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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

O Estigma e a Discriminação relacionados com o HIV-SIDA em Moçambique

Fernando Amado Siada - 708213283

Curso: Licenciatura em Administração Pública

Disciplina: Habilidades de Vida e HIV-SIDA


Ano de frequência: 2° Ano

Docente: Dr. Patrício C. A. Zinatala

Turma: O

Índice Tete, Setembro de 2023


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Pontuação Nota Subtotal
máxima do
Tutor
Estrutura  Capa 0,5
 Índice 0,5
 Introdução 0,5
 Discussão 0,5
 Conclusão 0,5

 Bibliografia 0,5
Aspectos
organizacionais
 Contextualização
(indicação clara do
problema) 1,0
 Descrição dos 1,0
Conteúdo Introdução objectivos
 Metodologia adequada
no objecto do trabalho
2,0
 Articulação do domínio
do discurso académico
(expressão escrita 2,0
cuidada,
coerência/coesão
textual
 Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área de
Análise e
estudo
Discussão 2,0

 Exploração de dados 2,0


Conclusão  Contributos teóricos 2,0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos Gerais Formatação parágrafo, espaçamento 1,0
entre linhas
Referências Normas APA 6ª  Rigor e coerência das 4,0
Bibliográficas edição m citações citações/referências
bibliográficas bibliográficas
Recomendações de melhoria:
ÍNDICE
1. Introdução...........................................................................................................................1

2. Objectivos da pesquisa.......................................................................................................2

2.1. Objectivo geral...............................................................................................................2

2.2. Objectivos específicos....................................................................................................2

3. Metodologia de Pesquisa.......................................................................................................2

4. Revisão da Literatura.............................................................................................................3

4.1. Estigma...........................................................................................................................3

4.1.1. Tipos de Estigma.....................................................................................................3

4.2. Descriminação................................................................................................................3

4.3. A estigmatização e discriminação relacionada ao HIV..................................................3

4.4. Aspectos de estigma e discriminação social no contexto da seropositividade para


HIV-SIDA.................................................................................................................................5

4.5. Concepções acerca do estigma social e preconceito vivenciado por pessoas vivendo
com o HIV-SIDA.......................................................................................................................5

5. Conclusão...........................................................................................................................7

6. Referências Bibliográficas.................................................................................................8
1. Introdução
A epidemia do HIV/AIDS continua a representar um desafio significativo para a saúde e
sociedade global, incluindo Moçambique. Além da carga física que o vírus impõe, as pessoas
vivendo com o HIV-SIDA enfrentam um obstáculo adicional: o estigma e a discriminação.
Estes aspectos sociais são obstáculos fundamentais para uma resposta eficaz ao HIV/AIDS,
impactando negativamente a prevenção, tratamento e qualidade de vida das pessoas afetadas.

O presente trabalho versa sobre “O Estigma e a Discriminação relacionados com o HIV-


SIDA em Moçambique”, não se trata de um enfoque cabal, mas sim, o mesmo aborda aspectos
básicos sobre os temas supracitados.

Este trabalho caracteriza-se quanto ao escopo, como um teórico de natureza exploratória. Os


estudos exploratórios buscam maiores informações sobre o tema em questão, daí a
importância da revisão bibliográfica.

Por conseguinte, a ordem teórica do presente trabalho se fundamenta em argumentações


doutrinárias e nos autores especializados. De facto, utilizamos no seu desenvolvimento a
pesquisa bibliográfica com recurso material bibliográfico que se fizerem necessários bem
como á obras especializadas nas matérias tratadas que sirvam de substrato para o
desenvolvimento das ideias e efectivo alcance dos objectivos pretendidos no decorrer do
presente trabalho.

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2. Objectivos da pesquisa

2.1. Objectivo geral

Compreender o Estigma e a Discriminação relacionados com o HIV-SIDA em Moçambique.

2.2. Objectivos específicos

 Analisar a estigmatização e discriminação relacionada ao HIV;

 Conhecer os aspectos de estigma e discriminação social no contexto da seropositividade


para HIV-SIDA;
 Identificar as concepções acerca do estigma social e preconceito vivenciado por pessoas
vivendo com o HIV-SIDA.

3. Metodologia de Pesquisa

A classificação metodológica do tipo de pesquisa quanto aos objectivos é exploratória,


Sampieri, Collado e Lúcio (2006) defendem que, as pesquisas exploratórias têm como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o tema, com vistas a torna-lo mais explícito ou a
constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o
aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições.

