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Prova 1 Endodontia

INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS

Endodontia
• Estuda os tecidos interiores do dente: polpa e tecidos periapicais
• Etapas:
o Acesso coronário: chegar até a cavidade
o Preparo químico-mecânico: limpeza
o Obturação: preenchimento com material adequado
• Instrumentos endodônticos:
o Ferramentas metálicas empregadas como agentes mecânicos na instrumentação de canais radiculares

Materiais

Limas endodônticas
• Cabo + intermediário (corpo/haste + parte de trabalho/ativa) + ponta
o A parte ativa sempre tem 16mm
• Faz a modelagem e limpeza da cavidade
• Reduz ao máximo os MO, mas há ramificações nas raízes dentárias Branco < amarelo <
• Composição: ferro + cromo (mínimo 12%) vermelho < azul <
verde < preto
• Alta resistência a deformação elástica
• D0 = menor diâmetro (corresponde ao número no cabo)
• D16 = maior diâmetro da parte ativa
• Conicidade = Taper = aumento do diâmetro a cada milímetro
o Padrão ISO: 0,02mm/mm
o D0 = 0,30mm; D1 = 0,32mm; D2 = 0,34mm; ...
• Comprimento varia através do intermediário: 21, 25 ou 31mm
• Desenho no cabo representa a secção reta transversal
• Aço inoxidável: sempre utilizado para exploração no canal inicial
• Stop/cursor: marca o comprimento de trabalho

Limas tipo K-files


• 1ª, 2ª e 3ª série + série especial
• Secção quadrangular
• As limas de série especial são usadas apenas em casos especiais pois deformam facilmente
• Padrão ISO: de 15 a 140
o 1ª série: de 15 a 40 De 15 a 60: aumento de 5
o 2ª série: de 45 a 80 em 5mm

o 3ª série: de 90 a 140 De 60 a 140: aumento de 10


• Série especial: limas mais finas em 10mm
o D6: rosa -> D0 = 0,06mm
o D8: cinza -> D0 = 0,08mm
o D10: lilás -> D0 = 0,10mm

Limas tipo K-flex


• Menor quantidade de metal
• Mais flexível
• Secção triangular
Limas tipo hedstroem
• Secção em forma de vírgula
• Não girar dentro do canal
• Usada apenas em canais mais amplos

Limas tipo Ni-Ti


• Memória de forma
• Superelasticidade
• Secção de hélice quádrupla
• Grande resistência a deformação plástica
• Mais rapidez, qualidade e ampliação apical com melhor modelagem
• Capacidade de trabalhar com rotação
• Níquel: 50-56%
• Titânio: 44-50%
• Tipos:
o Orifice shapper: 15.10 (D0 = 15; taper = 10)
o Tipo M: limas de 25mm com taper 0,05

Características das limas


• Aresta lateral de corte: corta a dentina (pontas)
• Canal helicoidal: armazena as raspas de dentina (depressões)
• Núcleo: centro da secção reta transversal
o Maior núcleo = mais resistência = menor risco de fratura = menor flexibilidade
• Desenho da ponta: maioria é ponta inativa

ISOLAMENTO ABSOLUTO

Conceito
• Meio intrabucal para isolar um ou mais dentes do contato com a saliva
• Usado durante tratamentos restauradores, endodônticos e, às vezes, na cirurgia
• Um dos princípios básicos da endodontia
• A não utilização pode contaminar a câmara pulpar e o canal radicular

Vantagens
• Reduz o cansaço e aumenta o desempenho profissional
• Ajuda a manter o campo de trabalho asséptico e reduz a contaminação
• Auxilia no controle da infecção e diminui o risco de infecção cruzada
• Protege contra aspiração e deglutição
• Impede o contato com substancias que podem causar injúrias nos tecidos
• Afastamento da língua e da bochecha
• Melhor visualização do campo de trabalho

Materiais

Lençol de borracha
• 15x15cm ou 13x13cm
• Espessura média:
o Adaptação adequada à região cervical
o Não rasga com facilidade
o Elevada proteção aos tecidos
o Maior retração sob lábios e bochechas
• Espessura fina:
o Melhor em dentes parcialmente irrompidos
o Reduz a força de deslocamento sob o grampo
o Maior retenção em dentes afunilados e com coroas expulsivas
o Rasgam com mais facilidade
• Mais escuros: maior contraste
• Mais claros: melhor posicionamento do filme

Arco
• Fixa o lençol de nas projeções laterais
• Mantém o lençol distendido, firme e liso
• Na endodontia: arco de Otsby
o De plástico e radiolúcido
• Em forma de U: arco de Young
• Em forma octogonal: arco de Otsby
• Dobráveis: indicados para pessoas claustrofóbicas

Pinça perfuradora
• Perfura o lençol de borracha
• Também chamado de perfurador Ainsworth
• Recomendado realizar um orifício no maior diâmetro para inserir o grampo
• Posição:
o Dentes posteriores: perfuração central
o Dentes anteriores: perfuração 1cm acima ou abaixo do ponto central

Pinça porta grampo


• Posiciona e remove o grampo do colo dentário
• Movimentos de apreensão e distensão
• Reta: Palmer
• Curva: Brewer

Grampos
• Retém a borracha adaptada ao colo do dente
• Promove o afastamento gengival
• Numeração:
o Molares: 200 a 205
o Pré-molares: 206 a 208
o Caninos e incisivos: 210 a 212
o Molares especiais: 14, 14A, W8A ou 8A
o Pré-molares e incisivos especiais: 00, 1, 1A e 2
o Universal: 211

Dispositivos auxiliares
• Fio dental: amarrado ao grampo, previne sua ingestão
• Tira de lixa: regulariza arestas cortantes que dificultam a passagem do lençol
• Sugador de saliva
• Tesoura pequena: útil quando é preciso cortar o lençol
• Cureta de dentina: remove o lençol das asas do grampo
• Cianoacrilato: veda pequenas falhas cervicais
o Banha-se o dente isolado em água e o paciente sopra
o Se houver bolhas usa-se o cianoacrilato

