institucionalizam mecanismos para evitar o conflito. Os indivíduos


aprendem esses mecanismos durante o seu processo de socialização ou inculturação, um
processo de aprendizagem que todo o ser humano vive, e que começa com o seu nascimento e
segue até a sua morte, onde ele aprende como viver dentro de uma cultura, ou seja, dentro de um
modo de vida comum a todos no seu grupo7.

2.4.2 Meios de Controlo social

Onde quer que os seres humanos vivam ou trabalhem em grupos compactos, nos quais são
conhecidos pessoalmente e aos quais estão ligados por sentimentos de lealdade pessoal,
mecanismos de controlo a um só tempo muito potente e muito subtis são constantemente
aplicados ao transgressor real ou potencial8.

Trata-se dos mecanismos de persuasão, ridículo, difamação e opróbrio9.

O ridículo e a difamação são instrumentos potentes de controlo social em grupos primários de


todas as espécies. Muitas sociedades usam o ridículo como um dos principais controlos das
crianças.

A difamação é de especial eficácia em pequenas comunidades. Tanto o ridículo como a


difamação são susceptíveis de manipulação10.

O opróbrio ou ostracismo é a rejeição pela quebra de um tabu do grupo. Outro sistema de


controlo social é a moralidade, costumes e convicções (ibid:87).

7
Nhancale, Orlando (1996), Normas, regras e justiça tradicional: como evitar e resolver conflitos? Brochura 5.
Ministerio da Administracao Estatal.
8
Berger, Peter L. (2001: 84). Perspectivas sociológicas: Uma visão Humanística. Editora Vozes. 23ª Ed. Petrópolis.
9
Op. Cit.
10
Op. Cit, pp. 85.

8
Outros meios de controlo social são, também, os grupos formais e informais e ainda
ocupacionais11.

2.4.3 Desvio

Evidentemente, por razões as mais variadas, podem ocorrer crises que afetem o completo e
contínuo desempenho do controle social. Quando o comportamento desviante aumenta ou se
torna preponderante é sinal de que alguns dos elementos constitutivos do controle social não
estão funcionando de acordo com o esperado12.

Em outras palavras, o controle social é sempre limitado, porque uma sociedade não dispõe de
mecanismos de controlo capazes de actuar com a mesma intensidade - e nem mesmo capazes de
abarcar todos os domínios da vida social.

Nenhuma comunidade dispõe de sanções sociais que assegurem a não violação da totalidade das
normas de conduta. O controlo social cumpre, primeiramente, a função de desestimular os
comportamentos desviantes (existência das normas e garantia de aplicação da lei).

Quando desvios são constatados, o controle social é accionado para exercer sua segunda função,
que se refere à punição por meio do emprego de variadas formas de interdição (o caso extremo é
a detenção ou, em algumas sociedades, até mesmo a pena de morte).

A terceira função do controle social - em relação ao desvio criminal - refere-se ao isolamento e


exclusão permanente do desviante da sociedade. Em certos casos, é possível, no entanto,
restabelecer no desviante a conformação às normas através da re-socialização.

Elaborou: Passe, Amisse Abel Nota Passe

11
Op. Cit, pp. 88.
12
educacao.uol.com.br.

9
2.4.4 As Práticas Culturais como Formas de Controlo Social.

Através das práticas culturais são adquiridos os hábitos e crenças bem como determinadas
atitudes além dos valores éticos, estéticos e morais, além evidentemente das normas de conduta
social (direitosala25.wordpress.com).

As práticas culturais exercem sobre as pessoas um certo controlo, ou melhor, um certo poder de
coerção.

Assim, as práticas culturais que nas sociedades tradicionais exercem controlo sobre as pessoas
não encontram nas sociedades complexas a mesma eficácia.

Nas tradicionais a coesão social é muito maior, por consequência o exercício do controle social,
apesar de existir é apresentado pelos costumes ou mesmo pela tradição que são compartilhados.
Desse modo a cooperação exerce profunda influência no comportamento individual ou colectivo.

2.4.4.1 Tradições

As tradições são as formações culturais que podem ser entendidas como a reserva cultural de
uma determinada sociedade. As tradições são aquelas práticas que mesmo depois das
transformações culturais no quotidiano, são lembradas ou, melhor ainda, são colocadas no
armazém da sociedade.

Assim, as tradições oferecem a oportunidade do estudo e do entendimento não só do passado


como também da compreensão das modificações ou mais precisamente do porque das mutações
das práticas.

2.4.4.2Costumes

Os costumes de um modo geral são entendidos como as práticas culturais que inicialmente como
usos passam a integrar o quotidiano dos indivíduos e integram as formas de controle do

10
comportamento colectivo. Assim, é possível entender que os costumes não são únicos, isto é,
existem diversos costumes para cada evento cultural há um parâmetro que deve ser seguido.

2.4.4.3 Leis

O estudo das leis na perspectiva da antropologia como instrumentos institucionais de controle


social encontra-se, de um modo geral, na esfera da sanção. Tal entendimento é possível se a
reflexão sobre o significado de lei for sustentada pelo seguinte parâmetro: normatizado
juridicamente como condição para estabelecer aquilo que a sociedade entende como valor
aceitável por todos, mas aceitável por imposição, isto é por força compulsória.

Elaborou: Matavele, António

2.5 Coesão Social

Coesão social é a solidariedade entre os elementos de um todo, união (Dicionário Português,


plural editores).

Coesão social é o sentido de pertença a um espaço comum de consenso dos integrantes ou


membros de uma Comunidade. Dependendo da interacção social no seio de grupo social, haverá
maior ou menor coesão.

Segundo Serra (2000:19, os povos Bantu para se manteres coesos realizavam crenças mágicos
religiosos, consagrados nos aspectos ideológicos dessas comunidades. Os chefes das linhagens e
os chefes territoriais imploravam aos antepassados, para si e para o povo, as chuvas, a saúde, a
protecção para a caça e para as viagens. Em algumas regiões do Pais, como Tete, Manica e
Sofala, nas formações dos Estados centralizados, desenvolveram se cultos territoriais, o
Mpondoro (entre os chonas) e o Mwari, assistido pelo especialistas.

