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Introdução:

Violência contra a mulher.

A violência contra a mulher é um tema que ganhou grande relevância a partir da década de
1970 no Brasil e no restante do mundo, dispondo de ainda mais destaque no início do século
XXI até os dias atuais. Ela pode ser definida, conforme a Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994), ser “qualquer ação ou conduta
baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à
mulher, tanto no âmbito público como no privado” (BLAY, 2003; BOURDIEU, 2020; BRASIL,
1994, 2006, 2011; SILVA, 2018). Esse tipo despotismo social baseado em gênero se revela
possuidor de um forte teor repressivo e leva em consideração construções sócio-históricas e as
diferenças de atributos físicos para estabelecer os parâmetros comportamentais de cada sexo
na sociedade e nos relacionamentos (BLAY, 2003; POLI, 2007; SILVA, 2018). Dessa maneira, as
violências baseadas em gênero se estabelecem a partir de um desenho do que é cabido para
cada sexo dentro das relações afetivas e sociais, ficando para a figura masculina a soberania e
para a feminina a subordinação onde, por serem permeados por símbolos subjetivos, pela
agressividade e opressão, é desvelada a construção de uma hierarquia social e de
relacionamentos afetivos abusivos que se apoia na chancela dos costumes sociais (BLAY, 2003;
FONSECA; RIBEIRO; LEAL, 2012; MONTEIRO; SOUZA, 2007; SILVA, 2018). À vista disso, a mulher
é verazmente a ocupante do lugar de vítima nas relações de gênero. Pode-se considerar que
algumas conjecturas matrimoniais e formas culturais pré-concebidas da relação entre homem
e mulher podem agravar e pré-dispor ainda mais o domínio quase absoluto do primeiro em
relação ao parceiro, estabelecendo uma espécie de autonomia para determinar as formas com
que esse irá gerir a relação, trazendo as punições física e psicológica como formas de demarcar
seu papel e reafirmar sua autoridade (BLAY, 2003; BOURDIEU, 2020; FONSECA; RIBEIRO; LEAL,
2012).

Violência contra a mulher é um conceito para definir diferentes tipos de violência sofridos por
mulheres porque são mulheres, o que inclui desde assédio moral até homicídio. É uma forma
de violência de gênero, que caracteriza agressões contra mulheres, transexuais, travestis e
homossexuais. Independente do tipo de violência cometido, os direitos humanos da mulher e
sua integridade física, psicológica e moral são desrespeitados. A violência contra a mulher
reflete questões de ordens cultural, social e religiosa que se manifestam de formas distintas
nas diferentes partes do mundo. Enraizada e apoiada no patriarcado, a violência contra a
mulher está presente tanto no espaço público quanto na vida privada, dentro de casa, nos
espaços de trabalho, em geral imposta por pessoas que a mulher conhece, convive e em quem
confia. Caso de parentes, cônjuges, amigos e pessoas com quem ela se relaciona. Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), o impacto da violência na saúde e no bem estar da
mulher podem ser depressão, estresse pós-traumático, ansiedade, suicídios, depressão pós-
parto, transmissão de infecções e AIDS. Todas as formas de violência contra a mulher
aumentaram no Brasil durante o ano de 2022. Essa conclusão foi revelada por uma pesquisa
do Instituto Datafolha, realizada a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O
levantamento ocorreu entre os dias 9 e 13 de janeiro desse ano e ouviu pessoas com idades
acima dos 16 anos em 126 cidades, em todas as regiões do país. A pesquisa inclui todas as
formas de violência contra as mulheres, desde xingamentos e ameaças até feminicídios,
passando por violências psicológicas. Batizado de "Visível e Invisível: A Vitimização de
Mulheres no Brasil", o estudo concluiu que cerca de 50 mil mulheres sofreram algum tipo de
violência a cada dia no ano passado. A maior parte das ocorrências foi direcionada a mulheres
pretas, cuja prevalência de algum tipo de violência ao longo da vida ficou em 48%, diante de
33% da população em geral. No grupo das mulheres com
escolaridade até o ensino fundamental, essa taxa chegou a 49%, das mulheres com filhos, a
44,4%, das divorciadas, a 65,3%, e das que estão na faixa etária entre 25 e 34 anos, a 48,9%. A
pesquisa apontou que um terço das mulheres brasileiras já sofreu algum episódio de violência
física ou sexual pelo menos uma vez na vida. Esse índice foi apurado pela primeira vez e é mais
alto que o registrado globalmente (27%), em um levantamento feito pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) em 2021. Quando incluídas as violências psicológicas, o número de mulheres
brasileiras que já sofreram episódios de violência sobe para 43%. Quanto às denúncias, o
estudo apurou que 45% das mulheres agredidas não pediram ajuda de nenhum tipo, 38%
afirmaram acreditar que conseguiriam resolver o problema sozinhas e 21,3% declararam que
não denunciaram por não confiarem na polícia. A maior parte das que pediram ajuda o fizeram
para familiares e amigos. Os registros de violência contra a mulher subiram 26% nos quatros
primeiros meses de 2023. Os dados são da Polícia Civil e foram solicitados pela reportagem da
Inter TV Cabugi : Entre os crimes com maior aumento entre 2022 e 2023 estão injúria (92%),
vias de fato (47%), descumprimento de medidas protetivas de urgência (40%) e difamação
(32%). No entanto, os crimes com maior número de casos registrados entre janeiro e abril são
ameaça (1.596 em 2023) e lesão corporal (1.021). O único tipo de ocorrência que registrou
queda foi o de calúnia, com diminuição de 38% dos casos de 2022 para 2023.

