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Concepções Epistemológicas e Psicopatologia Geral
Concepções Epistemológicas e Psicopatologia Geral
CONCEPÇÕES
EPISTEMOLÓGICAS E
PSICOPATOLOGIA GERAL
Carla Priscila da Silva Pereira
CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS E
PSICOPATOLOGIA GERAL
1ª edição
Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa
Revisor
Fernanda Pâmela Machado
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-65-86461-34-3
CDD 610
____________________________________________________________________________________________
Jorge Eduardo de Almeida CRB 8/8753
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS E PSICOPATOLOGIA
GERAL
SUMÁRIO
Concepções epistemológicas e Psicopatologia geral_________________ 05
4
Concepções epistemológicas e
Psicopatologia geral
Autoria: Carla Priscila da Silva Pereira
Leitura crítica: Fernanda Pâmela Machado
Objetivos
• Conceituar concepção epistemológica e a
importância para a produção científica.
5
1. Concepção epistemológica e Psicopatologia
geral
1.1 Introdução
6
descritas em sua trajetória evolutiva, seus paradigmas estruturais, ou suas
relações com a sociedade e a história, teoria da ciência. (HOUAISS, 2009,
[s.p.])
Popper (1984) reiterava que a ciência não era um objeto acabado, nem
uma probabilidade, mas, ao contrário disso, a busca constante por uma
verdade, guiada por crenças, metafisica, leis e regularidades, que nos
permite descobrir novos referenciais, por meio de técnicas e métodos de
contestação, dar uma nova resposta a cada momento, e isso é científico.
Não existe conhecimento absolutamente certo, o certo é relativo ao
contexto e para que seja científico precisa ser provisório eternamente.
7
como questões espirituais, ambientais, culturais, e, de acordo com essas
perspectivas, as diferentes sociedades buscavam o alívio do sofrimento.
8
Desse modo, a Psicopatologia, como concebeu Jaspers (2006), identifica,
reconhece, caracteriza e analisa os fenômenos psíquicos, tendo o
indivíduo como o centro do processo. A própria condição humana de
sujeito inacabado confere a problemática da Psicopatologia que, por
vezes, não alcança o nível científico por não conseguir a reprodução
dos fenômenos. Esse limite também é importante para que a prática
não se torne reducionista ao ponto de restringir o homem ao conceito
psicológico, mas, ao contrário, visualiza o indivíduo como alguém infinito
que não se esgota em suas possibilidades.
9
A esses processos psicopatológicos, Jaspers (2006) chamou de
multicausalidade de fenômenos psíquicos, no qual fatores somáticos
interagem com processos psíquicos e fisiopatológicos do Sistema
Nervoso Central (SNC), e destacou que a atitude científica fundamental
para a compreensão desses processos é estar aberto para todas as
possibilidades empíricas.
10
2008), a Psicopatologia trata da natureza essencial da doença mental,
causas, mudanças estruturais, funcionais e formas de manifestações; o
que retrata a complexidade dos fenômenos da psique humana.
11
responsável pelo enriquecimento dos sintomas. Jaspers (2006) refere
que a Psicopatologia tem cinco dimensões:
12
biomédico, da Psiquiatria da mente para a Psiquiatria do cérebro, da
teoria dos quatro humores para a Psiquiatria clínica.
13
Essa visão traz a objetividade para o cenário da Psicopatologia e
pressupõe testar ideias sobre os fenômenos psíquicos antes de aceitá-
las como verdades, por meio de questionamentos, e vai ao encontro dos
critérios propostos no Diagnostic Statistic Manual – DSM V (AMERICAN
PSIQUIATRICH ASSOCIATION, 2015) para a definição do transtorno
mental.
14
Figura 2 – Esquema representativo das múltiplas divisões de
correntes da Psicopatologia
15
transtornos mentais. Tais trabalhos romperam com o modelo biológico,
vigente até 1913, e abriram a discussão sobre multicausalidade dos
fenômenos psíquicos. Nesse mesmo período, outros modelos de grande
impacto nos estudos de Psicopatologia surgiram, como a Psicanálise
Freudiana, que trouxe uma descrição mais dinâmica da vida psíquica, e
não se mostram completamente divergentes, mas, ao contrário, podem
se complementar na medida em que o foco se torna mais amplo.
