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Tipos de economias de mercado


• 1.3 Estrutura de mercado (Concorrência perfeita, monopólio e oligopólio)
• 2. Princípios Macroeconómicos
• 2.1. Contabilidade social
• 2.1.1. Renda Agregada
• 2.1.2. Produto Agregado
• 2.1.3. Despesa Agregada
• 2.2. Fluxo Circular da Renda
• 2.3. Relação Entre Fluxo e Stock
• 2.4. Produto Interno e Produto Nacional Bruto a Preço Básico
• 2.5. Produto à Preço do Produtor e Produto à Preço do Consumidor
• 2.6. Produto Líquido e Produto Bruto
• 3. Identidade Básica da Macroeconomia
• 3.1. Economia com Dois Sectores (Famílias e Empresas)
• 3.2. Economia com Três Sectores (Famílias e Empresas e
Governo)
• 3.3. Economia com Quadro Sectores (Famílias e Empresas,
Governo e Sector Externo)
• 4. Introdução à Economia Monetária
• 4.1. Conceito e Funções da Moeda, Oferta de Moeda
• 4.1.1. Papel Moeda Emitida;
• 4.1.2. Papel Moeda em Circulação;
• 4.1.3. Base Monetária;
• 4.1.4. Reservas Bancárias.
• 4.1.5. Meios de Pagamentos;
• 4.1.6. Agregados Monetários.
• 4.2. Demanda por Moeda, Taxas de Juros, Política Monetária
• 5. Sector Externo
• 5.1. Balança de Pagamentos
• 5.1.1. Transações Correntes
• 5.1.2. Conta Capital e Financeira
• 5.1.3. Saldo do Balanço de Pagamentos
• 5.1.4. Reservas Internacionais
• 5.1.5. Taxa de Câmbio
• 5.1.6. Política Cambial

REFERÊNCIAS
MONTELLA. MAURA. Micro e Macroeconomia: Uma Abordagem Conceitual e
Prática. Edição nº 01 - Editora Atlas, São Paulo – SP, 2009.
MANKIW, N. Gregory. Princípios da Microeconomia. Tradução Edição n.º 03
Norte-Americana – Editora Pioneira Thomson Learning, 2005.
BEGG. David K. H. Introdução à Microeconomia. Edição n.º 02 – Editora
Campus, Rio de Janeiro, Elsevier, 2003.
VARIAN. Hal R, Microeconomia: Princípios Básicos. Edição n.º 06 – Editora
Campus, São Paulo-SP, 2002.
VASCONCELOS. Marcos Antônio Sandoval, Economia Micro e Macro. Edição
n.º 02 – Editora Atlas, São Paulo-SP, 2001.

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1. TIPOS DE ECONOMIA DE MERCADO

A economia de mercado faz parte das nossas vidas, mesmo que não
percebamos. Desde o momento em que vamos ao mercado comprar algum
produto, quando avaliamos que os preços subiram, quando ouvimos falar
de crise nos noticiários, quando vendemos algo, em todos esses momentos
estamos lidando com a economia de mercado.

Mesmo que você não exerça alguma actividade ligada à economia, ela está
presente em seu dia a dia, e compreendê-la é fundamental para a sua própria
sobrevivência e de seus negócios. Economia é a ciência que estuda a produção,
a distribuição, a troca e o consumo de bens e serviços.

A partir dela, é possível compreender o mercado em que uma empresa está


inserida, estudar seus consumidores, avaliar quando fazer novos investimentos,
decidir quando aumentar preços e quando diminuí-los, desenvolver meios para
prever ou superar crises e desafios, possibilitar a geração de lucros, entre outros
factores.

1.1. Economia de mercado


A economia de mercado é o sistema económico que impera no mundo capitalista
da actualidade. Ela é fundamentada na propriedade privada, ou seja, na
propriedade de entidades não-governamentais. Trata-se de um padrão
económico em que trocas, negócios e comércio são realizados pelas pessoas e
organizações sem a interferência do Governo.

Nesse sistema, o Estado não se envolve nas relações comerciais e económicas.


A população, as indústrias, os comerciantes e os empresários decidem como
investir seus recursos, o que comprar, o que vender, o que produzir e quanto
produzir. Todas essas decisões são tomadas com base na lei de oferta e da
demanda, segundo a qual os preços dos produtos tendam a subir quando eles
têm muita procura e a cair quando há pouca demanda.

Predominam nesse sistema as empresas privadas, que competem pelo mercado


por meio de livre concorrência. Há pouca intervenção estatal na economia, o que
caracteriza o chamado liberalismo económico. Basicamente, cabe aos Governos
apenas determinar políticas económicas e fazer a arrecadação de impostos,
embora eles tenham uma actuação intensificada em sectores prioritários, como
a educação, a segurança, a saúde, a energia e água.

1.2. Economia planificada


A economia de mercado é um sistema oposto à chamada economia planificada.
Nesse modelo económico, todos os meios de produção pertencem ao Estado,
que conta com especialistas que planeiam a produção, determinam metas,
estabelecem a prioridade de produtos e a ordenam a distribuição de recursos à
sociedade.

Teoricamente, esse planeamento é feito no sentido de que não haja excesso


nem escassez de nenhum produto à população, de modo que os preços
praticamente não se alterem. Esse modelo existiu por muito tempo na URSS

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(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e na China. Na URSS, eram
estabelecidos planos quinquenais, ou seja, eram estabelecidas metas
económicas de cinco em cinco anos.

Actualmente, poucos países, como Cuba e Coreia do Norte, ainda possuem


economias planificadas. A queda da URSS, as sanções impostas pelos países
capitalistas, a burocratização e a corrupção são apontadas como as principais
causas para o declínio do modelo.

1.2.1. TIPOS DE ECONOMIA DE MERCADO


Tipos de economia de mercado existentes e como funcionam.

a) Economia Mundial
Como o próprio nome sugere, trata-se do conjunto de economias e
movimentações económicas realizadas no mundo, ou seja, é a maneira como o
dinheiro é aplicado ou gasto em todos os países, de forma individual.

Dependendo do nível de desenvolvimento de suas economias, cada país é


classificado por níveis: os que pertencem a economias desenvolvidas (EUA), os
emergentes (como é o caso do Brasil) e os subdesenvolvidos (como é o caso de
Angola).

b) Economia Mista
Trata-se de um modelo de economia no qual participam tanto a esfera pública
quanto a privada, ou seja, sectores que são e que não são controlados pelo
Estado. Esse sistema mescla características da economia de mercado com
aspectos da economia planificada, sendo também conhecido como Estado de
Bem-Estar Social. O lucro continua sendo um objectivo económico nessas
sociedades, mas benefícios à população também devem ser garantidos pelo
Estado (exemplo a China).

c) Economia do Desenvolvimento
Trata-se do campo da economia que analisa os recursos e sistemas que
permitem o desenvolvimento económico global, ou seja, é o ramo que estuda
como as sociedades se desenvolvem, geram renda e aumentam seus lucros.

d) Economia Política
Trata-se da disciplina que analisa e estuda como se dá a performance das
economias de todo o mundo. Ela avalia o comportamento humano frente à
satisfação das necessidades individuais e colectivas. Por ser um campo bem
amplo, essa economia foi dividida em dois aspectos:

 Micro-economia – analisa o comportamento e a interação entre


empresas, comércios, indústrias e consumidores e como ocorrem suas
relações sociais e económicas.
 Macro-economia – estuda os fenómenos económicos em nível mundial,
ou seja, analisa rendas de países, consumo, produção, inflação, preços,
taxas de juros, o câmbio e o crescimento económico global e por país.

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e) Economia Industrial
Trata-se do ramo da economia que avalia o desempenho, os procedimentos
estratégicos das organizações industriais, as suas relações e influências no
mercado. Lembrando que o conceito de indústria se refere às instituições que
transformam matéria-prima em produtos comercializáveis à população, por meio
da força humana, da utilização das máquinas e da energia.

Hoje em dia, o estudo da economia é algo extremamente complexo. Em primeiro


lugar, é preciso considerar que tanto pessoas quanto empresas são produtores
e também consumidores, e cada um deles apresenta suas próprias
características.

Além disso, vivemos num cenário de globalização. Isso significa que os países
agrupam-se em blocos económicos e estabelecem relações de troca e de
interdependência económica e cultural. Soma-se a isso o factor tecnologia, que
actua como acelerador do processo. Todo o dinamismo desse sector impacta
diretamente a economia de cada país e, consequentemente, do mundo inteiro.

Por este motivo, cabe aos economistas serem grandes estudiosos do


comportamento humano, da tecnologia e dos potenciais económicos de cada
país, compreendendo a dinâmica dos relacionamentos que são estabelecidos
entre eles.

1.3. Estrutura de mercado (Concorrência perfeita, monopólio e oligopólio)

1.3.1. Estrutura de Mercado

É impossível falar de Economia se não entendermos as Estruturas de Mercado.


Sendo nosso objecto de estudo neste capitulo, buscaremos entender quais são
estas estruturas, o que são e como isso interfere no sistema económico de um
Estado, além é claro, entender em que isso afetaria nossas vidas, nosso dia-a-
dia e como reagiria a economia se caso, o Estado, não intervisse de alguma
maneira nesta estrutura.

Entenda-se mercado é o local do qual agentes económicos procedem à troca


de bens por uma unidade monetária ou por outros bens.

O termo mercado, é originário do latim, era utilizado para designar o sítio onde
compradores e vendedores se encontravam para trocar os seus bens.

Para o pensamento económico os mercados seriam a colecção de compradores


e vendedores que interagem, resultando na possibilidade de troca e serviriam
como forma de governar as transações económicas que acontecem no seu meio,
definidas pela lei da oferta e demanda

Já para a visão jurídica, os mercados seriam apenas a forma achada pela


sociedade para proporcionar as trocas de forma organizada.

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Tais visões levam a um objectivo único dos mercados, já previsto pelos liberais
da economia, o equilíbrio do mercado, pois neste cenário de mercado perfeito
todos os compradores e vendedores teriam a mesma informação e seu
funcionamento se daria apenas pela procura e pela oferta dos produtos.

Porém existe ainda uma outra forma de entender os mercados, por meio do
estudo sociológico, que busca entender o comportamento da sociedade frente
aos mercados e que vão criticar o cenário previsto de mercado perfeito. Para
essa corrente o consumidor presumido pela teoria neoclássica, com informação
completa para sua compra, não existe empiricamente.

Actualmente, com o avanço tecnológico, os mercados não necessitam de ser


lugares físicos onde compradores e vendedores interagem.

A definição de mercado poderá ser entendida de duas formas distintas:

Em sentido amplo: Conjunto de pessoas individuais ou colectivas capazes de


influenciar as vendas de um determinado produto

Em sentido restrito: Conjunto de dados sobre a importância e evolução das


vendas de um produto.

Quando nos referimos ao mercado, em sentido amplo ou em sentido restrito,


existem três classificações de mercado:

Mercado real: volume de vendas efectivo de um determinado produto ou número


de consumidores que compram o produto.

Mercado potencial: estimativa do volume a atingir pelas vendas de um


determinado produto ou conjunto de compradores que estão em condições de
adquirir esse produto.

Mercado total: toda a população que tenha condições para vir a adquirir um bem
ou serviço, mas sem a garantia de vir a adquiri-lo.

Factores de evolução do mercado

Um mercado é um sistema que evolui no tempo, sob o efeito de variáveis cuja


influência se verifica a curto/médio e a longo prazo.

Conjuntura económica, política e social: as variações conjunturais do sistema


envolta ao mercado se reflecte no comportamento que este tem, pois, tem
impacto as condições de consumo e oferta de produtos, tanto por parte das
pessoas quanto por parte das empresas.

Variações sazonais: o consumo de certos produtos varia ao longo do ano –


exemplo as malhas e os casacos têm a venda aumenta na época do inverno,
enquanto o consumo de gelados sofre um acréscimo no verão. Existe assim uma
certa fragilidade destes mercados, pois um Verão pouco quente e chuvoso pode
provocar uma quebra nas vendas de gelados, apenas recuperável num próximo
Verão quente.

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Tempo: muitos mercados evoluem naturalmente ao longo do tempo à medida
que o consumo de certos produtos se vai expandindo e entrando nos hábitos das
pessoas. É o caso de muitos equipamentos domésticos, como as máquinas de
lavar ou os microondas.

Efeito de substituição de produtos: a substituição de muitos produtos por novos


(com o desaparecimento ou não dos antigos) provoca alterações qualitativas e
quantitativas nos mercados. Por exemplo, o desaparecimento dos candeeiros de
petróleo deu lugar à criação de um espantoso mercado da iluminação eléctrica
e o surgimento das máquinas de barbear permitiu, não só a criação desse
mesmo mercado, mas também a expansão do próprio mercado concorrente – o
das lâminas de barbear.

A inovação tecnológica como geradora de novos mercados: actualmente, as


empresas procuram na tecnologia grande fontes de inspiração para novos
produtos e também para a criação de vantagens concorrenciais.

Grau de concorrência: o aparecimento de novos concorrentes no mercado leva


à dinâmica de desenvolvimento desses mercados.

Mercados condicionados: existem mercados que estão condicionados pelo


desenvolvimento de outros e, consequentemente, o desenvolvimento deste irá
levar ao desenvolvimento de outros. É o caso do mercado da TV por cabo, que
está condicionada pelo mercado dos televisores, ou a Internet que está
condicionada pelo mercado dos computadores e dos telemóveis.

Envolvente política, económica, cultural, demográfica, tecnológica, religiosa e


social: de uma forma geral, os mercados são influenciados pelas condições
gerais que envolvem uma sociedade.

Estes factores de evolução podem ser objecto de algum controlo e influência por
parte dos agentes económicos, pois nunca podemos esquecer que as empresas
são forças activas e actuantes.

Existem dois tipos de mercado:

Mercado Formal: onde as actividades são exercidas com documentos legais


sobre o exercício da actividade, assegurando ao trabalhador todos as obrigações
desde os impostos e os direitos salariais, subsídios e outros.

Mercado Informal: trata-se das actividades que estão a margem da formalidade,


sem empresa registada, sem emitir notas fiscais, sem empregados registados,
sem contribuição nos impostos. Existem desde os vendedores ambulantes,
advogados, manicures, pirataria discográficas, tráfico de droga, mercado da
prostituição, etc.

O funcionamento de um sistema de mercado se fundamenta em um conjunto de


regras, onde se compram e vendem bens e serviços e também factores de
produção.

A quantidade demandada por um bem não depende unicamente do preço do


bem em consideração, mas de diversos outros factores, como, por exemplo,

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preferências do consumidor, preço de outros bens que possam vir a ser
substitutos, renda disponível, etc.

A quantidade da oferta de um bem também depende de vários factores, tais


como tecnologia disponível, preço dos factores de produção, subsídios,
impostos, preço do próprio bem, etc.

Para a economia é possível separar os tipos de mercados de acordo com a


mercadoria disponível: mercados genéricos e especializados.

No mercado genérico temos todo o tipo de mercadoria disponível, no


especializado temos apenas um produto especifico como opção para os
clientes.

Os mercados funcionam ao agrupar muitos vendedores interessados e facilitar


que os compradores potenciais os encontrem.

Uma economia que depende primariamente das interações entre compradores


e vendedores para alocar recursos é conhecida como economia de mercado.

Sintetizando, entende-se que mercado como uma instituição empírica onde


ofertantes (empresas) e demandantes (compradores) estabelecem uma relação
comercial com o objectivo de se realizar transações comerciais, tendo como
estruturas conforme abaixo, as quais, influenciam directamente nesta relação.

O termo estrutura de mercado designa a classificação do mercado de acordo


com suas características. As estruturas de mercados dependem
fundamentalmente de quatro factores/características, que são:

1. número de empresas que compõem/actuam no mercado;

2. homogeneidade ou diferenciação dos produtos (se as empresas fabricam


produtos idênticos ou diferenciados);

3. Existência ou não de barreiras ao acesso de novas empresas nesse


mercado;

4. Metodologia de controlo dos preços.

Existe elementos principais para a formação de uma estrutura de mercado,


tais como:

• Quantidade de vendedores/oferta
• Quantidade da demanda
• Tipo de produto
• Acesso a informação

As estruturas de mercado são as formas como um determinado sector da


economia se organiza, tendo em conta a concorrência e o produto. Quanto à
concorrência, analisa-se o número de empresas que actuam no mercado. Já
quanto ao produto, analisa-se a homogeneidade (semelhança) ou
diferenciação do produto em relação aos concorrentes.
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Assim, através dessas especificidades, as estruturas que formam o mercado de
bens e de consumo são divididas entre mercados de concorrência perfeita,
mercados de concorrência imperfeita e concorrência monopolista.

Cada estrutura tem sua particularidade, sendo umas mais benéficas ao


consumidor, e outras, extremamente prejudiciais, mas de realçar que cada uma
delas tem suas principais características.

Entenda-se que cada estrutura tem um estilo próprio de organizar o mercado,


desta forma, resultar em benefícios ao consumidor, como a quantidade de
marcas disponíveis de um produto, tornando seu valor, então, mais baixo, ou
então, nos casos de outros sistemas, onde a falta de opções, ou demanda,
resultam em valores extremamente elevados ao consumidor final.

Portanto, considera-se habitualmente, partindo do critério respeitante ao número


de vendedores e de compradores presentes no mercado, 10 (dez) são as
possíveis estruturas (formas) de mercado: concorrência (perfeita e
monopolística), monopólio, oligopólio, oligopsónio, oligopólio bilateral,
monopólio condicionado, monopsónio, monopsónio condicionado e monopólio
bilateral.

1.3.2. Concorrência Perfeita

Como o próprio nome diz, trata-se de um sistema considerado perfeito devido ao


facto da existência de inúmeras empresas, produzindo determinados produtos,
sem barreiras ou restrições para outras empresas entrarem ou produzirem de
forma a beneficiar o mercado com maior demanda e transparência.

Este sistema possui características que podem ser divididas da seguinte


maneira:

I. Atomicidade: um mercado formado por infinitos vendedores e compradores, de


forma que, isoladamente, nenhuma das partes deste sistema influenciarão sobre
os preços praticados;

II. Homogeneidade: todas as empresas oferecem produtos semelhantes, não


existindo grandes diferenças entre embalagens ou qualidade entre seus
produtos;

III. Mobilidade: não há nenhum tipo de restrição, pelo mercado, para entrada de
novas empresas ou consumidores;

IV. Racionalidade: empresas maximizam lucros, e consumidores, maximizam


satisfação, assim, cada uma das partes buscam elevar suas vantagens sem
detrimento ou prejuízos uns aos outros;

V. Transparência: todas as informações relevantes deste relacionamento como:


preços, qualidade, custos ou lucro são de livre acesso;

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VI. Hipótese da Mobilidade de Bens: existe completa mobilidade de produtos
entre regiões. Teoricamente, os preços não mudam conforme as regiões, ou
seja, o morador de uma região paga o mesmo valor que o morador de outra
região, sem considerar custo de transporte, no entanto, podemos facilmente
verificar que, na prática, isso não acontece;

VII. Inexistência de externalidades: no sistema de concorrência perfeita,


externalidades não influenciam nos custos das empresas ou na satisfação do
consumidor. Nenhuma empresa influi no custo das demais e nenhum
consumidor afecta o consumo dos demais;

VIII. Divisibilidade: uma hipótese matemática não essencial, objetivando apenas


auxiliar a compreensão deste sistema;

IX. Mercado de factores de produção: os preços dos factores de produção são


fixados, ou seja, as curvas dos custos de produção são iguais para as empresas
do mercado de bens e serviços.

O sistema de concorrência perfeita pode, então, ser visto como um “ideal”, já que
se trata de um sistema sem barreiras, interferências, podendo ser, com isso,
pouco realista. Podemos notar facilmente que, algumas empresas dominam,
notavelmente, determinados mercados, interferindo directamente nos preços
praticados, no entanto, não existe nenhuma restrição às outras empresas em
disponibilizar seus produtos ao consumidor final.

1.3.3. Monopólio

Este tipo de sistema apresenta três características:

a) Uma única empresa produtora do bem, ou serviço;

b) Não há produtos substitutos

c) Existem barreiras à entrada de empresas concorrentes.

Actualmente, encontramos raros mercados onde o sistema monopolista


predomine, isso se deve ao facto da constante intervenção do estado
regulamentando as relações de mercado. A seguir, algumas características
deste sistema:

I. Monopólio Puro (ou Natural): devido à elevada escala de produção, exige altos
índices de investimento. Assim, torna-se muito difícil alguma empresa oferecer
um produto com preço equivalente ao da empresa já estabelecida. Geralmente,
observamos este sistema aplicado em serviços públicos como: água, esgoto,
energia elétrica, etc.

II. Proteção de Patentes: a empresa detém a exclusividade na produção de


determinado produto que foi, por ela, desenvolvido e por uma marca especifica.
Porém actualmente, devido às intervenções dos governos, o direito de patente
se dá por um determinado período, após este período, a patente se torna
domínio público, permitindo, então, que outras empresas possam produzir este
produto;
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III. Tradição no mercado: se dá quando determinada empresa, ou mesmo região,
domina de maneira tácita determinado mercado, à exemplo da suíça na
produção de relógios.

Pode parecer que o mercado monopolista seja uma realidade apenas no


passado, no entanto, Angola tem um exemplo do que é mercado monopolista,
uma vez que a Sonangol, é a única empresa com direitos para explorar as
reservas petrolíferas no país.

1.3.4. Oligopólio

Oligopólio é um sistema com pequeno número de empresas que dominam o


mercado, os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados, com barreiras
à entrada de novas empresas e pode ser definido de duas formas:

 Oligopólio Concentrado: pequeno grupo de empresas dominando um


determinado sector;

 Oligopólio Competitivo: um pequeno grupo de empresas que domina um


sector com muitas empresas

No oligopólio, podemos encontrar duas formas de actuação das empresas:

 Concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções (forma de


actuação pouco frequente);

 Formam Cartéis (conluios, trustes). Cartel é uma organização (formal ou


informal) de produtores dentro de um sector, que determina a política para
todas as empresas do cartel. O cartel fixa preços e a repartição (cota) do
mercado entre empresas.

Devemos entender este tipo de mercado, afecta o mercado de bens de consumo


e porque, mesmo parecendo diferente do mercado monopolista, prejudica
exponencialmente o consumidor.

Pelo facto de existir empresas dominantes, estas controlam o mercado,


determinando os valores de venda dos produtos conforme seus termos e
condições numa negociação unilateral, no qual, o consumidor tem baixo poder
de reação sobre as alterações de preços, em suma, as empresas impõem suas
condições e o consumidor não tem nenhum poder de influir acerca disto.

Neste tipo de estrutura de mercado, existem sectores que são controlados por
tipos de empresas conforme consta a seguir:

Oligopólio Concentrado

Como mencionado anteriormente, no sistema oligopolista concentrado, temos


apenas um pequeno grupo de empresas que dominam determinados sectores

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na produção de bens de consumo, ou também, na prestação de serviços de alto
consumo.

O primeiro exemplo é o sector automobilístico. Em Angola, existem apenas


algumas poucas montadoras que detém a maior fatia do mercado. Estas
empresas formam o que, conforme o estudo da economia, os chamados cartéis,
ou seja, conluio de produtores que determinam a “política” que deverá ser
adotada por todas as empresas do sector, fixando preços e a cota do mercado
de cada uma delas.

Além do sector automotivo, temos também os sectores de comunicação.


Vejamos o mercado de telefonia, por exemplo, três empresas dominam quase
que integralmente a prestação do serviço no país. Este domínio de mercado se
mostra ainda mais grave, se desmembrarmos cada sector, ficando então divido
da seguinte forma:

Telefonia fixa a fio: fornecida por uma única empresas (Angola Telecom);

Telefonia móvel: o serviço é oferecido por apenas duas empresas (Unitel e


Movicel):

Quanto aos serviços prestadas por estas, notamos que, a qualidade destes
serviços está muito longe do ideal e, mais ainda, do preço que se paga, isso se
deve ao facto de estas empresas manipularem o mercado, controlando os preços
e as condições para o oferecimento dos produtos.

Apesar da aparente briga comercial, onde as empresas se mostram como a que


oferecerá maior vantagem e melhor serviço ao consumidor, podemos notar que,
o número de reclamações que estas empresas recebem nos órgãos de proteção
e defesa do consumidor, demonstra que essas empresas realizam acordos para
controlar o mercado e, mesmo com tantas reclamações, permanecem
praticamente isentas de responsabilidades, uma vez que o consumidor, não
dispõe de opções para que possam se resguardar e optar por um serviço
realmente com a devida qualidade e respeito que se deve ao consumidor.

Notamos que na maioria dos bens de consumo do qual o cidadão mais dispõe,
os preços são controlados pelas empresas, e obviamente, com isso, o cidadão
paga um preço mais caro do que realmente pagaria se o sistema não fosse
controlado desta maneira. Neste caso, temos o sistema: Oligopólio Competitivo.

O oligopólio é um tipo de estrutura de mercado que pode ser definido de duas


formas: oligopólio concentrado (pequeno número de empresas no sector) e
oligopólio competitivo (pequeno número de empresas domina um sector com
muitas empresas).

Devido à existência de empresas dominantes, elas têm o poder de fixar preços


de venda em seus termos, defrontando-se normalmente com demandas
relativamente inelásticas, em que os consumidores têm baixo poder de reação a
alteração de preços.

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Ocorre basicamente devido à existência de barreiras à entrada de novas
empresas no sector, como a proteção de patentes, controlo de matérias primas
chaves, tradição, oligopólio puro ou natural.

Diferentemente da estrutura concorrencial, e de forma semelhante ao monopólio,


a longo prazo os lucros extraordinários permanecem, pois, as barreiras à entrada
de novas firmas persistirão, principalmente no oligopólio natural, em que a alta
escala de operações propicia uma produção a custos relativamente baixos,
dificultando a entrada de firmas concorrentes.

No oligopólio, podemos encontrar duas formas de actuação das empresas:


concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções; formam cartéis.
Cartel é uma organização formal ou informal de produtores dentro de um sector,
que determina a política de todas as empresas do cartel, fixando preços e a
repartição (cota) do mercado entre empresas.

As cotas podem ser:

Perfeitas (cartel perfeito): todas as empresas têm a mesma participação. A


administração do cartel fixa um preço comum e divide igualmente o mercado,
agindo como um bloco monopolista. É a chamada “solução de monopólio”.

Imperfeitas (cartel imperfeito): existem empresas líderes (que têm maior


tamanho ou custos menores) e que fixam os preços ficando com a maior cota.
As demais empresas concordam em seguir os preços que a líder fixe um preço
que seja muito baixo, que poderia eliminar as demais empresas. É o
chamado Modelo de Liderança de Preços, em que a empresa (ou empresas)
líder fixa um preço que lhe garanta um lucro de monopólio e as demais
consideram esse preço dado (como em concorrência perfeita.

O oligopólio tem como modelo económico o modelo clássico, que tem o objectivo
de maximização dos lucros, devendo ter um conhecimento adequado se suas
receitas e de seus custos. O preço é determinado apenas pela oferta, enquanto
que na teoria marginalista, o preço é determinado pela intersecção entre
demanda e oferta de mercado.

1.3.5. Concorrência Monopolística (ou Concorrência Imperfeita)

A concorrência monopolística é o oposto da Concorrência Perfeita, por isso, é


também chamada de Concorrência Imperfeita. Isto se deve ao facto de existir
numerosas empresas no mercado, mas que oferecem serviços, ou produtos, não
homogêneos, ou seja, não totalmente substituíveis. Deste modo, essas
empresas detêm, de alguma forma, o poder de influir directamente no valor de
seus produtos ou serviços.

As características principais que definem o sistema de concorrência


monopolística são:

 Muitas empresas produzindo determinado bem ou serviço;

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 Cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos
próximos;

 Cada empresa tem certo poder sobre preços, considerando que, por ser
diferenciado, influirá directamente na preferência do consumidor, que
dispõe de produto diferente caso opte por produto oferecido pela empresa
concorrente.

Trata-se de um sistema mais realista, pois reflecte o devido livre poder de


escolha do consumidor pelo produto de sua preferência e permiti à empresa
potencializar seus lucros. Este sistema se parece muito com o sistema
monopolista, mas, neste caso, não existe apenas uma empresa produzindo ou
oferecendo determinado serviço, ou produto.

A estrutura de concorrência imperfeita é bastante idêntica às condições de


mercado realistas, onde alguns concorrentes monopolistas, monopólios,
oligopólios e duopolistas existem e dominam as condições de mercado. Os
elementos da estrutura do mercado incluem o número, a distribuição, o tamanho
das empresas, condições de entrada, e a extensão da diferenciação de seus
produtos.

1.3.6. Teoria dos Jogos

A teoria dos jogos tem como objectivo a análise de problemas em que existe
uma interação dos agentes, na qual as decisões de um indivíduo, empresa ou
governo afectam e são afectados pelas decisões dos demais agentes ou
jogadores, ou seja, é o estudo das decisões em situação interativa. A empresa
em concorrência perfeita apresenta um comportamento paramétrico (baseado
nos preços de mercado de produtos e insumos), sendo que esses dados não
podem ser alterados.

No comportamento estratégico, o agente percebe que é capaz de afectar


variáveis relevantes para sua decisão e que essas variáveis também podem ser
afectadas pela decisão de outros agentes.

