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Licenciatura em Relações Internacionais e Diplomacia

1° Ano Laboral “A”

Introdução a Ciências Sociais

Tema: Ocidente e Iluminismo

Discentes:

Buana Arafate Mussa

Delton Vasco Lisboa

Derlei Paulino Maunze

Lourenço Edilson Dias

Sónia Figueiredo Langa

Docente: Dra. Fátima Manusse

Maputo, Março de 2022

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Índice
1. Introdução ........................................................................................................................... 3

1.1. Objectivos ........................................................................................................................ 3

1.1.1. Objectivo Geral............................................................................................................. 3

1.1.2. Objectivos específicos .................................................................................................. 3

1.1.3. Metodologia .................................................................................................................. 3

2. Ocidente e Iluminismo ....................................................................................................... 4

2.1. Ocidente ........................................................................................................................... 4

2.1.1. Os pilares da cultura Ocidental ..................................................................................... 4

3. Iluminismo .......................................................................................................................... 6

3.1. Objectivos do Iluminismo ............................................................................................... 7

3.1.1. Princípios do iluminismo .............................................................................................. 7

3.1.2. Defensores do Iluminismo ............................................................................................ 9

3.1.3. Contra-Iluminismo ..................................................................................................... 11

4. Conclusão ......................................................................................................................... 14

5. Bibliografia ....................................................................................................................... 15

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1. Introdução

O presente trabalho versa sobre o Ocidente e o Iluminismo, que foi um movimento


intelectual que surgiu na Europa Ocidental no século XVII e defendia o domínio da razão
sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa, desde a Idade Média. Percorrendo
minunciosamente o pensamento dos filósofos iluministas pode-se constatar que, havia um
trabalho árduo de iluminar às trevas em que se encontravam na sociedade ocidental, por
isso o principal motivo da época do seu surgimento designar-se por “Século das Luzes”, o
que impulsionou a articulação entre a produção filosófica-científica e a sociedade através
da razão e dos mótodos cieníficos respectivamente ao empreender várias maneiras de
divulgar o conhecimento, e não obstante o desenvolvimento do mundo ocidental.

1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Reflectir sobre o Ocidente e o Iluminismo
1.1.2. Objectivos específicos
 Compreender o processo de instauração do movimento;I
 dentificar e descrever as ideais iluministas e os seus respectivos defensores;
 Fazer uma contribuição reflexiva e crítica sobre o Ocidente e iluminismo e
 Analisar a influência do Iluminismo na vida da sociedade.
1.1.3. Metodologia

No âmbito da prossecução dos objectivos enunciados no presente trabalho de pesquisa,


usou-se o método de pesquisa bibliográfica que consistiu na discussão sobre o Ocidente e o
Iluminismo. Por fim, afigurou-se indispensável o uso dos métodos analítico e crítico. Em
suma, toda essa abordagem mostrou-se ser essencialmente qualitativa e descritiva, sem
prejuízo da análise interpretativa e crítica, o que caracteriza uma abordagem das ciências
sociais.

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2. Ocidente e Iluminismo
2.1.Ocidente

O termo Ocidente provém do latim “Occidens” que significa “pôr do sol, oeste”. Este
termo é utilizado para se referir à várias nacções, dependendo do contexto. Importa referir
que, não há consenso sobre a definição das semelhanças desses países, além de terem uma
população significativa de ascendência europeia e de terem culturas e sociedades
fortemente influenciadas e ligadas pela Europa. Ademais, este termo pode ser utilizado em
vários contextos, logo podemos definir o Ocidente recorrendo a vários contextos como:
definição clássica, culturas dominantes desde a época colonial, países da OTAN durante a
guerra fria, países ao ocidente da Ásia e definições de governos.

