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Farmacologia

Assuntos para AP1:

Introdução à Farmacologia e Farmacocinética


○ Conceito de Lipofilicidade (barreiras, permeabilidade da membrana);
○ Transporte ativo e passivo;
○ Ácido e Base;
○ Biodisponibilidade (importância, relação com as vias de administração, o que pode
alterar, situações clínicas);
○ Vias de administração;
○ Proteínas plasmáticas (fármaco livre, tipos de ligações);
○ Volume de distribuição;
○ Reações oxidativas (não microssomais e microssomais);
○ Citocromo P450;
○ Meia vida plasmática (conceito);
○ Excreção no rim.

Farmacodinâmica
○ Como os fármacos agem;
○ Agonistas e antagonistas;
○ Conceitos de eficácias, especificidade, seletividade;
○ Tipos de antagonistas;
○ Tipos de agonistas;
○ Conceito de receptores de reserva (gráfico);
○ Gráfico do antagonismo competitivo reversível e irreversível;
○ Tipos de receptores.

Capítulos nos Livros:


○ Katzung = Cap. 2, 3, 4
○ Rang & Dale = 8, 9, 10
08/02

Farmacocinética
A farmacocinética lida com a absorção, distribuição e eliminação dos fármacos. A
farmacodinâmica preocupa-se com as ações do produto químico no organismo. As duas se juntam
para que o efeito biológico seja atingido.

A disponibilização do fármaco é dividida em quatro estágios denominados “ADME”:


● Absorção a partir do local de administração
● Distribuição pelo organismo
● Metabolização
● Eliminação

A capacidade de atravessar barreiras hidrofóbicas é fortemente


influenciada pela lipossolubilidade. A difusão aquosa faz parte do
mecanismo geral de transporte dos fármacos, pois é esse processo
que aproxima ou afasta as moléculas dos fármacos de barreiras
não aquosas. A velocidade de difusão de uma substância depende
principalmente de seu tamanho molecular, pois o coeficiente de
difusão é inversamente proporcional à raiz quadrada do peso
molecular. Consequentemente, enquanto moléculas grandes se
difundem mais lentamente que as pequenas, a variação com o
peso molecular é pouco significativa.

Absorção:
É a transferência de um fármaco desde o seu local de
administração até a circulação sanguínea.

A velocidade e a eficiência da absorção vai depender,


entre outros fatores, da via de administração.

● O medicamento líquido é absorvido mais rápido do que o


comprimido.

Mecanismos para atravessar barreiras celulares

● Transporte Passivo:
Ocorre sem consumo de energia. Maioria dos fármacos entram nas células por este
mecanismo:

Transporte Paracelular: ocorre quando o fármaco passa por entre os espaços intercelulares, ou
seja, entre uma célula e outra. Geralmente ocorre quando há administração de fármacos
hidrossolúveis, íons e aqueles que têm baixa massa molecular.

Difusão Simples: é um tipo de transporte passivo de um soluto através da membrana a fim de


estabelecer a isotonia, ou seja, alcançarem a mesma concentração, pois o movimento é a favor
de um gradiente de concentração.
● Transporte Ativo:
Fármacos entram na célula e há consumo de energia.

Difusão Facilitada: transporte facilitado por um transportador de membrana. Não ocorre gasto
de ATP.

Absorção dos Fármacos


Um fator complicador importante com relação à permeação da membrana é o fato de que muitos
fármacos são ácidos ou bases fracas, existindo, portanto, tanto na forma não ionizada quanto na
ionizada; a razão entre as duas formas varia com o pH.

● Ácido:
1. Quando o medicamento apresenta pKa > pHm, ele tem dificuldade para ser absorvido
(Não ioniza);
2. Quando o medicamento apresenta pKa < pHm, ele é melhor absorvido (Ioniza).

● Bases:
1. Quando o medicamento apresenta pKa < pHm, ele é melhor absorvido (Ioniza);
2. Quando o medicamento apresenta pKa > pHm, ele tem dificuldade para ser absorvido
(Não ioniza).

Conceito de Lipofilicidade:
É a capacidade de um composto químico de ser dissolvido em gorduras. Afinidade química com
lipídeos.

Dependendo da lipofilicidade do medicamento, ele vai se dissolver mais ou menos nele. Quanto o
medicamento é miscível na relação de óleo-água, o medicamento tem mais facilidade de ultrapassar as
membranas fisiológicas quando é apolar, hidrofóbico e lipofílico (porque “semelhante dissolve
semelhante” → Polar, hidrofílico).

Coeficiente de partição: O log do coeficiente de partição pode ser determinado através da


partição de um composto entre dois líquidos imiscíveis (que não conseguem se misturar entre
si), sendo uma fase orgânica (octanol) e uma fase aquosa em um pH onde as moléculas
encontram-se na forma neutra
Para alcançar uma melhor permeabilidade, deve-se ter um valor de log P moderado (usualmente
entre 0 e 3). Nesta faixa, é provável que exista um bom balanço entre permeabilidade e solubilidade.
Quanto maior o coeficiente de partição óleo-água, maior é a permeabilidade.

Absorção Oral

Suco gástrico → Esvaziamento gástrico → Duodeno → Circulação


Porta → Circulação Hepática → Circulação Sistêmica.

