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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA


GABINETE PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO/SAÚDE
INSTITUTO TÉCNICO DE SAÚDE DE LUANDA
INSTITUTO MÉDIO DE SAÚDE SOFMARY

PROJECTO DE PESQUISA PARA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE


CURSO MÉDIO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

FEBRE TIFÓIDE

CONHECIMENTOS E ATITUDES DOS MORADORES DO BAIRRO


CAMBIRI, MUNICÍPIO DE VIANA SOBRE A FEBRE TIFÓIDE; DE
DEZEMBRO DE 2021 A ABRIL DE 2022.

GRUPO

LUANDA - 2022
Conhecimentos e atitudes dos moradores do bairro Cambiri, município de Viana sobre a febre tifóide; de
Dezembro de 2021 a Abril de 2022.

Integrantes do grupo nº Projecto apresentado ao Instituto


Médio de Saúde SOFMARY como
1.
requisito para a elaboração do Trabalho
2.
de Conclusão do Curso de Técnico de
3.
Enfermagem.
4.
5.
6.
7.

8.
9.
10.

O Orientador
_______________________________

Licenciado em Ciências de Enfermagem e Mestre

LUANDA – 2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………… 3
1.1 Formulação do problema …………………………………………………………. 5
1.2 Justificativa…………………………………………………………………………. 5
1.3 Objectivos ………………………………………………………………………….. 6
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………………………………………… 7
2.1 Agente Etiológico……………………………………………….………………….. 7
2.2 Reservatório e fontes de infecção………………………………………………… 7
2.3 Factores de risco …………………………………………………………………… 7
2.4 Modo de transmissão ……………………………………………………………… 8
2.5 Período de incubação……………………………………………………………… 8
2.6 Sinais e sintomas …………………………………………………………………... 8
2.7 Diagnóstico………………………………………………………………………… 9
2.9 Tratamento ………………………………………………………………………… 10
2.10 Cuidados de enfermagem ………………………………………………………... 11
2.11 Complicações ……………………………………………………………………... 12
2.12 Prevenção …………………………………………………………………………. 13
3 METODOLOGIA …………………………………………………………………… 14
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………....... 16
APÊNDICE
ANEXO
3

1 INTRODUÇÃO
A febre tifoide é uma infecção sistêmica causada pela SalmonellaTyphi, geralmente
por ingestão de alimentos contaminados ou água contaminada (OMS, 2018 apud
BRASIL.MS, 2021. P 357).
A compreensão da febre tifóide contou com diversos trabalhadores e pesquisadores
dentre os quais destacamos Pierre-Fidele Bretonneau, William Budd e Karl Joseph Elberth. A
bactéria que dá origem a febre tifóide foi descoberta pela primeira vez em 1880, por Karl
Joseph Elberth. A salmonelas typhi é também conhecida como bácilo de Elberth em
homenagem ao seu descobridor (BRASIL.MS, 2008).
Segundo Elberth, o microorganismo é encontrado nos gânglios mesentéricos e no baço
dos cadáveres que autopsiou, a descoberta foi confirmada por Koch que apresentou a
descrição mais precisa do bácilo encontrada em corte da parede intestinal, do baço, fígado e
rim.
A febre Tifóide é uma ameaça global à saúde, especialmente nos países em
desenvolvimento, e estima-se que a afecta cerca de 26 milhões de pessoas por ano. A doença
é endémica na Índia, Sudoeste Asiático, África, América do Sul e muitas outras áreas.
Globalmente as crianças apresentam maiores riscos de contrair a doença, apesar de apresentar
sintomas mais ligeiros que os adultos (MYMEDFARMA, 2017).
Florence Nightingale de nacionalidade britânica, nascida em de 12 de Maio de 1820,
fundadora da Enfermagem moderna, morreu em 13 de Agosto de 1910, em Londres, aos 90
anos de idade. Ela passou seus últimos anos em repouso absoluto, em sua casa, por causa de
complicações tardias da febre tifoide. Em sua homenagem, a data de seu nascimento, 12 de
Maio, foi instituída como o Dia Internacional do Enfermeiro. (JÚNIOR, 2020)
Em Angola, fazendo uma retrospectiva da história de ocorrência de surtos por
Salmonella, temos:
a) Em 1978, três anos após a independência nacional ocorreu um surto de febre tifóide
na cidade do Uíge província com o mesmo nome, o surto foi atribuído como sendo febre
tifóide em função das manifestações clínicas e por alguns testes realizados no laboratório;
estima-se que entre 100 a 150 pessoas teriam sido infectadas;
b) Após a epidemia de Marburg em 2005, a província do Uíge voltou a ser assolada
por um surto de casos de febre tifóide com registo de 27 casos e 14 óbitos ou seja 50% das
pessoas infectadas.
A constante presença de factores de risco como os ambientais (alimentos e água), os
relacionados com o estado do hospedeiro (idade, má nutrição, anemia, malária, VIH), os
4