O método de abordagem que adoptado no presente trabalho foi abordagem qualitativa com
vista a conferir as hipóteses, analisar factos, avaliar um assunto conforme suas principais
variáveis.

Quanto aos procedimentos técnicos, é uma pesquisa bibliográfica. “Entende-se por pesquisa
bibliográfica o acto de fichar, relacionar, referenciar, ler, arquivar, fazer resumos de assuntos
relacionados com a pesquisa em questão. Assim, no presente estudo, a pesquisa foi elaborada a
partir de material já publicado, fonte secundária, constituído fundamentalmente, de livros,
artigos de jornais científicos; artigos publicados em portais científicos da internet.

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4. Revisão da Literatura
4.1. Estigma

Goffman (1988), define estigma como um atributo que tem um significado depreciativo que
por sua vez é associado a quem o porta. A sociedade utiliza este atributo para desqualificar ou
desvalorizar a pessoa, uma vez que ele é entendido como defeito, fraqueza ou desaprovação.

4.1.1. Tipos de Estigma


De acordo com Goffman (1988), podemos identificar três tipos de estigma:

1. o estigma associado às abominações do corpo, no qual a pessoa é estigmatizada por ter


alguma deformidade física ou deficiência física ostentada;

2. o estigma vinculado a culpa de caráter individual ou atributos sobre algumas


disposições específicas: homossexualismo, distúrbios mentais, vícios, desemprego,
dependência de drogas, etc.;

3. os estigmas tribais de raça, nação e religião (estendemos aqui a cultura, língua, etc.) e
outras categorias sociais que muitas vezes são aplicados a indivíduos socialmente
desfavorecidos e acima de tudo a uma minoria.
4.2. Descriminação

Segundo a ONUSIDA (2005) no seu protocolo para identificação de discriminação contra


pessoas que vivem com o vírus da SIDA, definem a discriminação como sendo:
“Qualquer forma de distinção arbitrária, exclusão ou restrições afetando uma pessoa, devido,
normalmente, mas não só, a uma característica pessoal inerente ou perceptível relacionada com
um dado grupo – no caso do HIV e da SIDA, a soro positividade confirmada ou suspeita de
uma pessoa – sejam tais medidas justificadas ou não” (ONUSIDA, 2005, p. 9).

Percebe-se que a discriminação relacionada com a SIDA pode ser manifestada a diversos
âmbitos comunitários e/ou mesmo no seio familiar. Ela acontece deliberadamente ou por
omissão em que certos indivíduos optam por prejudicarem os outros, não lhes prestando
serviços ou direitos que estes possuam (ONUSIDA, 2005).

4.3. A estigmatização e discriminação relacionada ao HIV

É importante ressaltar que não se pode abordar o estigma relacionado ás mulheres HIV
positivas sem se ter em conta a percepção, a descrição e a relação deste conceito com a
desigualdade estrutural inerente às relações de gênero. Malcom et al. apud Parker e Aggleton

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(2001) ao abordarem o estigma relacionado ao HIV e a SIDA apontam para existência de
quatro perspectivas relacionadas à origem dos estigmas presentes em qualquer sociedade:

 estigma relacionado aogênero,

 estigma vinculado à raça ou etnia,

 estigma relacionado à pobreza ou à marginalização econômica, e

 o estigma vinculado à sexualidade.

Todas as perspectivas aqui apontadas possuem uma estreita ligação com a evolução das
respostas sociais da epidemia do HIV e da SIDA. Porém, nem todas as perspectivas são de
domínio das comunidades. Dentre estes, o estigma vinculado à sexualidade é o mais presente
no domínio que antecede a todos os outros, isto porque a infecção pelo HIV tem estado
vinculada à transmissão sexual (Almeida, 2007).

Isto acontece em Moçambique onde a transmissão do vírus é frequente pela via heterossexual e
o sexo comercial (prostituição) é apontado por Jackson (2004) como associado à dependência
financeira das mulheres em relação aos homens. Além da questão do sexo comercial, Martins
et al., (2004) vêem esta situação como resultado de uma combinação de fatores como a pobreza
e a desestruturação familiar por um lado e a construção de novas identidades baseadas nos
valores da sociedade de consumo por outro. Daí que estes fatores levam as mulheres a
envolverem-se sexualmente com homens economicamente estáveis.

