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Vimos que as pessoas se acham melhores que as outras (e.g.

, mais competentes, mais morais e


menos propensas a risco). Isto pode querer dizer 1 de 3 coisas:

1) as pessoas têm uma visão (irrealisticamente) positiva de si mesmas, e uma visão mais moderada
(e realista) dos outros (i.e., eu + vs. outros ø);

2) as pessoas têm uma visão moderada (e realista) de si mesmas, e uma visão (irrealisticamente)
negativa dos outros (i.e., eu ø vs. outros -);

3) as pessoas têm uma visão (irrealisticamente) positiva de si mesmas, e uma visão


(irrealisticamente) negativa dos outros (i.e., eu + vs. outros -).

Qual destas é mais provável e está por detrás dos enviesamentos comparativos, como o efeito
melhor-do-que-a-média ou o optimismo irrealista: Pensar bem de mim (auto-enaltecimento) e/ou
pensar mal dos outros (hetero-derrogação)?

Relacionado com a anterior: Presumivelmente nós rodeamo-nos de pessoas boas (amigos, familiares
e parceiros românticos). Porém, os estudos sobre enviesamentos comparativos parecem sugerir que
somos céticos e pessimistas quanto às outras pessoas.

Que outras pessoas são estas que nos vêm à mente quando nos estamos a comparar com as outras
pessoas em geral? Porque é que esperamos o pior dos outros?

Desconhecido

Hoorens et al. (2012): auto-enaltecimento provoca desejabilidade social muito fraca, levando a uma
avaliação desfavorável do locutor. Por outro lado, J. Amaral (2020), mostra o padrão oposto quando
essas avaliações comparativas são dirigidas a pessoas próximas.

Apesar de muitas vezes estar associado a pouca credibilidade (Wallace et al., 2020ab), e havendo
muitas vezes necessidade de se procurar ser objetivo e concreto (Choshen-Hillel & Caruso, 2018),
existem outras situações em que algum favoritismo é aceite e até esperado aquando de interações
com pessoas próximas.

Hipótese de Hubris de Hoorens et al. (2012): uma comparação por igualdade e um enaltecimento,
ambos referentes a um “outro”, são igualmente bem-vistos. Isto é, não houve diferenças no
julgamento destas duas comparações, quando o sujeito da frase se tratava de outra pessoa. Por
outro lado, confirmou-se que um auto enaltecimento era visto negativamente, mas uma
comparação por igualdade era vista positivamente

É também de notar como enaltecimentos de pessoas próximas podem servir como forma indireta de
apresentar uma imagem mais favorável do próprio, uma vez que este tipo de comparações sociais
suscitam uma boa impressão do locutor nas outras pessoas.

Enviesamento de respostas: Os que dependem das características pessoais, das características dos
instrumentos de avaliação utilizados, e dos contextos em que estes são aplicados, são
particularmente evidentes quando os sujeitos se reportam aos seus traços de personalidade,
atitudes pessoais e comportamentos (Paulhus, 1991; Wetzel, Böhnke, & Brown, 2016).
Desejabilidade Social: consiste num dos tipos de enviesamento de respostas, pode ser
classicamente definida como uma tendência presente nos sujeitos para atribuírem a si próprios
atitudes ou comportamentos com valores socialmente desejáveis e para rejeitarem em si mesmos a
presença de atitudes ou comportamentos com valores socialmente indesejáveis.

E as motivações subjacentes a este padrão de resposta, que podem ser conscientes ou não
conscientes, são diversas: autoengano, fraca afirmação pessoal, necessidade de atenção,
necessidade Editorial Uma nota sobre a Desejabilidade Social e o Enviesamento de Respostas DOI:
http://dx.doi.org/10.15689/ap.2017.1603.ed Avaliação Psicológica, 2017, 16(3), pp. 253-386 de
aprovação (desejo de agradar ao examinador), necessidade de autoproteção (desejo de proteger a
sua própria imagem), fuga à crítica, conformismo social, entre outros (Anastasi & Urbina, 2000;
Eysenck & Eysenck, 1976).

Como é que as pessoas geralmente conseguem sentir-se bem e pensar bem de si próprias, e se
consideram melhores do que os outros?

Várias estratégias de auto-enaltecimento:

- auto-categorização estratégica (Cialdini et al., 1976; Kunda & Sanitioso, 1989; Mussweiler et al.,
2000)

- avaliação estratégica dos outros (Alicke et al., 1997) - definição idiossincrática de conceitos sociais
(Dunning et al., 1989, 1991, 1995; Dunning & Cohen, 1992)

- gerir or percepcionar erradamente o ambiente social (Sanitioso & Wlodarski, 2004; Sherman et al.,
1984)

- regular a quantidade e qualidade de informação (Ditto & Lopez, 1992; Kunda, 1987; Liberman &
Chaiken, 1992; Lord et al., 1979)

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