O termo Ocidente surge no período da civilização greco-romana na Europa, com o advento


do cristianismo sustentado em dois pilares:

 A construção do medo, ou seja, a criação de pertubações no imaginário como medo


da noite, dos mares, do outro, do novo e do moderno e a espera do fim do mundo e
 A Igreja conseguiria afirmar os seus preceitos da ascenção do Cristisnismo no
continente europeu desde o declínio do império romano ao fim da Idade Média.
2.1.1. Os pilares da cultura Ocidental
a) O mito

A mitologia é a criação de explicações fantasiosas acerca dos formidáveis fenômenos


repetitivos, na natureza e na vida humana. As perguntas espantosas que os povos sempre se
fizeram obtiveram, de início, um tratamento mitológico. O que é a vida? De onde viemos?
Para onde vamos? Por que a dor, a guerra, a morte? O que é o universo? Há seres
fantásticos, supra-humanos, divinos? Como o mundo começou? Acabará um dia? Quando?
O conhecimento mítico é de baixa qualidade, sabemos hoje. Explica mal todos esses
fenômenos que interroga. No entanto, o mito é o princípio fundante necessário para que se
estabeleça o conhecimento.

b) O místico

Diante da constatação da precariedade da vida e da fragilidade da condição humana, as


comunidades primitivas sofrem as agruras de seu desamparo em um mundo que lhes é

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sempre indiferente, quando não, fortemente hóstil. Acuados, inferiorizados, os seres
humanos reagem para mais, em escansão, concebendo poderosos seres supra-humanos,
gigantes, titãs, deuses. Passam a se referir a eles e a cultuá-los. Um minueto de relações
rapidamente se estabelece: a essas criaturas se atribuem poderes para o bem e também para
o mal. O deus se posta como um ordenador dos dispositivos sociais. Dele se espera
revelação de verdades, protecção contra infortúnios, encaminhamento de processos e até a
salvação transcendente.

A dimensão mística operante no psiquismo humano é responsável pela criação de uma das
mais interessantes - e problemáticas - instituições humanas, que são as religiões. Cada
religião elege um ultrapoderoso e etéreo Pai. Estabelece regras, preceitos e normas que
balizam as relações dessa comunidade com seu deus-Pai. Com isso, criam-se mandamentos
que normatizam a vida dos fiéis, ordenando melhor seus fluxos pulsionais.

c) A filosofia

Homens ociosos deram de colocar sua razão a emitir juízos, utilizando a lógica. Foi na
Grécia, sobretudo no século V antes de Jesus de Nazaré, que aconteceu a maior explosão do
gênio da humanidade. Notáveis cogitadores sobre a existência e a condição do homem,
amantes do conhecimento, tornaram-se amigos da sabedoria: filósofos. Procuraram
responder com lucidez e inteligência àquelas perguntas básicas que os homens sempre se
fizeram. Com uma metodologia lógico-racional, foram capazes de fincar, solidamente,
respostas que permaneceram válidas, ao longo dos séculos, até nossos dias. O pensamento
mostrou-se precisa ferramenta de acesso ao âmago da Verdade contida nas coisas.

O filósofo grego desligou-se das respostas já amplamente insatisfatórias, provenientes da


mitologia e das verdades reveladas profeticamente, procurando entender o mundo e a vida,
usando o raciocínio para melhor inteligir entre os elementos, usando a lógica para separar
incongruências e contradições.

d) A ciência

Ela é a mais visível e a mais confiável coluna de sustentação do estamento ocidental. A


ciência persegue, denodadamente, o ideal de subverter o aforismo de Heráclito: "o ser das
coisas ama esconder-se". Ela, a ciência, é vista como um farol iluminando o ignoto e o

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escuro. Com Da Vinci, Bacon, Galileu, Copérnico, Kepler, Newton e Leibnitz, aos poucos,
criou-se o método científico. Estabelece-se assim o privilégio paranóico da dúvida.

e) A economia

É ela a deusa ascendente responsável pela abundância de recursos colocados à disposição


da sociedade. A actividade económica é a fonte de criação da riqueza em toda sociedade.
No Ocidente, a economia tem-se tornado a actividade prevalente sobre todos os demais
pilares de sustentação da cultura. Ela é a mais exitosa actividade humana, na medida em
que gera e expande a riqueza de bens materiais de toda espécie, permitindo que todos os
compartimentos da sociedade sejam beneficiados.