Técnicas
1. Profilaxia para controle do biofilme
2. Pode ser necessária cirurgia periodontal prévia para melhor isolamento
3. Uso do fio dental e tiras de lixa
4. Anestesia e teste do grampo
5. Isolamento

Técnica 1: grampo, lençol e arco juntos


• Indicada para grampos com asa
• Conjunto preparado
• Abertura do grampo com a pinça
• Levar o grampo até o colo dentário
• Remoção da pinça
• Com um instrumento de ponta romba, alivia-se as asas do grampo do lençol
• Acomodar o lençol nos espaços interproximais com auxílio do fio dental

Técnica 2: grampo primeiro


• Indicada para grampos sem asa (W8A ou 212)
• Grampo no colo do dente (devidamente amarrado com fio dental)
• Distensão do orifício do lençol já preso ao arco
• Passagem sobre o grampo
o De distal para mesial
o De vestibular para lingual
• Acomodação com fio dental

Técnica 3: lençol + arco primeiro


• Indicada para grampos com ou sem asa
• Realizada a 4 mãos
• Posicionamento do lençol + arco no colo do dente (pessoa 1)
• Levar o grampo até o dente com auxílio da pinça (pessoa 2)
• Adaptação interproximal com fio dental

Isolamento em fenda
• Uso em dentes muito danificados
• Fenda formada a partir de vários orifícios
• Engloba dente a ser tratado + vizinhos
• Uso de cianoacrilato

Outros aspectos
• Após isolar, verificar a qualidade
• Desinfecção do conjunto
o Algodão ou gaze com hipoclorito de Na a 2,5%
o Sentido centrífugo a partir do dente
o Realizar quantas vezes for necessário

ANATOMIA INTERNA

Cavidade pulpar
• Espaço que abriga a polpa dentária
• Normalmente situada na porção central dos dentes
• Seu formato reflete o contorno externo da coroa e da raiz
• Dividida em:
o Câmara pulpar: porção coronária
o Canais radiculares: porção radicular

Câmara pulpar
• Cavidade única e geralmente volumosa
• Aloja a polpa coronária
• Ocupa o centro da coroa
• Circundada por dentina
• Nos dentes anteriores é contínua com o canal
• Nos dentes posteriores tem forma de prisma quadrangular com 6 lados
o Teto: forma côncava abaixo da oclusal ou incisal
▪ Apresenta divertículos pulpares (reentrâncias)
o Assoalho: apresenta as entradas dos canais
▪ Os canais podem ser bloqueados om o avançar da idade
o 4 paredes axiais: mesial, distal, vestibular e palatina
• Divertículos: projeções da câmera pulpar que abrigam os cornos pulpares
o Seguem em direção as pontas de cúspide e bordos incisais
• Cornos pulpares: projeções do tecido pulpar que ficam nos divertículos
o Sempre associados a uma cúspide

Canal radicular
• Se afunila progressivamente em direção ao ápice e segue até o forame apical
• Dividido em 1/3 cervical, médio e apical
• Geralmente são achatados dando aspecto oval
• O sistema de canais radiculares pode se configurar em vários
sentidos
o Ramificações diminutas que permitem comunicação externa
o São difíceis de limpar, descontaminar e obturar
o Mais comuns em pré-molares e molares
• Tipos de canais:
o Canal principal: mais importante e calibroso; segue o longo
eixo do dente
o Canal colateral: paralelo ao canal principal, porém de menor calibre
o Canal lateral: sai do canal principal na região cervical e segue para
a parte externa do dente
o Canal secundário: sai do canal principal na região apical e segue para
a parte externa do dente
o Canal acessório: parte do canal secundário para a superfície externa
o Canal recorrente: sai do canal principal, segue um trajeto pela raiz e
desemboca novamente no canal principal
o Intercanal (interconduto): canal pequeno que liga um canal ao outro
o Canal reticular: entrelaçamento de 3 ou mais canais que correm
paralelos entre si
o Delta apical: divisões do canal principal na região apical do dente
gerando forames múltiplos
o Canal cavo interradicular: sai da câmara pulpar e vai para superfície
externa na região de furca
• Formato variável
o Circular o Alongado o Rim
o Oval o Gota o Ampulheta

Istmos
• Área estreita, em forma de fita
• Conecta 2 ou mais canais radiculares
• Métodos de infecção tem ação limitada nessa região
• É possível identificar e tratar com pontas ultrafinas

Canal radicular apical


• Porção apical do principal + forame apical + ramificações
• Constrição apical / forame menor
o Porção que apresenta menor diâmetro
o Fica perto da junção cemento-dentinária
o Difícil de encontrar
• Forame apical / forame maior
o Estrutura que separa o término do canal da superfície externa da raiz
o Permite a comunicação dos tecidos da polpa com os do LP
• Limite CDC
o Canal dentinário: mais reto
o Canal cementário: geralmente curvo
• Ápice anatômico / ápice radicular
o Ponta ou extremidade da raiz
o 2 ou 3mm finais da raiz
• Vértice radicular
o Porção mais extremo do ápice
• Delta apical
o Múltiplas derivações do canal principal que se encontram próximas no mesmo ápice
o Originam o aparecimento de várias foraminas

Anatomia interna individual

Incisivo central superior


• Número de canais: 1 canal e 1 raiz em 100% dos casos
• Forma da raiz: cônico-piramidal com ápice arredondado
• Comprimento médio: 22mm
• Câmara pulpar: maior diâmetro mésio-distal
• Canal cônico, amplo e reto

Incisivo lateral superior


• Número de canais:
o 1 canal: 100 a 97% dos casos
o 2 canais: 3% dos casos – canal vestibular e lingual
• Formato da raiz: cônico-piramidal com leve achatamento mésio-distal
• Comprimento médio: 22mm
• Raiz com curvatura apical para distal

