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Sumário

EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS ........................................................................................ 6

AVALIAÇÃO DO PACIENTE NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA .................................. 7

EMERGÊNCIA E URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA .................................................................. 13

FATORES DESENCADEANTES PARA UM COMPORTAMENTO AGRESSIVO .......... 40

ATENDIMENTOS DE EMERGÊNCIA ................................................................................. 41

ABORDAGEM INICIAL JUNTO AO PACIENTE................................................................ 41

OBSERVAÇÃO DO DOENTE MENTAL ............................................................................. 42

ATENÇÃO ............................................................................................................................... 44

MEMÓRIA ............................................................................................................................... 45

SENSOPERCEPÇÃO .............................................................................................................. 46

ALUCINAÇÕES ...................................................................................................................... 46

ILUSÃO ................................................................................................................................... 47

SENSAÇÃO DE ESTRANHEZA ........................................................................................... 48

TRANSFORMAÇÃO CORPORAL ........................................................................................ 49

IMAGINAÇÃO ........................................................................................................................ 50

FABULAÇÃO ......................................................................................................................... 50

MITOMANIA .......................................................................................................................... 50

PENSAMENTO ....................................................................................................................... 51

ORIENTAÇÃO ........................................................................................................................ 52

INSTINTO ............................................................................................................................... 53

INTELIGÊNCIA ...................................................................................................................... 54

JULGAMENTO ....................................................................................................................... 54

SENSO ÉTICO ........................................................................................................................ 55


AFETIVIDADE ....................................................................................................................... 55

EMOTIVIDADE ...................................................................................................................... 55

CONSCIÊNCIA ....................................................................................................................... 55

ESQUIZOFRENIA .................................................................................................................. 56

EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................................. 57

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS .......................................................................................... 57

SINTOMAS ............................................................................................................................. 58

SINTOMAS NEGATIVOS ...................................................................................................... 58

TIPOS DE ESQUIZOFRENIA ................................................................................................ 59

TRATAMENTO ...................................................................................................................... 62

TRANSTORNOS DO HUMOR .............................................................................................. 62

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR ................................................................................... 63

MANIA .................................................................................................................................... 64

HIPOMANIA ........................................................................................................................... 65

DEPRESSÃO ........................................................................................................................... 66

DEPRESSÃO E TRISTEZA .................................................................................................... 67

TRATAMENTO DO QUADRO DEPRESSIVO .................................................................... 68

TRATAMENTO DA HIPOMANIA E MANIA ...................................................................... 69

TRANSTORNOS ALIMENTARES ........................................................................................ 69

BULIMIA ................................................................................................................................. 70

ANOREXIA ............................................................................................................................. 71

PERFIL DA PESSOA COM ANOREXIA E BULIMIA ........................................................ 72

TRANSTORNO DO COMER COMPULSIVO ...................................................................... 73

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO ..................................................................... 74


TRANSTORNOS ANSIOSOS ................................................................................................ 75

FATORES QUE DESENCADEIAM A ANSIEDADE ........................................................... 75

SINTOMATOLOGIA .............................................................................................................. 76

AGITAÇÃO MOTORA ........................................................................................................... 77

ANSIEDADE FISIOLÓGICA ............................................................................................. 78

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA ......................................................... 79

TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS ...................................................................................... 84

DEPENDÊNCIA QUÍMICA ................................................................................................... 86

DROGA .................................................................................................................................... 87

CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO DE DROGAS...................................................................... 90

ANFETAMINAS ..................................................................................................................... 91

TRANSTORNO MENTAL ORGÂNICO ............................................................................... 93

ESQUIZOFRENIA .................................................................................................................. 94

TIPOS DE ESQUIZOFRENIA ................................................................................................ 98

EMERGÊNCIAS ASSOCIADAS AO ÁLCOOL E A DROGAS DE ABUSO .................... 104

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS .................. 118

DEPENDÊNCIA ÀS DROGAS NA ADOLESCÊNCIA ...................................................... 119

NÍVEIS DE PREVENÇÃO ................................................................................................... 120

OPIOIDES .............................................................................................................................. 121

CLASSIFICANDO AS SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS .............................................. 123

TRANSTORNO DISSOCIATIVO ........................................................................................ 126

AMNÉSIA DISSOCIATIVA ................................................................................................. 127

DESPERSONALIZAÇÃO / DESREALIZAÇÃO ................................................................ 129

TRANSTORNO DISSOCIATIVO SENSITIVO .................................................................. 133

ALEXITIMIA NA POLÍTICA E NO CRIME ...................................................................... 135


REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 138
EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

“É vivenciando internamente a crise que o sujeito cria condições de transcendê-


la: é preciso trazer o caos dentro de si para fazer nascer a estrela bailarina”. (F. W.
Nietzsche).
A emergência psiquiátrica caracteriza-se por alguns sintomas distintos, ou seja,
alteração no pensamento, sentimento ou comportamento para as quais se faz necessária
intervenção imediata, por representar risco significativo para os pacientes ou para
terceiros. Esse distúrbio afeta o pensamento, tornando o paciente incapaz de lidar com
as situações da vida.
É um fato imprevisto que necessita de uma intervenção imediata. A Emergência
Psiquiátrica é um conjunto de interesses afetivos e práticos constantes, em que o
paciente e sua crise são uma totalidade e não uma parte. É importante determinar se o
paciente está, atualmente, sobre tratamento psiquiátrico, de modo que possa ser feito o
contato com o terapeuta ou médico que o atenda.
A oportunidade proporcionada pela crise pode facilitar o crescimento e a
percepção do paciente, o que não seria possível se a crise não tivesse ocorrido. Os
principais objetivos de um atendimento emergencial, são:

• Estabilização do quadro em que o paciente se encontra;


• Estabelecer uma hipótese diagnóstica, caso o paciente não tenha
história pregressa;
• Excluir causas orgânicas;
• Encaminhamento do paciente.

Para que os objetivos sejam alcançados, ou seja, para que tudo ocorra de uma
forma muito rápida e eficaz é necessária uma boa relação terapêutica
médico/psiquiatra/paciente, já que o próprio ambiente não é propício, pois um ambiente
emergencial dificulta a boa relação em razão de:
• Ansiedade do profissional ali envolvido e do paciente;
• Superlotação;
• Diversidade de patologias.

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Podemos adotar algumas medidas para aproximar o paciente do médico
examinador, para que haja uma melhora na avaliação:

• Realizar perguntas que aproximem o paciente do examinador, exemplo:


“como posso ajudá-lo?”;
• Estabelecer metas de avaliação;
• Conhecer a vida pregressa do paciente;
• Não se “projetar” com o paciente, ou seja, paciente que apresenta um
quadro de irritabilidade pode transferi-la facilmente para o examinador, como exemplo:
“caso eu seja internado irei processá-lo”.

Filme “Bicho de Sete Cabeças”.

AVALIAÇÃO DO PACIENTE NA EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA

Anamnese

7
<http://www.neotecnologis.blogspot.com>.

A avaliação do paciente em crise não difere da avaliação convencional, mas


devemos ficar atentos, por ser uma avaliação emergencial dentro de um contexto
psiquiátrico o cuidado deve ser redobrado para que não haja risco para o paciente e nem
para os demais. O relacionamento entrevistador/entrevistado vai depender muito da
comunicação verbal e não verbal, ou seja, depende da empatia entre ambos, isso
influencia diretamente no que o paciente diz ou não diz.
É de extrema importância ser franco, honesto, nunca se deve enfrentar o paciente
direta ou indiretamente por meio da equipe e nem tomar atitudes punitivas. Os
diagnósticos que estão ligados diretamente à heteroagressividade ou a autolesão são, na
grande maioria, os distúrbios psicóticos e orgânicos.

GRÁFICO DEMONSTRANDO HETEROAGRESSIVIDADE E SUAS


PATOLOGIAS

8
O examinador precisa diferenciar causas orgânicas das causas funcionais, pois
algumas causas orgânicas podem ser facilmente confundidas com transtornos
psiquiátricos. Não podemos avaliar somente a parte psiquiátrica. Pacientes, moradores
de rua e etilistas apresentam risco para algumas doenças:

• Carência de vitaminas; Tuberculose;


• Síndrome da Deficiência Adquirida;
• Gravidez precoce, “principalmente em moradores de rua”.

Determinar se o paciente está ou não psicótico é de extrema importância para


uma boa avaliação, além de definir a gravidade dos sintomas e o grau de perturbação do
paciente com esses recursos, pois a chance de conduzir a avaliação até o final é maior.

Fatores de Risco

9
http://www.saude.hsw.uol.com.br

Os fatores que aumentam a probabilidade de um ataque de violência incluem:

1. Agitação psicomotora;
2. Intenção declarada de um plano específico, ou seja, disponibilidade de
meios para violência,
3. Sexo masculino; Pouca idade (entre 15 e 24 anos);
4. Baixa situação socioeconômica;
5. Fraco sistema de apoio familiar e de amigos;
6. História de tentativas de suicídio e estressores recentes.

História de comportamento violento pregresso é um dos melhores indicadores de


uma autoagressão, incluindo o suicídio e a heteroagressividade.

Outros sinais incluem:

1. Atos de violência recente;


2. Dentes e punhos cerrados;
3. Ameaças verbais;
4. Portar armas ou objetivos potencialmente utilizáveis como armas
(talheres, cinzeiros);

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5. Agitação psicomotora (que é considerado um importante indicador, pois
quase sempre precede atos violentos);
6. Intoxicação;
7. Delírios paranoides;
8. Alucinações de comando.

Manejo

O medida mais importante frente a uma avaliação de emergência psiquiátrica é a


autoproteção e proteger o paciente de todos ao redor, evitando qualquer tipo de dano
físico ou psicológico. É preciso ter em mente que há sempre risco para a violência. Não
deixe se surpreender por um “ataque”, súbito, nem se coloque em uma situação na qual
possa ser facilmente agredido, nunca avalie um paciente em uma sala pequena de costas
para a parede, deixe que o paciente fique voltado para a parede e o examinador para a
porta, no caso de agressão, terá como sair com maior facilidade.
A distância ideal para a avaliação é sempre de um braço, nunca chegue muito
próximo do paciente, independentemente da patologia, pois o mesmo pode sentir-se
ameaçado e agredir o examinador. Durante a avaliação, o examinador deve incluir sinais
vitais do paciente e avaliação física cefalocaudal.

Comportamento Suicida

11
http://www.jorgealbertorj.blogspot.com

O comportamento suicida é todo o ato pelo qual um indivíduo causa lesão contra
si mesmo, independente do grau e da intensidade da mesma. A Organização Mundial da
Saúde (OMS, 1996) define o suicídio como “a partir de um pensamento de
autodestruição, passando por ameaças, gestos, tentativas de suicídio e, finalmente, o
suicídio”.

Epidemiologia

Segundo a (OMS, 2003), o número de pessoas mortas por suicídio foi de 900 mil
pessoas na faixa etária de 15 a 35 anos. O suicídio está entre as três maiores causas de
morte global.

Aspectos Psicossociais

Não é fácil saber, ao certo, quantas pessoas que tentam suicídio têm ou não
problema psiquiátrico, pois a estimativa depende muito do momento em que a pesquisa
foi realizada.

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Os diagnósticos mais frequentes no caso de suicídio são:

• Transtorno de personalidade;
• Depressão;
• Alcoolismo.

Risco de Suicídio

FONTE: <http://www.iconocast.com>.
Segundo Morgan (1990), os indivíduos que estão mais propensos ao suicídio são
os que apresentam transtornos mentais, depressão (50% dos casos), esquizofrenia,
álcool, droga e uso de outras substâncias psicoativas.

EMERGÊNCIA E URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA

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FONTE: http://www.brissoslino.wordpress.com

Emergência – distúrbio de pensamento, sentimentos ou ações que envolvem


risco de vida ou risco social grave, necessitando de intervenções imediatas e inadiáveis
(tempo medido em minutos ou horas). Exemplos comuns incluem: violência, suicídio
ou tentativa de suicídio, estupor depressivo, excitação maníaca, automutilação, juízo
crítico acentuadamente prejudicado e severo e autonegligência.

Urgência – a situação implica riscos menores que necessitam de intervenções


em curto prazo (tempo medido em dias ou semanas). Alguns exemplos são
comportamentos bizarros, quadros agudos de ansiedade, síndromes conversivas, entre
outros.

Eletistas – a rapidez da internação não é um critério essencialmente importante.


São exemplos de ansiedade leve, distúrbios de relacionamento interpessoal, informações
sobre medicações e fornecimento de receitas.

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OBJETIVOS DE UM ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA

http://www.click21.mypage.com.br

1. Estabilizar o quadro;
2. Estabelecer uma hipótese diagnóstica;
3. Excluir uma causa orgânica;
4. Fazer encaminhamento.

MEDIDAS PARA APROXIMAR O PACIENTE DO EXAMINADOR

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http://www.portaldacoluna.com.br

1. Conectar-se com o fato do paciente;


2. Esclarecer os objetivos da avaliação;
3. Conhecer o contexto do paciente;
4. Não se identificar com os sentimentos do paciente.

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS

DOR TORÁCICA

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http://www.apucarana.pr.gov.br

Uma das queixas mais frequentes e preocupantes para os profissionais da área da


saúde e para o próprio paciente, tanto no pronto-socorro como nos consultórios
médicos, é a dor torácica. É preciso diferenciar dor torácica de origem cardíaca de
outras causas não cardíacas, uma vez que um grande número de diagnósticos
diferenciais torna-se necessário.

Causas de Dor Torácica

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FONTE: http://www.scielo.br

Pericardite aguda

http://www.musc.edu

Geralmente pacientes portadores de pericardite aguda referem-se a muita dor


torácica que irradia para o dorso, pescoço e ombros, piorando quando inspira
profundamente. Quando se encontra sentado e em posição inclinada o paciente refere
melhora significativa.

Tromboembolismo pulmonar

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FONTE: http://www.catalog.nucleusinc.com

O tromboembolismo pulmonar representa uma das causas mais comuns de dor


torácica e não são diagnosticadas nas unidades de emergência.

O paciente apresenta o seguinte quadro:

• Hemoptise;

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• Fadiga;
• Síncope;
• Dispneia;
• Cianose e até parada cardíaca.

Pneumotórax

FONTE: http://www.drpereira.com.br>.

Pacientes com pneumotórax têm dor torácica de forma repentina.

O paciente apresenta o seguinte quadro:

• Ausência de murmúrio vesicular;


• Aumento do volume torácico;
• Taquicardia;
• Dispneia.

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Dissecção aórtica

FONTE: <http://www.sbccv.org.br>.

Geralmente pacientes referem algia torácica, como se estivesse “rasgando” o


peito.
Vários são os fatores de risco:

• Hipertensão arterial;
• Idade avançada;
• Arteriosclerose;
• Doença do tecido conjuntivo.

A taxa de mortalidade é alta e é preciso realizar o controle da pressão arterial e


realizar avaliações cirúrgicas periódicas.

Pneumonia

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28

FONTE: <http://www.fisiorespiratoria.com.br>.

Devido à pneumonia, o paciente pode ter um variado quadro de sinais de


sintomas, desde uma pneumonia simples até uma infecção generalizada (sepse). O
quadro clínico é caracterizado por:

→ Febre;
→ Calafrios;
→ Mialgia;
→ À ausculta pulmonar apresenta: murmúrio vesicular diminuído com
estertores subcreptantes;
→ Tosse produtiva.

TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS

22
FONTE: http://www.consciencianodiaadia.com>.

Os transtornos psiquiátricos são responsáveis por 10% das causas de dor torácica
nos serviços de pronto-atendimento são eles:

• Transtorno de Ansiedade;
• Síndrome do Pânico;
• Depressão.

O paciente pode apresentar o seguinte quadro clínico:


• Dor torácica;
• Sudorese;
• Taquicardia;
• Palpitações;
• Náuseas; Dispneia;
• Tontura
• Parestesias.

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GASTRITE, ESOFAGITE E ÚLCERA

FONTE: http://www.docelimao.com.br

Essas doenças do aparelho digestivo costumam causar:

• Azia: queimação no estômago;


• Pirose: queimação no centro do tórax, no trajeto do esôfago;
• Dor de estômago;
• Plenitude pós-prandial;
• Náuseas; Vômitos.

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O paciente costuma apresentar desconforto ao alimentar-se e quando encontra-se
em repouso. A ingesta de álcool pode agravar bastante o quadro. A duração pode variar,
permanecer minutos ou horas. A gastrite e a úlcera são comuns e tendem a piorar o
sintoma com a palpação na região epigástrica.

DOR MUSCULAR

FONTE: http://www.afh.bio.br

A dor muscular pode ter origem em um dos lados do corpo, ou seja, no


hemitórax, quando o paciente apresenta-se em repouso por um período de longa
duração; a dor pode piorar ao respirar, movimentar-se ou à palpação torácica, podendo
haver antecedente de trauma muscular ou torácico.

DOR ÓSSEA

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FONTE: <http://www.iafortopedia.com.br>.

Este tipo de dor geralmente é localizada, apresenta-se ao repouso, respiração,


movimentação exagerada ou palpação torácica. Pode ter ou não antecedentes de trauma
ou osteoporose, o que torna os ossos mais frágeis.

INVESTIGAÇÃO DA DOR TORÁCICA

26
FONTE: Assistência Cirúrgica Intensiva – American College Of Surgeons.

Para que se tenha uma base correta, ou seja, um diagnóstico preciso da causa da

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dor torácica é necessário uma boa avaliação clínica, ou seja, uma excelente anamnese
contemplando todas as etapas. O auxílio do diagnóstico pode ser confirmado com
exames complementares, por exemplo: exame de sangue, radiografia de tórax,
eletrocardiograma, ecocardiograma, tomografia computadorizada de tórax, teste de
esforço, cineangiocoronariografia, cateterismo cardíaco, angiotomografia da aorta, entre
outros.

SÍNDROME DE TIETZE

FONTE: http://www.clinicaverri.blogspot.com

A Síndrome de Tietze é caracterizada por um processo inflamatório da


aponeurose de uma costela com o osso esterno, causando dor localizada na região
torácica ao repouso, piorando com a respiração e palpação do local.
HERPES ZOSTER

28
FONTE: http://www.amazon.com>.

O Herpes Zoster é uma doença que causa inflamação nos nervos do tórax,
causando neurite. A dor localiza-se no trajeto do nervo, em forma de queimação, que se
apresenta quando o paciente encontra-se em repouso de duração prolongada. O local
afetado costuma ficar muito sensível ao toque, podendo causar dúvidas ao ser
diagnosticado no momento em que antecede o aparecimento de erupção cutânea com
pequenas bolhas, no percurso do nervo, que são típicas da doença.

ÉTICA NAS EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

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FONTE: http://www.rogeliocasado.blogspot.com>.

Pode-se dizer que os grandes desafios bioéticos da emergência psiquiátrica (EP)


se manifestam por tensão entre a observância dos princípios da autonomia e da
beneficência, visto que muitas vezes os pacientes, em função de sua condição psíquica,
desejam realizar claramente atos prejudiciais a si ou a outros. Em alguns destes casos
restrição da autonomia pessoal em nome da beneficência são eticamente permissíveis.
As maiores dificuldades com as quais irá se deparar o psiquiatra diz respeito aos
casos de justa causa para quebra da confidencialidade. É necessário que se realize um
juízo de valor prévio para que se possa aquilatar se determinada causa é “justa”, ou seja,
se é moralmente suficiente para respaldar a inobservância de um preceito ético
fundamental para a profissão médica, o da manutenção do sigilo das informações
prestadas pelo paciente.

A QUESTÃO DO RISCO

De acordo com as normas legais brasileiras (Lei Federal nº 10.216/01, Portaria


MS/GM, nº 2.391/02, e as diversas leis estaduais sobre a reforma da atenção
psiquiátrica). Nesse caso as normas não são claras, ou seja, não especificam quais são os
riscos que podemos considerar pelo médico ao determinar uma internação involuntária.
Os profissionais de saúde que trabalham com emergências psiquiátricas têm o dever

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ético e moral de estar atualizados a respeito dos quadros psiquiátricos mais graves, para
prevenir agressão tanto para o paciente quanto aos demais.

TIPOS DE INTERNAÇÕES PSIQUIÁTRICAS

GRÁFICO DE INTERNAÇÕES PSIQUIÁTRICAS

FONTE: <http://www.www.pindamonhangaba.sp.gov.br>.

Nas internações psiquiátricas temos quatro tipos:

→ Internação psiquiátrica voluntária [IPV];


→ Internação psiquiátrica involuntária [IPI];
→ Internação psiquiátrica voluntária que se torna involuntária [IPVI];
→ Internação psiquiátrica compulsória [IPC].

As IPCs cíveis constituem mais uma das consequências do descaso com que a
saúde pública é tratada no Brasil, pois geralmente essas determinações judiciais ocorrem
por solicitação de familiares de pacientes que não conseguem receber o atendimento de

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que necessitam por meio dos recursos normalmente disponíveis.

CONTENÇÃO MECÂNICA E ISOLAMENTO

40

FONTE: http://www.bairrodooriente.blogspot.com

Quando houver a necessidade de restrição física ou de isolamento, involuntário,


ou seja, sem que o paciente esteja de acordo, todos os procedimentos devem ser
registrados em prontuário médico e comunicar o mesmo o quanto antes. No caso de
paciente que estiver em contenção de espaço ou contenção química, deverá ser mantido
em boas condições, em um local adequado e seguro para o paciente. Deve permanecer
sob os cuidados da equipe enquanto estiver “contido”. No caso de uma restrição de
espaço ou física, involuntário, é necessário que o paciente tenha alguém que o
represente e responda pelo mesmo.

ALTA E PEDIDO

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FONTE: <http://www..scielo.br>.

Quando o paciente e os familiares desejarem a alta e houver riscos, máxime de


“iminente perigo de vida”, recomenda-se o imediato contato com o representante do
Ministério Público da localidade.

ANSIEDADE

33
FONTE: http://www.lettersofpandora.blogspot.com>.

Atualmente a ansiedade tem sido citada por vários autores como uma das
doenças que mais tem acometido a população mundial, devido à competitividade e à
agitada dinâmica existencial da vida moderna – a Idade da Ansiedade –, associando a
este acontecimento psíquico a um consumismo desenfreado e por aí vai.
A sociedade contemporânea, por si só, já é um pré-requisito para o surgimento
de algum tipo de ansiedade ou transtorno de ansiedade. O homem “moderno” associou a
ansiedade a um fator de normalidade ou um destino comum, que estão atrelados de
alguma maneira. Por uma questão biológica a ansiedade sempre esteve presente em
todos os seres humanos ao longo dessa jornada, desde a era pré-histórica até a chegada
do homem à Lua. O que há de novo em tudo isso são as descobertas dos tipos e efeitos
da ansiedade sobre o psiquismo e o organismo humano. Todos nós temos um potencial
ansioso fisiológico, o que carrega o sentimento do “medo” que é inerente à ansiedade.

34
FONTE: <http://www.psiadolescentes.files.wordpress.com>.

A ansiedade faz parte da natureza humana, para sinalizar sinal de perigo, ameaça
pelo desconhecido e algum tipo de sofrimento. Hoje em dia a ansiedade passou a ser um
distúrbio, por conta do ser humano que não usa como um exercício de sobrevivência,
como era feito antigamente.

AGITAÇÃO PSICOMOTORA

A agitação psicomotora, a agressividade e a violência correspondem a um


conjunto de comportamentos inespecíficos que podem ser observados em diferentes
distúrbios psiquiátricos. Na agitação observa-se um aumento da excitabilidade, uma
inquietação, uma resposta exacerbada aos estímulos internos e externos, uma
irritabilidade e uma atividade motora e verbal inapropriada e repetitiva.
Os pacientes podem se queixar de nervosismo, inquietação e irritabilidade. A
agitação, geralmente, tem um curso flutuante, que pode se modificar rapidamente ao
longo do tempo. De maneira geral, o comportamento agressivo pode ser definido como

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um rápido escalonamento da agitação, infligindo danos morais e/ou físicos ao próprio
paciente e aos demais. A violência pode ser entendida como uma agressão física
dirigida a uma determinada pessoa, por exemplo, os cuidadores, as mulheres, os negros.
A agitação psicomotora pode ser observada em diversos quadros psiquiátricos. De
maneira geral, todos os quadros psicóticos podem estar associados à agitação.

PSICOSES

FONTE: <http://www.oportalsaude.com.

Os pacientes com pensamentos e comportamentos mais desorganizados podem


apresentar uma agitação impulsiva, já os pacientes que apresentam um sistema delirante
mais organizado podem manifestar uma agitação secundária às vivências paranoides.

MANIA

36
FONTE: http://www.sistemanervoso.com>.

Os pacientes em mania, não psicóticos, podem se apresentar irritados, com um


padrão hostil de respostas e perda das inibições sociais, o que pode gerar discussões e
brigas.

EPILEPSIA

37
FONTE: http://www.socorrismo.wordpress.com

A agitação psicomotora também pode ocorrer durante ou após uma crise


epilética. Em geral, esta não é direcionada e é decorrente das tentativas de restringir a
manipulação do paciente pela equipe de saúde, por exemplo, com cuidados de higiene.

TRANSTORNO MENTAL ORGÂNICO E DELIRIUM

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49

FONTE: Disponível em:

<

No caso de transtorno mental orgânico pode ocorrer um rebaixamento do nível


de consciência, com alterações da atenção, da orientação e pensamento, o que
caracteriza o quadro de Delirium. As agitações podem estar presentes nos quadros de
intoxicação aguda por álcool e drogas.

39
FATORES DESENCADEANTES PARA UM COMPORTAMENTO
AGRESSIVO

FONTE: <http://www.zona-s.pt>.

Os profissionais da saúde mental, ao avaliar um paciente, têm que levar em


conta os fatores de risco para o comportamento agressivo. Infelizmente, em nosso meio,
não existem estudos suficientes capazes de delinear os fatores de risco para a nossa
população. Existe um consenso que quanto mais jovem for o indivíduo, maior o risco do
envolvimento com atos de agressividade e violência.
De maneira geral, as mulheres estão menos envolvidas com os comportamentos
agressivos, entretanto, nas portadoras de transtornos mentais graves, o grau de violência
se aproxima aos homens. A história prévia de agitação psicomotora e violência é um
forte fator primitivo para os comportamentos agressivos. Os transtornos de
personalidade antissocial e por uso de substância estão associados aos comportamentos
agressivos que os transtornos psicóticos. Entretanto, nos episódios psicóticos agudos,
particularmente, os que apresentam alucinações auditivas de comando têm risco
significativamente aumentado de agressividade.
Ao se avaliar o risco de agressividade, o clínico também deve levar em conta o

40
ambiente em que vive o paciente. Existem evidências que as regiões mais pobres
tendem a ser mais violentas. Por outro lado, os pacientes portadores de distúrbios
mentais tendem a ser violentos com algum membro da própria família, enquanto que na
população em geral, as vítimas tendem a ser indivíduos estranhos ao agressor.

ATENDIMENTOS DE EMERGÊNCIA

Os móveis do local de atendimento não devem oferecer riscos. A porta do


consultório deve, preferencialmente, permanecer aberta. Os seguranças devem estar por
perto. O entrevistador deve sentar-se junto à porta, enquanto o paciente permanece no
fundo da sala. Com o objetivo de manter a garantia do local de atendimento deve-se
interrogar sobre a presença de isqueiros, armas e facas. Em algumas situações, pode ser
necessário revistar o paciente e/ou acompanhantes. Nessas situações é importante
realizá-la de forma respeitosa, a fim de evitar o escalonamento para a agressividade.

ABORDAGEM INICIAL JUNTO AO PACIENTE

Preferencialmente, um membro da equipe de saúde mental deve assumir a


coordenação das abordagens junto ao paciente, familiares e equipe. Cabe ao
coordenador:
• Promover um vínculo terapêutico já no início do tratamento;

41
• Deve-se ouvir a versão do paciente, considerar seriamente as suas
opiniões e informá-lo sobre sua evolução e tratamento;
• Identificar os fatores de melhora e piora no comportamento do paciente;
• Intervir junto à equipe e familiares;
• Providenciar para que as avaliações e medidas tomadas sejam
adequadamente registradas no prontuário do paciente, inclusive a periodicidade das
reavaliações;
• Considerar as abordagens e condutas mais adequadas após a avaliação
dos fatores de risco, da situação clínica e da segurança.

OBSERVAÇÃO DO DOENTE MENTAL

FONTE: http://www.viverossegundos.blogspot.com>.

A observação do doente mental é característica básica para uma boa assistência


psiquiátrica e se aplica também em clínicas diversas, por isso, o profissional da saúde
deve estar atento ao paciente de forma a observar o todo:

• Como ele se comporta;


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• Como ele se veste;
• Como ele se relaciona com as pessoas;
• O grau de dependência;
• A forma como ele se comunica verbalmente;
• A forma como ele se comunica não verbalmente, ou seja, como é o seu
comportamento.

Dessa forma, em psiquiatria a observação do paciente vai além do aspecto


somático, clínico ou orgânico, vai também para o aspecto psíquico, daquilo que o
paciente não está expressando pela linguagem, mas por meio do comportamento por ele
apresentado. Quando falamos de observação de comportamento não queremos dizer que
devemos seguir o paciente como um satélite e anotar todos os seus gestos, de forma
sistemática. Isso qualquer máquina poderia fazer melhor do que nós. Quando
notamos o comportamento estamos falando de observar as formas pelas quais o paciente
psiquiátrico se relaciona com o meio no qual está inserido. Algumas dicas são
importantes para observar o comportamento do paciente psiquiátrico em caso de
emergência:

• Observar o comportamento é observar o que o outro faz e como faz, sem


julgamento;
• O paciente não é o comportamento que ele apresenta, ele é consequência
da forma como ele aprendeu a se relacionar:
• Do ambiente em que ele se encontra (é bem diferente estar em casa ou
em um hospital);
• Do papel social que ele está exercendo (por exemplo, é bem diferente ser
um estudante ou ser um modelo);
• E a sua psicopatologia (esquizofrênicos geralmente têm um padrão de
comportamento que é diferente do dependente químico);
• A observação de comportamento deve ser discreta e não devemos “vigiá-
los como prisioneiros”, pois isso inibiria o comportamento espontâneo do indivíduo e
pode ter consequências imprevisíveis;
• O paciente não é a sua psicopatologia. Temos que observar o que cada
pessoa apresenta em particular porque nem todos os pacientes são deprimidos, por

43
exemplo, se comportam da mesma forma, por isso, analisar o comportamento do
paciente é mais do que procurar sinais e sintomas da psicopatologia;
• Devemos manter a privacidade do paciente em todos os momentos, no
banho, nos procedimentos clínicos, na inspeção física e na observação de
comportamento;
• Devemos tomar cuidado com a nossa comunicação não verbal,
especialmente com as expressões ao olhar para o paciente, para não sermos
interpretados de forma errônea.

