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Descrição e interpretação da

Actividade Cognoscitiva

A Estrutura do acto de conhecer


O que é o conhecimento?

“O conhecimento é um estado muitíssimo


valorizado no qual uma pessoa está em
contacto cognitivo com a realidade.”
Linda Zagzebski
Conceitos Fundamentais:
a. Definição tradicional de conhecimento: o conhecimento como crença verdadeira
justificada
Crença Convicção ou opinião

Todo o conhecimento envolve uma crença. (Quando sabemos algo, acreditamos nesse
algo). Sem crença não há conhecimento.

A crença não é condição suficiente para o conhecimento.


Saber e acreditar são coisas distintas. Conhecimento e crença não são equivalentes.
Há crenças falsas.
O conhecimento é factivo, isto é, não se pode conhecer falsidades. A verdade é uma
condição necessária para o conhecimento.

A crença verdadeira não é suficiente para o conhecimento.

A crença tem que ser justificada.

A justificação é uma condição necessária para o conhecimento.


Uma crença está justificada quando há boas razões a favor da
verdade dessa crença.
Definição platónica de conhecimento:

“ (...) a crença verdadeira acompanhada de razão (logos) é conhecimento


e a crença desprovida de razão (logos) está fora do conhecimento.”
Platão, Teeteto

Objecções a esta concepção de conhecimento:


1. Se todo o conhecimento tem que ser sempre uma opinião verdadeira,
então todos os nossos conhecimentos tinham que ser infalíveis. Mas
muitas opiniões tidas como verdadeiras revelaram-se falsas. Poderá
concluir-se que essas opiniões não eram verdadeiras?

2. Se todo o conhecimento tem que ser verdadeiro, então não haveria


progresso na ciência. Ora, tem-se verificado progresso nas crenças dos
cientistas. Poderá, então concluir-se que essas crenças (abandonadas)
não eram verdadeiras?
b. Superação da perspectiva tradicional de conhecimento:

- Conhecimento e verdade são dois conceitos distintos mas solidários


entre si;
-O que conhecemos é uma aproximação ao que existe na realidade;
-Nenhum conhecimento é absoluto.
- Nenhum conhecimento é a verdade, mas um conhecimento que não
fosse nada verdadeiro não poderia distinguir-se de um erro, ilusão,
delírio.
c. Conhecimentos a priori e a posteriori
A priori * A posteriori (empírico)
Um sujeito sabe que P a priori se, e só se, Um sujeito sabe que P a posteriori se, e só
sabe que P independentemente da se, P através da experiência.
experiência, ou pelo pensamento apenas. Ex.: Saber que Joana está na praia por vê-la
Ex. Saber que dois mais dois são quatro. na praia.

Definição kantiana de juízos a priori e a posteriori:

“Designaremos doravante por juízos a priori não aqueles que dependem desta ou
daquela experiência, mas aqueles em que se verifica absoluta independência de toda e
qualquer experiência. A estes opõe-se o conhecimento empírico, o qual é o
conhecimento apenas possível a posteriori, isto é, através da experiência.”
Kant, Crítica da Razão Pura

* A priori não significa inato.


d. Imanente vs transcendente

Imanente Transcendente
Do ponto de vista Do ponto de vista gnosiológico
gnosiológico* diz-se que a diz-se que a realidade que o
razão é uma capacidade sujeito do conhecimento
imanente ao homem, quer pretende conhecer lhe é
dizer, está na sua natureza ou transcendente, quer dizer, o
essência, é uma característica ultrapassa, está no seu
co-presente. exterior, é objecto (objectum).

Gnosiologia: A palavra é formada a partir do grego gnosis


(conhecimento) e logos (doutrina, teoria), significa a doutrina
que se debruça sobre o conhecimento, a teoria do
conhecimento.
A gnosiologia estuda, portanto, o sujeito e o objecto
implicados no acto do conhecimento humano, debruçando-se
essencialmente sobre problemas como a origem, a natureza e
a possibilidade do conhecimento.
I. A perspectiva Fenomenológica*
Que elementos estão presentes no acto de conhecer?
Que significa dizer que conhecemos este ou aquele
objecto?
“Em todo o conhecimento, um "cognoscente" e um
"conhecido", um sujeito e um objecto encontram-se
face a face. A relação que existe entre os dois é o
próprio conhecimento. A oposição dos dois termos
não pode ser suprimida; esta oposição significa que
os dois termos são originariamente separados um do
outro, transcendentes um ao outro.

