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ADMINISTRATIVO

Processo administrativo da lei 9.784/1999


SUMÁRIO
1. Introdução.................................................................................................................................................3
2. Princípios...................................................................................................................................................4
2.1 Princípios implícitos.....................................................................................................................................4
2.2 Princípios expressos.....................................................................................................................................6
3. Direitos e deveres....................................................................................................................................11
4. Fases e elementos do processo administrativo.........................................................................................11
4.1 Instauração............................................................................................................................................11
4.2 Competência..........................................................................................................................................13
4.3 Impedimento e suspeição.......................................................................................................................13
4.4 Forma, tempo e lugar dos atos...............................................................................................................14
4.5 Comunicação dos atos............................................................................................................................17
4.6 Instrução................................................................................................................................................18
4.7 Relatório................................................................................................................................................20
4.8 Decisão..................................................................................................................................................21
4.9 Motivação..............................................................................................................................................21
5. Recursos administrativos.........................................................................................................................22
5.1 Recurso hierárquico próprio e impróprio................................................................................................23
5.1 Revisão administrativa...........................................................................................................................24
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................................24
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA.............................................................................................................................24
ATUALIZADO EM 30/07/20231

PROCESSO ADMINISTRATIVO DA LEI 9.784/1999

1. Introdução

Processo administrativo é o conjunto de atos coordenador voltados para a realização da função


administrativa. Existem diversas espécies de processo administrativo, regulados por diplomas normativos
especiais, tais como: Processo administrativo disciplinar em âmbito federal, lei 8.112/90; Processo licitatório,
lei 8.666/93.

A lei 9.784/99 estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da


Administração Federal direta e indireta e aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no
desempenho de função administrativa. Portanto, trata-se de uma lei administrativa federal e não nacional, por
isso, não obriga estados, municípios ou Distrito Federal.

A competência para legislar sobre processo administrativo é de cada ente da federação, caso não
tenha aplica-se a lei federal.

No tocante aos processos administrativos federais, cumpre destacar seu caráter subsidiário:

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes
apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Embora a própria Lei n. 9.784/99 se autodeclare aplicável somente aos processos administrativos
federais (art. 1º), o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento no sentido de considerá-la
aplicável subsidiariamente às demais entidades federativas que não possuam lei própria de processo
administrativo (AgRg no Ag 935.624/RJ), especialmente quanto ao prazo de 5 anos que a Administração tem
para anular seus atos defeituosos.

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
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jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 633-STJ: A Lei nº 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para a revisão de
atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos
estados e municípios, se inexistente norma local e específica que regule a matéria. • Aprovada em
12/06/2019, DJe 17/06/2019.

O objetivo dessa lei é a proteção dos direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins da
Administração (interesse público). Consideram-se:

ÓRGÃO A unidade de atuação integrante da estrutura da administração direta e da estrutura


da administração indireta;
ENTIDADE A unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
AUTORIDADE O servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

2. Princípios

A lei 9.874/99 ampliou o rol de princípios previstos expressamente na Constituição, em seu artigo 37.

PRINCÍPIOS EXPRESSOS PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS


 Legalidade  Impessoalidade
 Finalidade  Publicidade
 Motivação  Atipicidade
 Razoabilidade  Lealdade e boa-fé
 Proporcionalidade  Gratuidade
 Moralidade  Economia Processual
 Ampla defesa  Oficialidade
 Contraditório,  Devido processo legal
 Segurança jurídica  Formalismo moderado (ou informalismo)
 Interesse público  Instrumentalidade das formas
 Eficiência.

2.1 Princípios implícitos


- Princípio Formalismo moderado/Informalismo: Só são exigidas formas determinadas para os atos
processuais se a lei assim exigir.

- Princípio Oficialidade/impulso oficial: depois de iniciado o processo pelo administrado, compete à


administração movimentá-lo até a decisão final. A oficialidade permite a administração: instaurar o processo
de ofício, impulsionar o processo, e rever suas decisões.

#OLHAOGANCHO: A administração pode rever de ofício suas decisões, trata-se do poder de autotutela
(súmula 473 STF, e 346 STF), porém, existem limitações a este princípio, quais são?
Em processos administrativos que impliquem sanções, se surgirem fatos novos ou circunstancias
relevantes que remetam a uma inadequação da pena aplicada, em caso de revisão processual não poderá
haver agravamento da sanção aplicada (art. 65, § único).
Se do ato administrativo decorrer efeito favorável para o destinatário, decai em cinco anos o prazo
da administração para anulação (art. 54)
A administração só poderá rever de ofício o ato ilegal, se não houve a preclusão administrativa (art.
63, §2), ou seja, se a administração perdeu uma oportunidade processual (a doutrina majoritária entende que
se aplica apenas contra o administrado, jamais contra a administração pública).
A administração só pode revogar seus atos, por motivos de conveniência e oportunidade, com
efeitos EX NUNC, ou seja, respeitando os direitos adquiridos.

