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PÓS - GRADUAÇÃO

 07/02/2022
MÓDULO I

BLOCO 1

NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO

Tema de fundamental importância para compreensão não apenas do CPC mas


também de todo o sistema processual inclusive a CF (rica em normas
processuais) e advocacia civil contenciosa como um todo. Nos permite passear
pelo o CPC e CF, tratando de diversos estudos e técnicas processuais.

As normas fundamentais são uma clausula de abertura do sistema processual,


cuja compreensão é de fundamental importância para o estudo.

O capítulo 6 do CPC, é o capitulo principal de toda a obra pois trata das normas
fundamentais.

Durante o modulo, abordaremos:

1- Parte geral: Teoria das normas fundamentais do processo civil brasileiro.


1.1 Conceito e caracterização das normas fundamentais
1.2 Fontes das normas fundamentais
1.3 Estrutura das normas fundamentais
1.4 Destinatários das normas fundamentais
1.5 Funções das normas

2- Parte especial: As normas fundamentais em espécie


2.1 Analise dos dispositivos constitucionais e legais que consagram normas
fundamentais
2.2 analise dos principais desdobramentos concretos das normas
fundamentais.

Iremos analisar a parte geral, que será tratado a teoria das normais
fundamentais no processo civil que é a parte mais teórica. Porém, de fato é
um plano de fundo teórico para na sequência, na Parte Especial, começarmos
a tratar as normas fundamentais em espécie, olhar uma a uma, observar a
inter-relação entre as normais constitucionais e as normas fundamentais
codificadas. Além, de tentarmos estabelecer um link como uma estrutura dos
desdobramentos concretos das normas fundamentais.

Bom, vamos lá...


Na Parte geral: Teoria das normas fundamentais do processo civil brasileiro
teremos uma ideia genérica aonde elas estarão consagradas.
O processo civil brasileiro é vocacionado a ter como fontes principais a CF e
a Lei Federal (a legislação infraconstitucional de natureza federal). O espaço
para as constituições dos estados e para leis estaduais no processo civil é
muito pequeno. Os estados não podem ter um código de processo civil.
Como também não podem regular os prazos e os cabimentos de recursos.
No máximo que o código pode fazer nas leis estaduais é regular alguns
aspectos procedimentais como as custas processuais e competência,
autorizada pela CF.

Em mais de 90% das situações, as normas processuais estão na CF e


Legislação infraconstitucional federal. Com o CPC de 2015, temos um grande
ganhe sistemático, que ao contrário do CPC de 73 que era 15 anos anterior a
CF de 88, esse código de 2015 foi pensado e projetado tudo a luz da CF.

Então, enxergamos no CPC de 2015, a partir da sua estrutura, uma grande


preocupação em relação a sintonia fina com a CF de 1988 e a maior prova
disso está nos 12 primeiros artigos (no primeiro capítulo do CPC) que está
destinado a consagração das normas fundamentais do processo civil
brasileiro.

Temos que pensar essas as normas fundamentais como algo complementar,


ligado a essa busca pela sintonia fina com a CF de 1988. Há uma relação de
complementariedade entre os princípios constitucionais e as normas
fundamentais postas no CPC, sobretudo nos 12 primeiros artigos no primeiro
capitulo dedicados as normas fundamentais.

O que são as normas fundamentais? Quais os conceitos e características que


a qualificam como tanto? Todas as normais postas no CPC e sobretudo na CF,
todas as normas processuais tem seu grau de importância em alguma
medida. O que faz de determinadas normas tão importantes há ponto de ter
sua caracterização como normas fundamentais (normais basilares de todo o
sistema normativo).

As normas fundamentais são aquelas que possuem a capacidade de


influenciar todo o processo e praticamente todas as técnicas processuais. Por
exemplo, quando o CPC menciona que o prazo do recurso de apelação é de
15 dias. Trata-se de uma norma importantíssima que pode prejudicar o
recorrente, mas convenhamos, é uma norma que só precisa ser observada
pela parte que irá interpor o recurso, pela parte contraria se quiser alegar a
possibilidade de intempestividade do recurso e do juiz que aferirá a
tempestividade do recurso de apelação.