relacionados com a infecção hospitalar (contaminação alimentar, infecção de pessoa a pessoa)


assim como os relacionados com a transmissão zoonótica e a transmissão de homem para
homem, todos associados ao fraco saneamento do meio, constituem, sem dúvida, elementos
chave para a morbilidade e mortalidade da febre tifóide.
A real prevalência da salmonelose não é conhecida, apesar de se tratar de uma doença
de notificação obrigatória, nem sempre os surtos são notificados às autoridades sanitárias, e
isso ocorre devido ao facto de que a maioria dos casos de gastroenterites ocorrem sem a
necessidade de hospitalizações e sem o isolamento do agente causal no alimento incriminado.
Segundo Francisco (2018), dados do Centro de Processamento de Dados
Epidemiológicos (CPDE) da Direcção Nacional de saúde Pública, revelam que nos últimos 4
anos foram notificados mais de 1.264.070 casos suspeitos de febre tifóide em todo país com
registo de 1.103 óbitos. Destes dados destacam-se as Províncias de Benguela com 383.843
(30.36 %) casos com uma média anual de 95.960 casos, seguida pela região de Luanda com
337.272 (26.68%) casos, com uma média anual de 84.318 casos e a província do Huambo
com 89.313 (7.06%) casos com uma média anual de 22.328 casos. Estes dados espelham por
si só a situação prevalente sobre as infecções por Salmonella no país, indicando por um lado a
alta morbilidade de estirpes de Salmonella no nosso meio e, por outro lado, a necessidade de
uma abordagem diferente que permita o controlo da infecção em todas as vertentes quer
clínica, laboratorial, epidemiológica e a monitorização de resistência aos antimicrobianos
através do tratamento dos pacientes infectados alinhada a uma política de investigação
científica e epidemiológica mais profunda sobre os vários factores biológicos, genéticos e
sociais para uma melhor abordagem e compreensão do fenómeno das infecções por
Salmonella em Angola.
É do conhecimento da sociedade médica e civil angolana os óbitos por perfuração
intestinal nos hospitais e que não são reportados às autoridades. Deste modo as estatísticas
conhecidas não apresentam a verdadeira dinâmica da situação em Angola nem refletem as
reais implicações da febre tifóide e outras salmoneloses na saúde dos angolanos. Também
resulta difícil, desta forma, estimar o impacto da resistência aos antimicrobianos a julgar pelas
condições disponíveis para a monitorização laboratorial da mesma (resistência), embora
saibamos que a venda informal de medicamentos e em especial dos antibióticos, assim como
o consumo inadequado dos mesmos, é uma realidade que requer medidas de correcção
urgentes.
O comércio é caracterizado maioritariamente pelo mercado informal com a venda
ambulante a dominar o sistema, com os alimentos que necessitam de condições de
5

conservação a serem comercializados em qualquer esquina sem a observância de medidas