*(Atualizado em 15/10/2022) #DEOLHONAJURIS - Nas hipóteses em que não haja exercício do controle de
legalidade por Tribunal de Contas, o prazo decadencial quinquenal previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999
transcorre a partir da edição do ato pela Administração. No caso, a parte recebia a parcela de horas extras
incorporadas calculadas de forma parametrizada sobre todas as parcelas remuneratórias, com base em
decisão judicial anterior e mediante aplicação de critérios decorrentes de determinada interpretação da
Administração acerca da questão, desde antes da vigência da Lei n. 9.784/1999. No entanto, em 2018 a
Administração comunicou-lhe acerca da revisão administrativa. O Tribunal de origem concluiu pelo transcurso
do prazo decadencial quinquenal em desfavor da Administração Pública, tendo em vista que: (a) somente em
2018 a Universidade comunicou a revisão da forma de cálculo à parte autora, que recebia a vantagem salarial
antes da vigência da Lei n. 9.784/1999; (b) o caso dos autos não diz respeito à atuação do Tribunal de Contas
no exercício do controle externo da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão, e sim da revisão de ato administrativo que originou a vantagem salarial. Acerca dessa questão, a
orientação jurisprudencial do STJ é a de que, nas hipóteses em que não haja exercício do controle de
legalidade pelo Tribunal de Contas, o prazo decadencial quinquenal transcorre a partir da edição do ato pela
Administração. Com efeito, em julgado semelhante assentou-se que, embora a orientação jurisprudencial do
Superior Tribunal de Justiça seja a de que o prazo decadencial do art. 54 da Lei n. 9.784/1999 não se consuma
no período entre a data da aposentadoria e o exame da legalidade do ato pela Corte de Contas, quando a
revisão do ato de concessão se dá pela própria Administração Pública, sem determinação do órgão fiscalizador
de Contas (TCU), o prazo decadencial flui normalmente (...) - AgInt no AREsp 1.738.937/RS, relator Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe de 01/07/2021 (STJ, AgInt no AREsp 1.761.417-RS, Rel. Min. Manoel Erhardt
(Desembargador convocado do TRF da 5ª Região), Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 20/06/2022,
DJe 23/06/2022, Info. 750).

- Princípio Verdade material: deve-se buscar o conhecimento dos fatos efetivamente ocorridos, o
que possibilita, em regra, serem trazidas aos autos provas de fatos relevantes mesmo depois da fase prevista
para a apresentação de provas.

- Princípio Gratuidade: em regra, não existem os ônus características do processo judicial, tais como
custas, ônus de sucumbência, honorários e outros. No Processo Administrativo, portanto, é vedada a cobrança
de taxas para cobrir despesas processuais, salvo se houver norma específica em contrário. Tal disposição não
impede a cobrança de taxas para outros fins, que não sejam cobrir despesas processuais.

- Devido processo legal: o fundamento jurídico está no art. 5º, LIV, CF, e segundo a doutrina
moderna ele se aplica ao processo judicial e administrativo. Acepção adjetiva (formal): o principio impõe o
dever de respeito às normas que regulamentam o processo administrativo. Acepção substantiva (material): é o
dever da administração de proferir decisão proporcional e razoável (é o princípio da razoabilidade e
proporcionalidade).

- Instrumentalidade das formas: as formalidade, quando existentes, evitam abusos, por isso quando
exigida, ela é instrumento para uma finalidade, e, por isso, quando a lei prescreve uma determinada forma,
sem cominar nulidade em caso de desobediência, se o ato alcançar a finalidade, mesmo que de outra forma, o
ato é válido.

- Atipicidade: no direito administrativo, as infrações possuem conceitos indeterminados, que


dependem da discricionariedade autoridade responsável para adequar a conduta.

2.2 Princípios expressos


- Legalidade: Significa que o gestor público ao conduzir o processo administrativo é obrigado a seguir
os mandamentos legais, uma vez que na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza,
enquanto na administração particular, é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe.

- Finalidade: Segundo ele, o gestor público ao interpretar e aplicar uma norma, deve sempre levar
em consideração o fim público a que ela se destina. Tem íntima relação com o princípio da legalidade, pois não
basta aplicar a lei, é preciso aplica-la a fim de buscar a finalidade para a qual ela foi criada, sob pena de se
cometer “desvio de poder/finalidade”.

- Motivação: Este princípio informa que a autoridade responsável pelo ato, deve declarar as razões
que a levaram a tomar uma decisão. Trata-se de uma verdadeira garantia do administrado, servindo como
forma de controle dos fatos e fundamentos que jurídicos que motivaram a prática do ato.

- Razoabilidade: é dever do administrador agir com racionalidade.

- Proporcionalidade: é necessário adequação entre os meios e os fins da atuação administrativa.

- Moralidade: trata-se do dever de agir conforme a boa-fé, com honestidade, respeitando a moral e
bons costumes.

- Contraditório: é princípio obrigatório no processo administrativo, sendo assegurado à parte ou


interessado, o direito de conhecer as alegações da parte contrária, e delas de defender.

*(Atualizado em 20/06/2020) #DEOLHONAJURIS O cadastro e o peticionamento no Sistema Eletrônico de


Informações denotam a ciência de que o processo administrativo tramitará de forma eletrônica. Caso
concreto: determinada interessada estava participando de processo administrativo no âmbito da
administração pública federal; o processo “físico” foi migrado para “eletrônico”; a interessada fez cadastro
neste sistema eletrônico, aceitou as condições e chegou a peticionar eletronicamente; ela foi, então,
intimada eletronicamente para apresentar documentos e não o fez; diante disso, perdeu o direito de
contratar com o Poder Público; em seguida, alegou, em mandado de segurança, que não foi oficialmente
informada de que a comunicação dos atos administrativos do seu processo seria realizada exclusivamente por
meio eletrônico; o STJ não aceitou a argumentação. STJ. 1ª Seção. MS 24.567-DF, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 11/03/2020 (Info 667)
- Ampla defesa: é a possibilidade de, no exercício do seu direito ao contraditório, seja possibilitada a
utilização de todos os meios jurídicos válidos, podendo, facultativamente, ser assistido por advogado.