16
representação psíquica, fenômenos sociais que amplificam os sintomas
e contexto em que ocorrem. Muito do que se sabe em saúde mental foi
construído sobre as bases médicas, porém, a prática em saúde mental
vai muito além do que está descrito nos manuais de diagnóstico, é
um saber empírico. Dessa forma, o conhecimento de Psicopatologia
é fundamental para identificar os fenômenos psíquicos, enquanto a
formação profissional é a chave para o manejo em saúde mental.
Referências Bibliográficas
AMERICAN Psichiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais DSM V. 5. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha da PNH. Clínica Ampliada, Equipe de
Referência e Projeto Terapêutico Singular. 2. ed. Brasília, 2007. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf. Acessado em
23/01/2020. Acesso em: 25 abr. 2020.
CHENIAUX, Elie. Psicopatologia Questões Gerais. In: Manual de Psicopatologia. 5.
ed., cap. 1, p. 18-21. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2015.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos transtornos Mentais.
2. ed., v. 1, p. 23-45. Porto Alegre, RS: Artmed Editora, 2008.
DICIONÁRIO Houaiss de Língua Portuguesa. Instituto Antônio Houaiss de
Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2009.
GRINBERG, Luiz Paulo. Os transtornos mentais através dos tempos. In: BLOISE,
Paulo. (Org.). Saúde Integral: a medicina do corpo, da mente e o papel da
espiritualidade. p. 167-187. São Paulo, SP: Editora Senac, 2011.
JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral. São Paulo, SP: Editora Atheneu, v.1, 8. ed.,
2006.
POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. In: CHAUI, Marilena (org.). Primeira
filosofia. p. 213-215. São Paulo, SP: Brasiliense, 1984.
QUEIROZ PINHEIRO, Clara Virginia; ALBUQUERQUE, Kelly Moreira. Psicopatologia
e saúde mental: questões sobre os critérios que orientam a percepção clínica.
Revista Subjetividades, v.14, n.1, 2014. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/
rmes/article/view/3269. Acesso em:
WHITBOURNE, Susan et al. Krauss. Psicopatologia: perspectivas clínicas dos
transtornos psicológicos. 7. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2015.
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Terminologia em Psicopatologia
Autoria: Carla Priscila da Silva Pereira
Leitura crítica: Fernanda Pâmela Machado
Objetivos
• Conhecer as diferentes terminologias em
Psicopatologia.
18
1. Terminologia em Psicopatologia geral
1. Introdução
19
hipóteses diagnóstica. Posteriormente, integra os conteúdos para a
apreensão da vida psíquica como uma totalidade, a unidade da patologia
a partir do seu diagnóstico, sua formulação geral e sua manifestação
no contexto particular e também sócio-histórico, de acordo com Jaspers
(2006).
20
Esse é um ponto de reflexão importante, visto que a fala do indivíduo,
embora venha carregada de sentido, tem o olhar do bom avaliador
como importante para identificação de caracteres de linguagem,
próprios de uma patologia, por exemplo, nos casos de hipocondria ou
psicopatia.
21
fenômenos inconscientes como em outras correntes como a psicanálise,
segundo Cheniaux (2015).
Anomalias na percepção
22
da percepção, ou ainda a ausência da percepção (agnosia), anestesia
(perda da sensibilidade), alucinação negativa (ausência de registro
sensorial), macropsia (aumento do objeto), micropsia (diminuição do
objeto), dismegalopsia (distorção de objeto). Podem ocorrer nos delírios,
intoxicações, psicoses agudas ou crises epiléticas; troca da qualidade nas
sensações, por exemplo, as alterações de cores ou feições de pessoas;
produção de sensações anormais concomitantes, associa uma sensação
a um fato real (JASPERS, 2006, CHENIAUX, 2015).
23
ou cutâneas, sinestésicas (sensações viscerais) ou sinestésicas
(movimento).
24
Podem ser considerados quadros de rebaixamento da consciência:
Atenção
25
Já qualitativamente, destaca-se a rigidez da atenção, que seria a
dificuldade de modificar o foco da atenção (paraprosexia), comum em
transtornos como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), depressão,
hipocondria; e inversamente a labilidade considerada a dificuldade de
focar, também chamada distraibilidade, presente nos quadros de mania,
intoxicação e TDAH, segundo Cheniaux (2015).
