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Riscos Ergonômicos

aos Trabalhadores
em Turnos e Noturnos
Prof. Rafael Rocha
Definição
 O trabalho noturno, segundo a CLT, seção
IV, compreende carga horária de 52
minutos e 30 segundos, e é realizado entre
as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia
seguinte.
 Nas atividades rurais, é considerado
trabalho noturno aquele executado na
lavoura entre 21 horas de um dia e as 5
horas do dia seguinte, e na pecuária,
aquele realizado entre 20 horas de um dia
e as 4 horas do dia seguinte.
 Já o trabalho em turnos é definido como
a continuidade da produção por diversos
turnos de trabalho, entre os quais o
noturno. Considera-se horário normal de
trabalho o que ocorre à luz do dia,
geralmente iniciando entre 6 e 8 horas da
manhã, e terminando entre 16 e 18 horas,
com tempo de trabalho diário de 8 horas,
de segunda a sexta-feira. Assim, todo
trabalho contínuo fora desse período é
considerado trabalho em turno.
 Segundo a Convenção nº 171 da OIT,
relativa ao trabalho noturno, realizada em
Genebra em 6 de junho de 1990, a
expressão “trabalho noturno” é usada
para designar todo trabalho realizado
durante um período de pelo menos 7
(sete) horas consecutivas, que abranja o
intervalo compreendido entre meia-noite
e cinco horas da manhã.
 O trabalhador noturno permanece ativo
enquanto seu sistema biológico deveria
estar em repouso.
 Por outro lado, sincronizadores
ambientais e sociais – Zeitgebers, também
chamados de sincronizadores externos ou
indicadores de tempo – impedem
continuamente uma adaptação ao
trabalho noturno.
 Os Zeitgebers podem ser as mais variadas
modificações no universo de um ser vivo,
como mudanças nos horários de dormir e
de acordar, mudança na duração dos
períodos de luz e de escuridão,
temperatura ambiente etc.
Ritmos Biológicos
 Os ritmos biológicos são alterações
fisiológicas que se repetem regularmente em
um mesmo tempo, em uma mesma ordem e
em um mesmo intervalo.
 Os componentes que influenciam os ritmos
biológicos são endógenos e exógenos.
 Os ritmos biológicos são classificados em:
 Ritmos circadianos: compreendem ciclos de
24 horas. Exemplos: temperatura corporal,
taxa respiratória, excreção urinária, divisão
celular e produção de hormônios. São
também os fatores exógenos, como ciclo
luz/escuridão, fatores sociais, culturais e
climáticos, e horários de trabalho/descanso.
 Ritmos ultradianos: compreendem ciclos
menores que 20 horas. Exemplos:
batimentos cardíacos, ciclo sono-vigília (em
média 8 horas em adultos, 18 horas em
recém-nascidos e 15 horas aos 3 meses).

 Ritmos infradianos: compreendem ciclos


maiores que 28 horas. Exemplos: ciclo
menstrual (em média 28 dias), plaquetas no
sangue (o tempo de vida de uma plaqueta é
de 9 dias), hemácias no sangue (o tempo de
vida de uma hemácia no sangue é de 120
dias).
Cronobiologia
 É a ciência que se preocupa com a
investigação e, mais objetivamente, com a
quantificação dos mecanismos da estrutura
do tempo biológico, incluindo as
manifestações rítmicas da vida.
 Mostra que os organismos vivos são
fisiológicos e comportamentalmente
diferentes, dependendo da hora do dia em
que são observados, assim como reagem
diferentemente a um mesmo estímulo
quando aplicado em diferentes momentos
das 24 horas do dia.
Podemos classificar os indivíduos em
cronótipos, como:
 Indivíduos matutinos: tipo diurno, isto é,
indivíduos que se deitam e levantam
normalmente mais cedo, por volta das cinco
às sete horas da manhã, estando aptos ao
trabalho com um nível de alerta muito bom;
constituem cerca de 10% a 12% da
população.
 Indivíduos vespertinos: São indivíduos que
se deitam e levantam normalmente mais
tarde, entre as 12 e as 13 horas. Seu
desempenho é melhor no período da tarde
ou à noite; constituem cerca de 8% a 10% da
população.
 Indivíduos indiferentes: não têm alteração
quanto ao tempo, não possuindo preferência
de horário para levantar ou deitar;
constituem a grande maioria da população.
O conhecimento dos cronótipos pode
ajudar a compreender o maior ou o menor
desempenho de um trabalhador conforme o
horário em que ele realiza as suas atividades,
bem como nas tarefas que exijam sua
atenção.