Entretanto, o prazo de 15 dias, não irá preocupar o redator da petição inicial


ou a parte contraria na elaboração da contestação, ou juiz da execução...
Agora, quando o CPC e a CF mencionam, que há todos é assegurado o
contraditório e a ampla defesa bem como não se proferira decisão sobre a
qual a parte não tenha sido previa manifestadamente intimada, nós temos
aqui uma norma fundamental. Porque, essa ideia de contraditório prévio, vai
influenciar todo o processo e todas as técnicas processuais.

A NECESSIDADE de observância do contraditório prévio, como norma


fundamental que é, vai impor condutas a todos como por exemplo ao réu na
elaboração do recurso, ao juiz da execução, ao juiz do processo de
conhecimento... Trata-se de uma norma de natureza transversal, trata-se de
uma norma que deve ser observada em todos os tipos de processos, em
praticamente todas as fases do procedimento. São essas normas que devem
ser consideradas fundamentais. Como também por exemplo, a motivação
das decisões...é uma regra imposta ao desembargador, ao juiz da execução,
ao juiz da tutela provisória...

As normas de natureza transversais, tem características de transversalidade,


que é a capacidade de alcançar todo o entorno do sistema processual, damos
o nome de normas fundamentais. A Compreensão dessas normais deve ser
a primeira coisa a ser observada, pois lançam as bases de todos os demais
procedimentos, regras e momentos processuais e o processo como um todo.

A partir do momento em que chegamos a conclusão que normas


fundamentais, são todas as normas capazes de influenciar todo o processo e
todas as técnicas processuais. Nós, nos permitimos buscar no sistema tanto
na CF e no CPC várias normais processuais. O CPC dedica o seu primeiro
capítulo as normas fundamentais do processo civil brasileiro.

Então, no critério topológico (onde as normas estão colocadas); mas a partir


do momento que consideramos que as normas fundamentais possuem essa
capacidade...nós vemos que, não são fundamentais apenas as normas dentro
do CPC com essa nomenclatura. Mas importante do que as normas
fundamentais do CPC, da hierarquia da posição sistemática, são as normas
processuais da CF. (por uma questão hierárquica tbm devem ser
consideradas normais fundamentais. Pois, a CF ocupa o topo do sistema
normativo, por serem hierarquicamente superior).
A CF ocupa o todo da pirâmide do sistema normativo e é riquíssima em
normas processuais. É obvio que, as normas processuais consagradas na CF
adquirem desde logo status de normas fundamentais, pois possuem essa
capacidade de influenciar a própria interpretação de todas as normas do CPC.

Então por um critério topológico, nós temos as normas fundamentais


constantes no capítulo próprio do CPC, e por um critério hierárquico nós
podemos identificar como fundamentais todas a normas processuais
consagradas pela Constituição dada sua superior hierarquia normativa.

E ainda, utilizando o critério dessa capacidade de as normais fundamentais


influenciar todo o processo e todas as técnicas processuais... A partir de um
critério sistemático/funcional é possível identificarmos normas
fundamentais espalhadas pelo o CPC. É verdade que elas não estão na
constituição (elas não atraem o critério hierárquico), elas não estão no
capítulo dedicado as normas fundamentais no cpc (não estão nos 12
primeiros artigos). Entretanto, são normas longe desses capítulos que
acabam por ter essas características de influenciar todo o processo e
praticamente todas as técnicas processuais.

Um exemplo, o artigo 927 do CPC, bem distante dos primeiros artigos,


adotam um pronunciamento de caráter vinculante. Pronunciamento de
obrigatória observância por todos os juízes e tribunais. O artigo 927 arrola os
denominados pronunciamentos vinculantes que influenciam todos os
juristas e todos os tribunais em todas as fases processuais. Estamos diante
de uma norma fundamental, uma norma cuja compreensão é pressuposto
para conseguir operar o sistema processual como um topo, essencial
importância para o advogado.

Onde estão consagradas as normas fundamentais?


1. Constituição Federal: art 5º inc. XXXV, LV, LIV, LXXVIII, art 93, ix....entre
outros...(rolls dos direitos e garantias fundamentais consagra em vários
incisos garantias processuais como contraditório, o acesso à justiça... ) é
a premissa para compreensão do direito processual. Todas as demais
normas precisam ser lidas e compreendidas a luz dos princípios
constitucionais.