higiénicas adequadas, alimentos como carne, verduras, leite e seus derivados só para citar
alguns, constituindo assim uma forma importante na cadeia de transmissão de febre tifóide.
Este facto associado às debilidades do sistema de inspecção sanitária e da fiscalização
económica propicia todas as condições necessárias para a presença permanente de casos de
salmonelose, responsáveis pela propagação da febre entérica e infecções gastrointestinais,
sendo a ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes de portadores crónicos a via
de transmissão mais comum (CRUMP, LUBY & MINTZ, 2004; BHAN, BAHL &
BAHTNAGAR, 2005 apud FRANCISCO, 2018).
1.1 Formulação do problema
Nos bairros onde residimos, constatamos a existência de vários problemas que afectam
a população local, entre outros, saneamento básico deficiente, compra de produtos alimentares
em locais impróprios tais como, no mercado informal por serem mais baratos; os alimentos
comercializados nesses mercados não são devidamente manipulados e conservados;
comercialização feita perto da lixeira atraindo moscas que são vectores para muitas doenças.
Sendo uma doença que afecta muito a população e é transmitida por alimentos e água
contaminada, urge a necessidade ideia de formular a seguinte pergunta de partida:
Que conhecimentos e atitudes que os moradores do bairro Cambiri, município de
Viana têm sobre a Febre Tifóide?
1.2 Justificativa
Decidimos fazer abordagem sobre problema acima formulado, pelo facto da febre
tifóide ser um problema de saúde pública em Angola e, se não for prevenida afectando o
indivíduo, pode causar complicações tais como a hemorragia intestinal, a perfuração intestinal
e pode levar o paciente à morte.
Sentimo-nos incentivados inquirir sobre o referido tema para que o resultado que
advier possa contribuir para o desenvolvimento comportamental face à doença no seio da
população; reduzindo assim a morbi-mortalidade por febre tifóide. Não só, com o propósito
de aprofundarmos os conhecimentos técnicos científicos e, que o nosso trabalho possa ser
utilizado como referência ou fonte de investigação ajudando assim as gerações futuras a
sentirem-se incentivados a abordar assuntos do género.
1.3 Objectivos
1.3.1 Objectivo geral
Avaliar os conhecimentos e atitudes dos moradores do bairro Cambiri, município de
Viana sobre a Febre Tifóide; de Dezembro de 2021 a Abril de 2022.
6

1.3.2 Objectivos específicos


Caracterizar o perfil socio-demográfico dos moradores segundo o sexo, a idade e o
nível de escolaridade;
Saber dos moradores:
a) As causas da febre tifóide;
b) O modo de transmissão;
c) Os sinais e sintomas.
Descrever as atitudes dos moradores no que concerne:
a) As medidas de prevenção, tais como:
- A lavagem das mãos;
- Locais de aquisição de alimentos;
- O destino das fezes.
b) A decisão a tomar frente a um caso suspeito de febre tifóide.
7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Agente Etiológico
A febre tifóide é causada pela salmonela typhi, um sorotipo da espécie salmonela
entérica, que é membro da família enterobacteriaceae, como qualquer outro componente dessa
família de bactérias. (BRASIL.MS, 2008). (ANEXO B)
2.2 Reservatório
O ser humano é o reservatório de salmonella entérico sorotipo typhi; embora
chimpanzé, camundongos e outros animais possam ser infectados experimentalmente.
Portadores: os indivíduos que, após a infecção aguda mantêm eliminação de bacilos
nas fezes e urina por tempo prolongado são denominados portadores. São importantes à
medida que propiciam a manutenção das epidemias e podem originar novos surtos
epidémicos. Aproximadamente 2 a 5% dos doentes passarão ao estado de portador e se
dividem em três classes
Portador convalescente: indivíduo que continua eliminando bactérias nos 4 meses
seguintes a infecção aguda (30% dos doentes);
Portador crônico: indivíduo que, por um ano continua eliminando bactéria (5% dos
doentes);
Portador são: indivíduo que elimina bactéria assintomaticamente pelas fezes, após um
ano do início da infecção aguda (identificado em busca activa). (MWEU, E; MIKE, E., 2008
apud SAMBA, 2015. P 11).
2.3 Factores de risco
Os factores de risco são:
Morar em regiões com problemas de saneamento básico;
Trabalhar em contacto com águas contaminadas; esse grupo inclui pessoas como:
profissionais que limpam rios e lagos, bombeiros e militares que actuam em enchente,
pesquisadores.
Consumir alimentos adquiridos em locais impróprios ou água não potável;
Comer sem antes lavar correctamente as mãos;
Crescimento urbano desordenado favorece uma maior concentração de pessoas
vulneráveis a febre tifoide, devido à falta de infraestrutura e saneamento básico;
Indústria alimentícia quando não observa correctamente as regras de manipulação de
alimentos pode ser um potencial gerador da dissipação da Febre Tifoide. Isso porque o agente
etiológico dessa doença pode sobreviver, por exemplo, por até 2 meses em laticínios e
derivados, mesmo estes produtos estando congelados, pois o bacilo é bastante resistente ao
8