Os resultados mostraram que mulheres residentes de áreas rurais, de municípios de pequeno


porte (menos de dez mil habitantes) e portadoras de alguma deficiência também tiveram
maior chance de morte. Para chegar a esses resultados, a pesquisa relacionou as notificações
de violência registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e os
dados de óbito registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Os estudos
incluíram mais de 100 mil mulheres, de 15 a 59 anos, com notificação de violência interpessoal
no período de 2011 a 2016. Já os fatores associados à mortalidade foram traçados a partir da
comparação entre o grupo de mulheres que tiveram óbito, por qualquer causa, com àquelas
que permaneceram vivas, sendo que ambos os grupos apresentavam notificação de violência
por parceiro íntimo (VPI). De acordo com a pesquisadora, a violência por parceiro íntimo deve
ser vista como um problema de saúde. Por isso, é necessário que os profissionais da área
sejam capacitados para identificar as mulheres em situação de violência e realizar as
notificações. “No caso do setor saúde, a atuação dos profissionais alcança um elenco amplo de
ações, desde o acolhimento com escuta qualificada, o cuidado integral considerando os
diferentes níveis de atenção, a oferta de tratamentos adequados, a realização de
encaminhamentos e o monitoramento dos casos”, ressaltou. Para a especialista, o
aprimoramento na qualificação dos profissionais pode contribuir para reduzir a subnotificação
de casos. Ela destaca a necessidade constante de melhoria da qualidade do preenchimento das
notificações, uma vez que algumas variáveis como escolaridade, violência de repetição e
orientação sexual possuem alto percentual de não preenchimento. “É urgente que os dados da
saúde sejam utilizados para realizar o diagnóstico do perfil das mulheres com notificação de
VPI, para articular o trabalho em rede com outros órgãos no enfrentamento do problema, bem
como para traçar estratégias específicas para a proteção e garantia de direitos das mulheres
com maior risco”diz.

