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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
(a) Requisitos básicos dos testes psicométricos - os testes psicológicos, de uso exclusivo
de psicólogos, são amplamente utilizados como recursos de avaliação. A psicometria,
decorrente da teoria da medida em ciências, adota a validade, a precisão
(fidedignidade), a padronização e a normatização como parâmetros de garantia da
confiabilidade dos testes.
Os graus de validade e de precisão de um teste são tanto mais altos quanto maiores
forem os índices de correlação. A correlação, fator que determina o grau de validade e de
precisão (fidedignidade) de um teste, expressa o nível de relação (ou correspondência)
existente entre dois eventos. O coeficiente de correlação varia entre menos um (-1) e mais
um (+1), conforme ilustra o esquema abaixo, no qual, quanto mais próximo de (1) menor o
erro cometido.
-1_____-0,75_____-0,5_____-0,25____0____+0,25_____+0.5_____+0,75_____+1
Negativa Positiva
(c) Análise fatorial (AF) e modelo dos cinco grandes fatores de personalidade - um dos
procedimentos centrais no desenvolvimento de escalas de avaliação e de teorias
psicológicas é a análise fatorial (AF). Reis (1997, apud Arte, s.d.) define AF como "um
conjunto de técnicas estatísticas cujo objetivo é representar ou descrever um número de
variáveis iniciais a partir de um menor número de variáveis hipotéticas". Por isso,
quando Spearman postula o Fator "G" como um fator de inteligência implicitamente
associado ao desempenho de um conjunto de variáveis psicológicas e passível de ser
medido, fundamenta-se em princípios da AF. Esses princípios garantem ser possível saber
o quanto cada fator em particular está associado a cada variável e o quanto o conjunto de
fatores explica a variabilidade geral dos dados originais. A técnica estatística da AF inclui-se
entre os procedimentos centrais do desenvolvimento de alguns modelos psicológicos.
Tomemos como exemplo o modelo dos cinco grandes fatores de personalidade (modelo
CGF), que descreve dimensões psicossociais básicas. O fator I, extroversão/introversão; o
fator II, nível de socialização; o fator III, escrupulosidade, impulso para realizar, o fator IV,
neuroticismo/estabilidade emocional e o fator V, intelecto ou abertura para a experiência.
Essa teoria da personalidade, cuja construção teria sido impossível sem a técnica
estatística da AF, descreve a personalidade por meio de instrumentos de avaliação
psicológica.
Essa Lei, determinante de que métodos e técnicas psicológicas sejam de uso privativo de
psicólogos, acha-se em consonância com a Lei das Contravenções Penais, Decreto-Lei Nº
3688/41, de 03 de outubro de 1941 que, ao tratar “Das contravenções relativas à
organização do trabalho” em seu Capítulo VI, Art. 47, § 1º, garante o seguinte:
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem
preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena: prisão
simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de
réis.
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D-B-C
No âmbito das teorias sobre a estrutura da personalidade retomamos aqui alguns elementos
relativos (I) ao conceito de self nas abordagens de Carl Jung (Psicologia Analítica) e de Carl Rogers
(Perspectiva Centrada no Cliente); (II) à estrutura do aparelho psíquico em Sigmund Freud
(Psicanálise); (III) à noção de inconsciente nas abordagens cognitiva e psicanalítica e (IV) à
personalidade e ao comportamento nas abordagens comportamentais de aprendizagem.
Consideramos a seguir, cada um desses quatro conjuntos de elementos.
I O conceito de self em Jung e Rogers: Para Jung, há um centro responsável pela formação da
personalidade: o self (si mesmo) que expressa a unidade e totalidade da personalidade. O self
como totalidade psíquica, por abarcar conteúdos conscientes e inconscientes, somente pode ser
descrito em parte.
Por sua vez, para Rogers o self pode ser compreendido como o sentido atribuído a si mesmo pelo
indivíduo, ou a percepção de si como ser-no-mundo. Rogers reúne três conceitos em um único
tópico: self, concept of self e self-structure, termos que se pode traduzir, respectivamente, por eu,
ideia ou imagem de si e estrutura do eu. Esses três termos designam uma configuração composta
por percepções relativas ao eu, de relações do eu com o outro, com o meio e com a vida em geral,
e os valores atribuídos pelo indivíduo a essas percepções. Embora nem sempre plenamente
consciente, essa configuração organizada, coerente e em contínua mudança, acha-se disponível à
consciência.
