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EXAME PSÍQUICO

Profa. Ms. Juliana Leonel


RELEMBRANDO

▪ Entrevista (anamnese) → paciente + família

e/ou informante;

▪ Exame clínico (exame psíquico) → verificar

o estado mental e suas condições orgânicas;

▪ Testes e exames → se necessário;

▪ Diagnóstico → terapêutica adequada →


prognóstico → qualidade de vida.
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RELEMBRANDO ANAMNESE

▪ Queixa principal;

▪ Sintomas objetivos;

▪ Vivência subjetiva em relação ao sintoma;

▪ Cronologia dos fenômenos;

▪ Reações ao fazer o relato.

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RELEMBRANDO EXAME PSÍQUICO
▪O exame psíquico avalia o estado do
funcionamento mental do paciente no momento da
consulta;

▪ Avalia: aspecto geral / apresentação; consciência;


orientação auto e alo psíquica; atenção; memória;
sensopercepção; pensamento; linguagem; humor;
inteligência; juízo de realidade; afetividade; volição;
psicomotricidade; consciência e valorização do eu;
pragmatismo; sentimentos contratransferências;
crítica em relação aos sintomas; desejo de ajuda.
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EXAME DO ESTADO MENTAL - EEM

▪ Avaliação apurada e metódica de sintomas


objetivos e subjetivos dos transtornos mentais, das
crises vitais (evolutivas ou acidentais) e condições
similares (sem transtorno mental, mas com
sintomas)e das condições clínicas de outra
natureza (doenças físicas ou somáticas)
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APARÊNCIA
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APARÊNCIA
▪ Observação cuidadosa da aparência do examinado,

tais como, vestuário, adornos, tatuagens cuidados


pessoais, idade real x idade aparente, atitude com o
examinador;

▪ Apresentação adequada para situação, colaborativo,

cuidados de higiene adequados....

▪ Apresentação bizarra com falta de higiene, pouco

colaborativo, negativista ao contato.....

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CONSCIÊNCIA
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CONSCIÊNCIA
▪ Neuropsicológica → Nível de consciência : estado vigil,

grau de clareza do sensório, estar desperto, acordado,


vigil, lúcido;

▪ Psicológica → Soma total das experiências conscientes

no momento, capacidade do individuo entrar em


contato com a realidade, perceber e conhecer os
objetos;

▪ Filosófica → Capacidade de tomar ciência dos direitos

e deveres éticos (Edmund Husserl- tabua rasa).


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CONSCIÊNCIA
▪ Capacidade de estar desperto → atividade tronco

cerebral e do diencéfalo → hemisférios


cerebrais/lobo parietal /áreas pré-
frontais/interações tálamo-corticais → tônus para o
funcionamento;

▪ Lesões ou disfunções nestas áreas produzem as

alterações nos níveis de consciência e altera as


demais funções psíquicas;
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ALTERAÇÕES NORMAIS DA CONSCIÊNCIA

▪ Sono → estado especial da consciência pode

ser comportamental ou fisiológico;

▪ Sono Não REM → diminuição da atividade do

sistema nervoso autônomo simpático e aumento


relativo do tônus do parassimpático → nível
mínimo de funcionamento cardíaco e
respiratório;
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ALTERAÇÕES NORMAIS DA CONSCIÊNCIA
▪ Sono REM → instabilidade no sistema nervoso

autônomo simpático com variações das


frequências cardíaca e respiratória, pressão
arterial, débito cardíaco e fluxo sanguíneo
cerebral → movimento rápido dos olhos →
relaxamento muscular profundo → sonhos;

▪ Fases de sono REM e Não REM;


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SONHO
▪ Alteração normal da consciência;

▪ Curiosidades e interpretações históricas, sociais e

religiosas;

▪ Já foi considerado modelo de loucura no séc. 19 “ a

loucura é o sonho acordado” (Moreau de Tours);

▪ Os sonhos são vivências visuais raramente


auditivas, olfativas ou táteis mas podem ocorrer
sensações orgasmos;
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SONHO
▪ Interpretação dos sonhos : diferente culturas e crenças

religiosas;

▪ Freud em 1900 publicou a Interpretação dos Sonhos →

fenômeno psicológico → indireto e disfarçado →


conteúdo dos sonhos apresentam significados;

▪ Transformação de conteúdos latentes em manifestos →

condensação, deslocamento → desejos reprimidos e


“luta” entre o inconsciente e consciente/ pré-
consciente.
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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA
▪ Quadros neurológicos podem alterar o nível de
consciência diminuindo progressivamente de
normal, vigil, desperto até o estado de coma
profundo;

Graus de rebaixamento:

1- Obnubilação da consciência ou turvação da


consciência – leve a moderado, ↓ grau de clareza do
sensório, lentidão da compreensão e dificuldade de
concentração – parece sonolência mas não é;
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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA

2- Sopor – marcante turvação da consciência,


responde ao estímulo energético com
dificuldade, reage mas não age,↓
psicomotricidade;

3- Coma – grau mais profundo de rebaixamento


do nível de consciência: não é possível
qualquer atividade voluntária consciente;
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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA

4- Delirium – síndrome confusionais agudas,


rebaixamento leve a moderado, desorientação
tempo espacial, dificuldade de se concentrar,
perplexidade, ansiedade, agitação ou
lentificação psicomotora, ilusões e/ou
alucinações;

Delirium/consciência ≠ Delírio/ pensamento;


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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA

5- Estado onírico ou amência – “sonhar acordado”,


presença de alucinação visual com carga
emocional → pode ter amnésia posterior → psicose
tóxica, síndrome de abstinência a drogas (delirium
tremes) e quadros febris tóxico-infeccioso;

6- Síndrome do Cativeiro – infarto ou mielinólise da


porção central da base → parece não –responsivo
mas apresenta movimentos oculares voluntários
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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA
▪ Algumas alterações são de níveis
psicopatológicos/psiquiátricos e podem ser parcial ou
focal do campo da consciência:

A- Estados Crepusculares – estreitamento transitório do


campo da consciência mas com conservação da
atividade psicomotora → surge e desaparece de forma
abrupta → de horas a semanas → atos explosivos,
descontrole emocional → histeria, epilepsia e
intoxicações; 20
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA
B- Dissociação da consciência – fragmentação do
campo da consciência → crises dissociativas /
crises histéricas → semelhante ao sonho → minutos
a horas → ansiedade → desliga da realidade para
não sofrer;

C- Transe – dissociação semelhante ao sonho


acordado mas com presença de atividade motora
automática e estereotipada → contexto religioso ;
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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA
D- Estado Hipnótico – consciência reduzida e
estreitada e de atenção concentrada induzida
por outra pessoa → semelhante ao transe →
sugestionabilidade aumentada → técnica
refinada de concentração da atenção e
alteração induzida do estado da consciência.