Memória
26
são consideradas como alucinação de memória (falsa lembrança),
comum em quadros de esquizofrenia, delirium. Há ainda o Dé já vu (já
visto) e o jamais vu (nunca visto), que ocorre mesmo na presença do
objeto, quadros comuns em esquizofrenia e epilepsia. Pode ocorrer
ainda a criptomnésia (falha ao recordar um fato passado) e ecmnésia
(presentificação do passado), de acordo com Cheniaux (2015).
Linguagem
27
A autora destaca ainda que, quantitativamente, as formas de repetição
de palavras: ecolalia, palidalia, logoclonia, estenotipia verbal. Alterações
na forma da voz, mumitação (voz sussurrada), neologismo (novos
significados), jargonofasia (desorganização da linguagem), parafasia
(troca um sentido por outro semelhante), solilóquio (falar sozinho),
coprolalia (uso de palavras de baixo calão), grossolalia (língua
ininteligível), maneirismo (fala rebuscada ou em terceira pessoa),
pedolalia (voz infantilizada), pararesposta (fala sem nexo com o
conteúdo em questão), e resposta aproximada (resposta errônea com
nexo à conversa), de acordo com Cheniaux (2015).
Motricidade
28
Pensamento
29
Foco específico, com
Perseveração dificuldade de mudar o
assunto.
Os delírios podem se tornar uma ideia fixa ou falsa sobre o objeto, isso
porque se relaciona intimamente com valores e crenças do indivíduo,
embora se traduzam em concepções irrealistas, sempre aparecem
conectados a realidade, segundo Cheniuax (2015).
30
e não sistematizado (são fragmentados ou caóticos, não estabelece
um raciocínio sobre o assunto). Quanto ao conteúdo, o delírio pode se
dividir ainda em delírio paranoide (perseguição, referência, projeção
e influência), de grandeza, místico e religioso, delírios de conteúdos
depressivos, dentre outros menos comuns (DALGALARRONDO, 2008;
JASPER, 2006).
Afeto
31
se relacionam com as alterações de linguagem e podem modular a
apresentação destas, segundo Cheniuax (2015).
Orientação
32
demência, por déficit intelectual, por apatia extrema, por dissociação
ou desorientação histérica, desorientação, por desagregação (casos de
psicose crônica), e em relação a própria idade (divergência entre a idade
atual e sua correspondência).
Vontade
Inteligência
Consciência do Eu
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que causa uma estranheza sobre a origem dos sentimentos desejos,
ações. Essas alterações podem ser da ordem do tempo, espaço ou da
própria despersonalização (sentimento de perda do eu). Podem ocorrer
alterações da imagem e do esquema corporal. Segundo Dalgalarrondo
(2008), são exemplos dessas alterações: a astenia, cenestesia.
34
Assim, o estudo de terminologia permite não apenas reconhecer sinais
e sintomas, mas compreender o impacto dessas na subjetividade de
cada individuo. Aqui, estão listadas as principais terminologias, contudo,
é necessário ampliar os estudos a respeito dos principais transtornos
mentais, a fim de entender a complexidade desses fenômenos na
prática clínica.
Referências Bibliográficas
AMERICAN PSICHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais DSM V. Porto Alegre, RS: Artmed, 5. ed., 2014.
CHENIAUX, Elie. Psicopatologia questões gerais. In: Manual de Psicopatologia. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 5. ed., cap. 1, p. 18- 21, 2015.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.
Porto Alegre, RS: Artmed Editora, 2. ed., v. 1, p. 23-45, 2008.
JASPERS, Karl. Psicopatologia Geral. São Paulo, SP: Editora Atheneu, v.1, 8. ed.,
2006.
SADOCK, Benjamin; SADOCK, Virgínia A.; RUIZ, Pedro. Compêndio de Psiquiatria:
ciência do comportamento e Psiquiatria clínica. Trad. Marcelo de Abreu Almeida. 11.
ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2017.
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Contribuições da Psicanálise a
Psicopatologia
Autoria: Carla Priscila da Silva Pereira
Leitura crítica: Fernanda Pâmela Machado
Objetivos
• Associar os conceitos fundamentais da teoria
psicanalítica.