#DEOLHONASÚMULA
Súmula vinculante 5-STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não
ofende a Constituição.
Assim, a presença de advogado em PAD é facultativa. O acusado pode ser acompanhado por
advogado se assim desejar. No entanto, não é obrigatório que o processado tenha a assistência jurídica. Logo,
caso não tenha sido auxiliado por advogado, tal circunstância não gera a nulidade do PAD.
Vale ressaltar que a SV 5 se refere ao típico processo administrativo disciplinar, ou seja, aquele que
tramita no âmbito da Administração Pública. Este enunciado não se aplica para o processo administrativo que
apura infrações cometidas no sistema penitenciário.

Súmula vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.
Quando o Tribunal de Contas aprecia a legalidade do ato de concessão inicial da aposentadoria, ele
precisa garantir contraditório e ampla defesa ao interessado?
• REGRA: NÃO (parte final da SV 3-STF).
*• EXCEÇÃO: será necessário garantir contraditório e ampla defesa se tiverem se passados mais de 5
anos desde a concessão inicial e o Tribunal de Contas ainda não examinou a legalidade do ato.
*#DEOLHONAJURIS: O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do processo à Corte de
Contas. Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão
sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário. RE
636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).
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Como funciona o procedimento de concessão da aposentadoria, reforma ou pensão no serviço público? O
departamento de pessoal do órgão ou entidade ao qual o servidor está vinculado analisa se ele preenche os
requisitos legais para a aposentadoria e, em caso afirmativo, concede o benefício. Esse momento, no entanto,
é chamado ainda de “concessão inicial” da aposentadoria, considerando que ainda haverá um controle de
legalidade a ser feito pelo Tribunal de Contas. Somente após passar por esse controle do Tribunal de Contas é
que a aposentadoria poderá ser considerada definitivamente concedida.
Diante disso, qual é a natureza jurídica do ato de aposentadoria? Trata-se de um ato administrativo
complexo (segundo o STJ e o STF). O ato administrativo complexo é aquele que, para ser formado, necessita da
manifestação de vontade de dois ou mais diferentes órgãos.
Assim, a concessão de aposentadoria ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se
aperfeiçoa após o julgamento de sua legalidade pela Corte de Contas.
Obs: a doutrina critica bastante esse enquadramento, mas foi como decidiram os Tribunais Superiores.
O TCU possui um prazo para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão? SIM. Por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é
necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional previsto no art. 71, III,
da CF/88:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas da União, ao qual compete: (...) III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão
de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;
E qual é esse prazo? 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/1932:
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou
ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
contados da data do ato ou fato do qual se originarem.
Vale ressaltar que esse Decreto 20.910/1932 foi recepcionado pela CF/88 com status de lei ordinária.
Alguns de vocês podem estar pensando: mas esse art. 1º do Decreto 20.910/1932 trata do prazo prescricional
de pretensões propostas por particulares contra o Poder Público... Por que ele se aplica nesse caso do Tribunal
de Contas?
Na verdade, não existe realmente uma lei que preveja um prazo específico para essa hipótese. Não há
uma lei disciplinando o prazo para que o Tribunal de Contas analise a concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão.
Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o disposto no
art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB):
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.
Assim, o STF, invocando o princípio da isonomia, entendeu que o mais correto seria aplicar, por analogia,
o prazo do art. 1º do Decreto 20.910/1932.
O raciocínio do STF foi o seguinte: ora, se o administrado tem o prazo de 5 anos para pleitear seus direitos
contra a Fazenda Pública, deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo (Tribunal
de Contas), também possui o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado.
Isso é isonomia.
Desse modo, a fixação do prazo de 5 anos se afigura razoável para que o Tribunal de Contas proceda ao
registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão
definitivamente registrados.
A partir de quando é contado esse prazo de 5 anos? Esse prazo de 5 anos começa a ser contado no dia em
que o processo chega ao Tribunal de Contas. Assim, se o processo de concessão inicial da aposentadoria chega
ao Tribunal de Contas no dia 02/02/2015, a Corte de Contas terá até o dia 02/02/2020 para julgar a legalidade
deste ato. Se passar o prazo, o Tribunal de Contas não poderá mais rever esse ato. Esgotado o prazo,
considera-se que a aposentadoria, reforma ou pensão está definitivamente registrada, mesmo sem ter havido
a análise pelo Tribunal de Contas. Esse prazo de 5 anos vale também para o âmbito estadual (TCEs) ou só para
o TCU? O entendimento vale tanto para o Tribunal de Contas da União como para os Tribunais de Contas
estaduais.
Em suma: Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF.
Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445 (Info
967).
A SV 3 POSSUÍA UMA EXCEÇÃO, QUE DEIXA DE EXISTIR
Quando o Tribunal de Contas faz o controle de legalidade do ato de “concessão inicial” da aposentadoria,
reforma ou pensão, é necessário que ele assegure contraditório e ampla defesa ao interessado? NÃO. Isso
porque quando o Tribunal de Contas aprecia, para fins de registro, a legalidade das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, não há litígio ou acusação, mas tão somente a realização de um ato
administrativo. Logo, não havendo litígio, não é necessário contraditório ou ampla defesa. Para que não
houvesse dúvidas quanto a isso, o STF editou, em 30/05/2007, uma súmula: Súmula Vinculante 3-STF: Nos
processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
++ (Juiz Federal TRF4 2014): Excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão, nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado. (CERTO) A análise da aposentadoria ou pensão representa o exercício de uma
competência constitucional do Tribunal de Contas (art. 71, III), motivo pelo qual ocorre sem a participação dos
interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla defesa:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União, ao qual compete: (...) III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;
A SV possuía uma exceção A jurisprudência do STF, antes do RE 636553/RS (Tema 445), havia construído
uma exceção à SV 3: se o Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5 anos para analisar a concessão
inicial da aposentadoria, ele teria que permitir contraditório e ampla defesa ao interessado. Essa exceção
deixou de existir com o julgamento do RE 636553/RS. O STF passou a dizer que, se o Tribunal de Contas
demorar mais que 5 anos para julgar a aposentadoria, reforma ou pensão, o ato é considerado
definitivamente registrado.

