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Filosofia 11ºAno

Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da


Ciência

1. Considere as afirmações seguintes relativas ao conhecimento científico e selecione


a alternativa que o descreve corretamente.
1. O conhecimento científico obedece a um método rigoroso e procura garantir que as
mesmas experiências produzam os mesmos resultados.
2. O conhecimento científico é mediato.
3. O conhecimento científico recorre a uma linguagem rigorosa e ambígua.
4. O conhecimento científico raramente pode ser usado para as questões que surgem
diariamente.
(A) 2 e 3 são verdadeiras; 1 e 4 são falsas.
(B) 2 é verdadeira; 1, 3 e 4 são falsas.
(C) 1 e 2 são verdadeiras; 3 e 4 são falsas.
(D) 1 e 3 são verdadeiras; 2 e 4 são falsas.

2. O conhecimento científico caracteriza-se, entre outros aspetos, por ser:


(A) metódico e subjetivo.
(B) qualitativo e assistemático.
(C) metódico e explicativo.
(D) verdadeiro e definitivo.

3. O conhecimento vulgar distingue-se do conhecimento científico porque:


(A) o primeiro usa uma linguagem rigorosa e o segundo usa uma linguagem simples, que se
adapta ao imediato.
(B) o primeiro tem por base a experiência do quotidiano e o segundo tem por base a
observação rigorosa dos fenómenos.
(C) o primeiro exprime os seus resultados em termos quantitativos e o segundo descreve os
fenómenos qualitativamente.
(D) o primeiro tem um valor predominantemente teórico e o segundo tem um valor
eminentemente prático.

4. O problema da indução prende-se com a questão:


(A) Do que é a indução.
(B) Do que é uma lei científica.
(C) De como é possível a descoberta em ciência.
(D) Da justificação dos enunciados científicos.

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5. A primeira sistematização do método indutivo deve-se a:
(A) David Hume.
(B) Karl Popper.
(C) Galileu Galilei.
(D) Francis Bacon.

6. Considera os seguintes enunciados relativos ao método indutivo.


1. Parte da observação dos fenómenos e faz generalizações.
2. Generaliza a partir das relações observadas entre os fenómenos.
3. Explora várias possibilidades de explicação dos fenómenos.
4. Parte de teorias e não da observação.
Devemos afirmar que:
(A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos.
(B) 1, 2 e 3 são corretos; 4 é incorreto.
(C) 1, 3 e 4 são corretos; 2 é incorreto.
(D) 2 é correto; 1, 3 e 4 são incorretos.

7. Considera as afirmações sobre as críticas à observação no método experimental.


1. A observação é o ponto de partida da ciência e é seletiva.
2. A observação nunca é completamente neutra e objetiva.
3. A observação é completamente objetiva e seletiva.
4. A observação é seletiva e nunca é completamente objetiva.
Devemos afirmar que:
(A) Todas as afirmações são incorretas.
(B) Todas as afirmações são corretas.
(C) 1 e 3 são corretas; 2 e 4 são incorretas.
(D) 2 e 4 são corretas; 1 e 3 são incorretas.

8. De acordo com o método indutivo:


(A) Uma boa teoria deve ser explicativa e preditiva.
(B) Ao registar os dados, o cientista deve ser imparcial e aderir a preconceitos.
(C) A produção científica tem início na formulação de uma hipótese e não na observação.
(D) Uma teoria científica deve ser capaz de explicar exclusivamente os fenómenos passados.

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9. De acordo com o critério de verificação de teorias:
(A) A metafísica também pode ser considerada ciência.
(B) Apenas pode ser considerado ciência o que pode ser verificado empiricamente.
(C) Tudo pode ser verificado empiricamente.
(D) Ser empiricamente verificável é garantia de que a teoria está certa.

10. De acordo com o modelo hipotético-dedutivo:


(A) a observação é a primeira etapa da criação científica.
(B) o ponto de partida para a construção científica é a experimentação.
(C) a formulação de hipóteses é um ato essencialmente criativo.
(D) através da experimentação, o cientista deve procurar verificar a sua hipótese.

11. Os defensores da conceção indutivista de ciência defendem que:


(A) A observação não intervém no desenvolvimento da ciência.
(B) As teorias científicas permitem fazer previsões precisas.
(C) Todo o conhecimento científico é a priori.
(D) Os pressupostos acerca da observação são polémicos.

12. No método experimental tradicional uma hipótese verificada é aquela que:


(A) Foi comprovada pela experiência.
(B) Pode ser comprovada pela experiência.
(C) Tem de ser comprovada pela experiência.
(D) Tem de ser refutada pela experiência.

13. Considere as afirmações que se seguem e selecione a alternativa que as descreve


corretamente.
1. É por indução que se inferem as teorias, a partir dos factos observados.
2. Os cientistas propõem teorias sem se basearem na observação.
3. Os cientistas partem de hipóteses ou conjeturas.
4. O ponto de partida de uma boa teoria é sempre a observação.
(A) Um indutivista aceita apenas 1 e 3.
(B) Um indutivista aceita apenas 2 e 4.
(C) Um indutivista aceita apenas 1 e 4.
(D) Um indutivista aceita apenas 2 e 3.

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14. Um defensor da indução, em resposta ao argumento cético de David Hume, afirma
que:
(A) As inferências indutivas não existem.
(B) As inferências indutivas são fruto do hábito.
(C) As inferências indutivas são infalíveis.
(D) As inferências indutivas são justificáveis.

15. Considere as afirmações seguintes relativas ao papel da verificação no


desenvolvimento científico e selecione a alternativa que o descreve corretamente.
1. Para o verificacionismo, as experiências são um meio de confirmar as hipóteses.
2. De acordo com o critério de verificabilidade, para que uma teoria possa ser considerada
científica, tem de ser composta por proposições observáveis.
3. De acordo com o critério de verificabilidade, para que uma teoria possa ser considerada
científica, tem de ser empiricamente verificável.
4. De acordo com o verificacionismo, alguns dados, como a metafísica, podem carecer de
verificação empírica e ainda assim ser considerados científicos.
(A) 2 e 3 são verdadeiras; 1 e 4 são falsas.
(B) 2 é verdadeira; 1, 3 e 4 são falsas.
(C) 1 e 4 são verdadeiras; 2 e 3 são falsas.
(D) 1, 2 e 3 são verdadeiras; 4 é falsa.

16. Segundo a conceção indutivista do método científico:


(A) O número de casos observados confirma uma hipótese.
(B) O número de casos observados não confirma uma hipótese.
(C) As hipóteses nunca podem ser confirmadas.
(D) As hipóteses não permitem a generalização.

17. Leia o excerto que se segue.


Bertrand Russell, nos Problemas da Filosofia, usou o exemplo de uma galinha que acorda todas
as manhãs pensando que, uma vez que foi alimentada no dia anterior, sê-lo-á mais uma vez
naquele dia. Um dia acorda e o camponês torce- -lhe o pescoço. A galinha estava a usar um
argumento indutivo baseado num grande número de observações. Estaremos a ser tão tolos
quanto esta galinha ao apoiar-nos tão fortemente na indução? Como poderemos justificar a
nossa fé na indução? Este é o chamado problema da indução (…).
Nigel Warburton (1998). Elementos Básicos de Filosofia. Gradiva, p. 174.

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17.1. Esclareça em que consiste o problema da indução identificado no texto.

