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Universidade Federal do Pará

Instituto de Geociências
Faculdade de Oceanografia

Disciplina: Geologia Estrutural


Professor: Maurício da Silva Borges
Aluno: Edjan Silva Carvalho

O papel da descontinuidade (falhas e fraturas) na abertura oceânica


A cordilheira mesoceânica é a mais importante feição topográfica do fundo oceânico.
Estende-se quase ininterruptamente por todos os oceanos (Atlântico, Índico, Antártico e sul do
Pacífico), cobrindo uma extensão de aproximadamente 76.000 km. Seu relevo, acima do fundo
oceânico adjacente, varia de 1 a 4 km, e sua largura, em certas partes, é superior a 1.000 km.

Investigações geológicas e geofísicas realizadas no fundo oceânico revelaram que a


cordilheira meso-oceânica é a feição geotectonicamente mais ativa da crosta terrestre, possuindo um
significado fundamental na evolução dos continentes e bacias oceânicas. É no vale central (rift-
valley) de sua crista que ocorrem os processos magmáticos responsáveis pela contínua geração de
uma nova crosta oceânica. O desenvolvimento da cordilheira por todos os oceanos é deslocado
lateralmente por zonas de fratura (falhas de transformação). Um dos maiores deslocamentos ocorre
na cordilheira mesoatlântica, na altura do Nordeste brasileiro (Zona de Fratura Chain e Romanche).
As falhas transformantes são regiões ativas de uma zona de fratura. Estendendo-se para fora do eixo
da dorsal, essas zonas são áreas sem atividade sísmica, que apresentam evidências de atividades
anteriores de falhas transformantes. Os segmentos das placas litosféricas, em ambos os lados de
uma falha transformante, movem-se em direções opostas, enquanto os segmentos externos de uma
zona de fratura movem-se na mesma direção.

Ao longo da extensão da cordilheira, os pontos mais altos afloram sobre a superfície da água,
formando ilhas (ex.: ilhas dos Açores, ilhas da Madeira, Ilha de Santa Helena). Em outras regiões, o
rift-valley da cordilheira projeta-se para dentro dos continentes, como acontece na Islândia, Oeste
dos Estados Unidos da América e no nordeste da África (ex: Mar Vermelho, Golfo de Aden).
As zonas de fraturas são estruturas muito proeminentes do assoalho oceânico, são geralmente
perpendiculares ao eixo da Cadeia Mesoceânica, o deslocam por quilômetros e separam segmentos
de placas litosféricas de idades diferentes. Genericamente este termo é utilizado para indicar tanto a
falha de deslocamento direcional ativa - falha transformante - quanto suas extensões inativas.
Também podem ser consideradas em toda sua extensão, cicatrizes produzidas pela falha
transformante.
A região ativa de uma zona de fratura está localizada entre as duas porções deslocadas do eixo
da cordilheira, sendo denominada de falha ou zona transformante. É nesta região que os
movimentos de expansão são em direções opostas, o que resulta em deformações cisalhantes
intensas, que ocorrem em toda a crosta oceânica e alcançam a parte superior da astenosfera. É
importante ressaltar que este cisalhamento não se limita apenas a essa localidade, ele também se
estende pelos segmentos inativos da zona de fratura. Tais movimentos geram atividade sísmica, que
é mais intensa na região ativa que na inativa. Os critérios para localizar o segmento assísmico de
uma zona de fratura são a identificação da calha ou conjunto de calhas e a verificação do desnível
do embasamento causado pelo contato de seções litosféricas de idades diferentes. As zonas de
fraturas são consideradas antigas linhas de fraqueza na crosta continental e são originadas em
offsets naturais de faturamento continental. Podem corresponder a estruturas formadas a partir do
rifteamento inicial dos continentes.

A origem das grandes zonas de fraturas está relacionada ao deslocamento dos centros de
expansão de crosta oceânica nas etapas iniciais de abertura dos oceanos e os seus traçados cortam o
assoalho oceânico desde a Cordilheira Mesoceânica até a margem continental, descrevendo o
movimento relativo das placas tectônicas.
Outra explicação para a origem das zonas de fratura é a assimetria do espalhamento oceânico.
Pois se um segmento da cadeia tem espalhamento simétrico e encontra-se adjacente a um segmento
que tem espalhamento assimétrico, ambos os segmentos podem migrar, um em relação ao outro,
criando uma falha transformante. Desta maneira, as zonas de fratura poderiam representar meios de
acomodação às diferenças de velocidade de abertura nas diferentes porções da cadeia.
Referências
LADEIRA, Eduardo; LOCZY, Louis de. Geologia Estrutural e Introdução a Geotectônica. São
Paulo: Editora Edgard Blucher, 1981.
TEIXEIRA, Wilson. Decifrando a Terra. 2ª edição. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional,
2007.

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