Antes do RE 636553/RS (Tema 445) Depois do RE 636553/RS (Tema 445)


Não havia prazo para o Tribunal de Contas apreciar a O Tribunal de Contas possui o prazo de 5 anos para
legalidade do ato de concessão inicial da apreciar a legalidade do ato de concessão inicial da
aposentadoria, reforma ou pensão aposentadoria, reforma ou pensão.
Se o Tribunal de Contas demorasse mais de 5 anos Se o Tribunal de Contas demorar mais de 5 anos para
para apreciar a legalidade do ato, ele continuaria apreciar a legalidade, ele não poderá mais rever esse
podendo examinar, mas passava a ser necessário ato. Esgotado o prazo, considera-se que a
garantir contraditório e ampla defesa ao interessado. aposentadoria, reforma ou pensão está
definitivamente registrada, mesmo sem ter havido a
análise pelo Tribunal de Contas.
Esse prazo de 5 anos era contado a partir da data da Mesma regra. O prazo de 5 anos para que o Tribunal
chegada, ao TCU, do processo administrativo de de Contas julgue a legalidade do ato de concessão
concessão inicial da aposentadoria, reforma ou inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, é
pensão. contado da chegada do processo à respectiva Corte de
Contas.
A SV 3 possuía uma exceção. A SV não possui mais exceção. Em nenhum caso será
necessário contraditório ou ampla defesa.

- Segurança jurídica: é um princípio que deve ser analisado do ponto de vista objetivo e subjetivo.
Objetivamente, ele visa garantir o respeito as situações consolidadas pelo tempo, limitando a retroatividade
dos atos do administrador. Está diretamente relacionado com o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada, prescrição e decadência. Subjetivamente, ele busca assegurar a estabilidade e a confiança nas
relações jurídicas, ele impede que uma nova interpretação dada pela administração tenha efeitos retroativos.

- Interesse público: é o princípio que rege o processo administrativo, ele permite que se no curso do
processo o interessado que requereu a instauração desistir, a autoridade processante pode decidir prosseguir
com o processo, em caso de interesse público.

- Eficiência: É uma diretriz para que no processo administrativo sejam adotados mecanismos que
possibilitem decisões céleres e convincentes.

3. Direitos e deveres

Sem prejuízo de outros que lhes sejam assegurados, os usuários possuem os seguintes direitos:
- Ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus
direitos e o cumprimento de suas obrigações;
- Ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado,
ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
- Formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de
consideração pelo órgão competente;
- Fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por
força de lei.

Nos termos do art. 4º da Lei n. 9.784/99, são deveres do administrado, perante o Poder Público, sem
prejuízo de outros previstos em ato normativo:
- Expor os fatos conforme a verdade;
- Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
- Não agir de modo temerário;
- Prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
4. Fases e elementos do processo administrativo

4.1 Instauração

A Administração Pública, ao contrário do Poder Judiciário, constitui um organismo estatal dinâmico,


podendo sempre agir de ofício, isto é, sem necessidade de provocação. Por isso, o art. 5º da Lei n. 9.784/99
afirma que o processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido do interessado.

São legitimados como interessados no processo administrativo:

I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício
do direito de representação;

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela
decisão a ser adotada;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.

São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em
ato normativo próprio.

O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado
por escrito e conter os seguintes dados:

I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - identificação do interessado ou de quem o represente;

III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;

IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;

V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o


interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. (A recusa imotivada de receber afronta o direito de
petição do art. 5º XXXIV, “a”, da Constituição)

São exemplos de atos que instauram um processo administrativo: Auto de Infração, para o processo
administrativo tributário; Portaria para instauração de Inquérito Policial, quando a prisão foi feita em
flagrante, ou para instauração de processo administrativo disciplinar.
A Instauração será feita pela Autoridade Superior que, além de instaurar a comissão que realizará o
inquérito administrativo, irá julgar o relatório feito. Ex1: Tenho um estabelecimento e estou sonegando
impostos. O fiscal lavra um auto de infração, que dará início a um processo tributário. (Instauração pela
administração). Ex2: Servidor desviou dinheiro da administração, o chefe ficou sabendo, expediu uma portaria
e instaurou o processo. (instauração pela administração). Ex3: Quero construir uma casa nova. Preciso de
licença para construir, faço um requerimento e dou início a um processo, (instauração pelo interessado).

Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para


assuntos que importem pretensões equivalentes.

Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,


poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.

4.2 Competência

A competência administrativa é irrenunciável e deve ser exercida pelo órgão legalmente habilitado
para seu cumprimento, exceto nos casos de delegação e avocação.

Na delegação, um órgão administrativo ou seu titular transferem temporariamente parte da sua


competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial.

Não podem ser objeto de delegação

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

A delegação é revogável a qualquer tempo por vontade unilateral da autoridade delegante. Na


avocação o órgão ou seu titular chamam para si, em caráter excepcional e temporário, competência atribuída
a órgão hierarquicamente inferior. Assim, pode-se concluir que delegação e avocação constituem exceções à
regra geral da indelegabilidade de competências administrativas.
4.3 Impedimento e suspeição

Há também o afastamento da competência originaria de julgamento do processo administrativo por


impedimento e suspeição, na busca da imparcialidade do julgamento do processo administrativo. Os artigos 18
e 20 cuidam respectivamente, do impedimento e suspeição no âmbito do processo administrativo federal.

É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade


competente, abstendo-se de atuar. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave,
para efeitos disciplinares. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima
ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e
afins até o terceiro grau.

O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

4.4 Forma, tempo e lugar dos atos

A regra geral é que os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada, exceto
quando a lei expressamente a exigir, devendo ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local
de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

Os atos do processo administrativo devem ser realizados em dias úteis, no horário normal de
funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.

Salvo disposição legal em contrário, os atos das autoridades e dos administrados participantes do
processo devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
Quanto ao lugar, os atos do processo devem ser realizados de preferência na sede do órgão
competente, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.

#OLHAOGANCHO: Prazos.
Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia
do começo e incluindo-se o do vencimento.
Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que
não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver
o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem.

Além disso, a lei 9.874/99 traz algumas regras sobre os institutos da anulação, revogação,
convalidação e conversão.

Revogação: É a extinção do ato administrativo válido, por razões de conveniência e oportunidade,


resulta de um controle do mérito (motivo e objeto) do ato administrativo. Apenas pode atingir atos
administrativos discricionários (não se admite revogação de ato vinculado), e válidos (se fosse inválido, caberia
anulação, que é um controle de legalidade). O Poder Judiciário não poderá revogar atos da administração,
apenas seus próprios atos administrativos em função atípica. E, não esqueça, os efeitos da revogação são EX
NUNC (dali para frente), os efeitos anteriores permanecem conservados, pois o ato era válido.

Anulação: resulta do controle de legalidade (ato violou a lei) ou de legitimidade (o ato violou os
princípios do ordenamento jurídico), não se analisa o mérito do ato administrativo (conveniência e
oportunidade). Pode atingir atos vinculados e discricionários. E pode ser promovida pela administração ou
pelo poder judiciário. Quando feita pela administração, no exercício da autotutela, a anulação pode ser de
ofício pela administração ou a pedido do interessado. Quando feia pelo poder judiciário, só pode ser
promovida quando provocado, o judiciário não pode anular ato da administração de ofício. A obrigação de
anular os atos administrativos somente ocorre se os defeitos forem insanáveis, pois se sanáveis, caberá
convalidação.

Convalidação: Diante da existência de vício no ato, surge a discussão sobre a obrigatoriedade de sua
anulação. Há quem defenda que todo ato viciado é nulo. Se o ato é nulo não cabe convalidação. No entanto,
há casos em que a anulação resulta em prejuízo maior ao interesse público, que a própria manutenção do ato.
São os casos de atos anuláveis, de vícios sanáveis, em que a decisão não acarrete lesão ao interesse público
nem prejuízo a terceiros, poderão ser convalidados pela própria Administração. A convalidação gera efeito EX
TUNC, pois retroage à data da edição do ato anulável.

Conversão: é quando um ato nulo, vício insanável, e por isso não cabe convalidação, pode ser
substituído por ato de categoria distinta, e por isso a nulidade deixa de existir.

#DEOLHONAJURIS: No âmbito de recurso ordinário, a decadência administrativa prevista no art. 54 da Lei n.


9.784/1999 pode ser reconhecida a qualquer tempo e ex officio, por se tratar de matéria de ordem pública,
sendo indispensável seu prequestionamento nas instâncias especiais.

Diante da ausência de previsão legal, o prazo decadencial de cinco anos do art. 54, caput, da Lei n.
9.784/1999 é insuscetível de suspensão ou de interrupção, devendo ser observada a regra do art. 207 do
Código Civil.

O prazo decadencial para que a administração promova a autotutela, previsto no art. 54 da Lei n.
9.784/1999, aplica-se tanto aos atos nulos, quanto aos anuláveis.

As situações flagrantemente inconstitucionais não se submetem ao prazo decadencial de 5 anos


previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999, não havendo que se falar em convalidação pelo mero decurso do
tempo.

O prazo previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999 para a administração rever seus atos não pode ser
aplicado de forma retroativa, devendo incidir somente após a vigência do referido diploma legal.

