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Pra Colorir
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Nesse período, o mais importante, de acordo com a ginecologista, é “trabalhar questões relativas
à autoestima e ao respeito à própria subjetividade” dentro das relações sociais.
Além disso, Álvaro lembra que o elo de confiança formado entre crianças e
adultos no ambiente familiar deve ser levado a sério. “A pessoa de
confiança precisa manter o sigilo da conversa. Não vai contar pros outros
filhos ou pra amiga. Se precisar de informação profissional, deve procurar
profissional”, aconselha o psicólogo.
Mesmo quando os pais não são tão presentes e disponíveis na infância, é possível, segundo o
psicólogo, correr atrás do prejuízo e construir esse elo de confiança com os filhos já adolescentes
ou adultos. Desde que, nesse processo, não tenham acontecido experiências traumáticas.
“Os que não conseguem (construir laços de confiança) são os que produzem traumas. Abusadores
sexuais de crianças e pais agressores não conseguem recuperar mesmo, porque o trauma vai impedir
o sujeito de ter confiança. Agora, pais que estavam focados no trabalho ou dando atenção a outras
necessidades, os filhos compreendem. Só lamentam”.
As consequências do “não falar”
Para a psicóloga e pedagoga Eveline Câmara, fundadora do Instituto de Especialidades Integradas,
as consequências da falta de diálogo e da repressão da sexualidade na infância são “desastrosas”.
Principalmente porque embarreira o desenvolvimento humano natural, levando, inclusive, a uma
incompreensão sobre como se constroem os próprios desejos.
“Ainda existe na sociedade a questão do adulto colocando a percepção dele (de mundo) na criança.
Isso dificulta diálogo”, acredita a profissional.
Como conversar com crianças sobre sexualidade?
Seja disponível
Quando a criança perguntar a você algo sobre sexualidade, é importante que você esteja disponível
para ouvi-la. Se não puder na hora, diga que responde em outro momento, mas cumpra a promessa.
Ofereça tempo e atenção. Se você nunca parar para conversar, a criança pode entender que não há
espaço para esse diálogo e pode não recorrer mais a você e buscar a informação em outro lugar ou
com outras pessoas.
Chame as coisas do que elas são
Ninguém fala que olho não é olho, que nariz não é nariz ou que boca não é boca. Porque não vê
necessidade de “maquiar” essas partes do corpo. Por que, então, esconder os nomes das partes
íntimas? Por mais que você opte por apelidar “pênis” e “vulva” para conversar com crianças, tenha
em mente que, em algum momento, elas devem saber os nomes corretos das partes dos próprios
corpos.
Peça permissão antes de tocar o corpo da criança
Como você está ensinando à criança o respeito aos limites do próprio corpo e do corpo do outro, dê
o exemplo e peça permissão antes de tocar o corpo dela para dar banho, por exemplo. É uma forma
de orientar que não se pode tocar em locais não autorizados.
Responda exatamente o que a criança quer saber
Sem rodeios, adaptando a resposta à idade e à maturidade emocional da criança, responda
exatamente o que ela quer saber. Às vezes, ela só tem uma dúvida muito específica e pontual.
Perguntar “como os bebês nascem?” é diferente, por exemplo, de perguntar “como os bebês são
feitos?”.
Mantenha o sigilo da conversa
Contar para os amigos e até para os outros filhos sobre a dúvida da criança pode quebrar a
confiança que ela tem em você, caso descubra. Se precisar de ajuda para responder à pergunta,
procure profissionais e outras fontes de informação confiáveis.
A forma como você reage tem peso. Se você se apavora diante da pergunta da criança ou a
repreende de alguma forma, ela vai pensar que não deveria ter exposto a dúvida. Se você ignora, ela
pode achar que não há espaço para dialogar. Aja com naturalidade e responda o que você souber
responder. O que não souber, diga que vai estudar para responder depois. E responda.
Oriente sobre privacidade
Na fase da descoberta do corpo, é natural que a criança se toque e chegue às partes íntimas. Encare
isso com a mesma naturalidade que acontece, mas oriente a não se tocar em público, apenas em
ambientes privados como quarto e banheiro. Faça comparações que a criança possa compreender,
como: “Você vê sua mãe ou seu pai tocar na parte genital em público?”. Mas, atenção: para ter
coerência no discurso, caso você veja a criança se tocar em público, leve o diálogo com ela sobre
isso para o ambiente privado, que é onde a questão deve ser tratada.
Não diferencie a criação por gênero
Não deve haver diferença entre falar sobre sexualidade com meninos e falar sobre sexualidade com
meninas. Ambos se desenvolvem e se descobrem de maneira natural. Se você encara com
naturalidade a auto estimulação genital do menino, por exemplo, e se apavora quando a menina faz
o mesmo, você pode provocar nela transtornos e disfunções relacionadas à sexualidade na vida
adulta, além de uma série de problemas de autoestima. Ambos também devem ser ensinados a
respeitar o próprio corpo e o corpo do outro.
Não precisa ser “um momento”
Você não precisa criar todo um cenário, toda uma ambiência, todo um momento para falar com a
criança sobre questões ligadas à sexualidade. Às vezes, o assunto pode surgir enquanto vocês leem
um quadrinho ou assistem a um desenho animado ou filme, por exemplo. Inclusive, é importante
estar atento aos conteúdos que as crianças estão consumindo, principalmente na Internet.
Use todos os recursos que puder
Quadrinhos, cartilhas, jogos, brinquedos, livros. Há uma série de recursos confiáveis disponíveis
(alguns, até gratuitamente) para que você use no diálogo com a criança sobre sexualidade.
“Sexualidade é um meio de expressão dos afetos, uma maneira