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Casa do Idoso: Autonomia e independência por meio do


design de interiores
Jonaly Alcolumbre Rezende – jonaly-alcolumbre@hotmail.com
Design de Interiores - Ambientação e Produção do Espaço
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Macapá, AP, 15, Agosto de 2019.

Resumo
Atualmente, com o aumento da expectativa de vida, houve um aumento significativo
da população idosa expandindo, assim, o estudo acerca dessa faixa etária com o
objetivo de proporcionar qualidade de vida. Este artigo buscou responder o seguinte
questionamento: “como através do design de interiores viabiliza a autonomia e a
independência ao idoso na sua casa?”. Baseado na hipótese através do design de
interiores é possivel desenvolver uma casa onde o idoso tenha autonomia e
independência para fazer qualquer tipo de atividade doméstica sem correr riscos ou
danos físicos. Tendo como objetivo o estudo da autonomia e independência do
idoso e como o design de interiores por meio da interdisciplinaridade do design
universal e acessibilidade podem promover essa autonomia e independência. A
coleta de dados realizou-se através de entrevista semi-estruturada com 10 idosos de
ambos os sexos, moradores da cidade de Macapá-Ap e um geriatra, que atua há 5
anos na área, no estado do Amapá. A análise dos dados foi baseada na análise de
conteúdo com abortagem qualitativa. Os resultados encontrados indicam que o
incentivo da autonomia e independência no envelhecimento é extremamente
importante e algo a ser estimulado. Portanto, o design de interiores por meio do
design universal e outras técnicas são capazes de contribuir para a promoção da
autonomia e a independência dos idosos.

Palavras-chave: Autonomia. Independência. Idoso. Acessibilidade. Design


universal.

1. Introdução
O envelhecimento é um processo que ocorre como consequência do aumento da
expectativa de vida aliada a baixa taxa de natalidade. Atualmente, houve uma
explosão de crescimento da faixa etária idosa, mas qual é o conceito que define que
uma pessoa se encaixa nessa faixa etária? Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS, 2005) considera-se como idoso a parcela da população com idade
maior ou igual há 65 anos, para os indivíduos de países desenvolvidos, e com idade
maior ou igual há 60 anos, para indivíduos de países em desenvolvimento.
O Brasil faz parte dos países que tiveram esse aumento da população idosa,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013), o
Brasil apresenta um dos mais acelerados processos de envelhecimento
populacional. Esse aumento não tem sido apenas no Brasil, a população idosa tem
crescido mundialmente. No Japão, a porcentagem de japoneses maiores de 65 anos
será de 30% da população do país em 2022. Os números só vêm crescendo
segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), nas próximas décadas
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a população mundial com mais de 60 anos vai passar dos atuais 841 milhões para 2
bilhões até 2050.
O Brasil está em um processo de envelhecimento, e em 2020, teremos 30 milhões
de idosos, mas isso não significa que todos chegarão à terceira idade com qualidade
de vida. Com o avanço da idade vêm às necessidades e limitações, essas
alterações físicas, psicológicas e sociais transformam a forma como o idoso se
relacionar consigo mesmo, com os outros e com o ambiente. De acordo com
pesquisa feita pela MC15 Consultoria, 49% dos idosos se preocupam em ser um
peso para a família. Eles buscam ter autonomia, esperam ser tratados como
qualquer adulto com capacidades de decisão e discernimento. Conforme Pasinato
(2004), o estar saudável deixa de ser associado à idade e passa a se relacionar com
a capacidade do indivíduo de prover as suas necessidades diárias, ter objetivos na
vida e de realizar novas conquistas.
Segundo Pavarini e Neri (2000), o maior desafio que a longevidade enfrenta é a
preservação da qualidade de vida, da autonomia e da independência, diante das
ameaças da perda. A velhice bem sucedida inclui uma vida com atividade e
satisfação e, consequentemente, a promoção da saúde.
Conforme Daré (2010) esta dificuldade na relação com o ambiente construído e o
idoso, vai provocando, com o passar do tempo, uma relação de hostilidade onde o
mesmo sente a sua liberdade limitada e, logo, um decréscimo da sua qualidade de
vida. Apesar de tudo, não deixa de ser uma relação ambígua no momento em que o
utilizador começa a se sentir hostil em relação ao espaço, pois, o habitat que esteve
ao longo de sua vida, foi alterado à medida das suas próprias necessidades e gosto
pessoal, conferindo-lhe uma identidade e privacidade.
Santos (2012) considera que 60% da vida do utilizador é passada no ambiente
doméstico, sendo esse um elemento de forte impacto na vida dos seus utilizadores,
podendo em situações de desajuste das necessidades do utilizador, acarretar
consequências graves ao nível psicossocial.
Criar espaços acessíveis para idosos vai muito além de dar autonomia, pois em
paralelo ao envelhecimento, cresce, também, os riscos de acidentes domésticos.
Segundo a sociedade brasileira de geriatria e gerontologia, 30% dos idosos caem
uma vez ao ano, e essas quedas que ocorrem, na maioria das vezes dentro da sua
própria casa, são responsáveis por mortes prematuras.
Esse artigo propõe-se a expor, se, através do design de interiores é possível
desenvolver diretrizes para criação de espaço que dê autonomia ao idoso para fazer
qualquer tipo de atividade doméstica dentro das suas limitações físicas e diminuindo,
assim, os riscos ou danos físicos.