2. Os 12 primeiros artigos do CPC 2015.


(Legislação infraconstitucional) nessa medida são normas fundamentais,
não só porque possuem essas características, mas por um critério
topológico que foram colocadas pelo o legislador exatamente no lugar do
código dedicado as normas fundamentais. Há entre esses 12 primeiros
artigos do CPC e os princípios constitucionais uma grande relação de
complementariedade, ou seja, uma sintonia fina com a CF.
Obs: a CF é intencionalmente genérica, pois não se preocupa em dizer os
meios inerentes a ampla defesa, assim como sequer se preocupa em
dizer o que é contraditório. Esse papel é dedicado a doutrina e a
jurisprudência, como também é cumprido pelo o legislador a partir dos
12 primeiros artigos do código.
Percebam que a garantia genérica é detalhada e complementada pelas
normas fundamentais do código.

3. Normas fundamentais espalhadas pelo o NCPC.


Ex: art 190, art 926 e 927 bem como art 928, 489 $1º
São normas que possuem as características de influenciar o processo e o
tipo de procedimento apesar de não estarem especificamente no
capítulo do CPC ou de não estarem exclusivamente na CF.

4. Desdobramentos relevantes de normas fundamentais; regras concretas


exemplo: 932, p.ú, e 771
Tão importante como conhecer as normas fundamentais, é conhecer os
seus desdobramentos concretos, ou seja, os desdobramentos relevantes
das normas fundamentais ao longo de todo o código. Cada um dos
princípios constitucionais e cada uma das regras fundamentais do CPC
possui inúmeros desdobramentos e impactos na atividade jurisdicional e
no exercício na advocacia. A partir de uma norma fundamental nós
poderemos destacar os principais desdobramentos relevantes de cada
uma delas que será detalhada na próxima aula.

BLOCO 2

No processo civil brasileiro no bloco anterior nos vimos o conceito e as


características dessas normas fundamentais e também onde elas estão
consagradas a partir do critério hierárquico, do critério topológico e do critério
sistemático/funcional.

As normas fundamentais estão consagradas na Constituição, no código de


processo civil e em um primeiro momento no seu primeiro capítulo. Mas,
também existem outras normas fundamentais assim espalhadas pelo CPC de
2015.

Nesse bloco ainda dedicado aquilo que chamamos de uma parte geral, sejam a
teoria geral acerca das normas fundamentais do Processo Civil brasileiro.
Podemos discorrer sobre a estrutura normativa dessas normas fundamentais.
Atualmente é relativamente Pacífico no âmbito da teoria geral do direito e por
via de consequência da teoria geral do processo, que o gênero Norma Jurídica e
Norma Jurídica processual possui duas espécies: os princípios e as regras.

Portanto se estamos falando de Direito Processual Civil nós temos como espécies
do gênero norma os princípios processuais e as regras processuais. Os princípios
processuais são normas com estrutura intencionalmente genérica, uma
estrutura incrivelmente aberta, ou seja, um grau muito grande de abstração.
Como a ideia de contraditório ou como próprio princípio do acesso à justiça.

Não se tem nessa norma um grau de concretude, um grau de detalhamento tão


grande, muito pelo contrário, são normas intencionalmente generalíssimas,
intencionalmente abstratas e intencionalmente abertas. A todos é garantido o
contraditório. Mas o que é o contraditório? Quais são os desdobramentos?
A ideia do princípio é consagrar a garantia maior, a garantia mais genérica e mais
aberta possível, ao contrário das regras, que são normas com grau de
detalhamento com a estrutura normativa bem mais definida, bem mais clara,
bem mais concreta e bem mais precisa.

Então as regras, geralmente elas trazem uma descrição de uma hipótese fática e
uma consequência jurídica já pré-programada na norma. Então, a contestação
conta-se o prazo de 15 dias a partir (depende da modalidade licitatória) vamos
pegar por exemplo da juntada do mandado citatório aos autos do processo.

Então, eu tenho ao contrário daquela garantia aberta de que a todos a garantia


do contraditório, uma Norma com estrutura de regra muito mais claro e precisa
que permite ao intérprete extrair dela uma conclusão mas precisa, mais pontual.
Bom, se eu sei o dia em que foi juntado mandado citatório aos autos do processo
eu conto os 15 dias úteis e sei precisamente o último dia do prazo da contestação
e, portanto, sei quando ele é intempestivo.