frio e ao congelamento e também é capaz de resistir ao aquecimento de 60 graus por uma hora
(BRITO e tal, 2020)
2.4 Modo de transmissão
A via oral é a principal forma de transmissão, através dos alimentos e águas
contaminadas, contacto directo com a saliva do portador, em um espirro, beijos ou pela
partilha de talheres e copos. (BRASIL.MS, 2008).
São possíveis duas formas de transmissão da febre tifóide:
Directa: pelo contacto directo com as mãos do doente ou portador.
Indirecta: guarda estreita relação com a água (Sua distribuição e utilização) e
alimentos, que podem ser contaminados com fezes ou urina de doentes ou portadores. A
contaminação dos alimentos é verificada, geralmente, pela manipulação feita por portadores
ou oligossintomáticos, sendo a febre tifóide conhecida, por isso, como a “doença das mãos
suja”,
2.5 Período de incubação
O período de incubação é entre uma a três semanas.
Quando a quantidade de microrganismos inoculados for pequena, o período de
incubação pode ir até quarta semana ou mais. (NETO, 2016).
2.6 Sinais e sintomas
O quadro clínico apresenta-se de várias formas entre os doentes e, na prática clínica,
não se identificam limites bem definidos, mas, de uma forma instrutiva, é possível que o
quadro clínico seja dividido em semanas.
Na primeira semana de doença, os pacientes apresentam quadro de:
- Febre com piora progressiva,
- Cefaleia
- Calafrios
- Bradicardia,
- Mialgia
- Astenia
- Tosse seca
-Dissociação de pulso-temperatura (Sinal de Faget) pode ser observada, o que é
chamado de sinal de Faget, que é um sinal relativamente específico da doença, mas que
também é descrito na febre amarela.
Na segunda semana de doença:
- Dor abdominal.
9

- No tronco e abdómen, sobretudo em pacientes de pele clara, podem aparecer máculas


e pápulas cor de salmão, que são denominadas de roséolas tíficas.
- Obstipação (principalmente em adultos)
- Diarreia (mais frequente em crianças).
Na Terceira semana de doença:
- Hepatoesplenomegalia (com mais frequência)
- Adenomegalia (com menos frequência)
- Diarréia com coloração esverdeada;
- Hemorragia intestinal;
- Perfuração intestina;
- Peritonite.
- Choque séptico (estado tífico) que pode levar a morte.
Na quarta semana de doença:
. Na ausência de complicações agudas ou morte por sepse, os sintomas gradualmente
se resolvem ao longo de semanas a meses, com a grande maioria dos casos se resolvendo em
4 semanas. Cerca de 10-15% dos pacientes podem ter recidiva dos sintomas, em particular da
febre após a quarta semana de sintomas. (NETO, 2016).
2.7 Diagnóstico
2.7.1 Diagnóstico clínico
O diagnóstico clínico da Febre Tifoide é feito com base na avaliação clínica do
paciente, histórico de onde esteve e o que consumiu, nos hábitos de higiene e se vive em
regiões com pouco saneamento básico ou não. Com base nos sinais e sintomas (APÊNDICE
D). Entretanto, só o diagnóstico clínico isoladamente não é conclusivo na determinação do
parasita, uma vez que em determinadas circunstâncias os aspectos clínicos da febre tifóide são
parecidos ou observados em outras doenças.
2.7.2 Diagnóstico laboratorial
O diagnostico de laboratório da febre tifoide baseia-se, primordialmente no
isolamento e na identificação do agente etiológico nas diferentes fases clínicas, a partir do
sangue (hemocultura ), fezes(coprocultura ), aspirado medular (mielecultura) e urina
(urocultura). O teste sorológico para febre tifóide (reação de Widal) apresenta valor
diagnóstico limitado e não é recomendado, uma vez que são observadas reacções cruzadas
com outras espécies de Salmonella e apresenta uma sensibilidade de 70% (MASKALYK,
2003 apud BRASIL.MS, 2021. P 359). (APÊNDICE E)
10