“Houve um aumento da violência e aponta, primeiro, a questão da falta de orçamento, porque


nos últimos quatro anos caiu muito ao orçamento dedicado às políticas relacionadas ao
enfrentamento à violência contra a mulher. Também o impacto da pandemia de COVID-19,
porque alguns equipamentos de acolhimento de mulheres ficaram fechados, outros tiveram
redução. O horário de atendimento, ou redução de funcionários, impacta bastante, porque as
mulheres que não têm onde se socorrer acabam sofrendo mais violência.” (Ivana Battaglin
2023)
Estão previstos cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher na Lei Maria da
Penha: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial − Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V.
Essas formas de agressão são complexas, perversas, não ocorrem isoladas umas das outras e
têm graves consequências para a mulher. Qualquer uma delas constitui ato de violação dos
direitos humanos e deve ser denunciada. São elas: violência física, violência psicológica,
violência sexual, violência patrimonial e violência moral. VIOLÊNCIA FÍSICA: Entendida como
qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher. VIOLÊNCIA
PSICOLÓGICA: É considerada qualquer conduta que: cause danos emocionais e diminuição da
autoestima; prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou
controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. VIOLÊNCIA SEXUAL: Trata-se de
qualquer conduta que constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não
desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. VIOLÊNCIA PATRIMONIAL:
Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou
total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. VIOLÊNCIA
MORAL: É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Feminicídio é o assassinato de uma mulher pelo simples fato de ser mulher. Os motivos mais
comuns são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre
as mulheres, comuns em sociedades marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao
feminino, como é o caso brasileiro. O Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade
Latino- Americana de Ciências Sociais (Flacso), aponta um aumento de 54% em dez anos no
número de homicídios de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.
Com a taxa de 4,8 assassinatos para 100 mil mulheres, o Brasil está entre os países com maior
índice de homicídios femininos: ocupa a quinta posição em um ranking de 83 nações. No Brasil,
55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos homicidas eram
parceiros ou ex-parceiros das vítimas, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde, e
do Mapa da Violência 2015 (Flacso). No dia 9 de março de 2015, foi sancionada a Lei nº. 13.104
que, em linhas gerais, prevê o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de
homicídio, de autoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra Mulher.
Com a sanção presidencial, o assassinato de mulher por razões de gênero (quando envolver
violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação à condição de mulher) passa a
ser incluído entre os tipos de homicídio qualificado. A pena prevista para homicídio qualificado
é de reclusão de 12 a 30 anos. "De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em
2018, a maioria das vítimas de feminicídio foram mulheres, negras, com baixa escolaridade e
idade entre 30 e 39 anos, sendo que: 61% eram negras; 70,7% haviam cursado somente o
Ensino Fundamental; 76,5% tinham entre 20 e 49 anos. O panorama apresentado pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública é alarmante: 1.206 feminicídios, 263.067 casos de violência
corporal dolosa, 66.041 estupros As três modalidades de violência contra a mulher são
cometidas majoritariamente por homens próximos, da convivência familiar. Lembre-se de que
falamos dos casos notificados. Essas estatísticas significam que, a cada 7 horas, uma mulher é
assassinada no Brasil, a cada 2 minutos, há um registro de lesão corporal. Ocorrem 180
estupros por dia no Brasil, mais da metade deles contra meninas menores de 13 anos"

“Diversos fatores contribuíram para esse aumento alarmante, algumas causas como a falta de
educação e conscientização, a desigualdade de gênero e o estresse resultante da vida
moderna. É necessário enfrentar essas causas de frente para reduzir a violência doméstica e
criar um ambiente seguro para todos. A falta de educação e conscientização é um ponto
crucial para entender o aumento da violência doméstica, muitas pessoas crescem em
ambientes onde a
violência é normalizada, seja pela falta de informações adequadas ou por modelos familiares
violentos. Isso resulta em uma reprodução do ciclo violento dentro de suas próprias relações
familiares. Além disso, a desigualdade de gênero também tem um papel importante. Em
sociedades onde as relações são baseadas em estereótipos de gênero rígidos, as mulheres
muitas vezes são tratadas como inferiores e sofrem violência física, emocional e sexual em
seus lares. A perpetuação desses estereótipos e a falta de apoio às vítimas também
contribuem para o aumento da violência doméstica. É essencial entender as causas por trás do
aumento da violência doméstica para que a sociedade possa encontrar soluções eficazes para
o problema. Educação e conscientização são fundamentais para romper o ciclo de violência,
proporcionando às pessoas informações sobre relacionamentos saudáveis e formas adequadas
de resolver conflitos. É preciso combater a desigualdade de gênero e criar programas de apoio
para as vítimas, somente assim poderemos criar um ambiente onde a violência doméstica seja
verdadeiramente combatida.” (Fabrícia de Souza Santos 2023).