III Noção de inconsciente nas abordagens cognitiva e psicanalítica: Conforme sugerido no tópico
anterior, na abordagem psicanalítica a descrição topográfica do aparelho psíquico denota a
dificuldade de acesso aos conteúdos, já que a maior parte do funcionamento mental seria
inconsciente. Importante destacar que este era o único referencial que tínhamos sobre o
inconsciente, já que nenhuma outra teoria havia surgido. Porém, na década de 1980, a revolução
cognitiva na psicologia, passou a comparar a mente com o computador, fundamentando-se no
conceito de mente como um mecanismo de processamento de informação e relacionando o
processamento automático como processamento inconsciente. A partir disso, surgiu a expressão,
“Inconsciente Cognitivo” (Kihlstron, 1987), como modelo alternativo da mente inconsciente.
Baseados nos estudos de Piaget e Inhelder, de Vygotsky, de Benveniste e de Cruz, concluímos que
a linguagem é importante auxiliar da memória e favorece a solução de problemas, uma vez que a
mediação verbal aprimora a habilidade para lembrar objetos e eventos. Além disso, a
formulação de regras verbais orienta e pode ampliar o raciocínio e contribuir para a solução de
problemas. No entanto, os processos cognitivos também podem dispensar a linguagem. Para
Myers (2012), frequentemente o pensamento ocorre em imagens e representações visuais. As
imaginações, simulações e ensaios mentais, assim como os processamentos de informação
ocorridos fora da consciência, são exemplos de cognição sem linguagem, pois incluem lembranças
implícitas e soluções de problemas. Embora a discussão persista e não haja consenso geral, o mais
aceitável atualmente é a ideia de que há uma via de mão dupla, isto é, a linguagem influencia o
pensamento e o pensamento influencia a linguagem (FELDMAN, 2015; GLEITMAN et al., 2009;
MYERS, 2012).
No experimento descrito por Mussen, Conger e Kagan (1977), ao ser observada uma diferença
significativa na performance de crianças integrantes de dois grupos - um experimental e outro,
controle -, foi constatado que crianças às quais foi oferecida a oportunidade de associar elementos
do sistema linguístico a elementos do sistema não-linguístico, apresentaram melhor desempenho
no pareamento de figuras pertencentes a duas amostras distintas do que as crianças de outro
grupo, que não tiveram a mesma oportunidade.
O SNA está diretamente envolvido nas denominadas “situações de luta e/ou fuga” e
imobilização45. Tais ocorrências estão intrinsecamente relacionadas a um mecanismo de
neurocepção, que se caracteriza pela capacidade de o indivíduo de agir conforme sua percepção
de segurança ou ameaça a respeito do meio onde ele se encontra. Essa percepção pode ser dada,
por exemplo, pelo tom da voz ou pelos movimentos e expressões faciais da pessoa ou do animal
com quem ele se comunica. (ESPERIDIÃO-ANTONIO, V. et al., 2008, p.62)
Miguel, F. K. (2015), em seu artigo Psicologia das emoções: uma proposta integrativa para
compreender a expressão emocional, refere-se à contribuição trazida pelas teorias
psicoevolucionistas para o debate desse tema. Segundo tais teorias os estados emocionais de hoje
são reflexos da evolução das espécies, resultam de respostas adaptativas a situações ambientais.
Segundo esse autor, desde Darwin (1872) considera-se que algumas formas de manifestação de
emoções podem ser aprendidas e outras, especialmente as expressões faciais, são inatas. Assim,
deve ser refutada qualquer teoria reducionista que atribua à emoção uma base exclusivamente
ambiental ou uma base exclusivamente genética na manifestação de expressões faciais.
Em favor do componente genético das expressões faciais de emoções, esse autor menciona o caso
de crianças nascidas cegas e que expressam felicidade por meio de sorrisos ou tristeza por meio de
choro. Refere-se, também, à similaridade na expressão de estados emocionais entre culturas
distintas: “em todas as culturas a alegria é expressa com sorriso, a raiva com franzimento das
sobrancelhas e tensão dos lábios, e assim por diante” (p. 3).
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B-E
A Cartilha sobre Avaliação Psicológica, lançada pelo Conselho Federal de Psicologia em junho de
2007 e atualizada em novembro de 2013 tem por objetivo oferecer informações de natureza
ética, teórica e metodológica, para aprimorar a qualidade dos serviços psicológicos oferecidos à
sociedade brasileira.
