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GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

TRABALHO PARA NOTA DE P2

SAÚDE AMBIENTAL

Disciplina: Políticas Públicas de Saúde

Professora: Mônica Lugão

Turma: PS10

Gabriela Torres e Silva

Luciana Guimarães

2023.1
O meio ambiente pode estar relacionado com a saúde de diversas
formas, ou seja, com os vários ambientes, que podem ser: natural, artificial,
cultural, do trabalho e patrimônio genético; como a casa, o rural e o urbano, as
florestas, os rios e os oceanos. É no meio ambiente que estão os suportes à
vida, como o ar, os alimentos, a água para consumo humano, os combustíveis,
os compostos bioquímicos, o clima, os solos e os benefícios não materiais
obtidos dos ecossistemas, como o lazer, os aspectos culturais, entre outros.

O campo da saúde ambiental compreende a área da saúde pública,


afeita ao conhecimento científico e à formulação de políticas públicas e, às
correspondentes intervenções relacionadas à interação entre a saúde humana
e os fatores do meio ambiente natural e antrópico que a determinam,
condicionam e influenciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser
humano sob o ponto de vista da sustentabilidade (BRASIL, 2007).

Saúde Ambiental são todos aqueles aspectos da saúde


humana, incluindo a qualidade de vida, que estão
determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e
psicológicos no meio ambiente. Também se refere à teoria e
prática de prevenir ou controlar tais fatores de risco que,
potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais
e futuras (OMS, 1993).

Um marco importante para a saúde e meio ambiente foi a Conferência


das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano ocorreu entre 5 e 16 de
junho de 1972, na capital da Suécia. Esse foi o primeiro evento organizado pela
Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir questões ambientais de
maneira global. Essa Conferência é considerada um marco na história da
preservação do meio ambiente, pois pela primeira vez, dirigentes do mundo
inteiro se reuniram para falar sobre o tema, onde, contou com representantes
de 113 países, entre eles o Brasil, e de 400 organizações governamentais e
não-governamentais.

A Conferência de Estocolmo teve como objetivo discutir as


consequências da degradação do meio ambiente, sendo assim: discutir as
mudanças climáticas e a qualidade da água; debater soluções para reduzir os
desastres naturais; reduzir e encontrar soluções para a modificação da
paisagem; elaborar as bases do desenvolvimento sustentável; limitar a
utilização de pesticidas na agricultura e reduzir a quantidade de metais
pesados lançados na natureza. O encontro também abordou as políticas de
desenvolvimento humano e a busca por uma visão comum de preservação dos
recursos naturais. Segundo Ribeiro (2001), na Conferência, além da poluição
atmosférica, que já preocupava a comunidade científica, foram tratadas a
poluição da água e a do solo provenientes da industrialização e a pressão do
crescimento demográfico sobre os recursos naturais.

Desde então, as questões relacionadas à saúde ambiental, em âmbito


mundial e no Brasil, têm demandado um crescente e necessário empenho das
instâncias governamentais para implementar ações de controle e prevenção
dos riscos ambientais que impactam negativamente a saúde humana. O
padrão de desenvolvimento não-sustentável vivido contribui para a
deterioração do meio ambiente, o que por sua vez irá afetar a qualidade de
vida das pessoas, à medida que afeta as condições de saúde dos seres
humanos conforme ocorrem as alterações ambientais.

As medidas implementadas atualmente ainda não são realizadas de


forma satisfatória, pois são majoritariamente voltadas para o meio ambiente e
falham em agir em defesa da saúde. Faltam, ainda, políticas públicas voltadas
para a melhoria da infraestrutura urbana, em aspectos como saneamento
básico, serviços de abastecimento de água e gerenciamento de resíduos.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em


2015, 5,9 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morreram e
as principais causas de morte de crianças em todo o mundo foram pneumonia,
prematuridade, complicações relacionadas com o parto, sepse neonatal,
anomalias congênitas, diarreia, traumatismos e malária. A maioria dessas
doenças e condições é causada, ao menos parcialmente, pelo ambiente. Em
2012, estimou-se que 26% das mortes e 25% da carga de doença total em
crianças menores de cinco anos poderiam ser evitadas pela redução dos riscos
ambientais, como poluição do ar, contaminação da água e a falta de acesso
aos serviços de saneamento básico, higiene e a exposição a substâncias
químicas (OPAS, 2018).
A vulnerabilidade às doenças, a exposição ambiental e seus efeitos
sobre a saúde distribuem-se de maneira diferente a depender dos indivíduos,
das regiões e dos grupos sociais, e relacionam-se com a pobreza, o modelo de
desenvolvimento social e econômico, a cultura, a organização do território e o
nível educacional, por exemplo. As atividades produtivas, em especial, alteram
o ambiente de maneira mais significativa, gerando exposição humana a
possíveis efeitos negativos à saúde.