Podemos caracterizar um jogo como um conjunto de regras em que estão


presentes os seguintes elementos: os jogadores ou agentes económicos; o
conjunto de acções disponíveis para cada jogador, as informações que são
disponíveis para cada jogador, as informações que são disponíveis que são
relevantes ao resultado do jogo e os próprios resultados (payoffs).

Um dos problemas mais interessantes quando se trabalha com jogo diz respeito
à identificação dos prováveis resultados. O equilíbrio ou Narsh consiste na ideia
de que cada empresa adopte estratégias óptimas dada as estratégias adotadas
pelo outro jogador.

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1.3.6.1. Economia da informação

Na Economia da Informação, trabalha-se com a probabilidade de que alguns


agentes detêm mais informações que outros, conferindo-lhes uma posição
diferenciada no mercado, o que pode fazer com que não seja possível encontrar
uma situação de equilíbrio como nos modelos convencionais.

Todas as transações económicas são realizadas por meio de contratos, que


sendo formal ou informal, tem como objectivo garantir que a transação ocorra de
forma que os benefícios sejam usufruídos por ambas as partes contratantes.
Existem situações, entretanto, que numa relação contratual, uma das partes
possui informação privilegiada, ou seja, não observada pela outra parte, a não
ser mediante custo e tempo, sendo essa informação importante para o resultado
a transação, sendo este factor caracterizado como problema de informação
assimétrica, em que uma das partes tira proveito da transação em detrimento à
outra. O problema caracterizado como selecção adversa, decorrentes das
informações assimétricas, pode ser considerado um problema pré-contratual. Já
o problema de risco moral pode ser considerado como um problema pós-
contratual.

Tanto na Teoria dos Jogos como a Economia da Informação mantém alguns


pressupostos básicos da Teoria Neoclássica, ou seja, o do comportamento
maximizador, em que o agente toma as decisões procurando maximizar seus
objectivos, e o do princípio da racionalidade, no sentido de que as acções
tomadas pelos agentes são consistentes com a busca desses objectivos.

1.3.7. Teoria da Organização Industrial

A Teoria da Organização Industrial parte dos pressupostos diferentes da teoria


tradicional, particularmente no que se refere aos mercados concentrados, como
oligopólios. O paradigma Estrutura-Conduta-desempenho, analisa em que
medida as imperfeições do mercado limitam a capacidade deste em atender às
aspirações de demandas da sociedade por bens e serviços, o que contribui para
a Teoria da Organização Industrial. Essa teoria tenta cobrir as lacunas da teoria
tradicional na interpretação do mundo real, particularmente no estudo de
mercados que operam em concorrência imperfeita.

Uma medida comumente utilizada para verificar o grau de concentração


económica no mercado é calcular a proporção do valor do faturamento das
quatro maiores empresas de cada ramo de actividade sobre o total faturado no
ramo respectivo. Quanto mais próximo de 100%, significa que o sector tem alto
grau de concentração, quanto mais próximo de 0%, menor o grau de
concentração do setor.

1.3.8. Outras estruturas/formas de mercado

Na economia as estruturas de mercado ou formas de mercado descrevem os


mercados e seus componentes, definindo a capacidade e a possibilidade de se
operar tais em concorrência ou não no mercado. O estudo das formas de

14
mercado avalia o tamanho e a capacidade que tem uma empresa para
deter poder de mercado e definir o preço de um produto homogêneo. Às vezes
as condições para a deter poder de mercado são restritas, existindo muito
poucos mercados com o pleno poder. Portanto algumas estruturas podem servir
somente como ponto de referência para avaliar outros mercados no mundo real.

Outras formas de mercado:

 Duopólio: um caso especial de um oligopólio com duas empresas.

 Oligopsônio: um mercado, onde muitos vendedores podem estar presentes,


mas encontram poucos compradores.

 Monopólio natural: um monopólio em que economias de escala para


aumentar a eficiência causar continuamente com o tamanho da empresa.
Uma empresa é um monopólio natural se ele é capaz de servir toda a
demanda do mercado a um custo menor do que qualquer combinação de
duas ou mais empresas menores e mais especializadas.

 Monopsônio: quando há apenas um comprador no mercado.

Estas preocupações um tanto quanto abstratas tendem a determinar alguns,


mas não todos os detalhes de um concreto e específico sistema de mercado
onde compradores e vendedores realmente conhecem e comprometem-se
ao comércio. A competição é útil, pois revela a demanda real do cliente e induz
o vendedor (operador) para fornecer níveis de serviço de qualidade e níveis de
preço que os compradores (clientes) querem, tipicamente sujeitos à necessidade
financeira do vendedor para cobrir seus custos. Em outras palavras, a
concorrência pode alinhar os interesses do vendedor com os interesses do
comprador e pode causar ou revelar seu verdadeiro custo e outras informações
privadas do vendedor. Na ausência de concorrência perfeita, três abordagens
básicas podem ser adotadas para lidar com problemas relacionados ao controlo
do poder de mercado e a assimetria entre o governo e o operador em relação
aos objectivos e informações: (a) sujeitando o operador às pressões da
concorrência, (b) colecta de informações sobre o operador e do mercado, e (c)
aplicação de regulação por incentivos.

Referência rápida às estruturas básicas de mercado

Barreiras de Barreiras de
Estruturas Número de Número de
entrada á entrada á
de mercado vendedores compradores
vendedores compradores

Concorrência
Não Muitos Não Muitos
perfeita

15
Concorrência
Não Muitos Não Muitos
monopolística

Oligopólio Sim Poucos Não Muitos

Oligopsònio Não Muitos Sim Poucos

Monopólio Sim Um Não Muitos

Monopsônio Não Muitos Sim Um

Os principais critérios pelos quais se pode distinguir entre diferentes estruturas


de mercado são: o número e o tamanho dos produtores e consumidores no
mercado, o tipo de bens e serviços comercializados, e o grau em que a
informação possa fluir livremente.

1.3.9. Estruturas de mercado: Bens/serviços e factores de produção

1.3.9.1. Mercado de Bens/Serviços

Compreender como os mercados se diferenciam pela capacidade de influir no


preço, a quantidade de equilíbrio em cada uma das estruturas e a quantidade de
empresas e de consumidores à premissa base para entendê-las, o numero de
empresas e o seu poder de liderança de mercado. Segundo Pindick (2010), para
determinar as estruturas de mercado, é importante analisar o poder de mercado,
ou seja, a capacidade de influenciar o preço, por parte do vendedor, ou por parte
do comprador.

Ele influencia o bem-estar dos consumidores e dos produtores, podendo ser


limitado pelo governo. Ainda sobre o poder de mercado, as empresas podem
elaborar estratégias diferenciadas de preço e propaganda para se beneficiarem
do seu poder de mercado (isso não acontece na concorrência perfeita, pois, a
empresa não tem poder de influenciar o mercado).

1.3.9.2 Mercado de factores de produção

O mercado dos fatores de produção mão de obra, capital, terra e tecnologia


possuem diferentes estruturas. Como a demanda de insumo pelos sectores
produtivos de bens e serviços depende da demanda do produto, a demanda
desses sectores é chamada de demanda derivada. Por exemplo, a demanda de
autopeças deriva da demanda de automóveis, caso reduza a demanda de
automóveis, cai também a demanda por auto-peças. Esse mercado divide-se em
diferentes estruturas tais como:

Concorrência perfeita no mercado de factores:

16
É um mercado onde existe uma oferta abundante do factor de produção como
por exemplo, mão de obra não especializada, o que torna o preço desse factor
constante. Os ofertantes ou fornecedores, como são em grande número, não
têm condições de obter preços mais elevados por seus serviços.

Tal estrutura é uma situação de mercado limite, onde nenhuma empresa e


nenhum consumidor tem o poder para influenciar o preço ou a quantidade. É
necessário verificar diversas condições, como a existência de um grande numero
de empresas a fabricar o mesmo produto, se existe consumidores para tal oferta,
se existem barreiras de entrada e saída de empresas no mercado e entre outros.
Desta forma todas as empresas iriam enfrentar uma procura perfeitamente
elástica, fazendo assim com que seu preço se mantenha normal, não elevando
o preço do mercado. Um exemplo seria o sistema bancário nacional, onde logo
após os bancos “grandes” baixem os juros, os demais bancos, fazem o mesmo
para não perderem os clientes. Pois caso não baixem, os clientes iriam preferir
o banco com os juros mais baixos e assim não teria mais demanda em seu
banco.

Oligopsônio

É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para


muitos vendedores. O oligopsonista tem poder de mercado, devido ao facto de
poderem influenciar os preços de determinado bem, variando apenas a
quantidade comprada. Os seus ganhos dependem da elasticidade da oferta. A
indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços,
também é oligopsonista na compra de autopeças. Outro exemplo é a
agroindústria, onde produtores agrícolas de grande porte (agroindústria)
determinam o preço.

Quando indústrias vendem para indústrias, temos o oligopsônio bilateral. Um


exemplo é quando siderúrgicas vendem aço para as automobilísticas; estas
poucas grandes empresas têm poder oligopsônista em relação às siderúrgicas,
uma vez que compram a maior parte da sua produção.

Quando poucas e grandes empresas negociam com muitas pequenas empresas


produtoras. É comum encontrar esta forma de oligopsônio entre indústrias
alimentícias e seus fornecedores, como por exemplo, os fabricantes de massa
de tomate, que compram tomates de muitos pequenos produtores.É Justamente
por serem poucos em relação aos fornecedores, que os compradores
oligopsonistas dominam o mercado, determinando os preços, e variando apenas
a quantidade comprada dependendo da elasticidade da oferta dos bens.

No oligopsônio, o produtor terá que controlar os preços não só da quantidade


que ele próprio demanda como também da quantidade demandada pelos outros
fornecedores, pois, não acompanhando o mercado, prejudicará a sua demanda
individualmente, ou seja, se o seu preço estiver maior do que o determinado no
mercado, a sua demanda cairá.

Monopsônio

17
É a estrutura de mercado na qual há somente um comprador para muitos
vendedores dos serviços dos insumos. Também é um tipo de mercado
imperfeito.Uma empresa que se instala em uma determinada cidade, e por ser
única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades
próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra.

Imagine uma cooperativa de leite ou uma grande indústria de laticínios que é a


única compradora de todos os produtores de leite de uma dada região. A
empresa Cotochés em Rio Casca/MG ,pode ser um exemplo. Normalmente
existem grandes fazendas de gado leiteiro ao redor da indústria e esta se
compromete a comprar toda a produção local como forma de garantir matéria
prima para seus diversos produtos derivados do leite.

• 2. Princípios Macroeconómicos

A macroeconomia estuda os agregados macroeconómicos que afetam um país, como


inflação, juros e o consumo agregado.

• 2.1. Contabilidade social

A contabilidade social é destinada a contabilizar os fatos que são


característicos e compõem a economia mundial, é pela contabilidade
social que um país analisa se o crescimento económico é de forma quantitativa
ou qualitativa.

A contabilidade Social tem por objectivos apresentar os principais conceitos


necessários ao entendimento dos modelos macroeconómicos como PIB,
balança de pagamentos, taxa de câmbio e política cambial, contas nacionais,
contas do sistema financeiro, agregados monetários e demais agregados
macroeconómicos.

Contabilidade social surgiu em meados do século XVII com a proposta de se


avaliar a renda nacional e com os instrumentos de produto, renda, despesa, a
preços de mercado, a custo dos factores e etc.

Na contabilidade social trabalha-se com espaço de tempo e fluxos, ou seja, é


contabilizado tudo o que foi produzido, vendido, comprado e poupado. Dessa
forma, surgiu o termo balanço nacional, o balanço nacional objectiva levantar
activos, passivos e estoques existentes.

Entre os sistemas de contabilidade social estão:

• Renda nacional: a contabilidade da renda nacional foi desenvolvida na


Inglaterra e busca contabilizar a actividade económica do país com uma
descrição geral e de forma quantitativa.

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Na contabilidade da renda nacional a actividade principal é estruturar as contas
de com os componentes: produto, despesa e renda. Com o intuito de descrever
bens e serviços produzidos em um espaço de tempo. Exemplificando cada um
dos componentes da renda nacional tem-se:

• Fluxo circular entre produto, renda e despesa, com as famílias como


unidades fornecedoras e empresas como unidades produtoras e
mecanismos de factores de produção, estoques e tempo.

• Os factores de produção considerados na contabilidade social são: o


trabalho, o capital e matérias-primas.

• No fluxo circular e nos sistemas de produção são os factores de produção


que pagam ás família a uma remuneração igual a salários, alugueis, juros
e lucros.

Abaixo explicitamente os componentes da contabilidade social:

• Produto: para se calcular o produto é necessário que se reúna tudo o que


foi produzido em bens e serviços durante um período.

• Renda: a renda consiste no total da remuneração que é pago ás famílias


em decorrência do fornecimento dos factores de produção em razão da
elaboração dos produtos, ou seja, a renda devida pela venda da força de
trabalho.

• Despesa: tem-se como despesa como gasto relativo das famílias ao


consumirem produtos ou serviços.

Ainda quanto aos componentes da contabilidade social, os produtos podem se


dividir em duas definições, como o produto de um país que constitui a soma de
bens e serviços que sejam finais em um determinado período, com a adição nos
sectores económicos em um processo produtivo.

Quanto a despesa, para ter-se despesa é necessário que se tenha


produção, portanto, existem despesas de consumo e despesas de capital.

• Despesas de consumo pessoal: as despesas de consumo pessoal


constituem despesas com bens e serviços finais e que foram eliminados
ou gastos dentro de um determinado período. Esses bens de consumo
final podem ser perecíveis ou duráveis.

• Formação de capital: as despesas de formação de capital são despesas


responsáveis por acumular riquezas em um país. Essas despesas são
formadas por capital fixo ou de investimentos.

19
• Formação de capital fixo: essa despesa compreende um conjunto de
despesas que requerem aumentar a riqueza de um país com a produção
de bens duráveis. São exemplos de formação de capital fixo produtos
como: construção de casas e fábricas, máquinas, equipamentos.

• Variação de estoques: a variação de estoques compreende o acréscimo


ou diminuição da riqueza nacional durante um determinado período.

Renda nacional

A renda constitui toda soma dos pagamentos que são recebidos pelos
proprietários dos factores de produção em um determinado período. Renda não
é transferência de activos, a renda representa toda a soma auferida com a
actividade produtiva.

Renda nacional é uma soma dos recebimentos de salários, aluguéis, juros e


lucros.

Faz parte da renda a soma dos produtos criados no sistema económico que
compõem:

-Salários: faz parte dos salários todos honorários, bônus, comissões e outros.

-Alugueis: alugueis recebidos e renda gerada pelas propriedades.

-Lucros: é a soma de todos os lucros de firmas privadas ou não.

Já que renda é a soma dos valores recebidos pelos factores de produção, tem-
se que entre os valores recebidos existem também os valores adicionados, que
são valores a serem adicionados em cada estágio da produção. Ou seja, o valor
adicionado significa o valor da produção menos as compras de bens e serviços.

Renda disponível e renda pessoal

A renda disponível é aquela em que o indivíduo tem á disposição para consumir


ou para investir.

Essa renda é igual a renda nacional, mais transferências menos os impostos.

20
Equilíbrio contabilístico e função social

A função das contas públicas tem valor essencialmente social e por isso, precisa
de equilíbrio para manter a sustentabilidade, por isso, o equilíbrio sugere os
seguintes indicativos em sistemas:

-Sistemas de produtividade: esse sistema visa atender ás necessidades com


o uso eficiente dos meios que são componentes da riqueza e que promovem
racionalidade e otimização de matéria e de energia.

-Sistema de elasticidade: este sistema requer a adaptação da riqueza com


recursos que promovem qualidade e inovação.

-Sistema de sociabilidade: este sistema atende ás necessidades com


interações de participações internas e externas e que satisfaçam as expectativas
de toda a sociedade com produtividade justa e ética.

Balança de pagamentos

É o registo de transações económicas durante certo período.

A estrutura básica da balança de pagamentos engloba transações correntes e


conta de capital e financeira.

As transações correntes compreendem:

 Balança comercial (BC);

 Balança de serviços (BS);

 Balança de rendas (BR);

 Conta capital e conta financeira;

 Erros e omissões.

A balança comercial é o registo de transação mais importante para um país, pois


regista as operações de importação e exportação.

O saldo da balança de pagamentos é a diferença entre exportações e


importações. Ou seja, a diferença entre o que o país consegue vender menos o
que o país necessita comprar.

Saldo de transações

Outro saldo de transações nacionais é o saldo de transações correntes com a


composição:

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 TC = Saldo do BP em transações correntes;

 BC = Saldo da balança comercial;

 BS = Saldo da balança de serviços;

 BR = Saldo da balança de rendas;

 TUC = Saldo de transferências unilaterais correntes;

Ou seja, a equação consiste:

 TC = BC + BS + BR + TUC.

Portanto, a contabilidade social aconselha expor valores que expressam as


quantias das transações económicas verificadas em determinada economia
nacional.

Contabilidade nacional ou Contabilidade social é uma disciplina da ciência


contabilística que objectiva mensurar os principais agregados
macroeconómicos. Trata-se de um sistema contabilístico que permite a
avaliação da actividade económica. Tem o objectivo de mostrar a situação
económica de um país ou de uma região em termos quantitativos. Não deve ser
confundida com a Contabilidade Pública ou Contabilidade Governamental que
também é extensamente estudada por economistas, por sua estreita interação
com a macroeconomia.

A contabilidade social se refere à contabilidade de uma região, nação ou um


grupo de nações e aplica técnicas que a diferenciam de outros ramos da
contabilidade em razão de ter como objecto de estudo a economia como um
todo. Apresenta um conjunto de informações de natureza macroeconómica, sua
evolução e sua mensuração através de agregados macroeconômicos.

A contabilidade nacional é um instrumento de mensuração da economia de um


país formado por um conjunto integrado de equações e contas, fundamentados
em conceitos, classificações e normas contabilísticas internacionalmente
aceitas.

A Contabilidade Social trata da mensuração da actividade económica e social


em seus múltiplos aspectos. Assim, a Contabilidade Social apresenta os
sistemas contabilísticos de estatísticas económicas oficiais e seus instrumentos
de análise. Com efeito, deve ser entendida como um sistema contabilístico que
permite a avaliação da actividade económica em um determinado período.

A tarefa fundamental das contas nacionais são classificar uma imensa variedade
de agentes, os fluxos económicos e os estoques de activos e passivos num
número limitado de categorias essenciais e integrá-las num esquema
contabilístico de forma a obter uma representação completa e clara, ainda que
simplificada, do funcionamento da economia. O esquema contabilístico
das contas nacionais tem sua lógica centrada na ideia de reproduzir os

22
fenômenos essenciais da vida económica de um país: produção de bens e
serviços; geração, alocação e distribuição da renda; consumo e acumulação de
bens.

A lógica contabilística utilizada para organizar um Sistema de Contas Nacionais


torna possível a representação da actividade económica em um circuito. Em sua
origem encontra-se a actividade produtiva, ou seja, a produção de bens e
serviços, responsável pela geração da renda e que viabiliza as etapas de
distribuição e de acumulação no decorrer do ciclo económico.

O contador social, assume algumas responsabilidades diferentes das de um


contador financeiro. Ele tem o papel de ajudar a empresa a mensurar o seu
impacto na sociedade e meio ambiente ao redor e, a partir desses dados, propor
planos de acção para melhorar esses resultados.

• 2.1.1. Renda Agregada

Renda agregada: é a soma da remuneração dos factores de produção, ou seja,


salários (que remuneram o trabalho), juros (que remuneram o capital), lucros
(também remuneram o capital), aluguer (remuneração do proprietário do capital).

Representa a remuneração dos factores de produção na economia. Esses


factores são salários, juros, lucro e aluguer. Pode ser representado na seguinte
formula RA= SAL+JU+LU+ALU a renda agregada também pode ser usada para
calcular o PIB, produto interno bruto.

Segundo Viceconti & Neves (1995,p. 1), factores de produção são os recursos
produtivos “que a sociedade conta para efectuar a fabricação de bens e
serviços”. São eles: capital, trabalho e recursos naturais. Note que aqui o capital
é considerado em todas as suas dimensões: o capital financeiro e o capital
enquanto activo físico (máquinas e equipamentos produtivos).

• 2.1.2. Produto Agregado

Produto agregado é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos na


economia durante um determinado período de tempo.

Para compatibilizar a soma de bens e serviços heterogêneos, o produto


agregado é calculado em unidades monetárias. Apenas os bens finais entram na
contabilidade do produto agregado. Insumos utilizados no consumo
intermediário, por exemplo, devem ser excluídos desse cálculo. O objectivo é
evitar a dupla contagem.

Produtos exportados, no entanto, devem entrar no cálculo, qualquer que seja a


finalidade de uso (consumo final ou intermediário), da mesma forma que
produtos importados devem ser excluídos do cálculo.

Valor adicionado: é o valor que foi acrescido ao valor dos bens intermediários
em cada etapa da produção, isto é, da cadeia produtiva. Ou seja, o quanto cada

23
etapa da produção criou de valor novo. O conceito de valor adicionado permite
a contabilização do produto de uma maneira alternativa.

• 2.1.3. Despesa Agregada

Despesa agregada designa o somatório de todas as despesas efectuadas por


todos os agentes económicos e dirigidos à produção nacional. Assim, a despesa
agregada inclui as despesas de consumo de produtos e serviços efectuado pelas
famílias (também designado por consumo privado), as despesas ou gastos do
Estado (também designado por consumo público), as despesas de investimento
efectuadas pelas empresas, as despesas efectuadas pelo exterior sobre a
produção nacional (isto é, as exportações). Dado que cada uma das despesas
enunciadas pode incluir despesa efectuada sobre bens importados, deverão ser
deduzidas as exportações. A forma algébrica da despesa agregada é, portanto:

AD = C + G + I + X – M
em que AD = Despesa Agregada, C = Consumo Privado, G = Gastos do
Estado, I = Investimento, X = Exportações, M = Importações.

Despesa agregada: são as possíveis destinações do produto. Supondo uma


economia fechada e sem governo, e que produz apenas bens de consumo, a
despesa agregada é composta apenas pela aquisição de bens de consumo por
parte das famílias.

2.1.3.1. Consumo agregado

O consumo agregado, assim como a teoria macroeconómica, é um conceito que


surgiu com o economista britânico John Maynard Keynes. O consumo agregado
compõe a demanda agregada dentro da teoria macroeconómica. Consiste nas
despesas de consumo das famílias em uma economia, como alimentação,
moradia e lazer.

Analisando o consumo agregado

É importante definir o que é consumo agregado. Nem todo gasto das famílias é
um consumo. Em economia entende-se por consumo os gastos que visam
apenas o momento e não irão gerar mais capital no futuro. Já os gastos que
visam a gerar mais capital são considerados investimentos. Vejamos a diferença
com um exemplo. Maria comprou uma arma nova porque a que estava na sua
casa avariou. Já Ana comprou uma arca nova porque quer expandir o negócio
de gelados.

A compra de uma arca no caso de Maria é um gasto. Ela visa apenas a consumir
esse bem como utilitário doméstico. Já no caso da Ana a compra da arca foi na
verdade um investimento em seu pequeno negócio. Com a compra ela visa se
estruturar mais para vender mais e assim obter mais dinheiro. Logo, não é um
consumo, e sim um investimento. Enquanto o investimento aumenta a
produtividade em uma economia o consumo apenas representa uma demanda.

24
No entanto, é a demanda que irá impulsionar a oferta de bens e serviços em uma
economia. Ou seja, se a demanda aumentar e ficar acima da capacidade de
oferta, as empresas irão investir para produzirem mais. Em outras palavras, o
aumento consistente da demanda aumenta os investimentos. E por isso,
acompanhar a evolução do consumo agregado de um país mostra se essa
economia está crescendo, está estagnada ou se está em crise.

2.1.3.2. Oferta agregada

A oferta é uma condição que um vendedor pode fazer sobre um produto ou


serviço, de comercialização. A oferta possui um valor inverso ao valor de compra,
isso proporcionalmente, ou seja, quanto maior a oferta, maior o valor do produto.

Nesse caso, a demanda influencia no valor da oferta. Quanto maior a quantidade


de estoque, maior será a oferta desses produtos.

Dessa forma, a teoria keynesiana trabalha com a máxima de que é preciso


determinar um nível de equilíbrio para a renda nacional. O que significa, que ela
prevê que a oferta agregada, ou seja, a produção total de bens e serviços de
uma economia, seja igual à demanda agregada – ou seja, os gastos da
coletividade com estes bens e serviços.

Seguindo essa linha de raciocínio, este equilíbrio entre oferta e demanda


agregadas pode ocorrer (e geralmente ocorre) em um ponto abaixo do nível de
pleno emprego. Para que a economia atinja o nível do pleno, é necessário que
a demanda agregada seja aumentada através do aumento de qualquer de seus
componentes.

Oferta Agregada

De forma bem simples, podemos dizer que a Oferta Agregada é o que todas as
empresas, em seu conjunto, estão dispostas a produzir e vender para cada nível
de preço dos bens produzidos.

A Oferta Agregada interage com a Demanda Agregada em níveis


macroeconómicos, determinando factores como inflação, juros e emprego.

Normalmente, quando os agentes económicos estão mais optimistas, a


demanda agregada cresce, trazendo para junto de si a oferta agregada.

Dessa maneira podemos dizer que a demanda agregada é a quantidade de bens


e serviços que os consumidores estão propensos a comprar para um
determinado nível de preços.

Podemos dizer que a oferta e a demanda são inversamente proporcionais.

Afinal, quando a oferta for maior que a demanda existirá uma tendência de queda
de preços, por outro lado, caso a demanda seja maior, então existirá uma
tendência de elevação nos preços.
25
Nesse sentido forma-se a principal lei Macroeconómica, a conhecida lei da Oferta e
Procura, que de certo modo determina a inflação e desemprego de uma economia.

2.1.3.3. Demanda agregada

A demanda agregada é um conceito que agrega todas as demandas de cada um


dos agentes da economia.

Em seu significado literal, a palavra demanda representa a quantidade de um


bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em
um mercado. No entanto, essa acção nem sempre será interpretada como
consumo, uma vez que é possível querer e não consumir um bem ou serviço,
por diversos motivos, ou seja, pode ser interpretada como procura. Demanda é
o desejo apoiado na necessidade de compra de um produto ou serviço e que
somente se viabiliza se o consumidor estiver propenso e com disponibilidade
financeira suficiente para adquirir aquele determinado produto ou serviço.

Nos bens de consumo existem duas vertentes da demanda, a qualitativa, que


depende do meio social e é afectada pela publicidade, e a quantitativa, que
depende do nível de rendimento do consumidor.

Nela temos os seguintes tipos de demanda:

 Plena: é a demanda considerada ideal pela organização que vende um


bem, significando que os objectivos de venda previstos foram alcançados;

 Negativa: quando o bem em questão não agrada os possíveis


consumidores, que podem mesmo rejeitar o bem ou produto. Isto muitas
vezes acontece quando uma marca ou produto é envolvido em algum
escândalo;

 Irregular: verifica-se quando um produto é sazonal, ou seja, é


direcionado para uma ocasião específica do ano, e por isso a procura
aumenta nessa altura;

 Inexistente: acontece quando o bem é desconhecido para o consumidor


ou então não vê a utilidade em adquirir o bem;

 Latente: ocorre no caso de se verificar uma determinada necessidade,


mas apesar de existir uma demanda, não existe um bem capaz de
satisfazê-la;

 Excessiva: quando a procura por um determinado bem ou produto


excede a capacidade de resposta da empresa, não conseguindo
satisfazer a todos;

 Declinante: é o caso de um produto que já teve uma alta demanda, mas


que por algum motivo, ela está decrescendo;

26
Sempre influenciando e determinando a oferta, a demanda é sazonal, ou seja,
pode aumentar ou diminuir de acordo com a economia.

Quando se fala sobre a economia de um país, tratamos da demanda agregada,


que representa o total de gastos dos seguintes agentes:

 Consumidores;

 Produtores (empresários);

 Governo;

 Restante do mundo.

Cada um desses agentes possui suas próprias demandas. No caso dos


consumidores, a demanda é representada pelo consumo, enquanto a demanda
dos produtores é o investimento, a do governo são seus gastos e a do resto do
mundo é composta por suas exportações e importações.

A demanda agregada é a soma das demandas de cada um desses agentes da


economia, ou seja: é o total de bens e serviços de uma determinada economia,
em que os consumidores, as empresas e o Estado estão dispostos a comprar.
Ela representa o gasto total da economia, o famoso Produto Interno Bruto (PIB).

Para isso, essa demanda depende de factores como a política monetária e fiscal, renda
em poder dos consumidores disponível para consumo e impostos. Ou seja, está
interligada ao comportamento e ao desenvolvimento da política monetária e fiscal do
país, da renda em poder dos consumidores disponível para consumo, dos impostos a
que estão sujeitos, dos gastos públicos efetuados pelo Estado, entre outros.

A demanda agregada é a demanda total de bens e serviços em uma economia


para um determinado nível de preços. Ela é composta por: Consumo, que é o
gasto das famílias, Investimento, despesas das empresas ou governo com
equipamentos ou com aumento dos factores de produção Gastos do Estado,
gastos para funcionamento do Estado, Exportações líquidas, que são as
exportações menos as importações que um país realiza.