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ATENÇÃO
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ATENÇÃO
▪ Como a direção da consciência → estado de

concentração da atividade mental sobre


determinado objeto;

▪ Atenção interage com diversas áreas do sistema

nervoso → sistema reticular ativador


ascendente e áreas corticais → processos de
seleção e concentração → foco da atenção;

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ATENÇÃO
▪ Estruturas límbicas também estão envolvidas

com o interesse afetivo → atração, motivação e


carga emocional para o objeto.

▪ 2 Tipos básicos de atenção: atenção voluntária –

concentração, é ativa e intencional e atenção


espontânea – interesse momentâneo, incidental,
que desperta este ou aquele objeto;

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ATENÇÃO
▪ Direção da atenção : atenção externa- mundo exterior

ou corpo/sensorial e interna- introspectiva, meditativa;

▪ Amplitude da atenção: atenção focal - concentrada ou

dispersa- não se concentra;

▪ Atenção seletiva: capacidade de seleção de estímulos e

objetos específicos;

▪ Atenção sustentada: manutenção da atenção seletiva –

execução de tarefas;
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ATENÇÃO
▪ Tenacidade: capacidade de fixar sua atenção sobre

determinada área ou objeto;

▪ Vigilância: qualidade da atenção que permite mudar

o foco de um objeto para outro;

▪ Atenção flutuante: termo criado por Freud para

definir o estado ideal do analista → atenção não deve


privilegiar a priori qualquer elemento do discurso ou
comportamento do paciente → atenção livre;
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ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO
▪ Hipoprosexia: atenção global diminuída →
dificuldade de perceber o ambiente e de
compreensão;

▪ Aprosexia: perda total da capacidade de atenção;

▪ Hiperprosexia: atenção exacerbada;

▪ Distração: é um sinal não um déficit →


superconcentração ativa da atenção sobre um
objeto com inibição do restante; 28
ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO

▪ Distraibilidade: estado patológico da distração –

instabilidade e mobilidade acentuada da atenção


voluntária com dificuldade ou incapacidade para
se fixar ou se manter em qualquer coisa que
implique esforço produtivo – atenção facilmente
desviada;

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▪ Alterações de atenção são comuns em
transtornos depressivos ou maníacos (humor);

▪ Mania: diminuição da atenção voluntária e

aumento da atenção espontânea com


hipervigilância e hipotenacidade;

▪ Depressão diminuição geral da atenção;

▪ Esquizofrenia: distraibilidade.

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REFERÊNCIAS

Anotações pessoais e pesquisas na web

A Interpretação dos Sonhos. Freud. Disponível


www.freudonline.com.br
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ORIENTAÇÃO
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ORIENTAÇÃO
▪ Capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao

ambiente;

▪ Verificar o nível de consciência;

▪ Auto psíquica: orientação em relação a si mesmo;

▪ Alo psíquica: orientação em relação ao mundo;

▪ Temporal: orientação em relação ao tempo, ou seja,

momento cronológico;

▪ Espacial: orientação em relação ao lugar onde ele se


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encontra.
ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO
▪ Frequentes em pacientes com lesões cerebrais,
delirium e demências; também pode ocorrer em casos
de depressão severa;

▪ Desorientação por redução do nível de consciência/

temporosa /confusa: desorientação por rebaixamento


ou turvação da consciência; afeta a atenção, a
concentração e capacidade de integrar os estímulos
ambientais;

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ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO

▪ Desorientação por déficit de memória de


fixação/ amnéstica: não consegue fixar na
memória as informações ambientais básicas e
com isso perde a noção de tempo e espaço;

▪ Desorientação demencial: perda da memória

de fixação, déficit do reconhecimento ambiental


e desorganização geral das funções cognitivas;
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ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO
▪ Desorientação por apatia e/ou desinteresse
profundo/ apática/ abúlica: alteração do humor e da
volição;

▪ Desorientação delirante: estado delirante;

▪ Desorientação oligofrênica: graves déficits


intelectuais, incapacidade ou dificuldade em
compreender o ambiente e normas sociais;

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ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO
▪ Desorientação histérica: quadro histérico grave,
acompanhado de alteração da identidade pessoal e
alteração de consciência(dissociação);

▪ Desorientação por desagregação: pacientes


psicóticos; desagregação do pensamento e
desorganização;

▪ Desorientação quanto à própria idade: discrepância

de 5 anos ou mais; esquizofrênico crônicos.


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COMO AVALIAR
▪ Temporal: que dia é hoje? Qual o dia da semana? Qual o dia do

mês? Em que mês estamos? Em que ano estamos? Qual a época


do ano (começo, meio ou final do ano)? Aproximadamente, que
horas do dia são agora?

▪ Espacial: onde estamos? Como se chama a cidade onde

estamos? E o bairro? Qual o caminho e quanto tempo leva para


vir de sua casa até aqui? Que edifício é este onde
estamos(hospital, ambulatório, etc.)?

▪ Auto psíquica: quem é o(a) senhor(a)? Qual o seu nome? O que

faz? Qual a sua profissão? Quem são os seus pais? Qual a sua
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idade?
COMO AVALIAR
▪ MEEM-

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SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO
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SENSOPERCEPÇÃO OU SENSAÇÃO E
PERCEPÇÃO ?
▪ Percepção é uma função cognitiva que articula esse domínio – junto

com a atenção – com a área da consciência;

▪ Sensação é a área das sensações visuais, auditivas, gustativas e

táteis;

▪ Quantitativo - Intensidade : aumento ou diminuição das sensações;

▪ Qualitativo : ilusões, alucinações verdadeiras e pseudoalucinações;

▪ Agnosias: incapacidade de reconhecer e interpretar o significado

das impressões sensoriais


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SENSOPERCEPÇÃO
▪ Na percepção é avaliada a sensopercepção do paciente, ou

seja, como ele recebe (sentidos) e percebe (interpretação) o


mundo. Descrevem-se aqui fenômenos como alucinação e
ilusão. A natureza de cada experiência deve ser descrita em
detalhes. Alucinações auditivas, por exemplo, são comuns na
esquizofrenia enquanto alucinações visuais são frequentes em
doenças orgânicas. Deve-se questionar sobre alterações de
todos os sentidos pois as alucinações podem ser olfativas,
cenestésicas, etc.

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SENSOPERCEPÇÃO
▪ Alguns dos sintomas de Kurt Schneider de primeira

ordem são alucinatórios, como o eco do pensamento,


roubo do pensamento e inserção de pensamentos.
Despersonalização (o indivíduo sente-se irreal) e
desrealização (sente o mundo como irreal) também
devem ser descritos aqui.

