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E-Book - Formação de Estrategista e Growth Hacker
E-Book - Formação de Estrategista e Growth Hacker
Growth
Hacking
Growth Hacking | 1
DENER
LIPPERT
Growth Hacking | 2
Quem é Dener
Lippert?
C
rescer não é uma opção, é uma estratégia de sobrevivência - ou você
está crescendo, ou a sua empresa está morrendo.
Growth Hacking | 3
É o que chamamos Growth Marketing: entregar um crescimento previsível,
sabendo qual botão apertar e qual alavanca puxar.
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Sumário
1. A ESTRETÉGIA DE SOBREVIVÊNCIA.....................................................8
2. GROWTH HACKING.......................................................................................12
CONCLUSÃO.......................................................................................................140
CAPÍTULO 1
A estratégia de
sobrevivência
1. A estretégia de
sobrevivência
POR QUE É IMPORTANTE UMA
EMPRESA CRESCER?
A maioria dos empresários começa uma empresa, mais por uma necessida-
de do que, necessariamente, a vontade de criar um negócio. O crescimento
torna-se uma questão secundária na administração.
95% das empresas do Brasil faturam menos de um bilhão de reais por ano -
são pequenas empresas. Na sua maioria, lifestyle businesses, criadas por alguém
que, por exemplo, fazia bolos bem e, um dia, resolveu abrir uma confeitaria - e
como bom fazedor de bolos, fica fazendo bolos. Tornou-se um empreendedor,
resolveu abrir aquela confeitaria, mas 90% da sua mentalidade é técnica, é
fazer o bolo, exercer a atividade.
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viram com certa facilidade, um grande transatlântico precisa de muito esforço
para ser virado.
Boa parte dos grandes CEOs da história - Jack Welch, Jeff Bezos, Elon Musk,
Steve Jobs, Bill Gates - sempre foram muito próximos do marketing, do cresci-
mento dos seus respectivos negócios, não foram tão voltados para o produto.
O produto é importante e vamos abordar este aspecto; mas eles não foram os
técnicos, foram os empreendedores, os aficionados no crescimento do negócio.
Pensando neste aspecto, fica mais fácil entender melhor o porquê de várias
empresas, enquanto startups, por muito tempo não darem lucro, por exemplo
a Amazon; ou empresas, como Uber, não darem lucro - porque essas empresas
estão em uma trajetória de crescimento. Esse jogo de winner takes it all - o
vencedor leva tudo - faz muito sentido, porque a empresa precisa dominar
para não ficar tão vulnerável ao mercado e aos seus concorrentes.
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DE EMPREENDEDOR PARA
EMPRESÁRIO
Crescendo, vai ter recursos para contratar bons profissionais para fazer
o trabalho que, às vezes, você mesmo faz; vai ter mais recursos financeiros
para que as pessoas possam também ter um desempenho melhor nas suas
respectivas atividades.
A Amazon, a Apple, a Pixar são empresas que investiram muito para fazer o
negócio crescer; mas, em um determinado momento, atingiram um patamar
de tanta dominância no mercado que, hoje, é quase impossível competir com
eles. Elas têm tanto caixa que podem adquirir um concorrente e implementar
uma nova solução tecnológica do dia para a noite.
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CAPÍTULO 2
Growth
Hacking
2. Growth
Hacking
M
uito do que falamos sobre Growth Hacking são novos nomes para
algo antigo, e precisamos estar atentos ao marketing e o que há nele
de mais valioso, para compreender melhor as coisas.
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quem estudou para fazer coisas boni- agência de publicidade; e não tem
tas, estéticas, ganhar prêmios. outro jeito de fazer isso, a não ser que
você tenha a sua própria agência de
Sergio Zyman é um grande defensor publicidade - e isso cria um conflito
de não competir por prêmios, como de interesse: a agência quer colocar o
o de Cannes, que é uma premiação dinheiro do cliente dentro do veículo
voltada para o cinema, mas premia de publicidade, independente de dar
também a publicidade. A agência de resultado ou não.
publicidade pega o dinheiro do cliente,
faz um filme grandioso para concorrer Em um dos livros, Zyman cita um caso
em Cannes, para ganhar um prêmio emblemático do universo da publici-
com dinheiro do cliente - o que isso dade: uma campanha da Apple, que se
tem a ver com o aspecto econômico chamava Think Different - um comercial
do negócio? Não muito. que trazia imagens do Albert Einstein,
do Gandhi, do Muhammad Ali, narrado
Ele muda o paradigma da mentalida- pelo Richard Dreyfuss, ator famoso da
de do marqueteiro, na sua gestão na época. Com as imagens desses perso-
Coca-Cola. Ele corta, por exemplo, a nagens revolucionários, este comercial
bonificação por volume que as agên- estourou, e ganhou vários prêmios.
cias de publicidade têm. No Brasil,
para comprar a mídia de um grande O resultado da Apple, após esta cam-
veículo, em veículos tradicionais, você panha, foi decréscimos de vendas por
precisa pagar a comissão para uma semestres subsequentes, vendendo
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cada vez menos, até que lançaram Nesse exemplo da Apple, enquanto
o iMac e conseguiram recuperar as ela não corrigiu o posicionamento no
vendas. Mesmo o filme sendo maravi- lançamento do iMac, não conseguiu
lhoso e superpremiado, não entregou - mesmo com a melhor publicidade,
crescimento, não entregou resultado mais premiada - entregar crescimento.
de venda. Semestres e semestres de
Tem um caso específico na minha
queda de vendas dentro da história
jornada: uma campanha que fizemos
daquele período na Apple.
para o Spotify em seis países da Amé-
Tem que ser estético para entregar rica Latina. Foi a estratégia de growth
vendas? Tem - mas não é o filme, não mais fácil da minha vida, porque era um
é arte - o apelo está no seu produto. A produto muito fácil de vender - o Spotify.
melhor publicidade, a melhor ferramen-
Por outro lado, se pegamos um pro-
ta, a melhor técnica que possa ensinar
aqui não vai vender um produto ruim. duto que não é bem azeitado, não é
bem amarrado, está em um mercado
A base fundamental do marketing, da ruim, é preciso inventar milagre de
publicidade, da propaganda, da comu- campanha, de estratégia de growth,
nicação é sempre entregar crescimento, para conseguir entregar crescimento.
entregar mais vendas para o negócio.
A empresa inteira precisa pensar em
Isso é muito diferente do que um publi-
citário, um profissional de comunicação, vender. Às vezes, o marketeiro não gosta
do vendedor, porque o vendedor é muito
normalmente é treinado para fazer.
arrojado, quer fazer a venda; e o marke-
Se você é esse profissional de pu- teiro acha que seu trabalho é mais sofis-
blicidade, propaganda, ou de marke- ticado, mais artístico - e não é isso. Todos
ting da organização, ou é o gestor, é estão no mesmo objetivo - crescimento.
importante entender a mentalidade
Então, growth é uma mentalidade.
do Growth para implementar essa cul-
tura - porque growth é uma cultura, O que é Hacking? É encontrarmos a
uma filosofia de estar orientado pelo maneira mais eficiente e barata de fazer
crescimento do negócio. Não basta isso. É muito fácil colocar milhões em
a propaganda, tornar público de uma publicidade, no Big Brother, na NFL, o
maneira esteticamente agradável, até comercial mais caro do mundo.
mesmo propagar em uma mídia, se É para a realidade dos milhões em
os seus fundamentos não estiverem publicidade que o publicitário normal-
bem acertados, assim como o produto.
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mente é treinado dentro da academia, dentro da faculdade. Seria simples, mas
a realidade da maioria das empresas não é essa. Para elas, existe o growth
hacking. Nada mais é do que uma mentalidade que você precisa aplicar dentro
da cultura do seu negócio - porque não é intuitivo.
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CAPÍTULO 3
Os principais
fatores de
crescimento
3. Os principais
fatores de
crescimento
E
mpreender, gerir um negócio, é sempre uma dificuldade e tem uma
imprevisibilidade grande. Por isso, um dos temas de que mais gosto é
a predição e o controle do futuro do crescimento do nosso negócio.
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ANÁLISE PREDITIVA
Hoje, uma das coisas que mais faço no meu dia a dia é trabalhar em uma
planilha de forecast, que é o planejamento do futuro desse negócio. Mediante
os dados que coleto, vou alterando esse banco de dados e prevendo para
onde o negócio está se inclinando. Vejo o que preciso ajustar para não bater
no muro lá na frente, como no cockpit do controle de uma nave. Você está
controlando uma nave - se um indicador está apontando que está inclinando
assim, lá na frente ela pode parar no lugar errado; precisa ajustar aqui, porque
no médio ou longo prazo vai sair no lugar certo.
Isso é análise preditiva, e uma das coisas mais importantes para isso é um
forecast, uma planilha em que planejo esse futuro. Através dessa planilha,
consigo dizer quanto estarei vendendo em setembro de 2024, quanto estarei
gastando em outubro de 2025. O que diferencia uma planilha que aceita tudo
de uma análise preditiva? A diferença é que a planilha que aceita tudo está
baseada em desejo, e a análise preditiva está baseada em dados.
Que dados são esses? Vou simular o negócio e vamos construir alguns cam-
pos da planilha. Cada uma das linhas são os fatores, e quais são os fatores
que tenho que acompanhar?
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CENÁRIO 1
Digamos que, no período que estou analisando, adquiri 100 clientes novos:
essa é minha linha um, clientes novos - 100 clientes novos.
Linha dois, clientes recorrentes: quantos clientes já tinha. Digamos que tinha
300 clientes recorrentes; que já tinha no período anterior ao que analisei os
meus clientes novos - é a segunda linha da planilha, clientes recorrentes.
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cliente está há oito meses sem comprar, é um cliente perdido, que terei que
descontar da minha predição dos 300 clientes recorrentes, que esperava ter
naquele período.
Sobre uma base de 300 clientes recorrentes, se agora terminei com 370,
tenho mais de 23% de crescimento, no período.
CENÁRIO 2
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O resultado vai ser um decréscimo, uma perda de 10% do resultado nesse
período, porque um dos fatores não foi bem. Veja que você adquiriu o mesmo
número de clientes, aqui começa a ter um indício de que precisa olhar para a
saúde do negócio.
CENÁRIO 3
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Mediante os quatro fatores, digamos que colocou na coluna A os dados
atuais do negócio, ou uma estimativa, na simulação que está fazendo enquan-
to acompanha a leitura. Você coloca ali: tenho adquirido ‘X’ clientes por mês
/ ano / dia, tenho uma base ‘Y’ de clientes totais, no período, tenho perdido
uma frequência ‘Z’ de clientes; então, no próximo período, vou estar com esse
número ‘T’ de clientes totais no final.
Então, faça o exercício de projetar seis colunas - seja semana, mês, ou ano,
dependendo do seu negócio - partindo dos principais indicadores que já tem
no seu negócio, dos 4 que estou colocando como números essenciais dessa
análise preditiva.
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Na próxima linha da planilha, os clientes recorrentes vão ser a soma desses
clientes novos adquiridos sobre os clientes anteriores. Se começou com 300,
e adquiriu mais 100, são 400; na outra coluna adquiriu 110, vão ser 510. Assim,
vamos jogando na planilha, simplesmente arrastando para o lado, com o mí-
nimo de conhecimento de Google Sheets / Excel.
Na terceira linha, temos os clientes perdidos, que serão subtraídos dos clien-
tes recorrentes. Adquiriu novos clientes, mas agora perdeu esse. Digamos que
você começa a controlar: no período 1 estamos perdendo 90; no período 2,
estamos perdendo 85; no outro, 70; outro, 65; cada vez estamos perdendo
menos clientes, sobre uma base de clientes novos maior.
INDICADORES
CAC
Cada um dos fatores não acontece por acaso, acontece porque eu aperto
o botão X ou Y. Cada um desses fatores tem seus respectivos indicadores,
KPI (Key Performance Indicator) e métricas que você pode acompanhar. Por
exemplo, clientes novos. Qual o indicador de clientes novos? O indicador de
clientes novos mais básico é o CAC (Custo de Aquisição de um Cliente).
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eu quiser adquirir 100 clientes é só colocar mais dinheiro, porque sei qual é o
CAC de cada um desses clientes.
Vira uma decisão financeira: tenho fluxo de caixa para alocar o dinheiro ago-
ra? Na minha projeção anterior, falei que colocaríamos 100, 110, 120, e em seis
meses já estávamos colocando 150 no mês.
Por que não aumentar de 100 para 150 no próximo mês, os novos clientes
adquiridos? Porque, às vezes, pode-se não ter capital para alocar e sustentar
o crescimento tão rápido.