Em se tratando de atos de que decorram efeitos patrimoniais contínuos, como aqueles decorrentes
de pagamentos de vencimentos e de pensões, ocorridos após a entrada em vigor da Lei n. 9.784/1999, nos
quais haja pagamento de vantagem considerada irregular pela administração, o prazo decadencial de cinco
anos é contado a partir da percepção do primeiro pagamento indevido, consoante o § 1º do art. 54 da Lei n.
9.784/1999.
É possível interromper o prazo decadencial com base no art. 54, § 2º, da Lei n. 9.784/1999 desde que
haja ato concreto, produzido por autoridade competente, em prol da revisão do ato administrativo
identificado como ilegal, cujo prazo será fixado a partir da cientificação do interessado.

Os atos administrativos abstratos, como as notas e os pareceres da Advocacia-Geral da União - AGU,


não configuram atos de autoridade tendentes à revisão das anistias e são, portanto, ineficazes para, por si sós,
interromper o fluxo decadencial, nos moldes do art. 54, § 2º, da Lei n. 9.784/1999.

Por se tratar de hipótese de ato administrativo complexo, a decadência prevista no art. 54 da Lei n.
9.784/1999 não se consuma no período compreendido entre o ato administrativo concessivo de
aposentadoria ou de pensão e o julgamento de sua legalidade pelo Tribunal de Contas, vez que tais atos se
aperfeiçoam apenas com o registro na Corte de Contas.

O prazo previsto no art. 49 da Lei n. 9.784/1999 é impróprio, visto que ausente qualquer penalidade
ante o seu descumprimento.

*#DEOLHONAJURIS: No exercício do seu poder de autotutela, poderá a Administração Pública rever


os atos de concessão de anistia a cabos da Aeronáutica com fundamento na Portaria 1.104/1964, quando se
comprovar a ausência de ato com motivação exclusivamente política, assegurando-se ao anistiado, em
procedimento administrativo, o devido processo legal e a não devolução das verbas já recebidas. Ex: 2003,
João, ex-militar da Aeronáutica, recebeu anistia política, concedida por meio de portaria do Ministro da
Justiça. Em 2006, a AGU emitiu nota técnica fazendo alguns questionamentos sobre a forma indevida pela qual
estavam sendo concedidas anistias políticas, dentre elas a que foi outorgada a João. Em 2011, o Ministro da
Justiça determinou que fossem revistas as concessões de anistia de inúmeros militares, inclusive a de João. Em
2012, foi aberto processo administrativo para examinar a situação de João e, ao final, determinou-se a
anulação da anistia política. Mesmo tendo-se passado mais de 5 anos, a anulação do ato foi possível, seja por
força da parte final do art. 54 da Lei nº 9.784/99, seja porque o prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99
não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. STF. Plenário. RE
817338/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 16/10/2019 (repercussão geral – Tema 839) (Info 956).

*(Atualizado em 29/11/2022) #DEOLHONAJURIS #STJ - No exercício do seu poder de autotutela, poderá a


Administração Pública rever os atos de concessão de anistia a cabos da Aeronáutica com fundamento na
Portaria n. 1.104/1964, quando se comprovar a ausência de ato com motivação exclusivamente política,
assegurando-se ao anistiado, em procedimento administrativo, o devido processo legal e a não devolução
das verbas já recebidas. Em anterior apreciação, esta Primeira Seção concedeu a ordem em harmonia com a
jurisprudência então formada, no sentido de que "o direito da Administração de rever portaria concessiva de
anistia é limitado ao prazo decadencial de cinco anos, previsto no art. 54 da Lei n. 9.784/1999, salvo se
comprovada a má-fé do destinatário, hipótese sequer alegada na espécie". Todavia, o Supremo Tribunal
Federal, ao julgar, sob o regime de repercussão geral (Tema n. 839/STF), o Recurso Extraordinário 817.338/DF,
da relatoria do Ministro Dias Toffoli, assentou compreensão diversa, declarando que, "no exercício do seu
poder de autotutela, poderá a Administração Pública rever os atos de concessão de anistia a cabos da
Aeronáutica com fundamento na Portaria n. 1.104/1964, quando se comprovar a ausência de ato com
motivação exclusivamente política, assegurando-se ao anistiado, em procedimento administrativo, o devido
processo legal e a não devolução das verbas já recebidas", ainda que transcorrido lapso maior que o
quinquênio previsto na LPA . STJ, MS 18.442-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Seção, por unanimidade,
julgado em 09/11/2022 (Info. 756).

4.5 Comunicação dos atos

O órgão competente promoverá a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação


de diligências. O art. 28 da lei 9.784/99 arrola, exemplificativamente, os atos que necessitam ser intimados,
dentre eles, quando os atos do processo resultem em imposição de deveres para o interessado, ônus, sanções
ou restrição ao exercício de direitos e atividades de outra natureza, de seu interesse.

A intimação deverá conter:

I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;

II - finalidade da intimação;

III - data, hora e local em que deve comparecer;

IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;

V - informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento;

VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

A intimação pode ser efetuada mediante ciência no processo, por via postal com aviso de
recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado. Já no caso de
interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
meio de publicação oficial.
#MUITAATENÇÃO: O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem
a renúncia a direito pelo administrado. Portanto, nos processos administrativos, não há os efeitos típicos da
revelia.

4.6 Instrução

Após a instauração do processo, inicia-se a fase de instrução processual, de ofício ou por impulso do
responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor a produção de provas. Deverá o
órgão competente fazer constar nos autos os elementos de prova necessários para que seja proferida a
decisão no processo. A instrução é o momento de produção de provas, e ocorre antes da defesa.

São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. Aplicando a mesma
regra geral válida para os processos judiciais, cabe ao interessado o ônus de provar os fatos que tenha
alegado.

Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos
interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

Na hipótese em que deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser
emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. Se
um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até
a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. Já no caso de um parecer
obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

#ATENÇÃO. O que acontece se o parecer não for emitido no prazo fixado?


Se for PARECER OBRIGATÓRIO E VINCULANTE (quando a Administração está obrigada a decidir de acordo com
o parecer), deixando de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva
apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
Se um PARECER OBRIGATÓRIO E NÃO VINCULANTE (quando a Administração não está obrigada a decidir de
acordo com o parecer) deixando de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá (facultativamente) ter
prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
atendimento.
Após o encerramento da instrução, o interessado terá o direito de manifestar--se no prazo máximo
de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Se o órgão de instrução não for competente para
emitir a decisão final, deverá elaborar relatório indicando o pedido inicial e o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à
autoridade competente.

*(Atualizado em 27/01/2023) #DEOLHONAJURIS - São inadmissíveis, em processos administrativos de


qualquer espécie, provas consideradas ilícitas pelo Poder Judiciário. ARE 1316369/DF, relator Ministro Edson
Fachin, redator do acórdão Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado no Plenário Virtual em 9.12.2022.
(Tema 1238 - Repercussão Geral). (Info 1079 - STF)

#DEOLHONAJURIS: As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não
configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração
Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso,
expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como
advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir
disposições legais ou instruir procedimento administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48665-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576).

#SELIGANASÚMULA:
Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo disciplinar, desde que
devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. STJ. 1ª Seção.
Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017.

Quais são os fundamentos que justificam a aceitação da prova emprestada? Princípio da economia
processual; e Princípio da busca da verdade possível, uma vez que nem sempre será possível produzir a prova
novamente.

A prova emprestada ingressa no processo com que natureza? A prova que veio de outro processo
entra no processo atual como “prova documental”, independentemente da natureza que ela tinha no
processo originário.
É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada validamente
produzida em processo criminal? SIM. A jurisprudência do STJ e do STF são firmes no sentido de que é
admitida a utilização no processo administrativo de “prova emprestada” do inquérito policial ou do processo
penal, desde que autorizada pelo juízo criminal e respeitados o contraditório e a ampla defesa (STJ. 1ª Seção.
MS 17.472/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 13/6/2012).

Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado
em julgado? SIM. É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada
validamente produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não repercute na
instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as instâncias (STJ. 2ª Turma. RMS
33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013. Info 521)

É possível utilizar, em processo administrativo disciplinar, na qualidade de “prova emprestada”, a


interceptação telefônica produzida em ação penal? SIM, desde que a interceptação tenha sido feita com
autorização do juízo criminal e com observância das demais exigências contidas na Lei nº 9.296/1996 (STJ. 3ª
Seção. MS 14.140-DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/9/2012).

4.7 Relatório

É um resumo conclusivo do processo. No processo administrativo normalmente o processo ocorre da


seguinte forma: uma autoridade instaura o processo e nomeia uma comissão processante, esta comissão irá
instruir, receber a defesa e fazer o relatório conclusivo, mas quem julga é a autoridade que instaurou a
comissão!

#SELIGA: Diferente do inquérito policial que é mero procedimento administrativo prévio ao Processo penal, e
dispensável, o inquérito administrativo é parte essencial do Processo administrativo: nele ocorre a instrução, a
defesa e o relatório. A instrução + defesa + relatório = são chamados de inquérito administrativo.

#ATENÇÃO: Já que a comissão acompanhou o transcorrer do processo, seu relatório não é apenas um resumo,
ele deve possuir uma conclusão (condene ou absolva), o relatório é conclusivo, deve vir acompanhado de uma
proposição de resultado, para condenar ou para absolver.
4.8 Decisão

A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre
solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada. Quem decide é a autoridade
superior, aquela que instaurou o processo e nomeou a comissão.
*(Atualizado em 30/07/2023) #DEOLHONAJURIS
A prorrogação do processo administrativo disciplinar, por si, não pode ser reconhecida como causa
apta a ensejar nulidade, porque não demonstrado o prejuízo consequente dessa prorrogação.
STJ. 2ª Turma. AgInt no RMS 69.803-CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em
9/5/2023 (Info 775).

#ATENÇÃO: Se o relatório conclusivo da Comissão orientou a absolvição, pode a autoridade superior


condenar? Ou seja, a autoridade está obrigada a julgar conforme o relatório? Não, em regra NÃO há
vinculação da autoridade superior ao resumo conclusivo da comissão.
Exceção: PAD, a autoridade julgadora só pode julgar contrário o relatório se esse não estiver
compatível com as provas dos autos. Assim, a autoridade está vinculada ao relatório, só pode julgar diferente
se houver contrariedade com as provas dos autos.
Já o chefe do executivo está sempre vinculado ao julgamento da autoridade superior, no processo
administrativo.

4.9 Motivação

A motivação é princípio básico dos processos administrativos. A motivação deve ser explícita, clara e
congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;


II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

#ATENÇÃO: É admitida a MOTIVAÇÃO ALIUNDE OU PER RELATIONEM?


Sim, ela ocorre quando na prática de um ato, ao invés da administração fazer nova motivação, ela remete à
motivação anterior de outro ato, e a motivação deste ato anterior passa a integrar o novo ato.

Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza
os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.

A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da


respectiva ata ou de termo escrito.