A manipulação dos objetcos associou-se ao dinheiro e ao lucro, criando a riqueza, que


possibilita a diversidade na sociedade. Surgiu assim o sistema do capital - o capitalismo -
como o mais formidável sistema de criação e de expansão da riqueza que houve na história
da humanidade.

f) A ética

Esta é fruto do intelecto humano quando este se imiscui no âmago das coisas para
inteligilas, tornando-as discernidas. Conhecimento acarreta psiquização, cujo produto
imediato é a expansão da consciência. Esta, por sua vez, instrui a mais elevada prerrogativa
humana, que é o espírito, o qual contribui para estabelecer uma visão acurada e abrangente
das todas circunstâncias da vida humana. Como operador ideal, a ética utiliza os
conhecimentos propostos pelos filósofos, poetas, literatos, místicos, políticos, psicanalistas
e humanistas de todos os tempos. Sabe-se o que é mais correcto, melhor, mais decente e
mais digno.

3. Iluminismo

O movimento iluminista surge na Europa durante o século XVII em que defendia o uso da
razão, acima de tudo como meio de alcance a liberdade, o progresso, a tolerância,
fraternidade, governo constitucional e separação igreja-estado e autonomia. Também
podemos referir a esse movimento como “Século das Luzes”, “Ilustração” ou
“Esclarecimento”.

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Anteriormente ao Iluminismo, temos a Idade Média, período que para muitos o mundo se
encontrava mergulhado em trevas porque a igreja mandava e desmandava, interferindo de
forma constante nos comportamentos da sociedade, facto que impulsionou o iluminismo a
promover mudanças políticas, económicas e sociais, pois este movimento pode ser
entendido como ruptura com o passado e o início de uma fase de progresso na humanidade.

O termo “Iluminismo” é uma alusão a isto. Para os iluministas, a criação de escolas era
extremamente necessária, porque só assim, teríamos seres pensantes. Além disso, eles
defendiam a liberdade religiosa, onde cada um escolheria a religião que gostaria de seguir,
ou mesmo, escolheria não seguir religião alguma. A Burguesia era a principal apoiadora do
movimento e defendiam ideais como: a não intervenção do Estado na economia, ou seja,
liberdade económica; também, a ciência e a razão por meio do Antropocentrismo (homem
como centro de todas as coisas), e, por fim, o predomínio dos burgueses e seus ideais.

O movimento nasceu como forma de reação ao Absolutismo que tinha na organização da


economia em feudos, na Igreja Católica, no monopólio comercial, e também, na negação do
que era novo, suas principais características.

3.1. Objectivos do Iluminismo

Inicialmente, os iluministas buscavam instituir à razão como ferramenta principal no


entendimento do homem sobre o mundo ao seu redor e questões básicas, como a sociedade,
cultura e a religião. Durante o seu período de actividade o iluminismo provocou uma
verdadeira revolução intelectual na história do pensamento moderno, servindo de base até
hoje contra a ignorância no que diz respeito ao conhecimento.

O principal objectivo dos iluministas era a busca pela “felicidade humana” por isso
rejeitavam a injustiça, os privilégios e a intolerância religiosa, que por sua vez eram contra
o absolutismo.

3.1.1. Princípios do iluminismo

O movimento iluminista defendia os seguintes princípios:

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a) Consciência individual autónoma

Para que o homem desenvolvesse sua razão e assim pudesse conhecer o real em todos os
aspectos, ele deveria fazer uso do próprio entendimento e não agir conforme aquilo que lhe
diziam. Pelo uso da razão seriam capazes de intervir na realidade para organizá-la
racionalmente. Dizer que o homem possui consciência individual autónoma significa dizer
que ele não precisa de uma autoridade externa, seja política, religiosa ou até mesmo
médica; também significa que pode ser livre em relação às suas emoções, paixões e desejos.