No âmbito externo a prostituição, os ideais construídos socialmente acerca da promiscuidade


sexual se traduzem em normas de gênero inadmissíveis apontando a constante
responsabilização das mulheres no aumento do número de transmissões heterossexuais, mesmo
nos casos de mulheres com parceiros fixos.

Para Camargo e Parker (2000) estas não são as únicas formas de estigmatização,
vulnerabilidade e de vetos sociais exercidas sobre pessoas infectadas ou afetadas pelo vírus da
SIDA, mas são das principais que interagem em âmbitos sociais desde que surgiu a epidemia.
Sendo que todas elas se formam em contextos específicos de cultura e poder usadas pelos
indivíduos, comunidades e/ou pelo Estado para produzir e reproduzir desigualdades sociais,
contribuindo deste modo para a exclusão social (Parker e Aggleton, 2001).

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4.4. Aspectos de estigma e discriminação social no contexto da
seropositividade para HIV-SIDA

A seropositividade para o HIV, que pode levar à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


(SIDA), é ainda hoje uma condição cercada por estigma e discriminação em muitas partes do
mundo. Esse estigma é um fenômeno complexo, abrangendo atitudes, crenças e estereótipos
negativos associados à condição e às pessoas que vivem com o HIV (MISAU, 2010).

Segundo Fonseca et.al (2020), um aspecto importante é o estigma social, que se manifesta
devido a equívocos sobre o HIV, medo da infecção e associação errônea com comportamentos
considerados de risco. Isso pode resultar em preconceitos, exclusão social e isolamento para
aqueles afetados. Além disso, as próprias pessoas que vivem com HIV muitas vezes
internalizam esse estigma, enfrentando sentimentos de vergonha e baixa autoestima.

Andrade (2010) acerva que as Instituições também podem perpetuar o estigma através de
políticas discriminatórias, como restrições de viagem, discriminação no local de trabalho e
obstáculos no acesso a seguros de saúde e serviços. Esse estigma muitas vezes se intersecciona
com outras formas de discriminação, como aquelas relacionadas à orientação sexual, gênero,
raça ou etnia, criando uma carga adicional para certos grupos.

Segundo MISAU (2010), discriminação é a materialização desse estigma, levando a ações


negativas como negação de emprego, educação, habitação, acesso a serviços de saúde e
participação social plena. A desinformação sobre o HIV e a falta de educação precisam ser
abordadas para combater o estigma. É essencial promover campanhas de sensibilização que
desafiem estereótipos, forneçam informações precisas e promovam empatia e compreensão em
relação às pessoas que vivem com o HIV.

Superar o estigma e a discriminação em relação ao HIV é crucial para garantir tratamento


adequado, apoio social e oportunidades justas para as pessoas que vivem com o HIV. Além
disso, isso contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva e compassiva.

4.5. Concepções acerca do estigma social e preconceito vivenciado por pessoas


vivendo com o HIV-SIDA

O estigma social e o preconceito enfrentados por pessoas vivendo com o HIV-SIDA derivam
de várias concepções arraigadas na sociedade. Muitas vezes, o HIV é associado a
comportamentos de risco, como relações sexuais desprotegidas ou uso de drogas injetáveis, o
que gera culpa e julgamento. A falta de informação precisa sobre o HIV e suas formas de

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transmissão contribui para o estigma, alimentando o medo infundado de contágio através do
contato casual (MISAU, 2010).

Segundo Andrade (2010), estereótipos negativos também são frequentemente associados a


indivíduos com HIV-SIDA, perpetuando ideias errôneas de que são promíscuos, irresponsáveis
ou merecem a doença devido a escolhas passadas. A revelação do status de HIV pode resultar
em exclusão social, isolamento e discriminação em diversas esferas da vida, incluindo relações
pessoais, ambiente de trabalho e interações com a comunidade.

Conforme MISAU (2010), o estigma internalizado por pessoas com HIV pode levar a baixa
autoestima e autoimagem negativa, afetando negativamente a saúde mental e o bem-estar
emocional. Esse estigma também pode impedir que busquem testes, tratamento adequado e
apoio necessário. Para combater o estigma, é crucial disseminar informações precisas sobre o
HIV, métodos de prevenção e tratamento eficaz, desafiando equívocos e estereótipos.