36
1. Introdução
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2. Freud e a Psicanálise
Freud faz uma ruptura com o modelo médico vigente, que separava
o normal do patológico, ao abandonar a hipnose como método de
38
tratamento por reconhecer que o alívio dos sintomas era transitório. Ao
implementar o conceito e inconscientemente negar a intencionalidade
da produção de sintomas, abre discussão para a produção das neuroses
de angústia e obsessiva, que vão dar explicações sobre a histeria de
conversão (MOREIRA; OLIVEIRA, 2017).
39
Assim, Freud funda a teoria psicanalítica calcada em três pilares:
o inconsciente, o método de escuta e uma proposição teórica que
fundamenta sua prática. A partir desses achados, Freud contribuía
para a composição de uma Psicopatologia psicanalítica e apresentava
conceitos-chaves, como as histerias conversivas e fóbicas, neuroses
obsessivas e de ansiedade, psicoses, perversões e quadros
psicossomáticos (MORAES; MACEDO, 2018; SADOCK; SADOCK; RUIZ,
2017).
40
consciência por meio de certo nível de atenção. O inconsciente, ao
contrário dos demais, tem seu conteúdo inacessível pela consciência
por meio da repressão que são relacionadas a forças denominadas por
Freud de pulsões (SADOCK; SADOCK; RUIZ, 2017).
Figura 2 – Iceberg
41
Dalgalarrondo (2008) ressalta ainda que, para Freud, o inconsciente não
é simplesmente uma instância psíquica, mas, ao contrário, é a estrutura
mais importante do funcionamento psíquico. Isso porque é regido por
forças chamadas princípio do prazer, ou seja, não segue uma ordem da
realidade, ao contrário, busca equilibrar as tensões psíquicas ignorando
as regras sociais ou éticas.
42
ser aceito na representação inconsciente e encontre uma vazão para os
desejos inconscientes, gerando certa gratificação. Esse achado trouxe
à luz a representação simbólica que ocorre nos fenômenos psíquicos e
que pode ser compreendido por meio das associações livres, o que deu
origem ao processo terapêutico em Psicanálise (SADOCK; SADOCK; RUIZ,
2017).
43
considerar que o instinto de agressividade era suficiente para justificar
os atos destrutivos (DALGALARRONDO, 2008; SADOCK; SADOCK; RUIZ,
2017).
44
2.4 Desenvolvimento psicossexual infantil
45
O quadro a seguir condensa as informações sobre o desenvolvimento
psicossexual infantil:
46
Estágio fálico Concentra os interesses, estímulos, excitação nos
(3-5 anos) genitais. O pênis é o órgão de maior interesse,
para a menina sinônimo de castração. Aparecem
fantasias com o genitor do sexo oposto. Surge a
ansiedade e ameaça da castração como resultantes
da masturbação e conflito edipico. Forma as bases
para a identidade de gênero e integra os demais
estágios anteriores. O conflito edipico possibilitas
as identificações posteriores e organização do
caráter, enquanto os demais estágios contribuem
para toda a formação neurótica e resolução
edipica. A boa resolução implica no senso de
identidade sexual, ausência de culpa, bom domínio
de relações externas e internas (controle de
impulsos).
47
Estágio genital (13 ano até a Equivale ao período de adolescência, por isso,
vida adulta) se caracteriza pelas transformações fiológicas
do amadurecimento genitosexual, com
intensificação dos impulsos libidinais. Ocorre uma
desorganização da personalidade, permitindo que
conflitos anteriores seja atualizados, ocorrendo
uma segunda individuação. Ocorre a separação
definitiva dos pais, fim do apego, senso de
identidade, aceitação pessoal e integração de
papéis e valores sócio-culturais relativos a vida
adulta, resultando em uma personalidade madura,
consistente e integrado ao self, que permite a
autorrealização. A má resolução deste estágio
resulta em transtornos de personalidade e de
identidade.
48
A patologia, segundo Freud, se instala devido ao modo como o indivíduo
se relaciona com o objeto, atribuída a três grandes processos: Neurose,
Psicose e Perversão.
49
Freud na relação paciente-terapeuta, ainda é um contexto importante no
trabalho terapêutico (FORLENZA; MIGUEL, 2015).
Referências Bibliográficas
BOOK; Ana Maria Merces; TEIXEIRA, Maria de Lourdes T.; FURTADO, Odair.
Psicologia Fácil. São Paulo, SP: Saraiva, 2011.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos Mentais.
2. ed. Porto Alegre, RS: Artemed, v. 1, 2008.