2.7.3 Diagnóstico Diferencial


Deve ser feita com todas as doenças entéricas de diversas etiologias, como, por
exemplo salmonela entérico sorotipo paratiphy A,B,C, yersinia enterocolitica, etc.
Devido ao quadro clínico inespecifico, as doenças abaixo devem fazer parte do
diagnóstico diferencial:
Pneumonias,
Tuberculose (pulmonar, miliar, intestinal, meningoencefalite e peritonite),
Septicemia por agentes piogénicos,
Colecistite aguda,
Peritonite bacteriana ,
Mononucleose infecciosa,
Febre reumática,
Abscesso hepático,
Leptospirose,
Malaria, (BRASIL.MS,2008).
2.8 Tratamento
O tratamento da febre tifoide é geralmente ambulatorial, feito com antibióticos,
reservando-se a hospitalização para os casos mais graves. A amoxicilina e o trimetoprim-
sulfametoxazol, ciprofloxacino, Androfloxim; Cefalotina; Clordox; Doxiciclina e
Norfloxacino. Permanecem quando as quinolonas estão indisponíveis (MASKALYK,
2003apud BRASIL.MS, 2021. P 360).
O Paciente com vômitos e diarréias por mais de um dia podem receber soro oral ou
injetável para reidratarem. Cirurgias podem ser necessária para tratar as ulcerações do sistema
digestivo, especialmente no intestino, vesículas e bexiga. (NETO, 2015).
Em casos suspeitos, sem confirmação laboratorial, é importante a realização de
exames para diagnósticos diferenciais de febres inespecíficas e para monitorar a resposta a
qualquer tratamento empírico realizado. Repetidas hemoculturas podem ser necessárias se o
paciente não melhorar clinicamente em até 72 horas e se os resultados iniciais de
suscetibilidade não estiverem disponíveis (OMS, 2018 apud BRASIL.MS, 2021. P 360).
2.9 Cuidados de enfermagem
- Avaliar a temperatura pelo menos três vezes ao dia, de manhã, a tarde e a noite.
- Avaliar o pulso e a respiração no mesmo horário da temperatura. A respiração é
geralmente profunda e espaçada quando paciente apresenta febre e superficial e acelerada na
febre elevada;
11

- Avaliar a pressão arterial duas vezes ao dia, geralmente o paciente é hipotenso, e


apresenta bulhas cardíacas apagadas, fracas, devido a acção das toxinas circulantes que
dificultam o trabalho cardíaco.
- A higiene oral deve ser feita duas a três vezes por dia, com oléo de oliva ou manteiga
de cacau removem-se lentamente as crostas da língua saburrosa e humidecem os lábios
ressecados pela febre e pela desidratação.
- O banho e a toalete da tarde devem ser feitos no leito, porém na fase de
convalescença o doente deverá ir ao chuveiro.
- A dieta no início deve ser líquida, depois pastosa, sempre livre de resíduos, servidas
em pequenas porções, a quantidade de gordura e condimento deve ser pequena para evitar o
aceleramento peristálticos e a sobrecarga do fígado. O excesso de alimento exerce pressão
sobre as alças inflamadas, acelera o peristaltismos e favorece o meteorismo, que é prejudicial
ao paciente.
- O bolo alimentar exagerado passa com dificuldade pela alça intestinal já diminuída
em seu calibre devido a inflamação, e com isso agrava-se o estado das úlceras já existentes
provocando dor, mal-estar elevando a temperatura do doente.
- O excesso de hidratos de carbono favorece o timpanismo, os gases comprimem o
diafragma, o paciente sente falta de ar e respira com dificuldade.
- Oferecer ao paciente líquidos sobre a forma de limonadas, chá, leite desnatado, sucos
de carne desengordurado e água.
- Na primeira semana da moléstia o paciente queixa-se de prisão de ventre e deverá
ser informado de que esta é a parte do curso normal da moléstia, e que não é aconselhável o
uso de laxativos, porgantes ou lavagens, que pelo aceleramento do peristaltismo podem levá-
lo à uma complicação grave.
- Intestino deve permanecer no máximo repouso para avaliar esse desconforto;
- O uso de sonda rectal de demora ou colocação de um supositório de glicerina, para
eliminar o excesso de gases quando existem são expedientes muito indicados;
- Observar o número de evacuações do paciente e as características das fezes;
- Geralmente na febre tifóide as fezes são líquidas ou semi-diarréicas, sem tenesmo,
puxos, cólicas, apresentando comumente estrias de sangue vivo.
- As fezes são muito fétidas, devido á descamação do epitélio da mucosa intestinal, às
necroses, ao rompimento de arteríolas, vénulas e os bacilos mortos;
- Na falta de uma estação de tratamento dos objectos humanos, no hospital tratá-los
pelo formol ou cloro 10% durante duas horas, antes de despejá-los no esgoto geral;
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- O vasiliame sanitário do paciente é de uso individual e deve ser identificado com o