* A palavra fenomenologia vem do grego phaenomenon + logos. Trata-se da área que


estuda os fenómenos. Faz uma análise descritiva das características essenciais do
conhecimento, enquanto fenómeno. Interessa-se pelo o que aparece à consciência
quando vivemos aquilo que designamos por conhecimento.
Os dois termos da relação não podem ser
separados dela sem deixar de ser sujeito e
objecto. O sujeito só é sujeito em relação a
um objecto e o objecto só é objecto em
relação a um sujeito. Cada um deles é o que é
em relação ao outro. Estão ligados um ao
outro por uma estreita relação; condicionam-
se reciprocamente. A sua relação é uma
correlação.
A relação constitutiva do conhecimento é dupla,
mas não é reversível. O facto de desempenhar
o papel de sujeito em relação a um objecto é
diferente do facto de desempenhar o papel de
objecto em relação a um sujeito. No interior
da correlação, sujeito e objecto não são,
portanto, permutáveis, a sua função é na sua
essência diferente. (...)
A função do sujeito consiste em apreender o
objecto; a do objecto em poder ser
apreendido pelo sujeito e em sê-lo
efectivamente.
Considerada do lado do sujeito, esta
apreensão pode ser descrita como uma saída
do sujeito para fora da sua própria esfera e
como uma incursão na esfera do objecto, a
qual é, para o sujeito, transcendente e
heterogénea. O sujeito apreende as
determinações do objecto e, ao aprendê-las,
introdu-las, fá-las entrar na sua própria esfera.
O sujeito não pode captar as propriedades do
objecto senão fora de si mesmo, pois a
oposição do sujeito e do objecto não
desaparece na união que o acto do
conhecimento estabelece entre eles;
permanece indestrutível. A consciência dessa
oposição é um aspecto essencial da
consciência do objecto. O objecto, mesmo
quando é apreendido, permanece para o
sujeito algo exterior; é sempre o objectum,
quer dizer, o que está diante dele.
O sujeito não pode captar o objecto sem sair de
si (sem se transcender); mas não pode ter
consciência do que é apreendido, sem entrar
em si, sem se reencontrar na sua própria
esfera. O conhecimento realiza-se, por assim
dizer, em três tempos: o sujeito sai de si, está
fora de si e regressa finalmente a si.
O facto de que o sujeito saia de si para
apreender o objecto não muda nada neste. O
objecto não se torna por isso imanente. As
características do objecto, se bem que sejam
apreendidas e como que introduzidas na
esfera do sujeito, não são, contudo,
deslocadas. Apreender o objecto não significa
fazê-lo entrar no sujeito, mas sim reproduzir
neste as determinações do objecto numa
construção que terá um conteúdo idêntico ao
do objecto.
Esta construção operada no conhecimento é a
"imagem" do objecto. O objecto não é
modificado pelo sujeito, mas sim o sujeito
pelo objecto. Apenas no sujeito alguma coisa
se transformou pelo acto do conhecimento.
No objecto nada de novo foi criado; mas no
sujeito nasce a consciência do objecto com o
seu conteúdo, a imagem do objecto.