LTV
Tenho também um indicador para os meus clientes recorrentes. A maioria
dos negócios, por exemplo, um negócio tradicional, de assinatura, é meio ób-
vio, clientes recorrentes no Netflix, no Spotify. No entanto, todo negócio tem
clientes recorrentes, todo negócio tem a sua carteira de clientes fidelizados.
Toda loja que abre começa faturando pouco, passa aos poucos a faturar mais.
Por quê? Porque os clientes começam a retornar. A métrica para entender
isso é o que chamamos de LTV (Lifetime Value), que é o valor do cliente ao
longo do tempo.
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Como chegar ao LTV? Pegamos o arco, que é um segundo indicador, dentro
desse LTV/Life Time Value. Como calculo o arco: a receita média por usuário,
quanto o usuário traz na média. Digamos que tenho uma loja de roupas e o
cliente compra 100 reais, é o tíquete médio. Cada cliente novo volta a comprar
10 vezes durante a sua relação com a empresa, e, depois, para de consumir. Na
média, meus dados indicam isso. O cliente volta 10 vezes, com o tíquete médio
de 100 reais em cada uma delas, o meu arco vai ser mil reais.
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CHURN
Chegar a esses números, entender a sua prática, vai dar a previsão de quan-
tos clientes estarão comprando da sua empresa daqui há seis meses, doze
meses; fundamentado na sua base de clientes totais. Para poder acompanhar
esse número, também precisamos olhar para a terceira linha, o seu indicador
que é o churn rate, a porcentagem de clientes que se perde todos os meses.
Estou com 300, adquiri 100, vou perder 10% do total. Vou adquirir um pou-
co mais e vou perder 10% do total. Esse número segue sempre assim, indo e
voltando. É preciso acompanhar para ter um Churn Rate cada vez mais baixo,
para que cada vez menos clientes parem de comprar na sua loja. Queremos
que os clientes fiquem comprando para sempre. O ideal é o churn zero; o pior
cenário é o churn 100%, quando todo mundo para de comprar da empresa.
Acompanhar esse indicador vai dar a predição de qual é a probabilidade de
que você vai estar com 100% da sua base zerada daqui a dez anos, ou vai estar
com boa parte dela ativa.
COHORT
O último dos indicadores, nos clientes totais, é o CoHort. Cohort é um recorte
do número total de clientes. Toda empresa tem diferentes tipos de clientes.
Talvez 50% sejam homens e 50% sejam mulheres; 50% tenha menos de 25
anos, 50% tenha mais de 25 anos.
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maior rentabilidade, porque teremos menos cancelamento, e mais LTV. É a
última linha, o último dado que você precisa acompanhar: as análises feitas
desses recortes dentro da base de clientes.
Nos próximos capítulos, vou mostrar um pouco mais sobre como controlar
e, quem sabe, chegar a esse nível extremo de eficiência. Contudo, precisamos
voltar a alguns fundamentos das ciências do comportamento humano, porque
sem entender o ser humano não dá para fazer as análises. O ser humano não é
um objeto natural, ele não se comporta de maneira exata; por isso, as ciências
da ação humana são importantes para todo profissional de growth, para todo
cientista do Marketing compreender, e esse é o tópico do próximo capítulo.
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CAPÍTULO 4
Viés cognitivo
aplicado em
growth
4. Viés cognitivo
aplicado em
growth
Q
uando começamos a analisar as métricas da forma como analisamos
no capítulo anterior, ficamos empolgados, porque conseguimos
sentir a capacidade de medir a ação humana de uma maneira exa-
ta, semelhante ao que aprendemos na escola sobre como analisar biologia,
química ou física.
O ser humano tem ação propositada, ele tem vontade, ele muda de ideia.
Às vezes, ele quer comprar algo, às vezes não quer mais. Assim é a natureza
do ser humano. Estudar o ser humano não é igual a estudar um objeto natu-
ral. Por isso, não acredite em fórmulas que preveem exatamente como o ser
humano vai agir.
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Daniel Kahneman, é um grande pesquisador dos fatores que fazem o ser
humano agir, mas no espectro da economia. Nós, cientistas do marketing -
profissionais de growth, marketeiros, publicitários, chame como quiser - esta-
mos preocupados com a mesma coisa que ele: entender como o ser humano
age, como se movimenta. Não somos o profissional que faz arte, filme, coisas
criativas e bonitinhas apenas - isso também é importante, às vezes, - mas para
mover o ser humano temos que compreender um pouco mais das ciências da
ação humana para sermos profissionais mais completos.
Um dos assuntos sobre o qual Kahneman publicou, assim como vários outros
economistas, é o que chamamos de economia comportamental - o estudo do
comportamento humano na economia.
VIÉS COGNITIVO
O viés cognitivo da prova social é bem fácil de entender: eu estou parado no sinal
vermelho, à meia-noite, aí um carro avança o sinal. O que eu faço? Meu instinto
automático é de passar também, esse é um viés cognitivo. Ao longo da evolução
humana, fomos criando esses vieses para sobreviver. No passado, na evolução,
quem saía correndo era porque tinha um tigre atrás tentando pegar para comer.
Isso ficou na ‘memória’ do ser humano: toda vez que alguém age, ele sempre olha
como as pessoas estão agindo, porque quem fez isso sobreviveu por mais tempo.
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Precisamos compreender a ação huma-
na, como ela acontece, e usar no texto
de um anúncio, no roteiro de um vídeo,
no desenvolvimento de um produto.
Nesse livro do Mises tem coisas que experimentei e fazem muito sentido.
Ele fala que o estudo do ser humano se chama praxiologia. Não conseguimos
estudar o ser humano de uma maneira exata, como a ciência tradicional faz;
conseguimos medir todos os fatores e falar: é assim, assim não é.
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TRÊS ESTÁGIOS QUE O SER HUMANO PRECISA PERCORRER
PARA AGIR
O ser humano precisa percorrer três estágios para agir. O primeiro deles é
um estado profundo de insatisfação. A pessoa está irritada, preocupada com
algo, com um problema na cabeça. Se estiver nesse estado de insatisfação,
é a premissa 1 para agir.
A premissa dois é que ela precisa ver uma perspectiva de um futuro melhor
e transformador em relação ao item 1.
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de um vídeo e, assim, mover o ser ta, a verdade é transitória; nada pode
humano para o terceiro item, que é ser provado cientificamente, estamos
comprar o seu produto. sempre buscando uma nova resposta
para as coisas. Há várias teses consa-
Nós todos temos que ser cientistas gradas cujos autores vieram com no-
do marketing. Uma das coisas que o vas publicações e reconheceram que
cientista do marketing faz e compreen- estavam errados.
de é a aplicação do método científico
ao marketing digital. Isso é um viés cognitivo, o viés cog-
nitivo da coerência. O ser humano não
O método científico tem várias roupa- quer ser incoerente, não quer afirmar
gens; mas uma roupagem mais clássica “eu falei A, e agora o meu cérebro não
que funciona para a ação humana, é me deixa falar B”. Afirmar que estava
que sempre parte de uma observação errado, falar uma coisa diferente, cria
que vira uma hipótese: observo, iden- uma dissonância cognitiva na mente
tifico um problema, e formulo uma humana. Nós temos a natureza, a incli-
hipótese - o segundo passo do méto- nação natural, não de sermos cientistas
do científico. Vou testar a hipótese e - mas de sermos advogados.
chegar a conclusões a partir do teste.
O segundo erro que precisamos evi-
É assim que faço tudo como cientis- tar é não testar hipóteses; acreditar
ta do marketing. Esse é o framework que a verdade é uma só, absoluta, ir-
básico do método científico aplicado refutável. É pegar o que estou falando
ao marketing. agora, o que você aprendeu no livro, e
Algumas coisas temos sempre que aplicar, com todo o seu esforço. Não
evitar quando estamos tentando ser faça isso. Sempre pegue uma nova
cientistas do marketing, aplicando vieses ideia, transforme em uma hipótese, e
cognitivos, essas lógicas todas que a eco- rode pequeno. No universo das startups
nomia comportamental nos dá: não ser chamam isso de MVP (mínimo produto
um advogado defendendo uma causa. viável), mas isso é exatamente como
a ciência faz as coisas.
Qual é a diferença do advogado para
Agora, por exemplo, todo mundo está
o cientista? O advogado, esteja você
errado ou certo, ele vai defendê-lo, e atento a como se faz vacina: você vai
esse é o trabalho dele. Para o cientis- lá e faz pequeno, testa com animais,
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depois testa com dez pessoas, depois com um volume maior. MVP sempre foi
assim: pego uma hipótese, testo pequeno e rápido, vou escalando até chegar a
um resultado mais fidedigno, mais perene, que, por um período de tempo maior,
perdura com o mesmo resultado, sem alterações.
Quando fui lançar um livro, queria definir a capa do livro, o design da capa.
Normalmente, eu faria um brainstorming, falar: isso acho bonito, isso eu acho
feio, soltaria a capa; mas depois que a capa foi solta, não tem como alterar
um livro físico.
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Fizemos um grupo de anúncios dentro do Facebook Ads, com várias alterna-
tivas de capa. Rodaram até duas, três mil pessoas serem impactadas por cada
uma das capas, e ver qual tinha a maior CTR, maior taxa de cliques; ou seja, um
público sobre o qual eu não tinha influência e não estava poluindo a amostra.
No próximo capítulo, vou falar de uma das conclusões que tive experimen-
tando esse processo, que vai ficar como framework para você replicar.
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CAPÍTULO 5
As 4 etapas:
da validação à
profissionalização
5. As 4 etapas:
da validação à
profissionalização
A
té aqui, concluímos que existem diferentes estágios na maturidade
do processo de growth, nas vendas através da internet. Precisamos
entender em qual estamos, o que podemos esperar, e o que preci-
samos fazer para avançar nesses estágios.
Rodei o dinheiro de mídia e fiz 150 matrículas, o que era um ótimo resultado;
mas como havia concordado, houve uma quebra de expectativa - mesmo
com resultado do LTV sobre CAC sendo positivo, a quebra de expectativa
gerou um problema.
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QUATRO FASES QUE A EMPRESA
PRECISA PERCORRER
QUAIS SÃO?
O V1 é o mais básico, o V4 é o mais avançado. O V4 é quando a em-
presa é referência em sua categoria. Spotify já era um projeto V4 quando
fechou comigo; já era grande, já tinha equipe, já tinha muita verba de mídia
- o orçamento era de 1.3 milhões de euros -, seis países, tinha empresa de
conteúdo em cada um dos países. Tinha a Cubo, em São Paulo organizando
e nos contratou para fazer só a mídia; muita infra, muita mídia, muitas pos-
sibilidades. Todos os números controlados, todas as métricas certinhas. O
objetivo é, sempre, se tornar V4, como o Spotify, ter muita verba, ter con-
trole, ter equipe, porque vai gerar muito resultado através desse canal. Para
chegar lá, existem três etapas que preciso percorrer.
Growth Hacking | 38
Cheguei à conclusão, levantando os números: sei quanto custou cada cliente
de cada uma dessas campanhas, mas observei que sete delas nem deram
resultado e já descartei; três deram resultado mais ou menos interessante.
Se em três já tem resultado, já tem os números para analisar, já virou um V2.
• V2 - MATURAR O PROCESSO.
Tenho a primeira hipótese. É como testar as vacinas: como é o desenvol-
vimento de uma vacina? Vou fazer uma análise micro com animais, depois
com um grupo de pessoas, e vou tentar replicar. Se conseguir replicar, se o
resultado se mantiver perene, tenho algo mais comprovado cientificamente,
mais confiável. Estou buscando, no V2, os resultados perenes. Posso pegar
aquelas três estratégias e rodá-las por um período de tempo maior, com
mais dinheiro, atingindo mais pessoas; observar que uma delas foi ocasional,
deu certo por um fator em que eu não tinha controle, cuja interferência no
resultado não consegui medir. Então, nessa segunda fase, consigo concluir
que só duas das estratégias, de fato, são perenes no meu universo, estão
me dando resultado consistentemente, estão provando cientificamente que
trazem resultados constantes.
Growth Hacking | 39
Se você não alocar dinheiro em mídia para as pessoas verem a sua em-
presa, nada vai acontecer. Ter um cientista do marketing, ter um CMO (Chief
Marketing Officer), ou ter um pessoal produzindo vídeo, isso tudo é um “mal
necessário”. Preciso de uma equipe de vídeo, preciso de uma pessoa de
copy; mas, se não tiver grande mídia, não vai ter resultado.