ATENÇÃO

É o mecanismo que prepara o processamento dos estímulos, selecionando o que


é e quanto processar. Estado de vigilância caracterizado pela disponibilidade perceptiva
e a presença do real, com desaparecimento, no eletroencefalograma, do ritmo Alfa. Ela
é reduzida na maior parte das doenças mentais, com exceção dos delírios de perseguição
ou de ciúmes, em que a atenção aparece polarizada em um sentido muito exato. Pode
ser classificada:

44
• Espontânea ou passiva: Ocorre naturalmente ou modo instintivo.
• Voluntária ou ativa: É a atenção disciplinada ou forçada.
• Externa: Quando a atenção é dirigida para o meio externo.
• Interna ou subjetiva: Quando a atenção está voltada para o interior do
indivíduo.

MEMÓRIA

<http://www.esclerosemultipla.wordpress.com>.

É a capacidade de reter uma experiência vivenciada no passado. A patologia da

45
memória compreende as amnésias, as hipermnésias, as paramnésias. A maioria
panorâmica corresponde a um afluxo de lembranças. Temos:

• Primária ou imediata: Tem uma reserva de capacidade limitada ao


tempo, se não for repetida não será fixada;
• Secundária ou de fixação: Capta, fixa e conversa os fatos percebidos.
Armazena as informações recentes;
• Terciária ou de Evocação: Consiste na reminiscência dos fatos,
lembranças mais antigas, pessoais e bem aprendidas.

SENSOPERCEPÇÃO

FONTE: http://www.psiqweb.med.br>.

Alteração nos órgãos dos sentidos:

ALUCINAÇÕES

46
FONTE: http://www.coursejournal_medicina.blogs.sapo.pt>.

Percepções sem objetivo, prefere-se falar de conduta alucinatória para indicar


que a alucinação inclui todo comportamento do indivíduo e não se limita à percepção,
seguida de convicção. Segundo o aparelho sensorial implicado, distinguem-se as
alucinações visuais, auditivas (verbais ou não), tácteis, gustativas, olfativas. Em geral,
as alucinações são polissensoriais. Observam-se as alucinações nos esquizofrênicos, os
delírios, a confusão mental.

ILUSÃO

47
FONTE: http://www.topgi>.

Modificação de uma percepção, em geral ligada à alucinação na confusão


mental. A pessoa vê um objeto que é real e acha que é outro, uma percepção deformada.
Exemplo: O paciente está vendo uma caneta e acha que é um cigarro.

SENSAÇÃO DE ESTRANHEZA

48
FONTE: http://www.mulher50a60.weblog.com.pt>.

Impressão de sentir o mundo e o ambiente familiar como distantes ou estranhos,


junto com uma percepção reduzida de sua própria realidade psíquica, ou seja, percebe a
realidade de uma forma diferente.

TRANSFORMAÇÃO CORPORAL

49
FONTE: http://www.mairadanielle.blogspot.com>.

O indivíduo sente o corpo diferente do que ele realmente é exemplo, é gordo e se


sente magro.

IMAGINAÇÃO

Desordem de pensamento, alimentada não por interpretação ou alucinação, mas


sim por ficções produzidas sem controle e às quais o paciente mostra uma convicção
total, temos como exemplo pessoas mitotônicas.

FABULAÇÃO

Tendência de reinventar, de modo pouco convincente, uma realidade que foge


devido aos distúrbios da atenção de orientação, da memória, do juízo. Desejo de refazer
a realidade mais ou menos ordenada em relação à ficção escolhida, com finalidade de
compensação, de prestígio, para causar dano ou sob o efeito de um impulso habitual.
Preencher lacunas da memória.

MITOMANIA

50
<http://www.joselitando.blogspot.com>.

É a disposição habitual em certos indivíduos e, na falta de intenção exata ou de


um alvo definido, para alterar a verdade, simular, mentir, elaborar fábulas, ou seja,
tendência de criar e relatar eventos imaginários, como uma mentira patológica.

PENSAMENTO

51
FONTE: <http://www.tracosdenanquim.wordpress.com>.

É a representação das vivências da consciência humana e ideias, é uma


representação na mente de um objeto ou situação. Conjunto de operações intelectuais
que permite compreender os objetos e suas relações e de se conformar ao conhecimento
do mundo. No delírio, o pensamento se desvia do real, em proveito do imaginário. Os
distúrbios do pensamento podem ser: ideia obsessiva, bloqueio mental, aceleração ou
lenhificação mental, entre outros.

ORIENTAÇÃO

52
FONTE: <http://www.ead.ufms.br>

Autopsíquica (dados sobre si mesmo) e alopsíquica (tempo e espaço).

INSTINTO

<http://www.cine_ma.blogs.sapo.pt>

53
Pulsão inata. Podem ser:

• De autopreservação;
• De sexualidade;
• De associação.

INTELIGÊNCIA

FONTE: <http://www.brianoneal.blogspot.com>.

Capacidade de aprendizado, de adaptar-se e exercer a autocrítica.

JULGAMENTO

É a capacidade de formular julgamentos, fazer comparações, críticas.

54
SENSO ÉTICO

É a capacidade de utilizar as normas e padrões aceitos pela sociedade. As


alterações podem ser:

• Imoralidade;
• Hipermoralismo;
• Anormalidade Constitucional;
• Senso Moral Desviado.

AFETIVIDADE

Conjunto de emoções, sentimentos (alegria, amor, ódio, etc.).

• Hipertimia: Euforia, tristeza, manifestação exagerada;


• Hipotimia: Diminuição da afetividade;
• Paratimia: Quando surgem sentimentos uma ação.

EMOTIVIDADE

Habilidade emocional, obsessão (ideia persistente e indesejada, a pessoa


reconhece como absurda, mas não consegue eliminá-la pela lógica ou raciocínio),
ansiedade (tensão ou apreensão de um perigo iminente), angústia e fobia.

CONSCIÊNCIA

55
<http://www.palavrassussurradas.net>.

Autocrítica dos padrões próprios do comportamento. Os principais distúrbios:

• Estreitamento: Redução do campo de ação de consciência;


• Obnubilação: Turvação e obscurecimento da consciência e do
pensamento.
• Delirium: Transtorno mental orgânico agudo, confusão mental,
consciência alterada, com instabilidade emocional, ansiedade e agitação e a presença de
delírios e alucinações.

ESQUIZOFRENIA

56
http://www.sweettoxicant.blogspot.com

Transtorno do pensamento, doença descrita pela primeira vez por Emil Krapelin
em 1896, que classificou os vários quadros da doença como Demência Precoce. Bleuler
em 1911 deu o nome esquizofrenia após reorganizar os critérios para a demência
precoce. Para ele os sintomas fundamentais eram a desorganização do pensamento
(associação frouxa de ideias).
A perda da realidade ou a incapacidade de diferenciar o real do imaginário é
chamada de psicose funcional. Após anos de estudos não há evidências entre o
transtorno e os processos físicos do cérebro, porém com o avanço da medicina,
principalmente no campo da pesquisa farmacológica, os pacientes hoje estão com
medicamentos mais avançados e com maior eficácia, com isso, diminui o tempo do
surto e também o espaço de tempo entre um surto e outro está aumentando.

EPIDEMIOLOGIA

Há uma grande predominância no sexo masculino, com idade entre 17 a 30 anos,


estima-se que 1% da população geral seja portador desta psicopatologia.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

Indivíduos quietos, passivos, com poucos amigos de infância, fantasiosos,


introvertidos e retraídos, crianças obedientes e boazinhas, adolescentes com poucos
amigos íntimos e poucos relacionamentos românticos, indivíduos que se excluem de
atividades em grupo (jogos e encontros sociais), preferem atividades isoladas (ouvir
música, assistir televisão, etc.).

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Amigos e parentes podem notar que a pessoa mudou e que não está mais agindo
como antigamente. Durante este período pode começar a sentir-se ansioso, perplexo e
desenvolver interesse por ideias abstratas: filosofia, ocultismo, questões religiosas, etc.
Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados, em geral, por distorções
fundamentais peculiares do pensamento e da percepção e por afeto inadequado. O
humor torna-se superficial ou incongruente.

SINTOMAS

• Eco do pensamento, inserção ou roubo do pensamento, irradiação do


pensamento;
• Delírios de controle, influência ou passividade claramente se referindo ao
corpo ou movimentos dos membros ou pensamentos específicos, ações ou sensações;
• Alucinações auditivas, comentando o comportamento do paciente ou
discutindo entre elas, sobre ele;
• Delírios persistentes inapropriados e impossíveis, como identidade
política ou religiosa ou poderes sobre-humanos (capaz de controlar o tempo ou de se
comunicar com alienígenas).
• Alterações no curso do pensamento, resultando em discurso incoerente,
irrelevante ou neologismos.
• Comportamento catatônico, tal como: postura inadequada, negativismo,
mutismo e estupor.

SINTOMAS NEGATIVOS

• Apatia marcante;
• Pobreza de discurso;
• Embotamento afetivo (resultando em retraimento e diminuição do
desempenho social);
• Alterações no comportamento pessoal, como perda de interesse, falta de
objetivos, inatividade e retraimento social.

58
TIPOS DE ESQUIZOFRENIA

Paranoide

FONTE: http://www.opiniaoenoticia.com.br

É a mais comum. O quadro é denominado por delírios estáveis, com frequência


paranoides, acompanhadas por alucinações (auditivas) e perturbações da percepção.
Exemplo, alucinação de perseguição, referência, ascendência importante, missão
especial, mudanças corporais; delírios auditivos que ameaçam ou dão ordens, assovios,
zunidos ou risos.

Hebifrênica

59
<http://www.robertoleite.assisfonseca.com.br>.

Caracteriza-se por mudanças afetivas, por um comportamento irresponsável,


maneirismos. Neste caso geralmente o afeto é superficial e inadequado, com risadinhas,
caretas, brincadeiras fora de hora. O pensamento torna-se desorganizado e incoerente,
tendo início no final da adolescência e início da vida adulta. O prognóstico não é bom,
devido ao embotamento afetivo, perda da volição e pelo rápido desenvolvimento dos
sintomas negativos.

Catatônica

<http://www.boesesfee.blogspot.com>.

Apresenta-se por agitações psicomotoras e podem se alterar entre extremos


como hipercinesia e estupor ou obediência automática e negativismo. Há uma

60
diminuição marcante de reação ao meio ambiente, de movimentos e atividades
espontâneas ou mutismo. Podendo apresentar também mutismo, excitação, postura
inadequada, negativismo, rigidez, flexibilidade cérea, obediência automática e
perseverarão de palavras e frases.

Simples

FONTE: <http://www.marcorsi.flogbrasil.terra.com.br>.

Há um desenvolvimento insidioso, mas progressivo de conduta estranha,


incapacidade de atender as exigências da sociedade e um declínio no desempenho total.
Delírios e alucinações não são evidentes. Ele pode se tornar absorto em si mesmo,
inativo e sem objetivo.

Residual

É um estágio crônico no desenvolvimento da esquizofrenia caracterizado por


sintomas “negativos”.

61
TRATAMENTO

FONTE: <http://www.parceirosdorim.com>.

• Terapia Medicamentosa;
• Terapia Medicamentosa mais psicoterapia;
• Psicoterapia;
• Métodos físicos (Eletroconvulsoterapia – ECT).

Esses tratamentos poderão ser desenvolvidos no âmbito hospitalar ou não, vai


depender muito do quadro da doença que o paciente esteja apresentando. Há mais ou
menos uns 10 anos preconiza-se a internação somente em casos de surtos agudos, cuja
gravidade não permita que o mesmo seja tratado no consultório, ambulatórios ou
comunidades terapêuticas. As internações devem ser criteriosas e de curta duração.

TRANSTORNOS DO HUMOR

62
FONTE: <http://www.brasilescola.com>.

TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

63
FONTE: <http://www.ceumquezado.blogspot.com>.

O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), antigamente conhecido como Psicose


Maníaca Depressiva (PMD), é uma doença que se caracteriza pela alternância de humor.
Esse período de alteração do humor caracteriza-se por episódios de euforia (mania),
depressão ou períodos intercalados de mania com episódios depressivos e períodos de
normalidade, quando o paciente está devidamente medicado.

MANIA

FONTE: <http://www.invisiblehappiness.blogspot.com>.

A mania caracteriza-se por um estado de exaltação do humor, ou seja, um


aumento de energia, sem qualquer relação com o momento em que o paciente está
vivenciando. Geralmente apresenta:
• Irritabilidade;

64
• Impaciência;
• Pensamento acelerado;
• Logorreia;
• Pensamentos de grandeza;
• Otimismo exagerado;
• Aumento da autoestima;
• Grande produtividade;
• Hiperbulimia;
• Abuso de álcool e/ou drogas, entre outros sintomas.

HIPOMANIA

FONTE: <http://www.psiqweb.med.br>.

Na hipomania encontramos uma forma moderada da mania, ou seja, podendo


predominar a irritabilidade e não apresentar momentos de euforia. O paciente e/ou a

65
família costumam não perceber esta alteração de humor. Geralmente confunde-se com a
recuperação da depressão e por isso o paciente está mais “animado”.

DEPRESSÃO

FONTE::
<http://www.fct.unl.pt>.

O humor fica deprimido, o paciente encontra-se melancólico, apresentando


tristeza sem motivo aparente. Segue abaixo alguns sintomas da depressão:

→ Apatia;
→ Angústia;
→ Desânimo e falta de energia;

66
→ Falta de motivação;
→ Diminuição da libido;
→ Insônia ou hipersonia;
→ Autoestima rebaixada;
→ Isolamento social;
→ Medo e desconfiança;
→ Sentimento de ruína, entre outros sintomas.

DEPRESSÃO E TRISTEZA

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Quando a pessoa encontra-se deprimida, sabe que seus sentimentos diferem de
uma tristeza anteriormente vivida, pois na depressão a pessoa se isola, não quer a
companhia dos familiares e amigos, perde o interesse em tudo, não melhora pela força
de vontade e nem com o tempo se não for medicado.

TRATAMENTO DO QUADRO DEPRESSIVO

FONTE: http://www.bigpen.com.br

→ Primeiramente procurar um médico psiquiatra;


→ Antidepressivos (Tricíclicos, Inibidores da Monoaminoxidase,
Inibidores da recaptura da serotonina);

68
→ Medicamento e Psicoterapia;
→ Psicoterapia.

TRATAMENTO DA HIPOMANIA E MANIA

90

FONTE: <http://www.temperomanero.com.br>.

• Antidepressivos;
• Estabilizadores do Humor (Sais de Lítio, Ácido Valproico e
Antipsicóticos);
• Ansiolíticos (ilustração acima à esquerda);
• Psicoterapia (ilustração acima à direita).