2. Concepção de espaço para idosos


A concepção de espaços está extremamente ligada ao usuário que irá usufruí-lo,
quando se trata de espaços para idosos, inúmeras variáveis são levantadas. Uma
vez que, conforme Paiva e Santos (2012), o envelhecimento acarreta mudanças de
ordem física, cognitiva e emocional, e demandam espaços que atendam a essas
alterações, que interferem na funcionalidade e no desempenho de atividades diárias
dos idosos.
Segundo Barnes (2002), a arquitetura e design de lares de idosos desempenham
influência direta na qualidade de vida e prestação de cuidados voltados aos seus
usuários. Assim, os ambientes tanto residenciais, como instituições de longa
permanência para idosos, devem ser ambientes acolhedores e que promovam
autonomia, independência e privacidade.
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Santos (2012) reforça a importância dos arquitetos e designers de conhecerem as


alterações físicas e cognitivas decorrentes de todo o processo, de modo a irem de
encontro aos desejos e necessidades do utilizador, nesse caso o idoso, criando
ambientes adequados de uso intuitivo e seguros. Todas essas condicionantes
podem ser aprimoradas se, as necessidades do idoso forem analisadas e,
posteriormente, solucionadas. Segundo Santos (2012), há três categorias que
devem ser analisadas por arquitetos e designers ao projetar espaços para idosos:

Quadro 1: Os três tipos de necessidades do Idoso face ao planejamento do espaço por parte de
Arquitectos e Designers.
Fonte: Santos (2012)

Cada categoria visa solucionar um tipo de necessidade. As necessidades Físicas


estão ligadas a adequação do ambiente quanto à segurança, saúde e conforto. As
necessidades Informativas estão relacionadas à construção de uma ambiente cuja,
percepção e a cognição, sejam adequadas ao usuário e a criação de espaços
elegíveis que estimulam todos os sentidos. As necessidades Sociais estão ligadas a
promoção do controle de privacidade e interação social.
É importante ressaltar que, para a criação de espaços para idosos, devem ser
levadas em conta as mudanças biológicas que ocorrem nessa idade. Segundo
Gomes e Daré (2010), a imagem da velhice vem, muitas vezes, associada a uma
série de crenças e estereótipos negativos, relacionados ao declínio de dimensões
físicas, psicológicas e sociais. No entanto, se observa que esses indivíduos
pertencem a um grupo heterogêneo e, que a diversidade individual se acentua com
a idade.

Decréscimo na mobilidade e destreza


Decréscimo nos alcances e força
Redução da acuidade sensorial:
-Decréscimo na acuidade visual
-Dificuldade na percepção e identificação de odores
-Dificuldade na percepção dos sons (puros, frequências
altas)
-Decréscimo na sensibilidade táctil
-Sensibilidade térmica

Dificuldades na gestão do equilíbrio


Quadro 2: Síntese das alterações biológicas do organismo humano ocorridas no processo de
envelhecimento
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Fonte: Daré (2010)

Destaca-se que as perdas funcionais incidem nos sistemas vitais devido ao


envelhecimento, sendo consideradas normais e não estados de doença. As doenças
associadas à velhice não fazem parte do processo normal do envelhecimento, elas
ocorrem, sobretudo, à medida que o organismo se torna vulnerável, e os
mecanismos de defesa menos eficientes.

As limitações decorrentes do envelhecimento não são o verdadeiro


problema, uma vez que constituem o ciclo natural de vida. O problema
encontra-se na falta de interacção entre as habilidades dos indivíduos e o
ambiente no qual vivem. O grande desafio dos profissionais é o de projectar
ambientes que compensem essas limitações e que possam ser utilizados
com segurança e conforto por muitos anos. (GOMES E DARÉ, 2010:10).