Sua identificação pode ser utilizada para
aperfeiçoar a qualidade do trabalho e
minimizar distúrbios associados a ele.
O cronótipo representa um fator
importante para a adaptação dos indivíduos
aos turnos de trabalho.
Estruturas – Sono/Vigília
Para entendermos melhor a interferência
do trabalho noturno no individuo, temos de
estudar alguns fatores do corpo humano
responsáveis pelo sono e pela vigília, entre as
quais o hipotálamo, o hormônio melatonina
e a temperatura corporal.
1. Hipotálamo
É o principal centro integrador das
atividades dos órgãos viscerais, sendo um
dos principais responsáveis pela
manutenção de condições estáveis das
células do corpo humano.
Tem como função regular a temperatura
corporal, o centro da fome e da saciedade, o
controle hídrico (estimulando a sede e
retendo água nos rins), o balanço de água no
corpo, e o sono, estando envolvido também
nas emoções, como raiva, prazer ou
gargalhadas, e no comportamento sexual.
2. Melatonina
A luminosidade do dia impede que a
glândula pineal, localizada na área dorsal do
cérebro e comandada pelo hipotálamo,
produza a melatonina.
Essa glândula só produz o hormônio
melatonina à noite, quando não há luz, e a luz
artificial é muita fraca para produzir o mesmo
efeito.
A glândula começa a liberar a melatonina,
que, além de induzir o sono, age como uma
espécie de mestre-sala para todos os ritmos
biológicos.
Algumas horas após o início da produção
de melatonina, outra glândula, a hipófise,
começa a segregar o chamado hormônio do
crescimento, cujo pico no organismo se dá
por volta das 3 horas da madrugada.
Estes hormônios são responsáveis pela
renovação das células. Outro hormônio, o
cortisol, é produzido pelas glândulas
suprarrenais pouco antes de a pessoa
despertar. O cortisol prepara o organismo
para a atividade.
Interrompida a produção da melatonina
pela luz do dia, outros hormônios passam a
ser sintetizados, como as glândulas tireoide,
logo pela manhã. A variação dos níveis de
hormônios constitui os ritmos biológicos das
pessoas.
3. Temperatura corporal
A temperatura do indivíduo tem variações
durante as 24 horas do dia, ao redor de 1,1 a
1,2 ºC. Durante as horas de maior atividade, a
temperatura tende a se elevar, até alcançar
um pico máximo em torno das 20 horas,
então declinando até chegar ao ponto
mínimo na madrugada, entre 2 e 4 horas da
manhã.
Os indivíduos matutinos atingem seu
pico de temperatura máxima ao início da
noite, decaindo depois e retomando a
ascensão no final da tarde. Os indivíduos
vespertinos apresentam pico de temperatura
à meia-noite, e por isso dormem tarde e
acordam tarde.
As curvas de temperatura mostram que
não há um completa adaptação do ser
humano ao trabalho noturno, pois à noite,
quando as pessoas estão trabalhando, suas
temperaturas não alcançam os mesmos
valores que as dos trabalhadores diurnos.
4. Ciclo sono/vigília
Esse ciclo de 24 horas do relógio interno é
o que determina os ciclos de sono e vigília.
Todas as noites, o relógio interno ajusta o
organismo para o sono, e por isso sentimos
sono e dormimos profundamente.
É por causa desse mecanismo que
acordamos todas as manhãs sentindo-se
descansados. O ciclo do sono está
basicamente avaliado em três critérios:
atividade elétrica do córtex cerebral, medida
pelo eletroencefalograma (ECG), grau de
facilidade com que o indivíduo pode ser
acordado e o tônus muscular.
Fases do sono
 Primeira fase: fase do adormecimento.
Pode durar de alguns instantes até 15
minutos, e ocupa de 5% a 8% da noite de
sono. Funciona como um espécie de zona
intermediária entre o “estar acordado” e o
“estar dormindo”.
 Segunda fase: sono mais leve. Essa fase
ocupa de 45% a 55% do tempo total do
sono, durando cerca de 20 minutos.
 Terceira fase: o corpo começa a entrar no
sono profundo. É um fase rápida. Dura cerca
de dez minutos por ciclo, o que corresponde
a uma média de 5% do tempo na cama.
 Quarta fase: é o sono profundo, em que o
corpo se recupera do cansaço diário. Essa
fase é fundamental para a liberação de
hormônios ligados ao crescimento e para a
recuperação de células e órgãos. Dura cerca
de 55 minutos, não mais que 20% da noite. A
pessoa fica totalmente inconsciente.