18. Leia o excerto que se segue.


Os cientistas não começam por fazer observações, começam com uma teoria. As teorias
científicas e as chamadas leis da natureza não aspiram à verdade: ao invés, são tentativas
especulativas de oferecer uma análise de vários aspetos da natureza. São conjeturas:
suposições bem informadas, concebidas para serem melhores do que as teorias anteriores.
Nigel Warburton (1998). Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva.

18.1. Explique por que razão se diz que «as teorias científicas (…) não aspiram à verdade».

19. Leia o texto e responde às questões apresentadas.


A ciência não é um sistema de enunciados certos ou bem estabelecidos, nem é um sistema que
avance continuamente em direção a um estado de finalidade. (…) Ela jamais pode proclamar
haver atingido a verdade ou um substituto da verdade, como a probabilidade. (…) Não sabemos:
só podemos conjeturar. (…) Essas conjeturas ou «antecipações», esplendidamente imaginativas,
são, contudo, cuidadosamente controladas por testes sistemáticos. Uma vez elaborada,
nenhuma dessas «antecipações» é dogmaticamente defendida. O nosso método de pesquisa não
se orienta no sentido de defendê-las para provar que tínhamos razão. Pelo contrário,
procuramos contestar essas antecipações. Recorrendo a todos os meios lógicos, matemáticos e
técnicos de que dispomos, procuramos demonstrar que as nossas antecipações são falsas – a
fim de colocar, no lugar delas, novas antecipações injustificadas e injustificáveis. (…) O avanço
da ciência não se deve ao facto de se acumularem ao longo do tempo mais e mais experiências
percetuais. Nem se deve ao facto de estarmos a fazer um uso cada vez melhor dos nossos
sentidos. (…) Mesmo o teste cuidadoso e sóbrio das nossas ideias, através da experiência, é, por
sua vez, inspirado por ideias: a experimentação é ação planeada, onde cada passo é orientado
pela teoria. (…) Somos sempre nós que propomos questões à natureza; somos nós que
repetidamente procuramos formular essas questões, de modo a provocar um claro «sim» ou
«não» (…); somos nós próprios que, após intenso exame, decidimos acerca da resposta à
indagação que propusemos à natureza – após tentativas longas e sérias de obter dela um
inequívoco «não». (…) O velho ideal científico da episteme – do conhecimento absolutamente
certo, demonstrável – mostrou não passar de um «ídolo». A exigência de objetividade científica
torna inevitável que todo o enunciado científico permaneça provisório para sempre. Pode ele, é
claro, ser corroborado, mas toda corroboração é feita com referência a outros enunciados, por
sua vez provisórios. (…) A visão errónea da ciência trai-se a si mesma na ânsia de estar correta,

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pois não é a posse do conhecimento, da verdade irrefutável, que faz o homem de ciência – o que
o faz é a persistente e arrojada procura crítica da verdade.
Karl Popper (1998). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, pp. 305-308 (adaptado).

19.1. Explique em que consiste o método proposto por Popper.

19.2. Qual o ponto de partida proposto por Popper?

20. Leia o texto e responde às questões apresentadas.


Carla: Imagina que és um cientista que utiliza o método defendido por Popper. Estás
empenhado numa pesquisa sobre determinado problema que interessa à tua área de
investigação. Já sabemos que não começas por fazer observações, começas com uma teoria (a
que é de momento aceite sobre o assunto, por exemplo). No decurso do teu trabalho, fazes
determinadas observações que te chamam especialmente à atenção pelo facto de não se
adequarem exatamente àquilo que era suposto que acontecesse. (…) Que fazes agora?
Marco: Vou fazer testes experimentais para pôr à prova a teoria?
Carla: Exatamente. Recordo-te que, para Popper, as teorias nunca podem ser demonstradas ou
verificadas; são criadas pelos cientistas como tentativas de compreensão racional de vários
aspetos da natureza. As teorias científicas são, portanto, suposições, mas suposições que estão
bem fundamentadas. Popper dá- -lhes o nome de conjeturas.
Marco: Continua…
Carla: Vamos então aos testes. O objetivo destes testes é claro: pôr à prova a teoria, ou seja,
as conjeturas. O que se espera é que os testes venham a detetar as falhas da teoria, isto é, que
as conjeturas sejam refutadas. É por isso que a este processo (através do qual se detetam os
erros de uma conjetura) se dá o nome de falsificacionismo. Marco: E o que é que pode acontecer?
Carla: Uma de duas coisas: ou a conjetura resiste às tentativas de refutação ou não resiste. Mas,
seja qual for o resultado dos testes, será sempre útil à ciência: se for descoberto que a
conjetura tem conteúdos falsos (…), estimulará o aparecimento de uma nova conjetura que
resista melhor às tentativas de refutação (…).
Carlos Café (2001). Eles não sabem que eu sonho.
Um jovem poeta no país da Ciência. Asa, pp. 108-113.
20.1. Qual o objetivo dos testes científicos?

20.2. Como chama Popper às teorias científicas? Porquê?

20.3. Porque é que uma teoria falsificada é sempre útil à ciência?

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21. Leia o texto e responda à questão apresentada.
A esta altura, percebe-se claramente a diferença entre verdade e corroboração. Apreciar um
enunciado, dando-o como corroborado ou não corroborado, é também uma apreciação lógica e,
portanto, intemporal. (…) Entretanto, nunca podemos dizer que um enunciado, como tal, está,
por si mesmo, «corroborado» (no sentido em que podemos dizer que ele é «verdadeiro»). Só
podemos dizer que está corroborado com respeito a algum sistema de enunciados básicos –
sistema aceite até um determinado ponto no tempo. «A corroboração que uma teoria recebeu
até ontem» não é logicamente idêntica à «corroboração que uma teoria recebeu até hoje». Por
isso, devemos colocar um indicador, por assim dizer, em cada apreciação de corroboração –
indicador que caracterize o sistema de enunciados básicos a que a corroboração se associe (por
exemplo, a data da sua aceitação). A corroboração não é, portanto, um «valor de verdade»; não
pode ser colocada a par dos conceitos «verdadeiro» e «falso» (que estão livres de indicadores
temporais).

Karl Popper (1998). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, pp. 302-303 (adaptado).

21.1. Explique o que se entende por corroboração.

22. Leia o texto e responda às questões apresentadas.


Popper pensava que muitas das afirmações da psicanálise eram infalsificáveis neste sentido.
Considerava-se impossível de serem testadas. Por exemplo, se alguém diz que todas as pessoas
são motivadas por desejos inconscientes, não há teste para pôr à prova essa afirmação. Cada
indício, incluindo as pessoas que negam ser motivadas por desejos inconscientes, é, segundo
Popper, apenas visto como mais uma prova de que a psicanálise é válida. O psicanalista dirá: «O
facto de você negar o inconsciente demonstra que tem um forte desejo inconsciente de desafiar
o seu pai». Mas esta afirmação não pode ser testada, pois não existem provas imagináveis que
possam mostrar que é falsa. Por conseguinte, afirma Popper, a psicanálise não é uma ciência.
Não pode dar-nos conhecimento como aquele que nos é fornecido pela ciência. (…) Pelo
contrário, a teoria de Albert Einstein de que a luz era atraída pelo Sol era falsificável. Fez dela
uma teoria científica. Em 1919, as observações da posição aparente das estrelas durante um
eclipse solar não conseguiram refutá-la. Mas poderiam tê-lo feito. A luz das estrelas não era
normalmente visível, mas, sob as raras condições de um eclipse, os cientistas conseguiram ver
que as posições aparentes das estrelas se encontravam onde a teoria de Einstein previa que
estariam. Se tivessem parecido estar noutro ponto, isso teria refutado a teoria de Einstein de
como a luz é atraída por corpos muito pesados. Popper não achava que estas observações
provassem que a teoria de Einstein era verdadeira. Mas a testabilidade da teoria e o facto de os
cientistas poderem mostrar que é falsa contavam a seu favor.