Benjamin e Brent (1999) explicam a importância do ambiente arquitetônico como


fator que influencia o comportamento e a qualidade de vida de indivíduos e grupos,
eles afirmam que o ambiente arquitetônico pode proporcionar ou impedir a
privacidade, a independência, o controle e a escolha. O objetivo dos ambientes para
idosos é promover a sua autonomia.
Segundo Quevedo (2002), os edifícios e espaços para idosos devem analisar as
dimensões adequadas, logo, se torna necessário analisar as medidas
antropométricas, as medidas ergométricas e as dimensões espaciais mínimas para
a realização das diferentes atividades. Porém, os dados antropométricos da terceira
idade são escassos e há necessidade urgente de seu estudo, uma vez que, são
básicos para o desenho dos espaços internos e por referirem-se a uma parcela da
população que está em aumento.
Pensando nesse cuidado com o ambiente em que o idoso habita, a ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) criou um regulamento técnico RDC Nº
283, de 26 de setembro de 2005, que define normas de funcionamento para as
instituições de longa permanência para idosos, que tem como objetivo estabelecer o
padrão mínimo de funcionamento dessas instituições. Quanto a sua aplicabilidade, a
RDC Nº 283 (2005:2) “é aplicável a toda instituição de longa permanência para
idosos, governamental ou não governamental, destinada à moradia coletiva de
pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar”.
Segundo a RDC Nº 283 (2005), as instituições devem atender, dentre outras, os
direitos e garantias dos idosos, inclusive o respeito à liberdade de credo e a
liberdade de ir e vir, desde que não exista restrição determinada no Plano de
Atenção à Saúde; Preservar a identidade e a privacidade do idoso, assegurando um
ambiente de respeito e dignidade; Igualmente promover a convivência mista entre os
residentes de diversos graus de dependência, ambiência acolhedora, condições de
lazer para os idosos e a integração dos idosos nas atividades desenvolvidas pela
comunidade local. Criar um ambiente que favorece o desenvolvimento de atividades
conjuntas com pessoas de outras gerações, que incentiva e promove a participação
da família e da comunidade na atenção ao idoso residente. Do mesmo modo
desenvolver atividades que estimulem a autonomia dos idosos.
Assim, como em qualquer projeto, deve-se buscar atender o conforto ambiental:
conforto visual, auditivo e térmico, mas a chave para construção e planejamento de
espaços para idosos é a eliminação de barreiras, todo e qualquer tipo de obstáculo
que impede o indivíduo de usufruir do espaço físico.
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Hoje, a norma mais significativa é a NBR 9050 de 2015 que estabelece critérios e
parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, a respeito de
acessibilidade nas edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Esta
norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao
projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações
às condições de acessibilidade. A norma teve uma reformulação em 2004, onde foi
agregado o conceito de design universal aos parâmetros.
Dentro dos critérios arquitetônicos da NBR 9050 o piso deve ser estável, confortável
e com o mínimo de desníveis, se haver, esse deve ter no máximo 0,5 cm. Acerca da
iluminação, devem ter iluminação indireta, sensores de presença, luzes de
emergência e o máximo de luz natural, considerando os indivíduos que passam
bastante tempo dentro da casa, as portas devem ter maçanetas de alavancas. Com
relação ao conforto visual, são recomendadas cores claras nas paredes e utilização
de contraste entre piso e parede.
Dentro dos critérios de design de interiores da NBR 9050 destaca-se a retirada de
tapetes, sendo ele uma das causas de acidentes domésticos, retirada de fios ou
qualquer barreira no chão, no caso de uso de capachos esses devem ser aderentes.
O layout da casa deve ser pensando segundo os critérios de circulação da NBR
9050. O mobiliário deve atender as medidas antropométricas do idoso, um exemplo,
ao se escolher uma cama essa deve permitir que o idoso ao sentar nela encoste
seus pés ao chão (formando um ângulo de 90º) e que o mesmo possa levantar com
facilidade e segurança. O guarda roupa necessita ter luz interna e todos os móveis
têm que ser com quinas arredondadas, estofados com densidade alta, não deve ser
muito macio, pois dificultam no levantar.
Ao se construir espaços para idosos, vários parâmetros devem ser observados a
longo prazo como, as mudanças biológicas que poderão ocorrer no futuro e,
principalmente, empenhar-se que todos os ambientes domésticos atendam as
normas da RDC Nº 283 e da NBR 9050, que estão como auxiliadoras para
construção de um ambiente acessível e agradável ao idoso.

2.1. Design Universal e Acessibilidade


O design universal, também conhecido como design total ou design inclusivo,
defende a ideia de que produtos, serviços e ambientes possam ser utilizados pelo
maior número de pessoas possível, independentemente de suas capacidades físico-
motoras, idade, gênero, nível cultural ou habilidades. Logo, o design universal
propõe atender a diversidade humana.