Canino superior
• Número de canais: 1 canal e 1 raiz em 100% dos casos
• Formato do canal: cônico piramidal semelhante ao ICs
o Amplo no sentido vestíbulo palatino com porção apical afilada
• Comprimento médio: 27mm
• Canal único e amplo
• Dente mais longo de toda a arcada

Incisivo central inferior


• Número de canais:
o 1 canal: 62,4% a 73,4% dos casos
o 2 canais: 26,6% a 37,6% dos casos – canal vestibular e lingual
• Formato da raiz: achatada no sentido mésio-distal
• Menor dente da arcada
• Comprimento médio: 21mm

Incisivo lateral inferior


• Número de raízes: 1
• Número de canais:
o 1 canal: 84,6% dos casos
o 2 canais: 15,4% dos casos – canal vestibular e lingual
• Formato da raiz: achatada no sentido mésio-distal
• Comprimento médio: 22mm
• Características iguais a do ICi, porém com dimensões maiores

Canino inferior
• Número de raízes:
o 1 raiz: 94% dos casos
o 2 raízes: 6% dos casos
• Número de canais:
o 1 canal: 57% a 88,2% dos casos
o 2 canais: 11,8 a 43% dos casos – vestibular e lingual convergindo para um só forame
• Formato da raiz: cônico-piramidal e achatada no sentido mesiodistal
• Comprimento médio: 25mm

1º pré-molar superior
• Número de raízes:
o 1 raiz: 35,5% dos casos
o 2 raízes diferenciadas: 42% dos casos
o 2 raízes fusionadas: 19% dos casos
o 3 raízes: 3,5% dos casos
• Número de canais:
o 1 canal: 8,3%dos casos
o 2 canais: 84,2% dos casos – vestibular e lingual
o 3 canais: 7,5% dos casos
▪ Mesio vestibular + disto vestibular + lingual
▪ Mesio lingual + disto lingual + vestibular
• Comprimento médio: 22mm

2º pré-molar superior
• Número de raízes:
o 1 raiz: 95,6% dos casos
o 2 raízes: 5,4%% dos casos
• Número de canais:
o 1 canal: 53,7% dos casos
o 2 canais: 46,3% dos casos – vestibular e lingual
• Comprimento médio: 21mm

1º pré-molar inferior
• Número de raízes:
o 1 raiz: 82% dos casos
o 2 raízes: 18% dos casos
• Número de canais:
o 1 canal: 66,6% dos casos
o 2 canais: 31,3% dos casos – vestibular e lingual
o 3 canais: 2,1% dos casos
• Comprimento médio: 21mm
• Quando tem mais de um canal, é de difícil tratamento

2º pré-molar inferior
• Número de raízes:
o 1 raiz: 92% dos casos
o 2 raízes: 8% dos casos
• Número de canais:
o 1 canal: 89,3% dos casos
o 2 canais: 10,7% dos casos
• Cavidade pulpar: maior diâmetro vestíbulopalatino
• Canal amplo de difícil acesso
• Comprimento médio: 21mm

ABERTURA CORONÁRIA

Introdução
• Etapas operatórias básicas do tratamento endodôntico:
o Acesso coronário
o Preparo químico-mecânico
o Obturação do sistema de canais
• Correto acesso coronário = sucesso da terapia endodôntica
• Conceito: preparo de uma cavidade que inclui a porção da coroa do dente removida para se ter acesso à
cavidade pulpar (câmara pulpar + canais radiculares)
• Permanência do teto da câmara pulpar pode levar ao escurecimento da coroa por retenção de restos pulpares,
sangue e resíduos

Princípios básicos gerais


• Excelente exame clinico
• Tomadas radiográficas periapicais na técnica do paralelismo realizada em dois ângulos
• Informações importantes fornecidas por uma boa radiografia:
o Inclinação do dente o Localização da entrada dos canais
o Presença e extensão de cáries o Número de canais
o Localização dos cornos pulpares o Curvaturas
o Presença de calcificações o Lesões perirradiculares
o Relação do teto com a câmara pulpar o Estruturas anatômicas
• Radiografias interproximais quando necessário
• Medidas preliminares básicas antes do acesso coronário:
o Verificar a inclinação do dente e das raízes no arco dentário
o Remoção de dentina cariada e restaurações que dificultem o acesso
o Alisar as superfícies pontiagudas para melhor isolamento absoluto
o Remoção de planos inclinados que interfiram nas referências para instrumentação
o Estabelecer área de eleição adequada de acordo com anatomia do elemento dentário

Etapas operatórias

Acesso à câmara pulpar


• Área de eleição + confecção de forma de contorno inicial + direção de trepanação
• Área de eleição:
o Ponto escolhido para iniciar o desgaste do dente
o Is e Cs: face palatina, 1 a 2mm abaixo do cíngulo
o Ii e Ci: face lingual, 1 a 2mm acima do cíngulo
o PM e M: face oclusal, junto à fossa central
• Forma de contorno inicial:
o Forma obtida a partir do ponto de eleição
o Normalmente utiliza-se brocas 1557 ou similares (broca esférica diamantada 1011, 1012, 1013 ou 1014)
o Motor de alta rotação sob refrigeração adequada
o Velocidade lenta: melhor controle operatório e evita desgastes excessivos
o Conformação apropriada à cavidade e respeitando a anatomia interna do elemento
o Estendida para o interior do dente, em direção à câmara pulpar, reduzindo a espessura da dentina
o Não remover o teto por completo
• Direção de trepanação:
o Atinge-se o teto e penetra o interior da câmara pulpar Em polpas muito calcificadas,
verificar a profundidade com
o Direcionar preferencialmente para o canal mais volumoso radiografias de bite-wing e
o Sensação de cair no vazio quando a câmara pulpar é ampla transportar medida para a
o Deve obedecer à inclinação e direção de cada grupo dental broca com cursor de borracha

o I e C:
▪ Broca posicionada perpendicularmente ao longo eixo do dente
▪ Após penetração, posicionar a broca paralelamente ao longo eixo
o PM e M:
▪ Broca posicionada paralelamente ao longo eixo e em direção ao canal mais volumoso desde o
ponto de eleição
• Recomenda-se fazer o isolamento após a trepanação ser alcançada para evitar erros de direção

