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Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA
Escola Superior Aberta

GUIA DE ESTUDO
Direito Processual Penal
8º Semestre

Moçambique
FICHA TÉCNICA

Maputo, Julho de 2017

© Série de Guias de Estudo para o Curso de Ciências Jurídicas


(Ensino a Distância).

Todos os direitos reservados à Universidade Politécnica

Título: Guia de Estudo de Direito Processual Penal


Edição: 1ª

Organização e Edição
Escola Superior Aberta (ESA)

Elaboração
Virgínia Alice Joaquim Madeira (Conteúdo)
Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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UNIDADES TEMÁTICAS
ÍNDICE

UNIDADE TEMÁTICA 1: Introduzindo ao processo penal ....................................................... 13

UNIDADE TEMÁTICA 2: Tipos de processo Penal, Fontes do Direito Penal e princípios


do Direito P. Penal ……………………………………………………………………..………….

UNIDADE 3: Medidas de Coação e de garantia patrimonial ………………….......................

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Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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Caro(a) estudante

Está nas suas mãos o Guia de Estudo da disciplina de Direito Penal que integra a grelha
curricular do Curso de Licenciatura em Ciências Jurídicas oferecido pela Universidade
Politécnica na modalidade de Educação a Distância.

Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste semestre do
curso. Ao estudar a disciplina de Direito Penal, você irá ter o conceito claro dos
procedimento levados cabo para a resolução de litígios crimnais e, consequentemente da
sua importância para os diversos intervenientes do sistema da justiça.

Este Guia de Estudo contempla textos introdutórios para situar o assunto que será
estudado; os objectivos específicos a serem alcançados ao término de cada unidade
temática, a indicação de textos como leituras complementares que você deve realizar; as
diversas actividades que favorecem a compreensão dos textos lidos e a chave de
correcção das actividades que lhe permite verificarem se você está a compreender o que
está a estudar.

Esta é a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao recebê-la, sinta-
se como um actor que se apropria de um texto para expressar a sua inteligência,
sensibilidade e emoção, pois você é também o(a) autor(a) no processo da sua formação
em Ciências Jurídicas.

Os seus estudos individuais, a partir destes guias, nos conduzirão a muitos diálogos e a
novos encontros.

A equipa de professores que se dedicou à elaboração, adaptação e organização deste


guia sente-se honrada em tê-lo como interlocutor(a) em constantes diálogos motivados
por um interesse comum a educação de pessoas e a melhoria contínua dos negócios,
base para o aumento do emprego e renda no país.

Seja muito bem vindo(a) ao nosso convívio.

A Equipa da ESA

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Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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UNIDADE TEMÁTICA 1

Direito Penal

Tema: Introdução ao Direito Processual Penal


Elaborado por: Virgínia Madeira

OBJECTIVOS

No final desta unidade o estudante deve estar capaz de:


 Entender o que é o Direito Processual Penal;
 Compreender qual a sua evolução histórica e o seu âmbito de actuação espaço
temporal no ordenamento jurídico;
 Diferencia-lo de outros ramos de Direito enquanto ramo da filosofia e ciência; e

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Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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INTRODUÇÃO

1. Considerações gerais

Caro estudante, ao longo das cadeiras de Introdução ao Estudo de Direito e Teoria Geral
do Direito deve ter estudado a evolução e autonomização dos diferentes ramos de
direito que se encontram divididos em Privado (que tem por finalidade regulamentar os
actos privados que ocorram entre os diferentes sujeitos jurídicos) e Público (que visa
regulamentar os actos praticados entre os privados e o Estado).1

A QUE RAMO DE DIREITO PERTENCE O DIREITO PROCESSUAL PENAL?


A resposta a esta questão passa por entender o que é o Direito processual penal e a sua
finalidade, enquanto ramo de Direito.

Assim, partindo do pressuposto que o Direito Processual Penal, é um dos ramos de


Direito que autonomizou-se e que vem definir as condições existentes e necessárias para
averiguar se o agente praticou um certo facto, qual a reacção que lhe deve corresponder
e qual a forma a aplicar podemos concluir que, o Processo Penal, é um conjunto de
actos ou procedimentos que tendem a investigar e a esclarecer a prática de um crime,
encontrar o seu agente, a responsabilidade que lhe cabe e determinar a legislação que
pune esse acto.

NOÇÃO:
O Direito Processual Penal é o conjunto de normas que vão regular os actos de
processo.

1
Importa referir que esta divisão clássica dos ramos de direito actualmente se mostra
desfasada da realidade na medida em que com a crescente interligação das disciplinas
jurídicas surge um ramo híbrido que, por exemplo, ainda que seja de natureza pública
tem traços de natureza privada. Isto ocorre quando o Estado (figura central dos ramos de
direito público) celebra contratos co os particulares.

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Deste modo, compete ao Direito Processual Penal e ao Direito Penal regulamentar as


condições, os termos necessários para averiguar se um determinado agente praticou um
crime.

a) Relação de entre Direito processual Penal e Direito Penal

Em atenção noção de Direito processual penal e do processo penal em si depreende-se


que entre o primeiro e o Direito Penal, existe uma relação de complementaridade
funcional na medida em que:
 no Direito Penal, para que haja aplicação de uma pena, exige-se que haja o
cometimento de um crime e se saiba quem o terá cometido,
 no Processo Penal, não interessa quem cometeu o crime, basta a notícia da
ocorrência de um determinado acto ilícito criminal para que seja
desencadeado o procedimento investigação e sejam efectuadas diligências
necessárias para o efeito.
.
Sendo o Direito Processual Penal o complemento do Direito Penal, na medida em que
materializa a punição da violação das normas jurídicas penais através de um conjunto de
procedimento colocados a disposição do julgador, investigador e acusador que, em
representação do Estado aplica a justiça, este ramo de Direito é público. Esta matéria
iremos desenvolver mais adiante.

PARA SABER!

Ao Direito Penal cabe a função de proteger os bens, os valores fundamentais da comunidade, através:
- Da prevenção de lesões que sejam de recear no futuro – a chamada função preventiva;
- A punição daquelas lesões, daquelas infracções que já tiveram lugar – função punitiva.

Esta função de protecção de bens e valores que são fundamentais da comunidade é centralizada
(dotada de um poder central) pelo Estado. Este, chama a si o exercício desta função, da protecção da
ordem social, e pelo exercício da mesma, toda a tarefa de investigar e de esclarecer, de prosseguir,
sentenciar e punir os crimes cometidos dentro da chamada área da sua jurisdição, isto é, dentro do
território em que ele exerce a sua autoridade político-judiciária.

O Estado vai administrar a justiça virado para os próprios particulares, na medida em que ele consagra
o princípio da “nulla pena sine processum”, isto é, ninguém poderá ser sentenciado sem que
primeiramente haja umEscola
processo, ou sem
Superior que seja
Aberta/A através– Ensino
Politécnica de um àprocesso.
Distância 7
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CONTINUAÇÃO……..

Este princípio garante que a aplicação das penas e medidas de segurança só pode ser feita em
conformidade com as disposições do Código de Processo Penal.
A aplicação do princípio nulla pena sine processum
a) Garante desde logo todos os direitos que são concedidos ao arguido, na medida em que se respeita
a dignidade humana do indivíduo, portanto, do infractor;
b) E por outro lado, constitui um limite à função punitiva do Estado, na medida em que perante o
cometimento de um crime, de uma infracção de natureza criminal, o Estado não pode de qualquer
maneira, de uma forma cega e brutal, punir essa pessoa; mas antes terá que o fazer através de um
processo penal, segundo uma forma legal que ele próprio, através do que o órgão legislativo
estipulou.
Portanto:
- É uma garantia para o cidadão, na medida em que lhe são garantidos determinados direitos que
ele poderá exercer ou não;
- Traduz-se num limite ao próprio Estado, na medida em que impõe que a sentença que recai nas
infracções seja elaborada através de processo (s) regulado (s) por normas processuais.

In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

b) O fim do Processo Penal

Da noção de Direito Processual Penal bem como da relação que este ramo de direito
estabelece com o Direito Penal fácil é concluir que a sua finalidade do é a descoberta da
verdade e a realização da justiça.
 A descoberta da verdade – é materializada através de todas as diligências
investigativas e os procedimentos da apreciação da prova.
 A realização da justiça – se concretiza através da comprovação dos factos, a
declaração da norma objecto do direito pelo qual o infractor deve ser punido.

Podemos a sim concluir que, mais do que a chamada segurança jurídica, a finalidade do
processo penal é alcançar a própria justiça.

