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LUXAÇÃO PATELAR

Definição: deslocamento da patela, que ocorre de forma mais comum para lateral,
principalmente devido à anatomia da tróclea e aos estabilizadores passivos e ativos
que são mais reforçados medialmente, quanto mais tempo passar luxado, maior será
as consequências (maior edema, mais instabilidade), mais esgarçados ficaram os
tecidos (ideal que não passe de 30 min para ser reduzido).

Normalmente luxações mediais são por iatrogenia, no ato cirúrgico o medico


hipercorrige a troclea.

O quadríceps já tem um vetor que leva a nossa patela para cima e para lateral,
favorecendo a luxação, principalmente nos ultimo graus de extensão, devido ao
contato na patela com a troclea que diminui a medida que realizamos a extensão.

Classificação de wiberg: analisa a anatomia da patela

 Tipo 1 - facetas simétricas (medial e lateral são iguais). 10% das pessoas têm.
 Tipo 2 - lateral maior, mais comum.
 Tipo 3 - medial quase inexiste, área de contato medial vai ser menor e lateral
maior, começando as alterações de pressão patelar.
 Tipo 4 - ausência faceta medial.

Incidência

 Jovens ativos, atletas, 2-3° década de vida.


 Normalmente tem recorrência, luxou 4 – 5 vezes tem indicação para cirurgia,
lesão que pode gerar instabilidade crônica. Em casos de criança esperar parar
a fase de crescimento.

Mecanismo

 Mais na comum na flexão de 30 graus, teremos uma contração de quadríceps


(que já possui um vetor de superiorização e lateralização da patela) e um valgo
de joelho (que roda fêmur internamente fazendo a patela vai perder área de
contado com a troclea e favorecendo a luxação). * para reduzir colocamos o
dedo na patela empurrando ela medialmente enquanto estica o joelho.

Sinais e sintomas

 Dor aguda, principalmente na região medial + “Pop"


 Deformidade, quando luxa para lateral e o paciente é muito magro, é possível
confundir a patela com o côndilo lateral.
 Edema ou hermartrose (orientar gelo), pode colocar brace para melhorar
estabilização.
 Incapacidade e ativar quadríceps pela dor.
 Comum lesão do lig. LPFM
 Sinal do desfiladeiro (possível observar na radiografia de perfil, aparece uma
sobreposição que é chamado de esporão troclear, sendo uma estratégia do
corpo, formando osso na região distal do fêmur na tentativa de estabilizar mais
a patela).
 Em casos crônicos tem dor anterior devido a alteração de área de contato
aumentando pressão na patela, dor medial devido as estruturas lesadas na
hora da luxação e estalidos, dor que piora quando ajoelha e agacha.

Avaliação
 Historia
 Local da dor peri patelar e ápice da patela.
 Teste: compressão, cisalhamento, apreensão *cuidado para não luxar* (sinal
do J: patela sobe e vai para lateral)
 Crepitação
 Testes funcionais (valgo, arco plantar, HOPs)
 Questionários (tampa)
 Descartar outras patologias: Hoffit, menisco, tendinopatias.

Estabilizadores

 Estáticos: conformidade óssea, tendão, retínaculos, Lig Patelofemoral medial.


 Dinâmicos: Quadríceps e Glúteos e Rotadores Laterais.