“Agosto Lilás” é uma campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a


mulher, instituída por meio da Lei Estadual nº 4.969/2016, com objetivo de intensificar a
divulgação da Lei Maria da Penha, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário
fim da violência contra a mulher, divulgar os serviços especializados da rede de atendimento à
mulher em situação de violência e os mecanismos de denúncia existentes. A campanha nasceu
em 2016, idealizada pela Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM), para
comemorar os 10 anos da Lei Maria da Penha, reunindo diversos parceiros governamentais e
não-governamentais, prevendo ações de mobilização, palestras e rodas de conversa – e desde
então vem se fortalecendo e consolidando como uma grande campanha da sociedade no
enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, que já alcançou um público
aproximado de 419.404 pessoas em todo o Estado, de 2016 a 2020. A Campanha, de forma
inédita, produziu material educativo sobre a Lei Maria da Penha direcionado as mulheres com
deficiência visual, auditiva e mulheres das etnias guarani e terena, as quais receberam cd’s em
áudio com narração em braile, DVD’s de libras para mulheres surdas e cartilhas traduzidas nas
línguas indígenas. A Lei 4.069/2016 também criou o programa "Maria da Penha Vai a Escola" e
nos anos seguintes foram incorporados outras ações, como: Maria da Penha vai à Igreja, Maria
da Penha vai ao Campo, Maria da Penha vai à Empresa, Maria da Penha vai à Aldeia, Maria da
Penha vai ao Quilombo, Maria da Penha vai ao Bairro, Maria da Penha vai à Feira. No estado
de Mato Grosso do Sul, alguns municípios instituíram por Leis Municipais, as suas campanhas
“Agosto Lilás”. Água Clara, Aquidauana, Amambai, Anastácio, Aral Moreira, Batayporã, Bonito,
Campo Grande, Caracol, Caarapó, Corumbá, Chapadão do Sul, Coronel Sapucaia, Dourados,
Dois Irmãos do Buriti, Guia Lopes da Laguna, Ivinhema, Japorã, Juti, Ladário, Maracaju, Naviraí,
Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã, Ribas do Rio Pardo, Rio Verde
de MT, Rochedo, Sidrolândia e Três Lagoas, têm leis próprias criando a campanha em âmbito
municipal. Além de conseguir a mobilização no estado de Mato Grosso do Sul, a campanha
recebeu adesão de diferentes municípios e estados da federação como: Acre, São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Tocantins, Paraná, Santa Catarina, DF, Goiás, Rio Grande
do Sul, Mato Grosso, Paraná, Ceará, Roraima, Amapá, Amazonas, Espirito Santo, Paraíba,
Maranhão, Alagoas, Rio Grande do Norte, Bahia, Rondônia e Sergipe, sendo executada pelos
Poderes Legislativo e Judiciário, por diversos órgãos da segurança pública e do sistema de
justiça, Universidades, Sindicatos e outros.