Continuando com o mesmo autor, essas crenças estavam ligadas a feitiçaria, a acção dos
feiticeiros e dos curandeiros contra feiticeiros, que exprimiam conflitos sociais, as coerções

11
morais e políticas e as dependências familiares. A forma como os homens julgavam relacionados
entre si e com a natureza encontra expressão figurada na feitiçaria.

A maioria desses povos que se encontravam organizadas em linhagens e tribos garantiam a


coesão dentro de seus tribos ou reinos, mas continham rivalidades em relação aos outros povos
pertencentes a outras tribos. O exemplo mais claro que o autor traz que ocorreu dentro de
território moçambicano é a invasão e a conquista do planalto Zimbabweano pelos exércitos de
Mutota, que culminou com desaparecimento de Grande Zimbabwe.
Segundo Maria kyel et all, 2007:100, havia mau relacionamento entre os líderes comunitários
devido:

 a manipulação política que conduzia a uma nova instrumentalização das autoridades


tradicionais
 a existência de tribunais comunitários, já que o poder de resolução de conflitos era
considerado honroso e socialmente prestigiante
 e a corrosão dos valores cívicos, éticos e morais da sociedade moçambicana, que
resultava, em parte, da ausência desta instituição da autoridade tradicional.

Para o Junod, 1996:387, essas sociedades possuíam uma magia, que constitui o conjunto de ritos,
práticas e concepções que tem por fim actuar sobre influências hostis, neutras ou favoráveis
exercidos pelos seres humanos que deitam sortes, quer ainda por espíritos pessoais. Ela distingue
duas espécies: a magia branca, pela qual o homem tenta proteger se a si próprio contra essas
influencias, e a magia negra, pela qual o homem tenta servir se dessas forças contra o próximo.

O autor traz aqui a ideia da feitiçaria em que as Comunidades tradicionais invoca esse espíritos
aos seus semelhantes numa questão de se vingar ou fazer com que o milho do outro não cresça.
Para ele era exercido sobre um poder enorme e a sociedade considerava como um crime grave.

Para Cota:55, havia nessas sociedades tradicionais o poder maléfico dos demónios sobre as
pessoas pressupõe a concorrência entre deuses familiares e os demónios na actividade
sobrenatural.

12
Há uma ideia da luta entre os espíritos bons e maus intimamente ligadas a ideia que os formam
de certos acontecimentos funestos na sua vida privada, como sejam doenças, mortes, insucessos
agrícolas. Sustenta também a existência de feiticeiros, que produzem malefícios em benefícios de
meios materiais, eles causam doenças nas pessoas, e nos amimais domésticos assim como
insucessos agrícolas e a existência de outros crimes como o furto.

Com as observações feitas pelos autores acima citados revela nos que as sociedades tradicionais
não estavam intimamente coesas, pois cada um era capaz de gerar danos malefícios ao outro por
uma razão não reconhecida pela comunidade. Uma vez que a coesão consiste numa união ou as
pessoas serem um todo não podia ser possível haver um comportamento anormal.

Os autores sustentam ainda a existência de vários conflitos tanto na mesma tribo ou noutra que
culminavam com as invasões. Não só, segundo as teorias sobre a partilha de África em particular
no território moçambicano, em especial a “Teoria de Dimensão Africana, os conflitos e as
rivalidades existentes no seio das Comunidades serviram de meios para a ocupação efectiva uma
vez que os povos não se encontravam unidos ou coesos, daí o colono conseguiu entrar devido a
falta de coesão entre os povos.

Até um certo ponto eles consideram a existência de uma coesão mas com pouca integridade das
sociedades e tribos em si unir, pois eram rivais.

Finalizando com Motu Bento XVI, O Estado de “Bem Estar” não significa necessariamente
estatismo na prestação dos serviços e pode assentar em formas de solidariedade e de
responsabilidade social dos indivíduos e dos grupos sociais, através da intervenção de diversos
tipos de organizações e grupos intermédios. Na promoção e integração dos grupos e instituições
no sistema da solidariedade social está um dos aspectos do desenvolvimento da participação da
sociedade civil na construção de uma sociedade mais solidária. Portanto tem que sempre haver
uma coesão entre as sociedades.

Elaborou: Cuna, Denilson Adriano

13
3. Organização Social e Cultural das Sociedades Tradicionais

3.1 A Organização Social

No presente capítulo, para melhor entendimento, iremos a título exemplificativo analisar a


Povoação na Sociedade Tradicional, que é tido como o organismo social, que é a base de toda a
vida da tribo.

De referir que a organização social das sociedades tradicionais é basicamente centrada nas suas
actividades e na relação dos seus membros e ela está baseada na função de poder e de decisão
que exercem os mais velhos na comunidade e sobre os mais jovens.13

Começamos por definir que conceitua-se por Povoação, um aglomerado formado ao acaso, ou
seja, é um organismo social de estrutura bem determinada e regulamentada por leis definidas.
A Povoação na Sociedade Tradicional é basicamente uma familia ampliada, composta por:
 Chefe da Povoação;
 Os velhos que estão ao seu cargo;
 Mulheres do Chefe;
 Irmãos mais novos deste e suas mulheres;
 Filhos casados;
 E filhos e filhas solteiras.

As povoações apresentam, em toda tribo, uma uniformidade notável. A sua construção é


regulada pelas mesmas leis nos clãs do Sul e do Norte.

Nas Sociedades tradicionais, como por exemplo, os Tongas, como evidencia o autor citado 14, a
povoação encontra-se no mato, na vertente de uma duna de areia, numa pequena floresta de
mimosas micaia (mincânhé e mincuácuà), estando esta aninhada no meio.