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Objecto do processo penal

Para a determinação do objecto do Direito Processual Penal temos que ter atenção a um
conjunto de factos humanos, devidamente situados no tempo e no espaço, integrantes
dos pressupostos de que depende a aplicação ao seu autor de uma pena ou de uma
medida de segurança. Assim entendemos que:
a) Conjunto de factos humanos, mas não de qualquer facto, factos que são crime;
b) Situados no tempo, se ainda é ou não é possível de sanção penal; saber também
o “quando”, nomeadamente por uma questão de prova: o momento, a que horas,
inclusivamente para a própria qualificação do crime;
c) Situados no espaço, para se saber qual o Tribunal que vai apreciar; interessa
saber o local onde o crime foi cometido.

Este conjunto de facto humanos devidamente situados no tempo e no espaço, associado


a outros pressupostos é que vai servir de base a investigação e a averiguação destes
factos é feita durante o inquérito ou, eventualmente, também na chamada instrução.

Assim, nesta fase investigatória trar-se-á ao processo tudo quanto possa incriminar ou
não um determinado indivíduo, coligindo tudo aquilo que interessa imputar ao arguido.

Com o término do inquérito, o Ministério Público recolhe os elementos de facto e vai


inseri-los na acusação.2

Dir-se-á que o objecto do processo penal é a própria acusação.

Âmbito do Processo Penal

“O processo penal abrange o conjunto das normas que disciplinam, quer a


intervenção da existência de um crime e a aplicação ao agente que praticou esse crime

2
É sobre a matéria da acusação que o Tribunal vai conhecer o conjunto de factos
humanos que merecem sancionamento legal e vai assim sentenciar, aplicando a justiça
concebida como uma das finalidades do Direito Processual Penal.

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de uma pena ou de uma medida de segurança, mas também, numa fase posterior, o
controlo da execução das reacções criminais.
O Processo Penal:
- Abrange não só a investigação, esclarecimento e punição do crime;
- Mas também o controlo da execução das reacções criminais.”3

Localização Direito Processual Penal no sistema jurídico

No sistema jurídico Moçambicano, o qual é de origem romano germânica podemos


aferir que o Direito Processual Penal faz parte do Processo Penal em geral.

O direito processual civil: um direito mais completo, que tem a ver com as relações
entre as pessoas; o processo penal também tem a ver com as relações entre as pessoas e
também entre as pessoas e o Estado.

Uma das formas de integrar lacunas em processo penal, será através do recurso às
normas de processo civil, primeiramente normas de processo penal, depois normas de
processo civil que se harmonizem com o processo penal.

Quadro comparativo do Direito Processual Civil e Direito processual Penal

PROCESSUAL CIVIL PROCESSUAL PENAL

Tem como causa uma relação de Tem-se uma relação de natureza pública,
natureza privatistica, de direito privado. que inclusivamente só pode ser exercida
Pertence aos sujeitos dessa mesma contra pessoas singulares.

QUANTO relação, é dirigido por eles e dirige-se Se há notícias de um crime público, o

A contra pessoas singulares ou colectivas. processo tem de ser desencadeado

NATUREZA imediatamente, tem de haver investigação.

DA É um direito de natureza privada

RELAÇÃO porque a autonomia da vontades das É um direito de natureza pública, porque


partes prevalece na relação entre as nele intervém o Estado no exercício da sua

3
In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

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partes competindo ao Estado um papel função jurisdicional: ao Estado e só ao


de regulador e não uma função Estado compete a perseguição e condenação
jurisdicional. dos criminosos.

Não implica necessariamente


QUANTO A uma decisão judicial. As partes A submissão de um criminoso, de um
FORMA DE podem pôr fim ao litígio, ou podem arguido, a reacções criminosas, só pode
DECISÃO nem sequer exercê-lo, podem nem dar-se dentro do Estado e pela via do
sequer recorrer aos Tribunais processo.

.
QUANTO A A investigação é levada a cabo À existência de uma fase de inquérito,
INVESTIG pelas próprias partes: é ao autor que uma fase secreta. É uma fase de
AÇÃO antes de fazer a petição inicial faz a investigação que é levada a cabo por uma
investigação. entidade isenta – o Ministério Público.

Não vigora o princípio da auto-


Se o réu não contestar, deverá ser responsabilidade probatória das partes.
QUANTO condenado liminarmente. Em Isto é, se o arguido não contestar, não se
AO qualquer altura as partes podem vir consideram provados ou não se têm como
PRINCÍPIO ao processo para transigir. É uma provados os factos que lhe são
DISPOSITI relação de natureza privatistica. imputados. Há a impossibilidade de
VO qualquer transacção ou renúncia ao
objecto do processo, não vigora o
princípio do dispositivo.

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Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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Bibliografia:
 DEMERCIAN, Pedro Henrique; MALULY, Jorge Assaf. Curso de processo
penal: 4 ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2009.
 JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal: 11. ed. – Rio de Janeiro:
Forense, 2007. J
 MACHADO, Antônio Alberto. Curso de processo penal: 2 ed. – São Paulo:
Atlas, 2009.
 MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal, 4v. 2ª ed. –
Campinas: Millennium, 2000.
 http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

Actividades:

1. O que entende ser o direito processual penal?


2. Que relação estabelece o Direito Processual Penal e o Direito Penal?
3. Qual a finalidade do Direito Processual Penal.
4. Qual o objecto do Processo Penal? Justifica.
5. Identifique três diferenças entre o Direito processual Civil e o Direito processual
Penal.

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UNIDADE TEMÁTICA 2

Direito Penal

Tema: Tipos de processo penal, fontes de direito processual penal


e princípios de direito processual penal.
Elaborado por: Virgínia Madeira

OBJECTIVOS

No final desta unidade o estudante deve estar capaz de:


 Conhecer os tipos históricos de processo penal e qual é o moçambicano
 Saber distinguir quais são as fontes de direito processual penal;
 Distinguir os diferentes princípios que orientam o procedimento criminal

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1. TIPOS HISTÓRICOS DE PROCESSO PENAL

Importa referir que nos primórdios da civilização não se mostrava existir uma distinção
entre a justiça civil e a privada. Estes aspectos certamente foram por vós abordados e
aprofundados nas disciplinas introdutórias ao curso de Direito.

Foi com o desenvolvimento da humanidade e autonomização dos diferentes ramos de


Direito que iniciou o processo, que até hoje se mostra presente, da especialização dos
diferentes ramos jurídicos que estão em constante evolução pois visam responder as
inquietações que surgem do convívio social.

Assim, cada um dos ramos do Direito tem vindo a passar por um processo de
desenvolvimento tendo em conta as realidades sociais a que se mostra inserido. Deste
modo o Direito penal (no geral) e o Direito Processual Penal também apresentou a sua
evolução ao longo dos tempos como de seguida faremos referência ao abordas os
diferentes tipos históricos de processo penal.

1. Processo tipo inquisitório


Este tipo de processo é característico dos Estados absolutistas e totalitários onde o
Rei a Igreja, e próprio Estado, respectivamente, detinham o poder absoluto sobre o
indivíduo.
Este modelo de processo inquisitório vigorou nas legislações europeias continentais
dos séculos XVII e XVIII, tendo como princípio subjacente de que a repressão criminal
era de indispensável interesse público e competia em exclusivo ao Estado.4
Neste sistema o juiz era tido como um órgão de soberania totalmente dependente do
poder político. Deste modo, competia ao mesmo juiz instruir o processo, acusa-lo e
julga-lo. 5

4
In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf. Cit. Cf. Castanheira
Neves, “Sumários de Processo Criminal”, Coimbra 1968, p. 23, e Figueiredo Dias, “Direito Processual
Penal”, 1º Vol., Coimbra Editora, 1981, p. 61.
5
Neste sistema o juiz se apresentava como investigador, acusador e julgador. Claramente se apercebe
que a decisão ou sentença final a ser proferida por este era muito subjectiva na medida em que,
enquanto julgador ao longo do processo investigativo o juiz retirava de imediato uma convicção
da culpa do arguido e a acusação era elaborada de acordo com tal convicção ou a vontade do
poder político. Este sistema teve o seu desenvolvimento na idade média através do sistema
inquisitório instaurado pela igreja católica.

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Aspectos característicos deste processo


Constituem características deste tipo de processo as seguintes.
a) Prevalência total da verdade formal da verdade material, na medida em que
constituía verdade não os factos como eles ocorreram mais sim como eles são
vistos e interpretados pelo juiz de acordo com a vontade e convicção do poder
político;
b) A confissão era a rainha das provas: bastava o arguido confessar o seu crime
para que se fosse condenado. É a chamada verdade formal.
c) Ao arguido não eram reconhecidos direitos. O arguido era uma coisa, era um
objecto sobre quem era feito o processo.
d) Era admitida a tortura para obter a confissão do arguido.