Dessa forma, a demanda agregada mostra o quanto uma economia demandou.


Que por sua vez, mostra o quanto essa economia produziu. E por isso, esses
mesmos componentes da demanda agregada são usamos para calcular o
Produto Interno Bruto (PIB) de um país. O consumo agregado é uma das
variáveis mais importantes dentro da demanda agregada. Ele representa mais
de 70% do PIB. Sendo assim fundamental para entender como está a demanda
total de um país. Além disso, é uma das variáveis mais imprevisíveis, visto que
os gastos do Estado e os investimentos são mais programados por esses
agentes. Enquanto o consumo é determinado pelas famílias e podem variar de
acordo com a intenção de consumo das famílias. Inclusive, essa intenção é
medida por pesquisas.

Demanda agregada é o resultado da soma das compras de diferentes agentes


económicos:

27
Demanda Agregada = Gastos de consumo privado + Investimentos + Gastos do
Governo + Exportações

Na qual:

 Gastos de consumo privado: são os dispêndios dos indivíduos em bens


e serviços, como alimentação, vestuário, automóveis, viagens, lazer, etc.

 Investimentos: são as compras de máquinas e equipamentos e


edificações pelas empresas, mais as adições desejadas ou voluntárias de
estoques (não incluindo, portanto, o aumento não-planejado de estoques,
isto é, os produtos não- vendidos devido a uma insuficiente demanda);

 Gastos do governo: aí incluídos os dispêndios governamentais com


compras de bens e serviços e com o pagamento de funcionários, para o
bom funcionamento da administração pública;

 Exportações: traduzidas nas vendas de bens e serviços ao exterior.

2.1.3.4. Teoria do Crescimento

Ao deparar-se com a teoria keynesiana, Nicholas Kaldor (1908 – 1986),


economista da Universidade de Cambridge, da Inglaterra, questionou se a
disponibilidade de fatores de produção realmente seria independente da
demanda de um país.

Os estudos e análises dariam origem à teoria do crescimento puxado pela


demanda agregada. A premissa básica de modelos económicos de crescimento
pela demanda agregada é que os meios de produção utilizados numa economia
capitalista são eles próprios, bens que são produzidos dentro do sistema.

Dessa forma, Mark Setterfield, professor de economia da New School for Social
Research, de Nova York, explica que a “disponibilidade” de meios de produção
nunca pode ser considerada como um dado independente da demanda pelos
mesmos. Assim sendo, a questão principal para a teoria não é a alocação de um
dado volume de recursos entre uma série de alternativas disponíveis, mas sim a
determinação do ritmo no qual esses recursos são criados.

2.1.3.4.1. Medidas Para Promoção do Crescimento

Para que o governo aumente o crescimento da economia de um país, as


seguintes medidas deverão ser adotadas:

1. Investimento em capital humano: promover a educação através de


programas específicos de formação profissional. Promover melhores
cuidados na Saúde Preventiva, a fim de assegurar um aumento de
assiduidade no trabalho. Criar condições para assegurar o capital humano
já existente, evitando a evasão de funcionários qualificados (capital
humano) e a mudança para outros países

28
2. Investimento em infraestruturas públicas: de grande importância e
fundamental para o desenvolvimento econômico do país. Sem a
infraestrutura, as empresas não conseguem desenvolver, com
adequação, seus negócios;

3. Promoção de atividades que geram externalidades positivas, como o


desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de novas tecnologias;

4. Promoção da eficiência dos mercados;

5. Política de promoção de concorrência;

6. Fornecimento de bens públicos;

7. Eliminação de externalidades negativas;

8. Eliminação dos efeitos negativos provocados pela intervenção do estado;

9. Promover a poupança nacional: necessário para o financiamento de todos


os investimentos acima citados.

• 2.2. Fluxo Circular da Renda

O fluxo circular de renda, ou de riqueza, é um modelo que explica a interação


entre os agentes de uma economia de forma agregada, através da
macroeconomia.

Este modelo é representado levando em consideração dois agentes principais,


participantes da economia, que são as empresas e as famílias que a integram.
Além disso, partindo da simplificação, o modelo considera também o governo
como agente.

A interação entre estes agentes acontece em dois mercados diferentes:

 Mercado de bens e serviços: onde as empresas oferecem bens e serviços,


que são adquiridos pelas famílias;

 Mercado de factores de produção: factores como o trabalho, terra ou


capital, oferecidos pelas famílias, que são contratados ou adquiridos pelas
empresas.

Este modelo circular é apresentado abaixo:

29
Como funciona o diagrama de fluxo circular de renda

A interação entre os agentes pode ser dividido entre diferentes ópticas, e isto é
o que permite realizar uma medição agregada da economia, através do fluxo real
e fluxo monetário.

O fluxo real representa a procura que as empresas fazem no mercado de


factores de produção e a procura que as famílias efetuam no mercado de bens
e serviços.

Em sentido contrário, o fluxo monetário representa as despesas que as famílias


fazem quando adquirem produtos e serviços das empresas, enquanto que as
empresas gastam ao contratarem os factores de produção das famílias.

É possível perceber que, ao mesmo tempo que no fluxo monetário estão


representados os gastos das famílias e das empresas, estes também são os
rendimentos dos agentes da economia.

Outros agentes no fluxo circular de renda

Partindo do modelo mais simples, o fluxo passa a envolver outros agentes, como
o governo, que é quem recolhe impostos e gasta com subsídios, salários ou
obras públicas, por exemplo.

Considerando a economia aberta, com o país se relacionando com o resto do


mundo, o modelo pode agregar as exportações e importações realizadas.

30
Medição agregada da economia

A partir do fluxo circular de renda, é possível somar todos os valores da


actividade económica durante um período de tempo e perceber qual o nível de
produto dos mercados agregados.

Esta medição pode acontecer a partir de diferentes ópticas do fluxo circular,


sendo pelas despesas ou pelos rendimentos dos agentes, ou ainda, pela
produção das empresas desta economia.

Por qualquer ótica o resultado é o mesmo, conhecido na economia como Produto


Interno Bruto (PIB), que serve justamente para medir a actividade económica.

Quando esta actividade se reduz drasticamente, há uma recessão na economia.


Do contrário, a economia se expande.

O conceito do fluxo circular de renda, e suas expansões, deram início aos


estudos da macroeconomia e o nascimento do Keynesianismo.

Fluxo Circular de Tópicos de Renda

Vazamentos e injeções

No modelo de cinco sectores, há vazamentos e injeções

 Vazamento significa retirada do fluxo. Quando as famílias e as empresas


poupam parte dos seus rendimentos, isso constitui uma fuga. Eles podem
ser em forma de poupança, pagamentos de impostos e importações.
Vazamentos reduzem o fluxo de renda.

 Injeção significa introdução de renda no fluxo. Quando os lares e as


empresas utilizam a poupança, constituem injeções. Injeções aumentam o
fluxo de renda. As injeções podem tomar as formas de investimento, gastos
do governo e exportações. Enquanto os vazamentos são iguais às injeções,
o fluxo circular de renda continua indefinidamente. As instituições financeiras
ou o mercado de capitais desempenham o papel de intermediários. Isso
significa que a renda que os indivíduos recebem das empresas e os bens e
serviços que são vendidos a eles não contam como injeções ou vazamentos,
já que nenhum dinheiro novo está sendo introduzido no fluxo e nenhum
dinheiro está sendo retirado do fluxo.

Vazamentos e injeções podem ocorrer no sector financeiro, no sector


governamental e no sector externo:

31
No sector financeiro

Em termos do modelo circular de fluxo de renda, o vazamento que as instituições


financeiras proporcionam na economia é a opção de as famílias pouparem seu
dinheiro. Isso é um vazamento porque o dinheiro economizado não pode ser
gasto na economia e, portanto, é um activo ocioso que significa que nem toda a
produção será comprada. A injeção que o sector financeiro fornece à economia
é o investimento (I) no sector de negócios/empresas. Um exemplo de grupo no
sector financeiro inclui bancos ou instituições financeiras.

No sector governamental

O vazamento que o sector governamental fornece é através da arrecadação de


receita através de Impostos (T) que são fornecidos pelas famílias e empresas ao
governo. Isso é um vazamento porque é um vazamento da renda actual,
reduzindo assim os gastos com bens e serviços actuais. A injeção fornecida pelo
sector governamental é o gasto governamental (G) que fornece serviços
colectivos e pagamentos de assistência social à comunidade. Um exemplo de
um imposto cobrado pelo governo como um vazamento é o imposto de renda e
uma injeção na economia pode ser quando o governo redistribui essa renda na
forma de pagamentos de previdência social, que é uma forma de gasto
governamental de volta à economia.

No sector externo

O principal vazamento desse sector são as importações (M), que representam


gastos dos residentes no resto do mundo. A principal injeção proporcionada por
este sector é a exportação de bens e serviços que geram renda para os
exportadores de residentes no exterior. Um exemplo do uso do sector no exterior
é a exportação de lã da Austrália para a China, a China paga o exportador de lã
(o agricultor), portanto, mais dinheiro entra na economia, tornando-se uma
injeção. Outro exemplo é a China processando a lã em itens como casacos e a
Austrália importando o produto pagando ao exportador chinês; já que o dinheiro
que paga pelo casaco deixa a economia, é um vazamento.

O estado de equilíbrio

Em termos do modelo de fluxo circular de renda de cinco sectores, o estado de


equilíbrio ocorre quando os vazamentos totais são iguais ao total de injeções que
ocorrem na economia. Isso pode ser mostrado como:

Poupança + Impostos + Importação = Investimento + Gastos do Governo +


Exportações

Portanto, uma vez que os vazamentos são iguais às injeções, a economia está
em um estado estável de equilíbrio. Este estado pode ser contrastado com o
estado de desequilíbrio onde, ao contrário do equilíbrio, a soma dos vazamentos
totais não é igual à soma do total de injeções. Dando valores aos vazamentos e
injeções, o fluxo circular de renda pode ser usado para mostrar o estado de
desequilíbrio.
32
Se, os níveis de renda, produto, despesa e emprego cairão, causando uma
recessão ou contração na atividade econômica geral.

Mas se , os níveis de renda, produto, despesa e emprego aumentarão, causando


um boom ou expansão da atividade econômica.

Significância do estudo do fluxo circular de renda

O livro Uma Abordagem Geral da Política Macroeconómica identifica quatro


possíveis áreas de significância:

1. Mensuração da Renda Nacional - A renda nacional é uma estimativa da


agregação de qualquer actividade económica do fluxo circular. É a renda
de todos os factores de produção ou o gasto de vários sectores da
economia. No entanto, a quantidade agregada de cada uma das
actividades é idêntica à outra.

2. Conhecimento da Interdependência - Fluxo circular de renda significa a


interdependência de cada uma das actividades umas sobre as outras. Se
não houver consumo, não haverá demanda e despesa que de facto
restrinjam a quantidade de produção e renda.

3. Natureza Infinita das Actividades Económicas - Significa que a produção, a


renda e a despesa são de natureza interminável, portanto, as actividades
económicas em uma economia nunca podem ser interrompidas. A renda
nacional também está fadada a subir no futuro.

4. Injeções e vazamentos

Em suma, o Fluxo Circular de Renda (ou de Riqueza) é um modelo célebre da


área de economia para explicar as relações básicas do modelo económico em
que vivemos.

O conceito é sintetizado em um diagrama, que posiciona os actores envolvidos


no ciclo, bem como os sentidos do fluxo monetário e real.

É importante saber que o primeiro a teorizar sobre a circulação da riqueza


foi François Quesnay, na França do século XVIII, quando o sistema económico
ainda era primário. Entretanto, mesmo hoje com a evolução do conceito ao longo
dos anos, as bases continuam as mesmas; ou seja, temos um modelo
económico baseado naquela época, na qual, segundo o conceito do Fluxo
Circular de Renda, existem dois mercados na economia: o mercado de bens
(tangíveis) e serviços (intangíveis) e o mercado de fatores de produção (trabalho,
capital e terra).

Para fazer circular os itens integrantes desses mercados, existem dois actores
principais: as famílias e as empresas.

33
O Fluxo Circular de Renda, então, acontece com a seguinte dinâmica:

 Fluxo real: empresas oferecem bens e serviços ao mercado, que são


demandados pelas famílias. As famílias, por sua vez, oferecem factores
de produção ao mercado, que são demandados pelas empresas para
produzir seus bens e serviços.

 Fluxo monetário: empresas obtém receitas com a venda de bens e


serviços no mercado, que geram despesas para as famílias que os
consomem. As famílias, por sua vez, obtêm renda com a oferta de fatores
de produção ao mercado, que são pagos pelas empresas para produzir
os seus bens e serviços.

No diagrama que sintetiza o conceito, é possível perceber como esses dois


fluxos seguem sentidos diferentes. Assim, entende-se o sistema de oferta e
demanda que faz a economia girar.

O trabalhador, por exemplo, troca sua força de trabalho pela remuneração


salarial. As empresas, por sua vez, fazem a venda de bens e serviços e, em
troca, geram receita para sustentar o seu negócio e produzir mais para o
mercado.

Necessidade de se conhecer o Fluxo Circular de Renda

Um empresário precisa estar ciente do impacto do seu negócio para a sua


cidade, para o seu país, para o mundo.

Segundo o conceito do Fluxo Circular de Renda, como vimos, as empresas têm


um papel fundamental no desenvolvimento económico. Elas são um dos

34
principais actores que fazem girar a renda, os bens e o trabalho no fluxo da
economia.

O empresário também precisa entender como o ambiente que circunda o seu


negócio o influencia. Afinal, como mostra o diagrama, a empresa não vive isolada
em uma ilha: ela faz parte da engrenagem da economia e é influenciada por ela.

Chama-se análise do ambiente de negócios a avaliação do cenário em que o


negócio está inserido. Os cenários económico, político, cultural, demográfico e
natural fazem parte do macroambiente, enquanto as interações entre os actores
na indústria de actuação do negócio são parte do microambiente.

Ao conhecer o ambiente de negócios da sua empresa, evidenciado pelo modelo


do Fluxo Circular de Renda, o empresário percebe o papel da sua empresa e
pode aprimorar sua actuação nessa engrenagem.

• 2.3. Relação Entre Fluxo e Stock

Estoque e fluxo - Stock and flow

Economia, negócios, contabilidade e áreas afins, muitas vezes distinguir entre


quantidades que são acções e aqueles que são os fluxos . Estes diferem nas
suas unidades de medida. Um estoque é medida em um momento específico, e
representa uma quantidade existente naquele ponto no tempo, que podem
ter acumulado no passado. Um fluxo variável é medida ao longo de um intervalo
de tempo. Portanto, um fluxo seria medido por unidade de tempo (digamos, um
ano).

Stocks e fluxos em contabilidade

Um estoque refere-se ao valor de um recurso numa data equilíbrio (ou ponto no


tempo), enquanto um fluxo refere-se ao valor total das transacções (compra ou
venda, rendimento ou gastos) durante um período de contabilidade. Alguns
lançamentos contabilísticos são normalmente sempre representados como um

35
fluxo (por exemplo, o lucro ou renda), enquanto outros podem ser representados
tanto como um estoque ou como um fluxo (por exemplo, capital).

Uma pessoa ou país pode ter estoques de dinheiro, financeiros activos,


passivos, riqueza, verdadeiros meios de produção, capital, estoques e capital
humano (ou força de trabalho). Magnitudes de fluxo incluem renda, gastos,
poupança, pagamento da dívida, investimento fixo, investimento em estoques,
e trabalhistas. Capital é um conceito estoque que produz uma renda periódica
que é um conceito de fluxo.

Comparando estoques e fluxos

Valores e fluxos têm unidades diferentes e, portanto, não são comensuráveis -


eles não podem ser significativamente em comparação, equiparada, adicionados
ou subtraídos. No entanto, pode-se significativamente tomar proporções de
estoques e fluxos, ou multiplicar ou dividi-los.

A proporção de um estoque ao longo de um fluxo tem unidades de (unidades) /


(unidades / hora) = tempo. Por exemplo, a dívida em relação ao PIB tem
unidades de anos (como o PIB é medido em, por exemplo, de dólares por ano,
enquanto a dívida é medido em dólares), o que produz a interpretação da dívida
em relação ao PIB como "número de anos para pagar todas as dívidas,
assumindo todos PIB dedicado ao reembolso da dívida".

A proporção de um fluxo de um estoque tem unidades de 1 / tempo. Por exemplo,


a velocidade da moeda é definida como PIB nominal / nominal fonte de dinheiro;
que tem unidades de (dólares / ano) / dólares = 1 / ano.
Em tempo discreto , a mudança de uma variável de estoque de um ponto no
tempo para outro ponto no tempo uma unidade de tempo mais tarde (a primeira
diferença do estoque) é igual à variável correspondente fluxo por unidade de
tempo. Por exemplo, se o estoque de um país de capital físico em 1 de Janeiro
de 2018 é de 20 máquinas e em 1 de Janeiro de 2019 é de 23 máquinas, então
o fluxo de investimento líquido em 2018 foi de 3 máquinas por ano.

Em tempo contínuo, o derivado de tempo de uma variável de estoque é uma


variável de fluxo.

Usos mais gerais

Stocks e fluxos também têm significados naturais em muitos contextos fora de


Economia, Administração e áreas afins. Assim estoques e fluxos são os blocos
básicos da dinâmica de sistemas modelos. Jay Forrester originalmente se referia
a eles como "níveis" (para as unidades populacionais) e "taxas" (por fluxos).

Um estoque (ou "variável de nível") neste sentido mais amplo é uma entidade
que se acumula ao longo do tempo por entradas e / ou esgotados por saídas.
Stocks só pode ser alterado por meio fluxos. Matematicamente um estoque pode
ser visto como uma acumulação ou integração de fluxos ao longo do tempo -
com saídas subtraindo do estoque. Stocks normalmente têm um determinado

36
valor em cada momento do tempo - por exemplo, o número de população em um
determinado momento.

Um fluxo (ou "taxa") muda um estoque ao longo do tempo. Normalmente,


podemos distinguir claramente entradas (adicionando ao estoque) e saídas
(subtraindo do estoque). Fluxos normalmente são medidos ao longo de um
determinado intervalo de tempo - por exemplo, o número de nascimentos ao
longo de um dia ou mês.

sinônimos

Estoque Fluxo

Nível Taxa

Integrante Derivado

Estado variável

Variáveis de Fluxo são aquelas que são mensuradas durante um período de


tempo determinado. Por exemplo: o Produto Interno Bruto (PIB) é uma variável
de fluxo, pois ela é medida durante um certo período de tempo, seja trimestral,
semestral ou anual. Já as Variáveis de Estoque são aquelas cujas mensurações
ultrapassam, por exemplo, um ano. Um bom exemplo seria o número de
empregados na economia. De um ano para o outro, o número de empregados
da economia não é zerado, traspassando assim o horizonte temporal.

Estoque x Fluxo

"Estoque representa uma quantidade mensurada EM determinado instante no


tempo; Fluxo significa uma quantidade mensurada DURANTE determinado
período de tempo".

A melhor analogia sobre fluxo e estoque é o da torneira despejando água no


tanque. Fluxo seria a quantidade de água que a torneira despeja no tanque,
exemplo 10 litros por horas, 100 litros por dia, estoque seria a quantidade de

37
água que está no tanque, por exemplo se o tanque é de 1mil litros e a quantidade
que está acumulada é 500 litros, este é o estoque.

Exemplos clássicos de fluxo e estoque:

Fluxo - PIB - o cálculo é anual, todo ano é calculado um novo.


Estoque - Dívida Externa - é o acumulo dos débitos do país, todo ano se o país
"ficar negativo" vai aumentar a dívida.
Relação entre o Capital de giro e o Estoque

A elevação do capital de giro reduz a rentabilidade da empresa. Tal máxima


também é válida para os estoques, os quais pertencem ao grupo dos activos
circulantes. A gestão de estoques é uma das áreas mais desafiadoras da
administração, seu insucesso pode até mesmo, inviabilizar a empresa.

Capital de giro é o volume de recursos necessários ao funcionamento da empresa


no curto prazo. Ele serve para o pagamento de contas operacionais bem como
para aquisição de insumos. Nas empresas do ramo de comércio, a maior parte do
capital de giro vai para os estoques.

Obviamente que há empresas que vendem por encomenda e trabalham sem


estoques, mas a grande maioria faz seu uso regularmente. Os estoques são,
portanto, parte do capital de giro da empresa, representado sob a forma de
mercadorias. Quanto maior o estoque, maior o capital de giro necessário para
mantê-lo.

Deve-se lembrar que além do custo de aquisição, os estoques também geram


custos de manutenção, transporte, etc. Tudo isso eleva a necessidade de capital
de giro da empresa. Desta forma, todas as vezes que se fala em elevação de
estoques, também se fala em aumento do capital de giro.

Problemas relacionados à gestão de estoques

Ter estoques em si não é um problema, a grande questão é o custo gerado pela


manutenção destes. É sempre bom ir a uma loja e encontrar lá o exacto produto
que procuramos. Quando fazemos isso, mal pensamos no custo que a empresa
tem só para deixar o produto à nossa espera. O produto parado no armazém ou
na partileira, não gera nenhuma receita para a empresa, apenas custos de
manutenção.

Por outro lado, se a empresa não mantiver estoques, ninguém comprará em suas
lojas. Imagine o caso em que se vai até uma sapataria e lá não encontra sapatos
para experimentar, mas apenas fotos deles. Certamente não se voltará aquela loja.
Daí surge um trade-off entre o aumento de estoques e o crescimento do custo
operacional da empresa.

Gestores precisam ser eficientes em suas previsões de vendas, caso contrário, o


giro do estoque pode levar muitos meses. Se isso ocorrer, a necessidade de capital
de giro crescerá de forma semelhante, reduzindo o fluxo de caixa e elevando as
despesas financeiras.

38
Conciliar a gestão do capital de giro com a necessidade de estoques

Para conciliar a necessidade de formação de estoques com o aumento do capital


de giro, gestores precisam fazer contas. O primeiro passo é calcular o PME (prazo
médio de estocagem). Através deste índice, o gestor pode dimensionar
correctamente a quantidade ideal de capital a ser destinada aos estoques. Outro
cálculo que deve ser feito é o do custo médio de estocagem.

Uma vez que se entende o prazo médio de estocagem, deve-se estimar o tamanho
mínimo do estoque da firma. O custo do capital atrelado aos estoques deve ser
menor que o custo de estocagem das mercadorias. Só assim o capital de giro
empregado será corretamente remunerado.

Hoje em dia, as fintechs como a Biz Capital, fornecem crédito para capital de giro
e expansão de estoques a taxas muito atraentes. Além do mais, a liberação é feita
online e sem burocracia, facilitando a tomada de decisão do gestor.

Cálculo do prazo médio de estocagem

O prazo médio de estocagem (PME) é obtido dividindo-se o estoque médio do


exercício pelo custo de mercadoria vendida. A fórmula para seu cálculo é a
seguinte:

PME = Estoque Médio/CMV x 360

Imagine que uma empresa tenha mantido um estoque médio de $100 mil ao longo
do ano. Se o custo de mercadoria na DRE foi de $ 1 milhão, o PME será de 36 dias
(1,2 meses).

Este é o prazo em dias, que a média das mercadorias leva para ser adquirida nas
lojas da empresa. Caso a companhia obtenha capital de curto prazo para financiar
estoques, o vencimento deve ser de 36 dias + PMR (prazo médio de recebimento).

Imagine que esta empresa venda a prazo e receba com 30 dias. Seu prazo total é
de 36 + 30. Assim, o prazo mínimo para pagamento dos empréstimos de capital de
giro deve ser de 66 dias. Caso ela consiga pagar suas compras a prazo, digamos
20 dias, seu empréstimo poderá ter 36 + 30 – 20 = 46 dias para vencimento.

Calcular a quantidade de capital de giro necessária para se manter os


estoques

O capital de giro necessário para manutenção dos estoques será igual ao valor do
PMP multiplicado pelo estoque médio. No caso da empresa deste exemplo, seria
de $100 mil X 36/1,2 = $120 mil. Ou seja, a empresa precisará manter $120 mil
reais em seu estoque para conservar o actual nível de vendas.

Caso a empresa consiga vender seus estoques mais rapidamente, o PMP cairá e
consequentemente, seu custo também.

Relação numérica ideal de Capital de Giro X Estoques

39
Não existe uma relação ideal universal entre capital de giro X estoques. Mas, cada
empresa pode construir sua relação de forma personalizada ao responder as
seguintes perguntas:

 Até que ponto o aumento nos estoques faz a receita crescer?

 Qual o custo financeiro para cada $1 adicionado ao estoque?

 Qual é a redução da rentabilidade provocada pela elevação do capital de giro


aplicado a cada $1 em estoques?

Uma vez que estas perguntas forem respondidas, os gestores podem criar
cenários e cruzar dados. O valor óptimo de capital de giro e estoques será aquele
que maximiza a rentabilidade da empresa.

• 2.4. Produto Interno e Produto Nacional Bruto a Preço Básico

O Produto Interno Bruto (PIB) é um dos principais indicadores utilizados para


analisar e classificar a situação económica de um país, estado, município ou
região. Esse indicador nada mais é do que a somatória de todos os bens e
serviços, ou seja, de toda a riqueza gerada em um determinado período.

O Produto Nacional Bruto (PNB) faz referência à soma de todas as riquezas


produzidas por uma nação/país durante determinado período, em território
nacional ou não. As empresas que possuem filiais no exterior também são
consideradas por esse indicador.

→ PIB x PNB

O PNB distingue-se do PIB especialmente pela Renda Líquida Enviada ao


Exterior (RLEE), que é considerada no cálculo do PNB e excluída do cálculo do
PIB. O RLEE é a diferença entre valores enviados ao exterior e os valores
recebidos do exterior a partir de factores de produção.

Vale ressaltar também que o PIB não é utilizado apenas como indicador
económico de países. São divulgados anualmente por Institutos de Estatística
dos países dados do PIB. Esse indicador também pode ser utilizado para avaliar
o montante de riqueza produzida por uma região de um país ou um conjunto de
países, como um bloco económico.

O cálculo do PNB é feito da seguinte maneira:

40
Os países desenvolvidos costumam ter PNB maior que o PIB, uma vez que
nestes o RLEE é positivo, e nos subdesenvolvidos é negativo (o inverso), ou
seja, envia-se mais recurso ao exterior do que se recebe.

Outro indicador económico utilizado, em especial para avaliar a qualidade de


vida de uma população, é o PIB per capita, que é a somatória da riqueza de um
país ou região dividida pelo número de habitantes. Há países que possuem um
Produto Interno Bruto elevado, entretanto, por serem muito populosos, têm um
PIB per capita baixo, se comparados a outros países.

Diferença entre o PIB e o PNB

O Produto Interno Bruto corresponde ao valor de bens e serviços finais


produzidos dentro das fronteiras geográficas do País. No seu valor estão
computadas as exportações e não estão incluídas as importações. Para sua
efetivação, foram utilizados fatores de produção pertencentes a residentes no
país e a residentes no exterior.

O Produto Nacional Bruto corresponde ao valor dos bens e serviços finais


produzidos exclusivamente com o uso de fatores de produção de propriedade
de residentes no país. Ou seja, o Produto Nacional possui uma parcela que é
produzida no país e uma parcela que é produzida no exterior, ambas
correspondentes à produção com o uso de fatores de propriedade de residentes.

41
Entende-se por PIB
(Produto Interno Bruto) a riqueza gerada internamente por determinado país e
por PNB (Produto Nacional Bruto) o rendimento total obtido pelos cidadãos de
um país. A diferença entre estes indicadores reside no facto de que o PIB
simplesmente reflectir a riqueza produzida num determinado país pelos seus
residentes, enquanto o PNB abrange ainda, para além desta riqueza, outros
factores de produção fora do território nacional, ou seja, o fluxo de transferências
para o estrangeiro. Segundo Carvalho (2012), a repatriação de lucros, as
remessas de emigrantes, dividendos de acções e juros de depósitos, são
exemplos deste tipo de fluxo.

Função para cálculos do PIB

Óptica da despesa

Na óptica da despesa, o valor do PIB é calculado a partir das despesas


efectuadas pelos diversos agentes económicos em bens e serviços para
utilização final (isto é, aqueles bens e serviços que não vão servir de consumos
intermédios na produção de outros bens e serviços). Nesta óptica, o PIB
corresponderá à despesa interna (ou procura interna), que inclui a despesa das
famílias em bens de consumo (consumo privado, C), a despesa do Estado em
bens de consumo (consumo público, G), a despesa das empresas em
investimento (I), quer em bens de capital (formação bruta de capital fixo, FBCF),
quer em existências de matérias-primas e produtos (variação de existências,
VE). No entanto, a despesa interna é dirigida não só a bens que foram
produzidos no país, mas também a bens que não foram produzidos no país (bens
importados, M), e que, portanto, não devem ser incluídos no PIB. Por outro lado,
há bens que devem ser incluídos no PIB, mas que não vão ser utilizados no país
(as exportações, X), e que por isso não estão incluídos na procura interna.
Assim, na óptica da despesa o PIB poderá ser calculado a partir da soma de
todas estas componentes:

PIB = C + G + I + X – M

42
Tendo I igual à formação bruta de capital fixo (FBCF) mais a variação nos
estoques (EST), temos:

PIB = C + G + FBCF + EST + X – M

Óptica da oferta

Na óptica da oferta, o valor do PIB é calculado a partir do valor gerado em cada


uma das empresas que operam na economia. Esse valor gerado é o VAB (valor
acrescentado bruto), a diferença entre o valor da produção e os consumos
intermédios de cada empresa. Conhecendo o VAB de cada empresa, podemos
calcular o PIB como a soma de todos os VABs das empresas dessa economia.
Para obtermos o valor do PIB a preços de mercado (PIBpm), o único ajustamento
que teremos de fazer é somar impostos, líquidos de subsídios, que incidem sobre
os bens e serviços entre o fim da produção e a venda, isto é, os impostos sobre
o consumo, como o IVA.