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SENSOPERCEPÇÃO
▪ Também é importante verificar se as alucinações ocorrem na segunda pessoa

(conversa com o paciente) ou na terceira pessoa (conversam entre si) e se


comandam o doente (atos homicidas ou suicidas). Às vezes as alucinações
podem ser outros sons além de vozes, como sinos, latidos, sons de motores,
zumbidos, etc. Também podem ser outros fenômenos visuais como halos ou
cores difíceis de descrever. Estas são chamadas alucinações elementares.

▪ Alucinações extra campinas são aquelas nas quais o paciente vê ou ouve

coisas fora de seu campo sensorial (ouvir uma voz a 3 km de distância, ver
através de paredes, etc).

▪ Deve-se questionar como a pessoa lida com as alucinações, se são

assustadoras, angustiantes ou prazerosas.


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ILUSÕES

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ALUCINAÇÕES

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ALUCINAÇÃO X DELÍRIO
▪ Alucinação é uma falsa percepção; seria a
percepção sem o objeto aceita como
imagem normal, é viva e nítida;
▪ Alucinação verdadeira, pseudo-alucinação
(representação/vago), alucinação com
diálogo em terceira pessoa, repetição ou eco
do pensamento, ouvir vozes;
▪ Podem ser auditivas, auditivo-visuais,
visuais, olfativas, gustativas, cenestésicas
(corporal) e cinestésicas (movimento) 47
ALUCINAÇÃO X DELÍRIO
▪ Delírio: alteração de pensamento ou alteração do

juízo;

▪ “eu acho que estou sendo traído”, “tenho a sensação

que estão me perseguindo” – ideia delirante;

▪ “eu vou ser o presidente do Brasil”, “eu nasci para

salvar o mundo” – ideia delirante – humor/trauma e


uso de drogas;

▪ Alucinação/percepção ≠ Delírio/pensamento
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MEMÓRIA
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MEMÓRIA
▪ Capacidade de registrar, manter e evocar os fatos ocorridos;
relaciona-se com o nível de consciência, atenção e interesse
afetivo;

▪ Memória genética: conteúdos de informações biológicas;


DNA e RNA;

▪ Memória imunológica;

▪ Memória cognitiva (psicológica): registrar, conservar e


evocar dados aprendidos pelas experiência;

▪ Memória cultural: conhecimentos e práticas culturais.

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MEMÓRIA
▪ Memória cognitiva ou psicológica: fase de percepção,

registro e fixação; fase de retenção e conservação e fase de


reprodução e evocação;

▪ Evocação é a capacidade de recuperar e atualizar os dados

fixados;

▪ Esquecimento é a denominação que se dá à impossibilidade

de evocar e recordar;

▪ Reconhecimento é a capacidade de identificar o conteúdo

mnêmico como lembrança e diferenciá-la da imaginação e


de representações atuais.
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PROCESSO DE FIXAÇÃO
▪ Nível de consciência e estado orgânico geral;

▪ Atenção global e da capacidade de manutenção da

atenção concentrada sobre o conteúdo a ser fixado;

▪ Sensopercepção preservada;

▪ Interesse emocional relacionado ao conteúdo


mnêmico a ser fixado e empenho em aprender;

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PROCESSO DE FIXAÇÃO
▪ Conhecimentos anteriores;

▪ Capacidade de compreensão do conteúdo a ser

fixado;

▪ Organização temporal das repetições;

▪ Canais sensoperceptivos envolvidos na


percepção (método audiovisual).

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PROCESSO DE CONSERVAÇÃO
▪ Repetição;

▪ Associação;

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MEMÓRIA
▪ Memória imediata ou de curtíssimo prazo: capacidade

de reter o material imediatamente após ser percebido;


limitada; depende da concentração;

▪ Memória recente ou de curto prazo: capacidade de

reter a informação por um período de curto tempo;


limitada;

▪ Memória remota ou de longo prazo: capacidade de

evocação da informação ocorrida no passado;


capacidade ampla. 55
ESQUECIMENTO
▪ Esquecimento normal: desinteresse ou desuso;

▪ Esquecimento por repressão: material desagradável ou

pouco importante; pode ser retomado com esforço


(Freud);

▪ Esquecimento por recalque: conteúdos mnêmicos por

serem emocionalmente insuportáveis são banidos da


consciência, pode ser recuperado apenas em
circunstancias especiais (inconsciente).

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LEI DE RIBOT
▪ Indivíduo que sofre de lesão cerebral tende a

perder os conteúdos da memória na ordem e no


sentido inverso que os adquiriu: elementos
recentes e depois os antigos, elementos mais
complexos e depois os mais simples e
elementos mais estranhos a menos habituais.

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MEMÓRIA DOS ELEMENTOS
▪ Memória explícita ou declarante: processo de registrar

e evocar de forma consciente e voluntária informações


referentes a pessoas e eventos autobiográficos “semana
passada eu dei aula de personalidade para os alunos do
Campus Santo Amaro”; regiões mesiais dos lobos
frontais; se lesionadas perde-se a capacidade de
fixação e de lembrança dos eventos ocorridos há
poucos minutos só lembra dos eventos antigos;

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MEMÓRIA DOS ELEMENTOS
▪ Memória implícita, não-declarante ou de procedimento:
automática ou reflexa, não depende de fatores conscientes e
voluntários; ocorre de forma lenta e por repetição; ações
motoras e que não podem ser expressas por palavras; andar
de bicicleta, labirinto, quebra-cabeças;

▪ Memória de trabalho, operante ou executiva: capacidade de


reter e manter ativa a informação durante um curto período
de tempo e de poder manipular tal informação a fim de
realizar uma tarefa específica; aprendizado, linguagem,
raciocínio;
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MEMÓRIA DOS ELEMENTOS
▪ Memória episódica: é a memória para eventos

específicos da experiência pessoal, geralmente


autobiográficos e bem determinado em seu momento
e local;

▪ Memória semântica: aprendizado de palavras e seu

significado; memória cultural; registro e retenção de


conteúdo em função do significado que têm; memória
de longo prazo.
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ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA

▪ Hipermnésias: o elemento mnêmico flui


rapidamente, mas sem precisão; aceleração
geral do ritmo psíquico;

▪ Amnésias ou hipomnésias: perda de memória;

perda da capacidade de fixar, manter e evocar


antigos conteúdos;

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AMNÉSIAS
▪ Psicogênicas: perda do elemento focal com significado
psicológico; lembra de uma festa mas não lembra quem
estava lá;

▪ Orgânica: perde a capacidade de fixar conteúdos imediatos


e recentes ao longo do tempo perde os conteúdos antigos;
lei de Ribot;

▪ Anterógrada: não fixa conteúdo a partir do evento que


ocorreu o evento que lhe causou dano cerebral; acidentes;