2. Processo tipo acusatório


Diferentemente do processo inquisitório, neste processo o Estado e o indivíduo
aparecem em estado de igualdade, na medida em que um quer punir, o outro quer
defender-se, são reconhecidos ambos direitos de acusação e defesa.
Este processo teve um impulso grande com os filósofos e todo o movimento jus-
naturalista e do iluminismo que, veio a retirar o poder absoluto dos reis e fazer
prevalecer alguns direitos que assistem aos indivíduos, isto é, os direitos inalienáveis da
pessoa humana.
Assim com o surgimento da teoria da separação constitucional dos poderes 6 os juízes
tornaram-se independentes do poder político e o processo penal sofre uma
transformação considerável com a introdução de figuras como a publicidade, a
contrariedade e a oralidade dos julgamentos.
O quadro a seguir relata como passa a ser visto este processo tipo acusatório.

PARA SABER!
No processo tipo acusatório entendia-se o processo penal como uma oposição de
interesses:
a) Por um lado o Estado, a querer punir;
b) Do outro lado o indivíduo, a querer afastar a punição, a querer-se defender-se.
Ambos dispõem dos mesmos meios; não há supremacia por parte do Estado.

6
Leitura complementar e obrigatória da Evolução da Teoria da Separação de Poderes no anexo I desta
unidade.

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Continuação!
Vale o princípio do dispositivo, o processo pode ser transacionado. Vale também o princípio
do juiz passivo, o juiz limita-se a ouvir o que a acusação tem a dizer e o que a defesa tem a dizer;
dá como certos os factos que não foram contraditados por cada uma das partes e profere a
sentença, apenas com base nesses mesmos factos.
Resulta daqui uma sentença formal. O juiz apenas tem de ter em conta aquilo que não foi
impugnado, é uma sentença formal, que resulta dos autos.
Em processo penal, neste tipo de acusatório, aquilo que não foi impugnado pela outra parte
considera-se como certo, o princípio da auto-responsabilidade probatória das partes.
Tem-se também outro princípio, o princípio da total inocência do acusado até à condenação,
todo o indivíduo se considera inocente até ser condenado.
A acusação e a prisão só são possíveis dentro das formas e dos casos previstos na lei. É a
consagração do “nullum crimen sine legem”. Ninguém pode ser sentenciado por um crime que não
está legalmente previsto, nem pode ser aplicada nenhuma pena que igualmente não esteja prevista.
In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

3. Processo reformado ou misto


Este tipo de processos é denominado Misto pois insere características do tipo
inquisitório e acusatório tendo assim uma fase investigatória que é levada a cabo por
uma entidade distinta da que vai realizar o seu julgamento.
São princípios orientadores deste modelo de processo a contrariedade, a publicidade e a
oralidade do julgamento e da livre convicção probatória.
Assim, para além do juíz aparecem as figuras do júri, ao lado da criação do Ministério
Público com o órgão judicial de acusação.7

CURIOSIDADE!
Processo mitigado - Criado em Portugal durante a vigência do Estado Novo.
Cria-se o Ministério Público, mas subordina-se a sua actividade ao juiz. A competência da instrução
preparatória era do juiz: finda esta, ele ordena ao Ministério Público que acusasse. E se não concordasse
com a acusação doMinistério Público, ele poderia ordenar que fizesse nova acusação, depois ia julgar.
Cria-se a figura do defensor, aparece como colaborador da realização dos interesses da
administração da justiça. O defensor é a pessoa que vai assistir tecnicamente o arguido.

In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

7
Este tipo de processo é tíico dos Estados Unidos onde a figura do jurado tem um papel principal para a
determinação da culpa ou inocência do arguido.

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Sistema processual penal moçambicano

Concebe o processo penal como parte da ordenação comunitária. Ele está ao serviço da
comunidade e não ao serviço do Estado.
Caracteriza-se desde logo pela existência de um princípio não inquisitório, mas um
princípio de investigação, integrado numa fase secreta que é chamado inquérito e que
tem como finalidade esclarecer e instituir autoritariamente o facto que deve ser sujeito a
julgamento.
É vedado ao Ministério Público, transigir, fazer qualquer acordo com o arguido ou com
o defensor, no sentido de deixar de deduzir aquela acusação.
Caracteriza-se ainda pela existência de certas limitações à liberdade do arguido.
O Ministério Público actuará em todo o processo segundo princípios de estrita
objectividade vinculado ao princípio da legalidade conforme dispõe o artigo 2 nº1 da
Lei nº 22/2007 de 1 de Agosto( Lei da Orgânica do Ministério Público).
Porque a estrutura do Direito Processual Moçambicano apresenta a mesma evolução
histórica que a portuguesa , com as alterações introduzidas pelo Decreto nº 19271 de 24
de Janeiro de 1931, até 1975 altura em que Moçambique tornou-se independente, por
forma a compreender esta evolução devem os estudantes lê o texto que se segue que faz
referência as alterações havidas até 1975:

A estrutura do processo penal português/ moçambicano – evolução havida

C. P. Penal de 1929: este “ teve como um dos princípios orientadores o reforço do papel do juiz,
ao qual competia não só julgar, mas também realizar a investigação que fundamentava a
acusação, o que representava, como se refere no Relatório do Dec-Lei nº 35.007, de 13-10-1945,
“um regresso ao tipo de processo inquisitório”, pondo em causa a imparcialidade do julgador e
reduzindo a actividade do Ministério Público à de um simples formalismo. Esse abandono da
estrutura acusatória do processo penal, em favor da estrutura inquisitória, foi historicamente
movido pelo desejo de não entregar os arguidos nas mãos de uma magistratura dependente como
a do Ministério Público15 . Concluída a instrução (“corpo de delito”), competia ao Ministério
Público deduzir a acusação, mantendo-se, assim, formalmente, a concepção acusatória.”

.
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Moçambique:

O Código de Processo Penal de 1929 ( Código Português)


Entrou em vigor em Moçambique, na altura como Província Ultramarina a 01 de Julho de
1931 através do Decreto nº 19 271 de 24 de Janeiro de 1931 que introduz algumas
alterações, das quais mostram-se ser pertinentes referis as seguintes:
1. As formas de processo comum que passam a ser quatro nomeadamnete: processos de
querela, plícioa correcional, transgressão e sumário (vide o artigo 11º do diploma
legal retro mencionado)
2. Afasta-se a figura do jurado ( §1º do artigo acima referido)
3. Alastra-se a competência do processo de polícia correcional para os crimes
enumerados nos artigos 64 e 65 do C. P. Pena ( Código de Processo Penal)

O Dec-Lei nº 35.0007, de 13-10-1945,


Entrou em vigor em Moçambique através da Portaria nº 17 706 de 20 de Março de 1959.
Este diploma legal teve como aspectos importantes a salientar os seguintes:
1. “ restaurou o princípio da acusação, levando em conta que “se o juiz exercer
plenamente a sua função policial e de acusação pública, não manterá facilmente a
serena imparcialidade do julgador. E, se, ao contrário, “desprezar as funções de
investigação e acusação que forçosamente lhe foram atribuídas, para se ater
exclusivamente às funções jurisdicionais, tornar-se-á frágil…a garantia da ordem
jurídica” – cf. o respectivo preâmbulo.
2. A instrução preparatória passa a ser presidida pelo Ministério Público, nãos e
mostrando vedada a possibilidade de aparte interessada na acusação se constituir em
assistente conforme dispõe o §2 do artigo 12 do Decreto Lei nº 35007.

Para além destas alterações depois da independência foram aprovados outros diplomas
legais tais como:
a) Decreto-Lei nº 4/75 de 16 de Agosto (Introduz alterações ao P. Penal)
b) Decreto-Lei nº 28/75 de 8 de Dezembro (Introduz alterações ao P. Penal)
c) Lei nº 5/81 de 8 de Dezembro (Extingue os Tribunais de Execução das Penas e
transita a competência para os Tribunais Populares Provinciais)
d) Lei nº 9/92 de 6 de Maio ( Introduz alterações ao processo penal e reintroduz as
ficuras do assistente e de crime particular, revogando os artigo 17 e 19 do DL nº
4/75;
e) Lei nº 2/93 de 24 de Junho (Institucionaliza os Juizes da Instrução Criminal)
NB: devem os estudante procurar esta Legislação referida nas colectânea de legislação
penal.

Partes do texto foram retiras do site:


http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

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Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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FONTES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


a) A Lei:
- Lei internacional;
- Lei nacional.
Dentro da lei internacional, pode-se fazer uma referência a:
- Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão;
Dentro da lei nacional, tem-se:
- A Constituição da República Moçambicana;
- Código de Processual Penal;
- Lei Orgânica dos Tribunais;
- Lei Orgânica do Ministério Público.

LEITURA COMPLEMENTAR:

Sobre as fontes de direito vejam o livro de Direito Penal esquematizado.