PIB = Somatório VABi + (Impostos – Subsídios) sobre o consumo

(sendo i cada uma das empresas da economia)

Óptica do rendimento

Na óptica do rendimento, o valor do PIB é calculado a partir dos rendimentos de


factores produtivos distribuídos pelas empresas. Nesta óptica, o PIB
corresponderá à soma dos rendimentos do factor trabalho com os rendimentos
dos outros factores produtivos, que nas contas nacionais aparecem todos
agrupados numa única rubrica designada Excedente Bruto de Exploração (EBE).
O EBE inclui as rendas, lucros e juros.

PIB = Remunerações do trabalho + Excedente Bruto de Exploração

Função para cálculo do PNB

As fórmulas para o cálculo do PNB a partir do PIB são as seguintes:

PNB = PIB + RLRE

PNB = PIB – RLEE

onde:

 PNB é o Produto Nacional Bruto

 PIB é o Produto Interno Bruto

 RLRE é a Renda Líquida Recebida do Exterior (quando as rendas


recebidas superam as enviadas)

43
 RLEE é a Renda Líquida Enviada ao Exterior (quando as rendas enviadas
superam as recebidas)

A primeira fórmula é utilizada quando o país em estudo aufere RLRE e a segunda


quando aufere RLEE.

Também é correcta a seguinte fórmula, além de ser mais didática:

PNB = PIB + “total de rendas recebidas do exterior” – “total de rendas enviadas


ao exterior”

PIB nominal e PIB real

Quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de um país


ao longo do tempo, é preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real. O primeiro
diz respeito ao valor do PIB calculado a preços correntes, ou seja, no ano em
que o produto foi produzido e comercializado. Já o segundo é calculado a preços
constantes, em que é escolhido um ano-base para o cálculo do PIB, eliminando
assim o efeito da inflação. Para avaliações mais consistentes, o mais indicado é
o uso de seu valor real, que leva em conta apenas as variações nas quantidades
produzidas dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado. Para
isso, faz-se uso de um deflator (normalmente um índice de preços) que isola o
crescimento real do produto daquele que se deu artificialmente devido ao
aumento dos preços da economia.

Deflator do PIB

Deflator é qualquer índice de preços usado para medir a inflação ou a


desvalorização da moeda. Para deflacionar, usa-se uma regra de três simples,
dividindo-se o valor da época (valor corrente) pelo índice de preços
correspondente, tendo-se como referência um determinado período de tempo
(um ano-base, por exemplo).

O produtor do PIB corresponderá à razão entre PIB nominal e PIB real, isto é, ao
quociente da divisão do PIB nominal pelo PIB real.

Para se obter PIB real (ou o PIB a preços constantes) é preciso deflacionar o PIB
a preços correntes (PIB nominal), ou seja, é preciso padronizar todos os preços
vigentes em cada ano, trazendo-os ao mesmo nível dos preços vigentes no ano-
base. Assim será possível saber o quanto o PIB evoluiu de facto (em termos
reais). Observe-se que, no ano-base, o PIB nominal e o PIB real são iguais;
portanto, o deflator do PIB nesse ano deve ser igual a um.

Para deflacionar o PIB nominal, utiliza-se um deflator específico, calculado pelas


instituições nacionais de estatística, que mede a variação média dos preços de
um ano em relação aos preços do ano anterior. Esse índice é conhecido como
o deflator implícito do PIB e é divulgado apenas nas bases trimestral e anual.

44
Embora seja menos citado do que os demais índices de preços disponíveis na
economia, o deflator implícito do PIB é provavelmente o mais abrangente, pois
considera informações indisponíveis nos outros índices. Chama-se implícito,
porque não é um índice pesquisado directamente, como são, o Índice Geral de
Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) e o Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA). Eventualmente, o deflator implícito se distancia dos principais
índices de preços.

PIB per capita

Os indicadores económicos agregados (produto, renda, despesa) indicam os


mesmos valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se esse valor
pela população de um país, obtém-se um valor médio per capita:

O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de
vida em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes e terem
muitos habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar baixo, já que a renda
total é dividida por muitas pessoas, como é o caso da Índia ou da China.

Países como a Suíça, Noruega e a Dinamarca exibem um PIB moderado, mas


que é suficiente para assegurar uma excelente qualidade de vida a seus poucos
milhões de habitantes.

Actualmente usam-se outros índices - que revelam o perfil da distribuição de


renda de um país (tais como o coeficiente de Gini ou mesmo índices
desenvolvidos pela sociologia, como o Índice de Desenvolvimento Humano) -
para se obter uma avaliação mais precisa do bem-estar económico desfrutado
por uma população.

Factores em geral

Factores que contribuíram para as recentes baixas do PIB = a desvalorização da


moeda diante do dólar/euro e as condições instáveis da politica actual. Com a
baixa do dólar, várias empresas não exportaram, deixando, assim, as
exportações de contribuir para o crescimento do PIB.

Limitações do PIB e críticas

O PIB, é uma medida de fluxo de produção - produção por unidade de tempo


(ano). Por isso, ele não considera estoques de capital (economia), que em ultima
instância são importantes componentes determinantes dos fluxos de produção,
como por exemplo, capital social, capital humano, capital natural, nível de
eficiência de instituições.

O PIB per capita é frequentemente usado como um indicador, seguindo a ideia


de que os cidadãos se beneficiariam de um aumento na produção agregada do
seu país. Similarmente, o PIB per capita não é uma medida de renda pessoal.
Entretanto, o PIB pode aumentar enquanto a maioria dos cidadãos de um país
ficam mais pobres, ou proporcionalmente não tão ricos, pois o PIB não considera
o nível de desigualdade de renda de uma sociedade.

45
Distribuição de riqueza - O PIB não leva em consideração diferenças na
distribuição de renda entre pobres e ricos. Entretanto, diversos economistas
ressaltam a importância da consideração sobre desigualdade sobre o
desenvolvimento económico e social de longo prazo.

Qualidade de bens e serviços - Caso dois bens tenham qualidades diferentes,


mas sejam vendidos a um mesmo preço, o valor registado pelo PIB será o
mesmo. Isso leva a distorções da percepção de bem-estar, por exemplo, se uma
cidade produzir bolos de óptima qualidade pelo mesmo preço de bolos ruins da
cidade ao lado, o PIB calculado para as duas será o mesmo, porém, a qualidade
de vida e de consumo será diferente entre elas.

Transações não comerciais - O PIB exclui actividades produtivas que não


ocorrem dentro do mercado, tal como serviços voluntários não pagos ou
produtos e serviços de livre acesso trocados pela internet.

Transações clandestinas - O PIB conta actividades que contribuem para a


produção, mas que não passam pelo mercado oficialmente, como actividades de
contrabando e venda de produtos ilegais. Porém a medição é feita por vias
indirectas.

Externalidades - O PIB ignora a presença de externalidades (efeitos não


contabilizados pelo mercado), como, por exemplo, danos ao meio ambiente.
Assim, um país que cortar e vender todas suas árvores terá um aumento em seu
PIB, mesmo que os efeitos sociais sejam negativos devido à poluição, perda de
biodiversidade, área de lazer etc.

Crescimento de longo prazo - O PIB anual não é um indicador de longo prazo.


Ele aponta para variações que podem vir de oscilações económicas
momentâneas, como ataques especulativos, bolhas de crescimento, descoberta
de jazidas de recursos naturais. Nada garante que o crescimento será mantido
ou distribuído pela sociedade.

• 2.5. Produto à Preço do Produtor e Produto à Preço do Consumidor

Uma questão comum para novos empresários é como calcular o preço de


venda dos seus produtos e serviços.

A forma mais simples de definir o preço de um produto é o chamado “cost-plus”.


Faz-se simplesmente o cálculo total de todos os custos de produção de uma
unidade do produto ou serviço, incluindo neste todos os materiais directos e mão-
de-obra necessários para criar o produto. Caso não seja fabricante, como é o
caso dos revendedores, inclua apenas o valor pago pelo produto. Determinar o
custo dos serviços é um pouco complexo. Para tal, necessita de analisar a rotina
de serviço e os custos incorridos no percurso. Deve ser incluída uma margem no
custo do serviço para determinar o preço apropriado.

46
Cálculo do “cost-plus”:

Antes da aplicação da fórmula de cálculo, é necessário conhecer alguns


conceitos, nomeadamente:

Custos:

Podemos definir custos como todo o esforço que é gasto para fazer com que o
produto chegue à prateleira, esteja em condições de comercialização e seja
comprado pelo cliente. Destaca-se que o custo pode ser financeiro, de
pessoal e de tempo.

Ter clareza na definição dos custos dos produtos é a chave para calcular o preço
de venda e não perder dinheiro. Dado à complexidade dos
impostos incidentes e a variedade de esforços necessários para manutenção
de mercadorias, é preciso prestar muita atenção. Os custos podem ser divididos
em directos e indirectos, e ambos devem ser analisados com bastante cuidado.

Custos directos:

São os insumos aplicados durante a fabricação ou a aquisição do


produto, somado com os impostos que incidem sobre ele.

Os impostos incidentes compõem parte considerável do preço final. Por isso é


muito importante considerar:

 Tributação correcta: Substituição Tributária, considerando o fornecedor,


se pode aproveitar todo ou parte do Imposto de Entrada. Observar
fornecedor fora do Estado, o regime tributário (Simples Nacional, Lucro
Presumido ou Lucro Real) ou com regime especial.

Custos indirectos:

Nesse quesito devem ser consideradas as despesas administrativas e os


outros recursos necessários para a manutenção, armazenamento, vendas,
marketing e operação em geral com os produtos.

Realize o cálculo de quanto cada despesa representa em relação ao custo total


de mercadorias vendidas. As principais despesas indirectas a serem
consideradas são:

 Despesa geral – todas as despesas administrativas, incluindo a folha de


pagamento;

 Custo diferenciado por Categoria – produtos de baixo giro ou que exijam


refrigeração devem ter um adicional por causa dos custos de
armazenamento, energia e equipamento;

 Considerar o percentual de quebras por produto, já que alguns deles


ocorrem com alta incidência.
47
Margem de lucro:

Depois de definir os custos que cercam os produtos, o próximo passo para


calcular preço de venda é definir a margem de lucro. A margem de lucro é
a percentagem de ganho sobre a venda do item e deve ser calculada para cada
mercadoria de forma individualizada.

Para realizar a definição da margem de lucro é preciso levar em conta a


quantidade de venda do produto (analisando o histórico) e a demanda de cada
item.

Valor para o cliente:

O último conceito que deve ser bem definido antes de calcular preço de venda é
o valor do produto para o cliente. A percepção de valor do produto sob a visão
do consumidor é a variável mais complexa de quantificar.

Para definir a percepção de valor deve-se analisar que o preço do produto pode
transmitir aos clientes uma ideia de valor que não está directamente ligado ao
preço que ele custa. Há várias maneiras de se fazer isso, como:

 Produtos exclusivos e experiência do consumidor – muitos comercializam


produtos que não são encontrados nos concorrentes. Isso ajuda a
construir uma noção de diferenciação da loja e dos produtos;

 Padaria e açougue – produtos com os quais a loja consegue se


diferenciar, por meio de receitas e cortes exclusivos, que melhoram
significativamente a margem final;

 Comodidade – alguns produtos têm valor no momento. Imagine o


consumidor que entra na loja e antes de pagar repara que a loja oferece
pilhas, o que o faz lembrar que o controlo remoto de sua tv está sem pilha
(o cliente imagina ter de se levantar para trocar de canal). Quanto vale
uma pilha para esse cliente? Quando uma loja cria valor, o cliente
esquece do preço!

A noção de valor para o cliente é algo bem subjectivo, mas boas ideias trazem
grandes lucros para a empresa. Por isso, conheça os clientes e exercite o olhar
sob essa perspectiva.

 Despesas: obrigação que a empresa tem de efectuar determinado(s)


pagamento(s), no imediato ou num momento futuro;

 Preço do produto ou serviço: valor monetário expresso numericamente,


associado a um produto/serviço;

Calculando o preço de venda:

Para calcular preço de venda de um produto a lógica é bem simples, deve-


se somar os custos directos e indirectos e aplicar a margem de lucro desejada.

48
Lembrando que com a margem de lucro deve ser pensado na percepção de valor
para o cliente e a importância da mercadoria para o consumidor.

Dicas para calcular preço de venda:

Como o cálculo envolve algumas variáveis complexas e relativas, abaixo dois


adicionamentos para auxiliar no calculo do preço de venda:

1. Pesquise o preço praticado no mercado (concorrência).

Para calcular preço de venda é fundamental realizar uma pesquisa no mercado


para entender qual valor está sendo cobrado pelos concorrentes. Fazer esse
levantamento é importante para evitar que a loja pratique um preço exorbitante e
inviável para a clientela.

Caso o preço esteja abaixo da margem do lucro, a empresa pode vender acima
do preço do mercado, escolhendo por não vender os produtos pelo menor preço
do mercado, porém oferecer serviços exclusivos tais como atendimento de
qualidade e estacionamento, dentre outros. No entanto, para atrair clientes, é
importante contar com alguns produtos que chamem atenção dos consumidores
pelo preço, mesmo que seja em promoções sazonais.

Se a opção é ser lembrado como a loja mais “barata”, é fundamental o controlo


rigoroso de custos e perdas, além do acompanhamento diário da margem dos
produtos através de controlos informatizados, para não ter surpresas no
momento de fechar as contas no fim do mês.

2. Utilize um software de gestão para auxiliar nos cálculos.

Para calcular preço de venda com segurança e precisão é indispensável contar


com um sistema de gestão preparado para as actividades que fazem parte do
processo de preços. Um bom software faz tudo “automaticamente”, sempre
baseado em dados alimentados, principalmente os custos directos, como as
alíquotas de impostos e situações tributárias.

Assim, o preço a cobrar pelo produto expressa-se da seguinte forma:

Custo de fabrico ou de aquisição + custo de armazenamento, distribuição ou


transporte + despesas indirectas + margem de lucro = Preço a cobrar pelo
produto

No caso de um casaco de malha, artesanal, com custos de componentes e de


mão-de-obra de 100Kz somando-se o custo das despesas indirectas (renda e
impostos) de 100Kz e uma margem de lucro de 20% das despesas (100Kz x
20% = 20Kz) resulta no preço de venda de 220Kz (200Kz + 20Kz).

Calcular o preço de venda de um produto é um processo muito parecido com o


cálculo do preço de venda de um serviço, sendo que, neste caso, deve ajustar a
fórmula para incluir, além dos anteriores, o número de horas do serviço e o valor
cobrado por hora.

49
Valor da hora x número de horas + custos/despesas + margem de lucro

Preço e etiqueta

Comece a partir da margem bruta que a empresa precisa para cobrir as


despesas gerais e o lucro. Margem bruta é a parte componente de um preço
acima do seu custo de aquisição ou de produção. Escolher uma percentagem de
margem de lucro bruta é um juízo: não existe uma fórmula certa para todas as
situações. Ao invés, deve avaliar as necessidades do negócio, os clientes e a
concorrência.

A empresa deve ser capaz de gerar lucro bruto suficiente para cobrir as
despesas gerais. Estime quanto do lucro deve ser alocado por cada unidade
vendida com base no volume de vendas unitárias esperado para calcular a
margem bruta mínima exigida. As características dos clientes que habitam a área
de mercado afectam as escolhas de compra. Conheça os clientes e avalie as
suas expectativas e necessidades. Os preços que os concorrentes definem para
bens e serviços semelhantes aos da empresa delimitam o valor a cobrar. Um
dos segredos para o sucesso do negócio é determinação correcta do preço dos
produtos, criando a base para um negócio com condições para prosperar.

Em primeiro lugar, deve ter o objectivo principal sempre presente: quer ganhar
dinheiro – foi esse o motivo pelo qual iniciou a actividade. Lucrar equivale a
gerar receita vendendo os seus produtos, de forma a que possa não só
comportar custos/despesas, mas também obter lucro.

A maior ilusão em que muitos trabalhadores independentes incorrem é crer que


o preço é o único factor que estimula as vendas, quando na verdade o que mais
importa é a capacidade de vender. Isto significa, na prática, contratar os
vendedores certos e escolher a estratégia de vendas adequada.

Definir um preço demasiado baixo para os produtos pode ter um impacto


bastante negativo, mesmo que acredite que é essa a estratégia correcta a
adoptar quando a economia está em baixo. Tentar incutir ao comprador que o
seu produto é a opção menos dispendiosa contando aumentar o volume de
vendas pode transmiti-lhes apenas a noção que o seu produto é “barato”. Tenha
em conta que os consumidores têm a expectativa de receber qualidade de
acordo com o preço, e a maior parte dos mesmos não desenvolve apetência pela
escolha de um vendedor que acreditam valer menos. Reduzir preços por si não
gera lucro pelo produto e não é do seu interesse a longo prazo: é necessário ter
muito cuidado para cobrir totalmente os custos ao avaliar os produtos.

Definir um preço demasiado alto para os produtos pode ser igualmente


prejudicial, já que o comprador está sempre atento aos preços da concorrência.
É certo que quando inicia o negócio acredita que têm que cobrir todas as
despesas, mas para os clientes existe algo chamado um preço justo. Não lhe
deve ser difícil pôr-se do outro lado, pois também é um consumidor.

Regras e princípios

50
É imperativo que se realize pesquisa de mercado, de alguma forma, para se ter
a noção de quem é o cliente. Esse tipo de pesquisa pode ir desde pesquisas
informais da lista de clientes a projectos mais extensos levados a cabo por
terceiros. Se não tem a possibilidade de investigar o mercado, pode
simplesmente analisar o mercado de consumo em três segmentos: orçamento
restrito, conveniência e aqueles para quem o estatuto é importante.
Seguidamente, procure entender o segmento que deseja visar e defina o preço
em conformidade.

Uma das regras essenciais da determinação do preço é a necessidade de poder


cobrir os custos e, seguidamente, ter em conta o lucro. Assim, necessita de saber
quanto custa o produto. Também deve ter a perceção da fasquia em que coloca
seu produto e quanto precisa de vender para obter lucro. Lembre-se de um
produto pode custar mais que o item em si, pois inclui custos indirectos. Custos
indirectos podem contemplar custos fixos, tais como como o aluguer, e custos
variáveis, tais como taxas de remessa ou de armazenamento. Deve incluir todos
estes aquando do planeamento do custo real do produto.

Deve ser inflexível no que diz respeito ao negócio, particularmente no que


concerne à gestão do preço dos produtos. Deve-se ter em mente: a forma como
define o preço dos produtos pode ser a diferença entre o sucesso – ou o fracasso
– do negócio.

Saber calcular preço de venda dos produtos de forma correta pode se


transformar em um diferencial para empresa. Em um mercado
competitivo, processos seguros e correctos são o segredo para garantir o
resultado no fim do mês.

Principalmente em supermercados, que contam com um grande número de


produtos no estoque, a certeza sobre o preço de venda é fundamental para
garantir o sucesso das vendas e das eventuais promoções.

Por que definir o preço de venda

Antes de saber como precificar os produtos, é preciso que fique bem clara a
necessidade de fazer isso. E se engana quem limita a importância apenas à
estratégia de atração de clientes. A seguir boas razões para ser criterioso ao
estabelecer o valor para a venda de mercadorias:

 Satisfazer o consumidor: sim, um preço que se ajusta ao bolso do cliente é


uma das razões para ele comprar da empresa.

 Ajustar ao público-alvo: o preço é também uma forma de dizer ao mercado a


que tipo de consumidor a empresa é voltada.

 Enfrentar a concorrência: uma política de preço possibilita ao gestor conhecer


até onde pode ir para se manter competitivo.

51
 Conceder descontos: a definição de uma margem mínima aceitável assegura
que a empresa não acabe tendo prejuízos na venda.

 Melhorar resultados: um preço de venda adequado gera lucro e


desenvolvimento, enquanto uma definição equivocada compromete os
resultados e pode levar à falência.

 Pagar obrigações: uma correcta precificação garante que haja recursos em


caixa para os custos da operação e o pagamento das obrigações relacionadas
a ela, como salários e impostos.

Diferença entre preço e valor

Há uma frase conhecida que diz: “preço é o que você paga, valor é o que você
leva”. Embora sejam muitas vezes usadas como sinônimos, essas palavras não
têm o mesmo significado.

O preço é quantitativo. Para chegar até esse número, parte-se dos processos
que foram necessários para fabricar o produto, além do lucro que se busca obter.

Para chegar ao preço, pode-se calcular os custos e despesas de produção, os


tributos, o lucro que se deseja obter.

Determinar o valor de um produto ou serviço, por outro lado, é mais subjetivo:


está relacionado com a maneira como o cliente percebe o que se está
oferecendo.

Necessidade, qualidade e exclusividade são algumas características que o


consumidor pode atribuir ao seu produto, dando mais valor a ele.

É preciso ter em mente que na fixação de preços os factos abaixo têm um peso
na percepção dos mesmo para a empresa:

Com base ao custo

A ideia é delimitar a percentagem que será acrescentada ao custo total dos


produtos, o que inclui custos variáveis, fixos, indirectos e directos. Quem
determina isso é a empresa.

52
Com base à concorrência

Analisar os preços dos concorrentes (empresas do mesmo mercado ou


segmento) para então definir o preço do produto ou serviço. Essa estratégia é
útil quando o cálculo dos custos se apresentar difícil.

Para empresas menores pode ser complicado dessa forma, pois é difícil competir
com grandes empresas, que produzem em larga escala.

Com base em demanda

Nesse caso, o preço do produto ou serviço é definido de acordo com o valor


percebido pelo cliente, ou seja, com o quanto ele está disposto a pagar pelo que
se tem a oferecer.

Nessa equação entram a qualidade do produto, o atendimento, a credibilidade,


dentre outros atributos.

Produto a Custo de Factores e a Preço de Mercado

A agregação de bens e serviços de natureza heterogênea para se encontrar o


valor do Produto só é possível porque se usam os preços como medida do valor
da produção. Se os preços utilizados para se mensurar o Produto são os preços
correntes praticados no mercado de bens e serviços, ter-se-á o produto a preços
de mercado.

O custo de factores é o preço que cobre os custos de produção dos bens e


serviços, inclusive o lucro empresarial. Corresponde ao preço que seria cobrado
pelo produtor se não existissem os Impostos Indirectos e os Subsídios.

Os Impostos Indirectos são aqueles que incidem sobre a venda dos bens e
serviços, como por exemplo o IVA. Subsídios são transferências que o Governo
realiza para as empresas com o objectivo de reduzir o preço de mercado dos

53
produtos. Os subsídios funcionam como se fossem impostos indirectos
negativos pois, em vez de aumentar o preço dos produtos, os reduzem.

O Produto a Preços de Mercado se diferencia do Produto a Custo de Factores


pela importância correspondente ao valor dos Impostos Indirectos deduzidos os
subsídios:

• 2.6. Produto Líquido e Produto Bruto

O produto de um país pode ser obtido por três ópticas equivalentes:

Óptica do Produto – permite-nos conhecer o valor do produto por sector


institucional e/ou sector de actividade.

Óptica da Despesa – permite-nos conhecer os gastos efectuados pelos


diferentes sectores institucionais.

Óptica do Rendimento – permite-nos conhecer o valor atribuído como


remuneração dos factores de produção.

● Produto bruto e produto líquido

Ao longo do processo produtivo, os bens de equipamento vão-se desgastando


porque se desactualizam ou porque se deterioram. Os equipamentos
depreciados têm de ser substituídos. Para o efeito, determina-se o valor da
depreciação dos bens de equipamento, tendo em atenção vários factores,
nomeadamente o tempo de vida previsível dos bens de equipamento, o ritmo de
desenvolvimento tecnológico e o desgaste dos equipamentos. Tal valor deverá,
em cada período económico, ser retirado do valor total ou riqueza criada pelo
país, a fim de se poderem substituir ou reparar todos os bens de equipamento
depreciados. Só tal actuação permite que a capacidade produtiva do país se
mantenha de ano para ano. A este valor, que é necessário utilizar para da
capacidade produtiva, é usual dar-se o nome de amortização ou consumo de
capital fixo.

O produto é bruto quando no processo de cálculo não lhe foi deduzido o valor
das amortizações. Pelo contrário, se ao valor do produto de um país forem
deduzidas as amortizações ou consumo de capital fixo o produto diz-se líquido.

54
• 3. Identidade Básica da Macroeconomia

Seguindo a metodologia tradicionalmente adoptada na Teoria Macroeconómica,


partiremos inicialmente de algumas hipóteses simplificadoras. Primeiro,
consideraremos apenas dois agentes, empresas e famílias (a chamada
Economia a dois Setores). A seguir introduziremos as variáveis relativas do
sector público (Economia a três Sectores), para, finalmente, chegarmos ao
modelo completo, com o sector externo (Economia a quatro Sectores).

• 3.1. Economia com Dois Sectores (Famílias e Empresas)

Trata-se de uma economia em estado estacionário, em que apenas se


reproduzem ano a ano as condições de sobrevivência. Entretanto, as famílias
também poupam, e as empresas também produzem e investem em bens de
capital. Ou seja, as famílias e empresas preocupam-se também com o consumo
futuro (e não só com o consumo corrente). Com isso, o fluxo de renda pode
ampliar-se, ou diminuir, não permanecendo estacionado.

No fluxo circular básico de renda, ou no modelo de fluxo circular de renda de


dois setores, o estado de equilíbrio é definido como uma situação em que não
há tendência para os níveis de renda, gasto e produção para mudar, isto é:

Diagrama de fluxo circular de dois sectores

Isso significa que o gasto dos compradores (residências) se torna renda para os
vendedores (firmas). Em seguida, as empresas gastam essa receita em factores
de produção, como mão-de-obra, capital e matérias-primas, "transferindo" sua
renda para os proprietários dos fatores. Os proprietários dos fatores gastam essa
renda em mercadorias, o que leva a um fluxo circular de renda.

55
Este modelo básico circular de fluxo de renda consiste em seis suposições:

1. A economia consiste em dois setores: famílias e empresas.

2. Os agregados familiares gastam todo o seu rendimento em bens e


serviços ou consumo. Não há poupança.

3. Todo o produto produzido pelas empresas é comprado pelas famílias


através das suas despesas.

4. Não há sector financeiro.

5. Não há sector governamental.

6. Não há sector estrangeiro.

7. A intervenção do governo não é necessária.

Poupança é a parcela da RN não consumida no período, isto é, da renda gerada


(salários, juros, aluguéis e lucros), parte não é gasta em bens de consumo. S =
RN – C (C = Consumo agregado). Sendo S a notação internacional derivada do
inglês Saving.

O Produto Nacional é composto por dois tipos de bens: a) Bens de consumo:


consumidos como um fim em si mesmo; b) Bens de investimento: não são
consumidos, fazendo parte da produção, e têm como objectivo aumentar a
riqueza da nação, isto é, sua capacidade produtiva.

Existe duas definições de investimento são elas: a) Investimento é o gasto em


bens que representam aumento da capacidade produtiva da economia, isto é,
da capacidade de gerar rendas futuras; é também chamado de taxa de
acumulação de capital; b) Investimento é o gasto em bens produzidos, que não
foram consumidos no próprio período e que serão utilizados para consumo
futuro, ou seja: I = PN – C

• 3.2. Economia com Três Sectores (Famílias e Empresas e Governo)

Inclui o sector das famílias, sector produtivo e sector governamental. Se estuda


a renda de fluxo circular nesses sectores, excluindo o restante do mundo, ou
seja, estuda a renda da economia fechada. Aqui flui do sector das famílias e do
sector de produção para o sector governamental, sob a forma de impostos. A
renda recebida do sector público é direcionada para o sector produtivo e
domiciliar, na forma de pagamentos para compras governamentais de bens e
serviços, bem como pagamento de subsídios e transferências de pagamentos.
Cada pagamento tem um recibo em resposta a ele pelo qual a despesa agregada
de uma economia se torna idêntica à renda agregada e faz com que esse fluxo
circular se torne interminável.

Neste sector, vemos incluso o Governo (sector público) refere-se às três esferas
de governo: inclui as transações realizadas pelos respectivos tesouros.

56
Nela podemos encontrar os gastos dos ministérios, secretarias, governos
provinciais, municipais e outras; gastos das empresas públicas e sociedades de
economia mista; gastos com transferências e subsídios.