N. HARTMANN, Les Principes d'une Métaphysique de la


Connaissance.
Ideias centrais do texto de N. Hartmann:
1. O conhecimento é o acto no qual o sujeito e o
objecto entram em relação e dessa relação
resulta a afecção do sujeito pelo objecto e a
apreensão do objecto pelo sujeito. Quer dizer:
o sujeito é de algum modo modificado ou
estimulado pelo objecto ou pelas suas
propriedades e o objecto é de algum modo
apreendido pelo sujeito de acordo com as
capacidades cognoscitivas deste.
2. Não é o objecto mesmo, mas sim uma sua
imagem ou representação aquilo que o sujeito
apreende. Essa imagem tem de ter alguma
relação com o objecto, mas não é o objecto
mesmo: este é exterior ao sujeito e tem
existência física e material autónoma, ao
passo que a imagem tem existência mental e é
imanente ao sujeito.
A imagem refere-se ao objecto, mas este não se
reduz às imagens que dele temos. Por isso,
não só são possíveis diferentes imagens e
representações consoante os diferentes
sujeitos, mas também são possíveis
representações mais objectivas ou menos
objectivas. Nunca, porém, representações que
coincidam totalmente com os objectos que
representam.
3. A representação do objecto enquanto objecto
conhecido é, pois, em larga medida uma
construção do sujeito. Mas não uma
construção arbitrária. É uma construção
segundo o modo de percepcionar e de
conhecer do sujeito e segundo o modo como
este é afectado pelo objecto ou pelas
propriedades deste.
Afirmar isto não significa dizer que então todo o
conhecimento é relativo e absolutamente
subjectivo. Estamos a falar do sujeito humano
e os humanos têm um modo de percepcionar
e conhecer que obedece aos mesmos
pressupostos: por isso é possível entenderem-
se quando trocam entre si as suas
representações que se referem aos objectos
ou a realidades que sabem ser exteriores a si
próprios.
Por conseguinte, a actividade do sujeito na
construção da representação do objecto não
exclui, mas antes exige, a transcendência do
objecto em relação à consciência que o
representa e a transcendência do objecto,
considerado em si mesmo, relativamente ao
objecto enquanto conhecido (ou seja, à sua
representação na consciência).
4. É na consciência desta diferença e desta
transcendência que se torna possível o progresso
do nosso conhecimento, mesmo o do
conhecimento científico. Mesmo este é sempre
uma construção semi-subjectiva e semi-objectiva,
em parte dependente do sujeito e em parte
dependente do objecto. Mas nunca se alcança a
objectividade absoluta; isto é uma representação
da realidade tal que coincida com a realidade
mesma tal como ela é. O conhecimento é um
processo e por isso admite não só progresso, mas
também saltos, variações de perspectiva,
mudanças de paradigmas.
II. Problemas gnosiológicos:
A origem, a natureza e a possibilidade do
conhecimento
Tema Problema Perspectivas/Teorias

a. Origem do Qual é a origem do conhecimento? A - Racionalismo


conhecimento razão ou a experiência? Ou de ambos? - Empirismo
- Apriorismo

b. Natureza do Em que consiste o conhecimento? Será - Idealismo


conhecimento uma representação do sujeito - Realismo
provocada pelos objectos ou uma
representação subjectiva criada pela
consciência, isto é, pelo sujeito
cognoscente?
c. Possibilidade É possível conhecer? Qual é o valor do - Dogmatismo
/valor do conhecimento? Poderá o sujeito - Cepticismo
conhecimento apreender o objecto? O conhecimento
é universal ou relativo?
O racionalismo de Descartes

(1596 – 1650)
Racionalismo: Posição filosófica segundo a qual a razão tem
um papel preponderante na aquisição de conhecimento.
Racionalismo cartesiano:
- A razão é fonte do conhecimento verdadeiro;
- O conhecimento verdadeiro só existe quando é logicamente
necessário e universalmente válido;
- O modelo do conhecimento verdadeiro: matemática.
Descartes procurou fundar o conhecimento certo e
verdadeiro. Começou por utilizar a dúvida:
“Como fomos crianças antes de sermos homens, e
ora julgámos bem ora mal as coisas que se nos
apresentam aos sentidos, quando ainda não
tínhamos o uso da razão, vários juízos apressados
nos impedem de alcançar o conhecimento da
verdade, e de tal maneira nos tornam confiantes,
que não há sinal de que deles nos possamos
libertar se não tomarmos a iniciativa de duvidar,
uma vez na vida, de todas as coisas em que
encontrarmos a mínima suspeita de incerteza.”
Descartes, Princípios da Filosofia
Este texto expressa a essência do método cartesiano na
investigação da verdade: a dúvida.
DÚVIDA