In: http://lelivros.today/book/download-direito-processual-penal-esquematizado-
alexandre-cebrian-araujo-reais-em-epub-mobi-e-pdf/

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Ciências Jurídica Direito Processual Penal
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PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO PENAL

O Direito processual Penal, tal como outros ramos de Direito encontra-se revestido de
princípios que não só o estruturam como ramo científico como também o caracterizam e
diferenciam de outros ramos afins.
Assim, estes princípios encontram-se separados em dois grandes grupos,
nomeadamente:
a) Princípios relativos ao impulso processual; e
b) Princípios relativos as formas.
Iniciaremos por estudar os princípios relativos ao impulso processual.

PRINCÍPIOS RELATIVOS AO IMPULSO PROCESSUAL

1. Princípio da oficialidade
Em causa está saber a quem compete a iniciativa ou o impulso processual, portanto, o
impulso de investigar a infracção, e a quem compete também a decisão de submeter ou
não o infractor a julgamento.
Em regra, sendo o Direito Processual Penal um ramo de Direito Público, no qual a veia
punitiva do Estado se faz muito presente como mão reguladora da convivência social,
ao Estado compete o impulso da acção Penal, representado para o acto pelo Ministério
Público.
Assim, em determinado tipo de crime, compete ao Estado oficiosamente o impulso da
acção penal sendo assim descartado, nestes casos o impulso particular decorrente dos
crimes particulares ou semi -públicos.
Conclui-se assim que o exercício da acção penal compete ao Ministério Público – neste
aspecto se centra o princípio da oficialidade. (artigo 1 e 6 do DL nº 35007 de 13 de
Outubro de 1945 conjugado com o artigo 5 do C.P.P).

O quadro que se segue, de forma breve descreve como é materializado o princípio da


oficialidade:

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Da denúncia obrigatória

O princípio da oficialidade decore até certo ponto da denúncia obrigatória.


Ora, nos termos do disposto no artigo 6 do C.P. Penal conjugado com o artigo 8 do D L nº
35007 de 13 de outubro de 1945, a acção penal pode iniciar também por denúncia ou queixa
feita por qualquer pessoa. Contudo existem algumas entidades cuja obrigatoriedade da
denúncia é legal, conforme dispõe o artigo 7 do D L nº 35007 de 13 de outubro de 1945.
Com esta denúncia obrigatória, com esta obrigação de comunicação dos actos, com o
levantamento dos autos de notícia e porque, nos termos do art. 48º CPP, é o Ministério Público
que tem legitimidade para promover o processo penal, então, a partir do momento em que o
Ministério Público tem conhecimento de um crime inicia toda a parte do inquérito.
Desde a notícia do crime que é dada a conhecer ao Ministério Público, até ao julgamento,
tudo se vai desenvolver oficiosamente, através de órgãos ou entidades em que o Estado,
detentor do poder soberano de investigar, de esclarecer determinados factos praticados pelos
agentes e de sentenciar. Quer-se dizer, que se impede, se proíbe, a actuação de particulares na
investigação dos factos que constituem crime.
É nisto que se traduz o princípio da oficialidade, é o carácter público da promoção
processual que se mostra na figura do Ministério Público.
In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

Limitações ao princípio da oficialidade:

a) Crimes particulares:
Os crimes particulares são aqueles caracterizados por serem de pequena gravidade, de
infracções que, não se encontram relacionadas “com bens jurídicos fundamentais da
comunidade, apenas atingem a pessoa visada e a comunidade em si própria não se sente
lesada, e por conseguinte, não sente necessidade de reagir.”8
Neste tipo de crimes é ao particular que esta reservado o início da acção penal
conforme dispõe o artigo 3 nº2 do DL nº 35007 de 13 de Outubro de 1945 cabendo

8
In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

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ainda, depois ele próprio, se quiser, após a diligência do inquérito, pode deduza
acusação.

Resumo teórico da tramitação do crime particular

Se o ofendido por um crime particular, quiser que haja procedimento criminal, dá


conhecimento ao Ministério Público e tem de declarar que se quer constituir assistente, mas não
é ele que vai fazer o inquérito, quem o faz é o Ministério Público.
Simplesmente, depois de submeter o arguido ou não a julgamento, através da dedução de
acusação essa decisão última pertence ao particular, se ele não o fizer o processo é arquivado.
In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

b) Crimes semi - públicos:


Estes ocorrem quando pela infracção cometida pelo arguido a comunidade já se sente
parcialmente ofendida, no entando ainda assim os sentimentos e direito particulares se
mostram mais atingidos. Previsto no artigo 3 nº1 do DL nº 35007 de 13 de Outubro de
1945, a acção penal depende da queixa do ofendido. Caso o ofendido não queira iniciar
o procedimento criminal não pode o Ministério Público o efectuar oficiosamente.
Contudo, pretendendo o ofendido iniciar o procedimento criminal depois de submeter a
queixa ao Ministério Público, ao abrigo do disposto no artigo 4 do DL nº 35007 de 13
de Outubro de 1945 conjugado com o artigo 19 do C. P. Penal, ele (o ofendido) pode se
constituir em assistente e o Estado assume todo o processo, desde o inquérito até ao
julgamento.

Resumo das fases do crime semi -público


A queixa, a constituição de assistente, e a dedução de acusação por particular, são momentos
distintos.
1º Momento: a pessoa queixa-se e tem de declarar que se vai constituir assistente até 5 dias
antes da audiência de discussão e julgamento ( art. 4 do DL nº 35007 de 13 de outubro de
1945).

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2º Momento: a pessoa constitui-se assistente. Para tanto precisa de advogado para assinar
o requerimento. Têm que estar reunidos os pressupostos processuais, como a
personalidade, a legitimidade, etc. e tem de pagar a taxa de justiça. (artigo 5 do DL nº
35007)
3º Momento: deve o assistente deduzir a acusação particular num momento posterior e
atendendo aos prazos fixados para o Ministério Público. (art. 4 §3º do DL nº 35007)

c) Crimes públicos:
“Aqueles que pela sua gravidade e consequência, atingem de tal maneira os valores
da comunidade que esta não pode ficar inactiva. E por conseguinte, basta a notícia do
crime para que o Ministério Público desencadeie todo o processo. E mais: é obrigado a
deduzir acusação, e durante o julgamento, tem que a sustentar, tem que mantê-la. Só
poderá deixar de o fazer no final do julgamento, quando se passa à fase das alegações
gerais.”9

2. Princípio da legalidade (artigo 2 da lei nº 22/2007 de 1 de Agosto)


Surge como forma de controlo da actividade do Ministério Público, que é um órgão
hierarquicamente dependente e responsável.
Como é que o Ministério Público desencadeia o processo (art. 160 do C.P. Penal)?
O procedimento criminal é desencadeado a partir d a chamada notícia do crime. Importa
referir que se o crime for semi - público ou particular, tem de ser o ofendido ou a
pessoa a quem a lei confere legitimidade para queixar-se a desencadear tal
procedimento junto aos tribunais e/ou procuradorias. (artigo 6 do C. P. Penal
conjugado com o artigo 4 do DL nº 35007).
Ora, sendo um crime de natureza pública, o procedimento criminal (o desencadeamento
do processo) inicia com a notícia do crime efetuada por qualquer pessoa ao Ministério
Público pois, só assim pode este desenvolver a acção penal.

9
In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

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Deste modo podemos concluir que, o princípio da legalidade, traduz-se, desde logo na
obrigatoriedade que ao Ministério Público se exige de proceder, dar ou deduzir a
acusação e sustentá-la efectivamente , por todas as infracções de cujos os pressupostos
tenha tido conhecimento e que tenha logrado recolher no Inquérito indícios
suficientes.10
De ressalvar que este princípio não se mostra adstrito somente ao Ministério
Público, outros autores judiciais tais como os juízes e os órgãos de polícia criminal
(PIC) também estão sujeitos a este princípio.7

Qual a tramitação da notícia ou denúncia do crime?