Qualquer indivíduo, em determinada altura da sua vida, vivenciou


momentos em que se sentiu desconfortável em circular em determinado
espaço ou em realizar determinadas tarefas. Não porque possua uma
determinada incapacidade, mas porque a espécie humana é tão
diversificada, que factores como altura, peso ou estatura podem, em certos
ambientes, provocar a exclusão, mesmo daqueles que não reconhecem em
si uma deficiência especifica. Sendo a noção de incapacidade uma questão
muito abrangente, na medida em que, existem inúmeras situações que
tornam o ser humano mais limitado – incapacidade permanente, temporária,
sensorial, física. Na realidade, o cidadão comum não consegue prevêr se
vai sofrer de alguma deficiência temporária ou permanente, o momento em
que tal pode acontecer, nem a postura com que vai lidar com a adaptação a
esse estado. (SANTOS, 2012:25).
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O design universal propõe pensar sobre a diversidade humana e como tornar o


ambiente confortável que possa atender todas essas diversidades. Design Universal
ou Design Inclusivo, segundo Pupo et al. (2006) diz respeito ao desenvolvimento de
produtos e de espaços para serem utilizados por todas as pessoas, na maior
amplitude possível, sem a necessidade de adaptação ou design especializado.
Dentro do design universal existem sete princípios que norteiam a criação de
produto, serviços e ambientes. Esses sete princípios foram criados por
pesquisadores do The Center for Universal Design em 1997. Eles são:
1. Uso equitativo: Espaços, objetos e produtos podem ser utilizados por pessoas
com diferentes habilidades sem estigmatizar ou segregar qualquer usuário. Exemplo:
entradas de estabelecimentos que possuem portas com sensores de abre e fecha.

Figura 1 – Porta com sensor de abrir e fechar


Fonte: Aliensdesign (2017)

2. Flexibilidade no uso: Deve abranger uma extensa variedade de preferências e


habilidades pessoais, permitindo escolha do método de utilização, adaptabilidade ao
ritmo e precisão do usuário. Exemplo: tesoura que podem ser utilizadas por qualquer
pessoa, seja destra ou canhota.

Figura 2 – Tesoura para destros e canhotos


Fonte: Aliensdesign (2017)

3. Uso simples e intuitivo: De faço entendimento independente da experiência do


usuário, conhecimento, competência linguística ou concentração. Exemplo:
maçanetas que abrem facilmente.
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Figura 3 – Maçaneta alavancada


Fonte: Aliensdesign (2017)

4. Informação perceptível: Informação é transmitida de forma a comunicar e


informar, independentemente da habilidade do usuário ou ambiente em que se
encontra, seja uma pessoa estrangeira, uma pessoa com dificuldade de visão ou
audição. Exemplo: a sinalização visual e sonora em aeroportos e metrôs.

Figura 4 – Sinalização Visual


Fonte: Aliensdesign (2017)

5. Tolerância para o erro: Minimizar os riscos de possíveis consequências de ações


acidentais ou involuntárias. Deve fornecer avisos de perigo, falha ou erro, manter
isolado elementos perigosos de tarefas de rotina e prevenir ações inconscientes em
tarefas que requerem atenção. Exemplo: sistemas de computadores que permitem
que comandos sejam refeitos.

Figura 5 – Comando ctrl + z


Fonte: Aliensdesign (2017)

6. Baixo esforço físico: Uso eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga.
Precisa permitir que o usuário mantenha uma posição neutral do corpo e realizar
esforços de trabalho razoáveis para a tarefa, eliminando ações repetitivas e esforço
físico excessivo. Exemplo: botões acessíveis e fáceis de serem ativados.
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Figura 6 – Botão para abrir


Fonte: Aliensdesign (2017)

7. Tamanho e espaço para acesso e uso: Dimensões adequadas para o acesso, o


alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho do corpo, da
postura ou mobilidade do usuário. Deve fornecer uma visão clara de elementos
importantes e acesso a todos os elementos, independentemente do usuário estar
sentado ou em pé, e proporcionar espaço apropriado para a utilização de
ferramentas de auxílio ou assistência pessoal (ex.: cadeira de rodas). Exemplo:
catracas largas e fáceis de utilizar nas entradas de metrôs.

Figura 7 – Catraca do metrô


Fonte: Aliensdesign (2017)

Segundo Francisco e Menezes (2011), baseado nesses princípios, o design


universal atua de forma determinante na concepção de espaços, artefatos e
produtos que visam atender simultaneamente a todas as pessoas, com diferentes
características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e
confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a
acessibilidade. O design universal é determinante na iniciativa de se projetar para
todos, incluindo tanto aqueles com algum tipo de deficiência, como aqueles que não
as possuem.
Conforme Pupo et al. (2006), os produtos e ambientes oriundos do design universal
devem ser adequados, de forma direta, a um amplo número de pessoas, diferentes
quanto à percepção visual e auditiva, à mobilidade, ao controle dos movimentos, à
altura, ao peso, à maneira de compreender e se comunicar, entre tantos outros
aspectos. Considerá-lo não sugere negligenciar fatores econômicos, de engenharia,
culturais, de gênero e ambientais, que são valiosos em qualquer situação prática de
design.
Ao que diz respeito à acessibilidade, de acordo com Gil (2006) “o dicionário nos diz
que "acessibilidade" é um substantivo que denota a qualidade de ser acessível;
"acessível", por sua vez, é um adjetivo que indica aquilo a que se pode chegar
facilmente; que fica ao alcance”.
Segundo Tavares Filho (2002), a acessibilidade, conceituada pela Lei 10.098 como
sendo a possibilidade e condição de alcance para a utilização, com segurança e
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autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos


transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida, refere-se a dois aspectos, que embora
tenham características distintas, estão sujeitos a problemas semelhantes, no que diz
respeito à existência de barreiras que são interpostas às pessoas com necessidades
especiais: o espaço físico e o espaço digital. (apud TANGARIFE, 2007:34).
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), “a definição de acessibilidade é
o processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da
sociedade”. Sassaki (2004) acredita que a acessibilidade não se restringe ao
espaço físico, à dimensão arquitetônica. Ele divide o conceito de acessibilidade em
seis dimensões: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental,
programática e atitudinal, mostrando que todas essas dimensões são importantes,
além disso, inclui que se faltar uma, compromete as outras. (apud TANGARIFE,
2007:36).
De acordo com Lima (2016), a acessibilidade é a capacidade do meio de
proporcionar a todos igual oportunidade de uso, de uma forma direta, imediata,
permanente e o mais autônoma possível, visando devolver os direitos às pessoas
com deficiência igualando-as ao resto da sociedade, e para isso recorre às normas
técnicas.
Quando analisados os conceitos de acessibilidade e design universal, vemos que
existe uma grande semelhança, ambos propõem à construção de ambientes que
atendam o maior número de indivíduos e suas diversidades, mas vale ressaltar que
cada um possui suas particularidades. A acessibilidade e o design universal contêm
uma afinidade básica, ambos são meios para atingir o mesmo fim. No entanto,
segundo alguns autores, existem diferenças práticas: enquanto a acessibilidade está
ligada, sobretudo, a inclusão de pessoas com deficiência, o design universal, por
sua vez, busca a adequação de todas as diversidades humanas.
De acordo com Santos (2012), isso não incide apenas por uma questão semântica,
mas sim por diferenças marcantes. O Design Acessível tem como meta as
necessidades específicas dos indivíduos com uma deficiência permanente, em
contrapartida, o Design Inclusivo, tem como finalidade soluções que não atendam
apenas aos indivíduos com deficiência permanente, mas favoreçam o maior número
possível de utilizadores independente das suas características.
Contudo, alguns autores acreditam que não exista essa diferença, porém
inicialmente houve a associação da palavra acessibilidade à pessoas que possuem
algum tipo de deficiência, mas, atualmente o conceito de acessiblidade, assim como
o de design universal, propõe-se a projetar para todos e, portanto, não apenas para
pessoas com deficiência, mas para pessoas que em algum momento tenha algum
limite temporário.
Sassaki (2006) exemplifica as variações de significado referentes ao termo
acessibilidade durante os anos, em sua origem, no surgimento dos serviços de
reabilitação física e profissional, no final da década de 40, o termo acessibilidade
designava a condição de acesso das pessoas com deficiência. Na década de 50,
surgia a fase da integração, que duraria cerca de 40 anos até ser substituída
gradativamente pela fase da inclusão. Na década de 60, algumas universidades
americanas iniciaram as primeiras experiências de eliminação de barreiras
arquitetônicas existentes em seus recintos. Na década de 70, graças ao surgimento
do primeiro centro de vida independente do mundo, localizado na cidade de
Berkeley, Califórnia/EUA, aumentaram a preocupação e os debates sobre a
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eliminação de barreiras arquitetônicas, bem como a operacionalização das soluções


idealizadas.
Sassaki (2006) inclui que na década de 80, estimulado pela pressão do ano
internacional das pessoas deficientes (1981), o segmento de pessoas com
deficiência desenvolveu campanhas em esfera mundial para alertar a sociedade a
respeito das barreiras arquitetônicas e exigir não apenas a eliminação delas, como
também, a não inserção de barreiras. Na segunda metade da década de 80 surgiu,
então, o conceito de inclusão contrapondo-se ao de integração.

Na década de 90, começou a ficar cada vez mais claro que a acessibilidade
deveria seguir o paradigma do desenho universal, segundo o qual os
ambientes, os meios de transporte e os utensílios fossem projetados para
todos e, portanto, não apenas para pessoas com deficiência. E, com o
advento da fase da inclusão, hoje entendemos que a acessibilidade não é
apenas arquitetônica, pois existem barreiras de vários tipos também em
outros contextos que não o do ambiente arquitetônico. (SASSAKI, 2005).

Segundo Pupo et al. (2006) em resumo, promover soluções de acessibilidade em


um ponto de vista do Design Universal pode potencializar a convivência e a
participação na sociedade na igualdade de direitos e deveres, na maior amplitude
possível, sem discriminação. Por conseguinte, acessibilidade e design universal nos
projetos não são algo opcional, mas a base para qualquer projeto.