FORLENZA, Orestes Vicente; MIGUEL, Euripides Constantino. Compêndio de
Psiquiatria. Barueri: Manole, 2015.
KUSNETZOFF, Juan Carlos. Introdução à psicopatologia psicanalítica. 5.ed. Rio de
Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1982
MELEIRO, Alexandrina Maria Augusto da Silva Psiquiatria: Estudos Fundamentais
1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. Disponível em: https://integrada.
minhabiblioteca.com.br/books/9788527734455. Acesso em 05 fev. 2020.
MORAES, Fernanda Cesa Ferreira da Silva; MACEDO, Mônica Medeiros Kother. A
noção de Psicopatologia: desdobramentos em um campo de heterogeneidades.
Agora (RJ), Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 83-93, 2018. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982018000100083&lng=en&nr
m=iso. Acesso em: 26 abr. 2020.
SADOCK, Benjamin; SADOCK, Virginia; RUIZ, Pedro. Compêndio de Psiquiatria:
ciência do comportamento e Psiquiatria. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
WHITBOURNE, Susan. Krauss. Psicopatologia: perspectivas clínicas dos transtornos
psicológicos. 7. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2015.
50
Sistemas de Classificação
Diagnóstica (DSM e CID)
Autoria: Carla Priscila da Silva Pereira.
Leitura crítica: Fernanda Pâmela Machado.
Objetivos
• Conhecer o percurso histórico das classificações
diagnósticas.
51
1. Introdução
2. Classificação diagnóstica
52
Essa alta prevalência chama atenção dos estudiosos da área. Caponi
e Martinhago (2019) falam de uma epidemia de transtornos mentais.
Alguns fatores são apontados como controversos: evolução da
Psiquiatria, avanço das neurociências, crescimento da indústria
farmacêutica e, ao mesmo tempo, o aumento da prevalência de
transtornos mentais no mundo. Será que há um verdadeiro aumento
dos transtornos mentais, uma hipervalorização dos sintomas, uma
patologização da vida? Para compreendermos este fenômeno, é
importante compreender a trajetória da classificação diagnóstica ao
longo da história e refletir a quem serve a Psicopatologia clínica.
53
FERNANDES, 2018). Até o século XVIII, os quadros mentais eram
descritos como categorias homogêneas, ou seja, por meio de
características presentes em todos os quadros. Somente ao final do
século XIX, Kahlbaum e Kraepelin estabeleceram critérios clínicos, que
correspondem a apresentação psicopatológica da doença e sua evolução
clínica (WANG; ANDRADE, 2015). Kraepelin foi considerado o fundador
da Psiquiatria moderna, e reconhecido por sua contribuição histórica
quanto à nosologia dos transtornos mentais (DEMÉTRIO; FERNANDES,
2018).
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/5d/E._Kraepelin_flipped.
jpg/200px-E._Kraepelin_flipped.jpg. Acesso em: 26 abr. 2020.
54
3. Trajetória das classificações diagnósticas
55
e insanidade (ARAUJO; LOTUFO NETO, 2014; CAPONI; MARTINHAGO,
2019).
56
nas categorias de doenças e um consenso para o uso das terminologias.
Sob forte influência psicanalítica, traz caracteres da psicodinâmica, a
oposição de neurose (ansiedade e depressão) e psicose (caracterizada
pela presença dos sintomas de alucinação e delírio e perda da conexão
com a realidade. Traz como principal diferenciação, da visão proposta
anteriormente por Kraepelin e Meyer, a ideia de patologia associada a
reação do indivíduo frente sua história de vida e dá uma característica
de aplicação clínica à classificação diagnóstica (ARAUJO; LOTUFO NETO,
2014; CAPONI; MARTINHAGO, 2019; DEMÉTRIO; FERNANDES, 2018).
57
Segundo Braga e Fonseca (2018), o manual foi considerado o mais
pragmático e funcional das classificações da Psiquiatria. Reforçou a
associação da Psiquiatria com a medicina, pois segue o modelo de
medicina baseada em evidências, trazendo dados que ressaltam tanto
a pesquisa como a base empírica dada pela clínica para a composição
do diagnóstico de do tratamento. Com evidências fortes, por meio de
ensaios clínicos, trazendo benefícios para profissionais, seguradoras,
pesquisas e alocação de recursos públicos de saúde mental. Além
disso, trouxe expansão e melhoria de comunicação e diagnóstico e uma
divisão clara entre problemas da vida cotidiana e transtornos mentais
(CAPONI; MARTINHAGO, 2019).