• 3.3. Economia com Quadro Sectores (Famílias e Empresas, Governo


e Sector Externo)

Uma economia monetária moderna compreende uma rede de economia de


quatro sectores:

1. Sector doméstico

2. Empresas ou sector produtivo

3. Sector governamental

4. Sector financeiro.

Cada um dos sectores acima recebe alguns pagamentos do outro em vez de


bens e serviços que fazem um fluxo regular de bens e serviços físicos. O dinheiro
facilita essa troca sem problemas. Um resíduo de cada mercado vem no
mercado de capitais como poupança, que por sua vez é investido em empresas
e no sector governamental. Tecnicamente falando, desde que o empréstimo seja
igual ao empréstimo, ou seja, o vazamento é igual às injeções, o fluxo circular
continuará indefinidamente. No entanto, esse trabalho é feito por instituições
financeiras da economia.

Inclui nas Contas Nacionais as variáveis relativas a uma economia “aberta” para
o resto do mundo, onde:

Exportações (x): são as compras dos estrangeiros de nossos bens e serviços;


ou seja, os gastos do sector externo com nossas empresas;

Importações (M): são nossas compras com bens do exterior, quando gastamos
com o resto do mundo. Parte da renda gerada no país que “vai” para fora.

Uma economia a quatro sectores refere-se a uma economia completa com três
agentes actuando entre si: famílias, empresas e o sector público. Nesse contexto,
se inserem conceitos que fazem parte do universo da economia a quatro sectores,
os agregados relacionados ao sector externo, dos quais temos: exportações,
importações, produto nacional bruto, renda líquida do exterior e o PIB.

3.4. Modelo de cinco sectores

No modelo dos cinco sectores, a economia é dividida em cinco sectores:

1. Sector doméstico

57
2. Empresas ou sector produtivo

3. Sector financeiro: bancos e intermediários não bancários que se


envolvem no empréstimo (poupança das famílias) e empréstimo de
dinheiro

4. Sector governamental: consiste nas actividades económicas dos


governos local, estadual e federal.

5. Sector externo (resto do sector mundial): transforma o modelo de


economia fechada em economia aberta.

O modelo de cinco sectores do fluxo circular de renda é uma representação mais


realista da economia. Ao contrário do modelo de dois sectores, onde existem
seis suposições.

• 4. Introdução à Economia Monetária

A economia monetária é um ramo da economia que apresenta o enquadramento


para a análise da moeda nas suas funções como um meio de troca, reserva de
valor e unidade de conta. Trata da forma como a moeda, por exemplo a moeda
fiduciária, pode obter aceitação meramente por força da sua conveniência como
um bem público. Examina o funcionamento dos sistemas monetários, incluindo
a regulamentação da moeda e respectivas instituições financeiras, assim como
aspectos internacionais. A expressão pode se referir também a um sistema
económico com a presença de dinheiro.

Os seus métodos incluem a dedução teórica e testes empíricos das implicações


da moeda como um substituto para outros activos e com base em funções
explícitas.

• 4.1. Conceito e Funções da Moeda, Oferta de Moeda

Moeda é o meio pelo qual são efectuadas as transações monetárias. É


todo activo que constitua forma imediata de solver débitos, com aceitabilidade
geral e disponibilidade imediata, e que confere ao seu titular um direito de saque
sobre o produto social.

É importante perceber que existem diferentes definições de “moeda”:

1. dinheiro que constitui as notas (geralmente em papel);

2. moeda (peça metálica);

58
3. moeda bancária ou escritural, admitidas em circulação;

4. moeda no sentido mais amplo, que significa o dinheiro em circulação, a


moeda nacional.

5. moeda como tudo aquilo que é geralmente aceito em troca por bens e
serviços.

Em geral, a moeda é emitida e controlada pelo governo de um país, como


entidade única que pode fixar e controlar seu valor. O dinheiro está associado a
transações de baixo valor; a moeda (no sentido aqui tratado), por sua vez, tem
uma definição mais abrangente, já que engloba, mesmo no seu agregado mais
líquido (M1), não só o dinheiro, mas também o valor depositado em contas
correntes.

Funções da moeda

A moeda tem diversas funções reconhecidas, que justificam o desejo de as


pessoas a reterem (demanda):

 Meio/Instrumento de troca: a moeda é o instrumento intermediário de


aceitação geral, para ser recebido em contrapartida da cessão de um bem e
entregue na aquisição de outro bem (troca indirecta em vez de troca directa).
Isto significa que a moeda serve para solver débitos e é um meio de
pagamento geral.

 Unidade de conta/Denominador comum de valores: permite contabilizar ou


exprimir numericamente os activos e os passivos, os haveres e as dívidas.

Esta função da moeda suscita a distinção entre preço absoluto e preço relativo.
O preço absoluto é a quantidade de moeda necessária para se obter uma
unidade de um bem, ou seja, é o valor expresso em moeda. O preço relativo
exige que se considere dois preços absolutos, uma vez que é definido como um
quociente. Assim, P1 e P2 designam os preços absolutos dos bens 1 e 2,
respectivamente. P1/P2 é o preço relativo do bem 1 expresso em unidades do
bem 2. Ou seja, é a quantidade de unidades do bem 2 a pagar por cada unidade
do bem 1.

 Reserva de valor: a moeda pode ser utilizada para acumulação de poder


aquisitivo, a usar no futuro. Assim, tem subjacente o pressuposto de que um
encaixe monetário pode ser utilizado no futuro. Isto porque pode não haver
sincronia entre os fluxos da despesa e das receitas, por motivos de precaução
ou de natureza psicológica. A moeda não é o único activo a desempenhar
esta função; o ouro, as ações, as obras de arte e mesmo os imóveis também
são reservas de valor. A grande diferença entre a moeda e as outras reservas
de valor está na possibilidade de mobilização imediata do poder de
compra (maior liquidez), enquanto os outros activos têm de ser transformados
em moeda antes de serem trocados por outro bem.

Sachs e Larrain (2000) observam ainda que, em períodos de alta inflação, a


moeda deixa de ser utilizada como reserva de valor, mas, em outros casos

59
(embora haja activos tão seguros quanto a moeda mas que rendem juros), ela é
preferida como reserva de valor por alguns grupos (especialmente aqueles que
realizam actividades ilegais), pois mantém o anonimato de seu dono - ao
contrário, por exemplo, dos depósitos a prazo, que podem ser facilmente
rastreados.

A moeda como um bem

O mercado de moeda funciona de maneira muito similar aos demais mercados:


um aumento na quantidade de moeda no mercado diminui seu preço, ou seja,
faz que com ela diminua seu poder de compra.

Teoria quantitativa da moeda

A moeda é a unidade representativa de valor, aceite como instrumento de troca.


É hoje parte integrante da sociedade, controla, interage e participa dela,
independentemente da cultura. O desenvolvimento e a ampliação das bases
comerciais fizeram do dinheiro uma necessidade. Sejam quais forem os meios
de troca, sempre se tenta basear em um valor qualquer para avaliar outro. Em
épocas de escassez de meio circulante, a sociedade procura formas de
contornar o problema (dinheiro de emergência), o importante é não perder o
poder de troca e compra. Podem substituir o dinheiro governamental: cupons,
passes, recibos, cheques, vales, notas comerciais entre outros.

Divisão da moeda

Muitas moedas do mundo se utilizam do sistema decimal para se dividirem. Os


Estados Unidos foram um dos primeiros a adotar essa divisão, aprovando a
proposta de Alexander Hamilton em 1792, que dividiu o dólar de ouro em cem
partes, chamadas cents. Dentre os inúmeros países que fizeram o mesmo
destacam-se a Espanha (1860), Alemanha (1873, que dividiu o marco em cem
plennigs), a Rússia (quando estabeleceu o rublo como unidade monetária em
1887), o Brasil (1942) instituiu o cruzeiro, dividido em cem partes chamada
centavos. A Inglaterra aderiu ao sistema em 15 de Fevereiro de 1971, dividindo
a libra esterlina em 100 pence (singular: penny). Antes dessa data a divisão era
uma libra esterlina equivalente a 20 shillings e o shilling se dividia em 12 pence.
Assim, uma libra esterlina equivalia a 240 pence, e Angola 1 Kwanza por 100
cêntimos.

Em termos económicos, moeda é tudo aquilo que é geralmente aceito para


liquidar as transações, isto é, para pagar pelos bens e serviços e para quitar
obrigações, ou seja, qualquer coisa pode ser moeda, desde que aceita como
forma de pagamento. Ela é considerada o instrumento básico para que se possa
operar no mercado. Pois a moeda actua como meio de troca. Quando um
indivíduo vende seu produto, ele receberá moeda pelo produto vendido e, por
conseguinte, terá moeda para comprar aquilo que desejar.

As funções da moeda e sua importância

A moeda como intermediária de trocas

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O valor de trocas é determinado pela quantidade de trabalho contido nas
mercadorias. Segundo Ricardo (1988): “nas etapas primitivas da sociedade, o
valor de troca de tais mercadorias, dependia quase exclusivamente da
quantidade corporativa de trabalho empregada em cada uma”.

É esta função, também chamada de função de circulação, “que condiciona a


própria evolução da atividade económica, facilitando e acelerando as trocas”
(Hugon, 1972).

Segundo Gastaldi (1995), a função básica como meio de troca, significa que a
compra e venda de bens e serviços operam-se com a utilização de moeda. São
comprados por moedas e vendidos em troca de moeda, mesmo sem
necessidade de transferência física de meio circulante.

Outro benefício dessa função é a eliminação dos inconvenientes da necessidade


da dupla coincidência de desejos exigida nas economias de escambo. Existem
autores que consideram este benefício o mais importante. Para Robertson
(1978), a maior vantagem da moeda é permitir ao homem, como consumidor,
generalizar sua capacidade aquisitiva e demandar da sociedade aquilo que lhe
convêm.

A moeda como medida de valor

Esta função da moeda surgiu no processo de análise da mercadoria que foi muito
bem explicado por Marx. A mercadoria possui dois valores: o valor de uso e o
valor de troca.

O valor de uso é a “utilidade” da moeda como um bem de uso próprio,


propriedade privada ou pública, sendo usada para satisfazer suas próprias
necessidades básicas. Assim, ao mesmo tempo em que podem ser utilizadas no
processo de troca, podem e possuem um valor de uso e este valor só se realiza,
no caso da moeda, através de sua utilização no mercado. Para Marx (2006), o
valor de uso possui o conteúdo material da riqueza seja qual for a forma social
dela, e é também o caminho para se chegar ao valor de troca.

O valor de troca é explicado na relação quantitativa entre valores de uso de


espécies diferentes e, à medida que são trocados, esta relação pode mudar no
tempo e no espaço. Segundo Marx (2006) qualquer mercadoria se troca por
outras em diversas proporções.

O possuidor de uma mercadoria só a troca por outra quando o valor de uso


satisfaz sua necessidade. Este processo é considerado então um processo
individual. Ao mesmo tempo, o possuidor de uma mercadoria também deseja
trocar sua mercadoria sem que a mesma possua valor de uso para o possuidor
da outra. Este processo não é mais considerado individual e sim um processo
social.

De acordo com Marx (2006), os possuidores de mercadorias só podem


estabelecer valores entre suas mercadorias ao comparar com qualquer outra
que seja uma equivalente geral. Portanto, a acção social de todas as outras
mercadorias necessita de uma para representar seu valor. Assim esta

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mercadoria, que é uma equivalente geral, torna-se dinheiro. Tal mercadoria
determina quem poderá comprar ou vender e tem tamanha força política e social
dentro da sociedade que ele compara ao símbolo da “besta” do apocalipse
bíblico e descreve essa comparação em seu livro “O Capital” em seu primeiro
volume na página 111, citando o versículo bíblico abaixo reproduzido.

Todos eles têm um mesmo, e entregarão sua força e seu poder à besta. E que
só para comprar ou vender quem tiver o sinal, a saber, o nome da besta ou o
número do seu nome” (Apocalipse, cap.13, v.15, 16,17).

Portanto, o dinheiro é criado pelo processo de troca, e serve para equiparar e


possuir os diferentes produtos do trabalho humano.

A utilização da moeda exige a criação de uma unidade-padrão de medida, onde


são convertidos os valores de todos os bens e serviços disponíveis, isto é, “o
dinheiro expressa o valor de todas as coisas e serviços, mediante a indicação da
quantidade de uma unidade monetária; e assim permite comparar entre si os
valores de todos os bens económicos” (Galves, 1996).

Essa função “constitui a própria essência da moeda; uma moeda que não
preenchesse essa função não seria uma moeda, mas uma moeda que tivesse
apenas essa função funcionária” (Hugon, 1972).

A moeda desempenha esse papel graças às suas qualidades de conservação e


de permutabilidade. Pode assim “acumular os valores adquiridos e servir de
instrumento de poupança e, nesse sentido, representa uma espécie de vale
sobre o activo social” (Hugon, 1972).

De forma mais ampla podemos dizer “que a moeda exerce a função de reserva
de valor a partir do momento em que recebemos até o instante em que a
utilizamos para consumo” (Passos e Nogami, 1999).

A moeda como padrão de pagamentos diferidos

Esta função “é a capacidade de facilitar a distribuição de pagamentos ao longo


do tempo, para a concessão de crédito ou de diferentes formas de
adiantamentos” (Rossetti, 1998). É uma função importante para o funcionamento
da economia moderna, viabilizando os fluxos de produção e renda que se
desenvolvem por etapas, exigindo que, ao longo delas, sejam antecipados
diferentes tipos de pagamentos.

O dinheiro assume aqui “sua função de viabilizar o pagamento futuro de uma


mercadoria. Funciona como forma de operacionalizar o sistema de crédito”
(Búrigo, 2001).

A moeda como instrumento de poder

Nas fases primitivas da evolução, segundo Weber (1968), o dinheiro havia de


possuir uma das qualidades mais importantes que, actualmente, se exige dele:
não a sua facilidade de transporte, mas a sua capacidade de conservação.

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A moeda pode também servir como instrumento de poder económico, político e
social. Esta função existe “à medida que se admite a moeda como um título de
crédito. Os que a detêm possuem direitos de haver sobre os bens e serviços
disponíveis no mercado” (Rossetti, 1998).

• 4.1.1. Oferta de Moeda

A oferta de moeda (em inglês, “money supply”) pode ser definida como o estoque
total de moeda na economia, geralmente o estoque de M1. Se a relação
(M1)/(PIB) for muito grande, os juros tendem a cair e os preços a subir, e se for
muito pequena a tendência é oposta. Os bancos centrais controlam a oferta de
moeda principalmente através da alteração da taxa de reservas bancárias (uma
taxa maior de reservas bancárias reduz a oferta de moeda) e da compra e venda
de títulos, mas também através do controlo da quantidade de papel moeda
emitido.

Assim como demandamos moeda ao comprar e vender mercadorias, há


também a oferta de moeda. Num sistema cuja moeda é lastreada, por
exemplo, em ouro, a circulação de moeda depende da quantidade de ouro em
estoque no país. Já em um sistema sem lastro, tem-se a moeda fiduciária, e o
responsável pelo controlo de oferta de moeda é o Banco Central.

O Banco Central é o único emissor da moeda nacional, tendo com principal


responsabilidade zelar pela quantidade de moeda nacional.

O Banco Central é o órgão que controla a oferta monetária no país e os


assuntos a ela relacionados.

São funções do Banco Central:

 Controlar a oferta de moeda (possui o monopólio);

 Zelar pelo valor da moeda nacional; e

 Regularizar e fiscalizar o sistema financeiro.

Controlo da oferta de moeda

O controlo da oferta de moeda é realizado pelo banco central de diferentes


formas, sendo a compra e venda de obrigações do tesouro nacional, num
mercado de caracter aberto (open market), a mais comum.

Quando o banco central decide reduzir a taxa de juros, a oferta de moeda deve
ser aumentada e a operação de mercado utilizada é a compra de obrigações do
tesouro nacional. Comprando esses activos dos bancos, o banco central esta,
efectivamente, a fornecer moeda à economia, logo, a taxa de juros diminui. Esta
prática denomina uma política monetária expansiva.

Logicamente, para aumentar a taxa de juros, a oferta de moeda deve ser


reduzida e a operação de mercado utilizada é a venda de obrigações do tesouro

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nacional. Vendendo esses activos aos bancos, o banco central está, na verdade,
reduzindo a quantidade de moeda na economia aumentando assim a taxa de
juros, denominando uma política monetária contracionista.

A oferta da moeda é bem conhecida também como criação monetária, que é a


“fabricação” ou produção e emissão de dinheiro novo seja em papel ou metal. A
oferta da moeda é um estoque total dela no mercado, em suma na economia. A
oferta de moeda é definida como a quantidade de moeda disponível na economia.

Teoria quantitativa da moeda: a inflação pelo excesso de oferta de moeda

Em economia, diversas teorias tentam explicar o que gera inflação. Uma delas é
a teoria quantitativa da moeda.

Também chamada de teoria clássica, a teoria quantitativa da moeda é associada


a uma vertente de economistas denominados monetaristas.

A teoria quantitativa da moeda relaciona à inflação a oferta de moeda em uma


economia. Segundo a teoria, a quantidade de moeda disponível determina o
nível dos preços em uma economia. E por sua vez, a taxa de crescimento da
quantidade de moeda determina a taxa de inflação.

Dentro dessa visão, existe um equilíbrio entre a oferta e a demanda de moeda


em uma economia em um determinado nível produtivo. Se houver uma variação
nessa oferta e demanda por moeda sem mudanças na capacidade produtiva
dessa economia haverá uma variação de preços.

Para entender como se pode ocorrer tais desequilíbrios é preciso entender o que
é a oferta e demanda de moeda.

Oferta e demanda de moeda

A moeda é ofertada em uma economia pelo Banco Central (BC), que possui o
poder de literalmente imprimir dinheiro. Mas há outros meios do Banco Central
interferir da quantidade disponível de moeda, como:

 Comprar ou vender títulos públicos


 Redesconto
 Depósito compulsório

Ao vender títulos, por exemplo, o BC está retirando moeda da economia em troca


de um título. Já ao comprar, ele está colocando mais moeda na economia,
pagando pelo título adquirido. O BC também pode aumentar ou reduzir o
compulsório dos bancos.

Em outras palavras, o Banco Central pode mudar a oferta de moeda em uma


economia com políticas monetárias. Já a demanda da moeda é a quantidade de
papel moeda, ou em conta corrente, que uma população deseja ter. Essa
quantidade possui diversas variáveis. Porém, duas seriam as mais importantes.

A primeira a taxa de juros. Se os juros forem altos, há maior incentivo para aplicar
em títulos públicos, por exemplo. E a segunda é o nível de preços em uma

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economia. Se o nível de preços for alto, será necessária uma quantidade maior
de dinheiro para realizar as compras necessárias.

Os efeitos do desequilíbrio monetário na teoria quantitativa da moeda

Tendo como hipótese que uma economia estava com a sua quantidade de
moeda em equilíbrio e o Banco Central injetou no mercado (ofereceu) mais
moeda e nada mais mudou nessa economia, aconteceria que as pessoas teriam
imediatamente mais moeda em mãos e não teriam mais incentivos para aplicar
esse dinheiro. Logo, iriam usar o dinheiro para consumir mais. No entanto, a
produção do país continuaria a mesma.

Em outras palavras, a demanda aumentou para os produtos, porém a


capacidade de produção continua a mesma. O resultado é um aumento geral de
preços. Ou seja, inflação. Que por sua vez irá demandar uma quantidade maior
de moeda para cada consumidor fazer uma transação.

O que resultará em um aumentando da demanda por moeda até essa economia


chegar a um novo equilíbrio de oferta e demanda de moeda.

Dessa forma, de acordo com a teoria quantitativa da moeda, a quantidade de


moeda disponível em uma economia determina o valor da moeda. E assim, o
crescimento da quantidade de moeda é a principal causa da inflação.

Muitos Bancos Centrais definem os aspectos monetários como:

 M1: notas e moedas em poder do público (PMPP), mais depósitos à vista


(DV);

 M2: M1 + depósitos especiais remunerados (DER), mais depósitos em


poupança (DEP), mais títulos emitidos por instituições depositárias (TID);

 M3: M2 + quotas de fundos de renda fixa à curto prazo (FRFCP);

 M4 : M3 + títulos públicos de alta liquidez.

• 4.1.2. Papel Moeda Emitida;

O papel-moeda é dinheiro ou moeda escritural oficial de um país, dessa forma


sendo emitida pela autoridade oficial - competente de uma Nação, em valor
impresso na forma de papel impresso emitido por um banco denominado como
central autorizado pelo governo e distribuído pelos demais bancos da rede oficial
de crédito nacional.

O papel-moeda tem as mesmas finalidades que a moeda metálica e a moeda


escritural representada pelo cheque e o cartão de crédito, só que tem a garantia
do governo se a nota for autêntica, com traves de segurança e dessa forma tem
o curso forçado, segundo a Constituição Federal das Nações e sendo seu meio

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de pagamento básico e número 1, o sendo denominado na econometria como
"M1".

• 4.1.3. Papel Moeda em Circulação;

Em economia, a oferta monetária (ou estoque monetário) é o valor total


dos activos monetários disponíveis em uma economia em um momento
específico. Existem várias maneiras de definir "dinheiro", mas as medidas
padrão geralmente incluem moeda em circulação e depósitos à vista (activos de
fácil acesso dos depositantes nos livros das instituições financeiras).

Dados de fornecimento de dinheiro são registados e publicados, geralmente pelo


governo ou pelo banco central do país. Analistas do sector público e privado
monitoram há muito tempo as mudanças na oferta de moeda devido à crença de
que isso afecta o nível de preços, a inflação, a taxa de câmbio e o ciclo de
negócios.

Essa relação entre dinheiro e preços está historicamente associada à teoria


quatitativa da moeda. Há fortes evidências empíricas de uma relação directa
entre o crescimento da oferta monetária e a inflação de preços a longo prazo,
pelo menos para aumentos rápidos na quantidade de dinheiro na economia. Por
exemplo, um país como o Zimbábue que viu aumentos extremamente rápidos
em sua oferta monetária, também viu aumentos extremamente rápidos nos
preços (hiperinflação). Esse é um dos motivos para a dependência da política
monetária como meio de controlar a inflação.

A natureza dessa cadeia causal é objecto de disputa. Alguns economistas


heterodoxos argumentam que a oferta monetária é endógena (determinada pelo
funcionamento da economia, não pelo banco central) e que as fontes de inflação
devem ser encontradas na estrutura distributiva da economia.

Além disso, aqueles economistas que veem o controlo do banco central sobre a
oferta de moeda como fraco, dizem que há dois elos fracos entre o crescimento
da oferta monetária e a taxa de inflação. Primeiro, no rescaldo de uma recessão,
quando muitos recursos são subutilizados, um aumento na oferta monetária
pode causar um aumento sustentado na produção real em vez da inflação. Em
segundo lugar, se a velocidade do dinheiro (ou seja, a razão entre o PIB
nominal e a oferta monetária) mudar, um aumento na oferta monetária poderia
ter ou nenhum efeito, um efeito exagerado ou um efeito imprevisível no
crescimento do PIB nominal.

A moeda em poder do público é um dos elementos que constituem a base


monetária de um país, isto é, a quantidade de moeda disponível na economia.

Base monetária é o total de papel-moeda emitido. Esse conceito abrange apenas


a moeda disponível para uso da população, isto é, a parte da oferta monetária
que tem maior liquidez.
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Conhecer a base monetária é essencial, já que aumentar ou limitar essa base é
um dos instrumentos de que o governo dispõe para produzir impactos directos
na economia do país.

Por exemplo, contrair a base monetária pode estabilizar os preços e, assim,


colaborar para manter a inflação sob controlo. Por outro lado, expandir a base
monetária é uma forma de incentivar o consumo e o crescimento da economia.

Cálculo da Moeda em Poder do Público

A moeda em poder do público é calculada considerando a moeda em circulação


e as reservas bancárias obrigatórias, isto é, o dinheiro que precisa ser mantido
no caixa dos bancos comerciais.

A moeda em circulação, por sua vez, corresponde ao total de papel-moeda


emitido menos o dinheiro que está no caixa do Banco Central.

Portanto, a fórmula para calcular a moeda em poder do público seria:

PMPP = (papel moeda emitido - moeda no caixa dos bancos comerciais) -


reservas bancárias

Nem todo dinheiro que é emitido pelo Banco Central é igual. A moeda em poder
do público, especificamente, não rende juros. Por isso, os agentes económicos
têm uma perda por não colocar esse dinheiro no banco.

Esse dinheiro também não ajuda a expandir a base monetária da economia.


Quando um valor é depositado no banco, uma parte tem que ser retida em
reservas obrigatórias, mas outra parte o banco pode usar em empréstimos. Toda
vez que o banco passa o dinheiro adiante, ele aumenta a base monetária.

Por exemplo, se se depositar $ 1.000,00, e supondo que a reserva obrigatória


seja de 10%, o banco precisa reter $ 100,00. Os outros $ 900,00 podem ser
emprestados a outra pessoa. Assim, na economia, antes existia $ 1.000,00 e,
agora, existe $ 1.900,00.

Afinal, os $ 1.000,00 não sumiram. Pode-se ir ao banco e levantar a qualquer


momento. É por isso que as reservas obrigatórias existem; para que o banco não
vá à falência quando um cliente aparecer para retirar dinheiro que foi emprestado
para outro.

É claro que esse sistema só funciona porque existe uma expectativa de que os
clientes não apareçam todos para levantar seus fundos ao mesmo tempo.

• 4.1.4. Base Monetária;

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Em economia, base monetária se refere ao volume de dinheiro criado pelo BC,
isto é, moeda (em papel ou metálica) e reservas bancárias em poder das
entidades financeiras ou depositadas no Banco Central. Trata-se de uma
definição restrita da oferta de dinheiro, que diz respeito apenas às formas mais
líquidas. A partir dessa base monetária, o sistema bancário, através dos créditos
concedidos, cria moeda escritural e, portanto, aumenta a oferta de moeda.

Oferta de moeda é sinônimo de meios de pagamento. É o estoque de moeda


disponível para uso da colectividade – sector não bancário – a qualquer
momento.

Os agregados monetários são as medidas quantitativas da oferta de moeda.


Cada país classifica seus agregados monetários, geralmente por ordem
de liquidez. No Brasil, Portugal e em Angola, consideram-se cinco agregados
monetários: M0, M1, M2, M3, M4 e M5.

 M0 = Base Monetária Restrita = moeda emitida (papel-moeda e moeda


metálica) + reservas bancárias (moeda em poder das entidades financeiras
e seus depósitos no Banco Central);

 M1 = moeda em poder do público (papel-moeda e moeda metálica) +


depósitos à vista nos bancos comerciais. M1 é o total de moeda que não
rende juros e é de liquidez imediata. Sendo que, Moeda em poder do
público é a quantidade de moeda emitida pela autoridade monetária menos
as reservas bancárias

 M2 = M1 + depósitos a prazo (depósitos para investimentos, depósitos de


poupança, fundos de aplicação financeira e de renda fixa de curto prazo) +
títulos do governo em poder do público.

 M3 = M2 + depósitos de poupança

 M4 = M3 + títulos privados (depósitos a prazo e letras de câmbio)

 M5 = M4 + capacidade aquisitiva dos cartões de crédito.

Conceitos actuais

Meios de Pagamento Restritos:

 M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista

Meios de Pagamento Ampliados:

 M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança +


títulos emitidos por instituições depositárias

 M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas


registradas (operações compromissadas lastreadas em títulos públicos);

Poupança financeira:

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 M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez

 M5 = M4 + capacidade aquisitiva dos cartões de crédito.

• 4.1.5. Reservas Bancárias.

Reservas Bancárias são depósitos dos bancos em contas no Banco Central.


Toda instituição bancária deve, por norma, ter uma fração de seus depósitos na
conta reserva do BC.

Os bancos centrais de alguns países estipulam depósitos compulsórios mínimos.


Mesmo quando não existe tal exigência, os bancos costumam manter,
voluntariamente, algumas reservas, chamadas reservas desejáveis, para fazer
frente a situações inesperadas, como uma corrida aos bancos.

As reservas desejáveis são criadas quando o banco acha que apenas os


depósitos obrigatórios não são suficientes frente ao risco que correm.

Por regra alguns governos estabelecem que os bancos mantenham uma certa
percentagem mínima de seus depósitos nas contas reserva do Banco Central.
Isso se chama depósitos obrigatórios ou compulsório. Em alguns países, como
no Reino Unido, não há essa exigência.

Esse mecanismo serve para evitar a multiplicação descontrolada do dinheiro


através do crédito concedido pelos bancos. A criação de dinheiro pelo sistema
bancário pode causar sérios problemas á economia se não for controlada.

Ao longo do dia os saldos das reservas bancárias variam devido às operações


que os bancos realizam.

Quando um banco, ao final do dia, não tem as reservas requeridas pelo governo
os bancos recorrem ao mercado interbancário tomando dinheiro emprestado dos
outros bancos. Esses empréstimos têm duração de um dia e usam títulos
públicos como alicerce.

Formadas das reservas bancárias

Antes da criação das reservas bancárias, o sistema financeiro dependia


amplamente da saúde dos bancos privados e dos sistemas de compensação
privados. Quando um pânico financeiro irrompia, a economia frequentemente
entra em profunda recessão ou depressão, em parte porque o sistema financeiro
congelava. Os bancos se recusariam a fazer pagamentos entre si, o que afetaria
o resto da economia e agravaria as crises.