seu nome, enfermaria e leito
- Na alta hospitalar os objectos são desinfectados, lavados e autoclavados.
- Deve-se procurar facilitar o ajustamento do paciente ao hospital, dando-lhe notícia da
família, assistência religiosa e ajudando em tudo o que estiver ao seu alcance. (MAINARDI;
HASEGAWA, 1968).
2.10 Complicações
Complicações digestivas:
Enterorragia: complicação da terceira semana de doença, ocorre cerca de 03% a´10%
dos casos, variando o volume da perda sanguínea em cada caso, podendo ser volumosa.
Detectar os sinais de choque hipovolêmico precocemente é essencial para o manuseio clínico
desta complicação.
Perfuração intestinal: É a complicação mais temida em virtude de sua gravidade ocorre
em 03% dos casos, surgindo por volta do 20º dia de doença particularmente nas formas graves
e tardiamente diagnosticada. Caracteriza-se por dor súbita na fossa ilíaca direita seguindo por
distenção e hiperestesia abdominal. Os ruídos peristálticos diminuem ou desaparecem, a
temperatura decresce rapidamente, o pulso acelera-se podendo surgir vômitos. (BRASIL.MS,
2021.P.357)
Outras complicações: as Encefalites, pancreatite, abscessos esplênicos ou hepáticos e
em miocardite tífica, flebites, lesões glomerulares. (MASKALYK, 2003).
2.12 Prevenção
As medidas visam à prevenção da contaminação da água ou de alimentos a partir de
acções de higiene pessoal, como a lavagem das mãos, o descarte adequado de fezes humanas,
o fornecimento de água potável, o controle de vectores, a preparação cuidadosa dos alimentos
e a pasteurização do leite e de outros produtos lácteos.
Lavar correctamente as mãos antes e depois das refeições.
Fervura ou cloração da água pela população em caso da não disponibilização de água
potável ou tratada
Saneamento básico e preparo adequado dos alimentos;
Evitar comer alimentos na rua e se necessário dar preferência a prato preparado na
hora por fervura e servidos ainda quente;
Lavar as mãos antes e depois de utilizar o banheiro;
Desinfectar os alimentos antes de cozinhar;
Não consumir alimentos malcozidos ou crus;
13

Evitar frequentar locais com más condições sanitárias de higiene;


Não deixar a criança aceitar comidas de estranhos.
É importante separar talheres e copos das pessoas infectadas.
Nas acções de educação em saúde à população devem destacar os hábitos de higiene
pessoais, principalmente a lavagem correcta das mãos.
Prestar atenção às crianças a não colocar objectos na boca, pois, devem estar
contaminados. (BRASIL.MS, 2021.P.365).
14

3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
O nosso estudo será observacional, descritivo e transversal com a abordagem
quantitativa.
3.2 Local de estudo
O estudo será realizado na província de Luanda no município de Viana, bairro
Cambiri Km 14/B. Morro de Areia.
3.3 População em estudo
O estudo será direccionado aos moradores do bairro Cambiri.
3.3.1 Amostra
Prevê-se uma amostra de 50 moradores que serão seleccionados não
probabilisticamente.
3.4 Critério de inclusão
Neste trabalho incluiremos moradores com a idade igual ou superior a 15 anos de
idade, mas só aqueles que, por livre vontade aceitarem participar da nossa pesquisa
respondendo o inquérito.
3.5 Critério de exclusão
Serão excluídos do nosso estudo todos os moradores do bairro Cambiri que tiverem
a idade inferior a 15 anos e aqueles que não aceitarem participar do estudo.
3.6 Procedimentos éticos.
Após a conclusão do projecto de pesquisa, o Senhor Subdirector Pedagógico do
Instituto Médio de Saúde SOFMARY, por incumbência da Sua Excelência Director Geral do
estabelecimento de ensino em epígrafe, dirigirá uma carta à administração do bairro Cambiri
solicitando uma autorização para pesquisa(ANEXO A); se o despacho à solicitação for
favoráve, procedeeremos a recolha de dados dos moradores que serão devidamente
esclarecidos por nossa parte o objectivo da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) formalizando assim, a sua participação com garantia de
privacidade e do anonimato.
3.7 Procedimentos de recolha de dados
Os dados serão recolhidos oportunamente, por intermédio de um questionário
elaborado com perguntas fechadas (APÊNDICE A).
15