Andrade (2010), refere que incentivar a advocacia e o empoderamento das pessoas vivendo
com HIV é fundamental para combater atitudes discriminatórias e garantir a participação
dessas pessoas nas estratégias de combate ao estigma. A colaboração multissetorial,
envolvendo governos, organizações da sociedade civil, profissionais de saúde e a comunidade,
é essencial para promover uma mudança de percepção e criar um ambiente de apoio e
compreensão para aqueles que vivem com o HIV-SIDA.

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5. Conclusão

Em Moçambique, a persistência do estigma e discriminação relacionados ao HIV-SIDA é um


desafio marcante. Esse estigma se manifesta de várias maneiras, desde a exclusão social até
formas de discriminação institucional, o que dificulta o acesso das pessoas ao tratamento e
suporte necessários.
A seropositividade para o HIV-SIDA muitas vezes é erroneamente associada a
comportamentos de risco, gerando estigma e discriminação. O medo de contágio, mitos sobre
transmissão e a falta de compreensão da doença alimentam o estigma social. Além disso,
instituições, como locais de trabalho e sistemas de saúde, podem contribuir para a
discriminação contra pessoas soropositivas.
As concepções equivocadas sobre o HIV também são comuns em Moçambique, associando a
infecção a comportamentos promíscuos ou falta de responsabilidade. Essas percepções errôneas
resultam em estigmatização e preconceito, criando barreiras para que as pessoas com HIV
vivam suas vidas sem medo de julgamento e exclusão.
Para combater esse cenário, é fundamental promover a educação e conscientização por meio de
programas educacionais abrangentes. Esses programas devem fornecer informações precisas
sobre o HIV, desmistificar mitos e promover uma visão baseada em evidências sobre a doença.
Além disso, é crucial capacitar a comunidade com conhecimento sobre seus direitos, reduzindo
a discriminação e garantindo a inclusão das pessoas que vivem com o HIV.
Campanhas contínuas de sensibilização também são essenciais, destacando histórias de
sucesso, desafiando estereótipos e encorajando a empatia e compreensão para pessoas com
HIV-SIDA. É imperativo melhorar o acesso a tratamento e apoio, garantindo que os serviços de
saúde sejam acessíveis, confidenciais e não discriminatórios. A implementação de políticas e
leis anti-discriminatórias é outro passo fundamental para proteger os direitos das pessoas com
HIV-SIDA em várias esferas da vida.
Ao abordar esses aspectos e implementar estratégias eficazes, Moçambique pode trabalhar para
reduzir o estigma e a discriminação relacionados ao HIV-SIDA, melhorando a qualidade de
vida das pessoas que vivem com essa condição e promovendo uma sociedade mais justa e
inclusiva.

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6. Referências Bibliográficas
Almeida, M. R. (2007). A trajetória silenciosa de pessoas portadoras do HIV contada pela
história oral. Ciência & Saúde Coletiva.
Andrade, R. G. (2010). Estigma e Discriminação: Experiências de Vida de Mulheres HIV
Positivo nos Bairros Periféricos da Cidade de Maputo, Moçambique. (Dissertação de
Mestrado) Universidade Federal da Bahia
Camargo, K. R.; Parker, R. (2000). Pobreza e HIV/AIDS: aspectos antropológicos e
sociológicos. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro.
Fonseca, Luciana Kelly da Silva, Santos, José Victor De Oliveira, Araújo, Ludgleydson
Fernandes de, & Sampaio, Alice Vitória Freire Cordeiro. (2020). Análise da estigmatização no
contexto do HIV/AIDS: Concepções de Pessoas que Vivem com HIV/AIDS. Gerais: Revista
Interinstitucional de Psicologia, 13(2), 1-15. https://dx.doi.org/10.36298/gerais202013e14757
Goffman, E. (1988). Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan.
Ministério da Saúde de Moçambique (2010). O HIV/SIDA em Moçambique. Maputo, PNC
ITS/HIV/SIDA – MISAU
ONUSIDA. (2005). Estigma, discriminação e violação dos direitos humanos em relação ao
VIH: Estudos de casos de programas bem sucedidos. (Coleção Melhores Práticas da
ONUSIDA).
Sampier, R.; Collado, C. & Lúcio, P. B. (2006). Metodologia de pesquisa. 3ª ed.. São Paulo:
McGraw-Hill

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