Por isso, nessa estrutura, começo com um custo fixo o mais reduzido
possível; conforme consigo escalar, alocando o dinheiro de mídia, vou
começar a subir o custo fixo. Agora, posso ter um profissional de vídeo
melhor, um redator melhor, posso ter alguém de BI (business inteligence),
um analista, para tirar cada vez mais suco.
Growth Hacking | 40
Processo é a chave da coisa, garantir que esteja seguindo o processo certo,
para que em algum momento encontre o máximo de performance na sua
realidade. Não há resposta certa - como fazer a campanha, como escrever
o anúncio, qual é a arte, qual é o mote; toda hora muda e a criatividade
precisa reinar um pouco, porque nesse universo existe uma discussão entre
performance vs branding, criativo vs analítico.
Defendo a performance, tem que dar resultado, tem que vender; mas
sempre vai ter o aspecto criativo. Tem muito profissional de growth que só
contrata engenheiro, que sabe fazer planilha, porque tudo é métrica, hoje
tudo é matemarketing, como falamos na V4: matemática com marketing. O
marketing, às vezes, vai ter o aspecto subjetivo.
Uma fase V1, V2, vai demorar três a seis meses, no V3 vai demorar outros seis
meses. Em doze a dezoito meses, já começa a ser um nível V4, em que já pode
aumentar os custos fixos, porque já está investindo um alto valor em mídia.
Growth Hacking | 41
A IMPORTÂNCIA DO INVESTIMENTO
EM MÍDIA
Outro detalhe chave: Precisamos investir mais. Você tem que ser o maior in-
vestidor em mídia do seu setor. Isso vai proporcionar a possibilidade de criar,
vai dar a diversificação do investimento. Se pegar mil reais, 2 mil reais, 10 mil
reais, vai ter que colocar 50%, 80% em um lugar só. Não dá para fazer um teste
com mil reais. Mal dá para fazer panfleto com mil reais. Essa é a realidade da
maioria dos negócios, não tem orçamento para mais, mas volta naquele primei-
ro tópico que falei: toda empresa precisa crescer. Crescer não é uma opção, é
uma estratégia de sobrevivência. Com 500 mil reais de orçamento posso gastar,
por exemplo, fiz uma ação de 150 mil reais de teste na V4, em janeiro de 2021.
Os 150 mil reais eram 4% no orçamento anual. Foi um bom teste, com 150 mil
reais, mas nada demais. Tem que ser o maior investidor em mídia. Tem que
dar resultado, mire nisso: quero ser o maior investidor de mídia para começar
a comprar canais, torná-los exclusivos para o meu negócio, para todo mundo
ver que a minha empresa existe, que está em todo lugar. Nenhuma empresa
líder de mercado tem um pequeno investimento em mídia.
Growth Hacking | 42
CAPÍTULO 6
Negócios
tradicionais vs
negócios digitais
6. Negócios
tradicionais vs
negócios digitais
Q
uando começamos a aprender sobre marketing digital, é muito co-
mum nos depararmos com negócios digitais, campanhas digitais,
infoprodutos. O que não é ruim, é ótimo; muito do que já falamos é
aplicável para esse tipo de modelo de negócio, onde tudo é mais simples de
ser mensurado e a conversão acontece no ambiente digital.
O PAPEL DO MARKETING
Growth Hacking | 44
Onde o marketing se encaixa dentre mostrar mais valor do que a pessoa
essas áreas? Para explicar isso, criei uma realmente acha que está pagando.
analogia que chamo de anatomia do mar-
O jogo mercantil de troca é sempre
keting. Pensando que o mercado é um
esse: acho que o produto vale mais que
corpo humano, complexo, vários orga-
o dinheiro que estou pagando. Sempre
nismos estão funcionando em sincronia.
temos que criar essa percepção. A
Onde o marketing se encaixa nesse concepção do produto é a base para
corpo? O marketing é o cérebro: o isso. Se o produto não for bem ‘empa-
seu papel é colocar todo o resto em cotado’, ‘sexy’, não vai ter performance,
movimento, dar os comandos. Por mesmo que você domine os canais de
isso, é muito comum grandes CEOs distribuição. Não adianta você conseguir
estarem muito próximos ao marketing. distribuir o seu refrigerante em todos os
Dizem que o financeiro é o coração supermercados do Pão de Açúcar, do
da empresa, mas sem oxigênio, esse Carrefour; se não tiver a melhor emba-
coração não vai bater. Quem comanda lagem, não tiver o melhor produto, não
para que o oxigênio seja distribuído tiver a melhor proposta de valor, para
para o corpo é o cérebro; o cérebro é que o consumidor perceba mais do que
a prioridade, é onde o CEO, o funda- está sendo exigida ao pagar por isso.
dor, precisa estar mais próximo dentro
Toda vez que você desenvolve um
da empresa para comandar todas as
produto com essa embalagem toda
outras áreas - preço, prazo, produto,
para que percebam valor nele, vai
promoção, relações públicas, publi-
enfrentar um fenômeno natural do
cidade, propaganda, e todas outras
mercado, que é o ciclo de vida do
áreas dentro de uma empresa - essa
produto. Todo produto passa por al-
é a anatomia do marketing.
guns estágios, que é o estágio de lan-
Um fundamento muito importante é çamento, de crescimento, maturidade
compreender os aspectos relacionados e declínio. É uma curva S - o produto
à oferta e ao produto. Preço, produto, sempre vai passar por isso.
oferta, valores, são alguns conceitos que
Todo negócio vai passar por esses
muitas vezes se confundem. Valor é o
que a pessoa percebe, o preço é o que estágios do ciclo de vida do produto.
ela paga; o valor tem que estar sempre Se o seu produto estiver na última
acima do preço. Você sempre tem que fase desse ciclo, não há marketing que
possa torná-lo um produto tracionado
Growth Hacking | 45
novamente. Vamos falar logo mais sobre como identificar essa tração, esse
interesse, esse fit do produto com o mercado.
OS DIFERENTES TIPOS DE
NEGÓCIOS NO DIGITAL
Growth Hacking | 46
95% das vendas do varejo são feitas fisicamente. Em países superdesen-
volvidos, onde o e-commerce chega na casa dos 20% de penetração sobre
a receita do varejo, se for comparado com as vendas físicas, é uma receita
pequena. É um grande esforço para um resultado pequeno.
Contudo, 95% das vendas são influenciadas pela internet. A pessoa procura
na internet, vê um post; na maioria das vezes, o seu negócio não consegue
vender na internet, mas consegue vender através da internet. Essa é uma dis-
tinção importante para ter clareza para decidir o que fazer com o seu negócio.
Um cliente chegou na V4 com 160 lojas físicas, e vinha perdendo muito di-
nheiro no e-commerce. Perguntei quanta mídia ele investia para fazer as suas
lojas físicas venderem mais utilizando a internet: nada. O empresário pensa:
usar internet no varejo é e-commerce; entretanto, você pode alocar dinheiro
para as pessoas verem o seu anúncio, verem a sua empresa, e irem comprar
na loja física; serem influenciadas na internet para comprar fisicamente.
Começamos a transformar todos os gerentes das 160 lojas em gerentes di-
gitais, alocando mídia em cada uma das lojas, gerando mídia no Facebook
Ads, gerando demanda para o WhatsApp de cada uma das 160 lojas, para o
vendedor atender no WhatsApp e chamar o cliente para ir à loja física.
Toda indústria está sempre olhando para sell-in e sell-out. Vou pegar o
exemplo da Grendene, um cliente da V4 no projeto da Melissa. Com o que a
Grendene se preocupa? A principal economics da Grendene é o sell-in, é fazer
Growth Hacking | 47
o franqueado do Clube Melissa ou multimarcas comprar o calçado da indús-
tria. É B2B, ela está vendendo para um dono de uma loja; no entanto, se essa
indústria não se preocupar com o sell-out, que é esse lojista vender Melissa
lá na ponta, esse lojista não vai recomprar da indústria. A indústria tem uma
coparticipação de responsabilidade sobre o sell-out do lojista.
Growth Hacking | 48
muito para um supermercadista da região - hipóteses que vou criar aqui na
minha cabeça, pensando nesse trade - viu que tinha vendido muito, queria
que ele tivesse um desempenho melhor. Ou fez isso em nível nacional para
usar o viés cognitivo da reciprocidade: uma vez que eu recebi a gilete em
casa da P&G, quando for comprar o refil, que é onde ela ganha dinheiro, de
quem irei lembrar? Não será do PDV do terceiro. Vou lembrar da Gillette que
me deu algo de graça, de uma maneira que não esperava, me surpreendeu,
me mARPUu; criou um marcador psicossomático na minha cabeça. Não vou
me lembrar da BIC que nunca falou comigo na vida.
Como a Gillette se comunicou comigo sendo que ela não vende nada pra
mim? Ela usou a internet para chegar direto no consumidor, criar um vínculo
com a indústria dela, mesmo que ela não venda nada diretamente pra ele.
Isso é utilizar a internet, não para vender nela, mas para vender através
dela. Essa é a magia da coisa. Esse case da Gillette é um case bem tradicional
que poderia também exemplificar um outro conceito bem popular no universo
de marketing digital que é a escada de valor, que é criar produtos pra ir au-
mentando a percepção de valor. Ter produtos baratos, que consiga vender
fácil, abrir a carteira do cliente, para ele consumir o produto mais caro.
Growth Hacking | 49
Um grande exemplo disso é um dentista, que tem produtos bem distintos
nesse aspecto, desde uma limpeza básica, que talvez custe 100 reais, até uma
faceta dentária que custa 15 mil reais. Só que se ele tentar vender direto a
faceta de 15 mil reais, talvez não consiga.
Se ele fizer o cliente percorrer uma jornada de uma escala de valor, come-
çando por uma limpeza básica, depois vende um aparelho dental de mil reais
para arrumar a boca do cliente, daqui a pouco o cliente está com a boca di-
reitinho e ele consegue vender a faceta. Começou vendendo por 100, depois
mil, depois 10 mil. Se tivesse tentado entrar direto no produto mais caro, talvez
não tivesse conseguido a performance de que estamos falando.
Growth Hacking | 50
CAPÍTULO 7
Product market
fit
7. Product market
fit
É
muito importante compreender se o meu produto tem um fit com o
mercado, se o produto se encaixa, se as pessoas têm essa necessida-
de. Isso, como o próprio nome diz, se chama product market fit (PMF).
Quanto mais PMF esse produto tem, quanto mais se encaixa no mercado e
sé apreciado, mais fácil vai ser tracionar esse produto, vender, crescer esse
negócio. Simples assim.
CONCEPÇÃO DO PRODUTO
Growth Hacking | 52
Se concebi uma nova formatação do meu produto, posso partir para testar
se ele tem prova do product market fit. Depois, eu posso tentar virar uma
indústria. De um varejo físico de moda multimarca cara, por exemplo, posso
virar uma indústria com área física, vou criar minha própria marca e colocar
dentro da minha loja para vender, testo o product market fit , faço um MVP
(mínimo produto viável), e coloco na minha loja para ver se vende - na loja física.
Depois, vou ver se consigo fazer essa indústria performar no digital: posso
tentar adquirir varejistas através da internet - outros varejistas para reven-
derem a minha marca. Saí de um varejo físico, já estou virando uma indústria
física e digital, utilizando a internet para crescer pontos de venda e a per-
formance desses pontos de venda. Você pode usar a internet para adquirir
esses outros pontos para fazer o sell-in de que falamos no capítulo anterior,
utilizando a internet; depois, o respectivo sell-out.
Ainda tenho a lacuna do serviço: como posso fazer um serviço físico? Por
exemplo, aluguel de roupas. Comecei sendo um varejo que vendia roupas,
mas posso partir para um sistema de aluguel de roupas. Depois, posso usar a
internet para adquirir assinantes para um programa de assinatura de aluguel
de roupas.
É aí que entra o product market fit: cada uma dessas ideias tem que ser
testada para ver se elas têm prova do product market fit; quanto mais tiver,
melhor. Segue na linha das ideias, do conceito, do desenho, da prancheta, do
que é o seu produto.
Growth Hacking | 53
CAC sem gastar praticamente nada. Já passou da fase V1, muitas vezes sem
ter o produto.
Veja o exemplo da Netflix: qual foi a dor que a Netflix resolveu? Antes, a
opção era o aluguel de DVDs, tinha que ir à locadora, e toda vez que atrasava,
pagar taxa de atraso.