3.8 Procedimentos de processamento de dados


Os dados serão processados e analisados em ambiente Windows 7, Os resultados serão
apresentados em textos e tabelas, elaborados no programa Office 2010, Microsoft Word e
Microsoft Excel e apresentados no programa Power Point com auxílio de um datashow.
3.9 Principais variáveis
3.9.1 Variáveis sociodemográficas:
Sexo,
Idade,
Nível de escolaridade
3.9.2 Variáveis de estudo:
Conhecimentos dos moradores sobre:
a) Causas da febre tifóide;
b) Modo de transmissão;
c) Sinais e sintomas.
Hábitos dos moradores nas medidas de prevenção quanto:
- À lavagem das mãos;
- Aos locais de aquisição de alimentos;
- Aos cuidados a ter com os alimentos;
- Ao destino das fezes.
Atitude dos moradores em caso de um suspeito de febre tifóide.
16

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de


Vigilância Epidemiológica. Manual Integrado de Vigilância e Controle da Febre Tifóide.
1.ed. Brasília – DF: Editora MS, Brasil, 2008. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br ›
bvs › publicacoes>. Acesso em: 13 de Jan. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de


Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde.5. ed. Brasília
Ministério da Saúde, 2021.Disponível em: <https://www.gov.br › ... › Vigilância>. Acesso em 23 de
Mar. 2022.
BRITO, Gabriel Pinheiro e tal. Febre Tifoide no Brasil: Fatores Determinantes. Brasil, 2020.
BUSH, L.M; PERTEJO, M.T.V. Febre Tifóide. In Manuais MSD, versão para profissionais
da saúde. EUA, 2020. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com › bacilos-gram-
negativos>. Acesso em 11de Mar.2022.

CROWDER,.Ruby.Febre Tifóide da Dieta: Alimentos para Consumir e Alimentos para


evitar. 2019. Disponível em<https://www.rededorsaoluiz.com.br › Doença>. Acesso em 03 de
Mar.2022.

FRANCISCO, Moisés. Caracterização microbiológica e molecular das estirpes de


Salmonella spp. isoladas em amostras clínicas, águas residuais e alimentos na região de
Luanda e dos seus perfis de resistência aos antimicrobianos – o seu impacto na saúde
pública. Universidade Nova de Lisboa Instituto de Higiene e Medicina Tropical, 2018.
Disponível em: <https://run.unl.pt › handle>. Acesso em 21 de Mar.2022.
FRAZÃO, Arthur. Febre tifoide: o que é, sintomas, transmissão e prevenção.
InTuaSaúde.Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2008 e 2021. Disponível em:
<https://www.tuasaude.com › febre-tifoide>. Acesso em 03 de Mar.2022.

JÚNIOR, José Camacho Barrero. Juntos Por um Futuro Melhor. In Brasil Escola
<https://brasilescola.uol.com.br/biografia/florence-nightingale.htm>.[S.I.]. 2020. Disponível
em: <https://www.cidadesoimco.com › ensino-fundamental>. Acesso em 24 de Fev. de 2022.

MAINARDI, Clelia; HASEGAWA, Seiko. A Enfermagem numa Epidemia de Febre


Tifóide, in Revista de Enfermagem da USP.Universidade de São Paulo, 1968.Disponível em:
<https://www.scielo.br › 0080-6234-reeusp-2-2-073>. Acesso em : 22. de Mar.2022.
MYMEDFARMA. Febre tifoide | Doenças Infeciosas e Parasitárias. Portugal: 2017.
Disponível em: <https://www.mymedfarma.com › guia-da-saude › 2342>. Acesso em: 08 de
Fev.2022.
NETEMO, DadiBucusso e tal. Manual de Projecto Tecnológico. Escola de Formação de
Técnicos de Saúde de Luanda: Angola, 2021.
NETO, Rodrigo António Brandão.Febre tifoide | dos Sintomas ao Diagnóstico e
Tratamento. In MEDICINANET. Universidade de São Paulo/Br: 2016. Disponível
em:<https://www.medicinanet.com.br › conteudos › revisoes>. Acesso em 25.Mar.2022.
17

SAMBA, Nsevolo. Vigilância Epidemiológica de Doenças Infecciosas de Origem


Bacteriana na Província do Cuanza-Norte. Escola Superior de Tecnologia da Saúde do
Porto Instituto Politécnico do Porto: 2015. Disponível em:<https://recipp.ipp.pt › bitstream ›
Vigilância Epide...>. Acesso em 26 de Mar.2022
18

APÊNDICE
19

APÊNDICE A

REPÚBLICA DE ANGOLA
GOVERNO DA PROVÍNCIA DE LUANDA
GABINETE PROVINCIAL DA EDUCAÇÃO/SAÚDE
INSTITUTO TÉCNICO DE SAÚDE DE LUANDA
INSTITUTO MÉDIO DE SAÚDE SOFMARY