Preparo da câmara pulpar


• Após o isolamento absoluto e antissepsia
• Remoção de todo o teto + preparo das paredes laterais da câmara pulpar
• Utiliza-se brocas esféricas e troncas cônicas diamantadas de pontas inativas (endo Z, 3081, 3082, 3083, 4081,
4083)
• Inserto ultrassônico e curetas endodônticas podem ser usadas para remover nódulos e calcificações
• Cuidado para não forçar o conteúdo da câmara pulpar para dentro dos canais radiculares

Forma de conveniência (configuração final)


• Dá conformidade à cavidade pulpar facilitando os demais procedimentos operatórios
• Pode ser utilizado:
o Broca diamantada em forma de vela: 1111
o Brocas troncocônicas de ponta inativa: endo Z, 3081, 3083, 4083
o Insertos ultrassônicos com ou sem diamantes
• Objetivos:
o Facilitar a instrumentação dos canais
o Melhor visualização
o Alinhas as paredes da cavidade pulpar
o Simplificar as manobras operatórias e obturação

Limpeza e antissepsia da cavidade


• Medidas preventivas que dão condições adequadas ao dente que irá receber tratamento endodôntico
• Remover qualquer tecido cariado, placa e cálculo, gengivas hiperplásicas ou restaurações imperfeitas
• Trepanação -> isolamento absoluto -> descontaminação do campo operatório
• Utilizar gaze estéreo embebida em solução de hipoclorito de sódio em concentração entre 2,5% e 5,25%
• A descontaminação envolve o lençol de borracha, grampo e dente
• Lavagem frequente com solução irrigadora em todas as etapas do acesso
• Perda da cadeia asséptica = comprometimento do tratamento, favorecendo infecção

Acesso coronário dos grupos dentais

Incisivos e Caninos Superiores


• Área de eleição: área mais central da superfície palatina, próximo ao cíngulo
• Direção de trepanação: inicialmente perpendicular e em seguida paralela ao longo eixo do dente
• Forma de contorno inicial: triangular com a base voltada para incisal e o vértice voltado para o cíngulo
o Estende-se de 2 a 3mm da borda incisal e 2mm em direção ao cíngulo
o Nos caninos: um pouco ovalada devido à cúspide
• Preparo da câmara pulpar: remoção completa do teto e preparo das paredes V e P de dentro para fora
• Forma de conveniência: remoção de irregularidades proporcionando acesso direto e amplo ao canal

Pré molares superiores


• Área de eleição: fossa central na superfície oclusal
• Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente
• Forma de contorno inicial: cônico-ovoide com maior extensão no sentido V-P
• Preparo da câmara pulpar: remoção completa do teto, preparo das paredes laterais e complementação do
contorno inicial
• Forma de conveniência: verificar necessidade de desgastes compensatórios utilizando lima tipo K para permitir
acesso reto e direto ao canal/canais

Molares superiores
• Área de eleição: centro da fossa mesial
• Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente
• Forma de contorno inicial: triangular com base para vestibular e vértice para palatina
o Durante a trepanação, deve-se inclinar ligeiramente para o canal palatino
• Preparo da câmara pulpar: remoção completa do teto e preparo das paredes laterais
• Forma de conveniência: seguir anatomia da câmara pulpar e do número de canais
o 1º Ms geralmente apresenta 2 canais na raiz MV e 1 nas raízes DV e P

Incisivos e caninos inferiores


• Área de eleição: área mais central da superfície lingual, próximo ao cíngulo
• Direção de trepanação: primeiramente perpendicular e depois paralela ao longo eixo do dente
• Forma de contorno inicial: triangular com base voltada para incisal e vértice para o cíngulo
o Comparado aos superiores, é mais estendida no sentido incisal e lingual
o Nos caninos é mais ovalada
Pré-molares inferiores
• Área de eleição: fossa central da superfície oclusal com ligeira tendência para a mesial
• Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente
• Forma de contorno inicial: cônico-ovoide com maior dimensão vestibulolingual
o Um canal: contorno mais circular
o Dois ou três canais: contorno mais achatado
• Forma de conveniência: complementa-se a forma cônica e achatada no sentido MD

Molares inferiores
• Área de eleição: fossa central na superfície oclusal
• Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente
• Forma de contorno inicial: triangular, irregular ou trapezoidal
• Forma de conveniência: desgastes compensatórios principalmente na parede mesial para acesso aos canais

ODONTOMETRIA

Introdução
• Conceito: determinar o comprimento do dente
• Objetivos:
o Estabelecer o limite apical de instrumentação
o Definir o limite de obturação do canal

Comprimento de trabalho
• Extensão do canal radicular que deverá receber limpeza/desinfecção e modelagem por meio da ação de
instrumentos e substancias químicas
• Anatomia do forame apical:
o Limite CDC: entre o canal dentinário e o canal cementário
o Constrição apical:
▪ Não está no mesmo lugar do limite CDC
▪ Limite CDC geralmente mais apical que a constrição apical
o Forame apical: nem sempre coincide com o vértice apical da raiz

Limite apical de instrumentação


• Biopulpectomia: preservação do coto pulpar (deixar 1mm aquém do ápice)
• Necropulpectomia: patência (0mm aquém do ápice)
• Hoje: biopulpectomia e necropulpectomia = patência

Técnicas

Sinestésica
• Trabalho sem anestesia
• Instrumentação até o paciente sentir dor
• Não é mais usada