5. Recursos administrativos

Todas as decisões adotadas em processos administrativos podem ser objeto de recurso quanto a
questões de legalidade e de mérito, devendo o recurso ser dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual,
se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição
legal diversa.

Como regra geral, o prazo para interposição de recurso administrativo é de dez dias, contado a partir
da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida, devendo ser decidido, exceto se a lei não fixar prazo
diferente, no prazo máximo de trinta dias.

Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.


Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:

I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;

II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

O recurso não será conhecido quando interposto:

I - fora do prazo;

II - perante órgão incompetente;

III - por quem não seja legitimado;

IV - após exaurida a esfera administrativa.

Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo
para recurso.

Processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido
ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação
da sanção aplicada.

#ATENÇÃO: Possibilidade de reformatio in pejus em recurso no processo administrativo: é uma das


peculiaridades que o diferencia do processo judicial. Permite-se a reformatio in pejus porque se busca a
verdade material, não devendo o julgador se limitar ao pedido do recorrente. Se houver possibilidade de
reformatio in pejus deve ser dado ao recorrente apresentar suas alegações.

5.1 Recurso hierárquico próprio e impróprio

Se o superior estiver no mesmo órgão, é chamado de recurso hierárquico próprio. Se o superior


estiver em outro órgão, é chamado de recurso hierárquico impróprio.

RECURSO HIERÁRQUICO PRÓPRIO RECURSO HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO


Há hierarquia entre as autoridades – estão dentro Há vinculação entre as autoridades – estão em
da mesma pessoa jurídica pessoas jurídicas distintas
Exame de legalidade e mérito Somente exame de legalidade
Não necessita de previsão legal, pois decorre da Necessita de previsão legal
própria hierarquia, salvo no que se refere aos seus
efeitos, ou seja:
- Recurso hierárquico próprio com efeito suspensivo:
necessita de previsão legal.
- Recurso hierárquico impróprio sem efeito
suspensivo, apenas devolutivo: não necessita de
previsão legal.

Conforme vimos anteriormente, o recurso administrativo pode chegar em até três instâncias,
dependendo de cada estrutura da administração. Se não cabe mais recurso, a decisão produziu coisa julgada
administrativa, assim, administrativamente não há mais o que fazer, restando a via judicial.

5.1 Revisão administrativa

Após o julgamento do último recurso cabível, será proferida a decisão final da administração pública.
No entanto, caso o processo administrativo resulte em sanções, poderão estas ser revistas, a qualquer tempo,
a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
inadequação daquela aplicada.

#CUIDADO: Da revisão do processo administrativo não poderá resultar agravamento da sanção. Não cabe
Reformatio in pejus. É diferente do recurso administrativo, que admite o agravamento.

(*) Atualizado em 04/11/2021: #NOVIDADELEGISLATIVA:

CAPÍTULO XI-A
DA DECISÃO COORDENADA
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as decisões administrativas que exijam a participação
de 3 (três) ou mais setores, órgãos ou entidades poderão ser tomadas mediante decisão coordenada, sempre
que: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
I - for justificável pela relevância da matéria; e (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - houver discordância que prejudique a celeridade do processo administrativo decisório. (Incluído pela
Lei nº 14.210, de 2021)
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada a instância de natureza interinstitucional ou
intersetorial que atua de forma compartilhada com a finalidade de simplificar o processo administrativo
mediante participação concomitante de todas as autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis pela
instrução técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a compatibilidade do procedimento e de sua
formalização com a legislação pertinente. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade originária de cada órgão ou autoridade envolvida.
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da legalidade, da eficiência e da transparência, com
utilização, sempre que necessário, da simplificação do procedimento e da concentração das instâncias
decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos administrativos: (Incluído pela Lei nº 14.210, de
2021)
I - de licitação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - relacionados ao poder sancionador; ou (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes distintos. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coordenada, na qualidade de ouvintes, os interessados
de que trata o art. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir direito a voz, será deferida por decisão
irrecorrível da autoridade responsável pela convocação da decisão coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210,
de 2021)
Art. 49-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser intimados na forma do art. 26 desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-E. Cada órgão ou entidade participante é responsável pela elaboração de documento específico sobre o
tema atinente à respectiva competência, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar o processo da decisão
coordenada. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo abordará a questão objeto da decisão
coordenada e eventuais precedentes. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão coordenada deverá ser manifestado durante as
reuniões, de forma fundamentada, acompanhado das propostas de solução e de alteração necessárias para a
resolução da questão. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao objeto da convocação. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)
Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada será consolidada em ata, que conterá as seguintes
informações: (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
I - relato sobre os itens da pauta; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
II - síntese dos fundamentos aduzidos; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das propostas de atos governamentais relativos ao
objeto da convocação; (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atuação governamental em matéria idêntica ou
similar; e (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
VI - decisão de cada órgão ou entidade relativa à matéria sujeita à sua competência. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)
§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fundamentação da decisão da autoridade ou do
agente a respeito de matéria de competência do órgão ou da entidade representada. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União, do qual deverão constar, além do registro
referido no inciso IV do caput deste artigo, os dados identificadores da decisão coordenada e o órgão e o local
em que se encontra a ata em seu inteiro teor, para conhecimento dos interessados. (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
Lei 9.784/1999 Leitura na íntegra

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

ALEXANDRINO; Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado. São Paulo: Método, 2017.

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2015.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Saraiva: 2019.

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