3. Conceituando autonomia/independência e sua importância para idosos


A autonomia possui diferentes conceitos dentro da moral, na política, na filosofia e
na bioética. Segundo Araújo et al. (2008) o termo autonomia é proveniente do grego
auto, que significa próprio, e nomos, lei, regra ou norma. A ligação dos dois termos
confere a ideia de autonomia o significado de autogoverno, capacidade de tomar
decisões que afetem sua vida, saúde, integridade físico-psíquica e relações sociais.
Logo, autonomia refere-se à habilidade do ser humano de decidir o que é bom ou
aquilo que é seu bem-estar. Conforme Oliveira e Alves (2010) o conceito de
autonomia exprimi o poder de tomar decisões sobre si mesmo e assumir o controle
de sua vida; Incluindo noção de autogoverno, liberdade de direitos, escolha
individual, agir segundo a própria pessoa.

O conceito de autonomia é interpretado e expresso por cada pessoa


segundo a sua forma de ser e de estar; nesse sentido, será um constante
desafio em qualquer etapa da vida, pois, as nossas características e o tipo
de actividade em que nos envolvemos vão-se alterando. Se olharmos ao
redor, a diversidade de que falamos diz respeito ao conjunto de todas as
pessoas na relação com os aspectos práticos e sempre dinâmicos da vida:
crianças, grávidas, idosos, pessoas com incapacidades temporárias ou
permanentes, todas elas apresentam necessidades específicas em cada
fase da vida no que respeita à mobilidade, orientação, comunicação e
manipulação entre outras. (SIMÕES, 2012:5).

Littlewood (1996) definiu uma pessoa autônoma como aquela que tem a capacidade
de fazer escolhas e governar suas próprias ações. Esta capacidade depende de dois
elementos: habilidade e desejo. Portanto, uma pessoa pode ter a habilidade de fazer
escolhas independentes, mas não sentir nenhuma vontade de praticá-las (porque tal
conduta não é, por exemplo, entendido como apropriado ao seu papel em uma
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determinada situação). Por outro lado, uma pessoa pode ter o desejo de praticar
escolhas independentes, mas não ter a capacidade para fazê-lo.
Para Kant (1964), autonomia surge como um conceito básico em sua teoria ética.
Ele usou o termo para descrever a aptidão das pessoas de serem dignas e, mais do
que isso, de legislarem sobre a sua própria dignidade. Kant afirmava que ser
autônomo, é, portanto, aplicar cada um o seu próprio código de ética, era um “bem
sublime”, indicativo de um indivíduo maduro e racional. (apud SMULLEN, 2003:555).

Na literatura especializada na área (STEINBERG; SILVERBERG, 1986;


FLEMING, 2005), a autonomia está definida como a habilidade para pensar,
sentir, tomar decisões e agir por conta própria. Nesse sentido, o
desenvolvimento da independência é um componente crucial para adquirir
autonomia. Porém, autonomia e independência não podem ser
consideradas como sinônimos (como popularmente são vistos), na medida
em que independência refere-se à capacidade dos jovens agirem por conta
própria. Nesse caso, uma alta independência é realmente necessária para
se tornar autônomo, contudo a autonomia é mais que ter comportamentos
independentes. (apud REICHERT e WAGNER, 2007:05).

De acordo com Tena (2016) a autonomia é a capacidade de gerenciar-se, tomar


decisões e planejar seus objetivos, possui relação direta com a aptidão mental da
pessoa. Independência é a capacidade de fazer suas atividades do dia a dia sem
precisar da ajuda de terceiros, apresenta relação com a habilidade física. O idoso,
portanto, pode ser autônomo e independente, mas também pode ser apenas um ou
outro. A autonomia e independência estão profundamente vinculadas à capacidade
mental, intelectual e física. Logo, essas capacidades devem ser estimuladas,
essencialmente através de estilos de vida, hábitos e comportamentos.
Segundo Ferreira et al. (2012) autonomia e independência não são conceitos
interdependentes, tendo em vista que o individuo pode ser independente e não ser
autônomo, como acontece, por exemplo, nas demências. Ou então, ele pode ser
autônomo e não ser independente, como no caso de um indivíduo com graves
sequelas de um acidente vascular cerebral, mas sem alterações cognitivas. Nessa
situação, ele é autônomo para assumir e tomar decisões sobre sua vida, mas é
dependente fisicamente. Tornar-se importante para esses indivíduos a manutenção
da sua autonomia, isto é, a capacidade de determinar e executar a sua própria
vontade, sendo que essa capacidade funcional surge como paradigma de saúde.