È necessário salientar que estas povoações tinham como um costume, habitarem entre os bosques
por várias razões, das quais passamos a citar algumas:
13
CEZNE, Irene Dias de Oliveira. in (www.missiologia.org.br/cms/.../Irene.pdf) 17.04.2017
14
JUNOD, Henrique A. , Usos e Costumes dos Bantos, Tomo I, 2 edição, Imprensa Nacional de Moçambique, 1974,
pp 229 e seguintes

14
 o bosque servia como defesa contra os ventos terríveis do Sul que sopravam com
frequência na planície;
 o mesmo servia para guardarem-se dos olhares curiosos dos trausentes;
 servia também como retretes, isto é, casas de banho;

a) Plano da Povoação

De forma resumida, apresenta-se de seguida, o plano da povoação, indentificando apenas de


forma exemplificativa os locais que na óptica do grupo revelou-se relevante a sua análise:

 Lilhâmpfu: vedação circular exterior, feita de ramos, espinhosos ou não, de 45 a 60


centímetros de altura, mais ou menos apodrecidos. A mesma não serve para protecção
contra os inimigos em casos de guerra, apenas proteje contra os inimigos espirituais, os
feiticeiros;
 mhàrana: entrada principal que tem a 1 metro a 1,20 metros de largo;
 psiruba: pequenas aberturas que conduzem ao bosque, as quais só os habitantes da
povoação se utilizam delas para huméla hàndle;
 bandla: pequeno pátio com algumas panelas viradas, que formam uma lareira, sendo o
lugar onde os homens se reuniam;
 gandjelo: é o altar da povoação, nela encontra-se pendurado um pedaço de pano
ofereçido aos deuses antepassados, ou na base uma panela quebrada;

Referir que a aldeia é um organismo vivo, os seus membros formaam um todo cuja unidade é
notável. A vida em comum revela-se da maneira mais impressionante à refeição da noite, esta
que é partilhada por todos, elaborada pelas mulheres principais, sendo que nestas sociedades
tradicionais (povoação), não havia desigualdade referente à alimentação, pois todos comiam o
que era preparado sem distinções de género, idade, respeitando porém, as figuras mais altas da
respectiva comunidade.

b) Causas do desmembramento ou destruição das aldeias

De entre outras, revelam-se relevantes as seguintes:

 Morte do Chefe da Aldeia: há uma laço místico entre o chefe e o organismo social que
depende dele. Se ele morre, a aldeia morre também, sendo que não a abandonam

15
imediatamente, apenas após um ano de luto e depois da distribuição das viúvas e dos seus
bens. O sucessor do defunto vai fundar a sua própria aldeia e a antiga transforma-se em
ruínas.
 Queda de um raio no hubo: este facto revela ser um mau sinal, sendo que quando o
mesmo acontece, chama-se o médico para poder tratar o lugar apanhado pelo raio. È este
que, dependendo do seu veredito ao local, autoriza ou não a permanência dos habitantes
na povoação.
 Esgotamento das machambas: quando os campos estão cansados (càrala) e não
produzem o suficiente para alimentar os habitantes, estes deixam o lugar e procuram
novo domicílio.

De salientar que a emigração depende fundamentalmente da confirmação dos ossinhos.

Elaborou: Figueiredo, Tássia

3.2 Organização cultural das Sociedades Tradicionais

a)A religião tradicional

A religião é algo que interfere no modo de sentir, de viver e de agir das sociedades tradicionais.
Ela só pode ser compreendida no espaço sociocultural das organizações sociais.

A crença e organização social estão intimamente ligadas e ambas derivam dos antepassados, isto
é, daqueles que mesmo mortos são concebidos como actores sociais dentro do grupo, participam
da vida do grupo e a influenciam. É o antepassado quem dita as regras e normas de conduta; é o
antepassado quem manda a chuva, fecunda a terra e as mulheres.

A religião torna-se portanto um sistema de símbolos que define como o mundo é e estabelece
uma postura que a pessoa deverá ter ao longo da sua vida. Estabelece um modo de sentir, viver e
agir dentro da sociedade.

16
Deste modo as crenças e práticas religiosas asseguram, através dos mais velhos, a vitalidade das
diferentes categorias sociais e garantem o funcionamento de todas as instituições organizadoras e
reguladoras das actividades de produção/reprodução da sociedade.

AGUESSY acrescenta dizendo que estas crenças que de certo qual modo normatizam as
relações sociais e humanas e são celebradas através dos vários ritos entre os quais estão os de
iniciação que são verdadeiras escolas de aprendizagem15.

b)Ritos de iniciação

A iniciação representa uma instituição fundamental para a informação e formação do indivíduo.


Ela prepara o jovem e a jovem para terem uma atitude perante a vida, a sociedade e o universo 16.
A iniciação não só ensina os conhecimentos técnicos requeridos pela sua profissão mas também
instrui o jovem acerca da estrutura do universo, sobre aquilo que o homem pode esperar e o que
pode fazer dentro da sociedade.
No entanto estes são por excelência ritos de agregação dos jovens a vida adulta e passagem da
vida assexuada à vida sexuada, assim após aos ritos são considerados adultos.
c) Casamento
Nestas sociedades todos os rapazes e raparigas casavam. Uns, porém, mais depressa que os
outros. Em todo caso, o casamento era concedido mediante a três grande momentos relativos aos
costumes matrimoniais : primeiro o Kubuta ou noivado, com as duas visitas oficiais do noivo e
da noiva; segundo o Lovolo ou entrega do preço da compra a noiva para casa do marido; e
finalmente o Khuloma, ou cerimónia da partida da noiva para casa do marido17.

d) Os mais velhos e os antepassados


15
BALOGUN, Ola. AGUESSY, Honorat. DIAGNE, Pathé. SOW, I. Alpha. Introdução à cultura africana. Edições
70. Biblioteca de Estudos Africanos
16
Idem, AGUESSY. Pg 126.
17
Junod, Henry. Usos e Costumes dos Bantu. Pg. 124

17
O mais velho tem a posição de mais próximo dos espíritos dos antepassados e exerce a função de
mediador entre os vivos e os mortos que o responsabilizam pelas tarefas de poder e pela
manutenção da ordem que os espíritos criaram e querem que se mantenha.