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO MÉDIO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

FICHA DE INQUÉRITO

TÍTULO: CONHECIMENTOS E ATITUDES DOS MORADORES DO BAIRRO


CAMBIRI, MUNICÍPIO DE VIANA A FEBRE TIFÓIDE; DE DEZEMBRO DE 2021
A ABRIL DE 2022.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


O presente inquérito é anônimo e confidencial, tem como objectivo a recolha de dados
sobre conhecimentos e atitudes dos moradores do bairro Cambiri, município de Viana sobre a
a febre tifóide; de Dezembro de 2021 a Abril de 2022.
Responda as questões com bastante sinceridade colocando um X e preenchendo as
lacunas, conforme o tipo da questão.
INQUÉRITO:
1. Sexo___________
2. Idade____ anos

3. Habilitações académicas:
a) Sem habilitações académicas….
b) Educação pré-escolar..................
c) Ensino primário.........................
d) 1º ciclo do ensino secundário….
e) 2º ciclo do ensino secundário…..
f) Ensino superior ..........................
4. A causa principal da febre tifóide é:
20

a) Calor intenso;
b) Mosquitos;
c) Alimentos contaminados;

5. A febre tifóide transmite-se principalmente por:


a) Usar objectos perfuro-cortantes contaminados;
b) Contacto com a pele da pessoa doente de febre tifóide;
c) Consumir alimentos e água contaminados de micróbio da febre tifóide.
6. Quais são os sinais e sintomas da febre tifóide.
a) Cefaleia, dor abdominal, fadiga, febre alta, obstipação intestinal;
b) Dor ao urinar;
c) Perfuração intestinal.
7. Quantas vezes lavam as mãos?
a) Três vezes ao dia;
b) Apenas antes de comer;
c) Quantas vezes forem necessárias.
8. Onde que mais adquires os alimentos?
a) No supermercado;
b) No mercado informal;
9. Que destino tens dado as fezes?
a) Evacuo as fezes num recipiente e deito-as ao ar livre (na vala, no capim,…);
b) Evacuo na casa de banho;
d) Enterro-as;
e) Outro destino __________________________
10. Que atitude tomarias em caso de suspeita de Febre tifóide?
a) Ir a uma Unidade Hospitalar;
b) Tratamento tradicional;
c) Solicitar um farmacêutico para indicar o medicamento adequado;

Instituto Médio de Saúde SOFMARY, aos _____ de ________________ de 2022

O Participante O Inquiridor

__________________ ______________________
21

APÊNDICE B

CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
sobre o inquérito: CONHECIMENTOS E ATITUDES DOS MORADORES DO
BAIRRO CAMBIRI, MUNICÍPIO DE VIANA SOBRE A FEBRE TIFÓIDE; DE
JANEIRO A ABRIL DE 2022.

MESES
A CT I V I D A D E S JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL
Pesquisa bibliográfica, elaboração
da Introdução e dos objectivos
Composição da fundamentação
teórica
Recolha dos dados no campo
Tabulação de dados, elaboração da
Coclusão e as Considerações finais.
Revisão (correcção) do TCC
Encadernação do TCC
Montagem do TCC em Power
Point
Entrega do TCC em Word e em
Power Point à Subdirecção
Pedagógica
Ensaio para a Prova de Aptidão
Profissional (PAP)
22

APÊNDICE C

ORÇAMENTO

VALOR VALOR TOTAL


RECURSOS QUANTIDADE UNITÁRIO EM EM KWANZAS
KWANZAS
1. R. HUMANOS
Técnico de
informática 35 páginas 100 3500
Revisor de
português 35 páginas 50 1750
SUBTOTAL 5250
2. R. MATERIAIS
Resma de papel A4 01 unidade 1500 1500
Esferográficas 02 unidades 100 200
Borracha 01 unidade 10 10
Pen-drive 01 unidade 4000 4000
Bloco de anotações 01 unidade 150 150
SUBTOTAL 5860
3. R. FINANCEIROS
Encadernação 3 exemplares 3000 9000
Alimentação 10000
Transporte 5000
SUBTOTAL 24000
TOTAL 35110 Kz
Obs: O pesquisador é o responsável pelas despesas necessárias para a elaboração do projecto.
23

ANEXO
24
25
7

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