Os princípios eles não trazem e eles não pretendem trazer essa ideia, esse grau
de precisão e essa preocupação com esse grau de detalhamento. Então, há uma
grande tendência das normas fundamentais justamente por serem normas
basilares normas que estruturam o sistema como um todo, elas terem a
estrutura de princípios. A maioria das normas fundamentais que iremos estudar
nos blocos seguintes possuem estrutura de princípios.

Isto é, são intencionalmente abertas intencionalmente genéricas e


intencionalmente abstrata. Portanto, esses princípios processuais eles são
extraídos tanto da Constituição quanto do Código de Processo Civil. Percebam
que é da natureza da nossa Constituição, é da natureza de todas as constituições,
trabalhar muito mais com princípios porque com regras. Justamente, pela
vocação de toda a Constituição de ser mais voltada a traçar as bases do sistema
no caso do sistema processual, isso sem sombra de dúvidas!

Então, a constituição garante o contraditório, garante a ampla defesa, garante o


juiz natural..., mas, não adentra nos detalhes das regras de competência, não
adentra em todos os detalhes das regras voltadas ao exercício da Defesa
propriamente dita como meios de provas, etapas procedimentais e prazos
processuais.

A legislação infraconstitucional que por vocação tem uma tendência de trabalhar


mais com as regras com maior grau de precisão com maior grau de
detalhamento. Portanto, o fato dos princípios serem algo vocacionado a estarem
na Constituição não impede que o nosso código que é a legislação
infraconstitucional especial (o código de processo civil no caso), também
consagra alguns princípios.

Então, ao longo desse estudo acerca das normas fundamentais identificarmos


alguns princípios processuais de natureza infraconstitucional. Isto é, não
expressamente previsto na Constituição, mais, consagrados pelo código de
processo civil. É dizer, o fato do CPC como legislação infraconstitucional está
obviamente hierarquicamente abaixo da Constituição, não impede que ele
também consagre princípios, consagre essas normas abertas.

E por outro lado, é curioso importante pontuar que a constituição também acaba
se valendo de algumas normas com estrutura de regras, ou seja, nós temos sim
regras processuais na Constituição Federal (seja regras constitucionais). É o caso
de algumas normas com estrutura de regras de competência de organização
judiciária.

Então, quando a constituição diz que o Supremo Tribunal Federal é O Guardião


da Constituição composto por 11 ministros e a ele compete ali no artigo 102 101
arrola competência do supremo, não há nenhuma vocação a natureza
principiológica. A norma constitucional que diz compete ao Supremo Tribunal
Federal processar e julgar os mandados de Segurança contra ato de Presidente
da República é uma regra, não tem estrutura de princípio e está na Constituição.

Ou seja ainda que excepcionalmente, é fato que a nossa Constituição traz


algumas normas o estrutura de regras, como por exemplo, as normas de
competência e as normas de organização judiciária como é o caso do 101 e 102
para o Supremo Tribunal Federal e o 104/105 para o Superior Tribunal de Justiça
para ficar aqui nos dois principais tribunais do país.

É certo que, é na legislação infraconstitucional no caso do processo civil CPC o


maior número de regra de normas com estrutura de regras prevendo prazos,
prevendo cabimento de recursos e estabelecendo com maior grau de detalhe a
questão relacionada a competência, a própria organização judiciária
complementada por regras infeccionar inclusive de natureza Estadual. Porque é
cada estado que organiza a sua justiça estadual e as normas procedimentais
como um todo (as etapas procedimentais, os prazos os momentos em que cada
ato pode ser praticado, que cada Direito pode ser exercido, que cada decisão
pode ser proferida).

E portanto, nesse conjunto entre os princípios constitucionais e os princípios do


CPC, as regras condicionais e as regras infraconstitucionais, que nós temos o
direito processual civil. Há uma relação de hierarquia tudo que está na
Constituição deve ser antevisto e respeitado a priori, deve ser visto e
influenciaram o intérprete e aplicador de uma maneira de saída e como da
carência das normas condicionais tanto dos princípios quanto das regras para
detalhar todas as etapas do procedimento.