A cada 12 minutos uma mulher é vítima de violência no Estado de Mato Grosso, ou seja, cerca
de cinco sofrem agressões a cada hora no Estado. Por dia, uma média de 110 mulheres
procuraram as delegacias de polícia para registrar boletins de ocorrências envolvendo
violência.
Os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) apontam que nos 274 dias, entre
01 de janeiro de 2016 a 30 de setembro de 2016, 30.370 mulheres foram vítimas de violência
em Mato Grosso. Em relação ao mesmo período do ano passado o aumento foi em torno de
32%. De janeiro a setembro de 2015 foram 22.872 ocorrências de crimes contra a mulher. O
crime que mais se destaca é o de ameaça que alcançou 13.728. Em seguida aparece o de lesão
corporal com 6.866. Ainda 150 mulheres foram vítimas de estupro neste ano, 98 foram
assediadas e 64 foram mortas. Em alguns municípios, entre 40% e 80% das denúncias de
violência são em relação à mulher. Em Cuiabá, os dados apontam que 8.153 mulheres foram
vítimas de várias formas de violência. Uma média de 30 mulheres por dia registraram
ocorrências de crimes na Capital. Os registros aumentaram em 11% relação ao mesmo período
do ano passado. De janeiro a setembro de 2015 foram 7.339 casos. Entre os dados
apresentados pela secretaria, os que mais destacam são de ameaça com 3.182, lesão corporal
1.438, estupro foram 30, 24 mulheres foram assediadas e três mortas. Na cidade de Várzea
Grande neste ano, até o mês de setembro foram 2.900 casos de violência contra a mulher. Um
aumento de 28% em relação ao mesmo período do ano passado quando foram registrados
2.250 casos. A Cidade Industrial tem mais de 10 casos por dia de mulheres vítimas dos
variados tipos de violência. Neste ano as que mais se destacam são: 1.396 ameaças, 595 lesões
corporais e 12 estupros. Os agressores podem ser monitorados por tornozeleiras eletrônicas e
as vítimas contar com “botão de alerta”.

O número de mulheres que sofreram violência do tipo lesão corporal e estupro no município
de Cáceres, em 2018, segundo a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM)
foram 281 e de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foram
22 casos de violência. O tipo de violência contra as mulheres é classificado de maneira
diferente pela DEAM e pelo SINAN. Segundo a DEAM, o tipo de violência mais sofrido pelas
mulheres na cidade de Cáceres, no ano de 2018, foi lesão corporal (59,4%), seguido de lesão
corporal e outras violências (23,8%) e estupro de vulnerável (13,9%). Segundo o SINAN, o tipo
de violência mais sofrido pelas mulheres foi violência física (54,5%), seguido de física e
psicológica (27,3%), física e sexual (9,1%) e psicológica e sexual (9,1%). O perfil das mulheres
que sofrem violência no município de Cáceres é semelhante entre os bancos de dados da
DEAM e do SINAN sendo a maioria parda, com idade entre 21 a 30 anos, casadas ou
conviventes, com ensino fundamental e do lar. É importante ressaltar que as variáveis a data
de nascimento são de preenchimento obrigatório e, portanto, têm-se nelas a exata
representatividade no que se propõe. Quando se consideram outras informações, como
raça/cor da pele, escolaridade, situação conjugal, profissão, torna-se evidente um elevado
número de campos em branco nos dados da DEAM. Quanto a incompletude dos dados, 53%
escolaridade; 54% dos campos relativos a profissão; 34% quanto a raça/cor; e, 12%
relacionado a situação conjugal. Em relação ao perfil dos agressores contra as mulheres,
segundo o banco de dados da DEAM, no município de Cáceres – MT são homens (100%), de
raça/cor da pele parda (43,4%), com idade entre 31 a 40 anos (28,8%), casados/conviventes
(44,1%), com ensino fundamental (14,5%) e trabalhadores de serviços, vendedores do
comércio em lojas e mercados (14,9%). Observa-se grande número de dados não informados
como escolaridade (64%), profissão (59,7%), cor/raça (43%) e estado civil (25%). Segundo a
DEAM, os meses que ocorreram mais casos de violência contra a mulher foram março (35),
maio (31) e junho (31). Segundo o SINAN, o mês que houve predominância de casos foi
dezembro (7), único mês com mais casos notificados no SINAN do que da DEAM. No mês de
maio e julho o SINAN não registrou nenhuma notificação. Após a verificação dos dois bancos
ressalta-se que em Cáceres no ano de 2018, apenas 07 mulheres que sofreram violência foram
atendidas no sistema policial e no sistema de saúde. Ao todo 296 mulheres sofreram algum
tipo
de violência física ou sexual, dos quais 274 registros foram realizados apenas na DEAM e 15
registros foram realizados apenas no SINAN.