Características
Metódica Considera como provisoriamente
falso aquilo que se pode colocar em
dúvida, mas com o intuito de o
submeter a uma análise racional.
Hiperbólica e radical Estende-se quer ao conhecimento
sensorial ( a posteriori), quer ao
conhecimento racional (a priori).
Catártica ou purificadora Liberta a razão dos falsos princípios.
. A filosofia só pode erguer-se com
fundamentos sólidos pelo recurso à dúvida. E
Descartes começa por colocar em dúvida todo
o conhecimento: o sensorial porque «os
nossos sentidos nos enganam algumas vezes»
e o racional porque «há homens que se
enganam ao raciocinar, até nos mais simples
temas da geometria, e neles cometem
paralogismos».
.Os enganos dos sentidos, os erros racionais e
as ilusões dos sonhos dão motivo a Descartes
para duvidar de todo o conhecimento.
É preciso encontrar crenças que resistam à
dúvida, a partir das quais seja possível
justificar infalivelmente outras crenças ou
convicções. Aquelas que não são indubitáveis
devem ser rejeitadas.
Assim, o recurso à dúvida é um meio (um
método) para chegar à certeza, ao
fundamento seguro do conhecimento.
.Desconfiando dos dados provenientes dos
sentidos, é na razão – nas ciências
matemáticas – que Descartes deposita a sua
confiança, dado que possuem «um objecto
tão simples e livre de toda a incerteza que
possa provir da experiência e por consistirem
apenas em deduzir consequências da razão».
É, portanto, um conhecimento a priori.
Por isso, pretende adoptar na filosofia um
método tão rigoroso como o da matemática,
capaz de conferir aos enunciados filosóficos um
estatuto científico (de rigor) e enuncia, na
obra Discurso do Método, as seguintes regras
para a condução do espírito:
1ª Regra: Evidência «Nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa, sem a
conhecer evidentemente como tal, isto é, evitar
cuidadosamente a precipitação; não incluir nos meus juízos
nada que se não apresentasse tão clara e distintamente ao
meu espírito, que não tivesse nenhuma ocasião para o pôr em
dúvida.» (Critério das ideias claras e distintas)
2ª Regra: Análise «Dividir cada uma das dificuldades que tivesse de abordar no
maior número possível de parcelas que fossem necessárias para
melhor as resolver.»
3ª Regra: Síntese «Conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos
objectos mais simples e fáceis de conhecer, para subir pouco a
pouco até ao conhecimento dos mais compostos.»
4ª Regra: «Fazer enumerações tão completas e revisões tão gerais, que
Enumeração tivesse a certeza de nada omitir.»
Ler o texto do manual, pág. 157-158. Percurso mental de Descartes:

1. Se duvido, penso.

2. Penso, logo existo* («cogito, ergo sum») . Esta é a 1ª verdade ou certeza


cartesiana. Com ela, Descartes ultrapassou a sua dúvida hiperbólica.
3. Sou uma coisa que pensa (res cogitans), distinta do corpo (res extensa).
4. Como duvido, sei que sou imperfeito. No entanto, tenho a ideia de um ser
perfeito. A ideia de um ser mais perfeito não pode advir de mim, que sou
imperfeito. Essa ideia tem de ter sido colocada em mim por um ser mais
perfeito do que eu - argumento pela causalidade a favor da existência de um
ser perfeito (Deus).
5. A ideia de perfeição foi colocada, em mim, por Deus. (Prova/argumento
ontológico da existência de Deus).
6. Quando examino a ideia de um ser perfeito (ou seja, a ideia de Deus),
compreendo que este tem que existir. Afinal, a propriedade de existir é algo que
um ser perfeito não pode deixar de ter: se não existir, não será perfeito.
(Variação do argumento ontológico a favor da existência de Deus).
* A duvida cartesiana é provisória: através desta ideia clara e distinta (certeza), Descartes
ultrapassa as dúvidas iniciais, distancia-se da dúvida céptica (final) e refuta a perspectiva
daqueles que negam a possibilidade do conhecimento : os cépticos.
Descartes distingue três tipos de ideias:
Adventícias São aquelas que nos chegam a partir dos sentidos .
Ex.: Sol e maçã.
Factícias São provenientes da nossa imaginação, uma combinação de imagens
fornecidas pelos sentidos e retidas na memória cuja combinação nos
permite representar (imaginar) coisas que nunca vimos.
Ex.: Sereia, unicórnio.
Inatas Só estas ideias são claras e distintas, não são inventadas por nós, mas
produzidas pelo entendimento (inteligência/pensamento) sem recurso à
experiência. Ex.: Deus, alma, conceitos matemáticos.