A Resolução CFP n° 002/2003, no artigo 11, orienta que “as condições de uso dos instrumentos
devem ser consideradas apenas para os contextos e propósitos para os quais os estudos
empíricos indicaram resultados favoráveis”. Isso significa que a escolha adequada de um
instrumento ou estratégia é complexa e deve levar em conta os dados empíricos que justifiquem
simultaneamente o propósito da avaliação e seu contexto. No caso da escolha de um teste
específico é necessário que o psicólogo faça a leitura cuidadosa do manual e das pesquisas
envolvidas na sua construção para decidir se esse teste pode ou não ser utilizado em dado. O uso
de instrumentos corretos e adequados à demanda da pessoa ou de um grupo, maximiza a
qualidade de uma avaliação e possibilita levantar hipóteses. O comportamento humano resulta de
uma complexa teia de dimensões inter-relacionais que interagem para produzi-lo e se torna
praticamente impossível entender e considerar todas as nuances e detalhes a ponto de prevê-lo
por completo. Mas, quanto mais fidedignos forem os resultados obtidos, maior será a possibilidade
de diagnosticar corretamente.
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E-D-E
Teorias da Personalidade
Não há um consenso absoluto sobre o que seja “personalidade”. Em função de seus pressupostos
teóricos e epistemológicos, cada abordagem teórica elege estes ou aqueles fatores como
determinantes da personalidade e tal variação se dá num continuum entre dois pólos extremos:
um deles enfatiza a importância dos fatores biológicos e o outro a importância dos fatores
ambientais. Há dezenas de definições de personalidade, que pode ser definida, por exemplo, como
“o conjunto de características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, de
pensamentos e de comportamentos”.
A Primeira Força é considerada "clássica" por descender em linha direta das antigas concepções
de ciência ligadas à Astronomia, Mecânica, Física, Química e Geologia e "acadêmica" por haver
florescido nos departamentos de Psicologia das universidades. Ela acha-se enraizada no
mecanicismo e inclui as psicologias behaviorista (teorias S-R, de Skinner, 1953), associacionista e
experimental.
A Segunda Força reúne as psicologias psicanalíticas, oriundas de Freud e de seus seguidores.
Quarta Força reúne psicologias que consideram, além dos fatores já enunciados, outra
dimensão: a transindividual – ouseja, que incluem aspectos que transcendem o eu pessoal. Na
condição de expansoras do movimento humanista, estas psicologias conservam a ótica da terceira
força – inclusão de aspectos complementares ao intrapsíquico - e, de certo modo, ampliam o
espectro ao considerarem e valorizarem a dimensão espiritual do humano.
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B-D-A
As entrevistas iniciais têm como principal objetivo levantar dados para a formulação de hipóteses,
com base nas quais será realizada uma análise funcional do caso. A primeira atividade desse
processo é a apresentação da queixa. Posteriormente serão levantados dados sobre o histórico dos
problemas; os contextos de ocorrência do comportamento e suas consequências; o repertório
comportamental da criança; a capacidade de mediação e as expectativas das principais pessoas
que convivem com ela e as tentativas anteriores de busca de ajuda.
A entrevista aberta deve possibilitar, em certa medida, que o entrevistado configure o campo da
entrevista segundo sua estrutura psicológica particular.
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B-D-E
A interpretação de dados obtidos em testes psicológicos apoia-se numa análise que, por vezes,
utiliza a curva normal ou percentílica. O percentil é um ponto de distribuição ordenada (em
ordem crescente) dos dados de uma amostra, sendo os pontos distribuídos em 100 partes de igual
amplitude. Em cada ponto específico, ou abaixo dele, situa-se uma determinada porcentagem de
casos. Por exemplo, um resultado no percentil 95 significa que 95% dos resultados obtidos por
indivíduos se situam nesse ponto ou abaixo dele, enquanto um resultado no percentil 5 significa
que apenas 5% dos resultados se situam nesse ponto ou abaixo dele. Obtém-se o percentil ao
comparar os resultados obtidos por um indivíduo com os resultados médios obtidos por uma
amostra de referência. O percentil indica a posição relativa do sujeito em relação aos demais
membros de um mesmo grupo normativo.