Se quanto ao impulso inicial basta a notícia do crime, já para o impulso processual sucessivo,
imediato, que será a dedução da acusação, torna-se necessário que durante o inquérito tenham
sido recolhidos indícios suficientes de se ter verificado o crime e quem foi o seu agente.
Após dedução de acusação, não acabou ainda a obrigação do Ministério Público respeitar a
legalidade. Durante a fase de julgamento ele deve não só manter essa acusação, como sustentá-la
efectivamente.
Esta expressão “sustentar efectivamente”, quer dizer que o Ministério Público, perante a
prova que está a ser produzida em audiência de julgamento, não pode pura e simplesmente
desistir.
Terminada aquela fase de julgamento em que se faz a prova dos factos, então já o Ministério
Público fica liberto da obediência ao princípio da legalidade.
Nos crimes particulares, o princípio da legalidade não existe, o Ministério Público, não é
obrigado a deduzir acusação; apenas está obrigado a fazer o inquérito: a partir do momento em
que há queixa, declaração de constituição de assistente, então o Ministério Público é obrigado a
fazer inquérito. Mas uma vez findo, não está obrigado a deduzir acusação porque isso é um
direito que compete em exclusivo ao particular.
Nos crimes semi-públicos, pode acontecer que ao Ministério Público seja retirada a
legitimidade para continuar. Mas aqui não se tem nenhuma ofensa ao princípio da legalidade, o
que acontece é que o ofendido, até à sentença pode desistir da queixa, da instância.
In: http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

7. vejam os artigos 234 da CRM e 4 alínea b) da Lei nº 22/2007 de 1 Agosto no que se refere ao
Ministério Público, os artigo 217 da CRM e DL nº 35 042 de 20 de Outro de 1945 no que se refere a
Polícia de Investigação( importa referir que o mesmo vira a ser revogado pela actual lei que cria a
SERNIC- Serviço Nacional de Investigação Criminal) .

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3. Princípio da oportunidade
O princípio da oportunidade consiste em conceder uma certa margem de
discricionariedade ao Ministério Público para que ele possa dispor do processo
resolvendo desde logo determinados casos dando-lhes ou não seguimento (artigos 24 a
26 do DL nº 35007 de 13 de Agosto de 1945 conjugados com os artigos 341 a 348 todos
do C.P.Penal)11. Estas situações são as seguintes:
- quando o Ministério Público abstence de acusar por não ter encontrado, ao
longo da investigação elementos suficientes para continuar a acção penal tais
como os agentes do crime, as provas incidiárias, etc., nestes casos o processo é
arquivado (artigo 25 do DL nº 35007 de 13 de Agosto 1945 conjugado com o
artigo 343 do C.P.Penal), ou
- quando o Ministério Público deduz acusação existindo elementos suficientes
para o procedimento da acção penal.

PARA SABER!

Concedendo o legislador ao Ministério Público a possibilidade de, em certas situações, não deduzir
acusação, desviando se assim do cumprimento do princípio da legalidade, então há que controlar a própria
legalidade do Ministério Público; ou seja, controlar a sua actuação sempre que o Ministério Público não
obedece à lei.
Assim existem duas formas de controle da actuação do Ministério Público:
a) pela chamada intervenção hierárquica: esta se mostra patente no artigo 234 nº1 da CRM conjugado
com o artigo 29 do DL nº 35007 que consiste na obrigatoriedade de, em caso de o Ministério Público
abster-se de acusar, esta abstenção dever ser apreciada por um superior antes de confirma-la e assim
remeter ao arquivo; e
b) Pelos assistentes através da possibilidade que a lei o dá de reclamar da falta de acusação do Ministério
Público, através da reclamação hierárquica. (vide os artigo 27 e 28 do DL nº 35007 de 13 de Outubro
de 1945).

4. Princípio da acusação ou do acusatório


Com a adopção deste princípio, pretende-se assegurar o carácter isento, objectivo,
imparcial e independente da decisão judicial.

11
Obriga-se a leitura dos artigos acima referidos.

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Para que seja possível alcançar este grau de imparcialidade e independência acima
referidos torna-se necessário que a entidade julgadora não possa ter também funções de
investigação e da acusação da infracção, deste modo, caberia ao:
- Ministério Público investigar e acusar; e
- ao juiz julgar, apreciar a conduta do arguido.12
Ao lado desta distinção entre entidade julgadora e entidade acusadora há que estipular e
postular um princípio de igualdade de “armas” entre a acusação e defesa. Ambos
devem ter mesmos direitos e os mesmos poderes.
Apar disso existem alguns princípios que orientam a actuação do juiz no procedimento
do despacho de pronúncia que, não sendo uma acusação (despacho de acusação), ser a
peça processual que fixa a conduta criminosa a ser apreciada em sede de julgamento. O
quadro a seguir versará sobre isso:

PARA SABER!

A pronúncia

O despacho de pronúncia, é a imputação ao arguido da prática de determinados factos, só que agora não
pelo Ministério Público, mas por uma entidade judicial que é o Juiz da causa (de referir que em alguns
ordenamentos jurídicos, como o caso do português, o despacho de pronuncia é exarado pelo juiz de
instrução criminal. No entanto no nosso ordenamento jurídico tal função é desempenhada pelo juiz da
causa).
Em termos práticos, no nosso ordenamento jurídico, é muito mais gravoso para o arguido ir para
julgamento com o despacho de pronúncia do que com uma acusação, porque:
- Enquanto a acusação se basea em indícios recolhidos por uma entidade não judicial, o Ministério
Público;
- No despacho de pronúncia, houve já uma comprovação desses mesmos factos pelo próprio juiz da
causa, podendo assim concluir-se ser quase uma versão preliminar da decisão a ser tomada na
sentença. Deste modo, a pronúncia comprova os factos deduzidos na acusação.
A estes efeitos, ou a estas consequências, chama-se em direito, a vinculação temática do Tribunal, o
Tribunal está vinculado a um tema, que é a acusação.
Analisando esta vinculação temática, encontra-se ainda três princípios:
1) Princípio da identidade: o objecto do processo deve manter-se o mesmo desde a acusação até ao
trânsito em julgado da sentença;
2) Princípio da unidade ou indivisibilidade: o objecto do processo deve ser conhecido e julgado pelo
Tribunal na sua totalidade, é indivisível;
3) Princípio da consunção: o objecto do processo deve considerar-se irrepetivelmente decidido na sua
totalidade.
O Tribunal não conheceu, mas devia ter conhecido, porque os factos constam da acusação; se não
conheceu, transitou em julgado a sentença. O objecto do processo deve considerar-se irrepetivelmente
julgado, decidido na sua totalidade.
O objectivo que se pretende com a adopção do princípio da acusação é, desde logo, uma protecção do
arguido contra alargamentos arbitrários da actividade cognitiva e decisória do Tribunal.
Pretende-se atingir a garantia do respeito pelo direito de contrariedade e de audiência. Isto é, o arguido
tem o12poder de seque
De referir fazer ouvir,ordenamento
no nosso o arguido tem o poder
jurídico de contraditar,
a posição do juiz se de impugnar,
mostra de pois,
bifurcada contestar
se porosum
factos de
que élado
acusado.
compete a ele julgar, ainda pode, se apercebendo de que a prova indiciária se mostra deficiente, isto
Este
antesprincípio da acusação
da audiência é aordenar
de discussão, garantia da estrutura
diligências acusatória
em sede do processo,
de a instrução na medida
contraditória conformeem que não há
dispõe
processo tipo327
o artigo acusatório sem princípio
do C.P. Penal de acusação.
(desde já roga-se aos estudantes que procedam a leitura deste e dos seguintes)

In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf
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5. Princípio do contraditório e da audiência

Este princípio se circunscreve ao disposto no artigo 468 do C. P. Penal ao referi que


“Findas as alegações, o presidente do tribunal perguntará ao réu se tem mais alguma
coisa a alegar em sua defesa, ouvindo-o em tudo a que disser a bem dela()…”
Resulta deste dispositivo legal ser o arguido a última pessoa a ser ouvida, a pronunciar-
se num julgamento e após as alegações finais. Deste modo, o juiz só pode proferir a sua
decisão depois de dar ao arguido a possibilidade de contestar, de contrariar as razões ou
os factos que lhe são imputados.

CURIOSIDADE!

Este princípio do contraditório está directamente relacionado com o princípio da


audiência.
A oportunidade que é conferida a todo o participante no processo de influir através
da sua audição na decisão do caso concreto.
Através do princípio da audiência tem-se o reconhecimento da dignidade pessoal do
homem, impedindo que ele se torne num objecto do processo. O arguido, como qualquer
outro sujeito processual, é um sujeito activo, é um sujeito participativo em todo o
processo. Por conseguinte, deve ser ouvido porque através das suas declarações ele
contribui para a decisão do caso concreto.

In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

6. Princípio da suficiência
No processo penal vão-se resolver todas as questões que interessam à decisão
daquela causa (art. 2º CPP).
Segundo este dispositivo legal, ao juiz penal atribui-se a competência para conhecer
de todas as questões quer elas sejam de natureza criminal ou civil.13
Contudo, nem sempre a resolução de questões que não sejam de natureza penal
podem ser apreciadas na mesma acção criminal, pelas razções seguintes:
1. Por apresentarem um objecto diferente, ou

13
A propósito deste entendimento pode se verificar que muitas vezes nas decisões penais são arbitradas
indemnizações decorrentes de ilícitos criminais ou de actos dolosos ao direito de outrem, sendo assim o
mesmo entendimento que se tem em relação aos ilícitos civis conforme atesta o disposto no artigo 483 do
C.C.