TRANSTORNOS ALIMENTARES

69
FONTE: <http://www.itu.com.br>.

A anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o comer compulsivo caracterizam


sintomas dos distúrbios alimentares que se tornam cada vez mais conhecidos em nosso
meio, devido à pressão exercida pela “sociedade” e pela “mídia”. Segundo Taylor, as
teorias sociais apontam para um aumento dramático em sua incidência na população
mundial.

BULIMIA

70
FONTE: <http://fcivica.wordpress.com>.

Geralmente o paciente ingere quantidades enormes de alimentos de uma forma


compulsiva, após o fato ocorrido, o mesmo sente-se “culpado” e depois provoca
vômitos. Para manter o peso, fazem uso de laxantes, diuréticos, jejuns prolongados,
prática de exercícios físicos exagerados e sem antes consultar um médico e um
educador físico.

ANOREXIA

71
93

FONTE: <http://nutriap.wordpress.com>.

O quadro da anorexia nervosa caracteriza-se pela recusa do paciente em se


alimentar voluntariamente. O paciente sente fome, no entanto, há uma restrição cerebral
deliberada. Como há a distorção da imagem corporal, o paciente se olha no espelho e se
enxerga gordo, mesmo estando magérrimo, com isso ele faz regime para continuar a
emagrecer, jejuns prolongados, exercícios físicos deliberadamente.
No mundo em que vivemos há uma pressão social, cultural e pressão da mídia
muito grande para que as pessoas sejam magras, com um corpo “perfeito” devido ao
“modismo”, com isso desencadeia os distúrbios alimentares, precisamente a anorexia
nervosa.

PERFIL DA PESSOA COM ANOREXIA E BULIMIA

Anoréxico

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→ Emagrecimento extremo;
→ Desenvolvimento psicossocial e sexual atrasado;
→ Sabem o valor nutricional de cada alimento;
→ Alteração dos sinais vitais;
→ Dificilmente menstruam;
→ Desnutrição grave, podendo levar à morte;
→ Constipação intestinal;
→ Ossos propensos às fraturas.

Bulímico

→ Perda de potássio;
→ Lesão no aparelho digestório;
→ Diminuição do interesse sexual;
→ Hipertensão arterial;
→ Irregularidade menstrual;
→ Tentam “compensar” seus problemas ingerindo grandes
quantidades de alimentos de uma só vez. No geral, são indivíduos
extremamente manipuladores, com isso dificulta o trabalho multiprofissional.

TRANSTORNO DO COMER COMPULSIVO

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FONTE: <http://www.disturbioslimentares.blogspot.com>.

No comer compulsivo, o paciente tem “ataques” bulímicos, mas não recorre a


nenhum dos recursos acima citados para emagrecer, com isso ingere quantidades
alimentares enormes e a tendência é ir aumentando com o passar dos anos, até chegar à
obesidade mórbida. São pessoas que “compensam” seu estado emocional na
alimentação, seja por alegria ou tristeza.

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

FONTE: <http://www.teletube.wordpress.com>.

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é uma doença caracterizada por


pensamentos ou ideias indesejáveis, como os “rituais”, contrariamente aos seus desejos
e padrões comuns. Geralmente são pessoas meticulosas, extremamente críticas,
introspectivas, perfeccionistas e detalhistas.

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TRANSTORNOS ANSIOSOS

FONTE: <http://www.iispoved.blogspot.com>.

O Transtorno de Ansiedade (TAS) é definido como um estado emocional


repetitivo ou persistente em que a ansiedade está acima do normal, ou seja, patológica,
comumente conhecida com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Dentro dos
Transtornos de Ansiedade (TAS), podemos destacar:

→ Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG);


→ Síndrome do Pânico;
→ Transtornos dissociativos;
→ Transtornos fóbico-ansiosos.

A ansiedade normal é aquela em que o indivíduo apresenta diante de um quadro


de risco eminente contra sua vida ou de outrem. Fatos novos que possam ocorrer, como
um projeto, uma gravidez, um provável aumento salarial, com isso a ansiedade gera
uma motivação pessoal para se “preparar para aquele novo evento em sua vida”.

FATORES QUE DESENCADEIAM A ANSIEDADE

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FONTE: <http://www.ufmg.br>.

• Novos eventos, fatos novos (ameaça à saúde e à vida);


• Exposição a situações desconfortáveis;
• Crise financeira;
• Separação da família e amigos;
• Isolamento social;
• Frustração de metas e expectativas;
• Restrição de movimentos corporais;
• Privação de relação amorosa.

SINTOMATOLOGIA

Geralmente pacientes portadores de transtornos de ansiedade podem apresentar


os seguintes sintomas:

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FONTE: <http://familia.sapo.pt>.

AGITAÇÃO MOTORA

• Taquicardia;
• Taquipneia;
• Alterações das funções vitais;
• Relaxamento dos músculos da bexiga e intestinos;
• Agitação motora;
• Autoestima rebaixada;
• Sudorese excessiva;
• Boca seca;
• Paciente torna-se poliqueixoso, ou seja, refere-se a várias dores físicas,
principalmente musculares, fadiga, etc.

Temos diferentes graus de ansiedade, pequena, moderada e grave. Iremos


descrevê-las melhor:
• Pequena: Denominada ansiedade “pequena”, aquela fisiológica, ou seja,
alerta o indivíduo acerca de novas situações, porém, o mesmo apresenta meios para
alcançar o desenvolvimento e a liberdade.

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ANSIEDADE FISIOLÓGICA

• Moderada: Denominada ansiedade patológica, pois impede o indivíduo


de enxergar as diversas situações como realmente são.

FONTE: http://upload.wikimedia.org

ANSIEDADE PATOLÓGICA

Podemos citar como exemplo alguns sintomas:

• O paciente apresenta dificuldades em tomar decisões;

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• Em caso de problemas, há uma diminuição significativa da percepção;
• Ocorre uma redução da concentração;
• O paciente procura evitar problemas que envolvam tomadas de decisão.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

FONTE:: <http://interessantte.blogspot.com>.

No transtorno de ansiedade generalizada, também conhecida como (TAG), o


paciente apresenta um quadro de preocupação irreal e exagerada acerca de
circunstâncias da vida, ou seja, uma preocupação excessiva com problemas que
comumente não o preocupariam caso não estivesse assim. Ele ocorre de forma lenta e
progressiva, necessitando muitas vezes de tratamento medicamentoso e psicoterápico.

TRANSTORNO DO PÂNICO

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FONTE: http://www.nea.fe.usp.br

O transtorno do pânico caracteriza-se por “ataques” de medo, ansiedade e


desconforto intensos, geralmente não estão associados a uma situação consciente, como
provocadora de ansiedade pelo paciente. O paciente mostra medo de ficar louco, ou de
cometer uma loucura; essa sintomatologia dura de 15 a 20 minutos, em alguns casos
podendo chegar à meia hora.

Sintomatologia

• Dispneia;
• Tontura;
• Sudorese;
• Náuseas;

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• Calafrios;
• Astenia;
• Fadiga; Tremores
• Sensação de asfixia.

FOBIAS

FONTE: http://www.psicocinetico.blogspot.com

81
As fobias geralmente são medos patológicos desproporcionais ao estímulo, ela
pode focalizar-se sobre qualquer situação ou objeto, por exemplo: agorafobia (ilustração
abaixo).

FONTE: http://www.shootingstar1313.blogspot.com

FOBIA SIMPLES

FONTE: http://www.universo-da-mente.blogspot.com

A fobia simples é caracterizada por um medo persistente de um objeto ou


situação específica. Quando o paciente é exposto aos objetos e/ou situações abaixo
citadas, imediatamente responde com sintomas de intensa ansiedade que desaparecem

82
com a mesma rapidez, no momento em que é afastado do objeto ou situação que lhe
cause medo. Portanto, esses pacientes fazem um esforço acima do normal para evitar
expor-se a determinados objetos/situações.

O paciente pode temer a algumas situações abaixo citadas:


→ Corredores pequenos;
→ Elevadores (Claustrofobia);
→ Micróbios (Nosofobia);
→ Sangue (Hematofobia);
→ Animais (Zoofobia).

FOBIA SOCIAL

FONTE: <http://www.basenorte.com

A fobia social caracteriza-se por um temor persistente à exposição do paciente


em qualquer situação que evolva grupos, pois o mesmo acredita que será o foco da
atenção e com isso teme agir de modo que lhe cause humilhação ou embaraço. A mais
comum das situações é o medo de falar em público. Os pacientes que sofrem deste tipo
de fobia muitas vezes sentem-se aterrorizados ante a ideia de que sofrerão um colapso

83
nervoso ou que ficarão mudos e automaticamente esquecerão tudo ou, ainda, que
começarão a gaguejar. Devido a esse pensamento, o paciente evita qualquer situação de
exposição pública.

TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS

FONTE: http://www.psicoastro.com>.

Os transtornos dissociativos geralmente estão ligados a perturbações de


identidade do paciente relacionados a eventos traumáticos, problemas solúveis e
intoleráveis ou relacionamentos perturbadores.

84
FONTE: <http://www.scielo.br>.

Geralmente estes pacientes, quando apresentam problemas ou conflitos que eles


mesmos não consigam resolvê-los, psicologicamente falando são transformados em
problemas físicos, não têm consciência da “produção” destes sintomas:

→ Ataxia;
→ Cegueira;
→ Convulsões;
→ Perda da sensibilidade cutânea;
→ Afonia.

TRATAMENTO

FONTE: http://www.sppt.org.br

85
Geralmente o tratamento consiste em:

Medicamentoso: Antidepressivos, ansiolíticos, associados à psicoterapia. Dentre


as terapias mais utilizadas, destaca-se a Terapia Cognitiva Comportamental, em que o
paciente participa ativamente do processo terapêutico. Durante a terapia são ensinados
aos mesmos comportamentos mais assertivos e ao mesmo tempo são trabalhadas suas
cognições.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

86
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com

Pacientes que fazem uso de substâncias psicoativas de forma abusiva é


prejudicial para a saúde e também são tratados por médicos psiquiatras, pois o uso, o
abuso e a dependência de drogas estão classificados dentro dos transtornos mentais e
comportamentais. Antes de abordarmos a dependência química versus paciente,
devemos esclarecer alguns termos.

DROGA

É toda substância que não é produzida pelo organismo e quando consumida,


produz alterações fisiológicas.

87
FONTE: <http://www.martinhocarmona.com.br>.

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

É a condição pela qual o indivíduo não consegue sentir prazer sem o uso da
substância.

FONTE: http://www.pletz.com

88
ABUSO DE DROGAS

Quando o indivíduo consome a droga de maneira descontrolada por algum


período, mas depois fica sem usar e não apresenta prejuízos duradouros com o uso de
drogas.

FONTE: <http://www.paramedicos.com.mx>.

USO DE DROGAS

Quando o indivíduo consome uma determinada substância e não tem prejuízos


em usar e consegue sentir prazer em outras coisas que não incluam o uso de drogas, é
apenas o consumo da substância.

89
FONTE: http://www.sobiologia.com.br

CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO DE DROGAS

→ Depressoras do Sistema Nervoso Central (SNC);

90
FONTE: http://www.conexaojovemminas.com

→ Estimulantes do SNC;

FONTE: <http://www.brasilescola.com>.

ANFETAMINAS

Perturbadoras da atividade do SNC.

91
FONTE: <http://neuromed88.blogspot.com>.

A ajuda a esses pacientes vem da compreensão de algumas características de


comportamento que são típicas do paciente que faz uso de drogas. De forma geral todos
os pacientes dependentes de drogas tendem a manipular outros e a testar os limites do
profissional a fim de obter privilégios ou desafiar a autoridade, portanto, tente perceber
que esses são traços de comportamento dos pacientes e não é nada pessoal. É importante
destacarmos que nem todos os dependentes químicos se comportam desta maneira e a
intensidade desse comportamento varia de pessoa para pessoa.

92
TRANSTORNO MENTAL ORGÂNICO

FONTE: http://neurologiadavisao.blogspot.com

A confusão mental é um quadro de origem orgânica. Suas causas são as mais


diversas, podendo decorrer de:

→ Acidente vascular encefálico (AVE);


→ Infecções;
→ Neoplasias;
→ Traumas de origens diversas.

Pode ser encontrado tanto nos atendimentos clínicos, cirúrgicos e psiquiátricos,


normalmente são vistos em pronto-socorro. O comportamento do paciente pode variar

93
de pessoa para pessoa, porém todos os pacientes apresentam uma diminuição do nível
de consciência que afeta a capacidade do indivíduo em perceber com clareza o mundo
exterior. O paciente apresenta o seguinte quadro:

→ Desorientação em relação a si mesmo e ao ambiente externo;


→ Pode apresentar quadro delirante;
→ Alucinações geralmente assustadoras, tornando o paciente
agitado;
→ Quadro de agressividade devido à alucinação;
→ Expressão facial “apavorada”;
→ Não consegue lembrar-se de orientações recentes, porém
consegue lembrar-se de fatos antigos;
→ O paciente apresenta defenestração, uma alteração grave
caracterizada por um impulso irresistível de lançar-se por espaços abertos,
(janelas, portas).

O quadro é entremeado com períodos de lucidez, quando o paciente pode


demonstrar medo e ansiedade intensos por dificuldades de entender o que está
ocorrendo com ele. Os sintomas da psicopatologia desaparecem com o tratamento
clínico e psiquiátrico.

ESQUIZOFRENIA

SINTOMAS

A esquizofrenia é uma doença funcional do cérebro que se caracteriza


essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento,
acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e
externas. Embora primariamente uma doença que afeta os processos cognitivos de
conhecimento, os seus efeitos repercutem também no comportamento e nas emoções.
Os sintomas da esquizofrenia não são os mesmos de indivíduo para indivíduo,
podendo aparecer de forma insidiosa e gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de
forma explosiva e instantânea. Estes podem ser divididos em duas grandes categorias:

94
sintomas positivos e negativos.

Sintomas Positivos

Os sintomas positivos estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da


doença e são as perturbações mentais “muito fora” do normal, como que
“acrescentadas” às funções psicológicas do indivíduo. Entende-se como sintomas
positivos os delírios – ideias delirantes, pensamentos irreais, “ideias individuais do
doente que não são partilhadas por um grande grupo”, por exemplo, um indivíduo que
acha que está sendo perseguido pela polícia secreta e pensa que é o responsável pelas
guerras do mundo; as alucinações, percepções irreais – ouvir, ver, saborear, cheirar ou
sentir algo irreal, sendo mais frequente as alucinações audiovisuais; pensamento e
discurso desorganizado, elaborar frases sem qualquer sentido ou inventar palavras;
alterações do comportamento, ansiedade, impulsos, agressividade.

Sintomas Negativos

Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades


mentais, acompanham a evolução da doença e refletem um estado deficitário em nível
da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais,
como a falta de vontade ou de iniciativa; isolamento social; apatia; indiferença
emocional; pobreza do pensamento.
Esses sinais não se manifestam todos no indivíduo esquizofrénico. Algumas
pessoas veem-se mais afetadas do que outras, podendo muitas vezes ser incompatível
com uma vida normal. A doença pode aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e
remissões. Não há, contudo, sinais nem sintomas patognomônicos da doença, podendo-
se de alguma forma fazer referência a um quadro prodrômico que são em grande parte
sintomas negativos, como por exemplo, inversão do ciclo de sono, isolamento, perda de
interesse por atividades anteriormente agradáveis, apatia, descuido com a higiene
pessoal, ideias bizarras, comportamentos poucos habituais, dificuldades escolares e
profissionais, entre outras. Posterior a esta fase inicial surgem os sintomas positivos.
Diz-se que os primeiros sinais e sintomas de esquizofrenia são insidiosos. O
primeiro sintoma é de sossego/calma e afastamento, visível em um adolescente,
normalmente passa despercebido como tal, pois se remete o fato para “é uma fase”.