O indivíduo era livre, conceito baseado no livre comércio e oposto ao absolutismo,


individual, ou seja: consciente e capaz de se autodeterminar e que deveria ser tratado com
igualdade jurídica em relação aos outros, uma forma de garantir sua liberdade.

b) Noção de progresso

A mentalidade da época, influenciada pela Revolução Industrial, era a de que, se o homem


tinha pela razão as condições de enfrentar os problemas que a realidade lhes apresentava,
ele tinha pela ciência e pela tecnologia as condições de se impulsionar para a verdade e ao
progresso humano. A Ciência e tecnologia mudaram radicalmente, para melhor, nosso modo
cotidiano de vida. A água encanada, a luz elétrica, os alimentos melhores, as vacinas e os
medicamentos, a locomoção por meio de automóvel, os navios, trens e aviões, a fabricação
de objetos facilitadores da vida humana, etc.

c) Carácter pedagógico

Para o Iluminismo, todos os homens são igualmente dotados de uma luz natural que torna
todos capazes de aprender. Pela educação, pela ciência e pela filosofia, os homens
desenvolveriam sua capacidade mais fundamental, ou seja, eram instrumentos da
consciência individual autônoma contra a ignorância. Os estudos do ser humano e da
história são a prioridade pois, por meio de ambos, poderiam colocar em perspectiva aquilo
que não deu certo no passado em relação às necessidades de todos na sociedade.

d) Pensamento laico

Tudo aquilo que pudesse dificultar o aprimoramento da razão deveria ser questionado. Era
preciso, portanto, identificar quais eram esses obstáculos. O principal era a autoridade

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religiosa que impunha crenças irracionais a fim de manter os homens submissos. Também
eram contra a superstição e idolatria. Eram críticos a uma determinada representação de
Deus e não contra a credulidade e a ideia de Deus ou do divino. A primeira, pode parecer
que os iluministas negavam tudo, baseando-se na razão como seu instrumento. Mas na
verdade não, não negavam certas dimensões da vida e da realidade, nem história ou
religião, mas sim a irracionalidade do entendimento desses conceitos ou de viver essas
realidades.

O Iluminismo reduziu a fé ao racional. A ideia da relação Homem-Deus, na qual Deus regia


a história a margem do homem colocando-o no centro e que procurava a salvação do
mesmo – teocentrismo, foi contraposta pelo fisiocentrismo, defendendo a fé no progresso
contínuo e acreditando na redenção do homem pelo trabalho, tornando o mesmo no centro
das coisas. Entendem que o homem vivera numa obscuridade e era necessário liberta-lo
com base na fé no progresso.

e) Autoridade

O homem não poderia permitir que alguém assumisse a responsabilidade pelo seu
pensamento. O homem tem a capacidade de fazer uso da própria razão para estabelecer
seus modos de conduta e deve ser o único responsável pelas suas decisões. Tudo aquilo que
tenta impor um pensamento prévio e uma forma de agir, até mesmo a medicina, deveria ser
enfrentado se não puder ser justificado racionalmente ou que recorra ao medo e à força para
ser cumprido. Esses princípios tiveram grande impacto sobre intelectuais e políticos em
diversos lugares do mundo. Por conta disso, inspiraram revoluções que combateram as
estruturas do antigo regime, como a revolução francesa, a insurgências das colónias
europeias na América, criação e consolidacao de estado-nação, a expansão de direitos civis
e a redução de influência de instituições hierarquícas como a nobreza e a igreja.

3.1.2. Defensores do Iluminismo

Como foi dito, o Iluminismo foi um movimento cultural abrangente que teve expressão em
diversas áreas do conhecimento, como as artes, as ciências políticas e a doutrina jurídica.
Também ocorreu em diversos países europeus, mantendo os valores fundamentais, mas
adquirindo características próprias. Vejamos seus principais representantes:

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 França
a) Voltaire (1694-1778)

Pseudônimo do poeta, dramaturgo e filósofo François-Marie Arouet. Suas obras se


caracterizam por um estilo irónico pelo qual submetia à sua dura análise aqueles que
abusavam do poder, os membros do clero que se comportavam de forma inapropriada e à
intolerância religiosa. Defendia uma monarquia esclarecida, ou seja, um governo em que o
soberano respeitasse as liberdades individuais, principalmente a liberdade de pensamento.

b) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)

Nasceu na Suíça, mas se transferiu para a França em 1742 onde escreveu suas principais
obras. Em Do contrato social, defendia um Estado que ofereceria aos seus cidadãos um
regime de igualdade jurídica por meio da contemplação da vontade geral do seu povo.

c) Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond D'Alembert (1717-1783)

Organizaram uma Enciclopédia de 33 volumes pela qual se pretendia apresentar os


principais pensamentos da época e que representa a confiança na razão e na capacidade
libertadora do conhecimento.