Em 1907, houve um pânico especialmente ruim que exigiu um resgate privado


por parte do JP Morgan. Isso levou a uma série de reformas regulatórias que
resultaram na formação do Federal Reserve em 1913 e a consequente adoção

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do sistema de reservas federais no mundo todo. Esse sistema criou um Banco
Central descentralizado que regulamentaria e melhor manteria o sistema
bancário, estabelecendo um sistema de pagamento interbancário. Portanto, em
vez de os bancos privados liquidarem todos os pagamentos, agora se teria um
Banco Central ajudando a supervisionar e liquidar pagamentos entre os bancos.

Por exemplo, se o Banco X emprestar $100 e o Banco Central exigir uma reserva
de 10%, isso resultará no Banco Central criando um depósito de $10 para o
Banco X. Esse depósito é um activo de $10 para o Banco X e um passivo de
$10, uma vez que deve o depósito de reserva de volta ao Banco Central. Para o
Banco Central, essas reservas representam um depósito de $10 e um activo de
$10 para o empréstimo.

Reservas financeiras e políticas monetárias

As reservas também desempenham um papel importante em ajudar o Banco


Central a transacionar a política monetária. Como o Banco Central tem o
mandato de garantir pleno emprego e estabilidade de preços, eles tentarão
influenciar o sistema financeiro para optimizar essas condições. No processo,
elas alterarão as taxas de juros e a quantidade de reservas nos esforços para
estimular ou desacelerar a economia.

Actualmente, essas operações incluem o aumento da oferta da moeda no


mercado e o pagamento de juros sobre reservas excedentes. O aumento da
oferta da moeda no mercado é um processo pelo qual o Banco Central expande
seu balanço patrimonial, aumentando assim a quantidade de reservas no
sistema financeiro, a fim de influenciar as taxas de juros e as carteiras privadas.

Em tempos normais, o Banco Central influenciaria as taxas de juros, alterando a


quantidade de reservas no mercado interbancário. Os bancos tentam emprestar
suas reservas aos bancos com um déficit, maximizando assim os lucros, mas,
como esse é um sistema fechado, os bancos nunca podem se livrar de suas
reservas de maneira agregada. Isso pressiona as taxas de juros para que o
Banco Central tente controlar essa quantidade para reduzir o desejo de
emprestar.

• 4.1.6. Meios de Pagamentos;

Em sentido restrito, os meios de pagamento correspondem ao total de moeda


em poder do público e os depósitos à vista nos bancos comerciais.

Em uma economia em que a produção e a distribuição da produção são


realizadas através de um mecanismo de mercado, a comercialização das
mercadorias e dos factores de produção exige a existência de um denominador
comum entre unidades de produtos diferentes. Ao considerar as características
e funções do meios de troca do excedente de sua própria produção, pelas
mercadorias produzidas por outras pessoas, além da combinação mútua e
complementar das necessidades, chega-se ao conceito de liquidez, que é a

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velocidade e facilidade com a qual um activo pode ser convertido em valor. É a
partir da liquidez dos activos que são definidos os agregados monetários.

Ao vivermos em sociedades complexas com especialidades diferentes em


produção (e consumo) de bens e serviços - uns plantam, outros criam animais,
etc - precisamos de um marcador de valor que, por sua vez, é utilizado como
instrumento de troca que representa o respectivo valor por um determinado
produto/serviço. Esse marcador de valor é atribuído à moeda (dinheiro), que
circula entre as trocas, criando assim os meios de pagamento.

Meios de Pagamento Restritos:

M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista

Meios de Pagamento Ampliados:

M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos


emitidos por instituições depositárias;

M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas


registadas nos órgãos afins

São meios de pagamento os seguintes:

Dinheiro

Apesar de não estar na disputa do primeiro lugar, o dinheiro ainda é uma forma
de pagamento muito utilizado nas lojas físicas, principalmente, nos
estabelecimentos que vendem produtos com preço baixo. A vantagem do
empreendedor em aceitar dinheiro é de não ter que pagar taxas de transação.

Cartão

Actualmente se sabe que quem domina o mercado é o cartão, por isso, sua
aceitação como formas de pagamento.

É importante ter uma variedade de formas de meios de pagamento para dar


opções ao cliente. O cartão de débito ou crédito, é o método mais usado na hora
de realizar compras ou pagar por serviços.

Por isso, é ideal que cada negócio crie condições e aceite o cartão como forma
de pagamento, além de atender o cliente, se recebe o valor total cobrado pelo
serviço ou produto, mesmo se for uma quantia alta, é uma forma efectiva de
combate a inadimplência e possui garantia no controlo das transações.

Em lojas físicas, é importante ter uma estrutura bem instalada para conseguir
receber os pagamentos via cartão, para que não se perca nenhuma venda por
instabilidade ou outro factor.

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Mas e se a loja for online, é preciso contar com um software que integre todas
as funcionalidades, que faça a ponte entre a compra que foi realizada em seu e-
commerce com o cliente e o banco emissor. É precisa ter um gateway de
pagamento.

Cartão de crédito

O cartão de crédito é um cartão com ou sem chip, utilizado como forma de


pagamento eletrônico.

Actualmente, quase todos os estabelecimentos possuem a máquina que aceita


esse tipo de pagamento.

O titular recebe mensalmente no endereço indicado a fatura para pagamento e


pode escolher pagar o valor total, somente o mínimo ou algum valor
intermediário.

Toda conta de cartão de crédito possui um limite de compras definido pelo banco
emissor.

Cartão de débito

O cartão de débito é uma forma de pagamento eletrônica que permite a dedução


do valor de uma compra diretamente na conta. Essa conta pode ser bancária
(corrente ou poupança) ou uma conta online.

A vantagem do débito é o maior controlo dos gastos, pois as compras são


limitadas aos fundos existentes na conta.

Gateway de pagamento

Basicamente, um gateway realiza o tráfego entre os dados necessário, como


número do cartão, código de venda, nome do comprador, para que um
pagamento aconteça entre o vendedor e o cliente de forma criptografada, para
que todas as informações continuem confidenciais e seguras.

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Adquirente

As adquirentes analisam, processam e liquidam operações de cartões, sejam de


débito ou crédito. Ou seja, é um canal de comunicação seguro entre loja (física
ou e-commerce) com o banco/bandeira para validar os dados do consumidor e
aprovar a compra.

Subadquirente

As subadquirentes são intermediadoras, responsáveis pela aprovação dos


pagamentos e pela segurança das transações realizadas, sem a necessidade de
filiação a um banco ou adquirente, reduzindo processo burocráticos.

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Boleto Bancário

Sendo em muitos países o segundo meio de pagamento mais utilizado, o boleto


bancário tem a vantagem de atender qualquer pessoa, o consumidor não precisa
ter conta em banco nem cartão de crédito ou débito, além de ser uma opção
barata para quem emite. O pagamento do boleto pode ser feito em lotéricas,
caixa eletrônico, Correios ou internet banking.

Para que sua empresa emita boletos é preciso ter uma conta corrente aberta em
um banco e ter uma carteira de cobrança vinculada a esse banco. O ideal é ter
uma solução para a emissão de boletos vantajosa, assim é possível reduzir
custos e ter benefícios como o cálculo das multas automático e inserido já na
segunda via emitida, controlo financeiro e agilidade. Mais autonomia e
segurança para o negócio decolar.

Débito recorrente

O débito recorrente ou economia recorrente, é quando um produto ou serviço é


utilizado mais de uma vez, de forma contínua. Este tipo de expressão, se pensa
logo nos serviços, como TV à cabo, mensalidade de escola e academia. Mas, já
é possível comprar produtos de forma recorrente, como em clubes de assinatura
ou até mesmo em alguns e-commerces que oferecem a compra de produtos que
alguém utiliza todos os meses.

Neste tipo de operação, o limite do cartão do cliente não fica comprometido, todo
mês é descontado apenas o valor da parcela do serviço ou do produto, deixando-
o à vontade para utilizar o restante da forma que quiser.

Também nesta forma, a empresa fica sem a preocupação de cobrar o cliente


todo o mês e ainda tem uma redução na taxa de inadimplência.

74
Boleto bancário

O boleto bancário (ou apenas boleto) é um documento utilizado como


instrumento de pagamento de um produto ou serviço.

A utilização desse meio de pagamento é muito comum entre empresas sendo


que milhões em boletos de cobrança são liquidados todos os meses.

Paypal

O PayPal é um dos sistemas mundiais de pagamentos online mais conhecidos


do mundo e uma das maiores empresas da área. Ele suporta transferências de
dinheiro online e serve como uma alternativa eletrônica aos métodos
tradicionais, como cheques.

A empresa funciona como um processador de pagamento para fornecedores


online, sites de leilão e outros usuários comerciais, pelo qual cobra uma taxa.

Porém é indicado para empresas que possuem uma grande margem de lucro,
devido às altas taxas, que giram em torno de 6,40% para vendas com cartão de
crédito e/ou boleto bancário.

PagSeguro

O PagSeguro é um meio de pagamento online da UOL, o que garante grande


credibilidade a ele.

Muito seguro, é possível utilizar diversas formas de pagamento, como crédito,


débito, boleto ou até mesmo transferências dentro do próprio sistema.

A taxa para cartão de crédito ou boleto bancário é de 3,99%. A tarifa para saque
é gratuita. Umas das desvantagens é que através do boleto bancário existe uma
taxa em valor real não pela quantidade movimentada.

Pagamento pelo celular

É uma forma de pagamento feita usando apenas o telefone. Dessa forma, não
se precisa de mais nada além do celular.

O pagamento pelo celular visa facilitar as transações financeiras, além de


oferecer diversas grandes vantagens, tais como:

 Maior segurança (devido à ‘tokenização’);

 Não é necessário possuir uma conta bancária;

 Funciona offline;

 Taxas reduzidas.

75
O Code Money é um aplicativo feito para tudo e para todos. No seu smartphone,
o app funciona como um grande facilitador de transações financeiras e a
possibilidade de uma carteira digital mobile para usar em todos os locais
parceiros.

Compare os melhores meios de pagamento

Abaixo, as principais formas de pagamento que uma empresa pode oferecer aos
clientes e os seus prós e contras de cada uma.

Dinheiro em espécie

Por mais que o “dinheiro de plástico”, como é chamado o cartão de crédito e


débito, seja cada vez mais usado por ser prático que confere ao cliente, o
dinheiro em espécie ainda é um meio de pagamento muito utilizado,
especialmente em estabelecimentos que têm um tíquete médio de valor baixo.

As vantagens para o comerciante são duas: a liquidez, pois se recebe o dinheiro


no ato da venda, e a economia, pois não será cobrada taxa sobre cada
transação, ao contrário de outros meios de pagamento. Por outro lado, acumular
muito dinheiro em espécie no caixa torna o estabelecimento uma vítima em
potencial de assaltantes.

Máquina de cartão

Para quem tem uma loja física e não aceita pagamentos em cartão de crédito e
débito, certamente está deixando de conquistar uma significativa parcela do seu
público-alvo.

Em primeiro lugar, pela questão da segurança (assim como não é inteligente a


empresa ter muito dinheiro na caixa registadora, o cliente evita andar com muitas
notas na carteira), e depois porque não é prático, pois, pagando com o cartão,
não é necessário sacar dinheiro o tempo todo.

Por outro lado, há o risco de fraude, prazos demorados para receber (mais ou
menos dois dias para compras no débito e um mês para crédito à vista) e taxas
sobre cada transação, que geralmente vão de 2 a 5% do valor da venda – além
do aluguel ou compra da maquina. Mas é necessário entender, que atender às
necessidades do cliente é mais importante.

Intermediadores de pagamento no e-commerce

Caso o negócio seja totalmente virtual, é preciso investir em uma boa plataforma
de e-commerce. Para micro e pequenas empresas, há soluções prontas que
podem ser personalizadas para atender as necessidades. Muitas delas integram
o sistema de pagamentos com ferramentas de ERP e análise de fraudes.

Plataformas de comércio virtual, como Magento, oferecem já a integração com


intermediadores de pagamento, como o PayPal (empresa americana) e outras.

Assim, a vantagem é que não precisará desenvolver o próprio sistema de


pagamento, e boa parte dos usuários já conhece os serviços intermediadores –

76
portanto, a questão da segurança está resolvida. As desvantagens são as taxas
sobre cada transação e o facto de que, para ingressar no ambiente de
pagamento, o usuário acessa um site externo.

Boleto bancário

Essa é uma forma de pagamento muito comum em lojas virtuais. A partir de um


programa de computador, a empresa emite um boleto com código de barras e
numérico. O cliente pode imprimir o boleto e pagá-lo em um caixa eletrônico ou
casa lotérica, ou então pegar o código numérico e pagar pelo internet banking.

A partir do pagamento do boleto (que é identificado via conciliação bancária), a


entrega do produto é liberada e o dinheiro entra em até três dias úteis. A taxa
que um banco cobra por boleto emitido é menor do que as que envolvem uma
transação por cartão de crédito ou débito.

Transferência bancária

É uma forma de pagamento muito simples: se dá o número da conta da empresa


para o cliente, que transfere ou deposita o dinheiro e mostra o comprovante. É
livre de taxas para quem recebe o pagamento, e o dinheiro entra em poucas
horas ou, no máximo, no dia seguinte.

Como é uma solução pouco automatizada, só vale a pena se tem uma loja virtual,
não faz muitas transações por dia e oferece produtos sob encomenda ou
exclusivos, com alto valor agregado – o que mantém o interesse do público
independentemente da forma de pagamento.

Uma opção parecida é o débito online, ou Transferência Eletrônica de Fundos


(TEF). É uma solução que alguns bancos oferecem, na qual o usuário vai para
uma página de conexão segura, digita seus dados bancários e faz a
transferência. Há uma pequena taxa para a empresas, que não são elevadas.

• 4.1.7. Agregados Monetários.

Agregados monetários são categorias amplas usadas para definir e medir a base
monetária e outros activos de alta liquidez de uma economia. A base monetária,
por sua vez, é formada pelo papel-moeda e meios de pagamento que podem ser
facilmente transformados em papel-moeda. O agregado monetário mais líquido
de todos que está em circulação na economia é a moeda.

Em economia, base monetária se refere ao volume de dinheiro criado


pelo Banco Central, isto é, moeda (em papel ou metálica) e reservas
bancárias em poder das entidades financeiras ou depositadas no Banco Central.
Trata-se de uma definição restrita da oferta de dinheiro, que diz respeito apenas
às formas mais líquidas. A partir dessa base monetária, o sistema bancário,
através dos créditos concedidos, cria moeda escritural e, portanto, aumenta a
oferta de moeda.

77
Categorias de agregados monetários

Cada país possui a sua própria definição do que entra em cada categoria, mas no geral,
os agregados monetários tendem a ser ordenados em função da sua liquidez. Muitos
dos Bancos Centrais dos países da CPLP consideram cinco agregados
monetários: M0, M1, M2, M3, M4 e M5.

 M0 = Base Monetária Restrita = moeda emitida (papel-moeda e moeda


metálica) + reservas bancárias (moeda em poder das entidades financeiras
e seus depósitos no Banco Central);

 M1 = moeda em poder do público (papel-moeda e moeda metálica) +


depósitos à vista nos bancos comerciais. M1 é o total de moeda que não
rende juros e é de liquidez imediata. Ela é formada pelos activos de alta
liquidez, que podem ser usados como meio de pagamento, e também pelos
depósitos bancários de liquidez imediata, que não sofrem remuneração;

Sendo que:

Moeda em poder do público é a quantidade de moeda emitida pela autoridade


monetária menos as reservas bancárias.

 M2 = M1 + depósitos a prazo (depósitos para investimentos, depósitos de


poupança, fundos de aplicação financeira e de renda fixa de curto prazo) +
títulos do governo em poder do público. Essa categoria compreende todo o
M1 mais os depósitos a prazo remunerados, que são depositados nos
bancos.

 M3 = M2 + depósitos de poupança. Compreende todo o M2 somando ainda


as captações realizadas por fundos de renda fixa de alta liquidez.

 M4 = M3 + títulos privados (depósitos a prazo e letras de câmbio).


Compreende todo o M3 e acrescenta ainda os títulos públicos, como os que
são negociados no tesouro.

 M5 = M4 + capacidade aquisitiva dos cartões de crédito.

A divisão dos agregados monetários dessa maneira permite ao Banco Central e


economistas uma ideia melhor da liquidez e do suprimento de moeda em uma
economia. Enquanto o M1 é amplamente aceito na economia e pode ser usado
na compra de bens e serviços, outros agregados monetários, apesar de não
serem usados como moeda, podem ser facilmente transformados em papel-
moeda devido a sua alta liquidez. Adicionalmente, os agregados monetários de
menor liquidez recebem remuneração, diferentemente do M1.

A importância dos agregados monetários

Estudar os agregados monetários pode gerar informações substanciais sobre a


estabilidade e a saúde financeira de um país. Por exemplo, se os agregados
financeiros de uma economia crescem de maneira muito acelerada, pode haver
o risco de uma inflação.

78
Em um país, se existe mais dinheiro em circulação em uma economia do que
produtos para serem negociados, a tendência é que haja um aumento dos
preços desses produtos. Essa inflação, se for alta demais, pode fazer com que
o Banco Central aumente as suas taxas de juros como forma de controlar o
crescimento acelerado do suprimento de moeda da economia.

Por décadas, os agregados monetários eram essenciais no entendimento da


economia de um país, sendo cruciais na determinação das políticas monetárias
dos bancos centrais. Nos últimos anos, no entanto, uma série de políticas
monetárias heterodoxas, com a queda das taxas de juros de países
desenvolvidos para níveis abaixo de 0%, a correlação entre a base monetária e
indicadores económicos relevantes como a inflação, PIB e desemprego diminuiu.
Ainda assim, o monitoramento dos agregados monetários é amplamente
utilizado tanto pelo Banco Central quanto por economistas que analisam o
cenário macroeconómico.

O conceito de agregados monetários é bastante utilizado no mercado de capitais


e ele compreende a moeda e outros activos financeiros de alta liquidez, que
podem ser facilmente convertidos em dinheiro. Eles são monitorados e
controlados pelo Banco Central e são muito utilizados para medir o nível de
preços de uma economia como um todo.

Tipo M0 M1 M2 M3 M4 M5
Moeda em poder do público (papel-moeda e
moeda metálica em circulação e em poder de ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
outros que não bancos e o Banco Central)
Moeda física em poder dos bancos (papel-

moeda e moeda metálica)
Moeda em pertencente aos bancos porém
existindo como credito dos bancos no Banco
Central (ou seja reservas compulsórias ou ✓
voluntárias pertencentes aos bancos, mas não
fisicamente presentes nos mesmos)
Depósitos à vista ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Depósitos especiais remunerados + depósitos
de poupança + títulos emitidos por instituições ✓ ✓ ✓ ✓
depositárias
Quotas de fundos de renda fixa + operações
✓ ✓ ✓
compromissadas registadas
Títulos públicos de alta liquidez ✓ ✓
Capacidade aquisitiva dos cartões de crédito ✓

79
Agregados Monetários e Política Monetária

Nas décadas de 1970 e 1980, muitos países começaram a utilizar os agregados


monetários como meio apropriada de aplicação da política monetária. Foram
várias as razões para a adopção dos agregados monetários:

 Em primeiro lugar, porque os agregados monetários estão sob o controlo


directo das autoridades monetárias. De facto, ao modificar a base
monetária as autoridades podem neutralizar os efeitos de mudanças
inesperadas de comportamento dos agentes económicos, para conseguir
o valor nominal desejado do agregado monetário.

 Em segundo lugar, porque existe uma grande quantidade de dados


empíricos que sugerem a existência de uma procura estável dos
agregados monetários e, portanto, de relações previsíveis entre os
agregados monetários e o rendimento nominal da economia.

 Em terceiro lugar, hipóteses como a das ‘expectativas racionais’,


colocaram em dúvida o mérito da estratégia anterior das autoridades
monetárias – se as expectativas são ‘racionais’, no sentido em que se
baseavam nas melhores teorias e informações existentes, os esforços
das autoridades monetárias para mudar essas expectativas estavam
fadados ao fracasso. Consequentemente, as autoridades monetárias de
muitos países industrializados, em lugar de se empenharem em modificar
as expectativas, começaram a anunciar os valores que pretendiam para
os agregados monetários, resumindo assim, adequadamente, sua
política. O principal objectivo era facilitar o processo de decisão e
aumentar a confiança do sector privado, já que esta política reduzia a
possibilidade de decisões erradas baseadas em expectativas incorretas.

Contudo, nas últimas décadas, as circunstâncias obrigaram vários países


industrializados a modificar suas metas intermediárias de política monetária. Os
Estados Unidos abandonaram sua meta de M1 em 1987, o Canadá suspendeu
a adoção de metas monetárias em 1981 e a Alemanha substituiu sua meta
anterior por um novo M3, que inclui moeda em circulação, depósitos à vista,
depósitos a prazo de menos de 4 anos e depósito de poupança institucional. Os
principais motivos destas modificações foram as inovações baseadas em
avanços técnicos e as novas normas regulamentares, que eliminariam algumas
das vantagens de se ter uma meta anunciada de um agregado monetário como
objectivo da política monetária. Em especial, o progresso tecnológico nas áreas
de comunicação e registo de transações diminuíram o custo das transações
financeiras. Esta redução dos custos das transações incentivou a criação de
novos instrumentos financeiros e o aparecimento de novos intermediários
financeiros. Isto, por sua vez, levou à desregulamentação dos intermediários e
ao fortalecimento da concorrência, à inovação e ao aumento da eficiência dos
mercados financeiros.

80
• 4.2. Demanda por Moeda, Taxas de Juros, Política Monetária

4.2.1. Demanda por Moeda

A definição de demanda por moeda é similar à definição de demanda por


qualquer outro bem. Ela pode ser definida como a quantidade de riqueza que os
agentes decidem manter na forma de moeda. A maioria dos livros-texto refere-
se à demanda por moeda como uma demanda por encaixes reais. Isso quer
dizer que os indivíduos retêm moeda por aquilo que irão comprar em bens e
serviços, isto é, os agentes económicos estão interessados no poder aquisitivo
dos encaixes monetários que possuem.

Também é praticamente consenso entre os economistas que a demanda por


moeda é determinada basicamente pela taxa de juros (quanto maior a taxa,
menor o incentivo para reter moeda), pelo nível de preços (que afetaria somente
a demanda nominal por moeda ), pelo custo real das transações (se fosse
possível transformar, imediatamente e sem custos, os fundos em dinheiro, não
seria preciso manter dinheiro, já que seria possível realizar transações com a
transformação do activo rentável em moeda ocorrendo somente no exacto
momento em que ela se mostrasse necessária, o que permitiria que o activo
ficasse mais tempo rendendo), e pela renda. É importante observar que
demanda por moeda não é igual à demanda por dinheiro. A demanda por moeda
M1 pode aumentar e a demanda por dinheiro diminuir, se as transações forem
efectuadas directamente entre contas bancárias, sem necessidade de o usuário
sacar papel moeda.

A demanda por moeda consiste na procura total por dinheiro para dois diferentes
usos:

 Moeda como activo.

 Moeda para transações.

A procura por moeda como um activo decresce com o aumento da taxa de juros.
Isso acontece porque quanto maior a taxa de juros, maior é o custo de
oportunidade de ter dinheiro líquido em mãos, já que o mesmo poderia estar
depositado em alguma instituição financeira ou investido em obrigações do
tesouro onde o rendimento dos juros estimularia o indivíduo a investi-lo.

A procura por moeda para transações como compra e venda de produtos e


serviços é completamente independente da taxa de juros. A oferta de moeda
também é ou não independente da taxa de juros e é controlada pelo banco
central.

A moeda está presente em todos os fluxos mediante os quais as actividades de


produção, consumo e acumulação (ou formação de capital) se manifestam e se
efectivam.

81
Enquanto unidade de conta, a moeda expressa a relação de troca das
mercadorias, ou seja, funciona como um medidor, um parâmetro. Assim, o preço
de uma mercadoria é a expressão monetária do valor de troca de um bem.

Enquanto meio de troca, a moeda começa a afectar o sistema económico. Para


realizar as trocas, para poder comprar, os indivíduos devem ter moeda. Neste
sentido, porém, os indivíduos não demandariam, não reteriam moeda por ela
mesma, mas pelos bens que ela pode adquirir. Esta é chamada de demanda de
moeda por motivo transacional.

A velocidade de circulação

Velocidade de circulação da moeda: número de transações liquida com a mesma


unidade monetária, ou seja, é o número de "giros" que a moeda dá, gerando
renda, num dado período. Sendo velocidade de circulação e o produto
constantes a curto prazo, qualquer elevação na quantidade de moeda
significativa assim elevação nos preços, isto é, quanto maior a quantidade de
moeda na economia maior será o nível de preços.

A demanda de moeda para transações depende do padrão de gastos dos


indivíduos e estes do nível de renda. Assim, quanto maior a renda, maior será a
demanda de moeda para transações. Quando consideramos a moeda como
reserva de valor, temos novos motivos para demandar moeda. Um primeiro
motivo a ser considerado é a motiva precaução. Os indivíduos têm incerteza
em relação ao futuro e guardam moeda para precaver-se dos infortúnios. Assim,
a posse de moeda dá a seu detentor maior segurança diante das incertezas do
futuro, pois tem liquidez absoluta. Este motivo é importante em momentos (ou
países) com baixa inflação. O total de moeda que o individuo pode guardar para
precaver-se do futuro está directamente relacionado com sua renda.

Um terceiro motivo para demandar moeda é o motivo especulação. O


indivíduo guarda moeda para esperar o melhor momento para adquirir títulos que
permitam rendimento. Imagine o caso de um titulo de longo prazo com um
rendimento anual fixo em reais (o que é chamado de perpetuidade).

Suponha que na economia só existam estes dois ativo, a moeda e a


perpetuidade, e que o estoque de riqueza seja fixo. Um aumento na taxa de juros
significa a queda no preço dos títulos; logo, aumentará a demanda por estes.
Como o estoque de riqueza é fixo, diminuirá a demanda por moeda; já uma
queda na taxa de juros desembocará em movimento contrário. Percebe-se,
portanto, que neste caso a demanda de moeda é inversamente relacionada à
taxa de juros. A inflação corresponde à perca de poder aquisitivo da moeda, ou
seja, um imposto que se paga pela retenção da moeda.

A demanda por moeda depende tanto da renda (motivos transação e


precaução) como da taxa de juros nominal (motivo especulação). É
directamente relacionada com a renda e inversamente relacionada com a taxa
de juros.

82
A demanda por moeda depende tanto da renda como da taxa de juros nominal.
Quanto maior (menor) for a renda maior (menor) será a demanda por moeda.
Quanto menor (maior) será a demanda por moeda.

Teoria Quantitativa da Moeda

A Teoria Quantitativa da Moeda tenta explicar por quais razões as pessoas


demandam por moeda.

 Motivo Transacional: (Clássico), para meio de pagamento directo, exemplo:


contas a pagar, consumos de bens e serviços anteriormente planeados.

 Motivo Precaucional: (Clássico), para meio de pagamento referente a


algum imprevisto de escassez.

 Motivo Especulativo: (Keynes), Keynes aceita os dois motivos clássicos e


acrescenta o motivo especulativo, que se traduz pela demanda por moeda a
fim especulativo.

Fórmula:

M.V=P.Y

onde; M=Volume de meio de pagamento (a quantidade de moeda DVBC e


PMPP) Y=Nível de Produção P= Nível de Preço (Inflação/deflação/estabilização)
V=Velocidade de circulação da moeda (velocidade-renda da moeda)

Esta teoria, desenvolvida pelos economistas chamados "monetaristas", mostra


uma relação directa entre volume de moeda em circulação e PIB nominal (lado
direito da equação), considerando-se a velocidade do dinheiro constante.
Teoricamente, um aumento na quantidade de moeda implica um aumento
proporcional no Produto Interno Bruto nominal.

Porém, muitos economistas argumentam que o aumento no PIB nominal se deve


unicamente à mudança no nível de preço, já que o nível de produção de um país em
um determinado período de tempo depende exclusivamente da produtividade do país
que é uma função da tecnologia empregada. Neste caso, o PIB real se mantém
constante apesar de um aumento no PIB nominal. Em outras palavras, a actividade
económica do país não progrediu, não houve geração de novos empregos e,
consequentemente, a inflação acelerou afectando o poder de compra da população.

4.2.2. Taxas de Juros (Juros de moura incluir)

Juro é a remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro (ou outro item). É


expresso como um percentual sobre o valor emprestado (taxa de juro) e pode
ser calculado de duas formas: juros simples ou juros compostos.

O juro pode ser compreendido como uma espécie de "aluguel" de dinheiro. A


taxa é uma compensação paga pelo tomador do empréstimo para ter o direito de
usar o dinheiro até o dia do pagamento. O credor, por outro lado, recebe uma

83
compensação por não poder usar esse dinheiro até o dia do pagamento e por
correr o risco de não receber o dinheiro de volta (risco de inadimplência).

Taxas de juro

A taxa de juros é a relação entre o valor emprestado e o valor recebido por


quem emprestou aquele dinheiro. Esse valor recebido é composto pelo valor
emprestado acrescido de um “bônus”, chamado de juros.

Não há dinheiro gratuito. Se pedir dinheiro emprestado, quem o empresta irá


pedir-lhe de volta um pouco mais do que o que lhe emprestou. O pouco mais é
a taxa de juro, calculada como uma percentagem do montante original.

Da mesma forma, se entregar o seu dinheiro a um prestador de serviços de


poupança ou investimento, também pode esperar receber de volta uma taxa de
juro.