Uma vez que você começa a testar, o LTV sobre CAC será sempre o principal
indicador: quanta receita esse cliente vai trazer (LTV), versus quanto me
Growth Hacking | 54
custa adquirir esse cliente (CAC). O delta do LTV sobre CAC é o principal
indicador que vai comprovar o seu product market fit.
Como saber, antes de cumprir um prazo específico para medir essa retenção,
o LTV, que é o melhor indicador sobre o CAC? Como saber se estou atingindo
o product market fit? O principal deles é o NPS (Net Promoter Score), um
dos principais indicadores para medir a satisfação do seu cliente.
Growth Hacking | 55
Tem um outro índice não tão consagrado que vale a pena explicar mais, o
MHS (must have score). Existe o NPS e o MHS.
Para ter um grande ARPU, uma grande receita por usuário, um grande
LTV (Lifetime Value), preciso provocar uma dependência no meu cliente.
Quanto mais dependente ele estiver de mim, mais difícil se torna abdicar de
comprar de mim.
Growth Hacking | 56
para implementar, então o cliente se torna altamente dependente. Não é à toa
que a SAP perdura por tanto tempo no mercado, mesmo sem criar grandes
inovações para o mercado B2C. É um software corporativo, que cria altíssima
dependência para o cliente se manter com ele porque cancelar é muito difícil.
Outro exemplo é o iFood: eles criam uma experiência tão agradável, que
não vou pegar o telefone e ligar para o restaurante. Vou pedir no iFood, eles
já têm o meu nome, meu endereço, meu cartão cadastrado, é só dar dois
cliques e pronto.
Por isso, existe o MHS, Must Have Score, que tem uma lógica semelhante ao
do NPS, uma pergunta, só que a pergunta é diferente: quão decepcionado
você ficaria se eu parasse de fornecer meu produto ou serviço para você?
• extremamente decepcionado,
• pouco decepcionado;
• já parei de usar.
Growth Hacking | 57
Se o produto tem essa natureza de um processo não tão agradável quanto
a Disney, quanto o Nubank, mas é a natureza do seu negócio, então o MHS é
uma forma mais adequada de medir o PMF. Quando você atingir 40% nessa
resposta “ficaria extremamente decepcionado se você parasse de fornecer
a solução para mim” - e isso é um benchmark de mercado - é considerado
que você tem product market fit. O seu churn e a sua taxa de retenção vão
justificar manter esse negócio rodando.
Essas são algumas técnicas de como criar novas linhas de produto no seu
negócio, e avaliar se elas têm product market fit. Um outro detalhe impor-
tante antes de encerrar este capítulo é sempre que analisar o product market
fit, também analisar o fit do produto com o canal. Cada tipo de produto tem
um fit para um canal específico. Considerando o refrigerante: o melhor canal
para distribuição de refrigerante é supermercado, não é um e-commerce. Tem
produtos que o e-commerce é o melhor canal, como o Desinchá, que foi bem
no e-commerce, mas também abriu suas lojas próprias.
Muitas vezes, 70 a 80% da sua receita vai vender em um canal, porque o seu
produto encaixa bem, faz sentido naquele canal - essa premissa é importante
você ter em mente. Ou será que não é um Google Search que faz mais sentido,
ou é um YouTube, um Facebook, um INSTAGRAM ou LinkedIn?
Growth Hacking | 58
LinkedIn tem ótimo fit do produto com canal para soluções de RH, porque
boa parte das pessoas que passam tempo no LinkedIn são profissionais de
recursos humanos. Se tem um software ou uma consultoria de RH, ótimo,
alta probabilidade do LinkedIn ter provas de product market fit mais do que
Instagram, mais do que YouTube, talvez mais até que um Google Search.
Vou falar um pouco mais sobre isso no próximo capítulo. É importante que
você sempre pense em:
• Produtos novos;
• Geração de valor;
• Percepção de valor;
• Medir o fit desse produto com o canal - e eu vou dar algumas pistas de
como medir isso, entender os níveis de consciência do seu consumidor,
mediante esses níveis de consciência. Tem um fit certinho com cada tipo
de canal.
Growth Hacking | 59
CAPÍTULO 8
Usando o
mercado para
crescer
8. Usando o
mercado para
crescer
V
amos entender um pouco mais sobre um público em relação ao seu
produto e em relação ao mercado. Para entrarmos nos aspectos táti-
cos do próximo capítulo, precisamos entender um pouco mais sobre
público, sobre mercado, e sobre como analisar isso. Sem compreender esses
aspectos, você pode não conseguir ter sucesso, porque talvez esteja tentando
plantar no asfalto, onde a coisa não vai prosperar.
Growth Hacking | 61
Existe um mercado endereçável para a solução que você está pensando?
Existe muita empresa cujo público não é grande; não tem um Total Addres-
sable Market (TAM) que possa comprar uma solução para a minha categoria.
Dentro do Total Addressable Market vai ter uma parcela que é o seu mer-
cado, quanto você é capaz de atingir. Existe um mercado total endereçável;
dentro dele tem um mercado que faz sentido para o seu negócio; e dentro
deste, aquele que você, de fato, vai conseguir atingir.
O meu mercado endereçável alvo, aquele que acho que consigo atingir, com
os meus econômicos, com o meu CAC, com minha forma de vender, com o meu
orçamento, são cerca de 100 mil empresas que estou mirando nesse mercado.
Se esse mercado não fosse assim, se esse mercado fosse de um bilhão de reais,
não fosse um mercado tão grande - que é um mercado hoje de 4 bilhões de
reais - talvez não valesse o esforço para trabalhar nesse mercado. Você quer
fazer uma empresa de dois bilhões, para um mercado que tem um bilhão.
Growth Hacking | 62
Às vezes, você está simplesmente em um oceano vermelho, não existe mer-
cado para prosperar. Então, tente pegar números do censo, números públicos,
existem várias ferramentas de BIG DATA, que podem fornecer informações para
tentar calcular esse Total Addressable Market - pesquisa básica de mercado.
Uma vez entendido o mercado endereçável, começo a ver que tenho Pro-
duct Marketi Fit. O que preciso entender agora é qual o melhor público para
o meu produto. Existem várias formas de analisar ou definir um público.
Você vai ouvir falar de persona, de shopper, de customer; esses são concei-
tos básicos, mas as pessoas não sabem a diferença entre shopper e customer.
Customer é quem consome e usa; e shopper é quem paga e compra.
Você vai ter que fazer essas análises, diferentes tipos de avaliação, de pú-
blico, de target; são importantes para saber
• que estratégia;
• em que canal;
Growth Hacking | 63
SWEET SPOT
Growth Hacking | 64
O primeiro círculo é de coisas que gosto de fazer, aquele mercado que
gosto de atender. O segundo é aquilo que o mercado reconhece que entrego
o resultado. O terceiro, onde existe demanda e escassez - minha solução é
escassa, tem um nível de escassez para aquele mercado.
Growth Hacking | 65
Uma vez que faço a análise e defino isso, é sempre importante definir mais
de um público. Eu sei que o conceito ICP tenta chegar nessa pessoa 100%
ideal, mas mesmo que chegue, sempre vai haver variantes desse público. Va-
mos dizer que pessoas com 25 anos+, com uma renda ‘x’, de uma região ‘y’,
são o meu cliente ideal da minha solução. Contudo, sempre vai ter a variação
homem e mulher, por exemplo; uma faixa etária diferente, algum interesse
diferente. É importante conseguir criar 2 a 4 variações de um público para
conseguir testar.
Um outro conceito importante, uma vez que você chega nessa perspectiva de
cliente ideal, é entender os níveis de consciência desses consumidores. Existem
pelo menos cinco níveis de consciência do cliente ou mercado endereçável:
• Consciente do problema;
• Consciente da solução;
• Consciente do produto;
Growth Hacking | 66
O cliente tem que percorrer esses SE ESTOU
cinco estágios, e só no último está-
gio, consciente do produto e do ven-
TRABALHANDO
dedor, ele vai comprar a sua solução. COM NÍVEL DE
Digamos que estamos vendendo uma CONSCIÊNCIA BAIXO,
plataforma de ensino para o cliente ISSO MUDA TODA A
assinar que, até então, ele nem sabia
ESTRATÉGIA, TODA A
que existia. Qual é a diferença de
um produto que está falando para
ESCOLHA DE CANAIS
o mercado de baixo nível de cons- PARA DIVULGAR
ciência versus um produto que está OU PARA ADQUIRIR
falando para o mercado de alto nível CLIENTES NO FUTURO.
de consciência? Tênis Nike fala para
um público de alto nível de consciên-
cia, todo mundo sabe o que é tênis, e a maioria conhece a marca Nike. Uma
plataforma de ensino é diferente, com uma forma de comprar diferente; não é
tão clássico quanto um EAD, um curso superior, ou um MBA, que as pessoas
têm alto nível de consciência sobre o que são.
Growth Hacking | 67
Para ter acesso à solução, existe um está buscando? Estou vendendo uma
produto: essa plataforma, onde você academia: qual é a dor? Emagrecer
vai poder aprender - eu vendo essa ou ficar forte? Qual é a solução? O
plataforma, compre de mim. Elevei esse programa de emagrecimento, o pro-
nível de consciência, peguei a pessoa grama de ganho de massa muscular
de um nível de consciência baixo em na academia.
um canal pelo argumento do proble-
Você precisa mapear, porque isso
ma, e o trouxe, através do conteúdo,
tudo vai compor a campanha de ven-
para um alto nível de consciência.
das. Se não tiver isso claro, você vai
Quando formos falar de estratégia, perder vendas, vai perder performan-
você vai ver que Inbound Marketing ce. Entender quais são as objeções
é parecido com essa definição que para tomada de decisão de compra.
fiz agora: tem a ver com produtos de No exemplo anterior: não sei quem é
baixo nível de consciência, quando o essa plataforma, não tem autoridade
Addressable Market tem baixo nível para mim. A autoridade é uma obje-
de consciência sobre o produto. ção, então vou trazer autoridades, vou
colocar esses depoimentos na página
Quando se trata de um tênis Nike, para quebrar essa objeção, na página
vou trabalhar muito mais com o mar- de vendas ou até mesmo no anúncio.
keting direto. Compreenda em que
estágio boa parte do seu mercado, o Mapear as objeções desse Sweet
seu total addressable market, o seu Spot, desse Ideal Customer Profile,
específico target está, porque isso vai antes de fazer as campanhas, é impor-
definir toda a sua estratégia. tante. Exercícios de mapear essas ob-
jeções são importantes porque você
Uma vez entendido isso, você pode vai poder usar na página de vendas
avaliar quais são as dores, quais são e nos anúncios para já quebrar essas
os ganchos que pegam o seu público objeções e transformar esses clientes
por essas dores. Você precisa tocar mais rápido em vendas.
na dor da pessoa, se ele não tiver um
problema, uma insatisfação, ele não Entender bem dentro desse mix de
vai comprar. clientes qual mix de produto vai colo-
car para aquele cliente? Às vezes, não
Quais são as dores dessa pessoa? vai ser todo o seu mix de clientes que
Uma vez que identifico essas do- estará no mesmo nível de consciên-
res, quais são as soluções que ele cia; vai ter alguns que estarão em um
Growth Hacking | 68
nível de consciência mais alto, outros em um nível de consciência mais baixo;
e então vai ter uma esteira de produtos, uma trilha, uma jornada, para cada
um deles, para levá-los para a solução do problema deles através dos seus
produtos. É natural ter diferentes trilhas para diferentes públicos dentro de
uma mesma empresa.
• tráfego;
• engajamento;
• conversão;
• retenção.
Growth Hacking | 69
CAPÍTULO 9
O funil de vendas
não linear
9. O funil de
vendas não
linear
D
epois de compreendermos todos os detalhes do público para o qual
queremos anunciar, agora é a hora de decidir o que fazer nos 4 pilares
que todo processo de vendas através da internet, de maneira irrefu-
tável, praxiológica, precisa passar.
1. PONTO DE VENDA
O primeiro deles é o ponto de venda: onde essa loja vai estar? Uma coisa
é essa loja estar em um shopping, outra é essa loja estar em um bairro, em
uma rua tradicional.
Growth Hacking | 71
Se abrirmos essa loja na Avenida Paulista ou no JK Iguatemi, em São Paulo,
as chances dessa loja ter sucesso aumentam drasticamente. Por quê? Porque
esses ambientes têm muito tráfego, fluxo de pessoas qualificadas, querendo
comprar. Qualquer cidade de onde você estiver lendo esse livro, no Brasil,
vai ter aquela grande avenida no centro da cidade, com várias lojas muito
antigas, muitas delas bem ruins, mal acabadas, mas estão lá perdurando, se
sustentando; tem outras lojas em pontos não tão bons, que não duram três
meses. É exatamente o pilar de tráfego: sem garantir o fluxo de pessoas
qualificadas querendo comprar, você não consegue ter sucesso.