Radiográfica
• As radiografias devem apresentar:
o Menor distorção possível
o Processamento adequado
o Enquadramento da área
• Técnicas radiográficas utilizadas:
o Ortorradial/paralelismo: faz uso do posicionador
▪ Radiografia de diagnóstico
▪ Radiografia final
o Bissetriz (isolamento absoluto): sem uso do posicionador
▪ Odontometria (comprimento de trabalho)
▪ Prova do cone
▪ Prova de qualidade
• Vantagens:
o Facilidade de execução
o Baixo custo
o Permite a visualização da trajetória do instrumento endodôntico
• Indicações
o Lima > #20 para melhor visualização
o Radiografia inicial e de odontometria devem ter pouquíssima distorção
o Isolamento absoluto para evitar deglutição e manter ambiente asséptico
o Quando a distância da ponta da lima até o ápice for maior que 3mm repetir radiografia
• Limitações
o Variações nos ângulos horizontal e vertical
o Sobreposição de estruturas anatômicas
o Imagem bidimensional de um objeto tridimensional

Odontometria de dentes unirradiculares


• CAD: comprimento aparente do dente
o Medido na radiografia inicial
• CRI: comprimento real do instrumento
o CAD – 2mm
o Escolher lima compatível: em diâmetro e comprimento
o Transferir o CRI para o instrumento
o Cursor deve encostar uniformemente na superfície incisal, cúspide ou plano oclusal do dente
• CRT / CT: comprimento real de trabalho
o Obtido após calcular a diferença entre o ápice radiográfico e o instrumento
• CRD: comprimento real do dente

Odontometria de dentes multirradiculares


• Pré-molares e molares: 2 ou mais canais
• Maior dificuldade para visualizar o CT
• Atenção especial ao ponto de referência
• Recursos para técnica radiográfica
o Método de Clark:
▪ Pequena variação do ângulo horizontal
▪ Indicação: dissociação de canais radiculares
▪ Mesma direção: lingual
▪ Direção oposta: vestibular
o Técnica de Le Master:
▪ Redução do ângulo vertical e reposicionamento do filme
▪ Melhor visualização de molares superiores (sobreposição do osso zigomático)

Técnica eletrônica
• Localizador foraminal: componentes
o Power
o Som
o Presilha de lima
o Alça labial
• Mecanismo de ação
o Resistência elétrica entre a membrana da mucosa oral e LP é constante
o A lima introduzida alcança o tecido periodontal e o circuito elétrico fecha
o Resistência elétrica no aparelho e no canal tornam-se equivalentes
o Aparelho indica término do canal
o Trabalham em 25000 a 30000 hz
• Funcionamento
1. A lima é introduzida no canal: 1 sinal duplo
2. Lima na zona pré-apical (2 a 1,5mm): sinal intermitente
3. Lima na zona apical (1 a 0mm): sinal contínuo
4. Lima ultrapassa o ápice – over: sinal intermitente rápido
• Vantagens
o Maior confiabilidade
o Evita exposição à radiação
o Menor risco de infecção cruzada
o Maior conforto

PREPARO QUÍMICO-MECÂNICO

Introdução
• Realizado através das ações de:
o Instrumentos endodônticos
▪ Ação mecânica junto às paredes do canal principal
o Substancias/soluções irrigadoras
▪ Solvente de matéria orgânica e ação antimicrobiana
o Irrigação-aspiração
▪ ação fluxo-refluxo da solução irrigadora
• Instrumentação, preparo químico-cirúrgico, preparo biomecânico, ...
• Objetivos:
o Limpeza do sistema de canais
o Ampliar do canal principal
o Dar forma definida ao canal radicular para receber material obturador

Limpeza e desinfecção
• Visa a eliminação de irritantes, como MO, seus produtos e tecido pulpar vivo ou necrosado
• Cria um ambiente propício para reparação dos tecidos perirradiculares
• Feita através de:
o Ação mecânica dos instrumentos junto às paredes internas do canal principal
o Ação química das soluções químicas auxiliares no sistema de canais
▪ Propriedades solventes de matéria orgânica, atividade antimicrobiana, baixa viscosidade e
baixa tensão superficial
▪ Remoção do tecido pulpar vivo ou necrosado dos canais inacessíveis aos instrumentos
o Remoção de detritos pela irrigação-aspiração
▪ Turbulência gerada pelo jato remove os resíduos suspensos ou sedimentados na solução
• Propriedades antimicrobianas da solução:
o Desinfecção da polpa em casos de necrose ou retratamento
o Evita contaminação em casos de polpa viva

Ampliação e modelagem
• Por meio da instrumentação, permite um canal cônico com menor diâmetro apical e maior coronal
• Ampliação do volume do canal + formato cônico + conservação da forma original do canal
• Canais curvos apresentam dificuldades de instrumentação e requerem técnicas apropriadas
• Ligas do tipo Ni-Ti possuem grande elasticidade, resistência à deformação plástica e à fratura por fadiga
• Considera-se completa quando o planejamento do preparo foi cumprido:
o Diâmetros, conicidades e movimentos dos instrumentos respeitados
o Substancias químicas auxiliares dotadas de atividade solvente e antimicrobiana
o Irrigações-aspirações eficientes

Movimento dos instrumentos endodônticos

Remoção
• 3 manobras principais:
1. Avanço do instrumento no canal
2. Rotação de 1 a 2 voltas à direita
3. Tração em sentido à coroa
• Não promove a ampliação e a modelagem do canal
• Indicado para remoção de:
o Polpa (penetração do instrumento deve alcançar o segmento apical do
canal radicular)
o Detritos livres no canal
o Bolinhas de algodão e cones de papel utilizados com o medicamento intracanal
• Instrumentos indicados: extirpa-polpas e limas Hedstrom (tipo H)
• Muito usado em retratamentos para remoção do material obturador

Exploração ou cateterismo
• 3 manobras principais:
1. Pequenos avanços em sentido apical
2. Movimentos de rotação para a direita e esquerda
3. Pequenos retrocessos
• Utilizada em canais radiculares amplos
• Objetivos:
o Conhecimento da anatomia interna
o Esvaziamento inicial do canal
o Determinação da odontometria
• Instrumento indicado: lima tipo K manual
• Para ser realizada a exploração o instrumento deve possuir diâmetro menor que o canal