Como sustenta a autoridade de um chefe da família, em sua vida inspira-lhe-á a crenças numa
supremacia dos seus dons divinos, após a morte, sobre os dons das almas de outros parentes, que
em vida desempenharam papéis modestos, destituídos de qualquer autoridade dos grandes
régulos, guerreiros poderosos, obedecidos e temidos inspirará aos povos a crença numa
divindade suprema que sobre leve as faculdades sobre naturais de todos os chefe de família, tal
como os chefes políticos das tribos os sobrelevavam em poder na terra18.

Tocar no antepassado é tocar em todo o sistema social, moral e espiritual. Basta que um
antepassado seja ofendido para que as coisas não corram bem. O sistema religioso é uma fonte
de onde toda a vida depende e lhe confere um significado extremamente importante.
As decisões são tomadas dentro deste sistema. Os espíritos, através dos mais velhos, velam pela
vida do grupo, asseguram ao mais velho a possibilidade de ser o pólo na povoação, de ser o
gestor, organizar e coordenar todas as actividades do grupo.

Portanto, os mais velhos administram, organizam e coordenam, aos mais novos cabe aceitar,
respeitar, obedecer, submeter‐se, e aderir às orientações dos mais velhos. Os que tentarem
usurpar o poder, as funções e os privilégios dos mais velhos provocarão as iras dos espíritos.

Elaborou: Artur, Nélio Domingos

4. As tradições, Usos e Costumes e Direito

18
COTA, Gonçalves. Mitos e Direito Consuetudinário. Pg. 19.

18
Quando se fala destes termos, referimo-nos a um conjunto de comportamentos, memórias
crenças, práticas que são transmitidos para as pessoas de uma comunidade sendo que estes
elementos passam a fazer parte duma cultura.

Estas práticas a cima referidas são resultado da endoculturação, pois são fazem parte de um
processo de aprendizado dos indivíduos que na vida das sociedades os homens implantam,
desenvolvem e transmitem-nas de geração para geração.

Estes aprendizados, reflectem-se no comportamento dos indivíduos, daí que pode sofrer
influência biológica, isto é o comportamentos feminino e masculino deferem-se pela sua
composição genética (os homens e as mulheres têm composição hormonal diferente) 19, como
também pode sofrer influência do determinismo geográfico, isto é a diferenças do ambiente
físico geográfico condiciona a diversidade cultural20

Nesta abordagem serão trazidos algumas práticas sociais implantadas nas comunidades bantu e
faremos a sua relação com o direito.

4.1 O Nascimento do membro da sociedade


Achamos pertinente os procedimentos e comportamentos adoptados nas tribos pois o nascimento
de um membros duma determinada sociedade é que conduz ao seu acolhimento, socializaçao e
ao aperfeiçoamento das normas vigente naquela sociedade. Quando o novo elemento está para
nascer há um conjunto de procedimentos e comportamentos que são activados nomedamente:

Quando a mãe começa a sentir as dores de parto (cu lún´ua), o pai manda avisar todas as
parteiras da vizinhança, as tinsungacati. Isto é qualquer mulher que tenha experiência do assunto
pode desempenhar a função de parteira sem ter passado por uma preparação especial.21

A escolha do lugar para o parto (phuluca) fica geralmente atrás da palhota (mahóssi), em que
habita a mulher grávida. Levam esteiras e pendura-nas, para vedar o recinto e proteger a mulher
dos olhares indiscretos.
19
Lara, Roque de Barros; 1993:20
20
idem:21
21
Junod, Henrique A; 1975: 45 4 Junod,
Herinque; 1975:68 a 73.

19
Após o nascimento do novo elemento da comunidade esta é submetida a um procedimento que
tende a fazer um acompanhamento, de todas as etapas de aperfeiçoamento social, onde poder se
destacar algumas actividades que este elemento desenvolve com base na lei da natureza.

Surgem as primeiras actividades que naturalmente, a sociedade define como actividades


masculinas ou femininas: A Guarda dos rebanhos, o roubo, a caça, a aquisição da ciência do
mato e alguns jogos dos rapazes, que são meramente masculinos, para as raparigas são
actividades de socialização, aprender a maneira de cozinhar, como apanhar a lenha, cuidar das
crianças e os praticar os seus jogos4

Este novo ser é essencialmente inserido numa família. É subordinado ao direito tradicional, isto é
a sua situação jurídica fica estritamente ligada e subordinada à da família. A sua posiçao é
definida em relação aos vários membros do próprio grupo familiar e dos que são dependentes
desse mesmo grupo, e é definida e qualificada também em relação à sua capacidade jurídica de
cumprir os actos mais importantes da vida social e económica22.

A passagem deste novo membro da família para a etapa susequente da vida, isto é da fase
adolescente para a adulta, ocorre pela realização de ritos, que congrega as seguinets etapas:

a separação do antigo estado de coisas, realizaçao e agregação.

Este momento, é aquele em que as pessoas aprende as normas, aprendem o direito tradicional, a
resistência, a virilidade, é o princípio da transiçao para a vida adulta.

A morte
Logo após a morte tem se o cuidado de fechar os punhos e os olhos, retira-se todo o vestuário,
lava-se o corpo e cobre-no com um velho pedaço de pano. Niguém chora, as lamentações são
proibidas antes do enterro estar terminado.

Se há estrangeiros na aldeia, no momento da morte, escapam-se depressa, para evitar a


contaminação, doutro modo, seria obrigados a tomar parte nas cerimónias purificadoras.