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Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, 2012, pp. 216-217.

22.1. Que critério permite distinguir, segundo Popper, a ciência da não ciência?

22.2. À luz da perspetiva de Popper, a psicologia pode ser considerada ciência? Porquê?

23. Leia o excerto que se segue.


Além disso, também eu sustento que não se pode asseverar que as hipóteses sejam enunciados
“verdadeiros”, mas que são apenas “conjeturas provisórias” (ou algo semelhante) e essa
conceção só pode ser expressa por meio de uma apreciação dessas hipóteses.
Karl Popper (2013). A Lógica da Pesquisa Científica, Cultrix, p. 291.

23.1. Explique o significado do conceito de teoria corroborada e relacione-o com as «conjeturas


provisórias» referidas no texto.

24. Considere o excerto.


Não é tanto o número de casos corroboradores que determina o grau de corroboração, mas sim
a severidade dos vários testes a que a hipótese pode ser e foi submetida. (…) O grau de
corroboração efetivamente alcançado não depende, como é claro, apenas do grau de
falsificabilidade: um enunciado pode ser falsificável em alto grau e, ainda assim, estar
corroborado de maneira apenas superficial (…).
Karl Popper (1998). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, p. 293 (adaptado).

24.1. Explique, justificadamente, o que distingue a corroboração da verdade.

25. Leia o texto seguinte.


Antes de Popper ter começado a escrever sobre o método científico, muitos cientistas e filósofos
pensavam que a forma de fazer ciência era procurar provas que apoiassem as suas hipóteses.
Se eu quisesse provar que todos os cisnes são brancos, faria um grande número de observações
de cisnes. Se todos os cisnes que visse fossem brancos, pareceria sensato concluir que a
hipótese «todos os cisnes são brancos» era verdadeira. Este tipo de raciocínio parte da
afirmação «todos os cisnes que vi são brancos» e conclui que «todos os cisnes são brancos».
Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 214.

25.1. A partir do texto, explicite em que consiste o falsificacionismo, referindo o método e a


importância dos testes na proposta de Karl Popper.

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26. Leia o texto seguinte.
Uma hipótese científica é uma hipótese cuja falsidade pode ser provada: faz previsões que se
podem revelar falsas.
Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 216.

26.1. A partir do texto, explique o critério de demarcação proposto por Karl Popper. Na sua
resposta deves referir: o que o distingue do critério dos positivistas; o que se entende por
critério de demarcação; o critério popperiano de demarcação.

27. Leia o texto seguinte.


A falsificabilidade é um critério de demarcação, mas não de sentido. (…) Entre os enunciados
empíricos que têm sentido, por exemplo, «surgirá no céu uma bola de fogo» e «o cometa Halley
aparecerá no ano de 1986», o primeiro não é falsificável e o segundo, sim; nesta medida, só o
segundo é um enunciado científico. Popper propôs a falsificabilidade como critério de
demarcação depois de afirmar que há uma assimetria lógica entre a verificabilidade e a
falsificabilidade. Um enunciado universal nunca é dedutível a partir dos enunciados singulares,
por muitos que estes sejam (…); mas, em contrapartida, um enunciado singular pode
contradizer um enunciado universal e, portanto, refutá-lo.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 97.

27.1. A partir do texto, mostre em que medida a falsificabilidade é o critério de demarcação de


Popper. Na sua resposta deve referir: o papel do erro no progresso científico; o que separa a
verificabilidade da falsificabilidade.

28. Leia o texto seguinte.


Para Popper (…) a ciência nunca alcança a verdade, mas aproxima-se dela propondo sistemas
hipotéticos complexos, as teorias científicas (…). Os cientistas, a partir desses sistemas
hipotéticos, deduzem consequências que coincidem em grau maior ou menor com a experiência.
Mas as teorias científicas nunca são categóricas, mas sim conjeturais.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 96.

28.1. A partir do texto, discuta a diferença entre verdade e corroboração.

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29. Karl Popper foi crítico em relação:
(A) Ao poder preditivo da indução.
(B) Ao princípio metodológico da falsificação.
(C) À ciência em geral.
(D) À corroboração das teorias.

30. Uma das críticas ao método experimental reside na observação, pois:


(A) Ela é objetiva e seletiva.
(B) Ela é neutra e seletiva.
(C) Ela não é objetiva nem neutra.
(D) Ela não é seletiva nem neutra.

31. O critério de demarcação para Popper é:


(A) A falsidade da teoria.
(B) A falsificabilidade da teoria.
(C) A verificação da teoria.
(D) A verificação da falsidade da teoria.

32. O método de Popper é conhecido como:


(A) Método das conjeturas e verificações.
(B) Método das hipóteses e refutações.
(C) Método das conjeturas e afirmações.
(D) Método das conjeturas e refutações.

33. Considere os seguintes enunciados, relativos ao critério de demarcação proposto


por Karl Popper.
1. Uma teoria científica é falsificável.
2. Uma teoria científica é verificável.
3. Uma teoria científica deve ser refutável.
4. Uma teoria científica não deve ser corroborada.
Karl Popper aceitaria:
(A) 1, 2 e 3 e rejeitaria 4.
(B) 1 e 2 e rejeitaria 3 e 4.
(C) 2 e 4 e rejeitaria 1 e 3.
(D) 1 e 3 e rejeitaria 2 e 4.

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34. O erro, em Popper, tem uma função importante porque:


(A) Permite chegar à verdade.
(B) Evita a verificação da teoria.
(C) Permite a evolução da ciência.
(D) Evita encontrar a certeza.

35. Considere as afirmações que se seguem e selecione a alternativa que as descreve


corretamente.
1. Só as teorias falsificáveis são científicas.
2. A indução faz sentido em ciência.
3. A experimentação não verifica a hipótese.
(A) Popper aceita 2 e 3, mas rejeita 1.
(B) Popper aceita 1, mas rejeita 2 e 3.
(C) Popper aceita 2, mas rejeita 1 e 3.
(D) Popper aceita 1 e 3, mas rejeita 2.

36. Para Popper, a teoria da relatividade de Einstein é:


(A) Uma teoria científica porque é universalmente verdadeira.
(B) Uma teoria científica porque é passível de verificação.
(C) Uma dedução que não pode ser sujeita a testes empíricos.
(D) Uma teoria científica porque até hoje foi corroborada.

37. Segundo o critério de demarcação de Popper, uma teoria científica é aquela que:
(A) Foi falsificada pela experimentação.
(B) Tem de ser falsificável pela observação.
(C) Foi falsificada pela observação.
(D) Tem de ser falsificável pela experimentação.

38. Considere as afirmações que se seguem, sobre a corroboração na teoria de Popper,


e selecione a alternativa que a descreve corretamente.
1. Corroborar um enunciado não confirma a sua veracidade.
2. A corroboração é um valor de verdade.
3. A corroboração está livre de indicadores temporais.
4. Corroboração não é o mesmo que verdade.

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(A) 1, 2 e 4 são verdadeiras; 3 é falsa.
(B) 3 e 4 são verdadeiras; 1 e 2 são falsas.
(C) 1, 3 e 4 são verdadeiras; 2 é falsa.
(D) 1 e 4 são verdadeiras; 2 e 3 são falsas.

39. Para Popper:


(A) É a confirmação que está no centro do método científico.
(B) É a refutação que está no centro do método científico.
(C) É a verificação que está no centro do método científico.
(D) É a experimentação que está no centro do método científico.

