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Texto 3 – Apologia de Sócrates (Platão):

1) Descreva as etapas do processo penal grego.


R: O processo penal grego iniciava-se no momento que um cidadão alegava ter tido
seus direitos lesados por outro ou, até mesmo, testemunhado um crime. Quando se
constata a ocorrência de alguma das duas possibilidades, abria-se uma denúncia,
especificamente uma peça acusatória, contra o cidadão, o qual supostamente havia
cometido o crime. Em seguida, uma investigação acerca dos fatos era feita para
declarar a existência ou não de indícios para um julgamento. Caso a investigação
produzisse, suficientemente, evidências sobre o crime, fazia-se a acusação perante
o tribunal e o júri. O tribunal era composto por cidadãos atenienses escolhidos por
sorteio, feito de forma aleatória. No julgamento, ambas as partes podiam apresentar
sua versão dos fatos, sua defesa e evidências ante ao júri, ficando à mercê do
mesmo o veredito de culpa ou inocência, realizado através de votação. Na hipótese
do sujeito ser dado como culpado, sua sentença era decidida conforme o delito
cometido, variando em morte ou multa.

2) Descreva os três argumentos da acusação contra Sócrates.


R: Meleto acusou Sócrates de corromper a juventude, com seus ensinamentos de
“razão fraca”, os quais, iam contra as tradições Atenienses e eram considerados
perigosos para a estabilidade social, uma vez que os jovens questionavam e
criticavam a organização da sociedade; outra acusação feita foi a do filósofo ir
contra os deuses gregos, buscando indiscretamente a verdade, não convencendo-
se por dogmas ou crenças nos deuses sem prévia investigação, o que atingia
diretamente a sociedade, visto que o teor religioso se fazia presente na época; e,
por fim, Sócrates foi acusado de hábil orador, devido a sua habilidade retórica e uso
da ironia.

3) Analise os argumentos iniciais da defesa de Sócrates (os acusadores são


mentirosos e retóricos)
R: Os argumentos iniciais da defesa de Sócrates são direcionados à ausência de
veracidade nas alegações de seus acusadores, Meleto, Ãnito e Lição. O filósofo faz
uma crítica acerca, expondo que a acusação proferida a ele é embasada em
mentiras e calúnias, e que seus acusadores usam da retórica para encobrir a
verdade e manipular o público. Além disso, alega uma maior preocupação, por parte
dos acusadores, de vingança pessoal contra ele do que realmente acusaram-no
perante o tribunal: corromper a juventude.

4) Explique o que significa transformar as razões mais débeis em razões mais


fortes.
R: Transformar razões mais débeis em razões mais fortes implica-se na habilidade
de argumentos fracos e sem fundamentação parecerem mais sólidos e
convincentes do que realmente são, através da retórica e persuasão.

5) Explique os motivos que levaram Sócrates a negar que recebe dinheiro e


ensina jovens.
R: O filósofo nega receber dinheiro e ensinar jovens para se defender das
acusações proferidas a ele no julgamento. Sócrates, em sua defesa, argumenta
que, caso recebesse dinheiro para lecionar, seria considerado um profissional da
sofística, os quais cobravam o ensino e eram itinerários em Atenas, contudo, ele
não se considerava um sofista e sim um filósofo em busca da verdade e
conhecimento. Além disso, repelia a ideia de pôr um valor comercial no
conhecimento e tratá-lo como mercadoria, pois acreditava que o mesmo deveria ser
buscado. Ademais, ainda, nega que ensinava a juventude, argumentando que não
era um professor, apenas compartilhava conhecimento aos interessados a ouvir,
independentemente da idade.

6) Descreva as razões do insucesso, pelo menos para Sócrates, do pleito de


Cálias ao tentar educar seus filhos contratando sofistas.
R: Para Sócrates, o método educacional adotado por Cálias, contratando sofistas
para ensinar seus filhos, produzia insucesso e era inadequado, uma vez que, para
ele, um método baseado na persuasão e na retórica, afastado da verdade e do
autoconhecimento, não cultivar a virtude e sabedoria nos jovens.