95
Pode inclusive ser um enfermeiro de saúde escolar ou um conselheiro a começar a notar
estas mudanças. É importante dizer-se que é muito fácil interpretar incorretamente estes
comportamentos, associando-os à idade.

CAUSAS

Sabe-se atualmente que não existe uma única causa, mas sim várias que
concorrem entre si para o seu aparecimento, sendo muitas as teorias que surgiram para
explicar esta doença.

Teoria Genética

FONTE: http://www.insa.pt>.

A teoria genética admite que vários genes podem estar envolvidos, contribuindo
juntamente com os fatores ambientais para o eclodir da doença. Sabe-se que a
probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de esquizofrenia aumenta se houver um caso
desta doença na família. No caso de um dos pais sofrer de esquizofrenia, a prevalência
da doença nos descendentes diretos é de 12%.
É o caso do esquizofrênico matemático norte-americano John Nash, que divide
com o filho, John Charles Martin, a mesma doença. Na situação em que ambos os pais
se encontram atingidos pela doença, esse valor sobe para 40%. No entanto, mesmo na
ausência de história familiar, a doença pode ainda ocorrer. Segundo Gottesman (1991),
referenciado por Pedro Afonso (2002), sabe-se ainda que cerca de 81% dos doentes com
esquizofrenia não têm qualquer familiar em primeiro grau atingido pela doença e cerca
de 91% não têm sequer um familiar afetado.

96
Teoria Neurobiológica

As teorias neurobiológicas defendem que a esquizofrenia é essencialmente


causada por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, em especial com uma
disfunção dopaminérgica, embora alterações em outros neurotransmissores estejam
também envolvidas. A maioria dos neurolépticos (antipsicóticos) atua precisamente nos
receptores da dopamina no cérebro, reduzindo a produção endógena deste
neurotransmissor. Exatamente por isso alguns sintomas característicos da esquizofrenia
podem ser desencadeados por fármacos que aumentam a atividade dopaminérgica (ex:
anfetaminas).
Essa teoria é parcialmente comprovada pelo fato de a maioria dos fármacos
utilizados no tratamento da esquizofrenia (neurolépticos) atuar por meio do bloqueio
dos receptores (D2) da dopamina.

Teoria Psicanalítica

As teorias psicanalíticas (ou de relação precoce) têm como base a teoria


freudiana da psicanálise e remetem para a fase oral do desenvolvimento psicológico, na
qual “a ausência de gratificação verbal ou da relação inicial entre mãe e bebê conduz
igualmente às personalidades “frias” ou desinteressadas (ou indiferentes) no
estabelecimento das relações”. A ausência de relações interpessoais satisfatórias estaria
assim na origem da esquizofrenia.

Teoria Familiar

As teorias familiares, apesar de terem bastante interesse histórico, são as que


menos fundamento científico possuem. Surgiram na década de 1950, baseadas umas no
tipo de comunicação entre os vários elementos das famílias e aparecendo outras mais
ligadas às estruturas familiares. Dos estudos desenvolvidos surge o conceito (mãe
esquizofrenogênica), possessivas e dominadoras com seus filhos, como gerador de
personalidades esquizofrênicas. Estudos posteriores vieram contudo desconfirmar esta

97
hipótese, relacionando aquele comportamento mais com etiologias neuróticas e não com
a psicose.

TIPOS DE ESQUIZOFRENIA

O diagnóstico da esquizofrenia, como sucede com a maior parte das doenças do


foro psiquiátrico, não se pode efetuar por meio da análise de parâmetros fisiológicos ou
bioquímicos, e resulta apenas da observação clínica cuidada das manifestações da
doença ao longo do tempo. Quando do diagnóstico, é importante que o médico exclua
outras doenças ou condições que possam produzir sintomas psicóticos semelhantes
(abuso de drogas, epilepsia, tumor cerebral, alterações metabólicas). O diagnóstico da
esquizofrenia é por vezes difícil. Para além do diagnóstico, é importante que o médico
identifique qual é o subtipo de esquizofrenia em que o doente se encontra. Atualmente,
segundo o DSM IV, existem cinco tipos:

Esquizofrenia Paranoide

É a forma que mais facilmente é identificada com a doença, predominando os


sintomas positivos. O quadro clínico é dominado por um delírio paranoide
relativamente bem organizado. Os doentes com esquizofrenia paranoide são
desconfiados, reservados, podendo ter comportamentos agressivos.

98
FONTE: http://www.cronicascineviperas.blogspot.com

Esquizofrenia Desorganizada

Quando os sintomas afetivos e as alterações do pensamento são predominantes.


As ideias delirantes, embora presentes, não são organizadas. Em alguns doentes pode
ocorrer uma irritabilidade marcada, associada a comportamentos agressivos. Existe um
contato muito pobre com a realidade.

99
FONTE: <http://www.noticiarionet.blogspot.com>.

Esquizofrenia Catatônica

É caracterizada pelo predomínio de sintomas motores e por alterações da


atividade, que podem ir desde um estado de cansaço e acinético até à excitação.

100
FONTE: http://www.facultad-mental.blogspot.com

Esquizofrenia Indiferenciada

Apresenta habitualmente um desenvolvimento insidioso com um isolamento


social marcado e uma diminuição no desempenho laboral e intelectual. Observa-se
nesses doentes certa apatia e indiferença relativamente ao mundo exterior.

101
FONTE: http://www.neuromed87.blogspot.co

Esquizofrênia Residual

Nessa forma existe um


predomínio de sintomas negativos, os
doentes apresentam um isolamento
social marcado por um embotamento
afetivo e uma pobreza em nível do
conteúdo do pensamento.

102
FONTE: http://www.segind.blogspot.com

Existe também a denominada Esquizofrenia Hebefrênica, com incidência da


adolescência, com o pior dos prognósticos em relação às demais variações da doença, e
com grandes probabilidades de prejuízos cognitivos e sociocomportamentais.

FONTE: http://www.jornallivre.com.br

Esses subtipos não são estanques, podendo um doente em determinada altura da


evolução da sua doença apresentar aspectos clínicos que se identificam com um tipo de
esquizofrenia, e ao fim de algum tempo poder reunir critérios de outro subtipo. Há
várias abordagens terapêuticas na intervenção ao doente esquizofrênico, que na maioria
dos casos tem indicação de um tratamento interdisciplinar: o acompanhamento médico-
medicamentoso, a psicoterapia, a terapia ocupacional (individual ou em grupos), a
intervenção familiar e a psicoeducação são os procedimentos indicados para estes
doentes.
Apesar de não se conhecer a sua cura, o tratamento pode ajudar muito a tratar os
sintomas e a permitir que os doentes possam viver as suas vidas de forma satisfatória e
produtiva. A experiência clínica indica que o melhor período para o tratamento da
esquizofrenia é com o aparecimento dos primeiros sintomas. Se a sintomatologia
psicótica permanecer sem tratamento por longos períodos o prognóstico do tratamento é
menos favorável. Assim, é vital o reconhecimento precoce dos sinais da esquizofrenia

103
para que se possa procurar uma ajuda rápida.

EMERGÊNCIAS ASSOCIADAS AO ÁLCOOL E A DROGAS DE


ABUSO

FONTE: http://www.projectosaude.nevogilde.2bsmart.org

O entendimento das bases neurológicas da drogação continua desafiando


clínicos e pesquisadores. Não é de hoje que o sistema dopaminérgico vem sendo
considerado como o mais importante no que se refere ao uso abusivo de substâncias,
sendo a via dopaminérgica mesocorticolímbica a mais referida. Juntamente com a
dopamina, outros neurotransmissores em conjunto parecem colaborar para a atividade
da via dopaminérgica com o chamado “sistema de recompensa”. Incluem-se à
dopamina, por exemplo: o ácido gama-aminobutírico (GABA), o glutamato, a
serotonina e os peptídeos opióides.
Além de atuar sobre o sistema recompensa, o sistema dopaminérgico apresenta
importante função sobre o sistema motor, além de funções refinadas de cognição e
memória. Já o sistema opioide é responsável pelo componente hedônico (de prazer) do

104
sistema de recompensa cerebral, além de estar relacionado também à dor e ao
processamento emocional.
Quando observamos os mecanismos de ação das diferentes drogas de abuso
verificamos que todas apresentam uma relação direta ou indireta com um ou mais destes
neurotransmissores, como veremos a seguir.

COCAÍNA

FONTE: http://www.fiocruz.br>

Os efeitos subjetivos e comportamentais desta substância são geralmente


atribuídos à sua ação sobre o sistema dopaminérgico. Acredita-se que 50% de ocupação
de transportador de dopamina seja necessário para que um indivíduo perceba os efeitos
da substância e que, para a sensação de euforia, pelo menos 60% dos sítios de DAT
devem estar ocupados. Nas três vias de administração – aspirada, injetada e fumada
(crack) – a ocupação de DAT é superior a 60%.

METANFETAMINA E ECSTASY (MDMA-3,4-METILENODIOX,


METANFETAMINA)

105
134

FONTE: http://www.cotianet.com.br>.

As drogas classificadas como derivados anfetamínicos podem atuar no Sistema


Nervoso Central (SNC) de formas distintas. Seu alvo principal são as monoaminas
cerebrais: dopamina, serotonina e noradrenalina. Assim, farmacologicamente são
classificadas como agonistas indiretos, pois não atuam especificamente sobre receptores
monoaminérgicos pós-sinápticos, mas indiretamente da seguinte forma:
• Impedem a recaptação dos neurotransmissores por meio
do bloqueio competitivo do transportador de dopamina e noradrenalina e,
em altas doses, também de serotonina;
• Inibem a atividade das enzimas de metabolismo
(monoaminoxidase - MAOA e MAOB);
Estimulam a liberação do neurotransmissor independente de Ca++ (ou seja,
independente da despolarização do botão sináptico).

MACONHA

106
135

FONTE: http://www.fiocruz.br>. Acesso em 27 jul. 2009.

O principal componente psicoativo da maconha é o tetrahidrocanabinol (THC).


Seu mecanismo de ação ainda não foi completamente elucidado, mas acredita-se que ele
atue no SNC por receptores canabinoides CB1 e CB2. As áreas cerebrais com maior
densidade de receptores CB1 são o córtex frontal, núcleos da base, cerebelo e
hipocampo.

107
FONTE: http://www.clinicamillerdepaiva.com>.

Estudos com animais têm demonstrado que o THC e a anandamida (canabinoide


endógeno mais estudado), aumentam a concentração de dopamina no estriado e no
sistema mesolímbico.

NICOTINA

108
FONTE: http://www.becodosgatos.com.br>.

A nicotina é a principal substância do cigarro responsável pelos efeitos


psicoativos e pela dependência de tabaco. No entanto, há milhares de compostos
químicos na fumaça do cigarro e alguns deles podem contribuir para os efeitos
comportamentais e tóxicos do tabaco.
Nicotina é um agonista direto em receptores colinérgicos nicotínicos, onde age
acetilcolina endógena e estão amplamente distribuídos no SNC. Os receptores
nicotínicos implicados na ação da Nicotina estão localizados no sistema dopaminérgico
mesocorticolímbico.

ÁLCOOL

109
FONTE: http://www.dgaiec.min-financas.pt

Segundo o Prof. Luís Caetano da Silva, médico especialista em fígado da


Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), são tantas as
consequências desastrosas das drogas na vida de um dependente que, muitas vezes, os
danos que causam aos diferentes órgãos são postos em segundo plano. Um problema em
relação ao álcool é que ele custa pouco, é facilmente encontrado e legalmente obtido.
Além disso, tem o poder de libertar o indivíduo das suas inibições que o constrange. O
jovem geralmente começa a beber na adolescência, fica mais extrovertido, mas não
imagina que isso possa significar o fim de sua vida precocemente porque seu fígado será
irremediavelmente destruído.
Estudos mostram que embora o estresse não determine o alcoolismo, os
indivíduos submetidos a situações estressantes, para as quais não encontram alternativas
de solução, tornam-se mais vulneráveis a se tornarem alcoólatras pela ação relaxante e
tranquilizante que o álcool proporciona, semelhante ao dos medicamentos ansiolíticos.
O problema é que o álcool tem muito mais efeitos colaterais que esses medicamentos.
Na verdade, o cerne da questão para esses indivíduos é o desejo de abolir suas
preocupações e problemas com a embriaguez e isso os medicamentos ansiolíticos não
proporcionam ou o fazem em doses que levariam ao sono. A tendência do homem
quando submetido ao estresse é procurar o prazer e não a tranquilidade propriamente
dita, daí o motivo pelo qual a vida sexualmente promíscua muitas vezes é acompanhada

110
do abuso de álcool ou de outras drogas.

Risco de Criar Dependência

Para exemplificar o Prof. Luís Caetano cita a cerveja, bebida bastante divulgada
e consumida no Brasil. Vamos admitir que cada garrafa (600 ml) tenha, em média, de
4% a 5% de álcool. Logo, três garrafas e meia de cerveja perfazem 80 gramas de álcool.
Se considerarmos que o teor alcoólico da pinga, do uísque e da vodca é dez vezes maior
do que o da cerveja dá para imaginar o que acontece. Um copo de qualquer uma dessas
bebidas corresponde a 64 gramas de álcool, portanto beirando o limite que, na maioria
dos casos, leva à cirrose, que é uma doença que evolui invariavelmente para o óbito.
O grande problema é que ninguém duvida de que tomar uma caipirinha ou uma
cerveja, de vez em quando, é agradável. A coisa complica com a repetição em todo fim
de semana que pode levar à dependência, sobretudo nos indivíduos com história
familiar de alcoolismo. Também não faz diferença o tipo de bebida escolhido, pois o
que conta é a quantidade de álcool ingerida diariamente ou quase todos os dias. Por
outro lado, se houver predisposição genética, mesmo em quantidades menores o álcool
pode provocar cirrose hepática.

Efeitos Deletérios do Álcool

O uso excessivo de bebidas alcoólicas pode afetar praticamente todos os órgãos


e sistemas do organismo. O aparelho gastrintestinal é particularmente atingido. Além
das lesões do fígado, que levam o paciente lentamente à morte, podem ocorrer gastrites,
úlceras, inflamação do esôfago e pancreatite aguda, que é um quadro clínico grave.
Outros aparelhos atingidos: o cardiocirculatório (hipertensão arterial, arritmias), o
sistema nervoso central (disfunções motoras), periférico (neuropatias periféricas) e
sistema geniturinário (atrofia de testículos com impotência e perda da libido). Nas
mulheres o álcool afeta a produção hormonal, levando à diminuição da menstruação,
infertilidade e alterações das características sexuais femininas. Em mulheres grávidas
sabe-se que o álcool atravessa a barreira placentária e pode provocar desde
abortamentos espontâneos, natimortos, além da temida síndrome fetal do alcoolismo,

111
constituída por um ou mais defeitos congênitos, tais como: más-formações no coração,
membros, crânio e face. Também baixo peso ao nascer e grande dificuldade em
aumentar de peso e estatura, além de retardo mental.
A anemia é bastante comum nos alcoólatras, o que pode ser causado por
desnutrição e deficiência de vitaminas e de ácido fólico. As lesões vão surgindo
lentamente e, quando o indivíduo é alertado pelo médico, muitas vezes já está com
cirrose hepática ou com outros problemas graves de saúde.