4. Método Adotado
A coleta de dados ocorreu por intermédio da entrevista, com a utilização de um
termo de consentimento que visou ao esclarecimento dos sujeitos sobre a finalidade
do estudo, o sigilo profissional e a importância da colaboração e participação deles
para a referida investigação. Utilizou-se a técnica da entrevista semi-estruturada, que
permite a liberdade para o pesquisador desenvolver cada situação na direção que
julgar adequada, e das perguntas abertas, que podem ser respondidas a partir de
uma conversação informal. Segue as perguntas feitas na entrevista semi-estruturada
com idosos:

Idade
Sexo
Estado Civil
Trabalha ou possui alguma ocupação?
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Como utiliza seu tempo?


Pratica alguma atividade física?
Para você, qualidade de vida está ligada a intendência e autonomia?
Você possui alguma dificuldade por ser idoso? Qual?
Você possui alguma perda nos sentidos? Isso afeta sua vida? Em quê?
Faz alguma atividade domestica? (cozinhar, arrumar casa, etc.)
Já teve acidentes domésticos? Se sim, qual? (por exemplo, quedas por
conta de chão liso).
Quadro 2 - Roteiro proposto nas entrevistas com idosos
Fonte: Autoria Própria (2019)

O instrumento foi aplicado em julho de 2019 com dez participantes, na cidade de


Macapá-AP em idosos de ambos os sexos e diferentes faixas etárias (com idade
mínima de 60 anos). Para auxiliar na compreensão sobre a saúde do idoso,
autonomia, independência e a qualidade de vida no envelhecimento, também foi
realizada uma entrevista semi-estruturada com especialista em geriatria, que possuí
experiência de 5 anos na área e que trabalha no Hospital de Clínicas Doutor Alberto
Lima na cidade de Macapá. Segue as perguntas feitas na entrevista semi-
estruturada com o especialista em geriatria:

Quanto tempo exerce a profissão?


Para o senhor atualmente qual o maior empecilho para a qualidade de vida
do idoso?
A expectativa de vida tem aumentado no mundo inteiro e o Brasil
compartilha dessa mudança demográfica. Já se calcula dois bilhões de
idosos em 2050. O senhor afirma que para o idoso ter uma boa qualidade
de vida ele (a) precisa está inserido em um ambiente físico que lhe dê
segurança, conforto e autonomia?
Segundo pesquisas a maioria das mortes prematuras e acidentes graves
ocorrem dentro do ambiente domestico. Segundo o senhor, esses acidentes
se dão pelo fato do ambiente não ser adequado para as limitações físicas
do idoso?
O que o senhor pensa a respeito da seguinte afirmação “Um ambiente
projetado para o idoso pode reduzir 50% dos riscos de acidentes”.
O quão importante é para o idoso viver em um ambiente que lhe dê
autonomia e independência?
Quadro 3 - Roteiro proposto na entrevista com especialista em geriatria
Fonte: Autoria Própria (2019)

Quanto à análise dos dados foi feita através do procedimento de análise de


conteúdo. Conforme Bardin (2011), o termo análise de conteúdo indica um conjunto
de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens. Bardin sugere que a utilização da análise de
conteúdo estuda três fases fundamentais a pré-análise, exploração do material e
tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Optou-se pelo enfoque
qualitativo da pesquisa, visando compreender o modo de vida dos idosos, que
permitiram a identificação das condições de vida desses homens e mulheres na
sociedade atual.
13