2. ENGAJAMENTO
O segundo aspecto é o engajamento, é como essa loja vai ser, como vai
ser a vitrine, visual, merchandising, atendimento, mix de produto, tudo que
envolve o cliente que está passando na frente dessa loja. A Melissa, por
exemplo, que é um cliente da V4, pensa em um layout, na vitrine, superaberta,
o cheiro característico da Melissa, a própria marca consagrada; isso tudo é
engajamento, tudo isso envolve o cliente.
3. CONVERSÃO
Mediante isso, podemos caminhar para o terceiro pilar desse processo, que
é a conversão. Preciso pegar esse público qualificado que veio até minha loja,
ou passou em frente à minha loja, pelo engajamento - ele se interessou, se
envolveu, e agora preciso transformá-lo em venda.
Growth Hacking | 72
resolveu abrir uma loja em Porto Alegre, igual à sua loja de São Paulo, que
funciona superbem. Você tem o tráfego, abriu no Iguatemi de Porto Alegre,
tem engajamento, é a mesma vitrine, mesmo layout, mas ela não está conver-
tendo no mesmo nível. Então, você analisa esse pilar detalhadamente.
Esses pilares são como colunas no Excel, com infinitas linhas. Tem infinitas
coisas que você pode fazer de tráfego, de engajamento, de conversão. Então,
você percebe que não colocou o meio de pagamento do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul, o Banricompras do Banrisul, que é um meio de pagamento
muito importante naquela praça e, por isso, parte do seu público engajado
não converte, porque meio de pagamento é um dos elementos de conversão.
4. CONVERSÃO
Parei para observar porque ele não quis pegar o dinheiro e quis fazer o cartão
Renner. O cartão Renner é uma ferramenta de retenção que o José Galló criou:
uma vez que você faz o cartão Renner, vai ter um LTV, consumir anualmente
Growth Hacking | 73
2 mil, 3 mil reais. Vai viver no limite do cartão, porque na hora que pensar em
comprar roupa, vai pensar: já tenho o cartão Renner, me deram um crédito,
vou comprar lá. É uma grande ferramenta de retenção do cliente.
PROCESSOS DE VENDAS NA
INTERNET
• Terceiro aspecto: conversão. Esse lead vai ter um bom checkout? Adoro
o exemplo do booking.com. No meio da pandemia, se você entrar no
booking.com e pesquisar qualquer quarto de hotel, em qualquer lugar
do mundo, vai estar acabando e vai ter umas dez pessoas olhando esse
quarto. Por que eles fazem isso? Estão usando o viés cognitivo da escassez
para fazer você tomar uma decisão mais rápido. Qualquer milissegundo
na internet conta para impactar na sua conversão - principalmente no
caso deles, com muito fluxo de usuários.
Growth Hacking | 74
• Se não comprar e sair do site, vai persegui-lo eternamente por qualquer
lugar que navegar na internet: é o quarto pilar do método V4, a reten-
ção. Eu preciso perseguir esse usuário, preciso fazer esse usuário voltar
e comprar mais vezes de mim.
Não tem como fugir desses quatro pilares. Se o seu processo de vendas através
da internet não está funcionando, ou não está funcionando da maneira mais
eficiente, é um ajuste em algum desses quatro pilares que você precisa fazer.
Growth Hacking | 75
pilar de retenção. Trabalhei com um e-commerce que estava vendendo 4 mil
por mês; com esforço nosso, ele passou a vender mais de 100 mil por mês;
no entanto, não dava lucro - como muitos e-commerce não dão lucro. Por
quê? Porque a maioria não consegue reter o cliente. Gasta muito dinheiro
de tráfego, adquire o cliente, mas ele não volta e não faz a LTV o suficiente
para cobrir o custo de aquisição daquele mesmo cliente.
Vou falar um pouco mais em outros capítulos sobre técnicas para avaliar a
retenção, mas é um dos pontos chave. As empresas mais valiosas do mundo, o
top S&P 500, as empresas mais valiosas do mundo - Amazon, Google, Micro-
soft, Facebook - todas elas tem uma grande retenção. A pessoa não para de
comprar mídia no Facebook. Quase toda empresa é sócia do Google, sempre
deixa um dinheirinho no Google todo mês. Eles têm uma grande dependência.
Todo mundo que começa a comprar na Amazon dificilmente para de comprar,
segue comprando dela. Isso permite que ela possa despender mais dinheiro
no custo de aquisição, por ter esse lifetime maior; não só ferramentas digitais,
pode fazer um mix como o cartão da Renner, do exemplo que dei. Essa é a
sacada, misturar o digital com off; ser high tech, mas ser high touch ao mesmo
tempo. Ter um contato forte de pessoa com pessoa, usando os aceleradores
tecnológicos para impulsionar o seu negócio.
Uma vez que compreendo esses quatro pilares, entendo que esses quatro
pilares são como quatro cantos de um campo. Esporte é uma ótima analogia,
porque estamos falando de ação humana, e esporte é a ação humana. Não
adianta ter o melhor time, nada garante que vai ganhar o campeonato. Porque
nunca ninguém sabe o que o adversário vai fazer.
Growth Hacking | 76
CAPÍTULO 10
Usando growth
para criar loops
virais
10. Usando
growth para criar
loops virais
D
epois de compreendermos esses quatro cantos do campo - tráfego,
engajamento, conversão e retenção - agora é hora de entendermos
qual estratégia fazer dentro desse campo.
Growth Hacking | 78
LUCRATIVIDADE X PRAZO
Das estratégias que existem no mercado e das que já apliquei muito e ain-
da aplico, existe uma relação importante entre lucratividade e prazo para
dar resultado. Queremos estratégias que deem resultado rápido e lucrativo.
Existem estratégias que dão resultado mais rápido, mas isso tem uma relação
direta com a lucratividade.
LUCRO
TEMPO
Observe esse gráfico onde eu tenho lucro em um eixo e tempo para dar
resultado no outro eixo.
Growth Hacking | 79
PRIMEIRA ESTRATÉGIA:
Se você constrói uma página, compra anúncios no Search; esse anúncio no
Search gera leads, parte desses leads geram vendas. Com parte dessas vendas,
você compra mais anúncios no Search, gera mais leads e gera mais vendas.
Com essas vendas, melhora a página, compra mais anúncios no Search, gera
mais leads, e gera mais vendas.
A partir daí, posso seguir esse ciclo por muito tempo. Ele é exponencial,
tem autocrescimento, no mínimo, sustentável. Todo canal tem um teto, vai
chegar um momento em que você não vai conseguir gastar mais dinheiro nesse
canal e vai ter que fazer em outro. Ele é sustentável, mantém o seu negócio
gerando novos clientes a todo momento. Se segurá-los na retenção você vai
ter crescimento, porque acumula mais clientes na sua base.
Essa primeira estratégia é a mais usual e que todo mundo deveria fazer
no marketing direto: fazer um anúncio vendendo a sua solução.
A maioria das empresas, como o tênis Nike, estão vendendo produtos para
clientes de alto nível de consciência. Estão vendendo uma solução, por exem-
plo, de painel solar, um serviço de encanador, o que chamamos de produtos
de necessidade. Um anúncio no Google Search pela busca mais óbvia do seu
negócio já é meio caminho andado, é a principal ação que você pode fazer.
Growth Hacking | 80
pessoa. Então, vou acabar tendo um custo de aquisição maior nesse tipo de
campanha - mas, muitas vezes, faz sentido.
SEGUNDA ESTRATÉGIA:
No entanto, o prazo para conseguir ter esse resultado tende a ser muito
longo e imprevisível, porque as regras não são muito claras com o Google
nesse aspecto de SEO. É preciso lembrar que não é nada garantido, demora
muito tempo; mas, caso você consiga fazer isso, tanto no Google, quanto no
YouTube - que é o segundo maior motor de buscas, hoje: ou a pessoa busca
no Google, ou busca no YouTube - tende a trazer clientes com uma alta
rentabilidade e reiniciar o ciclo.
Growth Hacking | 81
Temos o marketing direto em um exemplo de resultado rápido, porém com
baixa rentabilidade; e no extremo oposto, tem o Inbound Marketing, que demora
mais tempo para trazer resultado mas, se conseguir, tem alta rentabilidade.
TERCEIRA ESTRATÉGIA:
Fiz um anúncio, impactei mil pessoas; dessas mil, 500 se cadastraram; dessas
500, 300 assistiram de fato; e dessas 300, 100 assinaram a minha plataforma.
Posso reiniciar esse ciclo, colocar mais dinheiro, colocar mais pessoas na pró-
xima live e ter esse Inbound direto acontecendo constantemente para trazer
mais receita para o meu negócio.
Growth Hacking | 82
ESTRATÉGIAS COMBINADAS
Qual dessas estratégias é a melhor? Não tem uma melhor. O ideal é combi-
ná-las simultaneamente e misturar com outras diferentes - um loop viral, por
exemplo, que é bem comum no universo de growth, foi recentemente utilizado
pelo Club House. Aquela plataforma que, para a pessoa ingressar, tem que ser
convidado; e uma vez que é convidado, tem convites para enviar para ou-
tras pessoas. Aqui usamos vários vieses cognitivos: o efeito psicológico do
Fear of Missing Out, o medo de estar perdendo algo; da exclusividade, da
escassez: as pessoas começam a convidar pessoas, que começam a convidar
outras - começam a postar falando “estou aqui na plataforma e você não”.
Você quer entrar na plataforma e o loop viral vai acontecendo, uma pessoa
convida a outra, convida a outra, convida a outra. É um loop bem clássico.
O próprio Facebook iniciou com a mesma estratégia: para entrar tinha que
ser convidado - estudar em Harvard, inicialmente - depois desse tempo, em
Stanford, em outras universidades estadunidenses; depois foi se estendendo
e utilizaram outros grupos de crescimento para a plataforma.
Citei a assessoria de imprensa, mas não quer dizer que você não vai fazer a
assessoria de imprensa necessariamente. A assessoria de imprensa vai ser
uma estratégia complementar do seu mix, porque sair na imprensa uma vez
ou outras, mesmo sem garantia, às vezes vale - muitas vezes as inserções na
imprensa não geram vendas, mas servem de confirmação de autoridade. Sair
no Pequenas Empresas Grandes Negócios, para a V4, por exemplo: pego essa
matéria e jogo na minha landing page para a qual estou gerando tráfego do
marketing direto e digo: V4 na mídia, saímos na Forbes, Pequenas Empresas
Grandes Negócios.
Growth Hacking | 83
Esse é o non linear marketing, a composição das estratégias. Às vezes, não
é a assessoria de imprensa que vai trazer um resultado direto, mas combinada
com a estratégia de marketing direto ou pegar aquela matéria e propagá-la,
consigo tirar mais resultados.
Não tem mais nada fora disso, é irrefutável: para vender, vai ser um desses
quatro pilares e podemos nos aprofundar em cada um deles. No próximo
capítulo, vou me aprofundar um pouquinho nas formas de mensuração,
que é importante de pensar antes de rodar qualquer coisa. Como vou medir
antes de rodar? Se você pensar nisso depois de rodar, vai ser tarde demais,
não vai conseguir medir.
Growth Hacking | 84
CAPÍTULO 11
Pilares para
mensurar seus
resultados
11. Pilares para
mensurar seus
resultados
A
gora vamos falar um pouquinho de algumas formas de mensurar. Dá
para dizer que isso faz parte do quarto pilar, o de conversão.
Tive contato com um cliente quando ele fazia panfletos para centenas de
lojas, bem comuns em lojas magazine. Perguntei para ele: como você mede o
retorno? Como saber que resultados estão trazendo? Ele respondeu: não sei.
Sugeri colocarmos um cupom nesse tabloide, que a pessoa tem que apresentar
no PDV - podemos medir a partir disso. Se pensar nisso depois de publicar o
tabloide, não se consegue mais medir.
Growth Hacking | 86
1. PIXEL
Toda vez que o cliente clicar na sua campanha, entrar no seu site, e fizer
essa compra; volta para o Facebook, ele cruza e fala que esse usuário de fato
clicou no anúncio que você divulgou e por isso temos uma conversão. Esse
é um jeito bem clássico, bem tradicional. Lembrando que conversão pessoal
não necessariamente é compra - conversão pode ser um lead, pode ser um
contato, pode ser um acesso, pode ser a construção de audiência - depende
da estratégia que você está compondo. O pixel é uma forma de medir isso a
todo momento, e nas principais estratégias do marketing digital.