Síndrome de Dependência

O Prof. Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra da Unidade de Atendimento a


Dependentes da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP, estabelece os seguintes
critérios para o diagnóstico dessa síndrome:
· Intervalos mais curtos de beber: No começo a pessoa bebe com certa
variabilidade. À medida que fica mais dependente, começa a beber todos os dias, e o
padrão se torna estereotipado, ou seja, começa a beber todos os dias, na hora do almoço
e à noite;
· Realce do comportamento de busca do álcool: O indivíduo tenta dar prioridade
ao ato de beber ao longo do dia, mesmo em situações socialmente inaceitáveis (por
exemplo, no trabalho, dirigindo veículos, quando está doente, etc.);
· Aumento da tolerância (resistência) ao álcool: Aumento da dose para obter o
mesmo efeito, ou seja, o organismo exige doses cada vez maiores para repetir a
sensação de bem estar;
· Sensação subjetiva de necessidade de beber: Existe pressão subjetiva para
beber. Este sintoma foi atribuído no passado a uma compulsão. Atualmente, considera-
se como tendência psicológica a buscar alívio dos sintomas de abstinência;
· Alívio ou fuga dos sintomas de abstinência pelo beber: Este sintoma fica muito
claro na fase mais grave da dependência – a pessoa bebe pela manhã para sentir-se
melhor. Esta particularidade, em que ela sente-se melhor com o uso de álcool, pode
também estar presente na fase inicial da dependência, embora o paciente não atribua
isso à dependência;
· Síndrome de abstinência: Se o consumo de álcool diminuir ou for interrompido

112
subitamente aparecem sintomas físicos e psíquicos de abstinência. Na fase inicial da
dependência, os sintomas de abstinência (ansiedade, insônia e irritabilidade) são leves e
intermitentes e causam pouca incapacidade, por isso o paciente pode não atribuí-los
como um sinal de dependência ao álcool. Nas fases mais graves da dependência os
sintomas de abstinência são mais marcantes, tais como: tremores, sudorese, aumento da
pulsação, náuseas, vômitos, insônia, agitação, ansiedade. Nesses casos mais graves
podem ocorrer convulsões e as manifestações clínicas do chamado “Delirium Tremens”.
Esta é uma forma mais intensa e complicada da abstinência alcoólica. É considerado um
quadro psiquiátrico grave que necessita de tratamento hospitalar. Caracteriza-se por um
estado de confusão mental. O paciente não consegue conversar, confunde objetos e
pessoas, não sabe informar sobre datas ou local onde se encontra, não consegue prestar
atenção em nada. Um traço comum no “Delírium Tremens”, mas nem sempre presente,
são as alucinações táteis e visuais em que o doente “tem visões” de insetos (baratas,
formigas...) ou animais asquerosos (ratos, cobras...), próximos ou junto ao seu corpo.
Esse tipo de alucinação pode levá-lo a um estado de agitação violenta para tentar
livrarse dos animais que o atacam. Cabe ao profissional de saúde fazer o diagnóstico da
síndrome de abstinência, o seu tratamento bem como das complicações clínicas e
psiquiátricas associadas. O manejo clínico desses quadros clínicos é fundamental no
tratamento da dependência do álcool e representa uma oportunidade para motivar o
paciente a permanecer no tratamento. · Reinstalação da síndrome após abstinência:
Após período de abstinência que pode ser de dias ou meses, assim que o indivíduo volta
a beber em curto espaço de tempo ele passa a ingerir no mesmo padrão de dependência
anterior.

Fenômeno da Dependência

O fenômeno da dependência obedece a dois mecanismos básicos: o reforço


positivo e o reforço negativo. O positivo refere-se ao comportamento de busca do
prazer, ou seja, quando algo é agradável o indivíduo busca os mesmos estímulos para
obter a mesma satisfação. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitar o
desprazer, ou seja, em uma dada circunstância, quando algo é desagradável o indivíduo
procura os mesmos meios para evitá-los.

113
A fixação de uma pessoa no comportamento de busca do álcool obedece a esses
dois mecanismos. No começo a busca é pelo prazer que a bebida proporciona. Depois
de um período, quando a pessoa não alcança mais o prazer obtido anteriormente, não
consegue mais parar porque sempre que isso é tentado surgem os sintomas
desagradáveis da abstinência e para evitá-los ela mantém o uso do álcool.
Atualmente há medicamentos modernos que podem ajudar a manter a
abstinência, os quais devem ser prescritos e acompanhados pelo médico. Esses
medicamentos atuam sobre tais mecanismos: a Naltrexona inibe o prazer dado pelo
álcool, impedindo o reforço positivo; o Acamprosato diminui o mal-estar causado pela
abstinência, bloqueando o reforço negativo.

Fenômeno da Tolerância

O grande problema do consumo do álcool é que no início seu efeito é agradável.


Vimos que o organismo cria tolerância (resistência) e exige doses cada vez maiores para
repetir a sensação de bem-estar. Certo grau de embriaguez é a reação normal do
organismo posto em contato com o álcool, entretanto, todos conhecemos pessoas que
bebem quantidades enormes e aparentemente não se abalam. Essa resistência à ação do
álcool é o primeiro passo para que o alcoolismo se instale e o fígado entre em processo
de deterioração.
O alcoólatra não pode dizer que não está tolerante ao álcool por apresentar
sistematicamente certo grau de embriaguez. O critério não é a ausência ou presença de
embriaguez, mas a perda relativa do efeito da bebida. A tolerância ocorre antes da
dependência.
Os primeiros indícios de tolerância não significam necessariamente dependência,
mas é um sinal claro de que ela não está longe. A dependência é simultânea à tolerância.
Em outras palavras, a dependência será tanto mais intensa quanto maior for o grau de
tolerância ao álcool.
Diz-se que o indivíduo tornou-se dependente do álcool quando ele não tem mais
forças por si mesmo para interromper ou diminuir o uso do álcool. Neste estágio há um
abandono progressivo dos interesses, atividades e prazeres pessoais, ficando a vida cada
vez mais direcionada à bebida. A maior parte do tempo do indivíduo passa a ser

114
ocupada com a busca e consumo da bebida. Ele continua bebendo apesar das evidências
claras dos prejuízos físicos, psicológicos, familiares e sociais que vem sofrendo.

Aspectos Gerais do Alcoolismo

A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação


dos pacientes quanto à sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é
mais difícil fazer o diagnóstico, pois os limites entre o “uso social” e a dependência nem
sempre são bem definidos. Nos casos de dúvidas quanto ao diagnóstico, devem-se
sempre avaliar incidências familiares de alcoolismo porque se sabe que a carga genética
predispõe ao alcoolismo.
O alcoólatra de “primeira viagem” sempre tem a impressão de que pode parar
quando quiser e não é raro se ouvir a expressão: “quando eu quiser, eu paro”. Essa frase
geralmente encobre o alcoolismo incipiente e resistente porque ele próprio nega
qualquer problema relacionado ao álcool, mesmo que as outras pessoas não acreditem.
A negação do próprio alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma
forma de defesa da autoimagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma), até porque
sabemos que à semelhança da maioria dos diagnósticos mentais, o alcoolismo possui
um forte estigma social, e os pacientes tendem a evitar esse estigma.
Essa defesa natural de preservação da autoimagem e consequentemente da
autoestima acaba trazendo atrasos ao início do tratamento do alcoolismo, vez que para
isso é necessário que o paciente preserve sua autoestima em níveis elevados sem,
contudo, negar sua condição de alcoólatra. Para se atingir tais condições, é
indispensável orientação psiquiátrica adequada na condução de cada caso em particular.

Aspectos Biológicos do Alcoolismo

Tradicionalmente o alcoolismo e a dependência química têm sido considerados


pelos psiquiatras como o “patinho feio” da especialidade, pois no passado eles admitiam
o falso conceito popular de que o alcoolismo é um problema relacionado à força de
vontade. Os alcoólatras seriam pessoas fracas, provavelmente degeneradas, que não
teriam força suficiente para resistir ao prazer envolvido com o ato de beber. Dessa
forma, a condução do tratamento da dependência química durante certo tempo se tornou
“terra de ninguém”, que incluía várias categorias de pessoas, tais como: dependentes

115
recuperados, pessoas bem e mal intencionadas (charlatões).
Dessa maneira, não é de se estranhar que uma grande quantidade de mitos tenha
proliferado no campo da dependência química. Entre eles, podemos citar a visão moral
da dependência química, a ausência de recuperação, a necessidade de “fundo de poço”,
para que se pudesse dar início a um tratamento com possibilidade de recuperação e o
conceito de que qualquer tipo de recaída poria tudo a perder.
Esses mitos não só carregam um grande estigma para o paciente dependente,
mas também dificultam a sua recuperação, pois atuam diretamente na autoestima e na
motivação. Felizmente, a evolução científica tem trazido uma nova luz para a ciência da
dependência química e nos últimos vinte anos estudos realizados têm evidenciado que a
dependência química é também um quadro cerebral, além de um transtorno psicológico
e social.
Há evidências de que o cérebro está profundamente afetado nas alterações
causadas pelo uso de drogas psicoativas. O sistema de recompensa cerebral, que
envolve os neurotransmissores (dopamina e endorfina), parece ficar ativado de forma
específica pelo álcool, cocaína, anfetaminas, opioides e canabioides, de modo que, após
o início do uso regular dessas drogas, o processo de dependência química segue o seu
percurso bastante independente da vontade individual.
Estes estudos têm trazido resultados práticos muito importantes, dentre eles o
novo enfoque de ver a dependência química como uma doença crônica, o aparecimento
de formas mais específicas de psicoterapia comportamental para abordagem da
dependência química, bem como o surgimento de medicamentos modernos para o
tratamento da dependência do álcool, tabaco e heroína.

Estratégias do Tratamento

Ao contrário, existem vários estágios entre esses dois extremos e o papel do


médico psiquiatra é ajudar o paciente a se motivar ao tratamento, ou seja, induzi-lo a
querer tratar-se, vez que a vontade de parar é o primeiro passo importante para o
tratamento. Isso só é possível com o entendimento do processo de mudança que começa
com o estado de pré-contemplação, no qual o paciente ainda não reconhece os
problemas que a bebida lhe causa e não planeja mudar seu comportamento.
Nesta fase não seria efetivo aconselhar o paciente apenas a mudar o hábito ou os
lugares que frequenta. Antes ele precisa se dar conta dos riscos de continuar bebendo.

116
Um modo de ajudar o paciente neste estágio é fazer com ele um quadro dos riscos e
benefícios de usar a substância alcoólica. O estágio seguinte é o de contemplação, onde
o paciente está conseguindo avaliar, de forma mais clara, os custos e benefícios de usar
a bebida e já considerar a hipótese de mudar o seu comportamento.
Nesta etapa o médico pode ajudá-lo a avaliar quais situações o deixam mais
suscetível a beber e encontrar uma estratégia para evitá-las ou enfrentá-las de forma
eficiente. A fase seguinte é da ação, quando o paciente já se decidiu pela mudança do
comportamento e alterações concretas, podem ser feitas mediante a interrupção total do
uso de bebidas alcoólicas (abstinência). A chamada “desintoxicação” pode ser feita em
casa ou, em casos mais graves, em hospital, mas sempre sob cuidado médico.
Nesse período é fundamental um exame médico completo com solicitação de
exames laboratoriais, com especial atenção para o fígado e sistema nervoso a fim de
avaliar os danos físicos e mentais decorrentes do álcool. A dosagem sanguínea das
transaminases é um exame importantíssimo e barato que permite diagnosticar doenças
do fígado em fase relativamente precoce. O ideal seria solicitar as transaminases (TGP e
TGO) e a Gama GT. Este último exame é importante para avaliar as condições em que
se encontra o fígado de quem bebe.
O próximo estágio de mudança é o da manutenção da abstinência. O paciente já
parou o consumo do álcool, fez mudanças concretas no comportamento e agora se
reúnem estratégias para ele não recair, ou seja, manter-se abstinente. A maioria dos
estudos mostra que a abstinência deve ser total e completa. Uma “bebidinha” de vez em
quando abre caminho novamente para a recaída na grande maioria dos casos. Assim, é
preciso muito esforço e apoio, com envolvimento do cônjuge e demais familiares, para
que o paciente fique distante das bebidas alcoólicas e de outros produtos que contém
álcool.
De fato, se existe um cônjuge ou uma família, o prognóstico é melhor e o
trabalho com ambos os cônjuges – individual e conjuntamente – deve começar
prontamente. Contudo, é importante salientar que estes estágios de mudança de
comportamento em relação ao consumo do álcool não são lineares, ou seja, o paciente
ao longo do tratamento flutua entre esses estágios, podendo ocorrer recaídas que não
devem ser interpretadas como retorno ao estágio zero. As experiências anteriores do
paciente podem representar aprendizados que o ajudam a voltar à abstinência. A cada
recaída o paciente pode retroceder a qualquer estágio do processo de mudança.
A psicoterapia comportamental desempenha papel fundamental na recuperação.

117
Procura buscar com o paciente os motivos que o levam a beber e auxiliá-lo na resolução
dos conflitos objetivando a construção de uma personalidade mais madura e capaz de
lidar com as adversidades sem precisar se refugiar na bebida.
Os grupos de autoajuda também desempenham um papel muito importante na
recuperação, sendo recomendável matricular o paciente nos Alcoólatras Anônimos
(AA) e o cônjuge no “Al-Anon”.
Não se deve subestimar a importância da religião, particularmente por ser o
alcoólatra uma pessoa dependente e que necessita de muito suporte. O aconselhamento
religioso – quer por sacerdote católico ou por pastor evangélico – poderá também
contribuir significativamente para o sucesso do tratamento.