22
Cota, Gonçalves; sd: 33.

20
O fogo que ardia na palhota funerária é levado para a praça. É preciso conserva-lo
cuidadosamente aceso. Todos os habitantes devem servir-se deste fogo durante os 5 dias
seguintes. Será extinto pelo curandeiro com areia e àgua no dia da despressão dos parentes 23.
Depois o curandeiro assende lume novo e todos tirarão brasa, para acender as fogueiras nas
diversas palhotas. Esta é uma das condições da purificação das aldeias.

Autoria: Dique, José Salomão

O Culto dos antepassados

O Culto dos antepassados é uma religião espontânea, cuja teogonia poderá conhecer-se através
das próprias crenças e cultos populares. É uma religião restrita a cada uma das famílias, que
compõem um agrupamento social.
23
Junod, Herinque; 1975:134

21
A autoridade do pai, dos avós paternos, no regime patriarcal, e da mãe no regime matriarcal,
projecta-se para além da morte. O sentimento de temor, obediência e respeito pelos ascendentes
não desaparece pelo facto da morte desses ascendentes, pelo contrário, exalta-se, elevando as
almas dos defuntos a categoria de deuses.24

Para a realização do culto dos antepassados, as comunidades possuem no recinto da sua


povoação familiar uma árvore que, atenta a sua função no culto, pode-se designar por altar.

Junto das sepulturas, nos cemitérios privados tem de existir também uma árvore de copa
suficientemente larga para abrigar a terra sagrada25, dos raios do sol.

O culto dos antepassados, no sul do Save tem 4 designações, consoante o local onde é celebrado
e a importância do objecto da imploração: N´cosi, mhamba, cuphalha e o culto funerário.

O respeito por estas práticas é a força essencial dos preceitos de conduta social e gera o direito.
Estas práticas têm a família como o epicentro da sua aplicação e reprodução.

O Direito de Herança
Após a morte do chefe da família ou do chefe da povoação o direito costumeiro estabeleceu
algumas regras e comportamento para operacionalizar o usufruto dos bens deixados pelo
falecido.

O direito costumeiro estabelece regras para a herança em vários casos, nomeadamente em caso
de morte do marido, tal como foi referido a cima, quem herda a viúva é o irmão, geralmente mais
novo.

A morte do tio materno, se este tiver muitas mulheres, na partilha e na distribuição, uma delas
pode caber ao ntuculo. E os filhos nascidos desta relação pertencerão à família que pagou o
lobolo.

Podem ainda ter direito à heranças das viúvas os primos (macubo), da parte paterna pois estes
também são irmãos.

24
Cota, Gonçalves; sd:34
25
Considera-se terra sagrada o local onde jazem os restos mortais dos ente queridos.

22
Outra regra de herança é aquela em que as mulheres cujo maridos não tenham irmãos mais
novos, são dadas em herança aos batuculo.

Quando o chefe morre, o filho mais velho é o herdeiro regular, mas todos os irmãos mais novos
daquele chefe podem reinar, devem reinar, antes que o filho, o verdadeiro hardeiro seja coroado.

Autoria: Ussaca, Herinque Lázaro

4.2 Costumes e Direito

23
O Costume é uma norma não escrita que resulta da prática reiterada e habitual, acompanhada da
consciência ou convicção colectiva acerca do seu carácter obrigatório 26. Costume são regras de
viver, tem a ver com o comportamento27.

Direito é o conjunto de regras de conduta social, preceitos que ordenam e regulam a convivência
dos homens em sociedade, mediante a imposição de acções e de abstenções28.
A partir desses dois conceitos a prior conceptualizados pode-se depreender que tanto o costume
quanto o Direito dizem respeito as normas de conduta social. Portanto o costume é o Direito
tradicional, também chamado de normas consuetudinárias.

O costume estabelece regras de comportamento, isto é, o que deve e o que não se deve fazer
através de tabus. Tabu – é uma regra sociocultural que todos respeitam e que a sua violação
provoca conflitos, ela funciona como um mecanismo para evitar os conflitos (Nhancale
1996:11).

Confrontação entre o costume e o Direito


Existe uma estrita relação entre o costume e Direito, como diz Ascensão (2005:264) o costume é
uma fonte privilegiada do Direito.
Costume Direito
Dissemelhanças

• Norma não escrita • Norma escrita


• Criada espontaneamente pela • A origem é determinada, prefixada não
consciência comum do povo da margem da dúvida quando ao seu
• É particular nascimento
• É genérico

26
Bartolomeu Varela, introdução ao estudo de direito, 2ª ed. Revista 2011, p. 39,
27
Alfredo Camacho e António Tavares, O nosso dicionário língua portuguesa, 2ª ed., Alcance Editores, Maputo,
2012, p. 181
28
Inocêncio Galvão Telles, introdução ao estudo de Direito, 11ª ed., Coimbra Editora, Vol I, S.l, 2001,p. 5

24
Costume Direito
Sem
• Prescreve normas de conduta • Prescreve normas de conduta social
elhança
social

A lei é o costume29, para resolver os conflitos nas comunidades pode aplicar-se as normas
costumeiras (Art. 4 CRM)30 – secundum legem - o costume e o Direito coincidem (relação de
coincidência) - o Costume não contraria o Direito, mas vai além dela, ela tem por objecto matéria
que a lei não regula – praeter legem - Os costumes são admitidos excepcionalmente para suprir
lacunas ou deficiências da lei, ele caracteriza-se pelo seu cunho supletivo, só intervém na
31
ausência ou omissão da lei constitui a norma mais antiga e elementar para resolução de
conflitos e, por último o Costume e Direito estão em conflito – contra legem – quando a norma
costumeira é contrária à lei, por exemplo, o costume pode prescrever a penalização da feitiçaria
como crime, mediante meios próprios diferentemente do código penal.

