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Juliana Caroline Pereira Valente

Biomedicina
4° semestre

Leishmaniose Tegumentar Americana


(LTA)

Santo André – SP
2022
Introdução

O uso do termo leishmaniose se refere à infecção de hospedeiros vertebrados com os


protozoários do gênero Leishmania, que como os outros tripanossomatídeos da ordem
Kinetoplástida, se caracterizam por um DNA extranuclear no seu citoplasma em uma
organela mitocondrial, o cinetoplasto. Este gênero é conhecido por apresentar duas
formas evolutivas durante o seu ciclo biológico nos organismos hospedeiros:
amastigota, que é parasito obrigatório intracelular em vertebrados, e promastigota, que
se desenvolve no tubo digestivo dos vetores invertebrados.

As leishmanioses são primariamente infecções zoonóticas, ou seja,afetando outras


espécies que não o homem, o qual pode ser envolvido secundariamente. A
transmissão se faz através da picada de espécies de flebotomídeos, pertencentes a
diferentes gêneros (Phlebotomus, Lutzomya), dependendo da localização geográfica.

A leishmaniose tem sido documentada em diversos países, sendo estimada uma


prevalência mundial de 12 milhões, com 400.000 novos casos da doença por ano. A
leishmaniose tegumentar americana encontra-se situada como uma das grandes
endemias existentes no Brasil e na América Latina.
Desenvolvimento
O diagnóstico da LTA pode ser dificultado, principalmente se o paciente não reside em
áreas endêmicas e também pela vasta possibilidade de diagnósticos diferenciais. No
caso apresentado, o paciente residia em uma região endêmica no interior do Estado
de Pernambuco, nos fornecendo assim aspectos importantes, que nos guiou a
hipótese diagnóstica para a leishmaniose.

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) pode apresentar as seguintes formas


clínicas: cutânea (LC) se caracteriza por uma pápula eritematosa que evolui para uma
úlcera geralmente indolor, normalmente aparecendo no local da picada do vetor; a
disseminada (LD), caracterizada pelo aparecimento de múltiplas lesões papulares e de
aparência acneiforme que acometem vários segmentos corporais, envolvendo com
frequência a face e o tronco; a mucosa (LM), que é uma lesão secundária que atinge
principalmente a orofaringe, com comprometimento do septo cartilaginoso e demais
áreas associadas; e a forma clínica difusa (LCD), que inicia de maneira insidiosa, com
lesão única e má resposta ao tratamento, evoluindo de forma lenta com formação de
placas e múltiplas nodulações não ulceradas recobrindo grandes extensões cutâneas.
No caso clínico em questão, o paciente apresenta uma lesão cutânea, a leishmaniose
cutânea (LC) é definida pela presença de lesões exclusivamente na pele, que se
iniciam no ponto de inoculação das promastigotas infectantes, através da picada do
vetor, para qualquer das espécies de Leishmania causadoras da doença. São
freqüentes as ulcerações com bordas elevadas, enduradas e fundo com tecido de
granulação grosseira, configurando a clássica lesão com borda em moldura, que bate
com os relatos das lesões presentes na face do paciente.

Temos apresentado no caso também, lesões na região peniana, caracterizada como


miíase. A miíase é uma dermatose parasitária que pode infestar tecidos vivos e
necróticos. O acometimento da região genital é raro, deve ser lembrado como
diagnóstico diferencial em pacientes com lesões nodulares em pênis, demandando
exame físico cuidadoso e história clínica detalhada, principalmente em países tropicais
onde a patologia é mais comum. Por isso é tão importante exames parasitológicos,
para diagnóstico preciso, nesse caso vimos que diante das lesões apresentadas o
paciente estava acometido a mais de uma patologia, além da LTA.

Em relação da Leishimania com o HIV, a leishmania, além de ser um parasita


intracelular, o que dificulta a resposta do hospedeiro, apresenta outros mecanismos de
escape imunológico que favorecem sua persistência e multiplicação no organismo, tais
como: a inibição da estimulação de linfócitos Th1, produtores de citocinas como
interleucina e interferon gama, responsáveis pela defesa celular; diminuição da
atividade de células citotóxicas naturais (NK); uma redução da expressão de
antígenos do complexo de histocompatibilidade principal classe II que dificulta o seu
reconhecimento pelas células do sistema imunológico; a inibição da expressão da
óxido nítrico sintetase, o que favorece a sobrevida intracelular do parasito.

No entanto, a susceptibilidade do indivíduo à infecção depende do tipo de resposta


imunocelular que este desenvolve após a inoculação do parasita. Esta resposta pode
variar de acordo com a espécie do parasita, a predisposição genética e o estado de
imunossupressão do hospedeiro.