4.1. Resultados e Discursão


Foram entrevistados 6 homens e 4 mulheres (10 pessoas), na faixa etária de 61 a 77
anos e 1 geriatra que trabalha com os idosos do estado. As entrevistas foram
transcritas e ponderadas a apartir da análise de conteúdo. Houve desafios quanto à
realização da pesquisa, pelo fato da maioria ter dificuldade de compreensão diante
dos termos existentes no roteiro da entrevista.
Ao longo da análise, houve o surgimento das categorias que foram: Ambiente em
que o idoso está inserido atualmente, fatores que produz qualidade de vida,
dificuldades advindas do envelhecimento e acidentes domésticos. Baseados nas
categorias e dados surgiram as seguintes proposições que derivam do estudo
cuidadoso dos dados:
Os idosos atualmente estão inseridos, na maioria dos casos, em ambientes
familiares, composto: pela esposa e filhos morando juntos, marido e mulher morando
juntos, mas existe uma parcela de idosos que estão solteiros e que
consequentemente moram sozinhos. Dentro desse ambiente familiar ou não familiar
os idosos são participantes ativos das atividades domésticas, como: limpar casa,
cozinhar, etc.
A maioria dos idosos entrevistados relatou não possuir nenhuma dificuldade por
serem idosos, porém a dificuldade de enxergar/ver foi recorrente, dificultando de
exerce algumas atividades. A respeito de acidentes domésticos, eles são
multifatoriais assim como muda de indivíduo para indivíduo, há idosos que não
tiveram nenhuma ocorrência de acidentes, mas há aqueles que já tiveram acidentes
domésticos como: queimaduras e quedas advindas da não adequação do espaço
físico e do envelhecimento.
Segundo o geriatra entrevistado, o risco de quedas é um dos pilares da geriatria, no
sentido de comorbidade (existência de duas ou mais doenças simultaneamente). As
doenças crônicas estão diretamente associadas ao risco de quedas, assim como,
medicações e infraestrutura urbana. Casas e ambientes urbanos mal adaptados, em
sua maioria. Um exemplo, há 15 anos nenhum projeto público incorporava
passarelas, rampas, corrimão, serviço de pavimentação que respeitasse pessoas
com deficiências ou limitações, hoje, é norma e as construções devem respeitar os
indivíduos com dificuldades de locomoção. O ambiente em que idoso está inserido,
tanto público como domiciliar, tem que ter acessibilidade e oferecer o mínimo de
risco de queda desse paciente. Logo, o risco de quedas vai depende do ambiente
urbano, mas também depende da própria condição do indivíduo.
Quando questionados a respeito da qualidade de vida no envelhecimento, os idosos
concordaram que a independência e autonomia é um fator importante para a
produção de qualidade de vida. Assim como, de acordo com o geriatra entrevistado,
a má qualidade da vida do idoso é multifatorial, mas as doenças crônicas estão
intimamente ligadas à má qualidade de vida, como: hipertensão, osteoartrose,
depressão, demência, Alzheimer, etc; essas doenças associadas contribuem para a
má qualidade de vida do idoso global e, as condições de infraestrutura urbana em
geral, e de saúde publica, também impactam. De maneira que, o geriatra
complementou, “É tudo o que o idoso precisa: autonomia e independência”.
Segundo o geriatra, é notório que a população terá um aumento da expectativa de
vida, mas chegará um momento em que as pessoas não estarão preocupadas em
quantos anos vão ter, mas como vão chegar nessa idade. Não há nada pior para um
idoso que chegar a um final de vida dependente, precisando de ajuda para cuidados
básicos, como: higiene básica e cuidados para se alimentar. Portanto, a autonomia é
14

tudo o que ele almeja na sua vida, a dependência pode trazer desconforto e
conduzir para um quadro de depressão, então, se fosse escolher uma coisa para
oferecer para qualquer pessoa no envelhecimento a autonomia é tudo o que ele
precisa.

5. Conclusão
O aumento da população idosa gera a necessidade de se desenvolverem meios
para melhor atender às dificuldades advindas com esse crescente número. Apesar
das perdas e limitações físicas que integram o processo do envelhecimento, a
promoção de autonomia e independência é algo extremamente importante a ser
estimulado no envelhecimento.
Assim como, ao longo da vida desde o nascimento o ser humano passa por
mudanças físicas e psicológicas, e o espaço onde habita também se altera. O
ambiente tem como objetivo se adaptar as necessidades e não o oposto, o que é
visto, são pessoas em processo de envelhecimento tendo que se adpatar
fisicamente e psicologicamente ao ambiente físico. Segundo Perito (2007), a
habitação idealizada nos moldes tradicionais, não contemplam as alterações que
podem ocorrer ao longo do ciclo de vida do ser humano, podendo gerar um
descompasso quanto à sua utilização.
Conforme Altman (2002), a reavaliação do ambiente doméstico não deve focalizar
apenas nas necessidades atuais, mas também, nas necessidades que irão ocorrer
num futuro próximo. As facilidades dos indivíduos hoje se transformam nas
necessidades de amanhã.
Sendo assim, é de extrema importância à incorporação de métodos como design
universal, acessibilidade e o uso de normas existente para a criação de uma nova
diretriz para construção de espaços para idosos, e que esses sejam espaços que
contemplem todas as limitações provenientes ou não da idade. O design de
interiores por meio da interdisciplinaridade pode, além da promoção da autonomia e
independência, auxiliar na diminuição dos riscos de queda através de especificação
de materiais, móveis planejados e etc.
Importante ressaltar que, de acordo com Daré et al. (2010), no processo de
envelhecimento existe uma grande diversidade individual muito complexa e que
abrange questões de estilo de vida; cada um tem o seu próprio padrão de
comportamento, de estar, de viver. Por isso, não tem como se definir uma formula
mágica para criação de espaços para idosos, contudo, podem-se aplicar diretrizes
no projeto de interiores ou arquitetônico visando à eliminação de fatores de riscos
relacionados com a incapacidade funcional.
Diante desse cenário, é primordial o conhecimento das individualidades do idoso e a
partir desse conhecimento do indivíduo em associação as metodologias de design
universal e o cumprimento das normais como a NBR 9050 e RDC Nº 283 possa-se
projetar um ambiente que promova segurança, saúde e conforto. Sobretudo,
preservar os idosos independentes e autonomos é necessário para se atingir uma
melhor qualidade de vida.

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15

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