 Inglaterra
a) David Hume (1711-1776)

Nasceu na Escócia e ocupou uma importante posição como diplomata na Inglaterra o que o
possibilitou conhecer vários países e entrar em contaCto com seus mais eminentes
pensadores. Foi considerado um dos mais radicais empiristas partindo da tese de que nossas
ideias sobre o real se originam na experiência sensível. Para ele, a ciência é resultado da
indução e a probabilidade é o critério de certeza possível dentro do seu sistema.

b) Adam Smith (1723-1790)

Também escocês, escreveu em “Ensaio sobre a riqueza das nações” contra a política
mercantilista na qual o Estado desempenhava uma intervenção reguladora. Partilhava do
pensamento iluminista a confiança na racionalidade humana, desde que os homens
pudessem gozar de liberdade econômica.

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c) John Locke

Considerado o “pai do iluminismo”. Sua principal obra foi "Ensaio sobre o entendimento
humano", aonde Locke defende a razão afirmando que a nossa mente é como uma tábua
rasa sem nenhuma ideia. E tambem e apologista das seguintes ieias: os direitos naturais e
inalienáveis dos homens, os governos existem pra preservar esses direitos, o liberalismo
político, defesa da monarquia parlamentar (constitucional), a liberdade dos cidadãos e
condenou o absolutismo.

 Itália:

Giambattista Vico (1668-1744)

Filósofo, historiador e jurista. Sua principal obra, “Ciência nova”, discute a metodologia
das ciências, tema relevante em seu contexto histórico. No entanto, Vico não conseguiu
difundir suas ideias.

 Alemanha:
a) Immanuel Kant (1724-1804)

Considerado o maior filósofo do Iluminismo alemão. Em sua obra “A resposta à pergunta


O que é o Esclarecimento?” Kant desenvolve seus ideais iluministas a partir de dois
conceitos: “autonomia” e os pares “maioridade/menoridade intelectual”. Diz Kant, no
primeiro parágrafo: “Esclarecimento (Aufklärung) significa a saída do homem de sua
minoridade, pela qual ele próprio é responsável. A minoridade é a incapacidade de se servir
de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que se deve atribuir
essa minoridade, uma vez que ela não resulta da falta de entendimento, mas da falta de
resolução e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento sem a tutela de outro.
Sapere aude! Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento, tal é portanto a
divisa do Esclarecimento”.

3.1.3. Contra-Iluminismo

O contra-ilumismo foi uma tendência filosófica iniciada ainda durante o século XVII que se
opunha às ideias iluministas. Em contraposto à valorização da razão, da liberdade, da

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igualdade e das ideias liberais em geral, o contra iluminismo defendia as antigas ideias
conservadoras religiosas, hierárquicas e autoritárias.

Jean-Jacques Rousseau é a figura mais importante no Contra Iluminismo político. Sua


filosofia moral e política foi inspiradora para Immanuel Kant, Johann Herder, Johann
Ficthe e G. W. F. Hegel, e deles foi transmitida para a Direita coletivista.

O primeiro grande ataque frontal contra o Iluminismo foi realizado por Jean Jacques
Rousseau. Este possui uma merecida reputação de ser um bad boy (rapaz mau) da filosofia
francesa do século XVIII. No contexto da cultural intelectual do Iluminismo, Rousseau foi
uma importante voz discordante. Ele era um admirador de todas as coisas espartanas a
Esparta do comunalismo militarista e feudal, e sentia desprezo por todas as coisas
atenienses a Atenas clássica do comércio, do cosmopolitismo e das belas artes.