Durante os exames do estado mental normalmente são avaliadas as seguintes funções psíquicas:
nível de consciência, orientação alopsíquica (relativa ao tempo e ao espaço) e autopsíquica
(relativa a si mesmo), atenção, memória, percepção sensorial (senso-percepção), pensamento
(velocidade e modo de fluir; estrutura e conteúdo; organização), linguagem, juízo de realidade,
vida afetiva, processo volitivo, psicomotricidade, inteligência e personalidade. Desse conjunto de
exames particularizamos, a seguir, os exames de atenção, senso-percepção, memória, linguagem e
pensamento.
Durante o exame da memória são verificadas as funções da memória imediata, recente e remota,
bem como da memória de fixação e de evocação. Disfunções da memória incluem, além dos casos
de amnésia, casos de retenção de lembranças que insistem em permanecer na consciência por
mais que o paciente se esforce por livrar-se delas. Esse tipo de fixação e recorrência de
lembranças, muitas vezes indesejáveis, sugere tratar-se de paciente com transtorno obsessivo-
compulsivo.
"Uma menina de 10 anos de idade, filha única, veio encaminhada pelo médico psiquiatra ao
Serviço-Escola de Psicologia, com solicitação de acompanhamento psicológico. Sua mãe relatou
que a filha tem medo excessivo em diversas situações, como dormir sozinha, ficar doente ou fazer
novas amizades. A mãe descreveu que a menina é muito quieta e tímida, queixa-se
constantemente de dor no peito, cefaleia, náusea, que tem pesadelos e chora constantemente. Ela
relatou que, depois que se separou do marido, há dois anos, ficou com a guarda da filha e ambas
foram morar na casa da avó materna. Desde essa época, percebeu que esses comportamentos se
acentuaram. A mãe foi chamada pela escola porque a menina está com dificuldade de realizar
atividades em grupo, fica apreensiva quando tem que apresentar um trabalho e não brinca com os
colegas durante o intervalo, ficando sozinha no pátio da escola. A orientadora da escola e a
professora relataram que o rendimento da menina nas tarefas escolares é muito bom e que não há
prejuízo na sua capacidade cognitiva." (ENADE, 2015).
Alguns procedimentos éticos e clínicos básicos são comuns a todas as abordagens teórica adotadas
para a realização de diagnóstico e indicação psicoterápica.
No caso contemplado no exemplo, a criança, em seu contexto familiar, manifesta medo excessivo
em diversas situações - dormir sozinha, ficar doente, fazer novas amizades. Muito quieta e tímida,
tem pesadelos, constantemente chora e queixa-se de dor no peito, cefaleia e náusea. No contexto
escolar, embora seu rendimento seja muito bom e não haja prejuízo em sua capacidade cognitiva,
apresenta dificuldade para realizar atividades em grupo, apreensão quando tem que apresentar
um trabalho e isolamento (durante o intervalo não brinca com os colegas).
O histórico dessa queixa, relatado pela mãe, inclui o episódio de separação parental ocorrido dois
anos antes, a guarda da filha exclusiva da mãe e o fato de ambas morarem na casa da avó materna
desde a separação conjugal. Acrescenta a esses dados o fato de ter ocorrido intensificação dos
sintomas após esses episódios familiares. A mãe, chamada pela escola, levou a criança para
atendimento psiquiátrico e o psiquiatra a encaminhou ao psicólogo.
Como em muitos casos clínicos, neste também é possível utilizar diversas abordagens.
Suponhamos que seja utilizada uma abordagem comportamental. Se a opção for essa, o
comportamento da menina deverá ser analisado em contexto histórico, familiar e escolar para
levantamento de hipóteses e definição da conduta terapêutica que contemple o repertório social
empobrecido, o reforçamento positivo na forma de atenção (mãe, avó, escola) para
comportamentos inadequados ou para relatos verbais de sintomas físicos e, eventualmente, a falta
de reforçamento para comportamentos adequados, inclusive e principalmente, sociais e de
autonomia.
A atuação clínica comportamental infantil inclui, além da própria criança, seus pais e outras
pessoas significativas do seu meio - familiares, professores e profissionais que já prestaram
atendimento a ela. Tal conduta se justifica por serem esses os principais agentes de seu
encaminhamento para o atendimento psicológico e é possível que haja inúmeros fatores
relacionados a esses agentes que possam estar contribuindo para a problemática vivida por ela.
Além disso, o trabalho a ser feito, na maioria das vezes, implicará em alterações ambientais a
serem introduzidas em casa, na escola e em outros ambientes de convivência, o que demanda
avaliação e definição do tipo de colaboração a ser esperada de cada um desses ambientes
(SILVARES; GONGORA, 2006).