Alargamento
• Visa alargar os canais por meio da haste de corte
• Manobra: rotação e avanço simultâneos dentro do canal
• Para ser realizado o alargamento, o instrumento deve possuir diâmetro maior que o canal
• Instrumentos indicados: limas tipo K e tipo Ni-Ti
• Ângulo de rotação depende do número de arestas cortantes de cada instrumento:
o 2 arestas: 180º
o 3 arestas: 120º
o 4 arestas: 90º
• Pode ser feito com movimentos de:
o Rotação parcial a direita
o Rotação parcial alternada
o Rotação continua a direita

Alargamento parcial à direita


• Manobras:
o Inserção da ponta do instrumento no início do canal
o Pressão apical + rotação à direita
o Tração cervical
• Permite o corte das paredes dentinárias e remoção da dentina cortada
• O instrumento deve ser removido e limpo a cada 3 rotações à direita
• Indicação principal: cateterismo de canais atresiados
• Instrumentos utilizados: limas tipo K convencionais manuais
o Recomendado seção reta transversal quadrangular por apresentar
maior resistência
• Ângulo de rotação usado em clinica é menor que o recomendado por reduzir o enroscamento e as chances de
torção

Alargamento parcial alternado


• Também conhecido como: rotação alternada ou reciprocante
• Manobras:
o Força apical + rotação à direita e à esquerda
• Rotação à direita promove corte
• Rotação à esquerda promove liberação do instrumento
• Ângulo de rotação pode ser:
o Constante: igual nas 2 rotações
o Variável: maior no corte e menor na liberação
• Podem ser utilizados instrumentos mecânicos ou manuais
• Indicação principal: instrumentação do segmento apical de canais retos ou curvos
• Instrumentos indicados:
o Lima tipo K ou Ni-Ti de seção reta transversal triangular
o Limas especiais Ni-Ti mecanizadas de giro alternado ou contínuo
• Induz menor tensão em comparação ao alargamento parcial à direita, aumentando a vida do instrumento

Alargamento contínuo
• Manobras:
o Força apical + rotação contínua à direita
o Ligeira tração cervical
• Velocidade do avanço deve ser menor que a velocidade de corte (evita
imobilização do instrumento)
• Geralmente utiliza-se instrumentos mecanizados, mas também manuais
com menor frequência
• Instrumentos indicados: limas tipo Ni-Ti

Vantagens e desvantagens do movimento de alargamento


• Vantagens:
o Preparo centrado em relação ao seu eixo
o Corte regular em todo o contorno do canal original
o Forma final do preparo é cônica
o Seção reta transversal circular, facilitando acesso para o cone de guta-percha
• Desvantagens:
o Pode deixar áreas não instrumentadas (quando o diâmetro do instrumento é menor que o canal)
▪ Necessário fazer movimentos de alargamento em paliçada (diferentes inserções no mesmo
canal) ou escovagem (arrastar a lima em direção às paredes)
Limagem / raspagem
• Manobras:
o Avanço do instrumento
o Tração com força lateral contra as paredes dentinárias
• Diâmetro do instrumento deve ser maior que do canal, no entanto deve estar
livre para ser tracionado
• O corte é feito durante a tração
• Indicação principal:
o Segmentos achatados de canais radiculares
o Desgaste anticurvatura: transporta o canal para áreas mais volumosas
• Utilizado para desgaste cervical
o Não indicado para desgaste apical por não haver controle da força
• Instrumentos indicados: limas tipo K e tipo Hedstrom de aço inoxidável

Alargamento e limagem
• Manobras:
o Avanço
o Alargamento parcial à direita
o Tração com força lateral
• Instrumento indicados: apenas limas tipo K
• Indicação principal: fase inicial de remoção do material obturador em retratamento

Rotatório manual
• Movimento manual de rotação continua à direita
• Limpeza constante da parte ativa da lima
• 2 técnicas:
o Canais amplos e retos – incisivos e caninos: > lima #20
o Canais atrésicos e/ou curvos – pré-molares e molares: < lima #20

Canal amplo e reto


1. Anestesia
2. Isolamento absoluto
3. Abertura coronária
4. Irrigação do canal
o Seringa 5 ml
o Hipoclorito de Na 2,5%
5. CAD
6. Exploração e preparo cervical
o Lima #20 no CAD – 4mm: rotação alternada à direita e à esquerda
o Lima orifice shapper 15.10 no CAD – 4mm: rotação contínua à direita
7. Odontometria
o CAD – 2mm = CRI
o Lima do CRI = lima inicial 1: justa e no CRI
o Movimento delicado de rotação até alcançar CRI
o Radiografia do dente com a lima inicial 1
o Medida de diferença de comprimento entre o ápice radiográfico e o instrumento
8. Preparo apical
o Lima #20 manual no CRT
o Limas M 15 até 40 no CRT
o Movimento de rotação continua à direita até cursor alcançar borda incisal ou cúspide
o Somente avançar para lima seguinte quando estiver folgada no canal
o Canais muito amplos:
▪ Limas manuais de aço inoxidável 2ª série
▪ Rotação alternada à direita e à esquerda
o Lima memória: última lima utilizada
9. Irrigação-aspiração a cada troca de lima

Canal atrésico
1. Anestesia
2. Isolamento absoluto
3. Abertura coronária
4. Irrigação do canal
o Seringa 5 ml
o Hipoclorito de Na 2,5%
5. CAD
6. Exploração e preparo cervical
o Lima #08, #10, #15 e #20 no CAD – 4mm: rotação parcial alternada à direita e à esquerda
o Lima orifice shapper 15.10 no CAD – 4mm: rotação continua à direita
7. Odontometria
8. Glide Path no CRT
o Instrumentação até chegar a lima #20
o Inundação e irrigação
9. Preparo apical
o Limas M 15 até 35 no CRT

SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS AUXILIARES

Introdução
• Faz parte da etapa do preparo químico-mecânico
o Modelagem: ação mecânica dos instrumentos
o Limpeza:
▪ Ação mecânica dos instrumentos
▪ Substancias químicas-auxiliares
▪ Irrigação-aspiração
• Anatomia interna do dente possui regiões de difícil acesso e limpeza
o SQA consegue agir nessas regiões de uma forma que os instrumentos não conseguem

Definição
• Soluções empregadas no preparo dos canais radiculares como:
o Auxiliar da instrumentação
o Solução irrigante
o Agente antimicrobiano

Nomenclatura
• Substâncias químicas auxiliares – remete às propriedades químicas
o Ação antimicrobiana
o Solvente tecidual
o Agentes quelantes
o Biocompatibilidade
• Soluções irrigadoras – remete às propriedades físicas
o Fluxo-refluxo
o Viscosidade
o Tensão superficial
o Escoamento

Objetivos
• Eliminar restos pulpares, sangue, raspas de dentina e restos necrosados
• Diminuir a microbiota bacteriana
• Umedecer ou lubrificar as paredes dentinárias
• Remover a smear layer
• Suspensão de detritos

Propriedades
• Viscosidade
o Resistência ao movimento das moléculas de um fluido em escoamento devido às forças de coesão
intermolecular
o Baixa viscosidade = mais penetração nos canais radiculares e nas regiões de variação anatômica
• Tensão superficial
o Forças de atração entre moléculas de superfície são maiores que as do interior
o Sofre alterações de:
▪ Temperatura: maiores temperaturas = tensão menor
▪ Tipo de superfície: líquidos de baixa tensão = mais facilmente absorvidos
▪ Agentes tensoativos
o Na endodontia: baixa tensão superficial = maior penetração e capilaridade
• Solvente de matéria orgânica
o Capacidade de dissolver e quebrar matéria orgânica
o Importante na remoção do tecido pulpar vivo ou necrosado
o Regiões inacessíveis aos instrumentos
o Depende:
▪ Área e tempo de contato: maior a área e tempo = maior capacidade de dissolver
▪ Agitação mecânica
▪ Concentração da solução: maior concentração = maior capacidade de dissolver
▪ Frequência de renovação da solução (volume): potencializar as propriedades
• Atividade antimicrobiana
o Colonização de MO -> acúmulo de biofilme -> invasão dos túbulos dentinários
o Instrumentação + soluções irrigadoras = 80% de redução bacteriana
• Lubrificação (umectação)
o Absorção de um líquido pelo sólido
o Paredes de canal lubrificadas: menor atrito
o Menor força de atrito = menor resistência à passagem do instrumento = maior tempo de vida útil dos
instrumentos
• Suspensão de detritos
o Manutenção dos detritos orgânicos e inorgânicos em suspensão
o Impede sedimentação na porção apical
o Acidentes:
▪ Obstrução de canais -> iatrogenias
▪ Extrusão de detritos -> inflamação periapical
o Renovação da solução constantemente
• Biocompatibilidade
o Oposta à propriedade antimicrobiana
o Toxicidade depende:
▪ Tempo de contato
▪ Área de contato
▪ Irritação transitória
• Ação quelante
o Remoção da smear layer
▪ Restos teciduais e bacterianos, dentina (compostos orgânicos e inorgânicos)
▪ Obstrução dos túbulos dentinários
o Substância orgânica que remove íons cálcio por meio de quelação
o EDTA
▪ Efeito autolimitante: só tem efeito enquanto dá pra se ligar com as moléculas de cálcio

Formas
• Solução líquida (mais utilizada)
• Cremes
• Géis

Classificação
• Compostos halogenados
• Quelantes
• Detergentes sintéticos
• Associações
• Outras soluções irrigadoras

Compostos halogenados
Hipoclorito de Na
• Histórico
o Limpeza de feridas: 1ª guerra mundial
o Utilização da soda clorada na endodontia: 1936
o Preparo químico-mecânico: Grossman, 1943
• Tipos:
o Solução de hipoclorito de sódio 0,5% + ácido bórico: solução de Dakin (1ª guerra mundial)
o Solução de hipoclorito de sódio 0,5% + bicarbonato de Na: solução de Dausfrene
o Solução de hipoclorito de sódio 1%: solução de Milton (muito usada na odontopediatria)
o Solução de hipoclorito de sódio 2,5%: solução de Labarraque (mais utilizada)
o Solução de hipoclorito de sódio 4-6%: soda clorada
o Solução de hipoclorito de sódio 2-2,5%: água sanitária (muito usada na endodontia)
▪ Qboa, clorox, super globo
• Propriedades
o Antimicrobiana
o Solvente de matéria orgânica
o Desodorizante
▪ Reduz os odores desagradáveis
▪ Ação direta
• Ácidos graxos de cadeia curta
• Compostos sulfurados
• Amônia
• Poliaminas
• Ação oxidativa sobre produtos bacterianos
▪ Ação indireta
• Atividade letal sobre MO
o Clareadora
o Lubrificante
o Baixa tensão superficial
o Detergente
o pH alcalino: 11-11,5
• Mecanismo de ação
o NaOCl + H2O <-> NaOH + HOCl
o HOCl: ácido hipocloroso
▪ Solvente de matéria orgânica
• Grupo amina dos aminoácidos -> cloraminas e água
▪ Efeito antimicrobiano
• pH dependente
• Meio ácido (pH 5,5)
• Maior atividade antimicrobiana
• Menor estabilidade
▪ Quando dissociado, possui baixa atividade antimicrobiana
• HOCl <-> H+ + OCl-
• Acontece quando o pH está muito alcalino
o NaOH: hidróxido de sódio
▪ Solvente de matéria orgânica
• Ácidos graxos (óleos e gorduras) -> sais de ácido graxo (sabão) e glicerol (álcool)
• Aminoácidos das proteínas -> sal e água
▪ Toxicidade
• Desvantagens
o Instabilidade química: decréscimos de concentração
o Corrosivo
o Irritante para pele e mucosa: dor e ardência
o Forte odor
o Descora tecidos
o Remove carbono da borracha
o Toxicidade transitória: indução de apoptose nas células pulpares
• Acidentes
o Extravasamento via forame apical
▪ Sinais e sintomas
• Necrose tecidual
• Dor severa e imediata (2 a 6 minutos)
• Edema dos tecidos moles
• Extensão do edema pela face (bochecha, região
periorbital e lábios)
• Equimose (decorrente da hemorragia)
• Sangramento intracanal
• Sabor ou cheiro de cloro
• Possível infecção secundária
• Possível parestesia
▪ Conduta
• Irrigação abundante com solução fisiológica estéril
• Inserção de medicação intracanal
• Prescrição de antibiótico (prevenção de contaminação dos tecidos necrosados)
• Prescrição de analgésicos / anti-inflamatórios
• Compressas de gelo: 1º dia
• Compressas mornas: 2º dia
o Injeção ocular
▪ Sinais e sintomas
• Dor
• Vermelhidão na córnea
• Sensação de queimação
• Pressão intraocular
• Visão turva
▪ Conduta
• Emergência oftalmológica imediata
• Lavagem abundante com soro
• Prescrição de anti-inflamatórios
• Medicação tópica específica
o Deglutição de NaOCl
▪ Paciente relata gosto ruim na CO
▪ Lavar a boca do paciente com bastante água
▪ Orientar o paciente a ingerir no mínimo 3 copos de água (após a consulta)
o Manchamento da roupa do paciente