▪ Retrógrada: perde a memória para fatos ocorridos ; quadros


dissociativos antes do início da doença;
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PARAMNÉSIAS
▪ Deformação do processo de evocação de conteúdos
mnêmicos previamente fixados;

▪ Ilusões mnêmicas: há acréscimo de elementos falsos a um

núcleo verdadeiro de memória; deformação da lembrança


real; esquizofrenia, histeria grave, transtornos de
personalidade;

▪ Alucinações mnêmicas: criações imaginativas com aparência

de lembranças; esquizofrenia e psicoses funcionais;

▪ Delírio imaginativo ou mnêmico;


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PARAMNÉSIAS
▪ Fabulações: incapacidade de reconhecer como falsas as

imagens produzidas pela fantasia; invenções para


preencher um vazio da memória; não é para enganar;
síndrome de Korsakoff (memória e desorientação),
alcoolismo, déficit de tiamina (vitamina B1), TCE,
encefalite herpática (herpes), intoxicação pelo
monóxido de carbono;

▪ Criptomnésias: lembranças aparecem como fatos novos,

não reconhece como lembrança; demência


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PARAMNÉSIAS
▪ Ecmnésia: é a recapitulação e revivência intensa, abreviada e

panorâmica da existência, uma recordação condensada de


muitos eventos passados, que ocorre num breve período de
tempo; vivência de alucinação, a visão de cenas passadas;
visão panorâmica da vida; pode ocorrer na eminência da
morte- pessoas que dizem ter visto um túnel e uma névoa
luminosa;

▪ Lembrança obsessiva: ideia fixa ou representação prevalente,

surgimento espontâneo de imagens mnêmicas do passado.

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TRANSTORNOS DO RECONHECIMENTO

▪ Agnosias: déficits do reconhecimento de estímulos

sensoriais, objetos e fenômenos, que não podem ser


explicados por um déficit sensorial, por transtornos da
linguagem ou por perdas cognitivas globais; agnosias
visuais, táteis, auditivas e de percepções complexas;

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AGNOSIAS
▪ Agnosias táteis: incapacidade de reconhecer as formas

dos objetos colocados na mãos do paciente e de olhos


fechados; descreve o objeto mas não sabe exatamente o
qual é o objeto;

▪ Agnosias visuais: não reconhece pela via visual;


enxerga, descreve mas não sabe o que realmente é;

▪ Anosias de reconhecimento de faces ou prosopagnosia:

não reconhecimento de membros específicos num


determinado grupo genérico;
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AGNOSIAS
▪ Agnosia auditiva: incapacidade de reconhecer um som

não-linguistico (auditiva seletiva) ou linguístico


(verbal); pode ocorrer por lesão na área auditiva ou
lesões subcorticais;

Verbal - pode falar, ler e escrever porém não entende


qualquer palavra falada que ouve;

Cegueira verbal - fala, escreve e entende mas não lê;

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AGNOSIAS
▪ Anosognosia: incapacidade do doente reconhecer um

déficit ou doença que o acomete; reconhecer uma


hemiplegia;

▪ Grafestesia: reconhecimento da escrita pelo tato;


escreve na mão do paciente letras com objeto e pede-
se ao paciente que os reconheça de olhos fechados;
perturbação do reconhecimento por déficit da
integração sensoriomotora em nível cortical;

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PSIQUIATRIA
▪ Falso reconhecimentos e falsos desconhecimentos:
identifica a equipe com família ou amigo; ou não-
reconhecimento; associados a esquizofrenia, depressão
grave e psicorganicidade;

▪ Síndrome de Capgras; Síndrome de Frégoli; Síndrome

de inermetamorfose; Síndrome do duplo subjetivo.

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REFERÊNCIAS

Anotações pessoais e pesquisas na web

A Interpretação dos Sonhos. Freud. Disponível


www.freudonline.com.br
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PENSAMENTO

AULA 9 72
PENSAMENTO
▪ Elementos constitutivos do pensamento: conceitos, juízos e

raciocínio;

▪ Conceitos: elemento estrutural básico de pensamento;


representações, cognitivo, intelectivo;

▪ Juízos: é o processo que conduz ao estabelecimento de

relações significativas entre os conceitos básicos; formular


relações;

▪ Raciocínio: função que relaciona os juízos; ligação entre os

conceitos de encadeamento de conhecimentos, derivando


sempre uns dos outros; 73
PENSAMENTO
▪ Por meio do pensamento ou do raciocínio, o ser humano

é capaz de manifestar suas possibilidades de adaptar-


se ao meio. É por ele que se elaboram conceitos,
articulam-se juízos, constrói-se, compara-se,
solucionam-se problemas, elaboram-se conhecimentos
adquiridos, ideias, transforma-se e cria-se;

▪ Investiga-se o seu curso, forma e conteúdo; análise do

discurso do paciente;

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CURSO DO PENSAMENTO
▪ Trata-se da velocidade com que o pensamento é expresso;

▪ Aceleração: flui de forma acelerada;

▪ Lentificação: lento, arrastado, latência entre as frases;

▪ Bloqueio: interrupção brusca do que vinha falando e o paciente pode


retomar o assunto como se não o tivesse interrompido (esquizofrenia);

▪ Roubo: sensação de que roubaram o seu pensamento (esquizofrenia);

▪ Prolixidade: discurso detalhista, cheio de rodeios e repetições com


introdução de temas e comentários não-pertinentes ao que está
falando;

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Taquipsiquismo: Bloqueio ou
aceleração do Bradipsiquismo:
lentificação do interrupção do
pensamento, pensamento:
frequentemente pensamento. ex.:
depressão, demência, Interrupção total do
associado a uma fluxo de pensamento
aceleração da fala rebaixamento dos
níveis de consciência havendo roubo ou
conjugada. Ex.: uso interceptação do
de ou torpor.
mesmo. Ex.: Típico da
anfetaminas/cocaína, esquizofrenia.
síndrome maniforme

PENSAMENTO – ALTERAÇÕES DE CURSO 76


FORMA DO PENSAMENTO
▪ Forma é a maneira como o conteúdo do pensamento é

expresso; o pensamento abriga um encadeamento


coerente de ideias ligadas a uma carga afetiva, que é
transmitida pela comunicação;

▪ As desordens podem ocorre por perdas (orgânicas) ou

deficiência (oligofrenia) qualitativas ou quantitativas;

77
FORMA DO PENSAMENTO
▪ Fuga de ideias: o paciente muda de assunto a todo instante, sem
concluí-los ou dar continuidade, numa aceleração patológica do
fluxo do pensamento;

▪ Dissociação: desorganização, sem lógica, incoerente e


incompreensível;

▪ Afrouxamento: falta de articulação entre as frases;

▪ Descarrilamento: extravio do curso normal; desvios; mudança


súbita do que se está falando;

▪ Desagregação: profunda e radical perda dos enlaces associativos,


total perda da coerência do pensamento; ideias fragmentadas;
(esquizofrenia).