2. PARÂMETROS UTM
Junto com isso, temos a segunda forma mais clássica de fazer isso na
internet que é via UTMs, que é uma estratégia bem clássica e que envolve
uma alteração dentro do link que a pessoa está utilizando. Toda vez que a
pessoa clicar naquele link, fica rastreado através desse link com UTM; e você
pode pesquisar mais detalhes sobre isso, e assim consegue medir através
desse modelo.
Growth Hacking | 87
3. CRM
São as duas formas mais clássicas de se fazer isso A terceira forma que é
bem útil para a maioria dos negócios é o uso de CRM, que é o software de
gestão de relacionamento com o cliente. Os mais clássicos do mercado,
como Salesforce ou o Pipedrive - aquele software em que toda a jornada do
cliente é registrada. Esse software é muito útil, porque toda vez que você
faz uma campanha, o cliente se cadastra e cai nesse CRM. Isso pode ser uma
ferramenta para o seu time de venda utilizar, começar a falar com o usuário
em qualquer canal, mas registrar ali toda a jornada de atendimento e, assim,
reportar a venda quando ela concluir dentro do CRM.
Das seis formas de medir, essas com certeza são as três mais clássicas.
4. CORRELAÇÃO
Growth Hacking | 88
clientes de diferença vieram dessas POSSO TIRAR A
ações que fiz pela primeira vez.
CAMPANHA E VER SE
Uma outra forma de fazer essa cor- IMPACTA NA ADIÇÃO
relação mais detalhada é fazer uma DE CLIENTES NOVOS,
análise geográfica. Digamos que, para
um cliente, fizemos especificamente
OU COLOCAR AS
uma análise de quais bairros eram CAMPANHAS E ISOLAR
os clientes que compravam. Então AS VARIÁVEIS, VER SE
temos bairro A, bairro B, X clientes ESTÃO IMPACTANDO.
comprando daquele bairro. Começa-
mos a analisar, criar uma análise de market share, para saber qual que era o
Total Addressable Market disponível em cada um daqueles bairros. Criamos
uma lógica: o cliente consome X, em média. A população do bairro é 100 mil.
Multiplicamos o consumo médio pela população de cada um dos bairros para
definir o Total Addressable Market. O máximo que o mercado desse bairro pode
consumir é o meu tíquete médio multiplicado pela população desse bairro.
Assim, vejo qual bairro tem mais market share disponível. Em um dos bairros,
o máximo que eu podia vender era um milhão e já estava vendendo 500 mil
- já tinha 50% de market share. Começamos a perceber que o bairro que ele
tinha mais market share conquistado, seguindo essa lógica que criamos, era
um bairro ao lado do bairro onde a loja estava. É um bairro pequeno, ou seja,
o Total Addressable Market é bem menor; vendendo menos em números ab-
solutos para aquele bairro, ele já tem boa parte do market share conquistado.
O segundo bairro em que ele mais tinha penetração, mais market share, era o
bairro onde ele estava - o que é meio óbvio, ele já estava naquele bairro há vinte
anos. No entanto, havia uma oportunidade interessante identificada nessa análi-
se: o último bairro, em que ele tinha menos market share, é um bairro de frente
para o bairro dele, com uma população equivalente, tanto em volume, como em
questões demográficas e perfil do consumidor. Ele vendia menos para o bairro
da frente do que para outra cidade. Por quê? Porque existe uma peculiaridade
na região. Muitas cidades são assim no Brasil, a cidade é cortada pela BR 116, ou
seja, para uma pessoa ir para outro lado da cidade é muito difícil, ela tem que
fazer várias voltas. Então, cria-se um comportamento de consumo: a pessoa
que mora de um lado da BR consome no local, a que mora do outro consome
no outro. Ou seja, as pessoas não vinham nem conhecer a loja daquele lado.
Growth Hacking | 89
Fiz toda essa análise para identificar qual era o bairro que tinha maior po-
tencial. Uma vez identificado, fiz campanhas no Facebook Ads, geolocalizados
naquele bairro onde percebi que tem maior oportunidade de market share
a ser conquistado. Comecei a forçar as campanhas daquele bairro e medir,
analisar se a minha curva de market share de clientes oriundos daquele bair-
ro em que estava alocando a mídia, crescia além do que vinha crescendo - e
então, pude aferir, por correlação, que o crescimento incremental adicional
além da média, veio por causa desse esforço novo que eu comecei a fazer.
Essa é a nossa quarta forma de medir, não tão convencional, não tão clássica.
5. MECANICAMENTE
Uma quinta forma de medir, que eu até diria que ela é bem clássica, porém
pouco usada, é a forma de medir mecanicamente. Conversando uma vez com
o diretor de marketing da Dell, ele me disse: sabe como medimos outdoor,
tabloide e jornal? A Dell tem uma área de televendas muito forte. Eles criavam
um telefone diferente para cada mídia off que faziam. Nesse outdoor vai
ter um telefone que só nesse outdoor vai ser divulgado. Nesse outro, é outro
telefone; nessa revista, e só nessa revista, existe esse telefone. Então, toda
vez que aquele número tocar, ele sabia que a pessoa viu naquela revista ou
naquele outdoor ou naquele outro, porque aquele número só foi divulgado
naquele canal. É uma forma mecânica de fazer essa medição.
Na internet tem uma questão semelhante: posso, por exemplo, criar pági-
nas diferentes para medir um influenciador. Esse influenciador vai fazer uma
ação de ‘arrastar para cima’ para uma página de compra do meu produto ou
geração de lead. Eu posso ter uma página feita para aquele influenciador, que
é a minhapágina.com/influenciadorabc. É a mesma página, porém é exclusiva
daquele influenciador, eu apenas a dupliquei para aquele divulgador. Toda
vez que gerar uma venda naquela página, eu posso saber, mecanicamente,
que veio daquele canal porque eu só divulguei dessa maneira.
Growth Hacking | 90
6. CONVERSÕES OFFLINE
A última forma de medir, que é bem mais recente, obviamente nada clássi-
ca, são as conversões offline. O Facebook e o Google criaram essa forma de
medir. No Facebook usamos bastante. Funciona da seguinte maneira: faço
um upload do CRM dentro do Facebook, no gerenciador de negócios do
Facebook Ads. A primeira coisa que o Facebook vai fazer é pegar essa lista
de clientes, e vai começar a fazer uma correspondência e verificar se aquelas
pessoas estão no Facebook pelos dados que você informou - nome, telefone,
e-mail, todos os dados que você subiu.
Se você subir poucos campos de dados, ele vai ter uma baixa taxa de cor-
respondência, por exemplo, encontrar 30% da sua lista no Facebook - porque
você só deu nome e e-mail, ou nome e telefone. A pessoa não usou o mesmo
e-mail no Facebook, não usou o mesmo telefone. Uma dica para aumentar
essa taxa de correspondência é usar a data de nascimento absoluta: dia, mês e
ano.É quase impossível você conhecer uma pessoa que nasceu no mesmo dia,
mês e ano, e mesmo nome; mesmo ano, tem várias, mesmo mês tem várias.
Se você não diz o dia, mês e ano, diminui muito as chances. A taxa de corres-
pondência explode quando se usa a data de nascimento exata. Uma vez que
ele encontrou 90% das pessoas que você colocou nessa lista no Facebook,
vai ver se elas foram impactadas pelos seus anúncios. Então, você sabe que o
Rafa comprou mil reais na sua loja, ele encontra o Rafa no Facebook e vê que
o Rafa foi impactado pelo seu anúncio no dia 5, então ele faz essa conversão
offline: faz essa junção e determina que essa conversão foi impactada por
esse anúncio. Você consegue mensurar milhões de vendas offline utilizando
essa técnica de conversões offline.
Uma última dica de conversão que utilizamos bastante na V4, e vai ser cada
vez mais forte, principalmente no Brasil, é o WhatsApp.
Temos um caso clássico de um cliente nosso, o das 160 lojas físicas, em que
temos um WhatsApp, um número de telefone celular em cada uma das cento
e sessenta lojas, e fazemos campanhas de mensagem dentro do Facebook.
Como o WhatsApp é do Facebook, você consegue criar campanhas em que
a pessoa clica no anúncio e vai direto pro WhatsApp. Esse WhatsApp da loja
Growth Hacking | 91
é atendido pelo vendedor, que traz o cliente para a loja. Fazendo isso, conse-
guimos, nos últimos seis meses, vender de 30 a 40 milhões, só via WhatsApp,
fora com versões offline. Toda vez que o vendedor negociava com o cliente e
vendia, ele reportava no Google Form: cliente X, vendi mil reais para ele por-
que veio através do WhatsApp. Mensuramos trinta e poucos milhões de reais
nos últimos seis meses de venda utilizando essa técnica simples e aplicável
para a maioria dos negócios, porque o WhatsApp é uma ferramenta muito
poderosa e que o brasileiro gosta de utilizar.
Com esses pontos compreendidos, você tem como definir qual estratégia
de mensuração utilizar para a sua estratégia, e onde entrar nas ações táticas.
No próximo capítulo vou falar sobre como escolher esses canais de tração,
de fluxo, de tráfego para o seu negócio ter o máximo de resultado.
Growth Hacking | 92
CAPÍTULO 12
As duas formas
de atrair o cliente
perfeito
12. As duas
formas de atrair o
cliente perfeito
V
amos nos aprofundar um pouco mais em tráfego, falando principal-
mente de ambientes digitais, os canais de growth que conseguimos
utilizar com a internet. Tem alguns conceitos básicos que vale a pena
destacar, e um deles é a diferença entre mídias de necessidade e desejo, ou
de atenção e intenção.
Growth Hacking | 94
No YouTube e no Google, a pessoa
está indo buscar algo. Se fomos pegar
as mídias de display, como Facebook
Ads, ou a rede de display do Google,
muitas vezes até alguns tipos de ban-
ners dentro do YouTube, que fazem
parte da rede de display do Google,
são mídias onde você tem a atenção
da audiência; até a TV mira muitas
vezes nisso. Você é a atenção das
pessoas, mas não necessariamente a
intenção. É importante entender isso,
porque todo o jeito que você vai usar
esse canal, essa plataforma de mídia, tem que ser pensada de acordo com
o perfil do usuário; e, até mesmo, fazer uma análise de qual destas mídias,
com mais intenção ou mais desejo, fazem mais sentido para o seu negócio.
Growth Hacking | 95
Muitos negócios vão ter a combinação das duas: a necessidade e o desejo;
a atenção e a intenção. Muitos não, tem casos como o encanador que são
100% intenção. A maioria vai conseguir fazer um mix dos dois, ou colocar
parte do seu esforço no Google Search, uma parte no Facebook, porque
tem atenção. No entanto,é preciso pensar em que tipo de mídia fazer, para
onde direcionar os usuários, qual o nível de consciência que este usuário tem
dentro daquela mídia, e então alterar a jornada, a esteira, a régua de rela-
cionamento, a partir dali, com aquele perfil de cliente, naquele momento da
jornada em que ele está.
• Uma outra mídia muito clássica, que também tem alta atenção e alta
intenção são os marketplaces- B2W, Americanas, Submarino, Magazine
Luiza, Mercado Livre, iFood, Rappi - todos esses sites são marketplaces.
Qualquer pessoa ou empresa consegue colocar o seu produto ou serviço
para vender dentro dessas plataformas, que tem alta atenção e intenção
de compra. Elas são quase um Google Search. Vale muito a pena colocar
a sua empresa lá, se o canal for adequado, principalmente porque o cus-
to de mídia é pós-pago nessas ferramentas. Nas demais, é pré-pago e o
risco é seu. Se você fizer um anúncio no Search, você vai ter que colocar
Growth Hacking | 96
dinheiro e correr o risco de dar certo ou não. Nos marketplaces o risco é
do marketplace: ele vai comprar mídia, vai gerar tráfego; se vender, ele
pega uma parte da receita como os grandes marketplaces - o iFood, a
Rappi, o Mercado Livre, a B2W e a Cnova - fazem.
• Uma outra mídia de alta atenção e intenção que sempre vale a pena fazer
são os anúncios de Remarketing dentro do Facebook e do Google. O
que são os anúncios de Remarketing? São aqueles anúncios que ficam
perseguindo você para sempre, uma vez que acessa um site. Vale muito
a pena fazer esse tipo de anúncio do D0 para qualquer negócio, porque
é um usuário que já deu atenção, já manifestou interesse de compra pela
sua solução: você tem que ficar perseguindo para sempre, em todo lugar
que ele navegar na internet.