 Quinta fase: sono REM (movimento rápido
dos olhos). É a fase dos sonhos vividos. O
período de sono REM dura cerca de 45
minutos no total.
Sistemas de trabalho em turnos
 Turnos permanentes: quando o trabalhador tem
um determinado horário por muitos anos, ou
trabalha todos os dias no mesmo horário (dia,
tarde ou noite).
 Turnos alternados ou rodiziantes: quando os
funcionários fazem rodízios de turnos, e por isso
todos devem ter o mesmo salário. Todos devem
cumprir tanto horários matutinos, vespertinos ou
noturnos. Essa forma de turnos pode ter uma
rotação lenta, ou seja, um rodízio maior que uma
semana, geralmente em torno de 21 dias
trabalhando no mesmo turno.
Outra forma de rodízio é a rotação semanal,
em que, a cada cinco ou sete dias, o trabalhador
troca de turno.
Complicações – Turno/Noturno
O trabalho noturno, por ser contrário à
natureza do ser humano,
predominantemente diurno, provoca um
quadro de estresse constante, revelando-
se uma das formas mais perversas de
organização temporal do trabalho. As
complicações à saúde do trabalhador
deixam sequelas, seja nos aspectos
psíquicos, físicos e emocionais, seja nos
aspectos sociais, familiares e interpessoais.
As principais dificuldades advindas do
trabalho em turnos são a adaptação dos
ritmos biológicos às inversões dos períodos
de atividade e repouso, as perturbações do
sono e os fatores domésticos e sociais.
As complicações mais importantes que
afetam o trabalhador em turno ou noturno
são:
 Distúrbios gastrointestinais: aparecem pelo
fato dos trabalhadores não terem horários
adequados para a alimentação ideal, e na
maioria das vezes os alimentos são
substituídos por lanches. Esses distúrbios, em
geral, são: azia, gastrite, ulceração,
dificuldades na digestão, diarreias etc.
 Distúrbios cardiovasculares: os mais
presentes nos trabalhadores em turnos.
Aparece como fator predisponente do
trabalho, as doenças cardiovasculares
isquêmicas (doença arterial coronária) e a
hipertensão arterial.
 Fadiga e acidentes: são as maiores e
fundamentais queixas dos trabalhadores de
longas horas, principalmente presentes nas
falas dos trabalhadores noturnos. Acidentes
de trabalho podem ocorrer por conta de
desequilíbrio orgânico, presença de tensões e
conflitos, emoções e rotina. Todos esses
fatores desencadeiam um processo de fadiga,
que pode se tornar altamente prejudicial,
com acidentes nos finais de turnos,
principalmente nos noturnos.
 Aspectos psicossociais, familiares e
interpessoais: há influência dos horários
nos diversos turnos sobre a vida do
trabalhador, e podemos observar que isso
está diretamente ligado ao seu cotidiano,
onde acarreta dificuldades em sua vida
familiar e social.
 Distúrbios do sono: a quantidade do
sono do trabalhador noturno pode ficar
reduzida em até duas horas por dia. A
qualidade do sono fica também
prejudicada, principalmente no estágio
dois e no sono REM.
Observações
A má iluminação e o estresse, assim como
o uso constante do computador, são fatores
que influenciam a produção lacrimal, fazendo
surgir embaçamento, ardência e olho seco.
Em frente ao monitor, o indivíduo pisca 20
vezes menos, o que prejudica a lubrificação
dos olhos.
Outro estudo, realizado com
trabalhadores noturnos, conclui que 40%
tinham queixas como visão embaçada,
ardência e olho seco. Metade dos
trabalhadores noturnos tem o dobro de risco
de perder a visão.
Recomendações
 Escurecer ao máximo o ambiente antes de
dormir, para estimular a produção de
melatonina, que reduz o cortisol e a
adrenalina;
 Ingerir nozes e gergelim, que contêm
triptofano, precursor da melatonina;
 Praticar exercícios físicos diariamente;
 Evitar alimentos ricos em cafeína, que
elevam o estresse, e alimentos gordurosos,
principalmente à noite, quando a digestão é
mais lenta;
 ingerir frutas cítricas, ricas em vitamina C;
 consultar um oftalmologista anualmente.
Síndrome - má adaptação ao trabalho em turno
Essa síndrome é um conjunto de sintomas
inespecíficos que ocorrem em trabalhadores de
turnos rodiziantes e, principalmente, no turno
noturno fixo, como resultado da inabilidade do
indivíduo de inverter seus ritmos circadianos e
adaptar-se aos programas de rotação de turnos e
ao trabalho noturno. Esses sintomas em
conjunto afetam em torno de 5% dos
trabalhadores, mas até 20% das pessoas
submetidas ao trabalho em turnos podem
apresentar os sintomas da síndrome. A não
adaptação obriga cerca de 20% a 30% dos
trabalhadores a recusar qualquer possibilidade
de exercerem trabalho em turnos e noturnos.