Recaída

A taxa de recaída (voltar a beber depois de ter se tornado dependente e parado


com o uso de álcool) é muito alta. Quando nenhuma terapêutica de acompanhamento é
feita, cerca de
90% dos pacientes voltam a beber nos quatro anos seguintes à interrupção, daí a
importância de um acompanhamento terapêutico em longo prazo. A semelhança com
outras formas de dependência, como a nicotina, tranquilizantes, estimulantes, etc., leva
a crer que há um mecanismo psicológico (cognitivo) comum. O dependente que consiga
manter-se longe do primeiro gole terá mais chances de evitar a recaída.
O aspecto central da recaída é o chamado “craving”, palavra da língua inglesa
sem tradução para o português que significa uma intensa vontade de voltar a consumir
uma droga pelo prazer que ela causa. O “craving” é a dependência psicológica
propriamente dita.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E ABUSO DE ÁLCOOL E OUTRAS


DROGAS

O uso de drogas (álcool, cocaína, anfetaminas...) frequentemente desinibe o


comportamento do indivíduo, reduzindo o controle sobre os impulsos emocionais e
aumentando os sentimentos persecutórios. Por essa razão frequentemente o uso de tais

118
substâncias está relacionado a episódios de violência doméstica. As formas de violência
doméstica afetam não somente os cônjuges, mas também as crianças e os idosos,
influenciando o bem-estar físico e psicológico de toda a família.
Ênfase na identificação e no desenvolvimento de estratégias eficazes de
abordagem de ambos os problemas (violência doméstica e uso de substâncias) pode
contribuir para a redução da violência e de seu impacto sobre a saúde das próximas
gerações. A associação entre violência e uso de drogas tende a complicar e impor
desafios adicionais no tratamento de mulheres que sofrem de ambas as condições.
Geralmente as mulheres com histórico de violência doméstica têm maior
dificuldade em confiar em outras pessoas, incluindo profissionais de saúde. A
habilidade do clínico em romper esta barreira é crítica para o estabelecimento de uma
relação profissional efetiva. O profissional de saúde deve primeiro garantir a segurança
da paciente, fornecendo informações sobre o acesso às delegacias dos direitos da
mulher, devendo, contudo, evitar a confrontação direta com o companheiro violento, já
que essa abordagem pode acarretar o aumento da agressividade e dos ataques contra a
vítima.
O período que se segue a um episódio de violência é oportuno para se romper o
ciclo por meio do encaminhamento para tratamento do dependente em clínicas
especializadas com psiquiatras e/ou psicólogos, conforme a necessidade. A sugestão de
tratamento pode ser mais bem recebida pelo dependente de drogas nesse momento em
que se encontra invadido por sentimentos de culpa e renova promessas de mudança.
É importante ter em mente que ambas as condições (violência doméstica e uso
de substâncias) têm caráter crônico, com recaídas frequentes. Consequentemente, o
processo de mudança é complexo e demorado, exigindo estratégias eficazes de
abordagem de ambos os problemas.
A paciente deve ser encorajada a participar das reuniões de grupos de mútua
ajuda
(Alcoólicos Anônimos-AA e Narcóticos Anônimos-NA ou Al-Anon e Nar-Anon
para familiares, ou Mulheres que Amam Demais Anônimas-MADA envolvidas em
relações abusivas). É recomendável que o profissional de saúde esteja familiarizado
com esses grupos disponíveis na comunidade.

DEPENDÊNCIA ÀS DROGAS NA ADOLESCÊNCIA

119
O entendimento dos fatores de risco e das características do uso de drogas (não
esquecer que o álcool também é uma droga) entre os jovens poderia auxiliar na
prevenção do vício. Uma questão fundamental na adolescência é o distanciamento do
jovem do contexto familiar e a consequente individualização de sua conduta, que passa
a agir por conta própria em relação à família. O estresse e a ansiedade advindos dessa
fase da vida aumentam a vulnerabilidade dos adolescentes à pressão dos amigos.
Se por um lado ganham autonomia em relação a seus pais, por outro lado
adquirem uma forte aliança com seus colegas. Nesse movimento, a influência do grupo
e a “modelagem”, isto é, a imitação de determinado padrão de comportamento a partir
de um líder torna o adolescente especialmente vulnerável. Comportamentos de risco
fazem parte do processo e geralmente vêm associados a sentimentos de grandiosidade e
de “onipotência juvenil”, que induzem à negação do potencial de perigo inerente a tais
comportamentos.
Assim, o adolescente se questiona e tende a se adaptar aos modelos de
comportamento “adulto” de que dispõe, sendo o uso de álcool, tabaco e outras drogas,
apenas mais um dentre vários modelos. É o caso dos jovens que bebem sem
responsabilidade, entrando nas baladas para se firmarem perante aos demais de seu
grupo e daí para consumir outras drogas é apenas um passo a mais. O abuso acarreta
acidentes automobilísticos, sexo sem responsabilidade, pois alcoolizado não se
preocupa em usar camisinha, daí o perigo da AIDS.

NÍVEIS DE PREVENÇÃO

A prevenção primária, apoiada nos educadores naturais (pais e professores),


deve atuar o mais cedo possível, devendo fazer parte da educação familiar. Nesse nível,
a prevenção deve ser feita pelo conjunto de medidas que devem estar inseridas na
educação, visando intervir na formação dos jovens antes que surjam os problemas e para
tanto é necessário que sejam aplicadas de maneira didática, criativa e prazerosa. No
caso dos jovens, deve enfatizar medidas de conscientização e sensibilização quanto aos
problemas da infância e da adolescência, em seus aspectos físicos e culturais. Com os
adultos, a prevenção primária deve fornecer conhecimentos básicos para provocar e
favorecer maior reflexão sobre os problemas abordados.

120
A prevenção secundária deve ser entendida como um prolongamento da
prevenção primária, quando esta não alcançou os efeitos necessários. O nível secundário
de prevenção se aplica quando o indivíduo está em dificuldades que o levam a pensar
em consumir a droga ou mesmo já está consumindo de maneira não contínua por
simples curiosidade. Neste caso, a pessoa ainda não é um dependente, mas o risco de se
tornar é cada vez maior. Os métodos de abordagem devem ser feitos tanto por uma
comunicação mais dirigida e específica para aprofundar o diálogo quanto conhecer mais
profundamente a droga utilizada, seus efeitos e problemas.
Na prevenção terciária, os métodos se confundem com o tratamento ou
reabilitação. Aqui, o indivíduo que consumia droga eventualmente por simples
curiosidade, com a repetição, perde completamente o controle sobre o comportamento
de consumidor eventual e se torna um “dependente”, ou seja, consumidor compulsivo.
Este nível terciário tem o objetivo de evitar a recaída e visa reintegrar o indivíduo à
sociedade. Essa prevenção atua antes, durante e depois do tratamento.
Antes do tratamento objetiva auxiliar o dependente a solicitar ajuda, ou seja,
conscientizá-lo de que seu problema não pode ser resolvido só por ele mesmo. Durante
o tratamento a prevenção age evitando que o tratamento seja interrompido. Após o
abandono das drogas a prevenção tem como meta auxiliar o indivíduo a se reintegrar
socialmente, evitando recaídas. Os mecanismos pelos quais o álcool atua no cérebro,
assim como as alterações cerebrais produzidas pelo seu consumo crônico, ainda não
estão compreendidos, sendo que a maioria dos estudos indica a participação dos
sistemas dopaminérgicos, serotoninérgicos e principalmente gabaérgicos.
O sistema de recompensa associado ao uso do álcool, além dos neurônios
dopaminérgicos da área tegmental ventral e núcleo accumbens, inclui também estruturas
que usam o ácido gama-aminobutírico (GABA) como transmissor, tais como o córtex,
cerebelo, hipocampo, colículos superiores, inferiores e a amígdala.

OPIOIDES

121
FONTE: http://www.ff.up.pt

Os opioides modulam a liberação de neurotransmissores como a acetilcolina,


serotonina, noradrenalina, além de outros peptídeos, como a substância P. O locus
coeruleos, responsável pela maior parte da produção de noradrenalina no SNC,
apresenta-se estimulado na síndrome de abstinência a opiáceos, o que provoca os típicos
sintomas de estimulação simpática. O sistema de recompensa aos opiáceos, além das
estruturas antes mencionadas, inclui também áreas que usam como neurotransmissores
opiáceos endógenos, tais como o núcleo arqueado, a amígdala, o locus coeruleos e a
área cinzenta periaquedutal dorsal.
PSICOTRÓPICOS

122
FONTE: http://www.portalmaratimba.com

Para podermos compreender como as drogas psicotrópicas interferem nas


funções do sistema nervoso central (SNC), é importante termos noções do
funcionamento desse sistema. Quando o ser humano recebe um estímulo, por meio de
seus órgãos do sentido, a mensagem é enviada ao SNC, onde ocorre o processamento da
informação, interpretação, elaboração, memorização, associações, entre outros.
Esses processamentos ocorrem em milésimos de segundo e se repetem milhares
de vezes ao longo de um único dia. As drogas psicotrópicas agem alterando essas
comunicações entre os neurônios, podendo produzir diversos efeitos de acordo com o
tipo de neurotransmissor envolvido e a forma como a droga atua. Por exemplo, uma
droga do tipo benzodiazepínico (tranquilizante) atua facilitando comunicações do
GABA, neurotransmissor responsável pelo controle da ansiedade, produzindo a
diminuição da mesma.
Dessa forma, de acordo com o tipo de ação, as drogas podem provocar
ansiedade, sonolência, excitações, convulsão, entre outros. Estimar o tamanho do efeito
de cada droga é difícil. Muitos ensaios apresentam limitações de delineamento e de
seleção da amostra. Assim, torna-se difícil mensurar o real benefício dos psicotrópicos.
Mas o tratamento com estes medicamentos torna-se muito útil no manejo de animais.

CLASSIFICANDO AS SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS

De acordo com os seus efeitos ao sistema nervoso central, têm-se os seguintes


grupos:

Depressoras

Como o próprio nome indica, diminuem a atividade do SNC, ou seja, esse


sistema passa a funcionar mais lentamente. Como consequência, aparecem os sintomas

123
e os sinais dessa diminuição: úteis como medicamentos em casos nos quais o SNC do
animal está funcionando “muito acima do normal” (CARLINI, 1994).
Os hipnóticos são substâncias que determinam graus variados de depressão do
SNC. Esta depressão depende de alguns fatores, como a via de administração, dose da
substância hipnótica e maior ou menor sensibilidade do paciente à droga. Assim é que
pode ocorrer sedação, que é um grau mais superficial de depressão e que corresponde a
uma sonolência acompanhada de discreto relaxamento muscular, com diminuição da
ansiedade (SOLERO et al., 1999).
Aprofundando-se mais, surge a hipnose, estado de depressão semelhante ao sono
fisiológico e que dele se distingue pelo fato de, na hipnose induzida por drogas, haver
um encurtamento daquela fase do sono paradoxal ou de movimentos açulares rápidos,
que corresponde à fase dos sonhos e é benéfica para a estabilização psíquica (KAPLAN
et al., 2002). Atualmente, de acordo com a importância clínica, encontram-se
propriedades hipnóticas nos benzodiazepínicos, nos barbitúricos e em um terceiro grupo
que poderíamos chamar de substâncias não benzodiazepínicas e não barbitúricas, que
engloba um número variado de substâncias farmacologicamente hipnóticas, mas com
pouco uso clínico (SILVA, 1998).
Exemplos: álcool, soníferos ou hipnóticos (drogas que promovem o sono –
barbitúricos, alguns benzodiazepínicos, etc.), ansiolíticos (acalmam; inibem a ansiedade
benzodiazepínicos, tais como diazepam, lorazepam, etc.), opiáceos ou narcóticos
(aliviam a dor e dão sonolência – morfina, heroína, codeína, meperidina, etc.), inalantes
ou solventes (FRANÇA, 2001).

Estimulantes

São aquelas que estimulam atividade do SNC, fazendo com que o estado de
vigília fique aumentado (portanto, diminui o sono), haja excitação, aumento da
atividade motora, etc. Em doses mais elevadas chegam a produzir sintomas
perturbadores do SNC, tais como convulsão (CARLINI, 1994).
Muitos medicamentos podem estimular o sistema nervoso central, uns de modo
predominante, outros de modo secundário. A estimulação pode exteriorizar-se sob a
forma de moderada elevação no estado de alerta, excitação, agitação e até convulsões. A

124
hiperexcitabilidade pode ser um efeito indesejado ou esperado ou resulta da alteração do
equilíbrio entre os sistemas excitatórios e inibitórios do SNC (KING et al. 1992).
Aproximava da dose que produzia convulsões e arritmias, além disso, os
estimulantes psicomotores (anfetaminas e congêneres) criam problemas de tolerância,
de abuso e de dependência (SILVA, 1998). Os declínios do uso de estimulantes do SNC
se devem aos seguintes fatores: os estimulantes não eram antagonistas específicos, a
duração de ação dos estimulantes era geralmente mais curta que aquela dos depressores
do SNC, a dose necessária para reverter a depressão grave do SNC se aproximava da
dose que produzia convulsões e arritmias, além disso, os estimulantes psicomotores
(anfetaminas e congêneres) criam problemas de tolerância, de abuso e de dependência
(SILVA, 1998).
Exemplos: Cafeína, nicotina, anfetamina, anorexígenos e cocaína. Anfetamina –
Empregada como vasoconstritor e estimulante. Protege o doente com excesso de sono e
age também como moderador do apetite (SOLLERO et al., 1999).

Anorexígenos

Diminuem a fome. Principais drogas pertencentes a essa classificação são as


anfetaminas. Ex: dietilpropriona, femproporex, etc.

Perturbadoras

Nesse grande grupo temos as drogas que produzem uma mudança qualitativa no
funcionamento do SNC. Assim, alterações metais que não fazem parte da normalidade.
Por essa razão, são chamadas de piscoticomiméticas, ou seja, drogas que mimetizam
psicoses (CARLINI, 1994). A ação de cada psicotrópico depende: do tipo da droga, da
via de administração, da quantidade, do tempo, da frequência de uso, da absorção e
eliminação desta pelo organismo.
A ação de cada psicotrópico depende: do tipo da droga, da via de administração,
da quantidade, do tempo, da frequência de uso, da absorção e eliminação desta pelo
organismo e da associação com outras drogas (FLANAGAN et al., 1994). A retirada
brusca da droga de um animal dependente pode levar ao aparecimento de uma gama de
sinais e sintomas que constituem a síndrome de abstinência, sendo os mais frequentes a

125
fraqueza, irritação, tremores, insônia, cólicas, vômitos, hipertermia, hipotensão e
convulsões violentas, podendo ser confundidas com crises epilépticas (LOWE, 2003).
A suspensão da droga deve ser feita com o acompanhamento médico, começa-se
oferecendo uma dose do psicotrópico semelhante àquela última que vinha sendo usada,
diminui-se então, progressiva e paulatinamente, a dose até chegar-se ao ponto em que,
com zero miligrama da droga durante vários dias, o paciente não apresente nenhum
sinal de necessidade física ou psíquica do barbitúrico. Nesse momento, o ser humano
está liberado para retornar a sua residência (BREIMER, 1977).

TRANSTORNO DISSOCIATIVO

FONTE: http://www.Filme.numb>.

Estes transtornos são os mais explorados pela indústria cinematográfica, dada


sua curiosa forma de apresentação. O aspecto central dos transtornos dissociativos (ou
também chamados conversivos) é a perda total ou parcial de uma função mental ou

126
neurológica. As funções comumente afetadas são a memória, a consciência da própria
identidade, sensações corporais e o controle dos movimentos corporais.
Esses acometimentos estão, por definição, ligados a algum evento
psicologicamente estressante na vida do paciente, cuja ligação costuma negar e
consequentemente o psiquiatra precisa de auxílio para detectar. Dada a comprovação da
inexistência de um fator físico detectável, sua rápida instalação e a preservação das
demais funções mentais e neurológicas, as pessoas diretamente prejudicadas pelo
distúrbio do paciente consideram simuladores.
Esses casos ainda não foram inteiramente compreendidos, o que não significa
que sejam simulações. Reconhecemos nossa ignorância e justamente por ela não temos
como negar sua existência. Por enquanto admite-se a existência da paralisia neurológica
e psiquiátrica, uma de bases definidas, outra de bases indefinidas, justamente como foi
no passado com a neurologia.