40. De acordo com o Karl Popper:


(A) Uma teoria corroborada é uma teoria fortalecida pelas tentativas de falsificação a que foi
sujeita.
(B) Uma teoria corroborada é uma teoria que foi verificada pela experimentação.
(C) Para que uma teoria seja corroborada, deve haver um elevado número de cientistas a
defendê-la.
(D) As teorias nunca são corroboradas.

41. Para Karl Popper:


(A) É possível fazer uma observação fenoménica absolutamente imparcial.
(B) O método indutivo é o único verdadeiramente científico.
(C) Não é possível fazer a verificação definitiva de qualquer teoria científica.
(D) O conhecimento científico depende das revoluções paradigmáticas.

42. Para Popper, o progresso da ciência faz-se:


(A) Por conjeturas e observações.
(B) Por experimentações e verificações.
(C) Por conjeturas e refutações.
(D) Por observações e experimentações.

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43. Considere os enunciados sobre o falsificacionismo.
1. Uma teoria diz-se falsificada quando se provou que é falsa.
2. Um único contraexemplo que negue uma teoria é suficiente para a declarar falsificada.
3. Uma teoria corroborada é uma teoria que é declarada refutada ou falsificada.
4. Uma teoria que passa nos testes de falsificação a que é sujeita diz-se verdadeira.
Deve afirmar-se que:
(A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos.
(B) 1 e 3 são corretos; 2 e 4 são incorretos.
(C) 2 e 4 são corretos; 1 e 3 são incorretos.
(D) 3 e 4 são corretos; 1 e 2 são incorretos.

44. Segundo Popper, as hipóteses científicas são enunciados universais e, como tal,
não podem ser verificadas. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: é impossível falsificar teorias baseadas em casos particulares.
(B) Falsa: Popper foi um crítico da perspetiva indutivista do método científico.
(C) Verdadeira: Popper foi um crítico da perspetiva indutivista do método científico.
(D) Falsa: é impossível verificar todos os casos particulares de um fenómeno.

45. Segundo Popper, acerca das teorias ou hipóteses científicas, a única coisa que os
cientistas legitimamente podem fazer:
(A) É considerá-las verdades que ainda não foram verificadas.
(B) É procurar sujeitá-las a testes que provem a sua veracidade.
(C) É afirmar que, enquanto não forem refutadas, são verdadeiras.
(D) É mostrar ou que são falsas ou que ainda não foi provada a sua falsidade.

46. Para Popper, o que caracteriza as hipóteses científicas é:


(A) A sua irrefutabilidade.
(B) Poderem ser verificadas.
(C) A sua falsificabilidade.
(D) Não poderem ser testadas.

47. De acordo com Popper, a descoberta do erro:


(A) Mostra a verificabilidade da ciência.
(B) É desprezada pelos cientistas.
(C) Mostra a impossibilidade da verdade.
(D) É o motor de progresso científico.

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48. Para Popper, o ponto de partida do trabalho científico:
(A) É a observação.
(B) É o cientista.
(C) É uma teoria.
(D) São os testes.

49. O falsificacionismo considera não científicas:


(A) As teorias impossíveis de falsificar.
(B) As teorias passíveis de falsificação.
(C) As teorias impossíveis de verificar.
(D) As teorias passíveis de verificação.

50. Karl Popper defende uma conceção de ciência que assenta:


(A) Na rejeição completa da indução.
(B) Na rejeição completa da dedução.
(C) Na rejeição completa da procura da verdade.
(D) Na rejeição completa da procura do erro.

51. Karl Popper contribuiu para o desenvolvimento da epistemologia:


(A) Mecanicista.
(B) Positivista.
(C) Evolucionista.
(D) Organicista.

52. Para Popper, a afirmação Todos os mochos piam:


(A) É verificável.
(B) Não é verificável.
(C) Não é falsificável.
(D) É falsa.

53. No método proposto por Karl Popper:


(A) O ponto de partida para a investigação é a constatação de um problema.
(B) Recorre-se à experimentação exclusivamente como forma de comprovar a veracidade das
hipóteses.
(C) A primeira fase é a observação e seguem-se a teoria e a elaboração de experiências no
intuito de falsificar a hipótese.
(D) É defendida uma conceção indutivista da ciência.

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Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da
Ciência

54. De acordo com Karl Popper:


(A) A verificação de teorias permite uma aproximação aleatória à verdade.
(B) A elaboração de hipóteses está associada à capacidade criativa do cientista.
(C) A verdade é um ideal regulador.
(D) Através da falsificação é possível ter a certeza absoluta que uma teoria está correta.

55. Popper defende que, quanto mais falsificável for uma dada proposição, mais
interessante ela é para a ciência. Qual das proposições seguintes é, de acordo com
Popper, mais interessante?
(A) Não existem cisnes negros.
(B) Todos os cisnes são brancos.
(C) Alguns cisnes são negros.
(D) Existem cisnes brancos.

56. Complete as lacunas com as palavras sugeridas no quadro, por modo a que o texto
faça sentido.
• demarcação • indutiva • verdadeiro • negativas • verdadeiras
• falsidade • progresso • verificá-los • corroborada • empírica

Importa acentuar que uma decisão positiva só pode proporcionar alicerce temporário à teoria,
pois subsequentes decisões _________________ (1) sempre poderão constituir-se em motivo
para rejeitá-la. Na medida em que a teoria resista a provas pormenorizadas e severas, e não
seja suplantada por outra, no curso do _________________ (2) científico, poderemos dizer que
ela «comprovou sua qualidade» ou foi «_________________» (3) pela experiência passada.
Nada que lembre a lógica _________________ (4) aparece no processo aqui esquematizado.
Nunca suponho que possamos sustentar a verdade de teorias a partir da verdade de enunciados
singulares. Nunca suponho que, por força de conclusões «verificadas», seja possível ter por
«_________________» (5) ou mesmo por meramente «prováveis» quaisquer teorias. (…) O
critério de _________________ (6) inerente à Lógica Indutiva – isto é, o dogma positivista do
significado – equivale ao requisito de que todos os enunciados da ciência _________________
(7) (ou todos os enunciados «significativos») devem ser suscetíveis de serem, afinal, julgados
com respeito à sua verdade e _________________ (8); diremos que eles devem ser
«conclusivamente julgáveis». Isso quer dizer que a sua forma deve ser tal que se torne
logicamente possível _________________ (9) e falsificá-los. Schlick diz: «(…) um enunciado
genuíno deve ser passível de verificação conclusiva»; Waismann é ainda mais claro: «Se não
houver meio possível de determinar se um enunciado é _________________ (10), esse

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Ciência
enunciado não terá significado algum, pois o significado de um enunciado confunde-se com o
método de sua verificação».
Karl Popper (1972). A Lógica da Pesquisa Científica. Cultrix, pp. 34-42.

57. Leia o texto seguinte.


Assuma-se que as crises são uma pré-condição necessária para a emergência de novas teorias e
perguntemos de seguida como lhes reagem os cientistas. Parte da resposta, tão óbvia quanto
importante, pode ser descoberta se procurarmos perceber o que os cientistas nunca fazem
quando confrontados com anomalias, mesmo quando sérias e duradouras. Embora possam
começar por perder a sua fé e começar a considerar alternativas, eles não renunciam ao
paradigma que os conduziu à crise. Quer dizer, eles não olham para as anomalias como
contraexemplos, apesar de ser isso mesmo que, no vocabulário da filosofia das ciências, estas
são.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 115-119.