Clorexidina
• Sal digluconato de clorexidina
• Incolor e inodora
• Atividade antibacteriana em pH de 5 a 8
• Amplo espectro antimicrobiano
• Mais utilizada na periodontia
• Não descolore tecidos
• Histórico
o Primeiros relatos: 1964
o Década de 80: solução irrigadora
o Década de 90: formulação em gel
• Substantividade
o Ligação à HA do esmalte e da dentina
o Propriedade exclusiva da clorexidina
o Ação antimicrobiana mais prolongada
o 0,12%: 24h
o 2%: 72h (mais usada na endodontia)
• Antimicrobiana
o Baixas concentrações: bacteriostática
▪ Liberação de moléculas de baixo peso molecular
o Altas concentrações: bactericida
▪ Liberação de moléculas de alto peso molecular
• Desvantagens
o Não é capaz de eliminar completamente o LPS bacteriano
o Não dissolve matéria orgânica
o Citotóxica
• Indicações
o Alérgica ao NaOCl
o Rizogênese incompleta

Associações
• NaOCl + Clorexidina: paracloroanilina
o Manchamento das paredes dentinárias
• Clorexidina + EDTA: sal
• Se precisar utilizar, lavar com bastante soro ou água destilada

Quelantes

EDTA
• Solução de ácido etilenodiamino tetracético dissódico
• Mais usado
• Remoção da smear layer (lama dentinária)
• EDTA 17%: quelante específico para íons cálcio
o Sal/ácido fraco
o Ação aulolimitante
o Maior ação no 1º minuto
o Não tóxico aos tecidos periapicais
o Bio e necropulpectomia
• Remoção de smear layer favorece uma melhor descontaminação e vedamento dos túbulos dentinários
• Quando utilizar?
o Antes da medicação intracanal
o Antes da obturação
• Como utilizar?
o 3 minutos
o Renovação a cada minuto
o Sob agitação (cone de guta-percha principal)
o Remoção
o Irrigação com NaOCl 2,5% sob agitação com cone de guta-percha principal

Ácido cítrico
• Ácido orgânico que atua na desmineralização da dentina
• Remove a smear layer
• Biocompatível
• Efetividade semelhante ao EDTA

Outras soluções e associações


• MTAD
o Tetraciclina + ácido cítrico + tween 80
o Efetividade semelhante ao NaOCl + EDTA
• Qmix
o EDTA + clorexidina + detergente
o Remove smear layer e mata bactérias
o Não reage com resíduos de NaOCl
o Superior ao EDTA
o Custo elevado
o Efetividade semelhante ao NaOCl + EDTA

Irrigação e aspiração
• Remoção de detritos
• Remoção de MO Atenção!
• Tensão de cisalhamento • 3 a 5ml a cada irrigação-aspiração
• Objetivos: • Curvar a agulha
o Irrigação: aumento da pressão dentro do canal radicular • Nunca travar a agulha
o Aspiração: diminuição de pressão na embocadura do canal • Seringas de 3 ou 5ml com encaixe
• Renovação da solução irrigadora rosqueável
o 5-10 movimentos • Não usar agulhas de irrigação metálicas
o Troca de instrumento • Agulhas adequadas: 30 gauge
o Turvamento da solução • NaOCl 2,5% em polpas vivas ou mortas
• Posicionamento das agulhas irrigadoras
o 2-3mm aquém
• Quando irrigar? Requisitos para uma boa irrigação
o Após acesso coronário 1. Substância: NaOCl 2,5%
o A cada troca de instrumentos 2. Volume: mínimo de 20ml
o A cada 5-10 movimentos do instrumento 3. Agulha: 30g (lima #35)
o Turvamento da solução 4. Profundidade: 2-3mm aquém
• Agitação da irrigação 5. Refluxo: agulha livre no canal
o Aparelhos ultrassônicos 6. Velocidade: lenta
▪ Irrigação ultrassônica passiva (PUI) 7. Renovação: constante
o EndoVac 8. Agitação: entrada e saída
▪ Pressão negativa na porção apical 9. Remoção smear layer: EDTA 17%
10. Irrigação final: grande volume de
NaOCl 2,5%
▪ Prevenção de extrusão de restos contaminados
o Xp Endo
▪ Agitação com lima rotatória
o PIPS – terapia a laser fotoinduzida
o Agitação com cone de guta percha
▪ Atividade manual dinâmica

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