AMNÉSIA DISSOCIATIVA

FONTE: http://www.comentariosemserie.com>.

127
O principal aspecto é a perda da memória, usualmente para eventos recentes
importantes, graves o suficiente para serem tomados como simples esquecimento. Deve
ser comprovada a impossibilidade de uma causa orgânica como medicamentos ou
problemas cerebrais. A amnésia costuma acontecer para eventos traumáticos, como
acidentes ou perdas inesperadas, podendo ser específica para determinados temas, por
exemplo: em uma determinada boate onde ocorreu um incêndio o paciente não se
recorda dos comentários de outras pessoas a respeito do cheiro de fumaça instantes
antes do pânico generalizado; também não se lembra de alguém que tentava orientar a
multidão ou outra pessoa que tentou ajudá-la, somente dos doces, das bebidas, das
músicas e com quem conversou.
Na maioria das vezes o paciente sabe que perdeu parte da memória, alguns se
aborrecem com isso, outros ficam indiferentes e despreocupados. Os adultos jovens, os
adolescentes e as mulheres são os mais acometidos por esse problema. Há técnicas
como a hipnose ou outras formas de relaxamento que permitem ao profissional
experiente penetrar na parte “esquecida” da mente do paciente e fazê-lo contar o que
houve. Em certos casos, psicoterapias podem também fazer com que o paciente se
conscientize do que presenciou.

FUGA DISSOCIATIVA

FONTE: http://www.mortalbutinvincible.blogspot.com
Na fuga dissociativa o indivíduo repentinamente perde todas suas recordações,
inclusive de sua própria identidade. Inesperadamente essa pessoa muda-se de

128
localidade, de cidade ou de estado, assumindo outra identidade, função e vida por vários
dias. Durante esse período não se lembra nada de sua vida passada nem tem consciência
de que se esqueceu de algo. Seu comportamento é compatível com as normas sociais de
maneira que ninguém percebe algo errado naquela pessoa, exceto por ser um forasteiro.
Vive de forma simples, um pouco recluso, com modéstia. Subitamente recobra toda a
memória, excetuando-se o período enquanto viveu a fuga dissociativa. Com o
restabelecimento da memória a pessoa recobra sua vida anterior.
Raramente esse episódio dura meses, mas dias ou horas.

DESPERSONALIZAÇÃO / DESREALIZAÇÃO

FONTE: http://www.clinicadialetica.com

A desrealização é a alteração da sensação a respeito de si, enquanto a

129
despersonalização é a alteração da sensação de realidade do mundo exterior, sendo
preservada a sensação sobre si. Contudo, ambas podem acontecer simultaneamente. A
classificação norteamericana não distingue mais a desrealização da despersonalização,
encarando-as como o mesmo problema.
Contrariamente ao que o nome pode sugerir a despersonalização não trata de um
distúrbio de perda da personalidade: este problema, inclusive, não tem nenhuma relação
com qualquer aspecto da personalidade normal ou patológica. O aspecto central da
despersonalização é a sensação de estar desligado do mundo como se, na verdade,
estivesse sonhando. O indivíduo que experimenta a despersonalização tem a impressão
de estar em um mundo fictício, irreal, mas a convicção da realidade não se altera.
A desrealização é uma sensação e não uma alteração do pensamento como
acontece nas psicoses, em que o indivíduo não diferencia realidade da “fantasia”. Na
despersonalização o indivíduo tem preservado o senso de realidade apesar de ter uma
sensação de que o que está vendo não é real. É comum a sensação de ser o observador
de si próprio e até sentir o “movimento” de saída de dentro do próprio corpo, de onde se
observa a si mesmo de um lugar de fora. A ocorrência eventual das sensações de
despersonalização ou desrealização é comum. Algumas estatísticas falam que
aproximadamente 70% da população já experimentaram alguma vez esses sintomas, não
podendo se constituir num transtorno enquanto ocorrência esporádica.
Porém, se acontece continuamente ou com frequência, proporcionando
significativo sofrimento, passa a ser considerado um transtorno. A severidade pode
chegar a um nível de intensidade tal que o paciente deseja morrer a continuar vivendo.
O diagnóstico desse transtorno dissociativo só pode ser feito se outros transtornos foram
descartados como as síndromes psicóticas, estados de depressão ou ansiedade,
especialmente o pânico. Nessas situações as despersonalizações e desrealizações são
comuns, constituindo-se em um sintoma e não em um transtorno à parte. Não há
tratamento eficaz conhecido para esses sintomas isoladamente.

PERSONALIDADE MULTIPLICA

130
FILME SYBIL (ABORDA O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
MÚLTIPLA)

FONTE: http://www.imageshack.us

Ao contrário do que poderia parecer, este transtorno nada tem a ver com os
transtornos de personalidade. Está classificado entre os transtornos dissociativos
porque existem várias personalidades dentro de uma só pessoa e essas não são
necessariamente patológicas. No transtorno de personalidade não há amnésias, mas uma
conduta rotineiramente inadaptada socialmente. O aspecto essencial da personalidade
múltipla é a existência de duas ou mais personalidades distintas dentro de um indivíduo,
com apenas uma delas evidenciando-se a cada momento.
Cada personalidade é completa, com suas próprias memórias, comportamento e
gostos de forma bastante elaborada e complexa. As personalidades são muito
independentes umas das outras, sendo possível inclusive terem comportamentos
opostos, por exemplo, uma sendo sexualmente promíscua e outra recatada. Em alguns
casos há completo bloqueio de memória entre as personalidades, noutros há
conhecimento, podendo gerar rivalidades ou fraternidades. O observador externo que só
conheça uma das personalidades não notará nada de anormal com esta pessoa. As
personalidades podem ser do sexo oposto, ter idades diferentes e até de outras raças.
O primeiro episódio de mudança de personalidade pode ser precedido de um
evento forte, como uma tragédia. Com o passar do tempo essa pessoa pode continuar
tendo as “viradas” na personalidade sem fatores precipitantes. A mudança de uma
personalidade para outra pode ser súbita ou ocorrer em uma espécie de período

131
confusional transitório, pode acontecer durante uma sessão de relaxamento ou de
psicoterapia. Nada se sabe a respeito das causas desse transtorno, mas admite-se que é
mais frequente do que se suspeitava antigamente. Atualmente as psicoterapias são as
únicas formas de abordagem dos casos. Não há uma medicação eficaz.

TRANSTORNO DISSOCIATIVO MOTOR

FONTE: http://www.apsicologiaresponde.blogspot.com>.

Os transtornos motores são os mais comuns do grupo das dissociações. As


queixas que esses pacientes costumam apresentar são fraquezas ao realizar um
determinado movimento, andar instável ou inseguro, movimentos anormais, tremores,
contrações involuntárias. Os sintomas costumam se intensificar quando o paciente é
observado. Apesar dessas queixas dificilmente esses pacientes se ferem, ao contrário do
que acontece nos casos neurológicos propriamente ditos. Esse distúrbio é
aproximadamente cinco vezes mais comum em mulheres do que em homens.
Um aspecto que muitas vezes chama a atenção é a relativa à acomodação com a

132
situação. Ao contrário de uma pessoa que repentinamente passa a necessitar de uma
cadeira de rodas, por exemplo, esses pacientes reagem com relativa tranquilidade e
indiferença à sua incapacidade física, não se importando com seu problema.

TRANSTORNO DISSOCIATIVO SENSITIVO

FONTE: http://www.cicloceap.com.br>.

É equivalente ao transtorno motor, sendo a função neurológica afetada mais


frequentemente a sensorial, o tato, a audição e a visão. Podem manifestar-se com perda
parcial ou completa das sensações táteis de determinada área do corpo, principalmente
as extremidades (pés e mãos). Nesses casos, todas as funções táteis costumam estar
acometidas para o toque, para a dor e para a temperatura. Assim o paciente queixa-se de
anestesia em um lado inteiro do corpo ou nas mãos ou pés.

133
Os órgãos dos sentidos especiais como audição, visão podem ser afetados
provocando surdez, visão turva, cegueira, visão em túnel. Tanto ambos os lados podem
ser acometidos simultaneamente como de um lado só. Novamente esses pacientes não
se ferem por causa de seu transtorno, mas se isso acontecer como fato isolado não se
poderá excluir o diagnóstico. Tanto as alterações motoras como as sensoriais costumam
ser limitadas a um período de tempo com completa recuperação posterior, mas o mesmo
quadro ou outro semelhante pode surgir após a recuperação.

ALEXITIMIA

FONTE: http://www.definicion.de>.

O conceito de Alexitimia é muito melhor conhecido hoje que há um quarto de


século. Trata-se de uma marcante dificuldade para a expressão apropriada da língua,
para descrever os sentimentos próprios e para relatar as sensações corporais, uma
impressionante habilidade para fantasiar e uma maneira prática e utilitária de pensar
(pensamento operante).
O conceito de Alexitimia foi formulado em consequência das observações
clínicas em Paris e Boston nos anos 1960, sobre uma condição que resultava em certo
déficit em pacientes que sofriam de alguma condição psicossomática. Alexitimia é hoje
um termo que diz respeito à marcante dificuldade para usar a comunicação verbal
apropriada para expressar e descrever sentimentos, bem como das sensações corporais.

134
ALEXITIMIA NA POLÍTICA E NO CRIME

FONTE: http://www.psicologia.spaces.live.com>.

Existem muitos relatos na Psiquiatria forense sobre alguns criminosos


condenados a longos anos de prisão, à prisão perpétua ou mesmo à morte, que não eram
capazes de demonstrar nenhuma reação emocional, mesmo quando suas sentenças eram
proferidas pelo juiz. Sifneos cita o relatório sobre um assassino em série que, condenado
à morte, não mostrou nenhum sentimento. Também não demonstrou sentimentos
quando eram descritos seus crimes hediondos durante o julgamento.
O criminoso só pareceu ser totalmente apático em termos emocionais. Nenhum
músculo moveu-se, sua expressão facial era uma tela em branco. Um amigo dele o teria
descrito como um cérebro ambulante. Começou a beber e usar a cocaína quando tinha
13 anos, costumava dizer que preferia matar alguém, ainda que apenas para o
divertimento, do que morrer ele próprio. E ria quando falava isso. O crime para ele era
como sair de férias ou escalar uma montanha.
Depois das observações iniciais das características clínicas originais para a
Alexitimia, mais duas foram acrescidas em 1972 e em 1976, em Londres e em
Heidelberg respectivamente. A conferência de Londres afirmava uma hipótese de

135
provável etiologia biológica para a Alexitimia, enquanto a conferência de Heidelberg
classificou-a juntamente com os transtornos psicossomáticos. Durante os 20 anos
seguintes um grande número de estudos clínicos constatou a presença de características
alexitímica em porcentagens variadas nos pacientes que sofriam distúrbios clínicos e
psiquiátricos diferentes, tais como, no abuso de substâncias, na dor psicogênica, nos
transtornos alimentares, nas depressões típicas ou mascaradas, nos ataques do pânico,
nos transtornos somatoformes, na personalidade borderline e transtornos sociopáticos da
personalidade, bem como em indivíduos normais.
Na política, Sifneos escolheu como modelo de Alexitimia três reconhecidos
criminosos de guerra como exemplo: Hoess, Eichmann e Hitler. Rudolf Hoess foi
comandante do campo de concentração de Auschwitz de 1941 a 1944. Escreveu um
livro ao esperar sua execução em 1949. Segundo essa autobiografia, dizia ter trabalhado
de acordo com suas próprias decisões e consciência. Seu único confidente era seu pônei.
Ele mesmo reconhece, no livro, ser incapaz de ter quaisquer sentimentos para qualquer
pessoa, “mesmo para com minha irmã”. Disse não ter conseguido lembrar-se de ter
experimentado qualquer sentimento por ocasião da morte de seu pai.
Escreveu ainda que as matanças de prisioneiros nas câmaras de gás sob suas
ordens não produziam nele nenhuma emoção, inclusive, que elas ajudavam “sua mente
descansar”.
Adolf Eichmann era o oficial das SS nazistas e responsável pelo transporte de
prisioneiros para campos de concentração. Durante seu julgamento pelos bárbaros
crimes de guerra cometidos, deixou claro não ter tido nenhum sentimento sobre a
monstruosidade de seus crimes, nem o mais ligeiro traço de remorso.
Sobre a quantidade de pessoas exterminadas nos campos de concentração que
ele ajudou a transportar, limitou-se a dizer em seu julgamento que: “Eu não sou nenhum
estatístico, mas uns seis milhões devem ter sido mortos. Apenas obedeci a ordens e
aquele era meu trabalho. Se houvesse um milhão, ou cem milhões, teria feito a mesma
coisa”.
Dentre as centenas de livros escritos sobre Hitler, um deles de extraordinária
importância, e com mais de 700 páginas, foi publicado pela Universidade de Oxford em
1953. Trata-se da transcrição de monólogos de Hitler em uma atmosfera doméstica e
relaxada, durante o almoço e o jantar, com um grupo dos colegas membros do partido,
com militares e secretárias. Martin Borman foi o secretário que fez essas anotações.
Segundo a introdução do professor Trevor, Hitler era um pensador sistemático.

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Sua mente era grosseira, estreita, rígida e cruel. Apesar de seus discursos serem sempre
bem preparados, suas conversas na intimidade eram espontâneas e mostravam um
verdadeiro retrato vívido de sua mente. As conversas se mostravam completamente
triviais, dotadas de materialismo estreito e repugnante.
Hitler era bastante rígido, sem tolerância. Na maioria das vezes parecia não
haver nenhuma palavra que denotava sentimentos. Declarava com sinceridade que
costumava gastar dez horas ou um dia todo pensando somente sobre assuntos militares e
que sua vida inteira poderia ser resumida no esforço de persuadir pessoas. Em outro
livro interessante sobre ele, Hitler`s Mistakes (1984), conclui que não havia nenhuma
emoção humana. Simplesmente não permitia a ninguém se aproximar de sua intimidade,
mesmo porque, em termos de sentimentos, parecia ser uma pessoa completamente
vazia. Segundo Lewin: “é minha opinião que Hoess, Eichmann e Hitler eram
alexitímicos”.
As consequências da Alexitimia na medicina, na política e no crime são
perigosas. O ideal seria que as pessoas eleitas não somente governassem e cumprissem
certos interesses, mas, deveriam possuir as qualificações éticas e os sentimentos que nos
distinguem dos animais e que são característica do ser humano normal. Alexitimia,
resumindo, é uma marcante dificuldade para o uso apropriado da linguagem para
expressar e descrever sentimentos, bem como a dificuldade para diferenciar com
precisão as sensações corporais e uma impressionante capacidade para fantasias.

137
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Diretrizes para um modelo


de assistência integral em saúde mental no Brasil. Associação Brasileira de Psiquiatria
(ABP), 2006.
ASSUMPÇÃO JR, F. B. Violência. In: RAMADAM, Z. B. A.; ASSUMPÇÃO
JR, F. B. (Orgs). Psiquiatria. Barueri: Manole, 2005.
BERGERON, J. David; BIZJAK, Gloria. First Responder. 4. ed. New Jersey:
Brady, 1996.
BERGERON, J. David; BIZJAK, Gloria. Primeiros Socorros. São Paulo:
Atheneu, 1999.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imesp, 1988.
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº 8.080/1990. Condições para a promoção,
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