Sintomas
 Agudos: que aparecem no primeiro mês,
como insônia, sonolência excessiva no
trabalho, mal-estar, perturbações do humor,
erros e acidentes aumentados, problemas
familiares e sociais. Costumam provocar
desistências precoces.
 Crônicos: que aparecem em cinco anos ou
mais, podendo incluir doenças
gastrointestinais, doenças cardiovasculares,
desordens do sono, depressão, fadiga,
ansiedade, separação e divórcio. Provocanm
abandono do sistema de trabalho em turnos
e, em casos extremos, a morte. O uso abusivo
de substâncias para dormir e álcool se dá pela
inadaptação.
Prevenção
 Duração da jornada: não ultrapassar o
limite máximo de 8 horas. Se a atividade
comportar uma carga elevada de trabalho
físico, cognitivo e/ou emocional, a duração
deve ser menor, de 6 ou até de 4 horas,
para preservar a saúde dos trabalhadores,
a segurança e a eficiência do sistema.
 Equipes: aumento do número de turnos
ou de equipes de trabalho.
 Sentido de rotação: preconiza-se que o
sentido da rotação dos turnos seja M/T/N,
em vez do sentido inverso, N/T/M.

 Horário da troca de turnos: em geral,


recomenda-se que os turnos da manhã não
comecem muito cedo, para evitar que os
trabalhadores tenham de acordar de
madrugada. Recomenda-se o início às 7
horas, pois o início antes das 6 horas seria
prejudicial para o sono. O turno da noite não
deve começar muito tarde, sendo importante
considerar as horas de entrada e saída, para
facilitar o transporte.
 Média de horas trabalhadas por semana: o
número de horas trabalhadas em sistema de
turnos de revezamento contínuo deve ser
inferior ao dos que trabalham apenas durante
o dia. Sugere-se que a média semanal não
ultrapasse 35 horas por semana.
 Número máximo de turnos noturnos
consecutivos: o sistema de turnos deve ter
apenas turnos sucessivos. A cronobiologia
demonstra que, nos sistemas de um ou dois
turnos consecutivos, há menos distúrbios nas
funções fisiológicas circadianas que nos
sistemas mais longos, ou mesmo nos
sistemas de turnos fixos.
 Número de dias consecutivos trabalhados
sem interrupção: recomenda-se que o
número de dias de trabalho consecutivos seja
limitado a um, dois ou três dias, pois o
cansaço e seus efeitos aumentam com o
passar dos dias consecutivos de trabalho,
principalmente se o trabalho for considerado
estressante e os trabalhadores forem mais
idosos.
 Número de dias consecutivos de folga: após
os turnos noturnos, recomenda-se um
mínimo de 48 horas de repouso consecutivo,
pois é nos dias de folga que os trabalhadores
podem recuperar o cansaço acumulado nos
dias de trabalho.
 Número de folgas em sábados e domingos: é
importante que se preveja o máximo possível de
dias de folga que coincidam com os fins de
semana, para que os trabalhadores possam
participar das atividades familiares e sociais.
 Assistência médica: as empresas que
funcionam ininterruptamente devem garantir a
presença de serviços de atendimento médico
nas 24 horas do dia.
 Refeições: os trabalhadores em turnos devem
receber refeições equilibradas e quentes durante
a jornada de trabalho, fornecidas pelas
empresas, e tomadas em locais próprios com
duração superior a 30 minutos.
 Exames médicos: os trabalhadores em
turnos e noturnos devem ser considerados
população de risco e submetidas a exames
médicos periódicos.
 Férias: devem prever para os trabalhadores
em turnos e noturnos férias anuais com
duração de 6 semanas.
 Horários diurnos: deve-se prever o retorno
dos trabalhadores em turnos e noturnos a
horários comerciais, sem perda de suas
vantagens salariais, como forma de prevenir e
minimizar os males advindos de tal sistema.
Síndrome de burnout
A síndrome de burnout foi descrita em
1974, nos Estados Unidos, a partir da
observação do desgaste no humor e na
motivação de profissionais de saúde que
trabalhavam em contato direto com pessoas.
O termo burnout resulta da junção de
burn = queima e out = exterior. Caracteriza
um tipo de estresse ocupacional no qual a
pessoa se consome física e emocionalmente,
resultando em exaustão e num
comportamento agressivo e irritadiço.