Fatores de risco

 Patela alta: fica fora da troclea, diminui a área de contato e fica mais instável,
para saber se tem patela alta podemos mensurar na radiografia com Insall
Salvati (traça uma linha da base ate o ápice da patela e outra do ápice da
patela até a tuberosidade da tíbia, dividindo o de baixo pelo cima => <0,8
patela baixa, >1,2 patela alta.
Com Caton Deschamps (traça uma linha que vai da base ate o ápice da patela
na face articular e outra que vai ate a parte anterior do platô tibial, 0,8 - 1,2).
Com Blackburn Peel (1º traça um linha no platô tibial, 2º pegar o goniômetro e
traçar um perpendicular ate a parte mais distal da face articular da patela, 3º
uma linha que vai da base ate o ápice da patela na face articular, 0,8 - 1,2).
 Troclea: Garganta da Tróclea (135 – 145 º), possível mensurar se é uma
patela funda ou rasa.) e índice de Merchant -6 a +6°( possível mensurar a
inclinação da patela).
 TAGT: Relação tuberosidade Anterior e garganta da tróclea, normal 11mm,
maior que 19 indicação cirúrgica para reposicionamento da tuberosidade.
Verifica o ângulo de torção da tíbia sobre o fêmur, feito na tomografia. (linha 1
– região posterior dos côndilos, 2 – perpendicular a garganta da troclea, 3 –
perpendicular a tuberosidade da tíbia).
 Frouxidão ligamentar: medida pela escala de beginton, paciente mais
suscetível a instabilidade
 Valgo estático / Anteversão do colo femoral: o normal é de 15 a 20 graus
(joelho vesgo). Para testar posiciona paciente em DV, flexiona os joelhos a 90º
e faz rotação interna, o lado mais rodado é que possui a anteversão.
 Ligto PF Lateral tenso: Tração lateral, aumenta o vetor.
 Quadris muito largos: altera a balança de Pauwels
 Pé plano: Desabamento do arco e rotação medial

Tratamento agudo

 Reduzir luxação: Estender o joelho pressionando a patela para medial. Em


caso de luxação primaria (faz fisioterapia, brace (2-4 semanas) e descarga de
peso (tolerada), cirurgia somente após recidiva).

Critérios para cirúrgico

• Fratura osteocondral

• Ruptura do LPFM

• Subluxação da patela
• Falha no conservador

• Luxações Redicivantes

• Risco de recidivas.

Tratamento cirúrgico (causa da luxação).

 Release Retináculo Lateral: é a mais comum, o retinaculo esta tenso, por isso
o paciente apresenta o tilt lateral patelar, é feito um corte no retinaculo lateral
para que a patela retorne a posição, pode ser isolado ou combinado com outra
técnica.
 Elmslie-trillat: faz a medialização da tuberosidade da tíbia no plano frontal,
diminuindo o vetor de forma que estava desfavorecido, porem em caso
descarga de peso precoce ou contração vigorosa de quadríceps no pós-
cirúrgico pode avulsionar a tuberosidade. (na maior parte das vezes com 2
parafusos)
 Maquet: elevação TAT no plano sagital, diminui o vetor de força que comprime
a patela para trás, diminuindo a pressão.
 Fulkerson : anteriorização + medialização TAT, mexe no plano sagital e
frontal.
 Reconstrução do LPFM: é um das mais comuns, não mexe em parte óssea
(anteriormente na técnica usada era feito dois tuneis na patela, e com
semitendineo passavam por dentro de forma que abraçasse a patela e
parafusavam no côndilo medial, patela tinha maior chance de fratura),
atualmente fazem somente duas perfurações na paleta e com o enxerto é
fixado no côndilo femoral medial.
 Plastia do VMO (Madgam): reposiciona as fibras do VMO, pegando fibras
mais superiores e colocando mais medial, deixando-o mais inclinado. (difícil de
ser feita)
 Trocleoplastia: é feita a correção da troclea, criando o ângulo da garganta,
poucos cirurgiões fazem, altera todas as pressões da região e por isso muito
dolorida.

Reabilitação

 Com reposicionamento de TAT = tratar como fratura, esperar o período de


consolidação.
 Reconstrução LPFM = cicatrização tecido mole, tratar como uma cirurgia
ligamentar.
 Conservador = esperar cicatrização de tecido mole, realizar educação e quais
movimentos ele pode estar próprio a luxação.
 Reabilitação leva de 3 a 6 meses

Complicações

 Condropatia
 Luxações Recidivantes
 Perda do enxerto (LPFM)
 Fratura de patela
 Fratura da TAT
 Infecção
 Lesão neurovascular
 TVP / TEP

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