Na falta, o intérprete e o aplicador vai nas regras e nos princípios


infraconstitucionais. E é, interessante destacar quais são as funções dessas
normas fundamentais, ou seja, quais são os papéis que elas desempenham no
sistema. Alguns pontos importantes desses papéis notadamente das normas
fundamentais de natureza constitucional, elas possuem status de direitos
fundamentais, ou seja, elas estão no rol do Artigo 5º e incorporam O Rol de
direitos fundamentais do cidadão.

Isso traz uma série de consequências de natureza prática inclusive muito


importante para o intérprete, em primeiro lugar a primeira a consequência
prática é que essas normas fundamentais de natureza condicional são cláusulas
pétreas. São cláusulas permanentes que não podem ser diminuídas ou alteradas
sequer por emenda à constituição. Mas, sabemos que a posição hierárquica
superior da Constituição não impede que todas as normas condicionais sejam
eventualmente modificadas. Pelo contrário, a maioria das normas
constitucionais podem sim eventualmente ser modificadas por emenda à
constituição (processo legislativo um tanto quanto mais complexo em dois
turnos em cada casa, quórum qualificado...)
Agora, a supressão e a diminuição de direitos fundamentais dentre os quais
direitos fundamentais processuais é vedada pela constituição na medida em que
se elas possuem o status de direitos fundamentais. Elas são cláusulas pétreas e
que, portanto, não podem alteradas de maneira nenhuma.

Podemos acrescentar por emenda direitos fundamentais processuais a


constituição. A emenda 45/2004 fez isso ao acrescentar o inciso 78 do código ao
rol do Artigo 5º (princípio da razoável duração do processo). Acrescentar é
possível, nunca diminuir e restringir, sequer por emenda, muito menos por
legislação infraconstitucional ou qualquer outro tipo de postura normativa.

É interessante destacar também que as normas fundamentais constitucionais


elas possuem uma dupla dimensão, uma dimensão objetiva e uma dimensão
subjetiva. A dimensão objetiva sugere o estabelece que as normas
fundamentais desde logo integram direito positivo. Elas possuem, portanto,
aplicabilidade imediata desde logo. Portanto, se inserem no sistema processual
independentemente de legislação infraconstitucional que a detalhe,
detalhamento é importante esse detalhamento é útil, esse detalhamento é
essencial para que a compreensão fique mais clara do que é o contraditório de
como ele se desenrola.

Entretanto, mesmo a falta de detalhamento expresso na legislação


infraconstitucional mesmo a falta dessas regras complementares desde logo nós
já temos que ter em mente que as normas fundamentais integram o direito
positivo e possuem aplicabilidade imediata.

Temos que combater ideia de que teríamos normas programáticas no campo


processual. Não é o caso das normas fundamentais processuais postas na
Constituição. Desde logo tem essa dimensão objetiva, desde logo tem
aplicabilidade imediata.

Via de consequência, elas também possuem e são úteis e capazes de gerar


direitos subjetivos públicos. Ou seja, de integrar o patrimônio jurídico do lojista
subjetivo de cada uma das cidadoas. Independente de qualquer postura
Legislativa infraconstitucional, executiva jurisdicional por força da constituição
já tenho direito a decisão motivada, já tenho direito ao contraditório já tenho
direito à autodefesa...

Da parte especial, estudaremos cada uma dessas normas fundamentais e os seus


principais desdobramentos concretos. Então, além dessa dimensão objetiva de
compor o direito positivo e possuem aplicabilidade imediata. A essa dimensão
subjetiva de integrar o patrimônio jurídico do cidadão.

E nesse contexto, me parece também muito importante destacar que as normas


fundamentais possuem vários destinatários como podemos identificar o cidadão
e o jurisdicionado como um dos destinatários como quem olha para Constituição
que tem direito fundamental a me dirigir ao juiz, a produzir prova, a recorrer da
decisão.

Ou seja, eu tenho direito de acesso à justiça e ao duplo grau de jurisdição. Mas,


além disso, há também como destinatário os outros atores como o próprio
advogado das partes quem vai instrumentalizar o exercício desse direito em
juízo. Os magistrados, ou seja, os juízes devem conduzir o processo respeitando
todos os direitos e garantias fundamentais.