As entrevistas iniciais têm como principal objetivo levantar dados para a formulação de hipóteses,
com base nas quais será realizada uma análise funcional do caso. A primeira atividade desse
processo é a apresentação da queixa. Posteriormente serão levantados dados sobre o histórico dos
problemas; os contextos de ocorrência do comportamento e suas consequências; o repertório
comportamental da criança; a capacidade de mediação e as expectativas das principais pessoas
que convivem com ela e as tentativas anteriores de busca de ajuda.
Durand (2011) encontrou relação entre violência por parceiro íntimo contra a mulher e desajustes
comportamentais e problemas escolares dos filhos. Teixeira (2014) encontrou relação entre, de um
lado, fatores de proteção associados a problemas emocionais e comportamentais de escolares e,
de outro lado, desempenho acadêmico e habilidades sociais. Intervenções que têm por foco o
desempenho acadêmico e as habilidades sociais são recomendadas para redução de problemas
comportamentais e emocionais.
Tendo sido a cooperação entre os genitores após a separação avaliada como importante no
ajustamento dos filhos (GADONI-COSTA; FRIZZO; LOPES, 2015), a guarda da criança também foi
considerada uma variável a ser investigada.
Isto por exigência teórico-técnica e por exigência ética: um diagnóstico de transtorno mental
precoce poderia colocar o foco do problema na menina, relativizando a possibilidade de o
problema surgir e ser mantido no contexto familiar. Por outro lado, do mesmo modo que é
antiético realizar um diagnóstico precipitado e equivocado, é igualmente antiético ignorar a
possibilidade de haver, de fato, um transtorno mais grave. Evidentemente, para evitar diagnósticos
precipitados e equivocados será preciso verificar se os sintomas relatados associam-se a outros
transtornos da ansiedade e da afetividade, se os episódios são frequentes e inesperados e se são
acompanhados da preocupação de sofrer novos episódios, entre outros sinais que sugerem tratar-
se de um quadro de TP.
Caso seja confirmada a hipótese de tratar-se de um TP, em conformidade com modelos propostos
por Barlow (1988) e Clark (1986, 1997), nos quais a resposta do indivíduo com TP é o medo na
presença de sensações corporais, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem apresentado
bons resultados, gerando efeitos mais rápidos na supressão dos sintomas, por meio de diferentes
recursos de intervenção – relaxamento, respiração, técnicas cognitivas e comportamentais. Tendo
por premissa básica a necessidade de promover o descondicionamento de sensações corporais e
do medo, além de corrigir a hipervigilância, essa abordagem também vale-se dos princípios da
aprendizagem para enfraquecer comportamentos inadaptados.
O tratamento do TP por meio da TCC, modalidade de terapia breve e focal, objetiva eliminar
sintomas que causam desconforto e bloquear a ocorrência de episódios de pânico. Pode ser
iniciado com a psicoeducação do cliente, visando a retificar mitos e representações distorcidas dos
sintomas. Tal correção possibilita a ressignificação de pensamentos, que passam a ser
compreendidos de forma mais funcional. Um recurso técnico que tem se mostrado bastante útil é
o de eliciar no ambiente protegido da clínica as sensações que causam sofrimento para que o
cliente possa adaptar-se a elas, até que deixem de ser assustadoras.
Além dos cuidados teórico-técnicos a serem adotados, como o da inclusão dos pais, de outros
educadores e de outros profissionais no processo psicoterápico, é preciso, também, adotar
cuidados éticos, como o já mencionado, de diagnosticar com cautela.
Adotado esse princípio básico, outros cuidados éticos mostram-se necessários no atendimento de
crianças e adolescentes, o Código de Ética Profissional do Psicólogo e o Estatuto da Criança e do
Adolescente reúnem norteadores da ação nesses casos, podendo-se salientar os cuidados a serem
adotados com as autorizações de pais e responsáveis; a privacidade – não permissão da entrada de
outrem no espaço de atendimento; o sigilo e a confidencialidade, que permitem à criança e ao
adolescente a livre expressão de suas questões e revelação de informações.
No caso de intervenção conjunta com outros profissionais, cabe ainda a adoção de outras
medidas éticas, entre as quais o preparo do prontuário com informações passíveis de serem
compartilhadas e a capacidade de atuar em equipe para formular um diagnóstico correto e
promover o tratamento adequado.