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Resultados

Passando agora para os resultados e analisando a performance dos participantes nos testes de
cada medida:

• Leitura de palavras: baixa performance em todos os grupos.


• Linguagem oral: grupos apresentaram resultados semelhantes
• Por sua vez, conhecimento morfológico e semântico: diferenças entre grupos => idiomas mais
consistentes, os quais são também morfologicamente mais complexos do que o inglês,
apresentaram maiores níveis de realização por parte das crianças.
• Eficiência de leitura: semelhante entre grupos, exceto leitura de pseudopalavras em inglês que
foi relativamente baixa => visto em inglês a correspondência entre letras e sons pode ser mais
irregular do que noutros idiomas, o que torna a decodificação de pseudopalavras mais
desafiadora.
• Compreensão de leitura: melhor performance por parte dos grupos de ortografia consistente
em comparação com o inglês.
De seguida, analisando quais as medidas da pré-escolar que revelam ser preditores da
decodificação no 1º ano, deparamo-nos com:

• Tanto leitura de palavras, consciência fonémica/conhecimento de letras como nomeação


rápida automatizada, revelaram ser preditores da decodificação em todos os idiomas, no final
do 1º ano.
• É de ressaltar que a decodificação no tempo 1 e a consciência fonémica/ conhecimento de
letras revelou ser um preditor mais forte na língua inglesa, devido ao papel crítico dessas
medidas para o domínio das habilidades de decodificação em inglês nessa fase inicial do
desenvolvimento da leitura.
• Porém a decodificação não é prevista pelas habilidades de linguagem oral em nenhum idioma,
apresentando valores muito baixos.
No que toca aos preditores da compreensão de leitura, e de forma sintetizada, como podemos
ver na tabela a decodificação revelou ser preditor em todos os idiomas, enquanto a linguagem só foi
preditor nos idiomas consistentes. Como podemos ver nestes gráficos:

• A decodificação foi um preditor mais forte no inglês e moderado no espanhol, eslovaco e


checo.
• Como podemos ver a ser apontado pela seta azul, no espanhol e eslovaco, houve uma relação
curvilínea negativa entre decodificação e compreensão de leitura, onde o aumento da
eficiência de leitura deixa de estar tão relacionado com o aumento da compreensão de leitura.
Esse efeito foi mais pronunciado em crianças com habilidades de decodificação mais fortes,
indicando, que as habilidades de decodificação eram mais preditivas da compreensão de
leitura para fracos do que para bons descodificadores, ao passo que as competências dos bons
leitores já eram mais homogéneas no final do primeiro ano.
• O facto de não ter acontecido o mesmo no grupo checo não é explicado mas supõe se que
tenha sido devido à aleatoriedade da amostra.
• A Linguagem no Eslovaco apresentou valores mais significativos, seguido do espanhol e
checo;
• E não foi preditor no inglês -> na discussão iremos discutir o porquê dessa dependência da
decodificação por parte das crianças inglesas.
Por fim, ao analisar os efeitos indiretos das medidas no pré-escolar na compreensão
de leitura do 2º ano, através da decodificação no 1º ano:
• Houve efeitos indiretos significativos das medidas leitura de palavras, consciência fonémica/
conhecimento de letras e Nomeação rápida automatizada em inglês, espanhol e checo.
Eslovaco não foi significativo.
• Porém, a linguagem não foi significativa para nenhum idioma.

Discussão
Passando para a discussão do nosso artigo e analisando as suas hipóteses:
1. Confirmada
2. A segunda é refutada, visto as habilidades de compreensão de linguagem oral não preverem a
decodificação.
3. Como a segunda é refutada, a terceira por sua vez também é.
4. A quarta também é refutada
5. A quinta é confirmada pelos resultados
6. A sexta também é confirmada
Este estudo provou que as crianças que aprendem ortografias relativamente consistentes
tendem a ser leitoras de palavras mais avançadas até o final do 1º ano e compreendem melhor o que
leem no 2º ano em comparação com as crianças que aprendem inglês => tal acontecesse devido à
facilidade que as crianças que aprendem ortografias consistentes têm em decodificar palavras.
Os autores depararam-se com uma componente peculiar nos idiomas espanhol e eslovaco
onde resultados indicaram que a habilidade de decodificação era mais preditiva da compreensão de
leitura para decodificadores fracos em comparação com bons decodificadores. Tal alinha-se com o
modelo da “simple view of reading”, onde o efeito da decodificação na compreensão de leitura
diminui com a habilidade e experiência de decodificação.
Alem disso, segundo o mesmo modelo, tanto a decodificação como a compreensão de
linguagem oral são preditores da compreensão de leitura, no entanto no grupo inglês tal não se
verificou, visto a decodificação ser preditor único da compreensão de leitura. Seria de supor que tal
resultado servia para refutar o modelo, porém é de ressaltar a altura em que os testes foram realizados.
As crianças inglesas naquela fase do desenvolvimento estão mais focadas na decodificação, por ser
uma língua pouco consistente, daí negligenciarem as habilidades de compreensão de linguagem oral.
É de supor por isso que se este estudo tivesse sido realizado num estágio mais avançado,
provavelmente a compreensão de linguagem oral seria também preditor da compreensão de leitura.
Além disso, a conclusão de que variações precoces na leitura de palavras, consciência
fonémica/ conhecimento de letras e nomeação rápida automatizada predizem variações nas
habilidades de decodificação é consistente com estudos como Landerl et al, 2018 e Peterson et al,.
2017, no entanto tais estudos adicionaram às habilidades fundamentais mencionadas, a leitura ao
longo do tempo.
Por ultimo, os resultados do estudo estão de acordo com Hulme & Snowling, 2013 que
enfatiza o papel critico desempenhado pela consciência fonémica, conhecimento de letras e nomeação
rápida automatizada para o domínio das habilidades de decodificação em inglês nessa fase inicial do
desenvolvimento da leitura.
Foram poucas as limitações que encontrámos, salientando-se apenas a diferença de idades
entre as amostras que vai até aos 12 meses de idade, podendo influenciar os resultados

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