“A primeira e a principal [das ideias inatas] é que há um Deus de


quem todas as coisas dependem, cujas perfeições são infinitas,
cujo poder é imenso, cujos decretos são infalíveis (...).”
Descartes

Este inatismo traduz a profunda confiança que Descartes tem na


razão. Fonte de todo o conhecimento seguro e verdadeiro,
faculdade universalmente partilhada, a razão ou bom senso é
aquilo que define o homem como homem, o que o distingue dos
outros animais:
"O bom senso é a coisa que, no mundo, está mais bem
distribuída: de facto, cada um pensa estar tão bem
provido dele, que até mesmo aqueles que são os mais
difíceis de contentar em todas as outras coisas não têm
de forma nenhuma o costume de desejarem [ter] mais
do que o que têm. E nisto, não é verosímil que todos se
enganem; mas antes, isso testemunha que o poder de
bem julgar, e de distinguir o verdadeiro do falso que é
aquilo a que se chama o bom senso ou a razão, é
naturalmente igual em todos os homens; da mesma
forma que a diversidade das nossas opiniões não
provém do facto de uns serem mais razoáveis do que
outros, mas unicamente do facto de nós conduzirmos
os nossos pensamentos por vias diversas, e de não
considerarmos as mesmas coisas .”

Descartes, Discurso do Método, I Parte.


Mas, de que maneira opera a razão?
As operações da razão que conduzem à verdade
e à certeza são apenas duas: a intuição e
dedução.
INTUIÇÃO DEDUÇÃO
. Acto puro da inteligência que apreende . A dedução é, em primeiro lugar, um
directa e imediatamente noções tão simples encadeamento de intuições. Ela pressupõe
que acerca da sua validade não pode restar portanto a intuição das ideias simples e das
qualquer dúvida. Assim, o que caracteriza a relações existentes entre elas das quais
intuição é a sua clareza e distinção, o seu conclui, necessariamente, outras ideias e
carácter imediato, o facto de constituir um relações, como consequências lógicas das
acto de apreensão total e completa. anteriores.

“Por intuição entendo não a confiança . A dedução estabelece um encadeamento


flutuante que dão os sentidos ou juízo entre as proposições, um nexo lógico de
enganador de uma imaginação de más antecedente e consequente de tal modo
construções, mas o conceito que a que a verdade do antecedente exige a
inteligência pura e atenta forma com tanta verdade do consequente. Assim, a dedução
facilidade e distinção que não resta permite construir uma relação necessária
absolutamente nenhuma dúvida sobre entre as proposições de tal modo que a
aquilo que compreendemos. Deste modo, verdade das proposições intuitivas possa
cada qual pode ver por intuição que existe, passar para a conclusão. Nesse sentido, é
que pensa, que um triângulo é limitado só necessário partir de verdades evidentes
por três linhas, um corpo esférico por uma para depois, dedutivamente, descobrir
única superfície.” todas as outras ainda não conhecidas e,
Descartes, Regras para a direcção do Espírito assim, alcançar o conhecimento verdadeiro.
Em conclusão, Descartes:
. É o fundador da filosofia moderna;
. Desconfia das bases do saber tradicional;
. Pretendeu construir um sistema filosófico de bases
sólidas e indubitáveis;
. Inspirou-se no modelo matemático;
. Defende um racionalismo inatista;
- Para Descartes, um saber, uma ciência, com um
fundamento verdadeiro tem que resistir à dúvida;
- A dúvida é aplicada aos sentidos, aos objectos, ao
conhecimento matemático;
- A dúvida acaba por conduzir à primeira verdade,
ao primeiro princípio do sistema do saber;
- A condição de possibilidade do acto de duvidar só é
possível se existir um sujeito que o realize. Logo, a
existência de um sujeito que duvida é uma verdade
indubitável.
- O “cogito” é a primeira verdade e o “eu penso, logo
existo” será o critério de toda e qualquer verdade
ou evidência posterior. Serão verdadeiros todos os
conhecimentos que forem tão claros e distintos,
como este 1º conhecimento.
- Este princípio indubitável é racional.
- Conclui que Deus existe, partindo da sua imperfeição
(dado que duvida) e da ideia de perfeição. Um ser
perfeito tem que ser omnisciente (saber tudo) e ser
existente. A ideia da existência é essencial à
perfeição.
Doravante, Deus será o garante do
conhecimento verdadeiro: se confiarmos no
que compreendemos de modo claro e
distinto, chegaremos à certeza e evitaremos o
erro.
- Descartes ultrapassou o cepticismo.

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