57.1. Tendo em conta o texto, explique por que razão podemos afirmar que o cientista é
dogmático na defesa do seu paradigma?

58. Leia, com atenção, o texto seguinte.


São episódios – exemplificados nas suas formas mais extremas e facilmente reconhecidas pelo
advento do copernicanismo, darwinismo ou einsteinianismo – em que uma comunidade científica
abandona o caminho, outrora venerado, de olhar para o mundo e de exercer a ciência a favor de
outra abordagem da sua disciplina, em geral incompatível. (…) Ao contrário de uma impressão
dominante, a maior parte das novas descobertas e teorias nas ciências não são meras adições
ao lote existente de conhecimentos científicos. Para os assimilar, o cientista deve em geral voltar
a arrumar o equipamento intelectual e manipulativo em que confiara anteriormente, descartando
alguns elementos da sua crença e prática anteriores até encontrar novos significados e novas
relações entre muitos outros. Visto que o antigo precisa de ser reavaliado e reordenado quando
se assimila o novo, a descoberta e a invenção nas ciências são em geral intrinsecamente
revolucionárias. (…) Quase nenhuma das investigações empreendidas, mesmo pelos maiores
cientistas, está projetada para ser revolucionária e muito poucas têm quaisquer consequências.
Pelo contrário, a investigação normal, mesmo a melhor, é uma atividade altamente convergente
baseada firmemente num consenso estabelecido, adquirido na educação científica e reforçado
pela vida subsequente na profissão. É típico que esta investigação convergente ou de consenso
limitado desemboque por fim na revolução. Então, as técnicas e crenças tradicionais são
abandonadas e substituídas por outras novas. Mas as alterações revolucionárias de uma tradição

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Ciência
científica são relativamente raras, e os períodos extensos de investigação convergente são os
preliminares necessários para que apareçam.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, p. 277.

58.1. A partir do texto, explicite o conceito de revolução científica.

59. Leia o texto seguinte e responda à questão colocada.


Começarei por perguntar: quais são as características de uma boa teoria científica? Entre muitas
das respostas usuais, selecionei cinco, não porque sejam exaustivas, mas porque são
individualmente importantes e em conjunto suficientemente variadas para indicar o que está em
jogo. Em primeiro lugar, uma teoria deve ser exata: quer dizer, no seu domínio, as
consequências deduzíveis de uma teoria devem estar em concordância demonstrada com os
resultados das experimentações e observações existentes. Em segundo lugar, uma teoria deve
ser consistente, não só internamente ou com ela própria, mas também com outras teorias
correntemente aceites e aplicáveis a aspetos relacionados da natureza. Terceiro, deve ter um
longo alcance: em particular, as consequências de uma teoria devem estender-se muito para
além das observações, leis ou subteorias particulares, para as quais ela estava projetada em
princípio. Quarto, (…) deve ser simples, ordenando fenómenos que, sem ela, seriam
individualmente isolados e, em conjunto, seriam confusos. Quinto, (…) uma teoria deve ser
fecunda quanto a novas descobertas de investigação: deve desvendar novos fenómenos ou
relações anteriormente não verificadas entre fenómenos já conhecidos. Estas cinco
características – exatidão, consistência, alcance, simplicidade e fecundidade – são todas elas
critérios padronizados para a avaliação da adequação de uma teoria. Juntamente com outras do
mesmo género, elas fornecem a base partilhada para a escolha teórica.
Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, p. 385.

59.1. Apresente a resposta de Kuhn à pergunta que abre o texto.

60. Leia o texto seguinte e responde à questão colocada.


Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens comprometidos
completamente com a mesma lista de critérios para escolha podem, contudo, chegar a
conclusões diferentes. Talvez interpretem a simplicidade de maneira diferente ou tenham
convicções diferentes sobre o âmbito de campos em que o critério de consistência se deva
aplicar. Ou talvez concordem sobre estas matérias, mas difiram quanto aos pesos relativos a ser
acordados a estes ou a outros critérios (…). Quer dizer, há que lidar com características que
variam de um cientista para outro sem com isso arriscar minimamente a sua adesão aos

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Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da
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cânones que tornam científica a ciência. Embora tais cânones existam e devam ser descobertos
(…), não são por si suficientes para determinar as decisões dos cientistas individuais. (…)
Algumas das diferenças que tenho em mente resultam da experiência anterior do indivíduo como
cientista. Em que parte do campo trabalhava ele, quando se confrontou com a necessidade de
escolher? Por quanto tempo trabalhou nele; qual foi o seu êxito; e quanto do seu trabalho
dependeu de conceitos e técnicas impugnados pela nova teoria? (…) Alguns cientistas põem
mais ênfase do que outros na originalidade e têm mais vontade, portanto, em tomar riscos;
alguns cientistas preferem teorias compreensivas, unificadas para soluções de problemas exatos
e pormenorizados de alcance aparentemente mais restrito. Fatores diferenciadores como estes
são descritos pelos meus críticos como subjetivos, e são postos em contraste com os critérios
partilhados ou objetivos de onde parti. (…) O meu ponto é, portanto, que toda a escolha
individual entre teorias rivais depende de uma mistura de fatores objetivos e subjetivos, ou de
critérios partilhados e individuais.
Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, pp. 388-389.

60.1. Em que medida os fatores subjetivos se relacionam com os fatores objetivos?

61. Considere o texto e responde às questões que se apresentam de seguida.


Do mesmo modo, a ciência normal consagra uma boa parte dos seus esforços à resolução de
puzzles, quer dizer, problemas difíceis de enfrentar, mas que em princípio podem ter solução,
segundo os critérios de plausibilidade que um paradigma estabelece sempre. (…) As etapas de
ciência normal caracterizam-se precisamente pelo facto de nelas se dedicar muitíssimo tempo e
esforço à tentativa de solucionar problemas de pouca relevância, mas que têm sentido profundo
no interior do paradigma. Seja como for, em qualquer etapa de ciência normal existem
numerosas anomalias, quer dizer, factos que de maneira alguma são explicáveis no quadro
conceptual do paradigma e que até mesmo o contradizem.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 122.

61.1. Os puzzles que o cientista resolve em ciência normal são:


(A) Problemas fáceis de enfrentar, mas que não têm solução.
(B) Problemas difíceis de enfrentar, mas que têm solução.
(C) Problemas fáceis de enfrentar, mas que podem ter solução.
(D) Problemas difíceis de enfrentar, mas que podem ter solução.

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Ciência
61.2. O paradigma estabelece sempre:
(A) Os critérios plausíveis para a solução dos puzzles.
(B) As regras aceitáveis para desenvolver as anomalias.
(C) Os critérios aceitáveis para evitar os puzzles.
(D) As regras plausíveis para a conceção das anomalias.

61.3. A procura da solução dos puzzles em ciência normal:


(A) Não tem sentido no interior do paradigma.
(B) Tem sentido no interior do paradigma.
(C) Não tem importância no interior do paradigma.
(D) Tem importância no exterior do paradigma.

61.4. As anomalias que surgem são:


(A) Factos explicáveis pelo paradigma, mas que o contradizem.
(B) Factos inexplicáveis pelo paradigma e que o contradizem.
(C) Factos provados pelo paradigma e que o explicam.
(D) Factos estranhos ao paradigma, mas que o afirmam.