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2. Por terem uma natureza distinta da questão principal a resolver no processo


penal, ou ainda
3. Por se revelarem de uma complexidade extrema, a sua resolução terá de ser
decidida noutro Tribunal.
A estas questões que condicionam e por vezes, limitam o conhecimento do juiz
penal são aquilo a que se chama: questões prejudiciais em processo penal.

O quadro seguinte versa sobre as questões prejudiciais acima referidas.

PARA SABER! (IMPORTANTE)


Questões de natureza civil, três teses:

a) Tese do conhecimento obrigatório: o juiz penal é obrigado a conhecer todas as questões; bem ou
mal, o juiz penal tem delas conhecer. Em processo penal, o juiz deve conhecer de tudo.
b) Tese da devolução obrigatória: sempre que aparece uma questão prejudicial, há que devolvê-la para
o Tribunal competente quando não possa ser resolvida em sede de processo penal.
c) Tese ecléctica ou intermediária ou tese da devolução facultativa:
Há questões que pelo seu relevo, pela sua complexidade ou pela especialidade de que se revestem,
impõem que a sua decisão seja tomada por um Tribunal mais qualificado para o seu conhecimento, neste
caso, concede-se um certo poder discricionário quanto à devolução ou não devolução da questão prejudicial
para outro Tribunal.
É a tese da devolução facultativa, que é uma tese intermediária: o juiz analisa a questão e se entender
que não se sente à vontade para a resolver em conformidade, devolve-a para o Tribunal que considere
competente para a resolver .

Requisito para a devolução de uma questão prejudicial surgida em processo penal


São dois os requisitos que se devem ter em conta para proceder-se a devolução de uma questão
prejudicial que ocorra no decurso do processo penal:

a) Requisitos de natureza substancial


Que esta questão seja de resolução necessária para se conhecer da infracção penal. Isto é torna-se
necessário conhecer da questão prejudicial para se prosseguir a acção penal – necessidade.
Entende-se pois que a questão de natureza não penal seja importante para a decisão da causa em processo
penal, isto é, que a questão prejudicial implique o conhecimento de um elemento constitutivo da infracção.
Mas não um elemento qualquer: tem que ser um elemento de tal modo relevante que possa decidir sobre a
absolvição ou a condenação do arguido, não basta uma mera circunstância atenuante.
Outro requisito – conveniência da sua resolução em processo penal – é que essa questão possa ser resolvida
convenientemente no processo penal. Isto é, o Tribunal penal só deverá deixar de ordenar a devolução
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Continuação(…)
quando no processo penal tiver prova segura de todos os elementos da infracção.
Por conseguinte, conjugando com o primeiro requisito (da necessidade), ou decide pela absolvição ou
pela condenação, isto é, o Tribunal já tem elementos estão dependentes do conhecimento da questão
prejudicial e ela pode resolver-se convenientemente no processo penal. Então, deve ser devolvida.

b) Requisitos de natureza formal


A questão só pode ser resolvida após o termo do inquérito. O Ministério Público conhece a infracção,
para determinar quem foram os seus agentes e outros meios de prova.
Legitimidade para a suspensão do processo.
A legitimidade para a suspensão é oficiosa ou pode ser requerida pelo Ministério Público, pelo assistente
ou até pelo próprio arguido. São estes os sujeitos processuais com legitimidade para se pronunciarem sobre a
suspensão ou, eventualmente, a requerem.(artigo 3 §2º do C.P. Penal)

Limites ao conhecimento de questão de natureza civil


a) Caso julgado
O Tribunal penal não pode decidir uma questão prejudicial se esta já está definitivamente resolvida, se já
há um caso julgado sobre a questão.
b) Litispendência
Se a questão está a ser resolvida noutro Tribunal, se já está uma acção pendente não vai agora o Tribunal
Penal pedir a outro que a resolva. Aguarda, em princípio que seja decidida a questão no Tribunal
competente.
São estas as questões que se levantam à chamada suficiência do processo penal. Ao falarmos da
suficiência do processo penal diz-se que o processo se suspende.
· Princípio da concentração, tudo se deve resolver em processo penal;
· Princípio da imediação, o juiz penal toma conhecimento directo com o facto na própria audiência.

Para leitura complementar consultem os artigos 3 e 4 do C. P. Penal anotado

In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

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7. Princípio da investigação ou da verdade material


“Pretende-se saber, após a iniciativa promocional de qualquer espécie de processo
penal e com vista à sua prossecução normal, a quem compete dispor do processo. Isto é,
se o processo contínua na disponibilidade das partes ou se deixa ao Tribunal a tarefa de
investigar, embora sem desprezar o contributo das partes, o facto que é sujeito a
julgamento; e assim, é o Tribunal que irá ele próprio constituir as bases para a sua
decisão.
No primeiro caso, se após iniciativa processual – a queixa se se deixa o processo a
particulares, temos um processo presidido pelo princípio da discussão. Isto é, cada uma
das partes fará valer a sua pretensão, utilizando as mesmas armas; tem os mesmos
argumentos, tem à sua disposição tudo. O juiz terá uma posição passiva; apenas lhe
cabe respeitar as normas e presidir à audiência, manter a disciplina na audiência e
proferir a decisão de acordo com aquilo que é provado ou não provado em audiência.
No segundo caso tem-se, um processo em que vigora o princípio da investigação.”14

8. Princípio “in dubio pro reo”


Muito usado pelas partes litigantes e pelo próprio julgador em sentenças absolutórias
e mesmo pelo Minsitério Público em sede de despachos de abstenção, este é um
princípio geral do direito. O mesmo é aceite como princípio de ónus da prova material e
não como ónus da prova formal.
Quando se invoca este princípio, significa que a prova foi feita; só que não foi
suficiente, o Tribunal, com os elementos de prova que consegui recolher, não ficou
convencido de que o arguido tenha praticado o crime. E sendo assim, na dúvida
favorece-se o arguido, é absolvido.

PARA SABER!
A aplicação do princípio in dubio pro reo: a sua relevância quanto à questão de facto e à
ausência de limites:
- É relevante desde logo quanto aos elementos em que se baseou e fundamentou a
acusação;
- É relevante quanto às causas de exclusão da ilicitude (ex. legítima defesa);
- É relevante quanto às causas de exclusão de culpa (ex. estado de necessidade);
- Ainda quanto às causas de exclusão de pena.

In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

14
In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

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PRINCÍPIO RELATIVOS À FORMA

1. Princípio da publicidade
Este princípio traduz-se na publicidade das audiências dos Tribunais previsto no
artigo 407 do C.P. Penal.
Assim em regra geral, as audiências de dicussão e julgamento criminais devem ser
píblicas como uma forma de dar a conhecer a comunidade a actuação do Estado ( esta
través dos tribunais) quando algum dos seus membros cometa qualquer ilícito criminal.
Contudo, ainda tente ao disposto no artigo supra citado admite-se excepções quando,
pelas matéris vertidas nos autos possa ofender a moral pública.15
Com a publicidade da audiência de julgamento pretendeu assim o legislador
dissipar, afastar, a desconfiança sobre a independência e sobre a imparcialidade da
justiça penal.

2. Princípio da oralidade
O princípio da oralidade determina que os actos processuais são orais, pois a decisão
final é tomada mediante o depoimento das testemunhas, fazendo o interrogatório ou o
contra-interrogatório e depois lendo inclusivamente a própria decisão – a sentença. Por
conseguinte, a decisão é proferida com base numa audiência de discussão oral da
matéria. (vide os artigos 214, 425, 430, 438, 466 e 494 todos do C. P. Penal)

CURIOSIDADE!

Uma questão se levanta, relacionada quer com o princípio da oralidade quer com o
princípio da imediação e que tem a ver com o conhecimento da matéria de facto,
nomeadamente para efeitos de recurso.
O Tribunal de 1ª Instância, onde o processo está a ser julgado pela primeira vez, aprecia
os factos com base no contacto directo com as provas. Mas o Tribunal superior para o qual
tenha sido interposto recurso, se tiver que conhecer da matéria de facto:
- Ou se guia pela resposta que é dada pelo juiz do Tribunal de 1ª Instância;
- Ou então, para apreciar devidamente, tem de ter um relato dos factos.

15
Neste aspecto importa referir que geralmente os crimes de difamação, calúnia e injúrias, a pedido das
partes litigantes pode ser julgado com determinado secretismo ou ainda quando perante um crime de
violação, pelos contornos que o mesmo tiver e apedido da ofendido ou de seus familiares, sendo esta
menor, pretenderem salvaguardar a honra desta e da família. Importa assim referir que fica ao livre
critério do julgador aceitar ou não o pedido das partes devendo assim atuar com discernimento e
equidade.