78
Idéias Ruminação Idéias de
obsessivas- do evitação
compulsivas pensamento fóbica

Mitomania ou
Auto- Ideação
pensamento
depreciação suicida
mágico

Queixas
Pessimismo Delírio
somáticas

PENSAMENTO - ALTERAÇÕES DE CONTEÚDO


79
CONTEÚDO DO PENSAMENTO
▪ O assunto em si;

▪ As perturbações no conteúdo do pensamento estão


associadas a determinadas alterações, como as obsessões,
hipocondrias, fobias e delírios;

▪ Principais conteúdos patológicos: de perseguição,


depreciativos, religiosos, sexuais, de poder, riqueza ou
grandeza, de ruína ou culpa e conteúdos hipocondríacos;

80
CONTEÚDO DO PENSAMENTO

▪ Delirium: rebaixamento de consciência


(delirium tremes, delirium febril);

▪ Delírio: alteração do pensamento (alteração do

juízo); pode ser dividido em ideia delirante e


ideia deliróide;
81
CONTEÚDO DO PENSAMENTO
▪ Ideia delirante/delírio: delírio verdadeiro; é primário; é

um conjunto de juízos falsos, que não se sabe como


eclodiu; psicologicamente incompreensível;
impenetrável;

▪ Ideia deliróide: é secundária a uma perturbação do

humor ou a uma situação afetiva traumática, existencial


grave ou uso de drogas; há uma compreensão dos
mecanismos que a originaram;
82
DELÍRIO
▪ Para se classificar uma ideia de delirante ou delírio tem-se
que levar em conta alguns aspectos, segundo Jaspers:

- Convicção extraordinária: certeza subjetiva, crença total, não


se pode colocar em dúvida a veracidade do delírio;

- Impossível a modificação do delírio pela experiência


objetiva; delírio é irremovível;

- O delírio é um juízo falso, o seu conteúdo é impossível;

- Delírio é uma produção associal, idiossincrática em relação


ao grupo cultural: não é compartilhado.
83
DELÍRIO
▪ Para se classificar uma ideia de delirante ou delírio segundo
Kendler:

- Convicção: até que ponto o paciente está convencido da


realidade de suas ideias delirantes;

- Extensão: em que extensão as ideias delirantes envolvem


diferentes áreas da vida do paciente;

- Bizarrice: até que grau as crenças delirantes se distanciam


das convicções culturalmente compartilhadas por seu grupo
social de origem, o quanto o seu delírio se distancia da
“realidade consensual”;
84
DELÍRIO
- Desorganização: até que ponto as ideias delirantes são

consistentes internamente, tem lógica própria e em que


grau são sistematizadas;

- Pressão: o quanto o paciente está preocupado e

envolvido com suas crenças delirantes;

- Resposta afetiva: o quanto as suas crenças delirantes

abalam ou tocam afetivamente o paciente;

- Comportamento desviante: o quanto o paciente age em

função de seu delírio. 85


DELÍRIO

▪ Os delírios podem ser simples (um só conteúdo,

único tema), complexos (vários temas ao


mesmo tempo), não-sistematizados (sem
concatenação consistente) e sistematizados
(bem organizados, com histórias ricas e
consistentes);
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TEMAS TÍPICOS
▪ Expansão do eu: grandeza, ciúme, reivindicação,
genealógico, místico, de missão salvadora, deificação,
erótico, de invenção ou reforma, ideias fantásticas,
capacidade física, beleza, etc.;

▪ Retração do eu: prejuízo, auto referência, perseguição ou


persecutório, influência, possessão, humildades,
experiências apocalípticas;

▪ Negação do eu: hipocondríaco, negação e transformação


corporal, auto acusação, culpa, ruína, niilismo, tendência ao
suicídio).
87
COMO AVALIAR
▪ O exame do conteúdo do pensamento poderá ser realizado

por meio da conversa, com a inclusão hábil por parte do


entrevistador de algumas questões que conduzam à
avaliação;

▪ Pode-se perguntar se o paciente tem pensamentos dos quais

não consegue se livrar, se acha que quando está andando na


rua pessoas o observam ou fazem comentário a seu respeito,
se os vizinhos implicam, se existe alguém que lhe queira
fazer mal, alguma organização secreta, ...

88
COMO AVALIAR
▪ ... Se acha que envenenam sua comida, se possui alguma

missão na especial na Terra, se é forte e poderoso, se


frequenta macumba, se sofre de ”encosto”, se espíritos lhe
falam, se há alguma comunicação com Deus e como isso se
processa; aqui vale apontar para o fato cultural-religioso;
dependendo da religião que professa, algumas dessas
situações podem ser observadas sem a priori fazer parte de
patologias.

89
REFERÊNCIAS

90
JUÍZO CRÍTICO
91
JUÍZO CRÍTICO
▪ Compreensão que o sujeito tem ou não e suas

expectativas em relação ao processo de avaliação


e/ou doença/tratamento;

▪ Avaliar se preservado ou não;

▪ Diminuição, Perda parcial ou completa e Ausência;

▪ Comum nas psicoses, demências, deficiências


intelectuais e fase maníaca.

92
INTELIGÊNCIA

93
INTELIGÊNCIA
▪A inteligência pode ser definida como a
totalidade das habilidades cognitivas do
individuo; processos intelectivos;

▪ Capacidade de identificar e resolver problemas

novos, de reconhecer adequadamente as


situações vivenciais e encontrar soluções;

▪ Habilidades intelectivas;

94
INTELIGÊNCIA
▪ Tipos de inteligência = áreas da cognição:
inteligência verbal, visuoespacial, visuoconstrutiva,
inteligência, aritmética, capacidade lógica,
capacidade de planejamento e execução, de
resolução de problemas novos, inteligência para
abstração, para compreensão, inteligência criativa,
etc.