62. Leia o texto seguinte.


Ao longo da sua formação, os cientistas familiarizaram-se com determinadas linguagens e
técnicas cuja eficácia para resolver problemas marcou profundamente o seu modo de considerar
os fenómenos, associando-os ao paradigma vigente na comunidade científica da sua época. (…)
Tudo isso origina uma série de crenças e de hábitos intelectuais comuns a numerosos cientistas,
que, por isso mesmo, formam uma comunidade. Pode haver paradigmas e comunidades rivais,
com as suas lutas em torno do poder académico e científico. A ciência vigente num dado
momento implica a consolidação de um desses paradigmas.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 117.

62.1. A partir do texto, mostre a importância do paradigma para a investigação científica. Na


sua resposta deves referir: o que dá o paradigma à comunidade científica; em que consiste o
trabalho do cientista no âmbito do paradigma; o papel do paradigma.

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Ciência
63. Leia o texto seguinte.
Os cientistas que passaram a vida a trabalhar no interior de um paradigma não costumam
aceitar de bom grado uma maneira diferente de ver o mundo. Quando finalmente mudam para
um novo paradigma, pode então recomeçar um período de ciência normal, desta vez dentro de
um novo quadro de referência. E assim sucessivamente.
Nigel Warburton (2012). Uma Pequena História da Filosofia. Edições 70, p. 218.

63.1. A partir do texto, mostre em que medida ciência extraordinária e crise se encontram
relacionadas na epistemologia de Thomas Kuhn. Na sua resposta deves referir: a relação das
anomalias com o paradigma e a caracterização do momento de crise; a importância da ciência
extraordinária na mudança de paradigma.

64. Para Kuhn, a ciência normal não tem como tarefa:


(A) Determinar os factos significativos no âmbito do paradigma.
(B) Garantir o rigor e a precisão da teoria.
(C) Descobrir novos factos e inventar novas teorias.
(D) Estabelecer a concordância dos factos com a teoria paradigmática.

65. Para Thomas Kuhn:


(A) A evolução científica está associada à adoção de modelos de investigação designados
como paradigmas.
(B) A criação de paradigmas é uma das características do período pré-científico.
(C) Os paradigmas resultam da aplicação do método indutivo.
(D) Um paradigma científico só pode ser alterado quando a ciência alterar o seu objeto de
investigação.

66. Analise as proposições seguintes e escolha a alternativa correta.


(A) O conceito “emergência paradigmática” designa a urgência de encontrar um novo
paradigma em altura de crise.
(B) No período de ciência normal, o paradigma é adotado, não surgindo novas descobertas
científicas.
(C) Os paradigmas são incomensuráveis, porque não é possível compará-los objetivamente.
(D) Para que um paradigma entre em crise, basta que surja uma anomalia.

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Ciência
67. Em relação à objetividade do conhecimento científico, Thomas Kuhn considera que:
(A) se usarmos um critério rigoroso, podemos estar certos de que o novo paradigma é melhor
do que o anterior.
(B) não temos forma de garantir que o novo modelo adotado seja melhor do que o anterior.
(C) podemos considerar que a evolução científica se dá de forma objetiva.
(D) a evolução científica é cumulativa e, por isso, deve ser considerada revolucionária.

68. Kuhn rejeita que:


(A) A ciência progrida por acumulação e sem conflitos.
(B) A evolução do conhecimento científico ocorra por solavancos.
(C) A subjetividade interfira na escolha entre teorias rivais.
(D) A revolução científica trace um abismo entre teorias rivais.

69. A incomensurabilidade que decorre de uma revolução científica revela que:


(A) Os opositores estabelecem pontes de concordância entre si.
(B) O conhecimento científico adquirido é impossível de quantificar.
(C) As anomalias são tantas que se tornam difíceis de quantificar.
(D) A divergência e o conflito radicais são uma marca das revoluções.

70. Segundo Kuhn, os critérios que determinam a escolha de uma teoria científica são:
(A) Objetivos e subjetivos.
(B) Objetivos.
(C) Subjetivos.
(D) Nem objetivos nem subjetivos.

71. Segundo Kuhn, uma teoria simples deve:


(A) Reordenar os fenómenos.
(B) Ordenar as práticas científicas.
(C) Reordenar os problemas a resolver.
(D) Ordenar os fenómenos.

72. Para Kuhn, o longo alcance de uma teoria mede-se:


(A) Pela extensão dos seus problemas.
(B) Pela extensão das suas consequências.
(C) Pela extensão das suas metodologias.
(D) Pela extensão das suas anomalias.

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Ciência
73. Para Kuhn, uma teoria é fecunda quando:
(A) Desvenda novas teorias.
(B) Desvenda novas anomalias.
(C) Desvenda novos fenómenos.
(D) Desvenda novos instrumentos.

74. Na presença de um paradigma, a atividade científica desenvolve-se em três fases:


(A) Fase normal, fase crítica, fase revolucionária.
(B) Fase crítica, fase normal, fase paradigmática.
(C) Fase normal, fase extraordinária, fase paradigmática.
(D) Fase normal, fase extraordinária, fase revolucionária.

75. Considere os enunciados seguintes sobre a perspetiva de Kuhn.


1. A ciência extraordinária pratica-se à margem do paradigma dominante.
2. As anomalias acumuladas podem pôr em causa o paradigma.
3. A pré-ciência corresponde à atividade organizada que precede a formação de uma ciência.
4. Os paradigmas são sempre comparáveis quanto aos seus resultados.
Devemos afirmar que:
(A) 1 e 2 são incorretos; 3 e 4 são corretos.
(B) 3 e 4 são incorretos; 1 e 2 são corretos.
(C) 2 e 3 são incorretos; 1 e 4 são corretos.
(D) 1 e 4 são incorretos; 2 e 3 são corretos.

76. Considere os seguintes enunciados sobre a noção de paradigma.


1. Uma «ciência» que não possui um paradigma não tem direito ao título de ciência.
2. O paradigma vigente serve de base tanto ao cientista da ciência normal como ao da
extraordinária.
3. O paradigma inclui os problemas e as soluções que devem orientar a investigação.
4. O paradigma em vigor começa a ser contestado mal surgem anomalias.
Deve afirmar-se que:
(A) 1 e 2 são corretos; 3 e 4 são incorretos.
(B) 1 e 3 são corretos; 2 e 4 são incorretos.
(C) 2 e 4 são corretos; 1 e 3 são incorretos.
(D) 3 e 4 são corretos; 1 e 2 são incorretos.

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Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da
Ciência
77. Ciência normal é uma expressão que, em Kuhn, designa os momentos da história
da ciência em que não há revoluções ou mudanças de paradigma. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: o período de ciência normal só acontece uma vez.
(B) Falsa: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado.
(C) Falsa: o período de ciência normal só acontece uma vez.
(D) Verdadeira: no período de ciência normal, o paradigma não é questionado.

78. A ciência extraordinária é um período de:


(A) Reajustamento e aprofundamento do paradigma vigente.
(B) Resolução de enigmas, tendo por base o paradigma dominante.
(C) Adoção de um novo paradigma e de abandono do velho paradigma.
(D) Discussão do paradigma vigente em que diminui a confiança neste.

79. Segundo Kuhn, o conhecimento científico não evolui por acumulação de verdades
ou correção de erros. Esta afirmação é:
(A) Verdadeira: só as melhores teorias sobrevivem.
(B) Falsa: só as melhores teorias sobrevivem.
(C) Verdadeira: a ciência progride por revoluções científicas.
(D) Falsa: a ciência progride por revoluções científicas.

80. As anomalias são factos polémicos que:


(A) Conduzem ao abandono do paradigma.
(B) Podem abalar a confiança no paradigma.
(C) São sempre resolúveis no âmbito do paradigma.
(D) Apenas estão presentes nos momentos de crise.