Se de um lado eu tenho direito subjetivo público do cidadão como destinatário,


eu tenho o juiz como destinatário e o dever deste juiz conduzir o processo
respeitando as normas fundamentais. E eu tenho como destinatário até mesmo
o legislador, que não pode produzir normas infraconstitucionais que ofendam,
que restrinjam, que mitiguem direitos condicionamento consagrados; e
também, deve sempre pensar o sistema processual infraconstitucional guiado
por aquilo que está na Constituição Federal.

O legislador também é destinatário das normas fundamentais condicionais.


Tanto do ponto de vista do que ele não pode fazer, não pode estabelecer uma
etapa processual, uma estrutura processual que inviabiliza o exercício do
contraditório por exemplo. Porque a todos é garantido o exercício contraditório
e ele também deve pensar o processo de modo a consagrar viabilizar o exercício
das garantias.

Então, ele deve promover um processo cujo o acesso à justiça seja pleno, deve
pensar um processo em que haja duplo grau de jurisdição para falar que de
outras duas normas fundamentais constitucionais. As normas fundamentais
especialmente a Constitucional, na medida em que possui esses vários
destinatários, possui esses diversos papéis e portanto, integram um sistema com
essa posição de maior importância com esse grau de fundamentalidade e
transversalidade muito importante.

As normas fundamentais elas possuem e exercem várias funções, uma delas é a


função fundamentadora, que é a função de inspirar, é a função de guiar, é a
função de moldar. diante por exemplo da Norma fundamental que diz que a
todos é garantido o juiz natural ninguém será processado e julgado senão pela
autoridade competente, o principio do juiz natural faz o que com o legislador
fundamenta, o obriga a estabelecer todo estrutura de Norma de competência
no Código de Processo Civil.

Cabe ao legislador guiado e fundamentado pelo juiz natural estabelecer uma


série de normas para que se identifiquem o juiz natural. A mesma coisa, vale para
o legislador ao estabelecer os meios inerentes a defesa, as formas de exercício
do contraditório e a forma Ampla de exercício e de acesso à justiça.

Da mesma maneira, além de fundamentar inúmeras posturas não só do


legislador como as próprias posturas dos magistrados daqueles que conduzem o
processo, as normas fundamentais também exercem uma importante função
interpretativa, uma função hermenêutica, portanto, há nesses grandes
princípios constitucionais um guia interpretativo. Então, na dúvida se a norma
aparentemente foi interpretação literal possível em tese, sugere um privilégio
um benefício ao autor em detrimento do réu da parte contrária... essa
interpretação deve ser desde logo excluída! Porque uma das normas
fundamentais que vamos estudar está logo na parte da Constituição é igualdade.

E a igualdade no processo civil entre outros desdobramentos, desencadeou a


ideia de paridade de armas. Então, toda Norma processual deve ser interpretada
de uma maneira que todos os sujeitos integrantes do processo litiguem em
paridade de armas.

Isso, por uma ideia de igualdade, de modo que qualquer outra interpretação
possível que exclua a ideia alimentar de igualdade ela deve ser descartada pelo
intérprete e pelo aplicador. Neste ponto se revela a função interpretativa das
normas fundamentais, notadamente das normas fundamentais constitucionais.

Então, em resumo, todas elas são capazes de influenciar a interpretação das


demais regras e das demais normas processuais e das próprias posturas do juiz
e das decisões judiciais.

Além disso, há nas normas fundamentais a capacidade de desempenharem um


papel limitador de determinadas atitudes. Ou seja, as normas fundamentais na
medida inclusive que garante direitos subjetivos públicos a todos os
jurisdicionados, ela exclui da esfera sobretudo do poder público (legislador juiz
executivo qualquer poder e autoridade constituída) algumas determinadas
posturas. Então, o artigo quinto quando consagrar acesso à justiça, vai ver o que
a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Esse artigo já deixa bastante claro no artigo 5º inciso 35 da Constituição Federal,
que o legislador é um dos destinatários das normas fundamentais. Na medida
que ele fala: “a lei, legislador você que faz a lei não excluirá da apreciação do
Judiciário nenhuma lesão nenhuma ameaça direito”.