Na comunidades indígenas de Moçambique, segundo Cota Gonçalves (S.d:89,139) caso um


homicídio protagonizado por um irmão que mata o outro, era de costume que o caso fosse
resolvido pelo pai deste ou por alguém que representasse o poder paternal que tinha competência
para punir com a pena capital ou outra menos severa conforme as circunstancias e o desejo do
julgador, e no caso de matar um estranho, a vendicta era popular, o povo é que elegia o juiz, e o
povo é que dava a sentença final, enquanto o Direito actual estabelece que a resolução de
conflitos cabe aos tribunais ou outras instancias de resolução de conflitos e os tribunais são
independentes (Art. 212 CRM), portanto este modelo normativo do costume, o Direito não o
positiva, Mas há também regras do costume que são positivadas pelo Direito, é o caso da pena
sobre o fogo posto em Quionga – Moçambique, embora não tivessem as prisões propriamente

29
Orando Nhancale, normas regras e justiça tradicional: como evitar e resolver conflito, 1996
30
Imprensa Nacional de Moçambique E.P, Constituição da Republica (actualizada), Maputo, 2011
31
Washington de Barros Monteiro, Curso De Direito Civil - Parte Geral, 5ª edição, revista e aumentada, Edição
Saraiva, São Paulo, 1966 p. 25

25
ditas, era punida com a privação da liberdade do arguido como também o Direito prescreve (Art.
464 C.pen32)

Mas há casos de responsabilização civil do homicídio involuntário ao indivíduo, como diz Cota
Gonçalves (S.d:143) qualquer delito involuntário, até mesmo o homicídio, não era punido
criminalmente. O facto gerava apenas a responsabilidade civil, ao passo que o Direito
responsabiliza criminalmente este facto (art. 368 C.pen)

Destes pressupostos podemos ver que nalgum momento as normas costumeiras são validadas ou
positivadas pelo Direito, doutra sorte pode-se ver que algumas normas costumeiras coincidem
com as normas jurídicas, e outras são simplesmente indeferidas pelo Direito tais são os casos das
penas de morte por exemplo, que eram aplicadas a quase maior parte dos crimes nas sociedades
indígenas de Moçambique, porém no Direito tais penas de morte já não são aplicadas, salvo nos
países que adoptam este tipo de penalização, mas em Moçambique por exemplo não há pena de
morte (art. 40, nr2 CRM).

Nas sociedades indígenas o conceito penal baseava-se no espírito colectivista segundo Cota
Gonçalves (S.d:127), em que um homem praticando um homicídio também sua família era
envolvida, era a chamada responsabilidade solidária – por exemplo se um homem matasse
alguém ele podia a titulo de compensação substitui-la por um dos seus parentes a família da
vitima diferentemente do que a lei penal actual preconiza, o individuo terá a sanção individual de
prisão maior (art. 349, C.pen) portanto é extinta aqui a substituição do morto.
Entretanto, esta é a relação, a ponte que se pode estabelecer entre o costume e o Direito.

Elaborou: Cambedza, Fernando Modesto

4.3 3.4 USOS E DIREITO33

32
Luís Miguel Ribeiro, Código penal e legislação complementar de Moçambique, 2ª ed.,Minerva Press Editora,
2013, S.l
33
Elaborado por ONILDA LUCIA SABIA MASSUANGANHE

26
Usos são a prática socialmente generalizada desacompanhada com convicção da obrigatoriedade
ou da permissividade da sua adopção34

O termo Direito usa-se fundamentalmente em duas concepções ou sentidos:


1. Sentido Objectivo, conjunto de regras gerais abstractas hipotéticas a dotadas de
coercibilidade que regem as relações intersubjectivas e sociais numa dada comunidade 35
2. Sentido Subjectivo, poder ou faculdade, provinda de Direito objectivo de que dispõe uma
pessoa e que se destina normalmente a realização de um interesse juridicamente
relevante36

a) Usos nas Sociedade Tradicionais


Nas Sociedades Tradicionais existiam a predominância dos usos, tradições, costumes que
variavam de comunidade para comunidade esses usos iam de acordo com as linhagens.
Existiam duas linhagens nas sociedades tradicionais, ao norte de Moçambique pertenciam a
linhagem Matrelinear, cuja descendência era definida pela filiação materna, ao sul de
Moçambique pertenciam a linhagem Patrelinear cuja descendência era definida Paterna.
As Crenças mágicas-religiosas, os aspectos ideológicos desempenharam nas sociedades um
papel importante, os chefes das linhagens e outros chefes territoriais imploravam aos
antepassados para seu povo , as chuvas, saúde, protecção, eles eram tidos como um elo de
ligação entre os anciãos mortos aos vivos, alguns territórios praticavam cultos como Mbondoro
e Mwari eram assistida por especialistas, mais eram crenças na feitiçaria, a acção dos feiticeiros
e dos curandeiros contra feiticeiros que exprimiam conflitos sociais, as coerções, morais e
politicas e as dependências familiares, as formas como os homens se relacionavam entre si com a
natureza.
Existiam Praticas de cerimónias que eram consideradas como sendo de obrigatoriedade como a
de Purificação ou Perdão, todo aquele indivíduo que violasse um Tabu devia passar por uma
cerimónia de purificação como exemplo; aquele matasse alguém era submetido a esta cerimonia,
caso contrario este não era visto como um individuo normal dentro da família ou na comunidade,
também passava por esta cerimónia os indivíduos que voltasse da tropa.