95
INTELIGÊNCIA
▪ O que se faz nessa avaliação da inteligência não é

o que chamamos “uma avaliação fina”, realizada


por meio de testes; é mais para se constatar se o
paciente está dentro do chamado padrão de
normalidade; interessa a autonomia que o
paciente tenha, a sua capacidade laborativa;

96
ALTERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA

▪ Retardo mental: condição de desenvolvimento

interrompido ou incompleto das capacidades


mentais, manifestando-se pelo comprometimento
das habilidades cognitivas que são adquiridas ao
longo do desenvolvimento na infância e
adolescência;

97
ALTERAÇÕES DE INTELIGÊNCIA

▪ Inteligência limítrofe

▪ Inteligência não desenvolvida

▪ Deficiência intelectual limítrofe, leve,


moderada, grave e profunda

▪ Inteligência perdida: demência,


pseudodemencia
98
FUNÇÕES EXECUTIVAS
99
100
LINGUAGEM
101
LINGUAGEM
▪ A linguagem é uma atividade especificamente humana; é

o principal instrumento de comunicação do seres


humanos; fundamental na elaboração e na expressão do
pensamento;

▪ Funções da linguagem: comunicativa (socialização),


suporte do pensamento (pensamento lógico e abstrato),
instrumento de expressão dos estado emocionais,
afirmação do eu e de instituição das oposições eu/mundo
e dimensão artística e/ou lúdica (poesia, literatura);
102
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
ALTERAÇÕES SECUNDÁRIAS À LESÃO NEURONAL

▪ Ocorrem geralmente associadas a acidentes vasculares

cerebrais, tumores cerebrais, malformações


arteriovenosas, etc; há alterações neuronais evidentes;

▪ Afasia: perda da linguagem falada e escrita por

incapacidade de compreender e utilizar os símbolos


verbais; transtorno orgânico da linguagem;

▪ Parafasia: forma mais discreta de déficit de linguagem;

103
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
ALTERAÇÕES SECUNDÁRIAS À LESÃO NEURONAL

▪ Agrafia: perda por lesão orgânica da linguagem escrita sem


que haja déficit motor;

▪ Alexia: perda de origem neurológica da capacidade


previamente adquirida para a leitura; em crianças é chamada
de dislexia, é uma disfunção leve de leitura;

▪ Disartria: incapacidade de articular corretamente as palavras


devido a alterações neuronais referentes ao aparelho
fonador; fala pastosa, de bêbado;

104
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
ALTERAÇÕES SECUNDÁRIAS À LESÃO NEURONAL
▪ Disfonia : alteração da fala produzida pela alteração da

sonoridade das palavras; não consegue emitir som ou palavra;

▪ Disfemia: alteração da linguagem falada sem qualquer lesão ou

disfunção orgânica;

▪ Gagueira: dificuldade ou impossibilidade de pronunciar ceras

sílabas, no começo ou ao longo de uma frase, com repetição ou


intercalação de fonemas ou trepidação na elocução;

▪ Dislalia: alteração da linguagem falada que resulta na


deformação, omissão ou substituição dos fonemas. 105
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
ALTERAÇÕES ASSOCIADAS AOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS

▪ Logorréia e taquifasia: produção aumentada e acelerada

da linguagem verbal;

▪ Bradifasia: fala muito vagarosa, lenta e difícil;

▪ Mutismo: ausência de resposta verbal; negativismo

verbal;

▪ Perseveração e estereotipia verbal: repetição automática

de palavras ou trechos de frases de modo estereotipado,


mecânico, sem sentido;
106
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
ALTERAÇÕES ASSOCIADAS AOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS

▪ Ecolalia: repetição da última ou últimas palavras que o


entrevistador falou; automático, involuntário;

▪ Palilalia e logoclonia: repetição da última ou últimas


palavras que o próprio paciente falou;

▪ Tiques verbais ou fonéticos : produções de fonemas ou


palavras de forma recorrente, imprópria e irresistível; sons
grutais; desagradável;

▪ Coprolalia: emissão involuntária e repetitiva de palavras


obscenas, vulgares ou relativas a excrementos;
107
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM
ALTERAÇÕES ASSOCIADAS AOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS

▪ Verbigeração: repetição de forma monótona e sem

sentido comunicativo aparente de palavras, sílabas ou


trechos de frases;

▪ Glossolalia: produção de fala gutural, pouco


compreensível, conglomerado ininteligível de sons;

▪ Para-respostas: alteração do pensamento e da


linguagem “onde o sr. mora?” “o dia está muito
quente”.
108
AFETO E HUMOR
109
AFETIVIDADE
▪ A vida afetiva é a dimensão que dá cor, brilho, calor a

todas as vivências humanas; o termo afetividade


compreende várias modalidades de vivências afetivas
como o humor, as emoções e os sentimentos;

▪ 5 tipos básicos: humor e estado de ânimo, emoções,

sentimentos, afetos e paixões;

110
AFETIVIDADE
▪ Humor ou estado de ânimo: definido como o tônus

afetivo, o estado emocional basal no qual se encontra a


pessoa no momento; o humor é um dos transtornos
essenciais da vida psíquica;

▪ Emoções: reações afetivas agudas, momentâneas,


desencadeadas por estímulos significativos; estado
afetivo intenso, de curta duração, originado como uma
reação da pessoa a certas excitações internas ou
externas, conscientes ou inconscientes; acompanha
reações somáticas; 111
AFETIVIDADE
▪ Sentimentos: estados e configurações afetivas estáveis; são

mais atenuados do que as emoções e menos reativos a


estímulos passageiros; associados a conteúdos intelectuais,
valores, representações e não somáticos; varia de cultura
para cultura;

▪ Afetos: qualidade e tônus emocional que acompanha uma

ideia ou representação mental; pode-se usar a palavra afeto


para designar qualquer estado de humor, sentimento ou
emoção;

▪ Paixão: estado afetivo intenso, domina a atividade psíquica


112
como um todo, alterando a atenção e o interesse;
VIDA AFETIVA
▪ A vida afetiva ocorre nas relações do eu com o mundo e com

o outro;

▪ Reativa;

▪ Sintonização afetiva: capacidade do individuo ser


influenciado afetivamente por estímulos externos;

▪ Irradiação afetiva: capacidade do individuo transmitir,


irradiar ou contaminar os outros com seu estado afetivo
momentâneo;

▪ Rigidez afetiva: dificuldade de sintonizar ou irradiar


113
afetividade;
TEORIAS E DIMENSÕES DA AFETIVIDADE
▪ James-Lange: a base das emoções deveria ser encontrada

na periferia do corpo, nas reações do sistemas nervosos


autônomo periférico; a emoção é concebida como a
tomada de consciência das modificações fisiológicas que
são provocadas por determinados eventos;

▪ Papez-Maclean: propõe uma base cerebral para emoções;

as estruturas e o circuito cerebral das emoções incluiriam


estruturas mesiais dos lobos temporais e frontais; propôs o
sistema límbico das emoções;
114
▪ Sistema límbico das emoções = sistema central na

integração das emoções: o hipocampo é visto como


um elemento fundamental na expressão
psicofisiológica das emoções, e a córtex cerebral a
instância que codifica, descodifica e recodifica
constantemente as experiências afetivas,
atribuindo-lhes significados;

▪ Amígdala - senso percepção das emoções; porção

medial do lobo frontal; lobo pariental direito –


alteração do humor.
115
ASPECTOS PSICODINÂMICOS
▪ Concepção Freudiana:

- Conceito de angústia: afeto básico emergindo do


eterno conflito entre o individuo, seus impulsos
instintivos e seus desejos e necessidades x
comportamento, moral; libido não descarregada;