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CONTINUAÇÃO!

Aqui põe-se a questão da chamada documentação da audiência (art. 363º CPP). Esta
documentação vai permitir ao Tribunal superior duas coisas:
1) Por um lado, uma melhor apreciação da prova, mais ponderada eventualmente
por parte do Tribunal de 1ª Instância que ficou com dúvidas quanto à apreciação
da matéria de facto para fundamentar a sentença;
2) Por outro lado, o juiz vai voltar a rever o depoimento das testemunhas ou aquilo
que se passou na audiência de julgamento.
As razões que levaram o legislador a adoptar o princípio da oralidade, e sobretudo, o
princípio da imediação, desde logo permite um contacto vivo e imediato do Tribunal com
o arguido. Permite avaliar a credibilidade das declarações dos restantes participantes
processuais: as testemunhas e os peritos envolvidos.
Permite ainda que haja plena audiência e participação dos sujeitos processuais e dos
restantes participantes processuais.
Sistema da prova livre: a apreciação da prova é deixada à livre convicção da entidade
julgadora. Significa pois que os factos são dados como provados ou não de acordo com a
convicção que a entidade decisória forma face ao material probatório que lhe é levado.

In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

3. Princípios relativos à prova


A prova consistui um elemento muito importante para o direito oenal pois +e
atrv+es dela que o julgador, em sede d julgamento, forma sua convicção sobre a
existência ou inexistência dos factos, das situações e das circunstâncias em que ocorreu
o crime, os quais serão relevantes para o acto decisório, ou seja, para a elaboração da
sentença.
Deste modo a prova é trazida ou carreada para o processo por um lado através das
partes e por outro pelo próprio Tribunal e é através da sua apreciação que se forma a
convicção do julgador acima já referenciada.
Importa assim aferir que a apreciação da prova pode ser efectuada pelo legislador
das seguintes formas:
1. Através de um sistema da prova legal que deve obedecer a regras gerais
previamente fixadas na lei, as quais pré-determinam o valor a atribuir às diversas
provas. (vide os artigos 175 e seguintes do C. P. Penal) ; ou
2. Mediante um sistema da livre apreciação da prova segundo o qual deixa-se ao a
prerrogativa de efectuar uma livre análise das provas. Claramente que tal
liberdade deve ser fectuada mediante critérios objectivos do valor probatória de
cada tipo de prova.
O quadro que se segue vai auxiliar-nos na valoração da prova como critério objectivo
para a sua apreciação livre por parte do julgador.

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Valoração da prova

Quanto à valoração da prova, ela pode ser:


- Prova testemunhal;
- Prova pericial;
- Prova documental;
- Referência à confissão do arguido.

a) Prova testemunhal (arts. 214 segs. CPP)


É deixada à livre convicção do Tribunal face ao depoimento. O Tribunal é livre de apreciar
se o depoimento que foi lhe prestado merece ou não merece credibilidade.

b) Prova pericial (arts. 175º segs. CPP)


O juiz não poderá pôr em causa o parecer técnico dos peritos, apenas o pode criticar. Ele
pode pôr em causa, são os factos ou os pressupostos que serviam de base ao parecer dos peritos.
Os meios utilizados podiam não ser os mais adequados para obter aquele parecer. É subtraído à
apreciação do Tribunal o parecer técnico. Mas já é da livre apreciação do Tribunal os dados de
facto, que serviram de base à emissão desse mesmo parecer técnico.

c) Parecer documental (arts. 245º segs. CPP)


O que se pode por em causa é a qualidade das declarações das partes que levaram à emissão
daquele documento.
Quanto às sentenças, elas apenas comprovam aquilo que cabe dentro do âmbito do caso
julgado. Tudo aquilo que nada tenha a ver com isso, portanto a fundamentação da sentença, já
poderá ser posto em causa pelo Tribunal.

d) Declarações do arguido (arts. 214º - 140º CPP)


Os requisitos que se exigem desde logo são que a confissão seja integral, sem reservas, livre de
toda em qualquer coacção. Exige-se ainda:
- Que não haja co-arguidos;
- Que o crime não seja punível com uma pena superior a cinco anos;
- Que o Tribunal se convença da livre declaração do arguido e da veracidade dos factos
confessados pelo arguido.
A confissão equivale a uma renúncia à produção de prova, quer por parte do arguido, quer por parte
do Ministério Público ou do assistente.

 In: http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf

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Bibliografia:
 DEMERCIAN, Pedro Henrique; MALULY, Jorge Assaf. Curso de processo
penal: 4 ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2009.
 JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal: 11. ed. – Rio de Janeiro:
Forense, 2007. J
 MACHADO, Antônio Alberto. Curso de processo penal: 2 ed. – São Paulo:
Atlas, 2009.
 -+ MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal, 4v. 2ª ed.
– Campinas: Millennium, 2000.
 http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf
 http://www.stj.pt/ficheiros/coloquios/dtopenalprocesso_teodosiojacinto.pdf

Legislação
 Código de processo Penal Anotado

Actividades:

6. Diferencie os tipos ou modelos de processo penal?


7. Caracterize o processo penal moçambicano justificando a sua resposta com
fundamentação legal.
8. Diferencie os crimes particulares, semi-públicos e públicos indicando o papel
interventivo do Ministério Público em cada um deles. Responda com base legal
9. Fale sobre o princípio da suficiência da acção penal. Responda com base legal
10. Indique dois princípios do processo penal que se encontram plasmados na nossa
Constituição da República.

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UNIDADE TEMÁTICA 3

Direito Penal

Tema: Medidas de coação e de garantia patrimonial.


Elaborado por: Virgínia Madeira

OBJECTIVOS

No final desta unidade o estudante deve estar capaz de:


 Conhecer os tipos de medidas cautelares e de garantia patrimonial
 Distinguir as diferentes medidas de coação
 Distinguir a detenção da prisão preventiva

MEDIDAS DE COACÇÃO E DE GARANTIA PATRIMONIAL

As medidas de coação são consideradas providências de natureza processual e


cautelar que visam limitar a liberdade do arguido com a finalidade de assegurar que o
procedimento criminal/penal instaurado decorra sem incidentes.

Sendo a liberdade uma regra, conforme podemos retirar do disposto no artigo 59 da


CRM, pela sua natureza excepcional, as medidas de coação e de garantia patrimonial só
podem ser aplicadas para limitar a liberdade das pessoas respeitando o princípio da
legalidade.

Deste modo, de acordo com o crime ou com a infracção cometida pelo arguido pode
juiz, em respeito ao princípio da legalidade supra mencionado, ponderar qual a medida
de coacção a aplicar ao arguido, dentro daqueles que estão previstas na lei, salientando a
título exemplificativo o disposto no artigo 291 do C.P. Penal.

Pressupostos

A aplicação de medidas de coação tem como pressuposto os seguintes:

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a) Prévia constituição em arguido.


Ao abrigo do disposto nos artigos 1 e 2 da Lei nº 2/93 de 24 de Julho, a prévia
constituição em arguido, deve ser efectuada pelo Juiz de instrução ou juiz da de
causa nos tribunais em que não tenha sido constituída uma secção de instrução.

b) Devem ser indicadas pelo juiz.


Deste modo, em princípio só o Juiz de instrução ou Juiz da causa podem decidir
as medidas de coação conforme podemos retirar do disposto na Lei nº 2/93 de 24
de Julho, conjugado com o artigo 275 e 276, ambos do C. P. Penal.

No entanto, estando em fase de instrução preparatória, se uma medida de coacção


for aplicada pelo juiz de instrução faltando o requerimento do Ministério Público
(entidade que preside a instrução preparatória – artigo 12 §2º do D.L. 35007 de 13 de
Outubro de 1945), entende-se que se está perante uma nulidade insanável, que poderá
ser invocada a todo o tempo o que conduzira a anulação de tudo quanto se processou a
partir daquela data.
Contudo, tal nulidade insanável não determina a vinculação do juiz as medidas de
coação solicitadas pelo Ministério Público, isso iria limitar a actividade do juiz no
processo. Ademais a actividade judicial não deve estar vinculada ou subordinada a um
órgão que não é judicial e que, além do mais, é hierarquicamente dependente.

Tipos de medidas de caução

1. Liberdade provisória mediante Termo de identidade e Residência –TIR


(artigos 269 e 270 do C.P. Penal)

É uma medida de coação a que o artigo 269 e 275, ambos de C.P. Penal fazem
referência e visa, tal como as demais, dar andamento ao processo, aplicando-se somente
após o interrogatório do arguido.
Deste modo podemos depreender que é uma medida de coação:
a) Aplicável a todos aqueles que forem constituídos arguidos;

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b) Que implica a obrigação de provar a sua identidade e residência, comparecer em


juízo sempre que for solicitado, não perturbar a instrução dos autos e muito
menos cometer qualquer outra infracção.

