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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4

1. Objectivos.................................................................................................................. 4

1.1. Objectivo Geral...................................................................................................... 4

1.2. Objectivos Específicos .......................................................................................... 4

2. Tramitação e as formas de Processo Penal................................................................ 5

3. Formas de Processo ................................................................................................... 5

4. REGIME DAS DENÚNCIAS .................................................................................. 5

4.1. Forma e conteúdo da denúncia .............................................................................. 5

5. Processo Comum ....................................................................................................... 6

6. Processo Especial ...................................................................................................... 6

6.1. Quando tem lugar a aplicação dos processos especiais ............................................. 7


6.1.1. Processo Sumário ................................................................................................... 7
6.1.2. Processo Sumaríssimo ............................................................................................ 7
6.1.3. Processo por Difamação, Calúnia e Injúria ............................................................ 7
6.1.4. Processo por transgressão ....................................................................................... 7
7. Tramitação do Processo Comum em 1ª instância ..................................................... 8
7.1. Fases da Instrução .................................................................................................. 8
7.2. Finalidades, formalidades e especificidades. ......................................................... 8

7.3. A efectiva direcção da Instrução pelo Ministério Público ..................................... 8

8. Dos Actos de Instrução ............................................................................................. 9

8.1. Actos do Ministério Público .................................................................................. 9

8.2. Actos que podem ser delegados pelo Ministério Público ao Serviço Nacional de
Investigação Criminal- SERNIC ...................................................................................... 9

9. Encerramento da Instrução e Formalidades ............................................................ 10

9.1. Quando é que inicia a contagem do prazo da Instrução ...................................... 11

Conclusão ....................................................................................................................... 12

Referencias Bibliográficas .............................................................................................. 13


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Introdução

A tramitação penal é o conjunto de procedimentos que compreendem desde a


instauração do processo até a sua conclusão, com a aplicação da pena ao acusado. Os
processos penais são regulamentados por leis específicas e são liderados por autoridades
judiciárias, como juízes e promotores públicos.

1. Objectivos

1.1. Objectivo Geral

A presente obra tem como ponto fulcro estudar e compreender a tramitação e as formas
de processo, sejam elas comuns ou especiais.

1.2. Objectivos Específicos

 Compreender como é que funciona as formas de processo;


 Compreender as formas de processos especiais, sejam elas sumárias ou
sumaríssimas.
 Abordar sobre as fases de instrução.
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2. Tramitação e as formas de Processo Penal


3. Formas de Processo

No ordenamento jurídico Moçambicano, o processo pode ser Comum ou Especial, nos


termos do disposto no artigo 305 nº 1 do Código de Processo Penal (Código aprovado
pela Lei nº 25/2019, de 26 de Dezembro, doravante Código de Processo Penal-CPP).

4. REGIME DAS DENÚNCIAS1

O tema das denúncias relaciona-se com a matéria da tramitação porque as denúncias são
uma das formas de obtenção da notícia do crime. A denúncia corresponde a um
momento preliminar que antecede a notícia do crime e a promoção do inquérito. As
denúncias acontecem por diversas vicissitudes e há vários debates sobre o tema. O que é
ponto assente é que são fonte de obtenção da notícia do crime, sejam anónimas ou
assinadas. Porém, hoje o tema é muito mais profundo do que isto e discute-se muito, por
exemplo, o facto de a lei não fazer qualquer exigência em termos de formalidade. Há
que fazer referência a quatro tópicos que têm sido muito discutidos.

4.1. Forma e conteúdo da denúncia

Nos termos do artigo 289 do DPP

1. A denúncia pode ser feita verbalmente ou por escrito e não está sujeita a formalidades
especiais.

2. A denúncia verbal é reduzida a escrito e assinada pela entidade que a receber e pelo
denunciante, devidamente identificado. É correspondentemente aplicável o disposto no
número 3 do artigo 105.

3. A denúncia contém, na medida possível, a indicação dos elementos referidos nas


alíneas do número 1 do artigo 286.

4. O denunciante pode declarar, na denúncia, que deseja constituir-se assistente.


Tratando-se de crime cujo procedimento depende de acusação particular, a declaração é
obrigatória, devendo, neste caso, a autoridade judiciária ou o órgão dos serviços de
investigação criminal a quem a denúncia for feita verbalmente advertir o denunciante da

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No nosso ordenamento jurídico ver sobre as denúncias nos artigos 285 á 289 do CPP.
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obrigatoriedade de constituição de assistente e dos procedimentos a observar, sem


prejuízo, a final, do estatuído no número 4 do artigo 330.

Actualmente na doutrina há um debate profundo em termos políticos jurídicos sobre o


regime de protecção de denunciantes. Uma segunda ideia fundamental é que alguns
processos mediáticos assentam em regimes de delação premiada ou colaboração
premiada, nomeadamente no Brasil em que este tipo de regime legal é muito comum.
Neste país há uma lei de 2013 de combate à criminalidade organizada que prevê um
regime de delação premiada.