- Depressão ou melancolia: elaboração inconsciente de

perdas reais ou simbólicas;

116
ASPECTOS PSICODINÂMICOS
▪ Concepção Kleiniana:

- Afetos: afetos primários como ódio, inveja,


medo, retaliação e os demais que seriam mais
evoluídos tais como gratidão, reparação e amor;

117
ALTERAÇÕES
▪ Distimia: alteração básica do humor; inibição ou
exaltação; inibição pode aparecer como hipotímica ou
depressão e a exaltação como hipertímica ou eufórica;

▪ Humor triste e ideação suicida: humor depressivo com

ideias de morte; ideias suicidas, planos suicidas, atos e


tentativas de suicídio; deve sempre ser valorizado em
pacientes com humor triste;

118
ALTERAÇÕES
▪ Disforia: distimia com tonalidade afetiva desagradável,

mal-humorada; forte componente de irritação,


amargura, desgosto e agressividade;

▪ Euforia ou alegria patológica: humor exagerado, alegria

intensa desproporcional à circunstâncias;

▪ Puerilidade: aspecto infantil; vida afetiva superficial;

119
ALTERAÇÕES
▪ Estado de êxtase: experiência de beatitude,
dissolução do eu no todo, compartilhamento íntimo
do estado afetivo interior com o mundo exterior;
contexto religioso ou místico;

▪ Irritabilidade patológica: hiperatividade


desagradável, hostil, agressiva;

120
ANSIEDADE X ANGÚSTIA X MEDO
▪ Ansiedade: estado de humor desconfortável,
inquietação interna desagradável; pode ser somática,
fisiológica e psíquica;

▪ Angústia: conotação mais corporal “aperto no peito”;

▪ Medo: objeto preciso;

121
TIPOS DE ANGÚSTIA PELA VISÃO DA PSICANÁLISE
▪ Angústia de castração: medo de perder ou ferir os

genitais – Complexo de Édipo;

▪ Angústia de morte: sensação intensa de angústia

perante um perigo ou situação que indique ao sujeito a


proximidade ou a possibilidade iminente da morte ou
aniquilamento;

▪ Ansiedade depressiva: ansiedade de quem vive o temor

de perder seus “objetos bons”;

122
TIPOS DE ANGÚSTIA PELA VISÃO DA PSICANÁLISE

▪ Ansiedade persecutória ou paranóide: ansiedade

de quem vive o temor de retaliação ao ataques


imaginários;

▪ Angústia de separação: reações emocionais vividas

pela criança quando separada da mãe; choro,


desespero e aflição.

123
TIPOS DE ANGUSTIA PELA VISÃO EXISTENCIAL
▪ Angústia existencial: estado anímico básico;

angustias perante as situações da vida


cotidiana; estar-no-mundo, estar-com-o-outro,
ser-para-a-morte e condenado a ser livre.

124
TIPOS DE ANGUSTIA PELA VISÃO
COMPORTAMENTAL/COGNITIVO

▪ Ansiedade de desempenho: ansiedade associada à

execução de tarefas; reação à situação de ser


avaliado ou criticado;

▪ Ansiedade antecipatória: ansiedade vivida antes da

ocorrência da situação estressante;

125
ALTERAÇÃOES DA EMOÇÃO E DOS SENTIMENTOS
▪ Apatia: diminuição da emoção e do afeto; ”tanto faz

quanto tanto fez”;

▪ Hipomodulação do afeto: incapacidade de modular a

resposta afetiva de acordo com a situação existencial;

▪ Inadequação do afeto ou paratimia: reação


incongruente das situações; desarmonia da vida
psíquica;

126
ALTERAÇÃOES DA EMOÇÃO E DOS SENTIMENTOS
▪ Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo:

perda progressiva e patológica da vivência afetiva;


empobrecimento;

▪ Embotamento afetivo: perda profunda de todo tipo

de vivência afetiva; atitude;

▪ Sentimento de falta de sentimento: incapacidade

para sentir; vazio afetivo;

127
ALTERAÇÃOES DA EMOÇÃO E DOS SENTIMENTOS
▪ Anedonia: incapacidade total ou parcial de obter e

sentir prazer com determinadas atividades e


experiências da vida;

▪ Labilidade afetiva: mudanças súbitas e imotivadas do

humor, sentimentos e emoção; oscila de forma abrupta,


rápida e inesperada;

▪ Ambivalência afetiva: sentimentos opostos em relação a

um mesmo estímulo ou objeto, sentimentos que


ocorrem de modo simultâneo;
128
ALTERAÇÃOES DA EMOÇÃO E DOS SENTIMENTOS
▪ Neotimia: sentimentos e experiências afetivas
inteiramente novas vivenciadas por pacientes em
estado psicótico; estranheza, bizarrice;

▪ Medo: estado progressivo de insegurança , angústia,

impotência e invalidez ante a impressão que algo vai


acontecer; prudência, cautela,alarme,ansiedade,
pânico, terror;

▪ Fobias: medo patológico; desproporcional e


incompatível com a real possibilidade de perigo real; 129
ALTERAÇÃOES DA EMOÇÃO E DOS SENTIMENTOS
▪ Pânico: reação intensa de medo relacionada ao perigo

imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração;


crises de pânico – crises agudas e intensas de ansiedade
acompanhada de medo intenso de morrer ou de perder o
controle; início abrupto, sensação de grande perigo e desejo
de fugir acompanhadas de sintomas somáticos tais como
taquicardia, sudorese fria, tremores, formigamentos, falta de
ar, dor ou desconforto no peito, náusea; duram alguns
minutos e tendem a se repetir com periodicidade variável;
podem ou não ocorrer após a exposição desencadeante.
130
ALTERAÇÃOES DA EMOÇÃO E DOS SENTIMENTOS
▪ Ciúmes: fenômeno emocional que gera a sensação ou

certeza de que a pessoa amada gosta mais de outra


pessoa e poderá abandoná-la; depende da intensidade
para ser considerado patológico;

▪ Inveja: sensação de desconforto, raiva e angústia

perante a constatação que oura pessoa possui algo que


o individuo gostaria de ter mas não tem; fonte de
sofrimento; intensidade.