As condições de vulnerabilidade resultam de processos sociais e


mudanças ambientais que é denominada de vulnerabilidade socioambiental,
pois combinam: processos sociais relacionados à precariedade das condições
de vida e proteção social influenciados pelo trabalho, renda, saúde e educação;
aspectos ligados à infraestrutura, como habitações saudáveis e seguras,
estradas e saneamento, que tornam determinados grupos populacionais
vulneráveis, principalmente mulheres, crianças e pessoas de baixa renda;
mudanças ambientais resultantes da degradação ambiental, como áreas de
proteção ambiental ocupadas, desmatamento de encostas e leitos de rios,
poluição de águas, solos e atmosfera, que tornam determinadas áreas mais
vulneráveis.

Cabe ao SUS assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar


para todos, em todas as idades a partir da definição de um conjunto de metas
que tornem factível o alcance da agenda central da Organização das Nações
Unidas (ONU) para estabelecer, implementar e monitorar os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o período de 2015 a 2030.

No âmbito das ações do setor saúde, essa concepção que engloba a


exposição ambiental e seus efeitos sobre a saúde, e que tem um olhar
ampliado sobre o que condiciona e determina a saúde das pessoas, orienta o
trabalho e a atuação da Vigilância em Saúde em articulação com a Atenção
Primária à Saúde (APS), por meio de seus sistemas e redes, entre outros.

Ao considerar os aspectos de natureza econômica, social, ambiental,


cultural, política e suas mediações, a Vigilância em Saúde fomenta a
capacidade de identificar onde e como devem ser feitas as intervenções de
maior impacto no território, visando à promoção da saúde. Assim, a Vigilância
em Saúde Ambiental (VSA), uma das áreas da Vigilância em Saúde, deve se
organizar e orientar a população com base nos modelos locais de produção, da
organização política, territorial, ambiental, social e cultural.

As estratégias de integração relacionadas à organização no território e


ao processo de trabalho das equipes que atuam na VSA e na APS têm como
objetivo possibilitar uma nova prática com foco no cuidado ao indivíduo, à
família e considera o ambiente que os rodeia. Nesse sentido, a Política
Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS) é orientadora, com diretrizes para a
integração e alcance dos direitos da população à saúde integral e no
cumprimento dos princípios e das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).

Conforme estipulado no Decreto nº 8.867/2016, é atribuição da


Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a formulação e implementação de
ações de promoção e proteção à saúde relacionadas ao Subsistema de
Vigilância em saúde ambiental. Nesse sentido, a Funasa, órgão executivo do
Ministério da Saúde, possui todos os requisitos e atributos capazes de adotar
medidas e executar ações de promoção da saúde ambiental, prevenção e
controle dos fatores de riscos relacionados às doenças e outros agravos à
saúde relacionadas ao meio ambiente.

Dessa forma, compete à Funasa, por meio do Departamento de Saúde


Ambiental (Desam), planejar, coordenar, supervisionar e monitorar a execução
das atividades relativas a:

I - formulação e implementação de ações de promoção e proteção à


saúde ambiental, em consonância com a política do Subsistema Nacional de
Vigilância em Saúde Ambiental;

II - controle da qualidade da água para consumo humano proveniente de


sistemas de abastecimento público, conforme critérios e parâmetros
estabelecidos pelo Ministério da Saúde;

III - apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas na área de


atuação da Funasa;

IV - fomento à educação em saúde ambiental.


Conclui-se que o campo da saúde ambiental é de extrema importância
para a qualidade de vida dos indivíduos. É possível fazer a articulação deste
campo com diversas outras áreas, como o campo da saúde do trabalhador e a
área de educação em saúde, visto que podem se complementar e trazer
maiores benefícios para a luta dessas causas. Embora a política de atuação
em saúde ambiental brasileira seja teoricamente abrangente quanto a medidas
de proteção à saúde dos indivíduos, na prática ainda há muito a ser feito. É
necessário o fortalecimento desse campo, a fim de que ambos governo e
sociedade civil sejam capazes de enfrentar os determinantes socioambientais e
atuar juntos para a melhoria da qualidade de vida da população.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno temático do Programa Saúde na


Escola: Saúde Ambiental. Ministério da Saúde, Ministério da Educação.
Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

Saúde Ambiental para Redução dos Riscos à Saúde Humana. Fundação


Nacional de Saúde, 2020. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/saude-
ambiental-para-reducao-dos-riscos-a-saude-humana>. Acesso em: 30 de nov.,
2023.

RADICCHE, A. L. A.; LEMOS, A. F. Saúde ambiental. Belo Horizonte:


Nescon/UFMG, Coopmed, 2009.

RIBEIRO, W. C. A ordem ambiental internacional. 1. Ed. São Paulo:


Contexto, 2001.

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