Nos 3 primeiros meses de 2023, 10 mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso. O
número é igual ao registrado no Sistema de Registro de Ocorrências Policiais (SROP) no mesmo
período do ano passado. As mortes ocorreram em 4 municípios: Cáceres (4 casos), Cuiabá (3
óbitos), Rondonópolis (2 ocorrências) e Tangará da Serra (1 caso). Conforme a Secretaria de
Estado de Segurança Pública (Sesp), os números estão dentro de um universo de 23 homicídios
dolosos cometidos contra pessoas do sexo feminino, ocorridos entre janeiro e março deste
ano, em 9 municípios de Mato Grosso (Cuiabá, Sinop, Cáceres, Tangará da Serra,
Rondonópolis, Primavera do Leste, Guarantã do Norte, Vila Rica e Pontes e Lacerda). Diante
dos dados alarmantes, a juíza da 2ª Vara de Violência Doméstica de Cuiabá, Tatiane Colombo,
faz um alerta para que as mulheres busquem ajuda logo no primeiro episódio de violência
doméstica. Isso porque, ao procurarem a delegacia, as vítimas já podem sair do local com a
medida protetiva solicitada e ter acesso ao aplicativo “SOS Mulher – Botão do Pânico Virtual”.

A Comissão de Segurança Pública (CSP) aprovou o projeto de lei que concede prioridade
automática para processos judiciais de violência física contra mulheres (PL 435/2023). O
projeto segue agora para análise da Comissão de Direitos Humanos (CDH), onde receberá
decisão final no Senado. O Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 2015) já reconhece a
prioridade, mas exige solicitação por requerimento para que ela seja concedida nesses casos.
O projeto altera a lei para descartar a necessidade dessa solicitação durante o julgamento da
ação. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), relatora do texto, explica que a exigência
pode "passar despercebida" aos advogados, causando atraso desnecessário no trâmite dos
processos. O projeto foi apresentado pelo senador Jader Barbalho (MDB-PA) e aprovado sem
alterações.

Mato Grosso figura entre os três Estados do país com a maior taxa de medidas protetivas de
urgência concedidas pelos Tribunais de Justiça Estaduais em 2021. A unidade federativa
registrou 705,9 casos, a cada 100 mil mulheres, no Estado, um aumento de 26% em relação a
2020. As informações estão reunidas no 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública,
publicado no dia 28 de junho deste ano. O Estado fica atrás no ranking de medidas concedidas
apenas de Mato Grosso do Sul, em segundo lugar, com taxa de 761,3 e Rondônia, em primeiro
lugar, com 806,2 casos para cada 100 mil mulheres. Segundo o estudo, foram solicitados os
dados do número de processos com ao menos uma medida protetiva de urgência, com a
sugestão de que o parâmetro utilizado para fornecer a resposta decorra das Tabelas
Processuais Unificadas do Conselho Nacional de Justiça. O estado de Rondônia informa que,
em 2021, a quantidade de processos decididos foi maior que a quantidade de casos novos em
função do estoque processual. Em números absolutos, Mato Grosso ocupa a 11ª colocação,
com 12.430 casos de medidas protetivas de urgência concedidas em 2021. São Paulo lidera a
tabela, com mais de 67 mil medidas protetivas concedidas. Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro
completam as três primeiras posições em números totais, com 41.300 e 34.196 casos
respectivamente. Cemulher TJMT - A Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de
Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (Cemulher TJMT) elabora
e executa políticas públicas no âmbito do Poder Judiciário de Mato Grosso relativas às
mulheres em situação de violência doméstica e familiar, além da articulação com órgãos
governamentais e entes não- governamentais municipais, estaduais e nacionais para ampliar
os esforços no combate e prevenção à violência doméstica e familiar contra a mulher. Medida
Protetiva On-line - Em 2021, juntamente com o aplicativo, foi lançado o site “Medida
Protetiva On-line”, que possibilita à
mulher vítima de violência solicitar ordens judiciais de proteção sem a necessidade se deslocar
até uma delegacia.