Em seu “Discurso sobre a Origem da Desigualdade”, Rousseau começou a atacar a base do


projecto do Iluminismo: a razão. Os filósofos estavam totalmente correctos em que a razão
é a base da civilização. Há uma relação inversa entre o desenvolvimento cultural e moral: a
cultura gera muita aprendizagem, luxo e sofisticação. Mas, tanto a aprendizagem como o
luxo e a sofisticação causam a degradação moral.

A raiz de nossa degradação moral é a razão, o pecado original da humanidade. Antes de


despertar a sua razão, os seres humanos eram simples, em sua maioria solitários, que
satisfaziam suas necessidades facilmente colectando em torno de seu ambiente. Esse estado
de felicidade era o ideal: “este autor deveria ter dito que dado que o estado natural é o
estado no qual a preocupação por nossa autopreservação é menos prejudicial para os
demais, esse estado é, consequentemente, o mais adequado para a paz e o mais apropriado
para a raça humana”.

Mas, por algum conhecimento inexplicável e infeliz, se despertou a razão e, uma vez
despertada, vomitou uma Caixa de Pandora de problemas sobre o mundo, transformando a
natureza humana ao ponto em que não podíamos regressar mais a nosso feliz estado
original. Como os filósofos estavam prevendo o triunfo da razão no mundo, Rousseau quis
demonstrar que “todo o progresso subsequente foi na aparência tantos passos em direção à
perfeição do indivíduo e, de fato, para o declínio da espécie”. Uma vez que seu poder de

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raciocínio se despertou, os humanos perceberam sua condição primitiva, e isso levou-nos a
sentir insatisfeitos. Assim começaram a fazer melhorias que culminaram, principalmente,
na revolução agrícola e metalúrgica. Inegavelmente, essas revoluções melhoraram
materialmente a humanidade – mas essas melhorias, de facto, têm destruído a espécie: “é o
ferro e o trigo que tem civilizado os homens e arruinado a raça humana”.

A ruína tomou muitas formais. Economicamente, a agricultura e a tecnologia levaram à


riqueza excedente. A riqueza excedente, por sua vez, conduziu a necessidade dos direitos
de propriedade, a competição entre os seres humanos e levou-nos a ver como inimigos uns
aos outros.

No social, com os luxos veio um despertar dos padrões estéticos de beleza, e esses padrões
transformaram suas vidas sexuais. O que antes era um ato franco de relações sexuais
acabou se tornando algo ligado ao amor, e o amor é confuso, exclusivo e preferencial. O
amor, consequentemente, desperta os ciúmes, a inveja e a rivalidade mais coisas que
colocam os seres humanos uns contra os outros.

Portanto, a razão conduziu ao desenvolvimento de todos e cada uma dessas características


da civilização agricultura, tecnologia, propriedade e estética e estas tornaram a humanidade
covarde, preguiçosa, e a puseram em conflito social e econômico com ela mesma. Mas a
história fica pior, pois os conflitos sociais geraram uns poucos vencedores no topo da escala
social e muitos perdedores oprimidos debaixo deles. A desigualdade se converteu em uma
consequência proeminente e condenável na civilização. Tais desigualdades são condenáveis
porque todas elas, “como o ser mais rico, mais honrado, mais poderoso” foram “privilégios
desfrutados por uns em detrimento de outros”.

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4. Conclusão

A realização do presente trabalho permitiu-nos chegar à conclusão de que no século XVIII,


uma nova corrente de pensamento começou a tomar conta da Europa defendendo novas
formas de conceber o mundo, a sociedade e as instituições. O chamado movimento
iluminista aparece nesse período como um desdobramento de concepções desenvolvidas
desde o período renascentista, quando os princípios de individualidade e razão ganharam
espaço nos séculos iniciais da Idade Moderna.

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5. Bibliografia
1. SUMBANE, Salvador Agostinho, História 11.ª classe, Texto Editores,
Moçambique, 2010.
2. GEQUE, Eduardo e BIRIATE, Manuel, Pré-Universitário – Filosofia 12, Longman
Moçambique, Maputo, 2010.

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