Além disso, pode-se destacar que o DSM III foi de grande impacto para
o modelo seguido na época, pois propôs a biomedicalização da prática
psiquiátrica, colocando no sintoma toda a caracterização do transtorno
mental. Traz ainda uma abordagem completamente diferente das
presentes nos DSM I e II, que era psicossocial e psicanalítica, e é uma
sugestão de retorno ao proposto por Kraepelin, no período entre 1885 e
1926.
58
Em 1987, Spitzer propõe uma revisão do DSM III, chamada de DSM III-R,
com duzentas e noventa e duas categorias de transtornos, contudo, esta
foi considerada controversa e muito insipiente. Isso desencadeou um
novo processo de reformulação, coordenado por Allen Frances, que deu
origem, em 1994, ao DSM IV, com duzentas e noventa e sete categorias,
num modelo de cinco eixos:
• I – Quadros clínicos.
59
O CID 10 colaborou com a Psiquiatria, por meio do aumento da
concordância diagnóstica, melhora do relatório de mortalidade, uso de
serviço, tratamento e evolução, uso de padrão para a pesquisa, aumento
da heterogeneidade no ensino de Psiquiatria, melhor comunicação entre
os diversos atores profissionais, usuários, cuidadores e leigos (WANG;
ANDRADE, 2015).
60
Assim, a caracterização dos transtornos é tida, pela American Psychiatric
Association – Associação Psiquiátrica Americana (APA), como:
61
O manual está dividido em três seções:
62
Os capítulos passam a ser organizados de acordo com o ciclo da vida:
63
O caminho diagnóstico e de classificação em Psiquiatria é extenso e
sinuoso. Demétrio e Fernandes (2018) apontam que, desde o início da
história da doença psiquiátrica, passando pela Grécia antiga, tenderam
a normatização. A construção dos manuais constou de revisões de
conceitos nosológicos, mas de fato não há nada de novo. Por assim
dizer, Hipócrates teorizou a medicina moderna, contudo, os desafios da
Psicopatologia psiquiátrica continuam, pode-se destacar:
64
Referências Bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and statistic manual of
mental desorders. 5. ed. Whashington, DC, 2013.
ARAÚJO, Álvaro Cabral; LOTUFO NETO, Renério Fráguas. A Nova Classificação
Americana Para os Transtornos Mentais – o DSM-5. Revista Brasileira de
Terapia Comportamental e Cognitiva. v. 16, n. 1, p. 67-82, 2014. Disponível
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
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BRAGA, Felipe Sette Martino; FONSECA, Gabriela Lemos. Reflexões sobre
Psicanálise, saúde mental, e instituições: considerações acerca das dimensões do
patológico e do sofrimento. Pretextos–Revista da Graduação em Psicologia da PUC
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CAPONI, Sandra; MARTINHAGO, FERNANDA. Breve história das classificações
em Psiquiatria. Revista. Internacional Interdisciplinar INTERthesis. v.16, n.1,
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CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. 5. ed., cap. 2. Rio de Janeiro, RJ:
Guanabara Koogan, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.
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DEMÉTRIO, Frederico Navas; FERNANDES, Fernando. Diagnóstico e classificação
em psiquiatria. In: MELEIRO, Alexandrina M. A da Silva (coord.) Psiquiatria Estudos
Fundamentais.1. ed., p. 71-77, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
HUMES, Eduardo de Castro; VIEIRA, Márcio Eduardo Bergamini; FRAGUAS JUNIOR,
Renério (eds). Psiquiatria Interdisciplinar. Barueri: Manole, 2016.
TRAJANO, Mariana Peres; BERNARDES, Suela Maiara; ZURBA, Magda do Canto. O
cuidado em saúde mental: caminhos possíveis na rede de atenção psicossocial.
Cadernos Brasileiros de Saúde Mental. v.10, n.25, p.20-37. Florianópolis, SC, 2018.
WANG, Yang Pan; ANDRADE, Laura Helena S. Guerra de. In: FORLENZA, Orestes
Vicente; MIGUEL, Euripides Constantino. Compêndio de Psiquiatria. Parte I, p. 3
-14. Barueri, SP: Manole, 2015.
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