34
PRATA, Ana; Dicionário Jurídico, 5ª Edição , Editora Almedina, Coimbra,2008, Pag1594
35
Idem; Prata Pag492
36
Idem; PRATA Pag 498

27
Alguns usos eram importante na formulação da lei penal mas pela natureza dos sentimentos com
aqueles relacionados, eram relevantes no direito criminal consuetudinário, a moral, o termo do
bem e mal37 eram postos em consideração na resolução de um conflito existente tanto no seio das
famílias assim como na comunidade.

b) Direito nas Sociedades Tradicionais


Nas sociedades Tradicionais o Direito era entendido como sendo aquilo que pode fazer ou aquilo
que se recebe.
O conselho Jurídico detinha o direito em primeiro lugar para;
Aconselhar
Decidir
Concordar
Punir
Ser respeitado
Ser obedecido
Os Usos e costumes eram tidos como fontes de Direito nessas sociedades as normas não eram
escritas, cabia o conselho Jurídico decidir conforme as tradições, usos, e costumes, algumas
normas eram criadas espontaneamente pela consciência comum do povo para resolução dos
conflitos existentes na comunidade, o conselho jurídico aplicava as normas consuetudinárias
obedecendo os seu usos e costumes, a Lei era o costume38.
Nesta sociedade Também eram reconhecidos alguns Direito a toda comunidade como;
Direito de Preempção, trata-se do costume em virtude da qual um homem pode casar com
certas raparigas da família da mulher ou de mucon´uana, principalmente se a mulher
daquele homem não teve filho ele tem o direito de exigir uma substituta entre as raparigas
mencionadas sem haver necessidade de pagar39.
Direito a Herança, no caso de morte do marido quem herdava a viúva era o irmão mais
novo do falecido, caso houvesse a morte de um tio mais materno, e este tivesse mais de
uma mulher, na partilha e na distribuição da herança uma delas pode caber ao ntuculo , e

37
COTA; Gonçalves, Mitologia e Direito Consuetudinário, Arquivos Históricos de Moçambique , Maputo, Pag 87
38
NHANCALE, Orlando, Normas, Regras e Justiça Tradicional como evitar e resolver conflitos; 1996.
JUNOD, Henri Pag 414
39
Havendo assim um Direito de apropriação

28
os filhos nascido desta relação passava a pertencer a família. que pagou lobolo. Os
primos também tinham o direito a herança das viúvas da parte paterna estes também eram
considerados como irmãos.
As mulheres cujo os Maridos não tinham irmãos mais novos a herança eram dada aos
batuculo40. quando houvesse uma morte do chefe , o filho mais velho é o herdeiro regular,
mas todos os irmãos mais novos daquele chefe podiam reinar mas antes do verdadeiro
herdeiro seja coroado.
Direito a Luma, era uma lei clã, aplicada a todas as espécies de comida, o ritual era
praticado na povoação de cada subchefe

Elaborou: Massuanganhe, Onilda

5. Conclusão

Feito o trabalho, pode se concluir que entre os bantu, o chefe de família faz a ligação directa com
os antepassados, presentes na vida comunitária, cuja influência, benéfica ou nefasta, deve ser
cuidada. Pela sua proximidade com eles, qualidade, poder e conhecimentos superiores, podem
arrancar-lhes favores ou torná-los propícios.

40
JUNOD, Henri ,1974 Pag 254

29
O chefe desempenha uma função fundamental no grupo. Como pessoa mais qualificada e
vitalmente mais poderosa, é o guia necessário da comunidade e o guarda das suas tradições e da
sua coesão. o chefe é um carismático que dirige, pensa, solidariza, vigia e procura o bem da
comunidade. O chefe é o canal de conexão directa com a corrente vital ancestral.

O Rei pode ter poder político, mas este é um poder vazio a não ser que seja reafirmado e
reforçado pela autoridade das sociedades sagradas.

A capacidade de comunicar com os espíritos dos mortos serve também como instrumento de
administração de justiça, pois com frequência o adivinho é chamado a resolver disputas entre
membros da comunidade.

As comunidades criam e institucionalizam mecanismos para evitar o conflito. Os indivíduos


aprendem esses mecanismos durante o seu processo de socialização ou inculturação, um
processo de aprendizagem que todo o ser humano vive, e que começa com o seu nascimento e
segue até a sua morte, onde ele aprende como viver dentro de uma cultura, ou seja, dentro de um
modo de vida comum a todos no seu grupo. Trata-se dos mecanismos de persuasão, ridículo,
difamação e opróbrio.

O controlo social é sempre limitado, porque uma sociedade não dispõe de mecanismos de
controlo capazes de actuar com a mesma intensidade - e nem mesmo capazes de abarcar todos os
domínios da vida social.

Coesão social é a solidariedade entre os elementos de um todo, união (Dicionário Português,


plural editores).

Coesão social é o sentido de pertença a um espaço comum de consenso dos integrantes ou


membros de uma Comunidade. Dependendo da interacção social no seio de grupo social, haverá
maior ou menor coesão.

30
Os povos Bantu para se manteres coesos realizavam crenças mágicos religiosos, consagrados nos
aspectos ideológicos dessas comunidades. Os chefes das linhagens e os chefes territoriais
imploravam aos antepassados, para si e para o povo, as chuvas, a saúde, a protecção para a caça e
para as viagens. Em algumas regiões do Pais, como Tete, Manica e Sofala, nas formações dos
Estados centralizados, desenvolveram se cultos territoriais, o Mpondoro (entre os chonas) e o
Mwari, assistido pelo especialistas.

As povoações apresentam, em toda tribo, uma uniformidade notável. A sua construção é


regulada pelas mesmas leis nos clãs do Sul e do Norte.

Nas Sociedades tradicionais, como por exemplo, os Tongas, como evidencia o autor citado, a
povoação encontra-se no mato, na vertente de uma duna de areia, numa pequena floresta de
mimosas micaia (mincânhé e mincuácuà), estando esta aninhada no meio.

A religião é algo que interfere no modo de sentir, de viver e de agir das sociedades tradicionais.
Ela só pode ser compreendida no espaço sócio‐cultural das organizações sociais.

A religião torna-se portanto um sistema de símbolos que define como o mundo é e estabelece
uma postura que a pessoa deverá ter ao longo da sua vida. Estabelece um modo de sentir, viver e
agir dentro da sociedade.

A iniciação representa uma instituição fundamental para a informação e formação do indivíduo.


Ela prepara o jovem e a jovem para terem uma atitude perante a vida, a sociedade e o universo.