É fundamental ter em conta que na doutrina se tem discutido muito se as denúncias


anónimas são válidas ou não e se afectam a validade do processo penal. Por outras
palavras, importa saber se as denúncias anónimas têm algum vício que afecta a validade
do processo. Esta discussão está hoje muito acesa também porque já houve um
contributo jurisprudencial, sendo que a Relação de Lisboa já considerou que são
inválidas as denúncias anónimas por afectarem a validade do processo.

Que problemas é que podem existir para o processo penal? A possibilidade de existirem
denúncias falsas obriga a um maior controlo da sua veracidade. Se olharmos para o
compreendemos que se a denúncia for anónima não há obrigatoriedade de abertura de
inquérito. Portanto não se pode dizer que a denúncia anónima é proibida, mas se não
houvesse esta protecção seria muito mais fácil manipular o processo penal.

5. Processo Comum

O Processo Comum aplica-se a todos os casos a que não corresponda processo especial-
CFR ao nº 2 in fine do artigo 305 do CPP. O Processo Especial aplica-se aos casos
expressamente designados na Lei.

6. Processo Especial

O Processo Especial aplica-se aos casos expressamente designados na Lei.

São processos especiais (artigo 306 do CPP).

1. Processo Sumário;

2. Processo Sumaríssimo;
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3. Processo por difamação, calúnia e injúrias e;

4. Processo por transgressão.

6.1. Quando tem lugar a aplicação dos processos especiais

6.1.1. Processo Sumário

O Processo Sumário aplica-se em todos os casos em que o agente do crime é detido em


flagrante delito por crime punível com pena de prisão cujo limite máximo não seja
superior a 5 anos, quando a detenção tiver sido efectivada por qualquer autoridade
judiciária (juiz, juiz de instrução e Ministério Público-artigo 17 do CPP) ou entidade
policial e a audiência se iniciar no prazo máximo de 48 horas ou nos casos referidos no
artigo 425 do CPP, de 5 dias após a detenção-CFR ao artigo 420 do CPP.

6.1.2. Processo Sumaríssimo

O Processo Sumaríssimo é aplicável nas situações em que o agente tenha cometido


crime punível com pena de prisão não superior a um ano, ainda que com multa, ou só
com multa e se o procedimento criminal, não depender de acusação particular-CFR ao
artigo 431 do CPP.

6.1.3. Processo por Difamação, Calúnia e Injúria

Os processos por difamação, calúnia e injúria, seguirão termos do processo comum, ou


seja, serão tramitados como de processo comum se tratassem artigo 436 do CPP.

6.1.4. Processo por transgressão

Finalmente aplica-se o processo de transgressões, as contravenções punidas com multa


ou pena de prisão e multa, qualquer que seja a disposição legal em que estejam
previstas, bem como as transgressões a regulamentos, editais, posturas ou a quaisquer
disposições que, atendendo à entidade que as formula, devam qualificar-se de
regulamentares-CFR ao artigo 441 do CPP.
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7. Tramitação do Processo Comum em 1ª instância


7.1. Fases da Instrução
7.2. Finalidades, formalidades e especificidades.

A Instrução em Processo Penal compreende todas as diligências que têm em vista


apurar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a responsabilidade de
cada um e proceder a recolha das provas, tendentes à decisão sobre a acusação, ou seja,
a instrução tem em vista a determinação dos agentes, sua participação no crime, as
provas, para fundamentar a acusação- artigo 307 nº 1 do CPP.

Na Instrução devem tanto quanto possível, investigar-se os motivos e circunstâncias da


infracção, os antecedentes, o estado psíquico dos agentes e os elementos de facto que
importe conhecer para determinar a indemnização por perdas e danos- nº 2 do artigo
307 do CPP.

Na Instrução devem efectuar-se não só as diligências conducentes a provar a


culpabilidade do agente, mas também aquelas que concorrerem para provar a sua
inocência e irresponsabilidade- nº 3 do artigo 307 do CPP.

7.3. A efectiva direcção da Instrução pelo Ministério Público

Aquando da abordagem do módulo atinente ao Ministério Público (Módulo 5),


referimo-nos que a direcção da instrução dos processos – crime, incumbe ao Ministério
Público e isto traduz-se na concepção de plano de investigação atinente ao crime ou
crimes subjacentes nos autos visando a comprovação da existência ou não do crime.

Durante a Instrução, o Ministério Público tem que estar em condições de gerir todos os
actos que devam integrar a Instrução, sabendo que a Instrução não dura a de eterno, ou
seja, está sujeita a prazos legais, pelo que é necessário dar primazia a diligências úteis
para o esclarecimento dos factos.

A direcção da Instrução pelo Ministério Público prevalece mesmo nas situações em que
a Instrução é realizada pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal, pois, aquele
actua sob a directa orientação do Ministério Público e na sua dependência funcional-
artigo 308 do CPP.
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8. Dos Actos de Instrução


8.1. Actos do Ministério Público

O Ministério Público pratica os actos e assegura os meios de prova necessários para


apurar a existência ou não do crime e dos seus agentes, ou seja, o Ministério Público
realiza todos os actos cabíveis nas suas competências para apurar as finalidades que a
instrução visa-artigo 312 do CPP.