81. Quando certos enigmas que um paradigma não previu são resolvidos segundo a
forma prevista pelo paradigma estamos num período de:
(A) Crise.
(B) Revolução científica.
(C) Ciência normal.
(D) Ciência extraordinária.
82. A tese da incomensurabilidade dos paradigmas significa:
(A) Não ser possível comparar objetivamente dois paradigmas.
(B) Que o novo paradigma é de longe melhor e mais verdadeiro que o anterior.
(C) Que a substituição de um paradigma por outro implica avanço em relação ao anterior.
(D) Que a mudança de paradigmas dá lugar a uma imagem mais objetiva da realidade.

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83. O que leva um cientista a aderir a um novo paradigma são:
(A) Exclusivamente critérios objetivos e universais.
(B) Critérios objetivos, mas também fatores de ordem subjetiva.
(C) Critérios impossíveis de identificar, mas nem subjetivos nem objetivos.
(D) Exclusivamente fatores de ordem subjetiva e individual.

84. Para Thomas Kuhn, a ciência progride por meio de:


(A) Acumulação de conhecimentos.
(B) Eliminação de erros.
(C) Revoluções científicas.
(D) Conjeturas e refutações.

85. Considere os seguintes enunciados relativos à prática de ciência normal.


1. A ciência normal faz-se para derrubar um paradigma e resolver anomalias.
2. A ciência normal faz-se para derrubar um paradigma e resolver puzzles.
3. A ciência normal faz-se para consolidar um paradigma e resolver anomalias.
4. A ciência normal faz-se para consolidar um paradigma e resolver enigmas.

Kuhn afirmaria que:


(A) 1 e 2 são verdadeiros; 3 e 4 são falsos.
(B) 3 e 4 são verdadeiros; 1 e 2 são falsos.
(C) 1 e 3 são verdadeiros; 2 e 4 são falsos.
(D) 2 e 4 são verdadeiros; 1 e 3 são falsos.

86. Para Thomas Kuhn:


(A) É a existência de um paradigma que distingue ciência de não ciência.
(B) É a existência de uma crise que distingue ciência de não ciência.
(C) É a existência de enigmas que distingue ciência de não ciência.
(D) É a existência de um método que distingue ciência de não ciência.

87. O que significa dizer que os paradigmas são incomensuráveis, segundo Thomas
Kuhn?

88. Esclareça em que consiste um paradigma científico, segundo a perspetiva


kuhniana.

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Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da
Ciência
89. Estabeleça a devida identificação entre as afirmações e os conceitos, tendo em
conta que a cada conceito pode corresponder mais do que uma afirmação.
Conceitos Afirmações
1. É a prática científica que articula e desenvolve um
paradigma.
2. Define os problemas e soluções admissíveis na
prática científica normal.
3. Atividade científica que antecede a mudança de
paradigma.
4. Falhanços na prática científica normal.
5. É o conjunto de supostos gerais, leis e técnicas que
as comunidades científicas adotam.
A. Pré-ciência 6. Período em que um novo paradigma se começa a
formar.
B. Comunidade científica 7. É o estado pré-paradigmático de uma ciência.
8. Grupo em que os cientistas se inserem para
C. Paradigma desenvolver o seu trabalho de investigação.
9. O estado em que uma ciência é considerada imatura.
D. Ciência normal 10. Atividade científica que se pratica nos períodos de
crise.
E. Anomalia 11. Distingue a ciência da não ciência.
12. Ciência oposta à ciência normal.
F. Crise 13. Estado que marca a acumulação em grande número
de anomalias não resolvidas.
G. Ciência extraordinária 14. Período de confronto entre paradigmas.
15. Corresponde ao abandono de um paradigma e à
H. Revolução científica adoção de um novo.
16. É a prática científica que entra em rutura com um
paradigma.
17. É a atividade de resolução de problemas dirigida
pelas regras paradigmáticas.
18. Conjunto de cientistas que trabalham de acordo com
um paradigma.
19. É a ciência praticada na maioria do tempo pelos
cientistas.
20. Prática científica que marca o período que sucede à

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Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da
Ciência
assunção de um novo paradigma.

90. Leia o texto, com atenção, e responda à pergunta apresentada.


Pensamos normalmente que uma teoria científica é melhor que as suas predecessoras não só
porque é um instrumento melhor para descobrir e resolver enigmas, mas também porque é de
algum modo uma melhor representação do que é realmente a natureza. Ouve-se
frequentemente dizer que uma teoria que se sucede a outra fica cada vez mais próxima, ou se
aproxima cada vez mais, da verdade. (…) Enquanto historiador dou-me conta da
implausibilidade desta perspetiva. Não duvido, por exemplo, de que enquanto instrumento de
resolução de enigmas, a mecânica de Newton é uma melhoria relativamente à de Aristóteles e
que a de Einstein é uma melhoria relativamente à de Newton. Mas não vejo na sua sucessão um
caminho coerente de desenvolvimento ontológico. Pelo contrário, em certos aspetos importantes,
embora de forma alguma em todos, a teoria da relatividade de Einstein está mais próxima da de
Aristóteles do que qualquer uma delas da de Newton.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, p. 275.

90.1. «Ouve-se frequentemente dizer que uma teoria que se sucede a outra fica cada vez mais
próxima, ou se aproxima cada vez mais, da verdade.» Por que razão, para Kuhn, esta perspetiva
é implausível?
90.2. Contrasta as perspetivas de Kuhn e Popper, a propósito da questão do progresso científico.

91. Leia o texto e responda às questões que se seguem.


Qualquer que seja o nível de genialidade disponível para as observar, as anomalias não
emergem do curso normal da investigação científica enquanto os instrumentos e os conceitos
não se tiverem desenvolvido o suficiente para tornar a sua emergência provável e para tornar a
anomalia que daí resulta reconhecível como uma violação da expectativa. Dizer que uma
descoberta inesperada só começa quando algo sai mal é dizer que ela só começa quando os
cientistas sabem exatamente como é que os instrumentos ou a natureza se deviam comportar.
(…) Embora o conhecimento da anomalia assinale o começo de uma descoberta, só assinala o
início. O que se segue necessariamente, se há algo a descobrir, é um período mais ou menos
longo durante o qual o indivíduo e, amiúde, muitos membros do seu grupo procuram
transformar a anomalia numa regra. Esse período exige invariavelmente observação e
experimentação adicionais e uma reflexão sistemática. Enquanto isto prossegue, os cientistas
revêm permanentemente as suas expectativas, em geral os padrões instrumentais e, por vezes,
também as suas teorias mais fundamentais.

Thomas Kuhn (1989). A tensão essencial. Edições 70, pp. 218-219.

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Ciência
91.1. Qual a atitude do cientista face ao aparecimento das anomalias?
91.2. Quais as condições que permitem o aparecimento das anomalias?

91.3. De acordo com o texto, as anomalias que surgem no período de ciência normal são:
(A) Uma justificação da expectativa.
(B) Uma consequência da expectativa.
(C) Uma previsão da expectativa.
(D) Uma violação da expectativa.