6. Bibliografia

1. Tavares, Alfredo Camacho e António. O nosso dicionário língua portuguesa, 2ª ed.,


Alcance Editores, Maputo, 2012.
2. Balogun, Ola et all (1980). Introdução à cultura africana. Edições 70. Biblioteca de
Estudos Africanos.
3. Varela, Bartolomeu (2011). Introdução ao estudo de direito, 2ª ed. Revista

31
4. Cota, Gonçalves. Mitologia e Direito Consuetudinário. Arquivo Histórico De
Moçambique. Maputo.
5. Kye, Helena Maria et all. O reconhecimento pelo Estado das Autoridades Locais e da
participação pública, Maputo.2007.Pag.100.
6. Imprensa Nacional de Moçambique E.P, Constituição da Republica (actualizada),
Maputo, 2011.
7. Telles, Inocêncio Galvão, introdução ao estudo de Direito, 11ª ed., Coimbra Editora, Vol
I, 2001.
8. Junod, Henri A., Usos e Costume dos Bantu, Tomo II, Arquivo Histórico de
Moçambique 1996.
9. Nhancale, Orando, normas regras e justiça tradicional: como evitar e resolver conflito,
1996.
10. Nhancale, Orlando (1996), Normas, regras e justiça tradicional: como evitar e resolver
conflitos? Brochura 5. Ministério da Administração Estatal.
11. Ribeiro, Luís Miguel, Código penal e legislação complementar de Moçambique, 2ª
ed.,Minerva Press Editora, 2013.
12. Serra, Carlos (1998). História de Moçambique, Volume I. Livraria Universitária.
Maputo.
13. Monteiro, Washington de Barros, Curso De Direito Civil - Parte Geral, 5ª edição,
revista e aumentada, Edição Saraiva, São Paulo, 1966.
14. ilabantu.inzotumbansi.org
15. Cláudio-zeigerblogspot.com
16. Www.caritas.pt
17. www.telanon.info
18. educacao.uol.com.br
19. direitosala25.wordpress.com

32
Índice
1. Introdução............................................................................................................................................1
1.1 Objectivos..........................................................................................................................................1
1.1.1 Geral...........................................................................................................................................1
1.1.2 Específicos:.................................................................................................................................1
1.2 Metodologia......................................................................................................................................1
2. Da Ordem Social, Controlo Social e Coesão Social na Sociedade Tradicional....................................2
2.1 Da Ordem Social das Sociedades Tradicionais...................................................................................2

33
2.3 A Ordem Social, Religião e Poder Político dos Bantu.........................................................................3
2.4 Controlo Social...................................................................................................................................7
2.4.1 O Controlo Social e a Prevenção do Conflito na Sociedade tradicional Bantu...........................8
2.4.2 Meios de Controlo social............................................................................................................8
2.4.3 Desvio.........................................................................................................................................9
2.4.4 As práticas culturais como formas de controlo social...............................................................10
2.5 Coesão Social...................................................................................................................................11
3. Organização Social e Cultural das Sociedades Tradicionais..................................................................14
4. As tradições, Usos e Costumes e Direito...............................................................................................19
4.1 O Nascimento do membro da sociedade..............................................................................................19
A morte......................................................................................................................................................20
Autoria: Dique, José Salomão...................................................................................................................21
O Culto dos antepassados..........................................................................................................................22
O Direito de Herança.................................................................................................................................22
Autoria: Ussaca, Herinque Lázaro............................................................................................................23
5. Conclusão..........................................................................................................................................30
6. Bibliografia............................................................................................................................................32

Relatório do Trabalho

Participaram da elaboração do presente trabalho, 10 estudantes com base no seguinte:

1. Passe, Amisse Abel Nota – 2.4 Controlo Social, 2.4.1 O Controlo Social e a Prevenção do
Conflito na Sociedade tradicional Bantu, 2.4.2 Meios de Controlo social, 2.4.3 Desvio,
páginas 7, 8 e 9.
2. Chaçaça – 2.1 Da Ordem Social das Sociedades Tradicionais: páginas 1 e 2.

34
3. Zucula, Sheila - 2.2 A Ordem Social, Religião e Poder Político dos Bantu: paginas 4 e 5.

4. Uetela, Edna - 2.3 Relação Ordem social e o Poder Politico dos bantus, paginas 5 e 6.

5. Cambedza, Fernando Modesto – Costumes e Direito, da página 24 a 26.


6. Dique, José – As tradições, Usos e Costumes e Direito;
7. Ussaca, Henrique – As tradições, Usos e Costumes e Direito;
8. Cuna, Denilson Adriano – 2.5 Coesão Social, páginas 10, 11 e 12.
9. Figueiredo, Tássia- Organização Social e Cultural das Sociedades Tradicionais, paginas
10. Artur, Nélio Domingos – Organização Social e Cultural das Sociedades Tradicionais,
paginas
11. Massuanganhe, Onilda - 4.3 3.4 USOS E DIREITO, páginas 27, 28 e 29.
12. Matavele, António - 2.4.4 As Práticas Culturais como Formas de Controlo Social, 2.4.4.1
Tradições, 2.4.4.2 Costumes, 2.4.4.3 Leis, páginas 10 e 11.

35
Universidade Eduardo Mondlane
Faculdade de Direito
Curso de Direito
Ano: 1º Semestre: 1º
7º Grupo.
Disciplina: História do Direito Moçambicano

Tema: Da Ordem social, controlo social e coesão social;


Organização social e cultural da sociedade tradicional;
As tradições, usos e costumes e Direito.

Discentes: Docentes: Dr. António Salomão Chipanga


Passe, Amisse Abel Nota; Me. Joaquim Fumo;
Cambedza, Fernando Modesto; Drª. Filipa Tivane.
Artur, Nélio Domingos;
Dique, José;
Ussaca, Henrique;
Cuna, Denilson Adriano;
Figueiredo, Tássia;
Matavele, António;
Massuanganhe, Onilda;
Uetela, Edna.

36
Zucula, Sheila;
Chaçaça.
Maputo, Abril de 2017

37

Você também pode gostar