131
VOLIÇÃO
132
VOLIÇÃO E PSICOMOTRICIDADE
▪ Vontade: desejo inconsciente ou consciente;
relacionada à afetividade, ao intelecto e a valores
morais e culturais;

▪ Filósofos usam como tema central; “vontade de

viver”, a vontade, considerada puramente em si


mesma, não conhece e é apenas um impulso cego e
irresistível, “luta pela existência”, “vontade de
poder”.
133
VONTADE, INSTINTO, DESEJO
▪ Instinto: modo organizado , fixo e complexo de resposta
comportamental de uma dada espécie, que por
intermédio dela, pode melhor sobreviver em seu
ambiente natural; conjunto de respostas e
comportamentos herdados que serve para a adaptação;

▪ Desejo: é um querer, anseio, apetite de consciente ou


inconsciente, que visa algo, que busca satisfação; desejos
são móveis, moldados e transformados de maneira sócio
histórica; é diferente da necessidade (fixa e inata).
134
ATO VOLITIVO OU ATO DE VONTADE
▪ Eu quero x eu não quero;

▪ Processo volitivo: intenção ou propósito, deliberação, decisão e

execução;

▪ Intenção: tendências básicas do indivíduo, inclinações e

interesses; os impulsos e desejos inconscientes exercem


influência sobre o ato volitivo;

▪ Deliberação: ponderação consciente antes da decisão;

▪ Decisão: começo da ação;

▪ Execução: atos psicomotores decorrentes da decisão, realizar e


135
consumar a decisão.
ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO
▪ Hipobulia, atos impulsivos, atos compulsivos,
negativismo, obediência automática, fenômenos do
eco e automatismo;

▪ Hipobulia: diminuição da atividade volitiva; não tem

vontade para nada; desanimado;

▪ Ataraxia: indiferença volitiva buscada ativamente

pelo indivíduo.

136
ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO
▪ Negativismo: é a oposição do individuo às solicitações do meio;

resistência; negação na colaboração das condutas diagnósticas


e terapêuticas; ativo ou passivo;

▪ Obediência automática: oposto do negativismo; obedece


automaticamente como um robô;

▪ Fenômenos do eco: repetição de forma automática de palavras,

gestos ou escrita; perda do controle da atividade voluntária;

▪ Automatismo: pensamentos, representações, lembranças e

comportamentos pouco controlados pela atenção voluntária e


pelos desejos conscientes.
137
ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO
▪ Atos impulsivos: são atos que abolem abruptamente

as fases de intenção, deliberação e decisão em


função tanto da intensidade dos desejos como da
fragilidade psíquica que não reflete ou analisa, parte
direto para execução;

▪ Impulsos patológicos: atos impulsivos nos quais

predominam as ações psicomotoras automáticas,


sem reflexão, ponderação ou decisão prévia;
incontroláveis.
138
ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO
▪ ATO IMPULSIVO caracteriza-se por : ser realizado

sem uma fase prévia de intenção, deliberação e


decisão; ser realizado, de modo geral, de forma
egossintônica (não percebe a inadequação); ser
geralmente associado a impulsos patológicos ou a
baixa tolerância à frustração;

▪O indivíduo dominado pelo ato impulsivo


desconsidera os desejos e necessidades dos
outros. 139
ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO
▪ ATO COMPULSIVO OU COMPULSÃO difere do ato
impulsivo por ser reconhecido pelo indivíduo como
indesejável e inadequado;

▪ Compulsão é geralmente uma ação motora complexa;

▪ Se caracterizam por: vivência frequente de desconforto


subjetivo; ser egodistônico (indesejável); haver tentativa
de “resistir” à realização do ato compulsivo; haver
sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo; estar
associados a ideias obsessivas desagradáveis, tentativa
de neutralizar o pensamento.
140
TIPOS DE IMPULSOS E COMPULSÕES
PATOLÓGICAS
▪ HETERODESTRUTIAS: automutilação, frangofilia
(destruição de objetos), piromania, impulso ou ato
suicida (desejo de se matar);

▪ INGESTÃO DE DROGAS OU ALIMENTOS: dipsomania(

ingestão de grandes quantidade de álcool), bulimia,


potomania (beber água não relacionada a patologias
orgânicas);

141
TIPOS DE IMPULSOS E COMPULSÕES
PATOLÓGICAS
▪ DESEJO E COMPORTAMENTO SEXUAL antiga
perversão sexual: fetichismo (concentração em
partes ou vestimenta), exibicionismo, voyeurismo,
pedofilia, pederastia, gerontofilia, zoofilia, necrofilia,
coprofilia, ninfomania, satiríase, compulsão à
masturbação, compulsão utilizar roupas íntimas do
sexo oposto;

▪ OUTROS: poriomania (ganhar o


mundo),cleptomania, compulsar a comprar.
142
PRAGAMATISMO

▪ Analisa-se se o paciente exerce atividades

práticas como comer, cuidar de sua aparência,


dormir, ter autopreservação, trabalhar,
conseguir realizar o que se propõe e adequar-
se à vida.

143
PSICOMOTRICIDADE
144
PSICOMOTRICIDADE
▪ Todo movimento humano objetiva satisfação de uma

necessidade consciente ou inconsciente;

▪A psicomotricidade é observada no decorrer da


entrevista e se evidencia geralmente de forma
espontânea;

▪ Averígua-se se está normal, diminuída, inibida, agitada,

exaltada, se o paciente apresenta maneirismos,


estereotipais posturais, automatismos , flexibilidade
cérea ou qualquer outra alteração.
145
PSICOMOTRICIDADE ALTERAÇÕES
▪ Agitação psicomotora: aceleração e exaltação de toda

atividade motora;

▪ Lentificação psicomotora: lentificação de toda atividade

psíquica; lenta, difícil, “pesada”;

▪ Estorpor: perda de toda atividade espontânea na

vigência de um nível de consciência aparentemente


preservado e da capacidade sensitivo-motora para
reagir ao ambiente; inclui comunicação verbal e não-
verbal, mímica, olhar, gesticulação e marcha; 146
PSICOMOTRICIDADE ALTERAÇÕES
▪ Catalepsia: acentuado exagero do tônus muscular, com

grande redução da mobilidade;

▪ Flexibilidade cérea: o individuo ou parte de seu corpo é

colocado pelo examinador em determinada posição e o


paciente mantem essa posição, como se fosse um
homem de cera;

▪ Cataplexia: perda abrupta do tônus muscular,


geralmente acompanhada de queda ao chão;
147
PSICOMOTRICIDADE ALTERAÇÕES
▪ Esteriotipias motoras: repetições automáticas e
uniformes de determinado ato motor complexo; repete
mecanicamente o mesmo gesto diversas vezes;

▪ Maneirismos: estereotipia de movimentos bizarros e

repetitivos;

▪ Tiques: atos coordenados, repetitivos, resultantes de

contrações súbitas, breves e intermitentes; acentuam-se


com ansiedade; frequência maior em crianças;
síndrome de Giles de la Tourette; 148
PSICOMOTRICIDADE ALTERAÇÕES

▪ Conversão: surgimento abrupto de sintomas

físicos de origem psicogênica ( paralisias,


anestesias, parestesias, cegueira,etc); após uma
situação estressante. De ameaça ou conflito
intrapsíquico ou interpessoal.

149

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