A absorção de fármacos lipossolúveis aumenta com a ingestão de


alimentos ricos em gorduras. O aumento do pH do suco gástrico
dificulta a absorção de ácidos fracos no estômago. Retardo e
aceleração do esvaziamento gástrico, afeta a velocidade de
absorção nos primeiros segmentos intestinais.

Biodisponibilidade:
O medicamento precisa que uma quantidade x da dose chegue ao sítio de ação. A biodisponibilidade
pode diminuir quanto tomar o medicamento com alimentos ou com outros medicamentos.

Tem-se muita perda de medicamento na absorção, já que o medicamento é introduzido pela


via oral, que tem uma biodisponibilidade de 50% do fármaco. Já quando o medicamento é
introduzido pela via endovenosa, entra na circulação já dissolvido, por esse motivo sua
biodisponibilidade é de 100% do fármaco.

Diferentes vias de administração tem biodisponibilidades diferentes.


Este efeito se refere à possibilidade da droga, antes
de cair na circulação sistêmica, sofrer, pelo menos
parcialmente, ações metabólicas pelo epitélio
intestinal e pelo fígado.

Via Oral
Fígado → Circulação sistêmica

Via Intravenosa ou Endovenosa


Circulação sistêmica

A via enteral é a forma mais simples e prática de se administrar um fármaco, já que engloba a
administração oral. Apesar disso, é necessário que o medicamento apresenta certa resistência, já que
ele será exposto a ambientes ácidos, no estômago, e básicos, no intestino.

De forma geral, para que um fármaco seja administrado via oral e seja bem absorvido pelo organismo
no trato digestivo, ele deve apresentar característica hidrofóbica e carga neutra, já que essas são
absorvidas de forma mais eficiente do que moléculas hidrofílicas e de carga negativa. Depois de
absorvidos, os fármacos não cairão diretamente na circulação sistêmica. Antes disso, serão
transportados pelo sistema porta até o fígado, onde sofrerão um processo chamado de metabolismo de
primeira passagem. Nesse momento, o fármaco pode tanto sofrer uma baixa em seus metabólitos
ativos quanto ser biotransformado em metabólitos mais ativos que o original, e é por isso que é
necessário conhecer o metabolismo de cada fármaco no organismo e, também, a dose necessária para
que, caso ocorra diminuição da concentração ativa, ainda exista metabólitos efetivos suficientes para
alcançar o órgão-alvo.

É possível concluir, portanto, que a biodisponibilidade do fármaco, quando administrado de forma


enteral/oral, será menor que a concentração administrada originalmente, já que ocorrerão perdas
durante o processo de metabolismo de primeira passagem.

Situações clínicas que alteram a farmacocinética, podem modificar a biodisponibilidade:

● Disfunção Hepática
Perda da função do fígado. O paciente se torna anti-coagulável e propício a ter hemorragias.

● Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC)


Pode diminuir a biodisponibilidade e pode ter menor perfusão (eficiência na irrigação).

● Insuficiência Renal
Prejudica a excreção pela disfunção renal. O paciente pode ser anêmico.

Fatores que alteram a biodisponibilidade


● Efeito de primeira passagem;
● Cirrose hepática;
● Diminuição da vascularização do fígado;
● Aumento da atividade de enzimas metabólicas do fígado.
Vias de Administração
● Via Enteral
Utiliza de ponto do trato gastrointestinal como porta de entrada;
Trato gastrointestinal até o ânus;
Simples, de baixo custo, conveniente, indolor e não causadora de infecção.

● Via Parenteral
Não utiliza de nenhum ponto do trato gastrointestinal como porta de entrada;
Rápida liberação no sítio de ação farmacológica, alta biodisponibilidade, sem risco de
metabolismo de primeira passagem ou inativação em ambiente GI adverso.

Via Oral
1. Absorção intestinal (primeira passagem – fígado);
2. Absorção sublingual (dissolve o medicamento embaixo da língua, veias
sublinguais absorvem – vai direto para a circulação).

Via Retal
1. Utilizada em crianças que não estão podendo deglutir;
2. Protege os fármacos suscetíveis da inativação gastrointestinal e hepática, pois somente 50% do
fluxo venoso retal tem acesso à circulação porta.

Indicado para pacientes em estados de coma, inconsciência, náuseas e vômitos.

Vias Parenterais
Principais vias: intradérmica, subcutânea, intramuscular, intravenosa ou endovenosa;

● Via intradérmica:
→ Via muito restrita – Pequenos volumes – de 0,1 a 0,5 mililitros;
→ Usada para reações de hipersensibilidade.

● Via Subcutânea:
→ Absorção lenta através dos capilares.

● Via Intramuscular:
→ Absorção rápida no músculo;
→ Ultrapassa todos os tecido até chegar ao músculo.

● Via Intra ou Endovenosa:


→ “Na veia” (membros superiores);
→ Quando há necessidade de ação imediata do medicamento;
→ Não é absorvido pelo GI.

Distribuição:

Proteínas Plasmáticas
Se o fármaco se ligar a uma proteína plasmática, não ultrapassam as células endoteliais. Somente a
fração livre do fármaco faz efeito biológico para se ligar aos receptores dos tecidos e é distribuída.

A alta afinidade do fármaco com as proteínas plasmáticas terão diminuição da


distribuição e do metabolismo resultando em um tempo alto de ação (lento).

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