Tendo em conta que o Ministério Público é uma Magistratura hierarquicamente


organizada, a quem incumbe a prática dos actos da instrução?

A resposta consta do artigo 309 do CPP, que indica o magistrado do Ministério Público
que exerce funções no local em que o crime tiver sido cometido.

8.2. Actos que podem ser delegados pelo Ministério Público ao Serviço Nacional
de Investigação Criminal- SERNIC

Tal como nos referimos no módulo 5, o Ministério Público pode delegar ao SERNIC
(órgão auxiliar), o encargo de realização de quaisquer diligências relativas à instrução
nos termos do artigo 315 nº 1 do CPP, com excepção do que estabelece o nº 2 do artigo,
ora mencionado (artigo 315).

A delegação de actos de Instrução dos processos-crime, pode ser operada não só pela
remessa dos autos ao SERNIC, como pode ser feita pela colocação dos agentes do
SERNIC à ordem do Ministério Público, é o que estabelece o artigo 317 do CPP.

Para assegurar a comparência de qualquer pessoa em acto de Instrução, o Ministério


Público ou SERNIC, emitem o respectivo Mandado de Comparência com pelo menos 3
dias de antecedência, salvo em caso de urgência em que pode ser deixado ao notificando
o tempo necessário para a apresentar-artigo 320 do CPP.

Durante a Instrução o Ministério Público deve garantir a junção aos autos das Certidões
e Certificados do Registo Criminal do arguido que se afigurem necessárias à Instrução,
à audiência preliminar ou ao julgamento.
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9. Encerramento da Instrução e Formalidades

A Instrução do processo-crime está sujeito a prazos legais.

O artigo 323 nº 1 do CPP, estabelece que o Ministério Público encerrará a Instrução,


arquivando os autos ou deduzindo acusação, nos prazos máximos de 6 meses, se houver
arguidos presos ou sob obrigação de permanência na habitação, ou de 8 meses, se os
não houver.

Não confundamos o prazo da Instrução, com o prazo da prisão preventiva, pois, são
situações distintas.

O prazo de 6 meses a que se refere o nº 1 do artigo 323 do CPP, pode ser desde que
devidamente fundamentado, elevado para:

a) 8 Meses quando a Instrução tiver por objecto um dos crimes referidos no nº 2


do artigo 256 do CPP, atento a redacção introduzida pela Lei nº 18/2020 de 23 de
Dezembro (terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada ou quando se
proceder por crime punível com pena de prisão de máximo superior a 8 anos.

b) 10 Meses, quando, independentemente do tipo de crime, a instrução revelar de


excepcional complexidade, vide artigo 256 nº 3, redacção da Lei nº 18/2020, de 23 de
Dezembro.

c) 12 Meses, nos casos referidos no número 3 do artigo 256 do CPP, na redacção


acima referida.

O prazo de 8 meses referido no número 1 é elevado para:

a) 14 Meses, quando a Instrução tiver por objecto um dos crimes referidos no


número 2 do artigo 256.
b) 16 Meses, quando independentemente do tipo de crime, o procedimento se
revelar de excepcional complexidade, nos termos do artigo 256 do CPP.
c) 18 Meses, nos casos referidos no número 3 do artigo 256 do CPP. Como
podemos constatar, a instrução pode variar de 6 meses a 1 ano e 6 meses,
conforme as situações.
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9.1. Quando é que inicia a contagem do prazo da Instrução

Conta-se a partir do momento em que a instrução corre contra pessoa determinada ou


em que tiver verificado a constituição de arguido – artigo 323 nº 4 do CPP.

O decurso dos prazos previstos nos números 1 e 3, suspendem-se em caso de expedição


de Carta Rogatória, até a sua devolução, todavia, o prazo da suspensão não poderá ser
superior, em cada processo, a metade do prazo máximo que corresponder a instrução.

É importante referir que a excepcional complexidade é declarada no processo em


Despacho fundamento em 1ª instância pelo juiz-artigo 323 nº 6 do CPP.

Decorridos os prazos de Instrução, o magistrado titular do Processo encerrará a


instrução por Despacho, tal como adiante iremos nos debruçar.

A entidade competente para encerrar a instrução é a mesma que a dirige, isto é, o


Ministério Público.

O Ministério Público encerra a Instrução através:

 Do arquivamento ou;
 Da dedução da acusação.
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Conclusão

A tramitação penal é um processo complexo e delicado que envolve muitas etapas e


responsáveis. É fundamental que os processos sejam realizados de forma imparcial e
transparente para garantir a justiça e proteger os direitos dos envolvidos.
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Referencias Bibliográficas

Lei n.º 25/2019 de 26 de Dezembro Código de Processo Penal – Moçambique.

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