2. Liberdade provisória mediante Caução (§2º do artigo 270 e artigo 274 do


C.P. Penal)
A caução é uma medida de coação que obriga o arguido a depositar uma
determinada quantia que irá ser fixada pelo juiz para que aguarde em liberdade os
ulteriores termos do processo.
Esta medida de coação subsiste enquanto não transitar em julgado o processo bem
como ao despacho que o mandar arquivar.
Esta medida de coação pode se apresentar de duas formas, nomeadamente:
a) Caução económica – esta destina-se a garantir que, estando o arguido em
liberdade e fugindo o mesmo da vara da justiça, estejam devidamente
acautelados o pagamento dos impostos de justiça, das multas bem como das
indemnizações por perdas e danos a que o réu possa vir a ser condenado.
b) Caução carcerária - esta tem como fim assegurar a comparência do arguido em
todos os termos do processo e a cumprir todas as obrigações impostas pelo juíz.

Nos termos do disposto nos artigos 275, 276 e 277, todos do C.P. Penal a caução
pode ser prestada por meio de depósito, penhor, hipoteca ou fiança (que pode também
ser bancária) sendo que a fixação do valor da mesma deve ser arbitrada pelo juiz
mediante requerimento.

Na aplicação desta medida cautelar, o juiz deve ter em conta os seguintes aspectos:
a) a gravidade da infracção cometida,
b) o dano causado; e
c) as circunstâncias económicas do arguido.

3. Prisão preventiva
Esta é a medida de coação mais grave limitadora em absoluto da liberdade das
pessoas.
Tem como sujeito passivo o arguido e tem como requisitos gerais para a sua
aplicação os previstos no nº 1 do artigo 291º CPP. Estes requisitos se mostram

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cumulativos o que significa que na falta de um deles esta medida cautelar não pode ser
decretada. São eles os seguintes:
a) Que o arguido tenha cometido um crime doloso e punível com pena superior a 1
ano;
b) Que recaiam sobre o arguido fortes suspeitas do cometimento do crime; e
c) Que não seja possível ou inadmissível a liberdade provisória.

Quando pode ser autorizada a prisão preventiva


A prisão preventiva pode ser autorizada quando o arguido seja encontrado em
flagrante delito (executando a infracção criminosa) nos termos do disposto no artigo
286 do C. P. Penal, ou fora de flagrante delito como prevê o artigo 291 do C. P. Penal.
Fora de flagrante delito só pode ser levada a cabo a prisão preventiva do arguido
somente por ordem do jui ou a requerimento do ministério público conforme dispõe o
artigo 293 do C. P. Penal segundo as alterações introduzidas pela Lei nº 2/93 de 24 de
Julho no seu artigo 5.

Prazo da prisão preventiva


Nos termos do disposto no artigo 308 do C.P. Penal, o prazo de prisão preventiva
varia de acordo com a gravidade da infracção que se suspeita ter o arguido cometido,
bem como varia consoante as fases do processo.

Assim sendo, desde a captura até a notificação doda aucusação ou abertura da


instrução contraditória o prazo de prisão preventiva não pode ultrapassar:
a) Os 20 dias (§1º, nº1 do artigo 308 do C. P. Penal) quando a infração cometida
caiba pena de polícia correcional ou prisão superior a 1 ano;
b) Os 40 dias por crimes aque caibam no processo de Querela ( artigo 308, §1 nº2
do C. P. Penal).

Desde a notificação ao arguido da acusação ou do pedido de abertura da instrução


contraditória até ao despacho de pronúncia, os prazos de prisão preventiva não podem
exceder:
a) 3 meses se a infracção couber pena a que corresponda o processo de policia
correcional (artigo 308, §2º nº1 do C. P. Penal); e

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b) 4 meses se a infrcação couber pena a que corresponda o processo de Querela (


artigo 308 §2º nº2 do C. P. Penal).

Nb: em casos espediais os prazos de prisão preventiva podem sofre algura redução
conform se pode retirar da leitura do artigo 310 do C.P. Penal, o qual se recomenta a
LEITURA OBRIGATÓRIA.

Revogação da prisão preventiva ( artigo 273 do C. P. Penal)


A prisão preventiva é uma medida que deve ser tomada por despacho judicial e pode
ser revogada:
a) Antes da culpa formada, sempre que se verificar que não subsistem os requisitos
que a justifiquem;16 e
b) Por meio de recurso interposto do despacho de pronúncia (portano, somente
depois da culpa formada).

4. Detenção / captura

A detenção é vista como uma figura próxima das medidas de coacção, por se
prender com a limitação, embora temporária da liberdade do arguido.
No entanto, ela constitui uma medida cautelar que tem como finalidade garantir que
o arguido seja julgado ou apresentado ao jiz no prazo de 48 horas para legalização da
sua prisão conforme podemos retira do disposto no artigo 2 do Decreto Lei nº 35007 de
13 de outubro de 1945 segundo as alterações introduzidas peloa Portaria nº 17076 de 20
de Março conjugado com os artigos 263 e 311 ambos do C.P. Penal.

Quando é que se pode proceder a detenção


A detenção de um determinado sujeito infractor pode ocorrer:
a) Em flagrante delito. (vide a noção no artigo 288 do C. P. Penal)

16
Importa referir no entanto que, não obstante poder ser revogada a prisão preventiva antes da
culpa formada, a mesma pode ser ordenada novamente sempre que motivos ponderados possam
sobrevir.

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A detenção em flagrante delito pode ser efetuada por qualquer pessoa ou


autoridade ou agentes de autoridade que esteja presente na altura em que o
infractor criminal estiver a executar o crime. ( artigo 287 do C.P. Penal).
Portanto, exige-se uma certa conexão temporal com a decorrência natural dos
factos, eles devem estar estritamente ligados uns com os outros.

b) Fora de flagrante delito


Não sendo em flagrante delito (art. 257º CPP), a detenção só pode ser
efectuada por mandado emanado do juiz ou também do Ministério
Público, quando ao crime cometido for admissível a sua aplicação de
prisão preventiva.
Exige-se portanto que o crime tenha sido cometido com dolo e punível com
uma pena de prisão superior a três anos.

Também na detenção a possibilidade de reagir através do habeas corpus. A


petição é dirigida ao Juiz de Instrução Criminal, e ele deverá deferi-la no mais
curto espaço de tempo, ou seja, deve de imediato pôr a pessoa em liberdade,
ou então, ouvi-la.

Comparação entre detenção e prisão preventiva

Detenção Prisão Preventiva


Medida cautelar que não Medida de coação processual
Quanto a natureza pressupõe a existência de um mais grave
determinado Processo.
Pretende-se garantir ou Pretende-se evitar o perigo de
assegurar a presença do fuga ou de obstrução da
Quanto a arguido perante o juiz para o instrução do processo (artigo
finalidade julgamento ( caso seja em 291 do C.P. Penal)
processo sumário) ou para o
1º interrogatório (este
efectuado pelo Juiz da SIC17)
Não pode ultrapassar as 48 Pode chegar aproximadamente
Quanto a duração horas 5 meses e ainda pode ser
prorrogado. (artigo 308 e310
amos do C.P. Penal)
Qualquer pessoa ou agentes Esta medida será sempre
Competência para de autoridade ou Juiz caso se aplicada pelo juiz de instrução
aplicação trate de detenção em criminal ou pelo juiz da causa a
flagrante ou fora de flagrante requerimento ou não do
delito. ministério público
Sujeito passivo Aplicada a qualquer sujeito O infractor que já deve se
apresentar previamente
constituído em arguido

17
SIC- Secção de Instrução Criminal

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Bibliografia:
 DEMERCIAN, Pedro Henrique; MALULY, Jorge Assaf. Curso de processo
penal: 4 ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2009.
 JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal: 11. ed. – Rio de Janeiro:
Forense, 2007. J
 MACHADO, Antônio Alberto. Curso de processo penal: 2 ed. – São Paulo:
Atlas, 2009.
 MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal, 4v. 2ª ed. –
Campinas: Millennium, 2000.
 http://www.jurisite.com.br/apostilas/processualpenal.pdf
legislação:
 Código de Processo Penal anotado
 Decreto-lei nº 35007 de 13 de outubro de 1945
 Portaria nº 17076 de 20 de Março de 1959
 Lei nº 2/93 de 24 de Junho (Institucionaliza os Juízes de Instrução Criminal)

Actividades:

11. Diga o que são medidas de coação.


12. Enumere as medidas de coação que coexistem no nosso ordenamento jurídico.
13. Diferencie detenção da prisão preventiva.
14. Indique qual é o praz máximo e mínimo de prisão preventiva num processo de
querela.

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