A taxa de juros pode ser entendida da seguinte forma, segundo o BC:

Taxa de juros = [Juros / capital] x 100

Por juros, aplica-se a fórmula:

Juros = M (Montante emprestado acrescido de juros) – C (Capital originalmente


emprestado)

Em muitos mercados, os clientes duma instituição financeira que possuem uma


relação mais longa com a empresa e sem atrasos nas operações anteriores,
costumam conseguir empréstimos com taxas mais baixas.

Há diferentes tipos de taxa de juro. A taxa base é aquela a que os bancos podem
pedir dinheiro emprestado ao banco central. Os bancos comerciais são assim
influenciados, mas podem determinar as suas próprias taxas de juro para
aforradores e para emprestar.

A taxa de juro simples, ou nominal, está baseada no montante original que é


emprestado ou poupado.

Juro simples = capital inicial x taxa de juro anual x anos

Por exemplo, se lhe foi emprestado um capital de 1.000 a uma taxa de juro anual
simples de 7% durante 2 anos, ganharia $ 140 de juro no total, ou $ 70 por ano.

Com uma taxa de juro composta, o juro é calculado a cada ano como uma
percentagem sobre o capital mais qualquer juro acumulado.

Juro composto = (capital + juro acrescido) x taxa de juro anual

84
Assim, no exemplo acima, mas com uma taxa de juro composta, ganharia $ 70
de juro no primeiro ano e depois $ 79,80 no segundo ano, porque estaria também
a ganhar juros sobre os $ 70 de juros que recebeu no primeiro ano.

Taxa básica de juros

A taxa básica de juros de um país corresponde à remuneração que o tesouro


nacional paga aos seus credores, funcionando como taxa de referência para
todos os contratos de crédito dessa economia, que tem como finalidade a
manutenção do nível das reservas bancárias depositadas no banco central.

Ao reduzir a taxa básica de juros da economia, as empresas tendem a preferir


investir os recursos em aumento de produção, contratação de pessoal, pesquisa
etc porque o retorno do investimento pode ser maior do que o que é pago pelo
governo e/ou porque tomar empréstimos fica mais barato. Ao mesmo tempo, as
famílias também conseguem crédito mais barato para consumir através de
parcelamento mais barato. Esse efeito causa aumento da actividade económica,
riqueza e emprego do país através do aumenta da demanda e oferta de produtos
e serviços. Por outro lado, também causa, como efeito colateral, o aumento de
preços, ou inflação.

Ao aumentar a taxa de juros, os consumidores tendem a diminuir o consumo


devido ao alto preço dos empréstimos e as empresas tendem a emprestar para
o governo, ao invés de financiarem suas operações. Nesse caso, o efeito
colateral é a queda (ou manutenção) dos preços.

Taxa preferencial de juros

A taxa preferencial de juros (em inglês, prime rate) é a taxa de juros bancária
cobrada dos clientes preferenciais, isto é, aqueles que têm as melhores
avaliações de crédito. É determinada pelas condições de mercado (custos
bancários, expectativas inflacionárias, remuneração de outros activos, etc.). Em
geral, a taxa preferencial de juros adoptada por grandes bancos tende a ser a
referência para todo o sector bancário e normalmente será a menor taxa do
mercado. Geralmente a taxa preferencial supera em alguns pontos a taxa básica.

Juros simples

No regime dos juros simples, a taxa de juros é aplicada sobre o valor inicial de
forma linear em todos os períodos, ou seja, não considera que o valor sobre o
qual incidem juros muda ao longo do tempo.

Juros compostos

No regime de juros compostos, os juros corrigíveis de cada período são somados


ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Nesse caso, o
valor da dívida é sempre corrigida e a taxa de juros é calculada sobre esse novo
valor. A fórmula de juros compostos pode ser escrita da seguinte maneira:

Taxa de juros continuamente composta

85
O regime de juros compostos também pode ser expresso através da taxa de
juros continuamente composta. Apesar de ter o mesmo funcionamento do
regime de juros compostos, a taxa de juros continuamente composta apresenta
uma fórmula de cálculo diferente.

Diferente da taxa de juros composta, a taxa de juros continuamente composta


pode ser somada. Por exemplo, se a taxa de juros continuamente composta de
janeiro é 3% e a de fevereiro é 4%, a taxa desse bimestre é 7% (esse cálculo
não pode ser feito com taxas que não são continuamente compostas). Devido a
essa propriedade, elas podem ser usadas para facilitar a interpretação e o
tratamento de bases de dados.

Apesar dessas vantagens, o uso da taxa continuamente composta está


concentrado na área acadêmica e no mercado de capitais. Devido à dificuldade
de interpretação e cálculo, essa forma de cálculo não é usada para divulgar taxa
de empréstimos bancários nem tabelas de rentabilidade de investimentos para
o público geral.

Juros nominais

Os juros nominais envolvem as correções monetárias sobre o valor em questão.


Boa parte dos financiamentos é calculada levando em conta esse tipo de juros,
porque ele considera a inflação do momento.

Juros reais

Funcionam de maneira contrária aos nominais — não incluem correção


monetária e inflação em seu cálculo. Consequentemente, se a inflação em um
período for igual a zero, tanto os juros nominais quanto os juros reais terão o
mesmo valor.

Juros rotativos

Nada mais é do que uma cobrança por atraso no pagamento da fatura do cartão
de crédito ou de um financiamento.

Juros sobre capital próprio

Esse tipo de juros é calculado com base no lucro obtido por uma empresa.
Geralmente, empresas distribuem pelo menos parte desse valor a seus
acionistas.

Taxa fixa e taxa variável

Taxa fixa e variável são termos muito usados em financiamentos habitacionais,


mas também têm muito a ver com outras áreas.

86
Taxa variável

Em negociações feitas com taxas variáveis, os juros cobrados podem variar ao


longo do tempo. Com esse tipo de taxa, é praticamente impossível saber
exactamente os rumos que os juros vão tomar. É uma incerteza, que pode trazer
resultados bons ou ruins, dependendo das variações ocorridas.

Podemos dizer que os investimentos classificados como pós-fixados têm um


funcionamento muito semelhante ao dessas taxas. Por exemplo, se a taxa cai, a
rentabilidade também cai.

Taxa fixa

Como o próprio nome sugere, a taxa fixa é o oposto da taxa variável. No


momento de investir ou fazer um empréstimo, já se sabe quais serão os juros
aplicados. Ou seja, não existem surpresas negativas ou positivas — nesta se
pode prever tudo e se planear. No universo das aplicações financeiras, elas
funcionam no estilo prefixado pois você consegue saber com precisão qual será
a rentabilidade.

Portanto, por mais que o mercado e economia sofram grandes alterações, as


taxas fixas são mantidas durante todo o período contratado. É uma opção mais
indicada para quem prefere não correr riscos.

No entanto, é importante ter atenção as variações das taxas nos mercados


actualmente, pois acontecimentos podem atrapalhar o rendimento conquistado
com a taxa fixa. Por exemplo, se a inflação sobe muito, o dinheiro aplicado em
uma taxa fixa tem grandes possibilidades de valer menos quando for resgatado.

Juros de mora

Juros de mora (também chamado de juros moratórios) é uma modalidade


de juros que visa ressarcir o credor diante de um atraso no pagamento de uma
dívida. Exprimidos em um percentual fixo, eles incidem sobre qualquer tipo de
débito.

Juros de mora ou moratória reincidem sobre o valor de acordo com o período de


atraso. Ou seja, quem não paga o combinado dentro do prazo deve arcar com
essa indenização adicional.

Embora sejam cobrados em taxas mensais (1% a.m.), graças ao pro rata, cada
dia de atraso apresenta uma taxa proporcional. Ou seja, mesmo que a
inadimplência não perdure por um mês inteiro, o devedor ainda será responsável
por pagar pelo período correspondente.

O surgimento do juros de mora se justifica justamente na necessidade de se


ressarcir o credor pelo período em que o montante não esteve disponível (além
dos juros cobrados pelo próprio investimento).

87
Além disso, acredita-se que o estabelecimento dos juros de mora iniba o
comportamento inadimplente. Isso porque, teoricamente, o devedor se torna
receoso de ver a sua dívida entrar em números exorbitantes conforme o tempo
passa.

Funcionamento dos juros de mora

Já alguém parou para pensar no porquê dos empréstimos existirem? Afinal de


contas, sair distribuindo dinheiro a torto e a direito não parece uma atitude muito
inteligente.

Para o credor, mais do que representar algo como o Papai Noel dos devedores,
ele é um investidor. Ao emprestar uma quantia, ele espera que um valor retorne
acrescido, maior do que o inicial. Dessa forma, ele pode auferir lucro na
operação.

Os juros são justamente os responsáveis por esse crescimento no patrimônio do


credor.

No entanto, isso só é possível na data de resgate, quando o devedor lhe paga o


correspondente ao valor emprestado e aos juros. Isso porque não se pode
usufruir de um dinheiro que não se tem - e até que o pagamento seja feito, essa
é a realidade do credor.

Quanto mais o tempo passa entre a data combinada de resgate e o pagamento,


maior é o prejuízo. Nesse período, ele deixa de utilizar aquele dinheiro, em
compras ou aplicando em outros investimentos.

Cientes desse dano é que os juros de mora são cobrados. Eles são uma espécie
de compensação por esse dano temporário ao credor.

Cálculo dos juros de mora

Os juros de mora são calculados com base na taxa de juros estabelecida entre
o credor (aqui nesse caso, o banco) e devedor.

Por exemplo: suponhamos que a taxa de juros de mora seja de 1% ao mês, em


um investimento de 20 mil.

Assim sendo, caso se passe um mês inteiro sem que o empréstimo seja quitado,
a dívida chegará a:

 1% de 20 mil = 200;

 Dívida: 20200.

No entanto, caso o atraso seja de apenas de 15 dias, será considerado o


seguinte:

 200/30 dias = 6,66 ao dia.

88
 15 dias de atraso = 100 de juros de mora.

 Dívida = 20100.

Por fim, se ao invés de um único pagamento fosse acordado o parcelamento da


dívida em 10 vezes de 2 mil e o atraso correspondesse apenas à primeira
parcela, teríamos:

 1% de 2 mil = 20.

 Dívida = 2020.

Diferença entre juros de mora e multa de mora

Além da cobrança de juros por cada período de atraso, o devedor inadimplente


pode ainda ser obrigado a pagar um ressarcimento extra ao credor: a multa de
mora.

Devendo obrigatoriamente estar previsto no contrato do empréstimo, não pode


ser superior a 2% do valor da dívida.

A previsão de multa de mora em nada altera a cobrança de juros de mora. O que


acontece é que ela é um valor cobrado automaticamente em relação ao atraso
e não varia conforme o tempo passa.

Por exemplo: ainda seguindo o caso anterior, suponhamos que tenha havido um
atraso de um mês no pagamento do empréstimo, que prevê multa de 2% sobre
o valor da mesma.

 2% de 20 mil = 400 (multa);

 1% de 20 mil = 200 (juros);

 Dívida = 20600.

Taxas de juro de mora comerciais

Os juros de mora a pagar por atrasos em transações comerciais são conhecidos


numa base semestral. As transações efectuadas com consumidores não estão
sujeitas a juros de mora comercial.

Para calcular os juros de mora comerciais, é necessário conhecer os seguintes


elementos:

 Montante em dívida;

 Taxa aplicável;

 Dias em situação de incumprimento.

Calcular os juros de mora comerciais é relativamente simples, apenas é


necessário saber o valor em dívida, a taxa em vigor e os dias de

89
incumprimento. Aplica-se a fórmula de cálculo utilizando os dados mencionados
anteriormente:

(Valor em dívida x taxa de juros de mora) / (365 x número de dias em atraso)

4.2.3. Política Monetária

A política monetária representa o conjunto de medidas que são tomadas por


autoridades do ramo econômico (Bancos Centrais e demais instituições
subsidiárias) para interferir na circulação da moeda e na relação oferta e
demanda do mercado financeiro.

É a actuação de autoridades monetárias sobre a quantidade de moeda em


circulação, de crédito e das taxas de juros controlando a liquidez global do
sistema económico.

Entre as principais medidas adoptadas na política monetária pode-se citar o


recolhimento compulsório (um depósito obrigatório que os bancos comuns
devem realizar, conforme a conveniência do BC) e a alteração da taxa básica de
juros.

Em todos os casos, ela é usada como ferramenta de controlo económico, de


modo que possibilita a influência governamental sobre as dinâmicas de consumo
e o desempenho financeiro do país.

Para tanto, são necessárias adaptações nas estratégias aplicadas, de modo a


alcançar o resultado desejado naquele contexto. Isso explica, então, a existência
de dois tipos diferentes de política monetária: a expansionista e a contracionista.

Actuando em conjunto com a política fiscal e cambial, a política monetária


compõe ainda a estrutura principal das políticas financeiras de um país.

Funcionamento da política monetária

Para a adoção de políticas monetárias, as instituições com poder para actuar na


administração da economia nacional adoptam alguns mecanismos de influência.

Elas compreendem o efeito que a alteração dos juros ou da taxa de redesconto,


por exemplo, provocam sobre variáveis como a inflação.

Embora alguns leigos encontrem dificuldade para, já no primeiro momento,


identificar como essa dinâmica se concretiza (o que a taxa de juros tem a ver
com a inflação, oras?), após entendê-la ela se torna extremamente intuitiva.

Tem-se algumas das principais ferramentas utilizadas hoje em dia nas políticas
monetárias:

90
A alteração da taxa básica de juros

É a medida mais conhecida! Isso porque sempre que o Banco Central decide
ajustá-la, há um grande efeito sobre os investimentos, a actividade bancária e o
consumo do cidadão médio.

Quando a taxa básica é elevada, as taxas cobradas pelos bancos também se


elevam.

Dessa forma, o acesso ao crédito se torna mais difícil e, com menos dinheiro
disponível para gastar, as famílias acabam por comprar menos.

Seguindo a lei da oferta e da demanda, conforme a demanda cai, os preços (e,


portanto, a inflação) também caem.

Já quando o contrário acontece e a taxa básica é reduzida, é mais fácil conseguir


empréstimos no país, visto que os juros bancários tendem a diminuir também.

Com mais dinheiro à disposição, as famílias gastam mais, assim como as


empresas viabilizam um volume maior de investimentos.

A lei da oferta e da demanda passa a privilegiar o primeiro o demandante e a


inflação, em uma economia acelerada, tende a subir.

Parece fácil, na prática, nem sempre é simples assim controlar o comportamento


económico, devido a todas as variáveis (sociais, políticas etc.) que podem
impactar o mercado financeiro.

Depósito/Recolhimento compulsório

O depósito (ou recolhimento) compulsório se caracteriza como uma taxa


percentual cobrada dos bancos em transações relacionadas aos produtos
bancários.

O percentual é definido pelo próprio Banco Central, de acordo com a


conveniência.

Em suma, o depósito compulsório é visto pelo BC como uma forma de restringir


a moeda em circulação, retirando-a directamente de quem a fornece ao
mercado: os bancos comerciais. Suprime-se, então, o multiplicador bancário.

Taxa de Redesconto

A taxa de redesconto é conhecida como a taxa de juros usada pelo Banco


Central nos empréstimos feitos aos bancos comerciais.

Essa linha de crédito é tomada pelos bancos como forma de restabelecer o


capital em caixa. É uma medida de controlo monetário.

91
Afinal, quanto maiores forem as taxas pagas pelos bancos, maiores são as
dificuldades impostas por esses ao emprestar dinheiro para os cidadãos comuns
e para as empresas, diminuindo assim a moeda em circulação.

Por outro lado, quanto menores as taxas, mais “barato” o dinheiro se torna para
o consumidor, propiciando um aumento do dinheiro disponível na economia.

Tipos de política monetária existentes

A política monetária pode acontecer com dois objectivos distintos: o


expansionista e contracionista.

Política monetária expansionista

Na política monetária expansionista, o Banco Central aumenta a oferta de moeda


ao país e diminui as taxas de juros com o objectivo de crescer a economia e
expandir o consumo.

Quando isso é feito, a demanda por bens e serviços aumentam e com as taxas
de juros mais baixas, as empresas contraem mais empréstimos para atender a
procura. Se a oferta não é toda atendida, ocorre um aumento dos preços, ou
seja, aumento da inflação.

A política expansionista tem como vantagem a expansão da economia, porém,


a desvantagem de manter o país sujeito à inflação.

Política monetária contracionista

A política monetária contracionista é realizada quando acontece o inverso, ou


seja, a diminuição do PIB e do consumo dentro de uma economia.

O Banco Central aumenta a taxa de juros, reduzindo a moeda dentro do fluxo


económico e, com isso, a redução da inflação devido a diminuição da demanda.

Política fiscal e política cambial

A política monetária em conjunto com as políticas fiscal e cambial são formadas


dentro do conjunto de políticas económicas de um país, na qual podem ser
adoptados métodos ou metas como:

Metas de inflação: relacionadas às políticas monetárias e o controlo das taxas


de juros;

Câmbio flutuante: política cambial que mantém as taxas de câmbio livres no


mercado;

Meta fiscal: metas da política fiscal para manter a dívida pública sob controlo.

92
Política monetária do Banco Central Europeu (exemplo)

O Banco Central Europeu (BCE) tem como principal objectivo controlar o


aumento anual do índice harmonizado de preços no consumidor dentro da zona
euro, inferior a, mas próximo de, 2%, a médio prazo.

Estratégia política monetária

O BCE controla directamente as taxas de juro diretoras, esta é a principal


estratégia para controlar a inflação na zona euro, incide sobretudo:

 Taxa da facilidade permanente de depósito: taxa de juro paga pelo BCE


aos bancos comerciais, pelos depósitos de excedentes de liquidez que estes
podem efectuar, junto do BCE.

 Taxa da facilidade permanente de cedência de liquidez: taxa de juro


cobrada pelo BCE aos bancos comerciais, pelos créditos que estes podem
obter, junto do BCE.

 Taxa principal de refinanciamento: taxa mínima aplicada às operações de


cedência de liquidez, efectuadas através de leilões semanais, por um prazo
de duas semanas.

O governo tem por obrigação se impor no mercado monetário para que não haja
abusos por parte da minoria que está no poder contra a maioria, que é a massa
trabalhadora.

Guerra cambial

O termo é usado por diversos governos e economistas para descrever uma


suposta disputa entre países envolvendo as suas moedas. O argumento é de
que alguns países estariam “forçando” a desvalorização das suas moedas para
beneficiar os seus ganhos com exportação. Os governos têm evitado um
confronto directo com a China, mas muitos consideram o país asiático como vilão
dessa disputa. Além de ser uma das principais economias do mundo, a China é
uma das poucas a manter o regime de câmbio fixo.

93
• 5. Sector Externo

Parte da teoria Económica que estuda as relações entre os países, as quais


envolvem transações com mercadorias, transações com serviços e transações
financeiras.

Com o mundo globalizado, os países fazem cada vez mais comércio entre si,
sendo que existem aqueles que vendem mais do que compram e outros que
compram mais do que vendem.

O resultado dessas operações acaba formando a Balança de Pagamentos!

• 5.1. Balança de Pagamentos

O balanço de pagamentos é um método de contabilidade nacional que busca


evidenciar o comércio entre a nação e outros países que existe uma relação
comercial.

Este registro é feito pela autoridade monetária do país, em transações onde há


trocas entre residentes e não residentes da nação, em um certo período de
tempo.

O balanço de pagamentos é utilizado para analisar a economia como um todo


quando o assunto é a capacidade de um país fazer comércio com o resto do
mundo. Além disso, pode auxiliar o Banco Central quando é preciso intervir nas
taxas de câmbio, por exemplo.

O balanço de pagamentos (abrasileirado) ou a balança de pagamentos (Angola) é


um instrumento da contabilidade nacional referente à descrição das relações
comerciais de um país com o resto do mundo. Regista o total de dinheiro que
entra e sai de um país, na forma de importação e exportação de produtos,
serviços, capital financeiro, bem como transferências comerciais.

Existem duas contas que resumem as transações económicas de um país:

 a conta corrente, que registra as entradas e saídas devidas ao comércio de


bens e serviços, bem como pagamentos de transferências; e

 a conta capital e financeira, sendo que a conta capital regista principalmente


transferências de patrimônio por migrantes entre países, enquanto a conta
financeira tem quatro subcontas: Investimento Directo, Investimento em
Carteira, Derivativos e Outros Investimentos. Também são componentes
dessa conta os capitais compensatórios: contas caixa (haveres no exterior e
direitos junto ao FMI), empréstimos oferecidos pelo FMI e contas atrasadas
(débitos vencidos no exterior).

A soma das duas contas fornece a balança de pagamentos.

Em 1969, um manual do FMI estabeleceu as formas de apresentação.

94
Estrutura da balança de pagamentos

A estrutura de uma balança de pagamentos inclui os seguintes itens: [5]

1. Balança corrente

1. Balança comercial

1. Balança de bens

2. Balança de serviços

2. Balança de rendimentos

3. Transferências unilaterais correntes

2. Balança de capital

3. Balança financeira

1. Investimento directo

1. Investimento directo do país

1. Participação no capital

2. Empréstimo entre empresas

2. Investimento estrangeiro directo

1. Participação no capital

1. Empréstimo entre empresas

2. Investimentos em carteira

1. Investimento do país em carteira

1. Ações de companhias estrangeiras

2. Títulos de renda fixa

2. Investimento estrangeiro em carteira

1. Ações de companhias do país

2. Títulos de renda fixa

3. Derivativos

1. Activos

2. Passivos

95
4. Outros investimentos

1. Outros investimentos do país

2. Outros investimentos estrangeiros

4. Erros e Omissões

5. Resultado da Balança de Pagamentos

6. Conta de Capitais Compensatórios

1. Contas de Caixa

1. Haveres no exterior

2. Reservas em ouro

A balança de pagamentos é estruturada para registo das transações correntes,


operações de capital e operações financeiras, do país com o resto do
mundo, como principais contas na qual se destaca:

Transações Correntes

As transações correntes registam os rendimentos, além das exportações e


importações que são transacionados entre o país com o resto do mundo.

Por esta parte do balanço de pagamentos existe a balança comercial e a de


serviços. Em comum, elas evidenciam as exportações e importações de bens
com os parceiros comerciais ou a contratação de serviços entre países.

Ainda nesta parte são registados os rendimentos primários e secundários. São


considerados os recebimentos de juros, dividendos ou salários como renda
primária, e as transferências unilaterais, principalmente transações bancárias,
como renda secundária.

Conta Capital

Nesta parte são agrupadas as operações de capital em que activos financeiros


são transferidos de forma unilateral, como donativos, perdões de dívidas
externas ou transferências de patrimônios de imigrantes.

A conta de capital considera também as aquisições ou vendas de activos não


financeiros e não produzidos, como marcas, patentes, direitos de autor ou
terrenos de embaixadas, por exemplo.

Conta Financeira

A conta financeira abrange todos os activos financeiros, como os investimentos


directos e investimentos de carteira, de estrangeiros no país ou de cidadãos
nacionais no resto do mundo.

96
Além disso, esta conta regista as entradas e saídas monetárias do país, sendo
principalmente utilizada em compensação às outras contas. Como exemplo, se
um residente do país importa alguma mercadoria, o registo é feito na balança
comercial como importação, e na conta financeira para registo do pagamento.

Erros e omissões

O balanço de pagamentos possui, ainda, uma conta que serve para correções
de erros e omissões que aparecem na apuração dos valores de cada
componente.

Esses erros acontecem devido às alterações das reservas internacionais de um


país, que não foram registadas no balanço pela autoridade monetária.

Diferenças entre residentes e não residentes

Para levar em conta os registos e o cálculo da balança de pagamentos, é


considerado o comércio entre residentes e não residentes.

São considerados residentes as pessoas físicas e jurídicas com domicílio no


país, que realizam serviços em outros países mas não possuem residência por
lá. Como exemplos, as empresas filiais ou cidadãos do país que prestam
serviços no estrangeiro.

Já os não residentes não possuem residência no país (ex: Angola) e apenas


procuram por bens e serviços, realizam transferências dentro do país ou fazem
investimentos financeiros.

Essa diferenciação leva em consideração onde são produzidos e consumidos os


bens e serviços da economia de cada país.

Identidade fundamental

Pelo facto de qualquer transação internacional fazer surgir duas entradas que se
compensam na balança de pagamentos, o saldo de conta corrente e o saldo da
conta capital automaticamente somam zero:

Conta corrente + Conta capital = 0

Esta identidade também pode ser compreendida considerando-se a relação


entre a conta corrente e os empréstimos internacionais. Como a conta
corrente é a variação dos activos externos líquidos de um país, a conta
corrente é necessariamente igual à diferença entre as compras de um país de
activos estrangeiros e suas vendas de activos aos estrangeiros, ou seja, o saldo
da conta de capital antecedido por um sinal de menos.

Déficits na Balança de Pagamentos

Geralmente é chamado de "Economia Aberta" um país que experimenta déficits


ou superávits em sua balança de pagamentos. Um déficit na Balança de
Pagamentos obriga o país nessa situação a tomar medidas ("ajustes") para evitar
que o fluxo de capitais vindos do exterior não seja interrompido além de outras

97
ocorrências que possam desestabilizar por completo a economia. Alguns desses
ajustes são: desvalorização real da taxa de câmbio, redução do nível de
actividade económica, restrições quantitativas ou tarifárias às importações,
subsídio à exportação e controlo de remessa de capitais ao exterior. Os quatro
primeiros focam no déficit em transações correntes.

Balança de Pagamentos de Angola

A Balança de Pagamentos de Angola abrange todas as transações económicas


realizadas entre os residentes e não residentes da economia angolana durante
um determinado período, geralmente um ano.

A Balança de Pagamentos é compilada em Dólar Americano pelo Banco


Nacional de Angola (BNA), mandatado por Lei, em conformidade com as
recomendações do Manual da Balança de Pagamentos e da Posição de
Investimento Internacional, 6ª Edição (MBP6) do Fundo Monetário Internacional
(FMI).

As informações para a compilação da Balança de Pagamentos são obtidos a


partir de diferentes fontes, nomeadamente, instituições governamentais
(Ministérios e Instituições Públicas), o Plano de Caixa do BNA, Debt
Management Financing Analysing System (DMFAS), Bancos Comerciais,
Serviço Nacional das Alfândegas (SNA), Sistema Integrado de Gestão
Financeira do Estado (SIGFE), International Air Transport Association (IATA),
Banco de Compensações Internacionais (BIS), Empresas Públicas e Privadas e
Organizações Não-Governamentais (ONGs).

Os dados são compilados trimestralmente com desagregação mensal e


publicados anualmente, com o maior detalhe possível sobre as transacções com
o exterior, onde se destacam:

a) Importações de mercadorias por classificação económica (bens de consumo


corrente, bens de consumo intermédio e bens de capital).

b) Exportações por categoria de produtos (petróleo bruto, refinados de petróleo,


gás, diamantes, café e outros produtos);

c) As importações de mercadorias e as exportações de petróleo bruto por país;

d) Serviços, que incluem os transportes, viagem (de negócios e pessoal),


seguros, assistência técnica, construção, royalties, etc.

e) Stock da dívida externa, por maturidade (médio e longo prazo e do curto


prazo) e por categoria de dívida (principal e juros);

f) Principais indicadores do sector externo;

g) Entre outras informações.

98
Como funciona o Balanço de Pagamentos

Para chegar ao valor da Balança de Pagamentos, todos os dados de


negociações como compras e vendas de serviços, envios e retiradas de
recursos, aplicações e resgates em activos financeiros, entre outros, são
levantados em um país

Um país que apresenta déficit no Balanço de Pagamentos, é aquele que compra


mais do que vende no exterior.

Um país que apresenta superávit no Balanço de Pagamento convive com um


cenário diferente, vendendo mais do que compra do exterior.

Para conseguir controlar a saída de capital (no caso do déficit) o país pode
utilizar algumas ferramentas económicas.

A desvalorização da própria moeda corrente é uma estratégia possível, assim


como o aumento de tarifas sobre importação.

Além de proteger o comércio interno e suas industrias, o país pode conseguir


reequilibrar o Balanço de Pagamentos para algo mais próximo do superávit.

Utilidade da Balança de Pagamentos

O Balanço de Pagamentos serve como um termômetro económico. Quando um


país está registando mais compras do exterior do que vendas, alguma coisa
pode estar influenciando nessa movimentação económica.

Países com a moeda muito forte podem acabar sofrendo com isso. Por exemplo,
ninguém compraria um lápis de um país que vale o dobro do que do outro,
geralmente, se procura comprar o produto mais barato, (desde que a qualidade
seja similar).

Quando a moeda de um determinado país está mais forte existe uma tendência
natural de que os produtos do mesmo sejam evitados, e mais países vendam
para esse país, uma vez que os seus produtos possuem preços mais
competitivos.

Essa movimentação pode influenciar em um aumento do desemprego do país


com moeda forte. Além de outros problemas de cunho social.

Então, se esse país precisa desenvolver o próprio crescimento e não está


interessada em manter uma moeda forte, a desvalorização da própria moeda
pode ser uma alternativa interessante.

Vale destacar que existem países como fogem desse raciocínio. Exemplos
actuais como os Estados Unidos, grande parte dos países da União Europeia,
entre outros, convivem com um alto déficit na balança comercial!

