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Farmacognosia 14
Farmacognosia 14
PURA
Introdução
Os heterosídeos ou glicosídeos cardiotônicos possuem este nome devido
à sua propriedade química mais conhecida, justamente, porque ela atua
nos tecidos cardíacos. Por causa da presença dos glicosídeos em sua
estrutura, várias atividades farmacológicas podem ser desempenhadas,
sendo que, também, influenciam os métodos de solubilidade e extração.
Neste capítulo, você vai irá estudar o conceito, a biossíntese e as
estruturas químicas dos heterosídeos cardiotônicos, além de percorrer
as suas propriedades físico-químicas, extração, análise e farmacológicas.
Heterosídeo cardiotônico
Bomba Na+/K+
cis-trans-cis trans-trans-cis
UNBS1450
Oleandrina
(Continuação)
Digoxigenina Gitoxigenina
Digitoxigenina
Propriedades físico-químicas,
extração e análise
Os heterosídeos cardiotônicos são substâncias solúveis em água e, ligeiramente,
solúveis em etanol e clorofórmio. A presença ou ausência de hidroxilas deter-
mina a polaridade da molécula, bem como o grau de lipofilia, definindo, tam-
bém, a farmacocinética desses compostos. Os heterosídeos apresentam baixo
teor nas plantas e, para seu isolamento, os extratos devem ser concentrados e
purificados. Para extração dos heterosídeos primários, é preciso utilizar plantas
frescas ou estabilizadas por congelamento, pois a inativação enzimática ajuda
a manter as cadeias glicosídicas. Já, na extração dos heterosídeos secundários,
se pode realizar a secagem da planta que contribui para a perda da molécula
de açúcar terminal (SIMÕES et al., 2017).
8 Heterosídeos cardiotônicos
Propriedades farmacológicas
dos heterosídeos cardiotônicos
Na antiguidade, gregos e romanos já utilizavam o suco da dedaleira para tratar
entorses e contusões. Contudo, foi a partir de 1785, quando William Withe-
Heterosídeos cardiotônicos 9
ring publicou seu livro Por conta da dedaleira, que os médicos começaram
a utilizar a planta no tratamento de irregularidades cardíacas (STEYN; VAN
HEERDEN, 1998; ARONSON, 1986).
Estes compostos de origem vegetal têm sido utilizados, ao longo dos anos,
para o tratamento de falência cardíaca congestiva, como agentes inotrópi-
cos positivos (GHEORGHIADE; ADAMS JR.; COLUCCI, 2004). Entre os
heterosídeos cardiotônicos, a digoxina e o lanatosídeo C são utilizados, na
prática clínica, para o tratamento da Insuficiência Cardíaca (IC) e controle
da taxa de resposta ventricular, em pacientes com fibrilação arterial crônica
(SIMÕES et al., 2017).
O lanatosídeo C pode ser empregado por via intravenosa, enquanto que
a digoxina costuma ser associada ao uso de diuréticos, inibidores da en-
zima conversora de angiotensina, β-bloqueadores ou antagonistas de cálcio.
Os heterosídeos cardiotônicos não são fármacos de primeira escolha no trata-
mento de doenças cardíacas, logo seu uso clínico é cada vez menor, devido ao
baixo índice terapêutico dessas moléculas e ao desenvolvimento de fármacos
mais potentes (SIMÕES et al., 2017).
Os heterosídeos cardiotônicos, como a digitoxina e digoxina, são, frequente-
mente, recomendados para aumentar a força de contração sistólica e prolongar
a duração da fase diastólica, em caso de insuficiência cardíaca congestiva
(MIJATOVIC et al., 2007). A digoxina é indicada em casos de pacientes com
insuficiência, ou seja, comprometimento da função cardíaca que estão em
ritmo sinusal e continuam a ter sinais, bem como sintomas, apesar da terapia
padrão incluir a utilização de beta-bloqueadores (GHEORGHIADE; ADAMS
JR.; COLUCCI, 2004; RAHIMTOOLA, 2004).
Leituras recomendadas
KELLY, R. A. Tratamento farmacológico da insuficiência cardíaca. In: GILMAN, A. G. et al.
(Ed.). Goodman & Gilman: as bases farmacológicas da terapêutica. 9. ed. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill Iteramericana, 1996. p. 160-193.
HOFMAN, B. F.; BIGGER, J. T. Digital e glicosídeos cardíacos. In: In: GILMAN, A. G. et al.
(Ed.). Goodman & Gilman: as bases farmacológicas da terapêutica. 8. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991. p. 536-552.
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