O burnout se diferencia do estresse por ser
um fenômeno psicossocial relacionado com
situações de trabalho, resultante da constante e
repetitiva pressão emocional, associada com
intenso envolvimento com pessoas por longos
períodos de tempo.
A síndrome de burnout vai além do estresse,
sendo encarada como uma reação ao estresse
crônico.
Os trabalhadores mais afetados são os
professores, médicos, enfermeiros, policiais,
agentes penitenciários, bombeiros, entre outros.
No Brasil, a ocorrência de burnout está na
faixa de 10%, sendo a prevalência em
profissionais de saúde, em taxas que variam
entre 30% e 47%.
Sintomas
A síndrome se caracteriza pelo
esgotamento físico, psíquico e emocional em
decorrência de atividade estressante e
excessiva, resultante da má adaptação do
homem ao trabalho.
Os principais sintomas associados à
síndrome são:
 Psicossomáticos: enxaquecas, dores de
cabeça, insônia, gastrite, úlcera, diarreias,
crises de asma, palpitações, hipertensão,
maior frequência de infecções, dores
musculares e/ou cervicais, alergias,
suspensão do ciclo menstrual.
 Comportamentais: absenteísmo, isolamento,
violência, drogas, incapacidade de relaxar,
mudanças bruscas de humor, comportamento
de risco.
 Emocionais: sinais de impaciência,
distanciamento afetivo, sentimento de solidão
e de alienação, irritabilidade, ansiedade,
dificuldade de concentração, sentimento de
impotência, desejo de abandonar o emprego,
decréscimo do envolvimento no trabalho,
baixa autoestima, dúvidas de sua própria
capacidade.
 Defensivos: negação de emoções, ironia,
hostilidade, apatia e desconfiança.
Causas
O burnout parece estar relacionado não a
profissões específicas, e sim à maneira como
se organiza o trabalho, independentemente
da atividade exercida. Portanto, não é uma
síndrome clínica, e sim um diagnóstico de
situação de trabalho.
As causas são multifatoriais: a confluência
de características pessoais, do tipo de
atividade realizado e de variáveis oriundas da
instituição onde o trabalho é realizado. Esses
fatores podem mediar ou facilitar o processo
de estresse ocupacional que desencadeia o
burnout.
Tratamento
O tratamento pode ser fitoterápico ou
farmacológico, além de agir com
intervenções psicossociais, como licenças,
afastamentos e readaptações, mudanças na
organização do trabalho, diminuição da
competitividade, busca de metas coletivas e
diminuição da intensidade de trabalho.
Prevenção
Para a prevenção da síndrome ou a
intervenção nos processos relativos a ela, a
informação deve ser a primeira ação a ser
adotada. Conhecer os agentes causadores e
os sintomas permite que os trabalhadores
adotem ações preventivas adequadas.
A prevenção da síndrome de burnout tem
três níveis de atuação: um de caráter
individual, um de grau institucional e outro
que enfoca a inter-relação
indivíduo/instituição.
No plano individual, o primeiro passo é
identificar os elementos que provocam estresse
e as estratégias de enfrentamento que estão
sendo adotadas, as que estão sendo eficazes e as
que se mostram inúteis.
Algumas recomendações são relevantes para
a prevenção da síndrome:
 adotar hábitos saudáveis de vida, como
alimentação balanceada, exercícios físicos
regulares e sono (mínimo de 6 horas);
 dedicar tempo para habilidades individuais, tais
como pintura, música, dança, entre outras;
 não fazer mais do que as possibilidades reais de
seu corpo e sua mente, respeitando seus
próprios limites;
 saber administrar o tempo, distribuindo as
atividades diárias de forma compatível com a
realidade;
 identificadas as situações que provocam o
estresse, verificar e avaliar as estratégias que
estão sendo utilizadas no sentido de eliminá-
las ou minimizá-las;
 cultivar o relacionamento interpessoal;
 utilizar técnicas de relaxamento, que ajudam
no controle psicofisiológico dos agentes
estressantes.
No plano institucional, o profissional do
Serviço Especializado em Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT) é o mais
capacitado para efetuar uma avaliação dos
aspectos saudáveis e/ou prejudiciais da
organização, assim como para propor
medidas no sentido de potencializar as
variáveis positivas e eliminar ou minimizar as
negativas.
Para tanto, deve contar com o apoio
genuíno dos supervisores, gerentes e da alta
direção da instituição, bem como com a
disponibilização dos recursos necessários
para sua execução.

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