7) O Oráculo disse que Sócrates era o homem mais sábio de Atenas. Sócrates
tenta desfazer o Oráculo. Como ele o fez?
R: Dado como o homem mais sábio de Atenas por Oráculo e discordando
firmemente disso, Sócrates iniciou uma investigação pela cidade, a qual consistia-se
em pôr em análise, por meio de um exame por ele criado, cidadãos considerados
altamente sábios pelos demais. Ao final deste exame, constatou que esses
cidadãos se passavam por sábios para muitas pessoas e, até mesmo, para si
próprios, todavia não eram. Com o experimento, pode-se concluir que era um pouco
mais sábio que aqueles, os quais, assim, autodeclararam-se, por reconhecerem sua
tamanha ignorância.

8) Explique o que era e como funcionava a maiêutica Socrática.


R: A maiêutica Socrática tem como fundamento a busca por um conhecimento
verdadeiro e coeso, podendo ser alcançado quando o indivíduo passa por um
processo denominado parto intelectual, que visa a construção do conhecimento do
início, através de alguns passos. O primeiro passo, para Sócrates, era identificar a
ignorância, ou seja, o não domínio sólido e consistente de determinado assunto, por
meio de questionamentos sobre ele. Nesta etapa, muitos iniciavam confiantes,
acreditando ter domínio sobre, contudo, à medida que avançava, era possível
detectar um conhecimento frágil e superficial acerca do assunto. No segundo passo,
Sócrates objetivava explorar as crenças do indivíduo sobre aquilo, fazendo-o
questionar logicamente as inconsistências de seu pensamento. Conforme os
questionamentos eram feitos, no terceiro passo, o filósofo buscava despertar no
sujeito o autoconhecimento, para que pudesse refletir suas crenças tendo em vista
sua ignorância sobre. Por fim, após a reflexão e aceitação sobre sua ignorância,
Sócrates guiava-o para a descoberta da verdade, através de seu próprio raciocínio
lógico construído.

9) O que Sócrates atraiu para si ao fazer cumprir o desígnio do deus?


R: Ao cumprir o desígnio do deus, Sócrates atraiu para si discípulos que o
admiravam e o seguiam, devido a sua filosofia diferenciada, que questionava
crenças comuns e buscava a verdade. Em oposição, atraiu inimigos, por desafiar e
questionar a ordem estabelecida, o que incomodava cidadãos guiados pela tradição
em Atenas.

10) Reconstrua os argumentos utilizados por Sócrates para rebater Meleto que
o acusava de corromper os jovens. São dois principais.
R: Ao ser acusado de corromper a juventude com seus ensinamentos, Sócrates
defende-se argumentando que, caso estivesse corrompendo propositalmente os
jovens, a sociedade como um todo estaria sendo deliberadamente prejudicada,
incluindo ele próprio, causando danos aos cidadãos; contudo não estava. “Se
tornar malfazejo alguém do meu convívio, me arrisco a receber dele algum
dano?”. Ademais, o filósofo expõe que, se porventura estivesse corrompendo-os de
maneira involuntária, sem a intenção, não deveria estar ocorrendo aquele
julgamento por lei; ele deveria ser corrigido para não continuar com o ato de
corromper sem a intenção, com lições, não castigo. Neste contexto, ainda, acusa
Meleto de não se importar verdadeiramente com a juventude, uma vez que o
acusador não se incomodou em ajudar Sócrates a melhorar, e sim o trouxe ao
tribunal para ser sentenciado. “Tu, porém, evitaste, não estavas disposto a
ajudar-me com teus ensinamentos e me trouxeste aqui, para onde a lei manda
trazer quem precisa de castigo e não de lições.”.

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