99
Mesmo assim, esses países conseguem manter um bom nível de emprego
(sendo que os Estados Unidos veem experimentando o pleno emprego).

Uma das explicações para essa “anomalia” está relacionada à confiança que
outros países e investidores depositam nesses países além de outros factores
económicos, como o grande registo de novas patentes, monopólio em
determinados segmentos e fabricação de produtos de alto valor agregado.

Tipos de Balança de Pagamentos

Existem duas formas de analisar o Balanço de Pagamentos, uma é através da


movimentação de conta corrente e outra é pelo lado financeiro do negócio.

A parte referente à conta corrente se dá entre os pagamentos e recebimentos


comerciais que o país tem com os outros do mundo.

Na esfera financeira, temos a relação de capital e a relação financeira. A capital


se refere à transferência de patrimônio entre migrantes e imigrantes.

Por se tratar de um mundo globalizado e de fácil acesso, muitas pessoas acabam


se mudando de um país para outro. Essa movimentação migratória pode
influenciar na transferência patrimonial entre países. Esses dados também
entram na Balança de Pagamentos.

Por último temos a questão financeira da Balança de Pagamentos. Aqui entra os


valores que são investidos no país.

Investimentos directos e indirectos, aplicações financeiras e demais tipos de


investimentos financeiros.

As relações comerciais entre os países podem ser bem intensas. Isso acaba
sendo demonstrado na Balança de Pagamentos.

Importância da Balança de Pagamentos

Através da Balança de Pagamentos os gestores, empreendedores e demais


interessados podem ter uma grande imagem económica do país.

Se um país está registando superávits em sua balança comercial, isso sugere


que o mesmo conta com uma moeda desvalorizada (comparado a outros
países).

Mas existem países desenvolvidos e com alto grau de competitividade que


registam déficit na balança comercial.

A leitura da Balança de Pagamento deve ser feita de forma analítica, observando


cada ponto.

Os países que contam com déficit comercial, podem estar com uma moeda
demasiadamente cara e com produtos pouco interessantes.

100
Em uma situação assim, é preciso realizar algumas medidas restritivas com
relação à importação e até a desvalorização da moeda. Desse modo o Balanço
poderá mudar de posição.

É bom destacar o seguinte: mesmo contando com superávit ou déficit na Balança


de Pagamentos, uma economia, ou um país, não podem ser avaliados somente
por meio desse aspecto.

• 5.1.1. Transações Correntes

O significado isolado do termo "transação" é: negócio, ato comercial, tratam-se


de operações. Já o termo "corrente", é tudo aquilo que está vigente ou que vigora
actualmente.

Quando falamos em transações correntes, estamos mencionando as operações


feitas entre um país e o exterior, como por exemplo, os recebimentos com
exportação de todos os tipos de mercadores, gastos com importação,
pagamento de juros da dívida externa, transferências, entre outros negócios.

Portanto, podemos concluir que transações correntes são todos essas acções
comerciais feitas entre um país e os outros países (resto do mundo).

Saldo em Transações Correntes é o resultado de todas as operações do país


com o exterior. Nessa conta, estão incluídas as receitas e despesas da balança
comercial (exportações e importações), da conta de serviços (juros, viagens
internacionais, transportes, seguros, lucros e dividendos.
Transações Correntes e a parte do balanço de pagamentos que inclui as contas
de comércio ou balança comercial, balança de serviços e as transferências
unilaterais.

• 5.1.2. Conta Capital e Financeira

Existem duas contas que resumem as transações económicas de um país:

 a conta corrente, que regista as entradas e saídas devidas ao comércio de


bens e serviços, bem como pagamentos de transferências; e

 a conta capital e financeira, sendo que a conta capital regista principalmente


transferências de patrimônio por migrantes entre países, enquanto a conta
financeira tem quatro subcontas: Investimento Direto, Investimento em
Carteira, Derivativos e Outros Investimentos. Também são componentes
dessa conta os capitais compensatórios: contas caixa (haveres no exterior e
direitos junto ao FMI), empréstimos oferecidos pelo FMI e contas atrasadas
(débitos vencidos no exterior).

A soma das duas contas fornece a balança de pagamentos.

101
1) Conta corrente (CC=1.1+1.2+1.3): conta corrente de uma economia é uma
variável de fluxo que mede a taxa pela qual os habitantes de um país estão
concedendo ou tomando empréstimos do resto do mundo. Definimos a conta
corrente de um país (CC) como a variação da sua posição dos activos
financeiros líquidos em relação ao resto do mundo:

CC = direitos líquidos dos habitantes do país em relação ao resto do mundo em


t – direitos líquidos dos habitantes do país em relação ao resto do mundo em t-
1

2) Conta capital (CAP= 2.1+2.2+2.3)

2.1) Entrada líquida de investimentos

2.2) Créditos externos líquidos recebidos

2.2.1) Curto prazo

2.2.2) Longo prazo

Conta Capital

Nesta parte são agrupadas as operações de capital em que activos financeiros


são transferidos de forma unilateral, como donativos, perdões de dívidas
externas ou transferências de patrimônios de imigrantes.

A conta de capital considera também as aquisições ou vendas de activos não


financeiros e não produzidos, como marcas, patentes, direitos de autor ou
terrenos de embaixadas, por exemplo.

Conta Financeira

A conta financeira abrange todos os activos financeiros, como os investimentos


directos e investimentos de carteira, de estrangeiros no país ou de cidadãos
nacionais no resto do mundo.

Além disso, esta conta regista as entradas e saídas monetárias do país, sendo
principalmente utilizada em compensação às outras contas. Como exemplo, se
um residente do país importa alguma mercadoria, o registo é feito na balança
comercial como importação, e na conta financeira para registo do pagamento.

A Conta Capital e Financeira, regista transações envolvendo a transferência de


activos e de exigibilidades (passivos). Activos representam direitos sobre não-
residentes. Exigibilidades representam “endividamento” ou obrigações para com
não-residentes.

• Apresenta dois elementos principais:

Conta Capital

Conta Financeira

102
Investimento Directo

Investimentos em Carteira

Outros Investimentos

Conta Financeira – Investimentos em Carteira

Os investimentos em carteira referem-se às transações com títulos de crédito


que ocorrem comumente em mercados secundários.

Dividem-se, grosso modo, em títulos de participação no capital e títulos de dívida,


negociados ou negociáveis em mercados organizados e outros mercados
financeiros. Exemplos: ações negociadas em bolsas de valores, operações de
troca de dívidas, derivativos financeiros.

Conta Financeira – Outros Investimentos

Créditos comerciais de curto e longo prazo.

• Empréstimos bancários em geral (inclusive amortização).

• Depósitos e moeda

• Operações de regularização (inclusive o uso de créditos no FMI, empréstimos


do FMI e de outros organismos).

Conta Financeira e fluxo de moeda

Ingresso de moeda (registo + no BP):

Venda de activo por residente

Criação de passivo por residente

Saída de moeda (registo – no BP):

Aquisição de activo por residente

Redução de passivo por residente

Quando o resultado de determinada conta é negativo, significa que houve maior


saída de recursos naquela rubrica contabilística em específico, sendo que
resultados positivos acusam consequentemente, entrada maior de recursos.

• 5.1.3. Saldo do Balanço de Pagamentos

Saldo comercial. A balança comercial corresponde à diferença entre


as exportações de um país para o resto do mundo e suas importações do
exterior. Os desequilíbrios da balança comercial estão fortemente relacionados
com o fluxo financeiro entre as nações.
103
Balança de Pagamentos

Resumindo e retendo… Registos e Equilíbrios da BP

Equilíbrio Contabilístico: B. Corrente + B. Capital + B. Financeira = 0

Equilíbrio Económico: Saldos de sub-balanças

B. Corrente + B. Capital = - B. Financeira = CLFN = ?

PLII (posição líquida de investimento internacional) STOCK:

Activos (disponibilidades) financeiros líquidos de passivos (responsabilidades)


sobre o RM de uma economia, num determinado momento

Se PLII < 0 => País é devedor líquido face ao exterior

Se PLII > 0 => País é credor líquido face ao exterior

∆ PLII (FLUXO) = Capacidade líquida de Financiamento da Nação

• 5.1.4. Reservas Internacionais

Define-se Reservas Internacionais, como activos externos de disponibilidade


imediata sob o controlo da autoridade monetária, destinados ao financiamento
de desequilíbrios da Balança de Pagamentos, servir de suporte às intervenções
do Banco Central no mercado cambial de forma a influenciar a taxa de câmbio,
bem como para outros propósitos, tais como garantir a confiança na moeda
nacional na economia, e servir de referência para a obtenção de empréstimos
externos

Reserva internacional, ou reserva cambial, são os meios de pagamento de


que dispõem as autoridades monetárias de um país ou o montante da moeda
estrangeira de que dispõe o país. Originam-se de superávits nas balanças de
pagamentos e destinam-se a cobrir eventuais déficits das contas
internacionais. Trata-se de depósitos em moeda estrangeira dos bancos
centrais e autoridades monetárias. São activos dos bancos centrais que são
mantidos em diferentes reservas, como o dólar americano, o euro ou o iene, e
que são utilizados no cumprimento dos seus compromissos financeiros, como a
emissão de moeda, e para garantir as diversas reservas bancárias mantidas num
banco central por governos ou instituições financeiras.

Cabe destacar que as reservas internacionais são o resultado dos pagamentos


que realiza o país no exterior (pelas suas dívidas, importações, etc.) e dos
rendimentos/lucros que recebe do estrangeiro (pela via das exportações ou
remessas recebidas).

O resultado do balanço de pagamentos expressa o resultado monetário das


transações de bens e serviços realizadas pelo país com o exterior (através do
saldo em transações correntes) em determinado período. Analogamente, o fluxo

104
de capitais entre o país e o exterior - empréstimos, títulos, investimento directo,
etc. - expressa o ganho ou a perda de moeda estrangeira, ou seja, a variação
das reservas cambiais.

Composição típica das Reservas Internacionais:

• Moeda de reserva (Dólar dos Estados Unidos, Libra Esterlina, Euro, Yene e
Renmimbi)

• Ouro

• Outros Instrumentos Financeiros

Reservas internacionais em Angola: 83% em USD; 7% Euro; 3% GBP; 1% CNY


(Yene), 5% Ouro e 1% outros.

Finalidade

Em um regime de câmbio não fixo (flutuante), as reservas permitem que o banco


central compre a moeda local emitida, negociando os seus activos em moeda
estrangeira. As reservas dão aos bancos centrais um meio adicional para
estabilizar a emissão de moeda, para minimizar volatilidade, e para proteger o
sistema monetário de choques, como os que ocorrem quando especuladores
compram e vendem moeda em um espaço curto de tempo. Grandes reservas
são quase sempre um sinal de que o país detentor é capaz de suportar
turbulências económicas. Um nível baixo ou em queda pode ser um indicativo
de que uma corrida bancária contra a moeda local é iminente ou de que um
"calote" é provável, configurando uma crise monetária.

Os bancos centrais muitas vezes defendem que a manutenção de grandes


reservas resulta num seguro contra crise. Isto é verdade até o momento em que
o banco central pode manter a sua moeda através da venda das reservas. (Esta
prática é considerada como uma manipulação do mercado de câmbio. Muitos
bancos centrais utilizaram-se deste expediente desde o colapso do sistema de
Bretton Woods. Algumas poucas vezes, alguns bancos centrais cooperaram
para tentar manipular taxas de câmbio de forma coordenada. Não é claro o
quanto esta prática é eficiente.) Além disso, a manutenção de grandes reservas
não significa necessariamente uma proteção contra a inflação, já que a política
de grandes compras de moeda estrangeira para manter a moeda local barata
pode iniciar ou alimentar um processo inflacionário.

Custos e benefícios

Por um lado, se um país deseja controlar a taxa de câmbio, a manutenção de


grandes reservas dá ao banco central uma grande possibilidade para manipular
o mercado de câmbio. Mas as reservas também têm um custo. A diferença
existente entre o retorno da aplicação das reservas em instituições internacionais
e o valor pago aos detentores da sua dívida interna, gera um custo fiscal para o
governo. Além disso alguns governos sofrem perdas importantes por causa de
problemas na gestão das reservas, que acabam redundando em custo fiscal.
105
A alocação das reservas internacionais é feita de acordo com o tripé segurança,
liquidez e rentabilidade, nessa ordem, sendo a política de investimentos definida
pela Banco Central.

• 5.1.5. Taxa de Câmbio

Entende-se por taxa de câmbio o preço de uma moeda estrangeira qualquer


medido em unidades ou frações da moeda nacional. Como ocorre praticamente
em todo mundo, a moeda mais utilizada em tal aferição é o dólar norte-
americano, fazendo dessa moeda a referência usual de cotação a ser utilizada
no meio financeiro nacional e mundial. Em outras palavras, a taxa de câmbio
funciona como uma espécie de unidade de peso ou medida a ser aplicada no
campo económico, servindo assim como referência do custo de uma
determinada moeda em relação a outra qualquer. As cotações apresentam taxas
para a compra e para a venda da moeda, assumindo maior ou menor valor com
a evolução das transações financeiras do dia.

A taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países que resulta
no preço de uma delas medido em relação à outra. Mas, além de expressar
quantitativamente a condição de troca entre duas moedas, a taxa de câmbio
expressa as relações de troca entre dois países. O câmbio é uma das
variáveis macroeconómicas mais importantes, sobretudo para as relações
comerciais e financeiras de um país com o conjunto dos demais países.

A taxa de câmbio é definida de forma directa quando exprime o preço de uma


unidade de moeda estrangeira em moeda nacional - ou seja, exprime a
quantidade de moeda nacional necessária para comprar uma unidade de moeda
estrangeira. Por exemplo, a taxa de câmbio USD/AKZ está definida de forma
directa para os habitantes de Angola.

Dado que a taxa de câmbio é um preço (ainda que seja o preço de um bem sui
generis: a moeda), esse preço é diferente na compra e na venda. Assim, a taxa
de câmbio para venda é o preço que o banco (ou outro agente autorizado a
operar pelo Banco Central) cobra, em moeda nacional, ao vender moeda
estrangeira (a um importador, por exemplo). Já a taxa de compra é o preço, em
moeda nacional, que o banco paga pela moeda estrangeira que lhe é ofertada
(exemplo, por um exportador,).

O ambiente onde se realizam as operações de câmbio é denominado "mercado


de câmbio", responsável por conectar os interesses dos diversos agentes em
negociar moedas estrangeiras, comprando e vendendo de acordo com suas
necessidades. Os responsáveis pelo fornecimento das moedas são agentes
autorizados pelo Banco Central para operarem em tal sector financeiro, sendo
incumbidos de repassar estas divisas aos clientes que as necessitam
(empresários, empreendedores, comerciantes, etc.). Muitos mercados de
câmbio estão organizados em dois seguimentos distintos, o mercado livre,
também conhecido como comercial, e o mercado flutuante, denominado também
de turismo. O parâmetro para a realização de negociações em dólar no mercado
livre ou comercial é o dólar comercial, utilizado especialmente por empresas que

106
desejam realizar operações de importação e exportação, ou então investimentos
estrangeiros no país, empréstimos a residentes sujeitos a registo no Banco
Central e pagamento e recebimento de serviços.

Os preços de compra e de venda de uma moeda podem ser diferentes.


Para se comprar uma moeda de um banco ou de uma casa de câmbio, o
preço é determinado pela instituição, de acordo com a taxa de câmbio do
momento e a taxa que eles cobram para comercializar a moeda que alguém
deseja comprar. Agora, se se deseja vender uma moeda estrangeira, é o
agente que determina quanto pagará pelo seu dinheiro, que provavelmente
será abaixo do valor da taxa de câmbio.

A forma pela qual a taxa de câmbio é determinada é chamada de regime


cambial. Existem três tipos de regimes cambiais. São eles: câmbio fixo,
câmbio flutuante e câmbio atrelado.

A taxa de câmbio é habitualmente representada pelo símbolo da moeda base


seguido do símbolo da segunda moeda:

 EUR/USD representa o preço, em dólares norte-americanos, de cada


euro;

 USD/JPY representa o preço, em ienes do Japão, de cada dólar norte-


americano.

Uma taxa de câmbio EUR/USD de 1,5415 significa que para obter 1 euro é
necessário entregar 1,5415 dólares, ou seja, cada euro vale 1,5415 dólares.

 Um aumento desta cotação traduz uma valorização do euro face ao dólar e


significa que por cada euro é necessário entregar maior quantidade de dólares;

 Uma redução no valor daquela taxa de câmbio indica uma valorização do dólar
face ao euro.

Divisas

Divisas são as moedas estrangeiras conversíveis e também as letras, cheques,


ordens de pagamento etc. emitidos nessas moedas. Trata-se, geralmente, de
moedas "fortes", ou seja, emitidas por países de economia forte, como
os EUA ou a União Europeia. O FMI possui a sua própria divisa chamada Direito
Especial de Saque (DES).

As moedas, do ponto de vista estritamente cambial, são classificadas


em conversíveis (que são as divisas), inconversíveis (tais como as moedas
dos países sul-americanos) e escriturais ou de convênio (usadas entre países
de moedas inconversíveis ou sem reservas internacionais, tendo, geralmente,
como valor de referência, o dólar dos EUA, chamado, nesse caso, "dólar-
convênio").

107
Política cambial e mercado de câmbio

Política cambial é o conjunto de medidas e acções do governo que influem no


comportamento do mercado de câmbio e da taxa de câmbio.

Mercado de câmbio é o ambiente (físico ou virtual, pois as trocas de moeda


podem ser feitas também por meio eletrônico, sem a presença física dos
participantes) onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes
autorizados pelo Banco Central (bancos, corretoras e distribuidoras) e entre
esses e seus clientes.

Regimes cambiais

Existe uma variedade bastante ampla de arranjos de câmbio adoptados pelos


países ao longo da história. Todos esses arranjos podem ser agrupados em dois
regimes básicos:

 Câmbio fixo

 Câmbio flutuante

 Câmbio Atrelado/Banda cambial/Híbrido

No caso do câmbio fixo, a taxa de câmbio é definida pelas autoridades


monetárias nacionais. No câmbio flutuante, a taxa de câmbio é formada no
mercado cambial, através dos movimentos de oferta e demanda por activos em
moeda estrangeira.

Câmbio Fixo

Valor de divisas pré-fixado pelo Banco Central por tempo indeterminado. Essa
medida geralmente é irrealista e só possui chance de funcionar em países sem
inflação. Há um tipo de fixação conhecida em inglês como dirty-floating na qual
não há pré-fixações mas intervenções sem mostrar ao mercado as metas
cambiais da autoridade cambial.

Aqui, uma autoridade monetária determina um valor fixo de uma moeda


estrangeira em relação à moeda nacional. A conversão é garantida pelo
Banco Central por aquele preço.

Para esse tipo de regime, o país deve ter uma reserva internacional
considerável para cobrir a entrada e a saída da moeda estrangeira. O
objectivo aqui é estabilizar o valor de uma moeda em relação a uma outra
mais estável, porém esse processo tem vantagens e desvantagens.
Entenda:

o vantagens: maior estabilidade, já que elimina o risco cambial e previne


a alta inflação;

o desvantagens: o governo precisa ter reservas suficientes e alocação


de recursos ineptos pelo mundo, não ocorrendo a correção de
desequilíbrio na balança de pagamento do país.
108
Câmbio Flutuante

Flexíveis ou Flutuantes: quando seu valor é determinado no mercado de divisas


através de interação das forças de oferta e demanda. É chamado de "Câmbio
Livre" ou clean floating quando há plena liberdade de variação da taxa de
câmbio, determinada pelas forças de mercado. Há países que adotam ou
adotaram a flutuação por faixas, um tipo de câmbio administrado (managed
floating), quando a flutuação é livre dentro de uma faixa de valores (crawling
band) estabelecida. A adoção desse sistema entre países que comercializam
entre si visa a impedir o overshooting-effect, aceleração da flutuação cambial
para beneficiar exportações em detrimento das de outros países.

Flutuação é o valor da taxa de câmbio no mercado: alterar-se-á à medida em


que haja mudança noutras variáveis que influenciam a demanda e a oferta de
divisas.

A demanda por divisas é afetada, além da taxa de câmbio, pelas


seguintes variáveis:

(1) Nível do Produto Interno (Y) - é de se esperar que, quanto maior Y, maior
será a demanda por importações do País e, portanto, a demanda por moeda
estrangeira;

(2) Nível geral de Preços Interno (Pi) e Externo (Pe) - coeteris paribus, caso Pi
aumente, o preço real das importações em moeda nacional diminuirá e, portanto,
as importações e a demanda por divisas serão incentivadas; caso Pe aumente,
o preço real das importações em moeda nacional se elevará e, portanto, as
importações e a demanda por divisas serão desestimuladas;

(3) Taxas de Juros Interna (Ii) e Externa (Ie) - coeteris paribus, caso Ii se eleve,
haverá um incentivo à entrada líquida de capitais no País, pois ela se tornou mais
atrativa que a externa, logo a oferta de divisas no país aumenta, com uma
demanda constante; caso contrário, se Ie aumentar, ocorrerá um estímulo à
saída líquida de capitais para o exterior, já que ela está mais alta que a interna,
logo a oferta de divisas diminui, com uma demanda constante.

(4) Produto Interno Bruto (PIB)

No câmbio flutuante, as taxas de câmbio variam de acordo com a oferta e


a demanda do mercado — não há intervenção do governo com objectivo
de elevar ou diminuir as taxas de câmbio. Porém, se houver a
chamada “flutuação suja”, o Banco Central intervém, impedindo variações
bruscas nas taxas.

Esse tipo de regime é vantajoso para países que apresentam economias


estáveis.

Câmbio Atrelado/Banda cambial/Híbrido

O regime de câmbio atrelado é uma junção do câmbio fixo e flutuante. A


taxa varia diariamente dentro de faixas determinadas pelo governo, e o

109
Banco Central actua com objectivo de manter o preço da moeda atrelado
às faixas determinadas.

O Banco Central deve possuir reservas suficientes para manter as compras


e vendas, o que é uma desvantagem desse regime.

Banda cambial a moeda flutua, porém com um limite superior e um inferior,


funcionando como uma mistura dos regimes fixo e flutuante.

Cotações ao certo e ao incerto

A taxa de câmbio pode ser considerada:

 ao certo ou indirecta – refere-se ao número de unidades de moeda


estrangeira necessárias para adquirir uma unidade de moeda nacional.
Exemplo: 1,00 USD = 10,00 AKZ.

 ao incerto ou directa – é o número de unidades de moeda nacional


necessárias para adquirir uma unidade de moeda estrangeira. Exemplo:
10,00 AKZ = 1,00 USD

Em geral, as taxas de câmbio são publicadas "ao certo", indicando quanto vale
em moeda estrangeira uma unidade de moeda nacional.

Cotações inversas

A cotação inversa do EUR/USD, ou seja, o USD/EUR, representa o preço em


euros de cada dólar. Por exemplo, o câmbio EUR/USD de 1,5415 significa que
a cotação inversa, USD/EUR, corresponde a 0,6487, ou seja, o inverso de
1,5415 (1/1,5415).

Se USD/EUR = 0,6487, cada dólar vale menos de um euro, o que quer dizer que
o euro tem valor superior ao do dólar. Neste caso, significa que, para obter um
dólar norte-americano, é necessário entregar 0,6487 euros.

Cotações cruzadas

Uma moeda pode não ter cotação directa em todas as moedas estrangeiras. O
cálculo da cotação cruzada permite obter a taxa de câmbio de uma moeda para
a qual não existem cotações divulgadas.

Sempre que se dispõe de duas taxas de câmbio diferentes com uma moeda
comum, é possível calcular a taxa de câmbio cruzada.

Se, por exemplo, dispusermos dos valores do EUR/USD e USD/JPY, é possível


calcular o valor do EUR/JPY, da seguinte forma:

EUR/USD = 1,5326 significa que 1 EUR = 1,5326 USD

USD/JPY = 105,33 significa que 1 USD = 105,33 JPY

110
Então, 1 EUR = 1,5326 x (105,33 JPY) ou seja, 1 EUR = 161,43 JPY. Logo,
obtemos a cotação EUR/JPY = 161,43.

• 5.1.6. Política Cambial

Política cambial é o conjunto de acções e orientações ao dispor do Estado


destinadas a equilibrar o funcionamento da economia através de alterações
das taxas de câmbio (preço das moedas estrangeiras medido em moeda
nacional) e do controlo das operações cambiais.

É um conjunto de medidas que um país adota em sua moeda, visando controlar


sua relação com as moedas estrangeiras.

Este tipo de política é feita pelo Banco Central em conjunto com a sua Política
Monetária e Fiscal, com o objectivo de adotar as taxas de câmbio mais
adequadas.

A política cambial pode acontecer, por exemplo, quando o governo deseja


controlar a inflação do país, ou quando deseja expandir a economia, realizando
intervenções.

Depreciação cambial

A depreciação cambial ocorre quando há um aumento no valor da taxa (preço


da moeda estrangeira). Quando o câmbio deprecia, significa que o preço da
moeda estrangeira sofre uma alteração positiva em relação a moeda doméstica
(considerando taxa de câmbio directa, isto é: quando exprime o preço de uma
unidade de moeda estrangeira em moeda nacional. Essa variação, torna a
moeda nacional mais barata em face das demais.

A desvalorização da moeda tem um efeito benéfico sobre as exportações, que


se tornam mais baratas e competitivas; consequentemente, tem um efeito
nefasto sobre as importações, funcionando como instrumento corrector de
desequilíbrios da balança de pagamentos.

Neste raciocínio, está sempre implícita uma aceitável elasticidade das


exportações e importações à taxa de câmbio, o que depende não só das
condições do mercado externo mas fundamentalmente da estrutura econômica
nacional. Se um Estado não produz um determinado bem essencial, a
importação desse bem não diminui, mesmo quando há um aumento das taxas
de câmbio.

É preciso ter em conta que, a longo prazo, em Estados com baixa elasticidade e
elevada dependência das importações, a queda das taxas de câmbio
(desvalorização da moeda nacional) é geradora de inflação.

No âmbito internacional, o FMI tem competências na fiscalização e controlo de


abusos de manipulação deste instrumento. Os Estados não podem
sistematicamente socorrer-se de instrumentos conjunturais como este para
corrigir atrasos e défices estruturais da sua economia.

111
A depreciação cambial acontece quando o governo desvaloriza a moeda
nacional, ou seja, quando a moeda é desvalorizada ao preço das moedas
estrangeiras, fazendo com que os estrangeiros precisem pagar menos pela
moeda nacional. Por exemplo, quando um Dólar Americano passa de $ 4,00 para
$ 3,00, quando se pretende adquirir 30,00 AKZ.

O governo pode depreciar a moeda para aumentar a competitividade da


economia com os outros países, tornando os produtos mais atrativos.

Apreciação cambial

Por sua vez, a apreciação cambial é o aumento do valor da moeda doméstica


em relação à moeda estrangeira. Apreciação cambial não é apreciação da taxa
cambial. Na apreciação cambial o valor da taxa (preço da moeda estrangeira)
cai e a moeda local sofre uma apreciação. Assim sendo, as exportações tornam-
se mais caras e perdem competitividade no mercado internacional, ao passo que
as importações tornam-se mais baratas. Consequentemente as empresas
nacionais reduzem o seu volume de vendas, o que gera menos cash
flow empresarial, menos receitas fiscais, redução do volume da produção,
aumento da capacidade ociosa e do desemprego. A apetência pelas
importações pode provocar danos à estrutura produtiva interna, criando uma
dependência estrutural dos produtos do mercado externo.

A apreciação cambial acontece quando o governo valoriza a moeda ao preço


das moedas estrangeiras, com isso, os estrangeiros precisam pagar mais pela
moeda nacional. Por exemplo, quando um Dólar Americano passa de $ 3,00 para
$ 4,00 quando se pretende adquirir 30,00 AKZ.

O governo pode apreciar a moeda quando percebe que na economia ocorrem


excessivas exportações e internamente as pessoas pagam muito caro para
adquirir produtos estrangeiros.

Os factores que determinam a política cambial de um país

São eles:

 A dependência de financiamento externo;

 Volume de importações de commodities energéticas (petróleo e gás, por


exemplo) e agrícolas (soja, trigo e açúcar, entre outros);

 A pauta de exportações (maior ou menor quantidade de bens de alto valor


agregado);

 O volume de investimentos directos vindos do exterior;

 O interesse (ou não) em atrair o capital especulativo.

Mercado à vista

O banco central vende dólares que fazem parte das reservas internacionais do
país, atendendo à demanda do mercado.

112
A receita da venda desses dólares é uma das formas de se reduzir a dívida do
governo.

Mercado futuro (swaps)

Operação que faz parte do mercado de derivativos, troca-se a volatilidade da


moeda por uma taxa acordada previamente. Como a liquidação do contrato é
feita na moeda local, não há alteração no nível das reservas internacionais.

A quantidade de swaps a ser oferecida ao mercado depende da disposição dos


bancos em contratá-los, dado que impacta no requerimento (exigência) de
capital das instituições financeiras.

Leilão de linha de empréstimo

Operação onde o BC vende dólares, se comprometendo a recomprá-los em uma


data futura.

Essa operação tem sido usada pelos BC, com a opção das empresas de
substituírem dívida externa por dívida local (em função das baixas taxas
de juros), o que faz diminuído o fluxo de moeda estrangeira para um país.

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