Por óbvio, nenhum juiz ou mais amplamente nenhuma autoridade constituída,


pode negar um acesso à justiça. Não pode excluir do Judiciário apreciação de um
determinado litígio apreciação de uma lesão ou ameaça a direito. Isso vai
desembarcar um desdobramento completo do acesso à justiça que vamos trazer
mais adiante.

Sobre a vedação do juiz de se negar a prestar jurisdição, ainda que não haja
solução boa, ainda que não haja instrumento normativo para o julgamento de
mérito, o juiz é obrigado a prestar a jurisdição. Nessa medida, algumas posturas
são proibidas, são limitadas e são excluídas pelas ideias consagradas nas
garantias decorrentes das normas fundamentais constitucionais.

Então, há um grande grau de limitação por parte do legislador por parte do


magistrado e de toda autoridade constituída a moldura é posta Ali pela
Constituição, e a partir dali ninguém pode sair da moldura. Além disso, as normas
fundamentais também exercem uma função supletiva, ou seja, uma função de
suprir lacunas e suprir eventuais falhas na legislação infraconstitucional que
deixou de prever o incidente processual próprio para o exercício do contraditório
naquela situação.

Não tem problema O legislador esquecer de estabelecer que cabe a parte falar
em tantos dias naquele momento procedimental, não tem problema na medida
em que a todos a garantia do contraditório e ao juiz é vedado tomar decisão com
base em fundamento a respeito do qual as partes não debateram. Mesmo sem
a previsão específica e própria daquele momento processual o exercício do
princípio do contraditório, de uma maneira supletiva de uma maneira
complementar, cumprido o papel de supressão de lacuna... Permite a conclusão
que a parte pode exercer o contraditório naquele momento processual
Independente de lei processual infraconstitucional expressa.

Essa função supletiva é própria dos princípios, aliás, é por isso que eles têm
aquela estrutura intencionalmente aberta... é por isso que eles têm aquela
estrutura, mas genérica. Porque eles não descrevem uma situação específica
eles não estabelecem uma consequência prática específica. Eles apenas e tão
somente, colocam uma garantia no sistema, que possui aplicabilidade imediata
e como destinatário todos.

O legislador e se falhar a função supletiva atua o juiz que mesmo diante da falta
de uma lei deve observar e fazer garantir todos os as normas decorrentes da
Constituição e o próprio jurisdicionado por meio de seu advogado tem de estar
ciente que possui direitos subjetivos públicos.

Um outro aspecto da teoria das normas fundamentais que iremos tratar mais
adiante, podemos ter uma breve apresentação que é a tendência ou a
possibilidade das normas fundamentais justamente por terem as estruturas de
princípio intencionalmente aberto, no caso concreto, entrar em conflito e esse
conflito de normas fundamentais, esse conflito entre princípios naturalmente
trabalhado e admitindo pela teoria dos direitos fundamentais. Precisa ser
resolvido no caso concreto a luz do princípio da proporcionalidade.

A proporcionalidade que é consagrada nas normas fundamentais também do


código no artigo 8º, ela vai ensinar aqui admite-se em caso de conflito o sacrifício
pontual de determinada Norma fundamental, sempre uma maneira
proporcional e voltada a garantir outra Norma fundamental de igual hierarquia
que no caso concreto se revela de observância mais importante.

Então, quando entrar em conflito a garantia do contraditório com a garantia do


acesso à justiça, há de se buscar um equilíbrio sacrificando em alguma medida,
como no caso das tutelas de urgência o contraditório para se garantir a
efetividade de decorrente do acesso à justiça.

A princípio, portanto, as normas fundamentais elas são harmônicas e constrói


um sistema harmônico. Entretanto, pontualmente, nós vamos identificar alguns
casos de conflito que precisam ser resolvidos ora pelo legislador, ora pelo juiz,
ora pelo tribunal com base sempre no princípio da proporcionalidade e sem
nunca sacrificar por completo. Podemos assim dizer, determinar a garantia, mas,
apenas a litigar pontualmente em homenagem a uma garantia de igual
hierarquia que se revela por algum motivo mais importante naquela situação
processual concreta.

No próximo bloco estudarmos as normas fundamentais em espécie, ou seja,


passearmos pelo código pela constituição extraindo os principais
desdobramentos identificando as principais normas fundamentais e os direitos
e garantias delas decorrentes.

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