O Senado aprovou m projeto que garante o pagamento de auxílio-aluguel, por até seis meses,
à vítima de violência doméstica. O texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). O projeto inclui o direito entre as medidas protetivas de urgência definidas pela Lei
Maria da Penha. Segundo a proposta, a assistência será de acordo com a "situação de
vulnerabilidade social e econômica" da vítima. O texto não exemplifica valores. Caberá aos
estados e municípios financiar o auxílio, por meio do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS). "Do ponto de vista econômico, a proposição permite que o auxílio-aluguel seja
graduado em função da situação de vulnerabilidade social e econômica da vítima. Assim, o
benefício admite ajustes e focalizações capazes de garantir que, em cada caso concreto, a
proteção conferida à vítima seja, de fato, eficaz e integral", disse a relatora, Margareth Buzetti
(PSD-MT).

2. Elaboração do plano de trabalho

Será realizado um treinamento sobre o preenchimento da ficha de notificação de violência


interpessoal/autoprovocada (anexo 1) com os alunos que farão parte do projeto de extensão,
a capacitação será realizada pelos profissionais da vigilância epidemiológica de Cáceres-MT.
Após o treinamento será realizado o preenchimento das fichas por meio dos casos dos agravos
registrados na delegacia da mulher de Cáceres-MT. As fichas de preenchimento são
disponibilizadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e utilizadas em
todo território nacional.

Será realizado uma roda de conversa sobre a importância do acolhimento com os profissionais
que fazem o boletim de ocorrência na delegacia da mulher de Cáceres-MT.

3. Descrição da forma de envolvimento do público participante

Será realizado uma roda de conversa sobre a importância do acolhimento com os profissionais
que fazem o boletim de ocorrência na delegacia da mulher de Cáceres-MT.

4. Cronograma

Atividades Datas

Elaboração do projeto

Capacitação dos alunos para ficha de


notificação

Preenchimento dos casos nas fichas de


notificação
Preenchimento dos casos nas fichas de
notificação

Cepex

Relatórios

5. Descrição da atuação do grupo de trabalho

Atividades Datas Presenças


Projeto
Oficina

Presenças Datas Nomes

6. Metas, critérios ou indicadores de avaliação do projeto.

Metas, critérios ou indicadores de avaliação do projeto serão fazer a roda de conversa com os
profissionais da delegacia da mulher de Cáceres-mt.
7. Recursos previstos

Os recursos previstos serão fichas e canetas.

Fontes utilizadas na introdução:

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/historico-da-violencia

https://www.fundobrasil.org.br/blog/violencia-contra-a-mulher-como-identificar-e-combater/

https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/546409#:~:text=A%20pesquisa%20apo
ntou%20que%20um,Sa%C3%BAde%20(OMS)%20em%202021

https://g1.globo.com/google/amp/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2023/05/03/registros-de-
violencia-contra-a-mulher-sobem-26percent-nos-primeiros-quatro-meses-de-2023-no-
rn.ghtml

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/mulheres-pretas-tem-maiores-chances-de-morte-por-
violencia-interpessoal-diz-estudo/

https://www.ufrgs.br/humanista/2023/08/01/violencia-contra-mulher-anuario-seguranca-
publica/

https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de- violencia.html#:~:text=Est
%C3%A3o%20previstos%20cinco%20tipos%20de,%2C%20III%2C%20 IV%20e%20V

https://www.tjrj.jus.br/web/guest/observatorio-judicial-violencia-mulher/o-que-e-a-violencia-
domestica-e-o-feminicidio

https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/violencia-contra-a-mulher.htm

https://www.ufrgs.br/humanista/2023/08/01/violencia-contra-mulher-anuario-seguranca-
publica/

https://www.naosecale.ms.gov.br/agosto-lilas/

https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/download/12941/11662/169943

https://www.expressaonoticias.com.br/mt-registra-10-feminicidios-nos-3-primeiros-meses-
do-ano-caceres-lidera-com-4-mortes/

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/08/08/caso-de-violencia-contra-
mulher-tera-prioridade-automatica-em-tribunais-aprova-csp

https://www.tjmt.jus.br/noticias/70039

https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/08/16/senado-aprova-projeto-que-preve-auxilio-
aluguel-a-mulher-vitima-de-violencia.ghtml?UTM_SOURCE=whatsapp&UTM_MEDIUM=share-
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