Nos pacientes acometidos a uma coinfecção Leishmania-HIV, o espectro de lesão


tegumentar é variado. As lesões cutâneas podem variar de pápulas a úlceras, sendo
únicas ou múltiplas, lesões atípicas caracterizadas por máculas ou pápulas
disseminadas podem ser encontradas, porém normalmente as úlceras são mais
comuns. Em pacientes coinfectados com imunossupressão grave, as lesões podem
ser encontradas não só em áreas expostas, mas também em outras áreas não
expostas, como a região genital, por exemplo. Pode haver também manifestação de
leishmaniose tegumentar como síndrome inflamatória de reconstituição imune em
paciente com HIV, em uso de antirretrovirais; neste caso, as manifestações clínicas
são caracterizadas por aparecimento de lesões novas ou então piora de lesões
preexistentes ao início do tratamento antirretroviral (TARV).

Diante do caso apresentado, pode-se falar que os antimoniais pentavalentes


continuam sendo a droga de escolha no tratamento. A anfoterecina B encontra
indicação nos casos mais graves ou nos indivíduos que não possuem resposta ao
tratamento com antimoniais. Como foi relatado, a escolha da anfoterecina B se baseou
numa história de uso de antimonial pentavalente sem sucesso (Glucantime) e nos
aspectos clínicos bastante sugestivos da leishmaniose. A anfoterecina B é altamente
eficaz, porém apresenta alta toxicidade. A forma lipossomal age especificamente
sobre os macrófagos, sendo incorporada ao meio intracelular e assim reduzindo
efeitos colaterais, inclusive em pacientes sem resposta terapêutica aos antimoniais
pentavalentes. O tratamento local de pequenas lesões, as vezes pode não se fazer
necessário. Lesões maiores podem ser tratadas com excisão cirúrgica, curetagem ou
crioterapia. No caso clínico apresentado, não foi realizada nenhuma terapia local
devida à rapidez e alta efetividade da terapêutica medicamentosa administrada.
Diagnóstico

O exame de PCR (Reação de Polimerase em Cadeia) permite amplificar em escala


exponencial seqüência de DNA, podendo assim identificar, pequenas quantidades de
DNA de leishmaniose, com especificidade de 95%, e sensibilidade de 98% para
diagnóstico da doença.O diagnóstico laboratorial da LTA é confirmado, com encontro
do parasito, por uma pesquisa direta por aposição de tecido em lâmina, cultura em
meio específico e inoculação em hamster, exames imunológicos, como
intradermorreação de Montenegro (IDRM) e imunofluorescência indireta, são
métodos indiretos que também podem ajudar na definição diagnóstica

O IDRM é a primeira fase dos exames imunológicos, visto que tem como base
a visualização da resposta de hipersensibilidade retardada, e após essa fase,
será iniciada uma segunda etapa com testes sorológicos para detectar
anticorpos antileishmania presente no soro dos pacientes.

Conhecer a população que é afetada pela LTA em nosso País é de


fundamental importância para o estabelecimento de medidas eficazes de
controle da doença. As diferenças na morbidade, resposta ao tratamento e
prognóstico, relacionadas em parte à espécie de Leishmania, evidenciam
assim a importância da caracterização do parasita prevalente em determinada
região. Em todo conjunto, estes estudos são muito importantes para se
compreender a eco-epidemiologia da doença, para diagnosticá-la, tratá-la,
determinar os mecanismos envolvidos e assim definir estratégias e medidas
eficientes de profilaxia e controle. A imunoterapia e a imunoprofilaxia, embora
com resultados ainda preliminares, representam possibilidade futura
promissora.
Conclusão
Concluímos com o relato deste caso clínico, a importância da atuação multidisciplinar
para a conclusão de diagnóstico e planejamento para identificar o local onde o
paciente reside, identificar lesões e relatos do paciente que batem com as descrições
da leishmaniose, porém fazer um diagnóstico preciso e verificando assim que apesar
de todas as suspeitas para a leishmaniose tegumentar americana estarem certes, um
diagnóstico preciso foi necessário para entender todo o histórico clínico do paciente,
que sofria com HIV e Miíase, sendo o histórico patológico do paciente extremamente
necessário para o uso correto de medicamentos para tratamento. É de fundamental
importância também, o diagnóstico dessas lesões para se evitar em cicatrizações
desfigurantes e/ ou mutilantes e a distinção desta lesão dentre um variado número de
diagnósticos diferenciais.
BIBLIOGRAFIA

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