Growth Hacking | 97
a primeira campanha que falei para não aparecer o seu concorrente
quando buscar por você? Agora você tem que fazer o mesmo com os
seus concorrentes. Buscou pelos seus concorrentes, aparece você como
uma alternativa. Se você buscar agora no Google por Trello, que é uma
ferramenta de gestão de atividades, vai ver várias ferramentas falando:
‘a minha ferramenta é melhor que o Trello, veja a comparação’ ou coisas
do gênero; Pipedrive, várias ferramentas de softwares fazem esse tipo de
campanha. Aqui estamos em um lado desse gráfico com menos intenção,
alta atenção ainda, mas ainda vale fazer.
• Paralelo a isso, uma das campanhas que vale sempre a pena fazer, que
tem tanta intenção e atenção quanto a de concorrente, são as campanhas
de público semelhante, as campanhas de Lookalike, que é a magia da
inteligência artificial das ferramentas de mídia digital. Você pode pegar
toda a sua lista de clientes que compraram, ou todos os clientes que
compraram via pixel, que chegaram até a página de compra, ou todos
que o seguem, e subir isso no Facebook; e o Facebook vai definir um
padrão entre essas pessoas, como é o perfil delas e o que têm em
comum.
• Uma vez que ele define esse padrão com a própria inteligência artifi-
cial, ela começa a buscar um público semelhante a essa pessoa, 1 mi-
lhão, 5 milhões, 10 milhões de pessoas semelhantes ao perfil ideal que
ele identificou entre os clientes que você forneceu e disse que era o
seu cliente ideal. Essa é uma segmentação extremamente poderosa,
de altíssima atenção de um público extremamente qualificado, com um
perfil extremamente semelhante ao seu, e é a ferramenta de inteligência
artificial trabalhando ao seu favor.
• Por fim, das clássicas mídias que vale a pena comentar, com menos
intenção, são as campanhas de display com segmentação de inte-
resse, que são as campanhas mais básicas. Eu posso segmentar por
pessoas que se interessam por educação, que se interessam por mar-
keting digital, e tentar ofertar diretamente a nossa solução. É um pú-
blico frio, que não manifestou nenhuma intenção, não está procuran-
do por isso necessariamente. Não quer dizer que é ruim, esse tipo
de campanha tem que ser feito, mas tende a ser o que tem menos
Growth Hacking | 98
intenção de compra. Você precisa pegar a atenção e puxar o mais rá-
pido possível para despertar essa intenção de compra nessas pessoas.
Essas são algumas das formas de trabalhar o básico das mídias, com a melhor
maneira possível de organizar o que faz mais sentido para você. No próximo
capítulo, vamos entrar mais no detalhe do que posso fazer, o que vale a pena
destacarmos sobre o pilar de engajamento, que pode fazer um grande efeito
diferenciado no seu negócio.
Growth Hacking | 99
CAPÍTULO 13
Framework de
engajamento
13. Framework de
engajamento
V
amos falar agora sobre o segundo pilar, engajamento, e quais são os
destaques a que você precisa ficar atento. O primeiro deles é a per-
gunta que vem na nossa mente uma vez que estou atraindo pessoas:
para onde as estou atraindo? Qual é o primeiro ambiente que vem à nossa
mente? Fazer um site. Se tem coisas ruins e erradas que você pode fazer,
uma delas é um site. Não faça um site institucional, que é aquele site que fala
de vários links, um menu e uma navegação.
O que você precisa fazer são Landing Pages - páginas de pouso que falem
especificamente sobre um determinado assunto. Um site institucional tem
um grave problema, que são as distrações; não fala objetivamente de uma
coisa. Uma landing page tem esse papel. Uma vez que você atraiu o cliente
para comprar a sua solução, ele tem que cair em um ambiente que está falan-
do exatamente da solução que ele procura. Se está falando de várias outras
soluções, confunde o usuário; já tem um bounce rate, o público não entende
nada e não compra.
Tem que ser uma página muito específica. Se você for olhar a página de um
produto da POLISHOP, está tudo detalhado, com vídeo de venda falando da-
quele produto. Isso é um tipo de Landing Page, uma página de venda de uma
única solução. Não faça o site, entenda a diferença disso para as Landing
Pages, que inclusive são uma ferramenta muito simples para criar testes AB.
A sua Landing Page tem que ser muito óbvia. Por isso tem que falar de
uma única coisa. O melhor teste de Landing Page é pegar uma pessoa muito
Pensa: tem 30 lojas, coloca os gerentes para fazer conteúdo nos stories; não
só dar oportunidade para que façam o perfil deles, mas dê mídia, impulsione
o perfil deles. Eles vão começar a se conectar com mais audiência. Alguém se
destacou, ficou muito bom: dê equity, dê participação para ele na empresa.
Uma participação minoritária, ele vai ficar superfeliz e não vai largar você; e
a sua empresa vai ser muito mais quente, conectada, do que uma empresa
fria, que posta conteúdo artístico, design, que não conecta com as pessoas.
PRINCIPAIS DIFICULDADES DE
ENGAJAMENTO
Uma das principais dificuldades, dos grandes dramas que você vai ter, é que
esses anúncios precisam engajar com a sua audiência; porém, eles perdem
performance muito rápido.
Existe uma ferramenta que se chama de grid de público, para fazer uma
máquina de criação desses anúncios. O ideal é atualizar, criar novos anún-
cios, testar novos anúncios dos seus conjuntos semanalmente, subindo novos
anúncios e testando. Essa ferramenta de grid de público funciona da seguin-
No próximo capítulo vamos entrar um pouco mais no que fazer com esses
leads que está gerando, e como transformar esses leads em vendas, utilizando
um time de venda. A melhor ferramenta de growth que você pode ter, por
incrível que pareça, é time de vendas. Não é o Facebook Ads, não é uma
ferramenta, é time de vendas. Vamos falar sobre Inside Sales.
Qualifiers, closers
e farmers
14. Qualifiers,
closers e farmers
T
ime de vendas é uma das melhores ferramentas de growth para o seu
negócio, seja ele digital, seja tradicional. High tech é importante, mas
tem que ser high touch - quanto mais pudermos conectar o cliente com
as pessoas do nosso negócio, o engajamento, o nível de envolvimento e, por
consequência, a conversão, tendem a ser muito maiores.
Uma das questões que você pode aplicar para melhorar o seu time de ven-
das, o seu time de atendimento ao cliente, e por consequência gerar mais
conversões, é entender o processo de Inside Sales e eventualmente aplicá-lo
no seu negócio.
Temos também o conceito do Inside Sales, trazer esse time de venda para
dentro. Várias indústrias têm problemas com representantes comerciais.
Se você vende B2C, não precisa ter tanto atendimento envolvido, a coisa
acontece sem intervenção de suporte. Um software, um serviço, uma venda
complexa, uma venda de alto tíquete, você não vai conseguir fazer isso sem
suporte de atendimento.
Muitas vezes, vai valer a pena ter um time de Inside Sales. Um conceito bá-
sico sobre economia, e é importante termos clareza que isso tem tudo a ver
com o que a vamos falar agora: esse conceito foi uma das peças fundamentais
para a escala que vemos do capitalismo, é o que chamamos de divisão do
trabalho. O que é a divisão do trabalho? O Milton Friedman, um economista
consagrado da escola de Chicago, faz uma analogia perfeita para explicar
de forma bem objetiva o que é a divisão do trabalho. Vamos pegar um lá-
pis tradicional, que é o lápis amarelo,
com borracha, metal, grafite. Quem
é capaz de produzir um único lápis?
Ninguém. Nenhum de vocês, nem eu,
somos capazes de produzir um único
lápis. Por que então existem milhões
de lápis disponíveis todos os dias? Por
causa da divisão do trabalho.
Só pela divisão do trabalho, que é uma pessoa fazendo cada parte do pro-
cesso que se consegue dar escala ao capitalismo e disponibilizar milhões de
lápis na sua empresa. Comecei a V4, minha empresa, B2B, serviço, caso seja
a sua base de comparação, vendendo um contrato.
Esse SDR vai fazer só o trabalho de pré-venda: vai filtrar a demanda, vai
ligar para esses contatos e vai seguir um checklist, que é o que a chamamos
Por que o account executive não filtra o lead? Porque uma ação de marke-
ting online é pescar de rede, vem um monte de bota, vem um monte de lixo.
Os peixes são poucos; se você coloca o vendedor, que é uma pessoa qualifi-
cada, custa caro para tirar as botas e o lixo para achar o peixe. Ele vai perder
o tempo dele com 70 leads desqualificados a cada 100 leads, sendo que ele
poderia passar todo o tempo dele com leads qualificados. Você coloca um
profissional mais barato para fazer esse trabalho de SDR, limpar o lixo, e passar
o bastão para o account executive só com leads bons.
O bom vendedor, que está vendendo bem uma boa solução de alto tíque-
te: esse vendedor ganha mais que muito engenheiro, até mais que médico,
sendo vendedor; e essa valorização você tem que trazer para o seu negócio.
Tem gente que fala que cliente é rei; eu costumo falar que o vendedor é rei,
porque se o vendedor não vender, não vai ter a chance de ser relevante para
o cliente. Então, trate o seu vendedor como um rei, porque, assim, ele vai
trazer mais vendas para o seu negócio. Uma vez feito isso, sendo um enge-
nheiro, sendo um cientista do marketing, o que precisamos para atuar como
esse engenheiro, como esse cientista, é ter clareza sobre os dados. No próxi-
mo capítulo vou falar um pouco mais sobre business intelligence, avançar no
controle dos dados do nosso negócio.
Data Driven
15. Data Driven
B
usiness Intelligence é o grande assunto do momento, porque não tem
jeito - precisamos ter controle do nosso negócio de uma maneira in-
teligente, guiada por dados. Na V4 temos logo na entrada um painel
gigante escrito Matemarketing, com todos os dados da empresa distribuídos
em seis TVs, através do Microsoft Power BI. Porém, o conceito de Business
Intelligence é um pouco abstrato: o que é Business Intelligence ? É Big Data,
é Power BI, é Tableau, é Google Analytics? É um pouco complexo.
Vou tentar trazer alguns conceitos para você compreender o que é Business
Intelligence. O Microsoft Power BI, ferramenta da Microsoft para implementa-
ção de Dashboards de Business Intelligence, pode ser usado para ver os dados
das suas campanhas no Facebook no Google, mas também para controlar a
fábrica de aço e infinitas coisas diferentes.
Não adianta ter um Dashboard que entrega o seu CAC, é preciso saber o
que fazer com o CAC. Quero o meu CAC para prever quanto preciso gastar
para crescer. Você pode granular ainda mais esse dado. Preciso saber meu
CAC por canal, quero saber meu CAC no Facebook, meu CAC no Google, meu
CAC de influenciador, meu CAC na loja física; para comparar, se eu alocar mais
dinheiro em qual canal, terei o melhor upside no futuro.
Comece a pensar que Insights você quer tirar, e que dados precisa ver. De-
senhe em um papel, literalmente, como esse cockpit ideal de dados precisa
ser apresentado para você ter a visão e tomar as decisões. Eu desenho nos
vidros que temos na V4, ou em um papel, e mando isso para o meu cientista
de dados. Se você é o executivo principal da empresa, não é necessariamente
a pessoa que vai desenvolver o Dashboard, mas vai ser a pessoa que sabe
quais dados precisa para a tomada de decisão. Uma vez que você desenha
o protótipo de como esse Dashboard precisa ser para entregar os highlights
• Coletar,
• Organizar
• Compartilhar os dados.
O primeiro grande desafio é coletar os dados. Sempre vão ter dados in-
ternos e externos para serem coletados. Por exemplo, dados do Facebook
e do Google são dados externos que você precisa coletar. Você vai precisar
usar uma ferramenta intermediária, como um Supermetrics, que faz essa in-
termediação dos dados. Ao mesmo tempo, você precisa trazer os dados do
seu CRM, dados internos que precisa juntar aos dados externos para cruzar
e organizar: é a segunda fase.
Esse banco de dados, esse lugar onde vai organizar e até mesmo minerar
esses dados, pode ser desde um Google Sheets do Google, que vai organizar
em uma planilha online, até um AWS, um Azure, um banco de dados mais com-
plexo, onde esta Data Warehouse seria criada para organizar bem esses dados.
O diferencial, mais do que saber qual ferramenta usar e como usar, apertar
os botões e os parafusos, é saber qual parafuso será apertado, qual botão
apertar; é ser estratégico, e não operacional. O que vou proporcionar nos
próximos capítulos é quais perguntas, quais dados, quais insights você pode
tirar através de quais highlights.