92. Leia o texto e responda às questões que se seguem.


Marco: Segundo Kuhn, a história da ciência é feita de alternâncias entre os períodos de «ciência
normal» e os períodos de «ciência extraordinária». A ciência “normal” é o que acontece
normalmente, a regra, enquanto a «extraordinária» é a exceção. Durante os períodos de ciência
normal, os cientistas resistem à mudança e são conservadores; durante os períodos da ciência
extraordinária (…) põem os antigos paradigmas em causa e procuram teorias novas, de acordo
com o novo paradigma. A estas fases dá-se o nome de «revoluções científicas» (…). Estas
revoluções da ciência são raras; apesar disso, são responsáveis pelos maiores progressos
científicos. Quanto ao modo como progride, podemos dizer que a ciência avança com pequenos
passos nos períodos da «ciência normal» e dá saltos de gigante nos períodos da «ciência
extraordinária».
Tomás: Muito bem, sim senhor!
Cláudia: Só mais uma coisa. Ficou claro porque é que Kuhn não subscreve o método proposto
por Popper, uma vez que, segundo ele, os cientistas não funcionam desse modo. Agora eu
pergunto: qual é o método utilizado pelos cientistas, segundo Kuhn?
Tomás: Kuhn afirma (…) que os cientistas se comportam (…) como aquelas pessoas que se
especializam na resolução de puzzles ou enigmas.
Cláudia: Quer dizer que, para Kuhn, o método científico é um processo de resolução de
puzzles…
Tomás: Exatamente, só que os puzzles são, neste caso, os problemas científicos. Mas a
essência é a mesma: esses problemas específicos dão ao cientista a ocasião e a possibilidade de
pôr à prova a sua habilidade.
Carlos Café (2001). Eles não sabem que eu sonho. Um jovem poeta no país da ciência.
Asa, pp. 126-127.

92.1. Em que difere a postura do cientista em fase de ciência normal e de ciência extraordinária?

92.2. A que correspondem os puzzles na prática de ciência normal?

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Ciência

92.3. Quais as características do progresso científico em ambas as práticas científicas?

92.4. Tendo em conta o modelo proposto por Kuhn, o que conduz a comunidade científica à
prática da ciência extraordinária?

93. Leia o excerto atentamente.


Deste modo começamos com um ponto de partida vago e construímos sobre alicerces inseguros.
Mas podemos progredir: podemos às vezes, após alguma crítica, ver que estivemos errados;
podemos aprender com os nossos enganos, com a compreensão de que fizemos um erro. (…) [O]
nosso ponto de partida é o senso comum e (…) [o] nosso grande instrumento para progredir é a
crítica.
Karl Popper (1975). Conhecimento Objetivo. Itatiaia, pp. 42-43.

93.1. Analise criticamente a perspetiva de Thomas Kuhn acerca da evolução científica.

94. Leia o texto seguinte.


Kuhn sublinhou a enorme importância da história da ciência para a epistemologia. A sua
principal crítica a Popper visou a visão continuísta e cumulativa do progresso científico que
aquele defendeu; pelo contrário, para Kuhn a ciência avança na base de crises e roturas, que
implicam na conceção do mundo mudanças radicais, às quais dá o nome de revoluções
científicas.
Javier Echeverría (2003). Introdução à Metodologia da Ciência. Almedina, p. 116.

94.1. Redija um texto em que mostre o que separa Kuhn de Popper relativamente ao progresso
e objetividade da ciência. Na sua resposta deves referir: a epistemologia evolucionista de Popper;
a incomensurabilidade dos paradigmas; o alcance da verdade em ambos os filósofos.

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Filosofia 11ºAno
Estatuto do Conhecimento Científico: A Racionalidade Científica: O Problema da Evolução da
Ciência
95. Complete as lacunas com as palavras sugeridas, por modo a que o texto faça sentido.
• cientistas • velho • extraordinária • paradigma • crise
• transição • normal • científica • objetivos • métodos

A transição de um ________________ (1) em crise para um novo paradigma do qual uma nova
tradição de ciência ________________ (2) emergirá é tudo menos um processo cumulativo, um
processo alcançado mediante uma reorientação ou extensão do velho paradigma. Ao contrário
disso, trata-se de uma reconstrução do campo de estudos a partir de novos fundamentos, uma
reconstrução que altera algumas das mais elementares generalizações teóricas do campo, bem
como muitos dos seus paradigmas ao nível dos ________________ (3) e aplicações. Durante o
período de ________________ (4) haverá uma justaposição alargada, embora nunca total,
entre os problemas que podem ser resolvidos pelo ________________ (5) e pelo novo
paradigma. Mas existirá também uma diferença decisiva no modo de os resolver. Quando a
transição se completa, os membros da profissão terão alterado o seu conceito do campo de
estudos, dos seus métodos e dos seus ________________ (6). (…) Os ________________ (7)
não passam a ver uma coisa como uma coisa diferente. Em vez disso, eles vêem-na
simplesmente. (…) Estas ideias aqui antecipadas podem ajudar-nos a identificar a
________________ (8) como um prelúdio apropriado à emergência de novas teorias, sobretudo
depois de termos examinado uma versão de pequena escala do mesmo processo, ao discutir a
emergência das descobertas científicas. Sendo que a emergência de uma nova teoria corta com
uma tradição de prática ________________ (9) e introduz uma nova tradição governada por
novas regras e dentro de um novo universo discursivo, é provável que ela ocorra apenas quando
se pressente que a tradição anterior está claramente fora do bom caminho. Esta observação não
é, no entanto, mais do que um prelúdio à investigação do estado de crise, e, infelizmente, as
questões a que ela nos leva requerem mais a competência do psicólogo do que a do historiador.
A que se assemelha a ciência ________________ (10)? Como ganha a anomalia contornos
normativos? Como trabalham os cientistas quando sabem apenas que algo está errado a um
nível fundamental, nível esse para o qual não estão preparados pela educação que receberam?
Estas questões têm de ser muito mais investigadas, e essa investigação não deve ser
meramente histórica. (…) É frequente que um paradigma emerja, pelo menos em embrião, antes
que uma crise se desenvolva muito ou que seja explicitamente identificada.
Thomas Kuhn (2009). A estrutura das revoluções científicas. Guerra & Paz, pp. 124-126.

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Ciência
96. Assinale com V as afirmações verdadeiras e com F as falsas.
A. Kuhn é um crítico do método de Popper.
B. Para Kuhn, a ciência progride por acumulação de conhecimentos e não por saltos bruscos,
como em Popper.
C. Em ciência normal o conhecimento é cumulativo.
D. Um paradigma é um modelo para fazer ciência e um modo de ver o mundo.
E. O modelo astronómico de Copérnico é um bom exemplo de paradigma.
F. A ciência normal é a que se pratica no contexto de um paradigma, tal como acontece com a
ciência extraordinária.
G. As anomalias são problemas mal resolvidos.
H. O cientista, na prática da ciência normal, resolve problemas para os quais já conhece os
procedimentos a seguir.
I. Pela prática da ciência normal o cientista procede a reajustamentos do paradigma.
J. Para Kuhn, o cientista acredita piamente no paradigma.
K. Anomalias acumuladas conduzem, mais tarde ou mais cedo, à crise paradigmática.
L. Para a crise paradigmática não conta o grau das anomalias acumuladas, mas apenas, o seu
número.
M. A crise do paradigma abre o caminho à revolução científica.
N. Dizer que os paradigmas são incomensuráveis significa afirmar que não servem de critério
para se avaliarem mutuamente.
O. A evolução da ciência é, para Kuhn, descontínua.
P. Tal como para Popper, também para Kuhn a eliminação dos erros aproxima-nos da verdade.
Q. Para Kuhn, quando se trata de escolher entre teorias, há que ter em conta critérios
subjetivos.
R. Um dos critérios objetivos da escolha entre teorias é a simplicidade das teorias em questão.
S. Dizer que uma teoria é consistente significa dizer que ela não apresenta incoerências
internas.
T. Kuhn e Popper concordam que a ciência não é objetiva.

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