Posso dizer que existe uma pirâmide onde tem infinitos indicadores, tem
uma base como CPM, alcance, CTR, inúmeros indicadores de comportamento
de usuário, mas vou fazer uma priorização. É uma pirâmide porque o topo
da pirâmide é o dado mais importante, que é como medir bem, por exemplo,
um ROI, retorno sobre o investimento. Como medir bem esse dado de negó-
cio, que considero o mais importante, e é exatamente dele que vou falar no
próximo capítulo.
A métrica mais
importante de
growth
16. A métrica mais
importante de
growth
O
indicador mais importante dos infinitos indicadores que podemos
ter, que você precisa entender muito bem o que é - como calcular
um bom retorno sobre o investimento, saber se o seu negócio está
sendo rentável, se as campanhas estão sendo rentáveis.
Se você investe 200 reais para adquirir um cliente; porém, esse cliente tem
um tíquete médio de 100, ele vai gastar 100 reais na primeira compra, mas
você gastou 200 para adquirir este cliente, ou seja, você vai ter um prejuízo
de 100. Valeu a pena ou não?
Depende do seu LTV. Se esse cliente voltar e comprar mais uma vez no pró-
ximo dia, na próxima semana, no próximo mês, você começa a ter o payback
desse investimento. Vai começar a ter o break even desse cliente dentro da
sua operação. Se ele continuar retornando, você vai ter um grande Delta do
LTV sobre CAC e é onde mora o retorno sobre o investimento.
Se esse cliente não tiver uma grande retenção ao longo do tempo, um longo
lifetime, eventualmente algum tipo de cross sell e upsell, como aqueles upgrades
de ferramentas de armazenamento na nuvem, tem esses upgrades, consegue
contratar mais. Se não consegue fazer isso, por exemplo, uma ferramenta de
tecnologia, você não consegue ter esse LTV maior que vai justificar este CAC.
O VAREJO TRADICIONAL
Por isso, muitas das startups de alto crescimento levantam tanto capital -
porque queimam caixa nesse período de fluxo de caixa negativo na estratégia
de crescimento, e precisam de mais tempo para conseguir ter esse retorno
sobre o investimento. Contudo, não necessariamente é um bom negócio. A
Amazon acumulou prejuízo vários anos, mas hoje a base de clientes adquiridos
é tão grande, que já pagou por esses clientes adquiridos e, eventualmente, o
CAC diminuiu, porque veio fazendo grandes esforços de branding também,
Vou mostrar esse gráfico da V4, temos aqui a primeira linha com os nossos
novos clientes, nosso novo MRR e a linha de cima é o MR total.
Você consegue fazer esse efeito de boca de jacaré. Como os clientes come-
çam a retornar, o seu faturamento começa a crescer mesmo sem depender
dos clientes novos, porque tem um monte de cliente recorrente voltando.
Assim, você entrega mais crescimento, que é o quarto pilar da metodologia
retenção - sem retenção não temos lucratividade - sendo assim a nossa fór-
mula principal para calcular o retorno sobre o investimento é:
CAC
Posso ter um ROI menor, contanto Outra relação que pode ser feita é
que tenha investimento. Preciso cres- colocar comissionamento, que é uma
cer, mas este ROI, muitas vezes, não despesa variável, mas sabe quanto é,
Otimizando o seu
processo de
growth
17. Otimizando o
seu processo de
growth
C
oHort Retention Analytics, é uma das principais formas de medir a
retenção e a otimizar. Lembrando que é o último indicador que falei
naquela nossa análise. Então, vamos entender um pouquinho sobre o
que esse CoHort Retention Analytics está falando. É muito comum analisar-
mos esse Cohort, lembrando que ele pode ser analisado de várias maneiras.
Por que isso acontece? Pouco importa, pode-se especular o porquê, mas
esse é um fato. O custo de aquisição para mulheres que retinham mais, era
bem maior do que as meninas mais jovens. As meninas mais jovens entravam
muito por cupom de desconto. Dava um cupom de desconto, e a menina
adquire, mas ela retém pouco, porque às vezes ela não tem poder aquisitivo,
usa uma vez só. Já a mulher mais velha, está mais na correria, talvez tenha
um Product Market Fit mais forte com essa audiência.
O que eles fizeram? Começaram a parar de anunciar para essa audiência que
não retém, para adquirir mais o perfil de clientes que correspondem a uma ca-
racterística que tem maior retenção Aí volta para a base do CoHort Retention
Analytics por safra e começa a analisar se essas safras novas, já com essa adapta-
ção, tem uma retenção melhor do que as safras anteriores. Se sempre fizer esse
processo de análise, melhoria, voltar na sua aquisição com ações melhores para
reter os seus clientes, tende a ter um impacto de melhoria na curva de retenção.
Empresas que fazem uma análise no varejo, fizemos isso na Arezzo, inclu-
sive. Então, pegamos o histórico dos últimos cinco anos, todas as safras de
clientes da Arezzo, do D0 que o cliente começa a comprar, até o quinto mês.
A curva de retenção média entrega no que mesmo 10% de retorno, na média,
analisando a base de dados dos últimos cinco anos.
No quinto mês, 10% de atenção. O que posso fazer é separar a última safra
de clientes que vai chegar no quinto mês. A safra de maio a outubro vai che-
gar no quinto mês, então a probabilidade de ela reter 10%. Pego essa lista,
esses clientes daquela safra, subo por uma ferramenta como o Facebook Ads
e começo a anunciar única e exclusivamente para eles, para fazer com que
interfira na curva de retenção daquela safra. Por correlação, posso aferir que
essa minha ação interviu na retenção desses clientes. Posso entregar 15%, 20%
de retenção, no quinto mês, que na média tinha 10% de retenção. Então, você
pode se perguntar, mas esse custo que tive de retenção é CAC? Não, ele pode
ser um custo por venda. É um custo por venda que preciso para fazer uma
manutenção dessas vendas desses clientes. Porque os seus investimentos não
estarão única e exclusivamente na aquisição de novos clientes, mas muitas
vezes boa parte deste custo na retenção destes clientes.
Análise RFM
18. Análise RFM
R
ecência, frequência e valor monetário. Três pontos que você precisa
analisar da sua base de clientes para construir uma análise RFM de
recência, frequência e valor monetário que o próprio nome diz.
É um gráfico que você consegue construir uma matriz para entender quantos
por cento a sua base de clientes está em um grupo de clientes que você pode
classificar como clientes Vips, clientes recorrentes, clientes a serem perdidos,
clientes a serem retidos, a serem trabalhados para não serem perdidos, mas
você vai criar um tipo de classificação dentro dessa matriz.
Uma vez que entendamos isso, teremos na ponta direita, normalmente 10%,
5% dos seus clientes, que são seus clientes Vip. São esses clientes que têm alta
frequência, alto valor monetário e alta recência, que vão ser essa pontuação
que os coloca nessa categoria, e serve para você analisar, mais uma vez.
Você também pode ter um grupo desses clientes mais para o eixo à esquerda
da nossa matriz, que são clientes próximos a pararem de consumir de você,
que já não compram há muito tempo, ou que compraram pouca quantidade
de baixo valor, ou que estão com baixa frequência. Se esse cliente está com
baixa frequência e recência, faz algum tempo que ele está parando de con-
sumir de você, provavelmente ele vai cair em declínio e vai dar um churn.
Então, você pode colocar essa lista de clientes para ser ativada via e-mail
marketing, via SMS marketing, ou até mesmo uma ligação; pode ser o critério
para uma régua de CRM, para ativar quem atua, o seu vendedor da loja, que
falei que passa 70% do tempo fazendo nada, pode falar agora para atacar os
clientes que estão com baixa frequência ou com baixa recência.
Vamos ter uma meta de elevar para 15, 20, 30, 40, 50% dos nossos clientes para
o cliente Vip, que é o cliente com a melhor composição desses três aspectos.
Simples assim, sem mais delongas. Essa é uma análise RFM, qualquer negó-
cio, principalmente em negócios que não são de assinatura, onde há retenção,
é uma métrica mais difícil e complexa de ser medida, e-commerces, varejos
físicos, até mesmo indústrias.
A análise RFM vai ser uma das melhores formas de medirmos essa retenção
e, obviamente, agir sobre ela. Coloca este gráfico no seu Dashboard e mais o
que colocar lá, tenha um hábito, ações que devem ser tomadas sobre ele. E
assim, por consequência, vamos ter mais retenção e concluir o nosso ciclo de
adquirir clientes com tráfego, engajar, converter e, por fim, reter, retendo mais,
maior rentabilidade e lucratividade do seu negócio terá sobre cada dólar que
gastar para adquirir um cliente e é isso que todos nós queremos para você.
No próximo capítulo, vamos para a minha conclusão, onde vou dar algumas
referências, o que você pode fazer a partir de agora, quais são os próximos
passos, e como avançar ainda mais nessa jornada.
O
assunto é bem complexo, trouxemos os principais highlights, mas este
é um assunto extremamente amplo. O que posso dizer é que as áreas
de conhecimento que esse cientista do marketing, esse profissional
de Growth vai precisar olhar, dá para dividir em basicamente duas esferas,
que é a esfera analítica e a esfera criativa.
Provavelmente, você vai ter afinidade com uma delas, e não com a outra.
Copy, redação publicitária, está muito no lado criativo, talvez se conecte mais
com isso. O Analytics, esses dados que eu trouxe por último, Business Intel-
ligence, talvez conecte com esse.
O publicitário antigo, que perde espaço cada vez mais, é a pessoa que está
falando de branding, e o empresário está falando de fluxo de caixa, de geração
de valor no curto prazo, para manter o negócio vivo.
No outro extremo, temos o tráfego, que é cada vez mais analítico, compra
de mídia, entender os indicadores e otimizar. Costumo dizer que tráfego é
quase um trader de ações, tem que estar ali em cima, comprando, mudando,
dando lance, tirando o lance, se não estiver superatento, você não consegue
ter o máximo de otimização.
Essa parte de Power BI de dados também são outras esferas que vale a pena
aprofundar. As outras staage class da plataforma podem ajudar bastante, tan-
to nos assuntos que já citei, entre outros que vão dar essa visão mais ampla.
Lembre-se que vai ter assuntos aqui neste livro que não estão diretamen-
te relacionados a esse tópico, mas que daqui a pouco você há de querer se
aprofundar. Consumir conteúdos diferentes do seu conteúdo principal vão
criar uma capacidade criativa singular, porque quanto mais conteúdo diferente
você consome, mais capacidade de criar você tem.
Então, dê chance também para conteúdos que não são tão óbvios. Em relação
a algumas referências que valem a pena serem seguidas. Eu gosto de autores
clássicos, gosto dos autores de economia, como Milton Friedman, o Mises, o Ro-
bert Cialdini, que escreveu Armas da Persuasão, falei sobre o Sérgio Zyman, que
escreveu O fim do marketing como nós conhecemos, Daniel Coleman, também,
que é um outro Prêmio Nobel de Economia. Economia, fundamentos de marketing,
são algumas bibliografias que valem a pena serem consumidas, junto com A lógica
do consumo, do Martin Lindstorm, que é um ótimo estudante da neurociência.
Falamos um pouco sobre viés cognitivo, quem estuda vieses cognitivos é psicólo-
go, ou é profissional de neuromarketing. No livro a Lógica do Consumo, uma das
melhores publicações que temos sobre esse assunto para nos aprofundarmos.
Então, se você colocar dentro do Million, o CAC da Netflix, LTV Netflix, vai
conseguir ver análises específicas dos indicadores do Netflix ou outros pro-
fissionais de growth fora do Brasil, obviamente, sempre buscando em inglês.
Vamos escrever artigos sobre como são os indicadores do Airbnb, de outras
plataformas, do Spotify, e um ótimo artigo sobre os dados de Growth no Spo-
tify. Dentro do Million tem o livro Traction, por exemplo, tem livros clássicos
e também mais atuais sobre esse assunto, que são livros bem fundamentais,
vale a pena serem lidos.
Um dos livros que citei de vendas, de Inside Sales, que vale a pena ser con-
sumido, é The Sales Acceleration Formula, até então não tem em português,
você vai ficar a um passo atrás caso você não consiga consumir. Paralelo a
ele tem o Receita Previsível do Aaron Ross, que já é traduzido.
E lembre-se sempre que o mais importante é saber mais sobre gestão. Por-
que marketing é colocar o mercado em movimento. Então, quanto mais você
entende todo o mercado, melhor é para você como cientista do marketing,
como profissional de growth.
DENER LIPPERT